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1 2 3 4 Quando recebi a carteira do CRECI pensei: - “Agora sou um corretor”. Legalmente sim, mas de fato ainda não. Descobri isso logo no início, quando fui sabatinado pelos clientes com perguntas que me deixaram numa “saia justa”: - “Gostei do terreno. Posso construir a garagem no subsolo, meu comércio no térreo e morar no andar de cima?”. Eu olhava para o cliente e pensava: - “Esse cidadão não tem o que fazer? Como é que eu vou saber? Ele que pergunte na prefeitura! ”. Outro me perguntou: - “A garagem faz parte da área útil do apartamento?”. É óbvio que o problema não era o cliente, era eu, a minha falta de informação. O CRECI fez sua parte: certificou-se de que eu apresentava os requisitos para a prática lícita da profissão e me deu a formação básica necessária. Estar um passo adiante é responsabilidade de cada um. Quem faz faculdade é bacharel; se almeja o título de Mestre ou Doutor precisa ir além, abraçar outro nível de informações. Tentando obtê-las, para me aprimorar, nasceu a ideia deste livro. Uma obra de consulta para que os novos corretores sofram menos com questões que só os anos e a experiência lapidam, como em qualquer profissão. Daí também a estratégia de apresentá-lo em forma de glossário, pois como obra de referência, precisa ser fácil de ser consultada, já que são mais 1.100 temas, conceitos e práticas contidas nela. Dessa forma, se a dúvida é saber que documentação é essencial à uma transação imobiliária lícita e segura basta procurar por DOCUMENTAÇÃO IMOBILIÁRIA. Lá, além do conceito, estão os principais documentos, a relevância de cada um, onde são obtidos e o prazo de validade deles. Quer saber o que é uma carta de adjudicação ou não sabe a diferença entre área útil e privativa? Procure por CARTA DE ADJUDICAÇÃO, ÁREA ÚTIL e ÁREA PRIVATIVA, respectivamente. Fácil assim. Alguns temas ou conceitos podem parecer inicialmente tolos, óbvios, mas não são; ex.: CLIENTES. Nele abordo posturas e cuidados que o corretor deve ter e como atuar junto a cada perfil (pois não são todos iguais) e até 5 mesmo como atender a clientes com têm necessidades especiais. E mais: contrariando a máxima já ultrapassada, o cliente nem sempre têm razão. Um mesmo conceito pode estar presente em mais de um ponto desta obra, face aos diversos prismas de abordagem. Para facilitar o acesso a todos os pontos onde determinado conceito é citado basta pressionar a tecla “Ctrl” e, em seguida, a tecla “F”. Na tela aparecerá a caixinha “Localizador”. Escreva nela o que busca (ÁREA ÚTIL, p. ex., em minúsculo ou maiúsculo) e clique em “Próximo” até achar o tema na ótica desejada. Alguns conceitos, sobremodo os jurídicos, apresentam, no seu final, a sua fundamentação legal, para quem deseje se aprofundar neles. Apesar do cuidado e carinho com que esta obra foi realizada não espere verdadeiras teses sobre cada tema. Tentei ao máximo evitar explicações longas e chatas, sem abrir mão de um bom volume de informações, escrever de forma objetiva e numa linguagem o mais amigável possível para um fácil entendimento. Outro ponto importante é que esta obra envolve uma ampla gama de entidades e legislações (municipais, estaduais e federais). Assim, ela não deve ser lida como definitiva e inquestionável, posto que a dinâmica do tempo promove mudanças conceituais e legais, além da lacuna que sempre haverá entre a data da publicação da obra, ou de sua última atualização, e o momento de sua consulta já que, mesmo com o advento da informática, é pouco viável atualizar e publicar uma obra diariamente. Correções e sugestões para o aperfeiçoamento desta obra são bem-vindas. Remeta-as para o e-mail paulomota@creci.org.br. Por fim, agradeço a todos que gentilmente dividiram seus conhecimentos comigo e me refinaram profissionalmente. Por isso eu também os divido, num gratificante círculo vicioso. Há, contudo, quatro pessoas em especial que contribuíram muito para que este livro hoje exista: Carla Borges Jordão da Mota, minha revisora e linda esposa, o Dr. Alexandre Karlay de Castro, amigo cuja competência e saber fazem dele, sem dúvida, um dos melhores advogados de nossa área, a quem coube a revisão geral dos temas que envolvem os aspectos legais deste trabalho, ao amigo e colaborador Dr. Adilson Rodrigues de Barros e ao Dr. José Augusto Viana Neto, nosso simpático presidente, que gentilmente me abriu as portas do CRECI, abraçando este projeto e sua divulgação. Vocês ajudaram a transformar um sonho em realidade. Paulo Henrique Correia Jordão da Mota CRECISP 50.770 6 7 O maior sonho de qualquer pessoa em sua vida produtiva é ter sua casa própria. O patrimônio subsequente, uma vez concretizado o da casa própria, é mais fácil de ser obtido. O mercado imobiliário vive da realização desse sonho. Contudo, a forma de atender essa demanda mudou muito após 1960. A década de 60 foi o auge da “Guerra Fria” entre a Rússia e os Estados Unidos. O governo norte-americano temia que um ataque russo às suas bases militares deixasse suas informações sigilosas vulneráveis. Por isso criou um modelo compartilhamento de informações, descentralizado. Dessa forma se, p. ex., o Pentágono fosse atacado, as informações lá armazenadas não seriam perdidas. Essa foi a semente da Internet. Contudo, a primeira transmissão de um e-mail da história só ocorreu em 29 de outubro de 1969. Desde então o mundo mudou de forma irreversível. Semeada a Internet colheu-se o fruto da globalização. O mundo, em menos de 50 anos, teve uma transformação maior do que os 20 séculos que o precederam. E o que nossa atividade tem a ver com esses fatos? Tudo. Nossa forma de trabalhar, por força deles, mudou, teve de adaptar-se. Alguns exemplos: Principal mídia para venda de imóveis: Jornal. Sites e Portais imobiliários. Segunda mídia, sobremodo para venda de casas: plantões e, depois, as placas. Segunda mídia: Placas (baixo custo e retorno crescente); depois os plantões (alto custo e retorno decrescente). Atuação local, regional. Global e compartilhada. Foco no Comprador. Antes da Internet Depois da Internet MERCADO IMOBILIÁRIO Imagens: www.pixabay.com - Arte: Paulo Henrique C. J. Mota Foco no Vendedor: bons imóveis na internet, com boas fotos e textos bem elaborados são as principais fontes captadoras de "leads". 8 Por isso, fico pasmo quando ouço um corretor falar de boca cheia que é corretor há muito tempo e que sempre vendeu muito bem sem precisar dessa parafernália toda da Internet. É verdade, alguns venderam muito, mas também é verdade que quase não vendem mais. Vivem do passado, como um museu. Comportam-se como peças de um. O mundo mudou e com ele o perfil do mercado imobiliário. Os clientes não querem mais “apresentadores de imóveis”, querem consultores altamente especializados, rápidos, com pleno domínio do mercado imobiliário. Os clientes não toleram mais informações demoradas, vagas, superficiais ou erradas. Quando pedem informações sobre um imóvel querem tê-las de imediato e com qualidade. Demorou? Cinco minutos depois eles não precisam mais de você: navegaram, foram para concorrência, e já as tem. Ilustração: www.pixabay.com Quase dois mil anos depois de Cristo só uma coisa não mudou na história da humanidade: INFORMAÇÃO É PODER. O profissional de hoje não vende imóveis; vende informações que motivam a realização de negócios! O Google, por exemplo, nunca produziu um único palito de fósforo, mas por ter domínio global das informações vale mais do que grandes e poderosas multinacionais. Na era da inteligência artificial, onde a informação é somente um meio,os corretores de sucesso são os que não brigam com a tecnologia (usam-na para alavancar negócios), planejam o trabalho (fazem acontecer, não contam com a sorte para que aconteça), estão atentos às tendências do mercado, sabem administrar o tempo e são objetivos. Esses profissionais existem. Conheço vários. Pena que sejam, quando muito, 10% do todo. A maioria dos demais desparecerá fruto da seleção natural. Esta é a intenção deste livro: ajudá-lo no tocante às informações essenciais de nossa área e à qualidade delas. Contudo, a velocidade da resposta que o cliente e o mercado exigem nenhum livro pode dar, dependem exclusivamente de você. Boa leitura. Paulo Mota 9 10 ABÓBADA Do grego kupellon, significa pequena taça. Também chamada de ogiva, cúpula ou domo, é o teto côncavo (como uma taça), cuja forma e classificação variam de acordo com o grau do arco: gótica (marca da arquitetura árabe), de luneta (no colonial americano) e outras. Imagem: www.pixabay.com ABREVIAÇÕES, ABREVIATURAS e SIGLAS Diferentemente do que muitos acreditam, são conceitos distintos. A abreviação é a forma reduzida de uma palavra ou a omissão fonética de parte dela, até o limite que não comprometa seu entendimento. Exemplos: - Metrô: é abreviação de metropolitano. - Moto: é abreviação de motocicleta. - Micro: é abreviação de microcomputador. - Fone: é abreviação de telefone. - Foto: é abreviação de fotografia. - Pneu: é abreviação de pneumático. A abreviatura* é a representação de uma palavra através de suas sílabas ou de letras. Aproveito para apresentar algumas mais comuns para que sejam corretamente grafadas nos contatos por escrito com os clientes no dia a dia: * Para abreviatura dos meses use as três primeiras letras do mês e um ponto, exceto para o mês de maio, que não admite abreviatura: jan., fev., mar. abr., maio, jun., jul., ago., set., out., nov. e dez. . 11 PALAVRA/EXPRESSÃO ABREVIATURA Administração Adm. Alameda Al. Almirante Alm. Ante Meridiem (antes do meio-dia) A.M. ou a.m. Aos Cuidados de A/C Apartamento Ap. ou Apart. Assembleia Assemb. Associação Assoc. Atenciosamente At.te ou Atte. Avenida Av. Capitão Cap. Centímetro(s) cm Código Cód. Comandante e Comércio Com. Companhia Cia. Complemento Compl. Conselheiro cons. ou conselh. Conta Corrente C/C Coronel Cel. Crédito Créd. Decreto Dec. Departamento e Deputado Dep. ou Deps. (plural) Desembargador Desemb. Digníssimo DD. Distrito, Dom e Dona D. Doutor(es) e Doutora(s) Dr./Drs. ou Dra./Dras. 12 PALAVRA/EXPRESSÃO ABREVIATURA Edifício Ed. ou Edif. Em Mãos E.M. Embaixador Emb. Engenheiro Eng. Estrada Est. et cetera (e assim por diante) etc. Excelentíssimo Exmo. exempli gratia (por exemplo) e.g. Exemplo Ex. Fotografia Fot. Frei Fr. General Gal. ou Gen. Grama (unidade de massa) g Grau Celsius ºC Hora(s) h Idem Id. Ilustríssimo(a) Il.mo(a) Júnior Jr. Jurídico Jur. Largo L. Latitude Lat. Legislação Leg. Limitada Ltda. Litro L/l Longitude Long. Major Maj. ou maj. Marechal Mal. 13 PALAVRA/EXPRESSÃO ABREVIATURA Meritíssimo MM. Metro(s), metro quadrado e cúbico m, m² e m³ Milímetro(s) mm Minuto(s) min Monsenhor Mons. Município(s) mun. Nacional Nac. Nordeste N.E. Noroeste N.O. Norte N. Número Num. ou nº Observação Obs. Oeste O Organização Org. Padre Pe. Página(s) Pág. ou págs. Para p/ Personal Computer PC Polegada(s) Pol. Por exemplo P. ex. post meridiem (depois do meio-dia) P.M. ou p.m. post scriptum (pós-escrito) P.S. Professor(a) Prof. ou Profa. Quilograma(s) Kg Quilômetro(s) e quilômetro(s) quadrado Km e KM² Referência Ref. Remetente rem.te ou Remte. 14 PALAVRA/EXPRESSÃO ABREVIATURA Residência Res. Rodovia Rod. Rua R. Santa/Santo Sta. / Sto. São S. Sargento Sarg. Seção Seç. Secretaria e Secretária sec. ou secr. Segundo (medida de tempo) s. Senhor(a) Sr. ou Sra./Srª. Sine Die (sem data marcada) s.d ou s/d Sociedade Anônima S/A ou S.A. Sudeste S.E. Sudoeste S.O. Também tb. Telefone Tel. Tenente Ten. ou ten. Travessa Trav. Unidade Un. verbi gratia (por exemplo) v.g. Versus (contra) Vs. ou vs. Vila V. Volt(s) (unidade de tensão elétrica) V ou v Vossa Excelência V.Exª. Water-Closet (banheiro) W.C. Watt(s) (medida de potência) W 15 Já a sigla é um tipo de abreviatura, muito comum nos textos científicos e jornalísticos, formada pelo conjunto das letras iniciais de nomes, órgãos, empresas, associações, organizações, entidades ou instituições. Ex.: - ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas. - BB: Banco do Brasil. - CEF: Caixa Econômica Federal. - CEP: Código de Endereçamento Postal. - CRECI: Conselho Regional de Corretores de Imóveis. - IOF: Imposto sobre Operações Financeiras. - ONU: Organização das Nações Unidas. - ONG: Organização Não Governamental. - RSVP: Répondez S´il Vous Plaît (responda, por favor). ABRIGO Local para proteger pessoas do sol e das chuvas (pontos de ônibus cobertos, p.ex.). Nos prédios com estacionamento no térreo, é a cobertura feita para proteger os veículos dessa mesma ação. ACABAMENTO Conjunto de trabalhos que finalizam uma construção ou reforma (pintura, revestimentos, pisos, colocação de metais...). AÇÃO ANULATÓRIA Ação que objetiva anular uma decisão judicial já julgada (transitada em julgado). Sua caducidade é de até dois anos da decisão inicial. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art. 138; Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 392, 966, § 4º, 657. AÇÃO DE DESPEJO Ação judicial impetrada pelo proprietário de um imóvel para obrigar seu ocupante a desocupá-lo (o locatário, p. ex., por falta de pagamento). Fundamentação: Lei nº 8.245/91, “Lei do Inquilinato”, art. 59; Lei nº 12.112/09. AÇÃO JUDICIAL Pedido formal encaminhado ao Poder Judiciário para que se resolva uma situação de conflito entre duas partes. 16 AÇÃO MONITÓRIA É a ação utilizada para cobrar cheques ou outros títulos (notas promissórias, p.ex.) vencidos, desde que haja prova escrita do negócio que originou a dívida. No caso de um cheque a prova pode ser a Nota Fiscal emitida, se nela constarem os dados do cheque dado em pagamento. O prazo para entrar com essa ação é de até cinco anos contados da data de vencimento do cheque ou título. Fundamentação: Lei nº 9.079/95, Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art.700 a 702. AÇÃO PAULIANA Ação movida por um credor contra um devedor inadimplente para anular a transferêcia ou venda feita de um bem que seria usado para quitar a dívida junto a ele numa ação de execução. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.158 a 165. AÇÃO REIPERSECUTÓRIA Ação que persegue (persecutório) um bem em função de uma obrigação não cumprida pelo devedor para recebimento do crédito devido ou tomada de bem do devedor, mesmo que em poder já de terceiros. Fundamentação: Lei nº 6.015/73 inciso 1 do art. 167; Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.158 a 165; Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 828. AÇÃO REVISIONAL Ação que um locador move para que o valor do aluguel seja atualizado pelo valor de mercado. Não pode ser impetrada se já houver um prazo acertado para a desocupação do imóvel pelo locador. Fundamentação: Lei nº 8.245, “Lei do Inquilinato”, art. 68 e 69. ACESSÃO Forma legal do proprietário de uma área, a chamada área principal, agregar a ela área acessória à sua, tornando-se seu legítimo proprietário. Um exemplo são as ilhas formadas por rios, que depositam areia trazida por sua correnteza defronte à propriedade de alguém. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código CivilBrasileiro, art.1248 a 1259. 17 ACLIVE -> ver TERRENO. ACORDO DE RECOMPRA (REPO) ou PACTO DE RETROVENDA Também chamado de REPO (repurchase agreement, acordo de recompra) ou Acordo de Reporte, é uma forma de contrato em que o comprador assume o compromisso de revender o imóvel ao vendedor, e este o de recomprá-lo, por um valor e data pré-especificados. A diferença entre o valor pago pelo comprador no início do REPO e o valor que ele recebe no final é o seu retorno financeiro e pode ser um percentual ao ano ou mesmo uma taxa (taxa repo). Um acordo REPO é semelhante a um empréstimo com garantias, com a diferença de que a propriedade do título fica com o comprador. Ver também CLÁUSULA DE RETROVENDA. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.505 a 508. AD CORPUS -> ver VENDA E COMPRA AD CORPUS. AD MENSURAM -> ver VENDA E COMPRA AD CORPUS. ADEGA Que adega ou cave, em francês, é o local adequado à guarda e conservação de vinhos (e azeites) todos sabem, mas e sua origem? O registro mais antigo da guarda de vinhos está no Egito. Pinturas datadas de 3.000 a.C. já apresentavam o processo de vinificação. Para os cristãos, a origem está no Gênesis (Velho Testamento), da Bíblia, com Noé e o dilúvio. A Bíblia, contudo, não diz isso claramente: Gênesis 7:1-24 “Disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca... De todos os animais tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea... Porque, passados sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz. ...E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.”. Gênesis – Capítulo 8:5-17 "E foram as águas indo e minguando...; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes. Então falou Deus a Noé: Sai da 18 arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos, todo o animal que está contigo... Povoem a terra e se multipliquem.”. Gênesis – Capítulo 9:3-29 ...“Tudo quanto se move será para vosso mantimento; assim como a erva verde. A carne, porém, com sua vida, com seu sangue, não comereis. ...E começou Noé a lavrar a terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora. Então tomaram uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai... E viveu Noé novecentos e cinquenta anos, e morreu.”. Não há como afirmar que a longevidade de Noé se deveu ao vinho, tampouco que a primeira adega se deva a ele, mas sem dúvida foi dele, segundo a própria Bíblia, o primeiro pileque registrado da história. Certo é que na antiguidade as adegas eram subterrâneas, em cavernas, já que elas protegiam os vinhos da luz, ofereciam temperatura menor e umidade do ar maior do que as apresentadas na superfície. Uma adega, para ser legitimamente caracterizada demanda materiais adequados, temperatura baixa e constante, controle da umidade do ar e garrafas armazenadas com 30 graus de inclinação (para que se possa ver o rótulo de cada uma e para cobrir a rolha com o vinho, de forma que não resseque e o proteja do ar). Preciosismo? Há vinhos que o merecem. ADIANTAMENTO DA LEGÍTIMA É o adiantamento que o titular faz, em vida, de parte de seus bens, através de doação, a um dos futuros herdeiros. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.538, 541 e 544. ADJUDICAÇÃO Adjudicar vem do latim adjudicare, fusão de ad (significa “para”, preposição que designa orientação, no sentido de) com judicare (juiz). Daí adjudicar ser a entrega de algo para alguém por determinação judicial. A ordem para essa ação judicial é a adjudicação, feita através de um documento chamado Carta de Adjudicação. Ex.: um juiz define que a propriedade de um imóvel deixa de ser de seu dono original, o transmitente, e passa a ser de um credor, o chamado adquirente, para quitação de uma dívida que o transmitente tem com ele. 19 O adquirente fica com a posse e o domínio do imóvel e não precisa fazer nova escritura, pois essa carta lhe dá o direito de transferir o imóvel, na matrícula, diretamente para o seu nome. A adjudicação também cabe no caso de herança; motivo: na herança há a partilha dos bens pelos herdeiros, contudo, se só há um único herdeiro, não há como se fazer uma partilha, razão pela qual a figura jurídica que cabe neste caso é a carta de adjudicação. Fundamentação: Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 659, parágrafo 1º, art. 825 e art. 876 a 878. ADMINISTRADORA CONDOMINIAL Empresa prestadora de serviços especializada na administração de condomínios e seus aspectos legais, administrativos e operacionais. ADOBE ou ADOBO Tijolo oriundo da mistura de barro, areia, estrume (por vezes), fibra vegetal e água. Típico das construções antigas, ainda é utilizado nos países árabes e em algumas regiões pobres no centro e no norte do Brasil. Essa mistura normalmente é amassada com os pés, colocada em moldes de madeira e seca à sombra, para evitar rachaduras. Só após endurecer é que é colocada ao sol (não é queimada no forno) para finalizar a secagem. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota ADQUIRENTE Aquele que compra, que adquire, algo. ADRO -> ver ÁTRIO. 20 ADUELA Nome da superfície interna ou externa de uma abóbada e às pedras e tijolos que compõe superfícies curvas. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota AFASTAMENTO -> ver RECUO. AFORAMENTO Ato de conceder direitos e obrigações de uma propriedade pública a uma pessoa, chamada de enfiteuta, frente ao pagamento de um valor anual; a enfiteuse. Para maiores informações busque LAUDÊMIO. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.2.038 e Lei nº 3.071/1916, art. 678 a 694. AGENTE FINANCEIRO Instituição autorizada pelo Banco Central a captar, intermediar e aplicar recursos financeiros no segmento imobiliário e da construção civil. Algumas instituições autorizadas para tal: os conglomerados, bancos comerciais e múltiplos, a Caixa Econômica, as cooperativas de crédito, os bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades de investimento, agências de fomento, companhias hipotecárias e administradoras de consórcios. 21 AGLOMERADO Placa de madeira, prensada a quente, composta da mistura de serragem, partículas de madeira, aglutinante (cola, resina) e finalizada com duas lâminas externas de madeira. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota Hoje há outras formas de aglomerado, como o OSB – Oriented Strand Board (prancha de fios orientados), utilizado por arquitetos em paredes (graças à sua facilidade de uso e de colocação: cola e parafusos) e em coberturas (boa base para mantas termoplásticas e para telhas asfálticas). Resistente a cupins (por causa da resina que envolve as lascas de madeira), tem um custo relativamente baixo. AGRAVO ou AGRAVO DE INSTRUMENTO Recurso apresentado contra a decisão de um juiz que deferiu (concedeu) ou indeferiu (não concedeu) algum pedido dentro de um processo. O agravo, contudo, só cabe frente a decisões que não tenham extinguido o processo. Fundamentação: Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 1.015 a 1.020. AGREGADO LEVE -> ver CINASITA. AGRIMENSURA Técnica para medir e demarcar terras, obter dados topográficos, geodésicos, hidrográficos, fotogramétricos e outros. Seu profissional é o agrimensor. 22 ÁGUA ou ÁGUA DE TELHADO Cada uma das superfícies inclinadas de um telhado. Inicia na cumeeira (topo do telhado) e segue até a beirada,onde está a calha para escoamento da água das chuvas; daí o termo água. Ilustração: www.fkcomercio.com.br ÁGUA-FURTADA Aresta criada pelo encontro de duas águas, para onde convergem as águas das chuvas que caem sobre o telhado. Ilustração: www.fkcomercio.com.br 23 ÁGUA-MESTRA Nome das águas trapezoidais dos telhados. As triangulares são as tacaniças. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota AIRBNB -> ver ALUGUEL. ALAMBRADO Cerca que delimita um terreno. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota ALÇADA -> ver VALOR DE ALÇADA. 24 ALÇAPÃO Abertura horizontal, no piso, para dar acesso ao porão, ou no forro, para dar acesso ao sótão, comunicando um pavimento com outro. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota ALCOVA Pequeno quarto de dormir, ou mesmo para servir de depósito, sem janelas. Daí, no século XIX, ser chamada do “quarto dos prazeres” já que, sem janelas, oferecia maior privacidade. ALDRAVA Também chamada de batente de porta, é a peça presa à porta de entrada da casa, usada pelo visitante para bater com ela na sua base e chamar os moradores. Surgiu na idade média para substituir o bater de palmas dos visitantes nem sempre ouvido pelos moradores. Imagens: www.pixabay.com ALICERCE -> ver FUNDAÇÃO. 25 ALIENAR ou ALIENAÇÃO É transferir uma propriedade ou direito para alguém, a título oneroso (venda de um imóvel) ou não (doação). Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art. 1.275; Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 879 a 881. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA É a transferência de um bem, de um devedor para seu credor, para garantia de um empréstimo feito. O devedor fica com a posse direta do imóvel para seu uso e o credor (bancos, consórcios e até particulares) com sua posse indireta, com seu domínio. Uma vez quitado o empréstimo, o comprador adquire a propriedade definitiva do bem. Fundamentação: Lei nº 9.514/1997. ALMA Parte central de uma viga metálica. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota ALPENDRE ou TELHEIRO Cobertura suspensa, por si só ou apoiada em colunas, sobre portas e vãos, geralmente na entrada das casas e prédios. Imagem: www.pixabay.com 26 ALQUEIRE (ALQ.) Alqueire deriva do árabe al-káil: medida de capacidade de um saco. O conceito veio para o Brasil com nossos colonizadores: os portugueses chamavam de alqueire ao volume de um saco, à área de plantio mínima necessária para enchê-lo (chamada “terreno de um alqueire”). Essa medida de superfície está em desuso face às suas variações pelas regiões do Brasil: em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás equivale a 48.800 m², em São Paulo a 24.200 m² e, na Região Norte, a 27.225 m². Isso fez com que hoje o hectare, equivalente a 10.000 m², seja a medida mais utilizada para medir grandes áreas (fazendas, loteamentos rurais...). ALTERAÇÃO DE LIMITES Alterar os limites de uma área sem o devido embasamento legal é Crime de Usurpação: apropriação ilegal, do todo ou parte, de coisa imóvel alheia. Fundamentação: Decreto-Lei 2.848, Código Penal, art. 161. ALTO-RELEVO Saliência que sobressai tridimensionalmente numa superfície plana. Comum na arte clássica e nas esculturas (realçando as sombras de acordo com o ângulo da iluminação), ainda é usado em fachadas de edificações e também na forração e valorização das paredes, inclusive internas. Imagens: Paulo Henrique C. J. Mota ALUGUEL Pagamento feito pelo locatário ao proprietário do imóvel (locador) em contrapartida pelo seu uso por determinado período contratual. Suas regras estão definidas pela chamada “Lei do Inquilinato” (Lei no 8.245/91). 27 Uma dúvida recorrente é: se o locatário sai antes do prazo contratado como se calcula a multa pelo descumprimento do prazo pré-estabelecido? Resposta: ela é proporcional ao tempo não cumprido do contrato. Exemplo: Uma novidade no universo da locação, com ampla expansão, é o AIRBNB, sigla do inglês Air Bed and Breakfast (cama de ar e café da manhã), que chegou ao Brasil em 2012. É uma forma de aluguel por temporada que permite a uma pessoa alugar um imóvel, ou só um espaço dele, diretamente com seu proprietário, o anfitrião, em quase todo o mundo, por um período curto ou longo, seja um mero sofá para um pernoite, um quarto (compartilhado ou não), uma suíte (simples ou luxo), um castelo, uma ilha, um barco ou até um iglu. A ideia é locar para viajantes um espaço ocioso da casa do anfitrião, ou um imóvel dele desocupado, permitindo-lhe auferir uma receita extra. Diferentemente da locação, o proprietário continua responsável pelas contas (IPTU, condomínio, luz, água, gás, internet...) e pela manutenção do imóvel (algo que os usuários levam em conta, já que o Airbnb costuma ser algo mais caro que o aluguel convencional. É fazer a análise custo/benefício e optar pela melhor saída). Como Funciona O espaço é disponibilizado no site da Airbnb e o interessado faz uma reserva nele. O anfitrião recebe o hóspede e o Airbnb paga o anfitrião em até 24 horas do check-in (entrada) dele eliminando, assim, o risco dele “sumir” sem pagar. Embora se baseie na confiança, por segurança, o Airbnb checa previamente as informações dos anfitriões e dos hóspedes. Feito o ckeck-out (saída) do hóspede, ele e anfitrião fazem, no próprio site, a avaliação um do outro. O anfitrião avalia se o comportamento do hóspede foi adequado às regras da sua casa e o hóspede se o anfitrião o recebeu dentro dos parâmetros de higiene, conforto e respeito esperados. Os números publicados no site do AIRBNB em 2017 já impressionavam: mais de 200 milhões de hóspedes catalogados, mais de 191 países Valor Mensal R$ 5.000,00 Multa Contratual: 3 aluguéis R$ 15.000,00 Início 01/02/2017 Multa - Valor Mensal R$ 500,00 Término 31/07/2019 Multa - Valor Diário R$ 16,67 Prazo 30 meses Tempo de Ocupação 11 meses e 14 dias Tempo Não Ocupado 18 meses e 17 dias Cálculo: 18 meses x R$ 500,00 R$ 9.000,00 Desocupação 14/01/2018 Cálculo: 17 dias x R$ 16,67 R$ 283,39 Valor da Multa R$ 9.283,39 Locação Contratada Entrega das Chaves Parâmetros Para o Cálculo da Multa 28 praticantes em mais de 65 mil cidades do mundo. Só castelos, havia mais de 1.400 disponíveis para quem puder desfrutar desse luxo. É entrar nesse site, escolher a cidade do mundo que quer se hospedar, definir as datas de entrada e saída e ver as opções, das mais acessíveis às mais luxuosas. A origem do Airbnb Joe Gebbia e Brian Chesky, estudantes de design e colegas de classe, sonhavam em serem empreendedores. Em 2007 abandonaram seus empregos e foram para San Francisco empreender, mas as coisas não foram como planejaram, o dinheiro acabou e não tinham mais como pagar suas contas, incluindo o aluguel do apartamento que moravam. Havia, nesse apartamento, espaços que não eram ocupados por eles. Ao saberem de uma conferência sobre design na cidade e que todos os hotéis estavam lotados, ofereceram aos participantes da conferência uma cama de ar para dormirem e também, no pacote, o café da manhã: daí o nome Air Bed and Breakfast, ou simplesmente Airbnb. O Airbnb cresceu tanto que, em 2016, já era considerada uma das empresas mais valiosas do mundo, avaliada em 25 bilhões de dólares. Seu impacto no mercado de locação foi de tal ordem que cidades como Barcelona (Espanha), Nova York e San Francisco (EUA), Paris (França) e Berlim (Alemanha) têm limitado a ação da AIrbnb por força do impacto nas suas redes locatícias e hoteleiras. Outra modalidade, em menor escala, é o Couchsurfing (couch = sofá - https://www.couchsurfing.com). Fundamentação: Lei no 8.245/91, art. 17 a 26, https://www.airbnb.com.br/ ALUGUEL POR TEMPORADA Contrato de aluguel com prazo máximo de 90 dias para uso durante férias, realização de cursos, trabalhos temporários,tratamento de saúde ou execução de obras no imóvel do locatário, por exemplo. É a única forma de locação que permite a cobrança adiantada do valor acertado. Fundamentação: Lei no 8.245/91, “Lei do Inquilinato”, art.48, 49 e 50. ALUVIÃO Depósito de cascalho e areia que se forma junto às margens dos rios, trazidos pela correnteza e pela erosão produzida por eles. É uma das causas previstas pela Lei para aquisição de propriedade por acessão. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.1248 e 1250. 29 ALVARÁ Alvará é uma autorização judicial ou administrativa (órgão público) concedida a um particular para determinada prática. O alvará judicial só pode ser concedido por um magistrado (juiz). Exemplos de alvará judicial: alvará de soltura (para um preso) ou o alvará para venda de um imóvel. Exemplo de alvará administrativo: alvará para execução de uma obra. ALVARÁ DE VENDA ou ALVARÁ PARA VENDA O alvará judicial de venda e compra é obrigatório, dentre outros motivos, para que um imóvel que envolva vendedores incapazes, mesmo que relativamente, possa ser vendido. Também pode ser requisitado para a venda de um determinado imóvel de uma herança que ainda não foi partilhado. São absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil os menores de dezesseis anos, os enfermos ou deficientes mentais sem o necessário discernimento para a prática desses atos e os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. São relativamente incapazes os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais sem desenvolvimento mental completo e os pródigos (os que gastam mais do que possuem, de forma compulsiva). Os índios têm a capacidade regulada por legislação especial. Trâmite básico para sua emissão: um advogado faz uma petição ao juiz para que autorize uma venda, de vendedor total ou parcialmente incapaz de assiná-la. O juiz solicita a um promotor público que analise se a pessoa incapaz está tendo seus direitos preservados. Em estando, o juiz poderá designar um perito judicial para avaliar se a venda está dentro do valor de mercado, ou mesmo aceitar pareceres comerciais de imobiliárias para então autorizar a venda, definindo um valor mínimo obrigatório para ela. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.3º a 5º. ALVENARIA Construção feita com tijolos, blocos e/ou pedras, dispostos em fiadas horizontais, sobrepostas, unidas com argamassa, formando paredes, muros e alicerces. Quando a alvenaria tem a função de sustentar o peso da construção (p. ex., da laje, do telhado) chama-se alvenaria estrutural, ou alvenaria autoportante; quando não, de alvenaria de vedação, já que sua função é 30 separar o ambiente externo do interno e, internamente, cada ambiente e cômodo. AMORTIZAÇÂO Redução de uma dívida através do pagamento periódico de suas parcelas (p. ex., de um financiamento) até sua quitação. ANDAIME Estrutura em forma de plataforma, muito usada na construção civil, montada para alcançar e executar serviços nos pavimentos superiores das obras. Também pode ser usado para escorar algo. Imagem: www.pixabay.com Fundamentação: Assossiação Brasileira de Normas técnicas - ABNT 6494 e a NR 18. ANDAR Espaço entre dois pavimentos consecutivos. Fundamentação: Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo – Lei nº 11.228/92 ANODIZAÇÃO Tratamento químico, muito usado na superfície do alumínio, para melhorar sua resistência à corrosão e possibilitar sua pintura. 31 ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART) A ART é uma exigência legal frente a uma obra para que seja identificado o profissional (devidamente cadastrado no CREA) responsável por ela. Fundamentação: Lei nº 6.496/77. ANTECÂMARA DE SEGURANÇA ou PULMÃO DE SEGURANÇA É o espaço entre dois portões paralelos que serve para impedir o acesso de pessoas e veículos ao imóvel antes da identificação dos mesmos graças ao intertravamento dos portões de acesso. O primeiro portão á aberto na chegada do morador e, em seguida, fechado; só então o segundo portão é aberto, após a identificação do veículo e seus ocupantes, evitando assim a entrada de outro veículo “por carona”. O ideal é que o primeiro portão seja aberto pela portaria e o segundo pelo condômino com sua chave pessoal ou através de leitura biométrica evitando, assim, o acesso de carros clonados. Em se tratando de segurança a regra básica, e inegociável, é: segurança não admite exceções. Por isso, na chegada de um veículo, as janelas do carro devem ser abertas e, além disso, à noite, as luzes internas devem ser acesas e os faróis apagados para perfeita identificação do veículo e dos seus ocupantes. Uma senha, palavra, código ou sinal pré-definidos deve ser usada para alertar a portaria (física ou virtual) que o morador está acompanhado de assaltantes, não de amigos ou parentes. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota 32 ANTECESSOR Aquele que antecede o atual proprietário de um imóvel. Se este adquiriu o imóvel num prazo inferior a 10 anos é obrigatória a análise documental também dos antecessores para eliminar qualquer risco de ação executiva contra os antecessores com reflexo futuro no imóvel transacionado. A responsabilidade dos antecessores não está na Lei; é jurisprudencial, mas o prazo limite de responsabilidade civil está no Código Civil Brasileiro vigente e é de dez anos, embora parte do mercado pratique o prazo de cinco anos. Se há ação sabida sobre os antecessores ou imóvel, esse prazo não caduca. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art. 205. ANTEPROJETO Estudo que antecede um projeto de execução, onde são apresentados os parâmetros necessários para essa execução, prazo, forma de execução, custo e outros necessários à prévia análise e aprovação dos interessados. ANTESSALA Aposento que antecede a sala principal; sala de espera; antecâmara. ANTICRESE Do grego antíchresis (contra) e chrêsis (uso), significa uso contrário, porque quem recebe os frutos oriundos do bem não é o seu proprietário e sim um credor dele. É uma garantia contratual em que o devedor transfere para o credor a posse de um bem para que o credor desfrute dos rendimentos desse bem até que a dívida seja quitada. Ex.: Um imóvel locado. O credor é quem passa a receber o valor do aluguel, até que a dívida seja quitada. Se esse contrato for superior a 30 salários mínimos tem de ser lavrado em escritura pública e inscrito no Registro Imobiliário. A anticrese, a penhora e a hipoteca, embora tenham em comum o direito real de garantia, são figuras juridicamente distintas. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, Capítulo IV, art.1.506 a 1.510. 33 ANÚNCIOS Anúncio me remete à ideia de jornal impresso, coisa fora de moda e, por isso mesmo, com resultados inexpressivos na atual venda de imóveis. Anunciar é publicar, noticiar. Prefiro o termo divulgar: que é levar algo ao conhecimento do maior número de pessoas. Bobagem dialética? Acho que não. O principal canal para divulgar a venda de um imóvel, hoje, é a internet, através dos sites imobiliários, portais especializados e redes sociais. Mas é preciso cuidados para que a divulgação seja eficaz: Informar sempre o local do imóvel É o primeiro filtro que o cliente usa, incluindo o bairro. Por incrível que pareça, o valor é o segundo filtro. Está cada vez mais comum informar o endereço do imóvel, sem o número dele no logradouro. Informar sempre o valor de venda; salvo esteja acima do mercado. O cliente sempre filtra o valor limite que gostaria de investir ou que entende ser compatível com suaspossibilidades de pagamento ou negociação. Imóvel sem o valor de venda não aparece no filtro. As fotos devem ser de ótima qualidade e retratar o imóvel com fidelidade. Tirar fotos escuras, com ênfase nos móveis e não nos espaços e com roupa íntima pendurada no banheiro é o fim da picada. O primeiro estímulo do ser humano, sobremodo nas compras, é o quanto a imagem que vê o atrai. É ela que o impulsiona a pedir mais informações sobre o viu e que, a princípio, despertou seu interesse. Elaborar um bom texto, com os verdadeiros diferenciais do imóvel: “Lindo Imóvel”, “Imóvel de Alto Padrão”, “Localização Nobre”, “Não Deixe de Visitar” estão longe de qualquer diferencial, são meros e cansativos lugares comuns e as pessoas estão cansadas deles. “Vista permanente para o Parque do Ibirapuera”, “Rua tranquila a 200 metros do metrô” são diferenciais. Identifique-os e divulgue-os. Todo imóvel tem um, basta saber explorar. APARTAMENTO COBERTURA Aquele situado no último andar de um prédio, com um ou mais pisos, com ou sem espaços de lazer ao ar livre (churrasqueira, piscina...). 34 Se tiver dois pisos é uma cobertura duplex; se tiver três, triplex; se tem um único piso é uma cobertura penthouse. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota APARTAMENTO DUPLEX Apartamento que ocupa dois andares do prédio esteja ou não na cobertura do prédio. Se estiver, é uma cobertura duplex. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota 35 APARTAMENTO FLAT Flat (apartamento, em inglês) se difere dos demais apartamentos por ser habitado predominantemente por hóspedes e minimamente por moradores, já que sua vocação é servir de estadia temporária. Exatamente por ter foco na hospedagem costuma apresentar serviços como, p. ex., recepção, restaurante, lavanderia e um conjunto de unidades decoradas e mobiliadas, de forma padrão: as unidades do pool, reservadas para locação, diária ou não. A receita auferida pelo pool é rateada entre os proprietários dessas unidades. APARTAMENTO GARDEN ou GIARDINO Garden (jardim, em inglês), ou Giardino (jardim, em italiano) é o apartamento que fica no andar térreo do prédio e que possui, diferentemente dos demais apartamentos tipo, um jardim, ou quintal. Uns poucos, de alto padrão, têm até churrasqueira e piscina. APARTAMENTO LOFT Loft vem do inglês e significa sótão. Sua origem tem controvérsias: na América do Norte, com o aproveitamento dos galpões e indústrias ociosos adaptados para espaçosas moradias ou, no sul da França, na década de 50, com os apartamentos da Cité Radieuse, do arquiteto Le Corbusier. Como esses espaços tinham pé-direito alto o quarto era construído num mezanino, dando-lhe privacidade e preservando, assim, o amplo espaço de baixo, onde eram instaladas a sala e cozinha. Hoje o mercado de lançamentos usa esse termo para traduzir a ideia de um imóvel amplo, com planta diferenciada, pé-direito duplo, espaços abertos e integrados, cozinha estilo americana e suíte no mezanino. APARTAMENTO PADRÃO -> ver APARTAMENTO TIPO. APARTAMENTO PENTHOUSE Apartamento na cobertura do prédio, com um único piso, sem divisão de andares, ou seja, de uma única laje, normalmente com um terraço espaçoso, oferecendo a sensação de uma casa suspensa. 36 O conceito nasceu em 1920, em Nova York, quando arquitetos americanos abraçaram o desafio de criar, no topo do Hotel Plaza, um apartamento de luxo aproveitando o amplo espaço disponível, equivalente ao de uma casa, e com o privilégio da vista para o Central Park. Virou sinônimo de luxo. Outra famosa penthouse, também em Nova York, concluída em 1925, ficava na Park Avenue, 1040 (foto abaixo), propriedade da editora Conde Nast, palco de cobiçadas festas da editora e da sociedade local. Imagem: http://sighswhispers.blogspot.com.br/2009/07/conde-nasts-penthouse-at-1040-park.html APARTAMENTO QUITINETE, KITCHENETTE ou KITNET É um apartamento muito pequeno (algo até 35 m²), com apenas um quarto e banheiro. A pequena cozinha é muitas vezes embutida num pequeno recuo (daí Kitchenette - cozinha pequena, em inglês). APARTAMENTO STUDIO Apartamento tipo, com uma única laje (o Loft, confundido com o Studio, tem duas), comumente com pé-direito maior que o padrão e com poucas paredes internas, basicamente as que delimitam o quarto, a cozinha (normalmente “tipo americana”) e o banheiro. APARTAMENTO TIPO Cada unidade-padrão de um edifício, que não seja de cobertura ou Garden, e que não fuja à planta e área básica das demais unidades como um todo. Ver imagem de APARTAMENTO COBERTURA. 37 APARTAMENTO TRIPLEX Apartamento que ocupa três andares do prédio. Se ocupar a cobertura do prédio é, então, uma cobertura tríplex. APICOADO Acabamento rústico, usado normalmente no piso de áreas externas, obtido através de batidas de marteletes ou de instrumentos que desbastam a superfície pedra, deixando-a rugosa, antiderrapante. APLIQUE Enfeite, em relevo, aplicado sobre a superfície de paredes ou muros. Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota APONTAMENTO Qualquer informação registrada na matrícula do imóvel e/ou nas certidões necessárias à realização do negócio que indique (aponte) a existência de ações, pendências, irregularidades ou execuções sobre o imóvel e/ou vendedores que possam comprometer a segurança e licitude da negociação no presente ou no futuro. APOSENTO Cada ambiente de um imóvel. Sinônimo também de quarto. APRUMAR Colocar na vertical, acertar a verticalidade de paredes, colunas e esquadrias através do uso de um prumo. 38 AQUECIMENTO CENTRAL DE ÁGUA Hoje, por razões ecológicas e de economia, o tipo mais comum é o aquecedor a gás, dentre outros tipos e finalidades: A gás: pode ser de passagem (a água passa pelo aquecedor que a devolve quente para a tubulação) ou por Boiler (caldeira, em inglês), que é um sistema de acumulação (a água fica acumulada num cilindro metálico e permanece aquecida graças às chamas do gás). Elétrico: também é de passagem ou acumulação (boiler). Chuveiros e torneiras elétricas são, tecnicamente, aquecedores de passagem. Solar: instalado no telhado ou laje das casas, usa a luz solar para aquecer a água através de placas de aquecimento com células fotovoltaicas ou fotoelétricas ligadas por uma bomba a um cilindro de acumulação. Possui uma resistência e funciona como um boiler para manter a água quente à noite ou em dias nublados. Híbrido: mais moderno, reúne duas ou mais formas de aquecimento, usadas conforme a demanda e necessidade do momento. Pode ser elétrico e a gás, elétrico e solar e assim por diante. Caldeira: basicamente é um grande reservatório de água, comum em hotéis e hospitais, com o aquecimento por eletricidade ou gás. AQUESTO São todas as propriedades e bens materiais adquiridos por um casal na vigência do casamento. AR CONDICIONADO Saber o que é BTU e diferenciar os tipos de ares é essencial, ainda mais num país tropical, para esclarecer as dúvidas dos compradores. BTU, abreviação de BRITISH THERMAL UNIT (Unidade Térmica Britânica), é a unidade de potência de resfriamento dos ares- condicionados e a base de cálculo para resfriar um ambiente é de 600 BTUs por metro quadrado. Se um ambiente tem 18 m², 10.800 BTU bastariam; portanto, um aparelho de 12.000 BTU seria mais do que suficiente, mas pode não ser: faltou considerar se ele tem varanda, seu número de janelas, a insolação que sofre e quantas pessoas estão lá habitualmente. Se os 18m² são de uma sala com uma varanda, duas janelas, com o sol incidindo das 11 às 15 horas e com três pessoas habitualmente nele, serão necessários mais 39 do que 12.000 BTU. O grande problema, normalmente, não é o aparelho de ar-condicionado, é seu mau dimensionamento na hora da compra. Atualmenteo tipo de ar mais vendido é o Split, composto de duas unidades: a condensadora (externa ao ambiente) e a evaporadora (que fica em cada ambiente para refrigerá-lo). Condensadora Evaporadora Outro tipo é o Cassete, instado no teto de ambientes amplos, num forro de gesso. Cassete Imagens: Paulo Henrique C. J. Mota Em ambientes com grande demanda de potência como shoppings, cinemas, prédios corporativos, bancos, teatros e centros de eventos o modelo mais usado é o Fan Coil (do inglês: dispositivo de refrigeração), que usa água gelada para o resfriamento, ao invés de gás, e que oferece mais de 100 TR (1 TR = 12 mil BTUs = 1.200.000 BTUs). Dicas: A faixa de temperatura ideal para que as pessoas se sintam confortáveis num ambiente, sem grande perda da umidificação do ar provocada pelo ar-condicionado, está entre 20° e 24 ° (a maioria dos homens prefere 20°, as mulheres 24°, por razões metabólicas). Preferir aparelhos com tecnologia inverter (ou futuramente similar), pois regula o uso e a velocidade do compressor à temperatura desejada e reduz consideravelmente o consumo de energia elétrica, além de usar gás ecológico (o mundo agradece). ARBITRAMENTO Avaliação de um bem, normalmente feita um perito (também chamado de árbitro), nomeado por um juiz. 40 ARCADA Sequência de arcos sustentados por pilares ou colunas. Imagens: Paulo Henrique C. J. Mota ARE Medida de área, pouco utilizada, correspondente a 100m². Símbolo: ”a”. ÁREA BRUTA LOCÁVEL (ABL) É a soma de todos os espaços disponíveis para locação de lojas, salas, boxes e quiosques num shopping, por exemplo. ÁREA COMUM ou ÁREA DE USO COMUM Área coberta ou descoberta compartilhada por todos os moradores de um prédio ou condomínio, que não seja de uso privativo; a área que não é de um único morador. Ex.: a portaria, o lobby de entrada, corredores, áreas de circulação, vagas indeterminadas da garagem, jardins e locais de lazer (piscina, churrasqueira, quadras, salão de jogos...). Fundamentação: ABNT - Norma Técnica 12.721. 41 ÁREA CONSTRUÍDA (AC) ou ÁREA CONSTRUÍDA TOTAL É a soma das áreas cobertas, incluindo as paredes, de todos os pavimentos de uma edificação. Ilustração: Paulo Henrique C. J. Mota Por esse motivo áreas descobertas como sacadas, ou terraços de coberturas, não entram nesse cálculo e sim no cálculo da área construída não computável. Veja a diferença de conceitos: Área Construída Computável É a soma das áreas cobertas de todos os pavimentos de uma edificação consideradas para o cálculo do COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO e da TAXA DE OCUPAÇÃO (para mais informações, ver justos títulos). Área Construída Não Computável É a soma das áreas cobertas de uma edificação não consideradas no cálculo do coeficiente de aproveitamento. Ex.: o pavimento térreo, o apartamento do zelador (até 60 m²), o ático e as áreas de lazer dos edifícios, áreas de circulação e estacionamento de veículos, terraços abertos de todos os pavimentos e cobertura e floreiras com até 0,4m. Fundamentação: Lei Municipal nº 13.885/2004, art. 2º, II, III e IV. Lei nº 11.228/92. 42 ÁREA DE LAZER Não carece de explicação, mas é interessante saber que lazer vem do latim licere: aquilo que é lícito (permitido); eu complementaria dizendo “lícito, legal e socialmente”. O falecido sociólogo francês Dumazedier, estudioso do assunto é autor, em minha opinião, de uma ótima definição de lazer: "... um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se, entreter-se ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar- se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais." Imagem: Paulo Henrique C. J. Mota Você sabia que Aristóteles e outros filósofos gregos, por volta de 384 anos A.C., eram avessos ao trabalho? Para eles o trabalho era obrigação dos escravos e degradava os homens livres, presenteados pelos deuses com o ócio exatamente para poderem dedicar-se à elevação do espírito, aos exercícios físicos e os jogos da inteligência. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) É toda área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos (rios, nascentes, córregos...), a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, a fauna, a flora e o solo, para assegurar o bem-estar das populações humanas. Fundamentação: Lei Federal nº 12.651/12, art. 3º, II. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) É a Unidade de Conservação de Uso Sustentável com área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos (em que não há vida), bióticos (em que há vida), estéticos ou 43 culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do suo dos recursos naturais, podendo conter áreas de domínio público e/ou privado. Fundamentação: Lei Federal nº 12.651, art. 4º, 5º e 6º e Lei nº 10.050, Quadro 1. ÁREA DE SERVIÇO Área onde fica o tanque, a máquina de lavar roupas, de secar, varal, mesa de passar, ou seja, aquela destinada à lavanderia do imóvel e também aos aposentos dos empregados da residência. ÁREA DE SERVIDÃO Servidão vem do latim servitus: o que serve, escravo. A área de servidão é a faixa de terra de uma propriedade que serve de passagem de aquedutos (água e gás, p. ex.), de linhas de transmissão de energia, de trânsito de pessoas ou mesmo destinada à preservação da vista, ventilação e outros usos que sirvam ao bem coletivo. Em termos jurídicos significa que um prédio (que em direito não significa edifício, e sim imóvel, edificado ou não) passa a ter um benefício (prédio dominante) com relação a outro prédio (prédio serviente), o imóvel serviente vai servir ao dominante para atender a uma necessidade dele. Ex.: os moradores de determinado prédio usam o corredor lateral de outro para poderem ter acesso à rua. Exemplo de servidão para preservação de vista e ventilação: moradores de um prédio, de frente para o mar, querem garantir que o único terreno que existe entre eles e o mar não sofra uma edificação, para não se privarem da vista e da brisa do mar. Para tanto eles se cotizam e oferecem ao dono do terreno, contratualmente, um valor para que não possa vendê-lo para qualquer construção que comprometa a vista e a ventilação do prédio. Pode, por exemplo, vender para fazer uma casa térrea. Feito o acordo e o pagamento, eles e o proprietário da área, fazem o registro da servidão de vista e ventilação no cartório, condição obrigatória para sua validação. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.1378 a 1386. ÁREA DE TERRENO ou ÁREA TOTAL DE TERRENO (AT) Corresponde às medidas de um terreno, edificado ou não, tanto em metros lineares quanto em metros quadrados. Ex.: Terreno com 10m metros de 44 frente, 20m em cada lateral e fundos com 10m, perfazendo uma área total de 200m². Ilustração adiante: Ilustração: Paulo Henrique C. J. Mota ÁREA DE VASSOURA - ver ÁREA ÚTIL. ÁREA EDIFICADA Área total coberta da edificação. Fundamentação: Lei nº 11.228/92 - Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo. ÁREA INCORPORADA e ÁREA NÃO INCORPORADA Essas duas informações estão na Certidão de Dados Cadastrais do Imóvel, no Município de São Paulo, e fazem parte do cálculo do IPTU. A área incorporada é a área total construída no terreno (imagem adiante). A área não incorporada é a que excedera três vezes a área ocupada pela edificação no terreno, no caso de imóvel situado na primeira subdivisão da zona urbana; cinco vezes, na segunda subdivisão da zona urbana, e dez vezes, além do perímetro desta última. 45 Ilustração: Paulo Henrique C. J. Mota Fundamentação: Lei Municipal nº 10.235/86, art. 9º. ÁREA NON AEDIFICANDI Do latim non (não) e aedificatione (edificação), é a área onde não é permitida nenhuma construção, seja por restrições legais ou contratuais. Exemplos: as áreas de recuo de um imóvel; na faixa de 15 metros de terra contados a partir da linha que define a faixa de domínio das rodovias. Fundamentação: Lei nº 6.766/79, inciso 3º, art. 4º. ÁREA PRIVATIVA É a soma das metragens das áreas do imóvel, cobertas ou não, incluindo as paredes, vagas de garagem e depósitos (no caso de apartamentos), de uso e acesso exclusivo de seu proprietário. Ela subdivide-se em: Principal: espaço para uso exclusivo de moradia, computadas as paredes do imóvel mais sacada/terraço. Acessória: também de uso exclusivo, mas fora dos limites físicos da área de moradia. Ex.: vagas de garagem escrituradas (vagas de garagem indeterminadas são área comum), o depósito exclusivo da unidade e o hall social (um apartamento por andar). Fundamentação: ABNT - Norma Técnica 12.721. 46 ÁREA TOTAL (AT) A área total dos apartamentos é o resultado da soma da área privativa mais a área de uso comum. Fundamentação: NBR 12.721/2005 e glossário IBAPE ÁREA ÚTIL (AU) É a soma dos espaços internos de um imóvel usados exclusivamente para habitação dos moradores, descontadas as áreas das paredes e pilares. Por isso as sacadas, garagens e o depósito, mesmo escriturados e com domínio único do morador, não são área útil: são áreas privativas (não se habita essas áreas). Há cartórios que, na matrícula, registram a sacada como área útil privativa. Antigamente a área útil era chamada de área da vassoura, pois só era área útil o que podia ser varrido no espaço interno da moradia. Como o interior das paredes não pode ser varrido, não é área útil. Essa analogia até hoje é utilizada em alguns estados brasileiros. ÁREA VERDE URBANA Espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais. Fundamentação: Lei 12.651, art. 3º, XX ARGAMASSA Massa usada para unir ou revestir pedras, tijolos ou blocos, resultando na chamada alvenaria. É feita com a mistura de areia, cimento, cal e água. ARGILA EXPANDIDA -> ver CINASITA. ARMAZÉM -> ver GALPÃO. 47 ARQUITETURA Do grego arkhé (primeiro, principal) e tékhton (construção), é a arte de projetar e edificar ambientes observando, dentre outros parâmetros, a estética, o conforto e a funcionalidade. Cabe ao arquiteto, dentre outras atribuições, projetar e/ou coordenar a construção e a reforma de edificações. Na poética visão de Goethe (escritor e pensador alemão, falecido em 1832): “Arquitetura é música petrificada”. ARRAS Do latim arra (pagamento feito antecipadamente). Daí esse termo ser comumente utilizado como sinônimo de sinal, de valor de pagamento inicial (entrada) num contrato. É também o valor indenizatório que caberá a título de multa caso o comprador se arrependa da negociação. Se o sinal, na celebração de um contrato, é dado como princípio de pagamento é chamado de arras confirmatória, ou simplesmente arras. Se no contrato há cláusula de arrependimento e o sinal serve de multa, de pena, compensação pelo arrependimento, chama-se arras penitencial. Fundamentação: Lei nº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.417 a 420. ARRENDAR ou ARRENDAMENTO Forma de contrato semelhante à locação na qual o locador cede a alguém, por prazo, condições e valores pré-definidos, o uso e gozo de um imóvel capaz de produzir frutos financeiros; bastante usado no âmbito rural. Fundamentação: Decreto nº 59.566/66. ARRESTO Medida judicial cautelar de apreensão de bens patrimoniais de um devedor como garantia do pagamento de uma dívida com uma ação em andamento ou iminente. Ele é pedido quando há receio de que o devedor possa se desfazer de seu patrimônio comprometendo o recebimento da dívida. É a medida cautelar que antecede a penhora e só se extingue com o pagamento da dívida ou com a penhora executada. 48 É comum haver confusão entre os conceitos de arresto, sequestro e penhora: embora o arresto e o sequestro sejam medidas cautelares de apreensão de bens para garantir o recebimento de dívidas, no arresto a finalidade é garantir o recebimento do valor devido; no sequestro é garantir o recebimento de bens que cubram o valor devido. Ex.: Paulo emprestou R$ 100 mil para o João seu, agora, ex-amigo, que não pagou uma dívida no prazo combinado e sequer deu qualquer satisfação. Como se não bastasse Paulo descobre que João, o caloteiro, está vendendo seus bens. Se Paulo não fizer algo vai ficar sem o dinheiro e sem ter como cobrar o João, que está correndo para não ter mais bens em seu nome. O advogado de Paulo lhe oferece duas possibilidades, antes que João se desfaça de todos seus bens: o arresto ou o sequestro dos bens de João. João ainda tem em nome dele um bonito sítio que vale seguramente o valor que deve ao Paulo. O advogado explica que: No arresto o juiz impede que esse sítio seja vendido, para garantia da dívida dele para com o Paulo. Aqui o objetivo é receber o dinheiro, não o sítio. Se João não pagar a dívida no prazo estabelecido pelo juiz o sítio será judicialmente penhorado para quitar a dívida em dinheiro. Assim, no arresto é objetivo é o recebimento do valor devido, não o sítio do João. No sequestro Paulo, através de seu advogado, pede ao juiz o sítio do João como garantia do pagamento. Se João não o pagar na forma e prazo definidos pelo juiz, Paulo, que não confia na capacidade e intenção de pagamento do João, fica com o sítio e ponto final, ou seja, o foco é o bem do devedor, gerando uma ação para entrega de bens em garantia. Fundamentação: Lei nº 13.105, Código de Processo Civil, art. 813 a 821. ARRIMO O mesmo que amparo, escora. Ver MURO DE ARRIMO. ART DÉCO -> ver ESTILO ART DÉCO. ART NOUVEAU -> ver ESTILO ART NOUVEAU. ARTE MUSIVA -> ver MOSAICO ASNA -> ver TESOURA. 49 ASSEMBLEIA DE INSTALAÇÃO DO CONDOMÍNIO Reunião inaugural entre os condôminos, representantes da incorporadora e/ou construtora do empreendimento e da futura administradora do condomínio para eleição de seu síndico, subsíndico e conselheiros. Fundamentação: Lei nº 4.591, art. 9º. ASSEMBLEIA GERAL Reunião entre condôminos e administradora (quando há), com pauta - a chamada ordem do dia - previamente definida para análise e aprovação de assuntos de interesse do condomínio. As decisões aprovadas na assembleia, registradas em ata, são obrigatórias para todos os moradores. Fundamentação: Lei nº 4.591, art. 24. ASSENTAR Colocar e ajustar tijolos, blocos, pisos, pastilhas e outros acabamentos. ASSINAR A ROGO Rogar é pedir. A assinatura a rogo é a condição legal para que uma pessoa impossibilitada de assinar (por não saber escrever ou por estar com a mão machucada, p. ex.) peça (rogue) a outra, capaz, que assine (a rogo) um documento por ela (ex.: assinatura de um contrato de venda e compra ou de uma escritura). Para tanto é necessária a presença e assinatura de três testemunhas que confirmem a legitimidade dessa assinatura. Fundamentação: Leinº 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro, art.215, § 2o. ASSOALHO Denominação de todo piso, feito com diversos tipos de materiais; mais comumente, de madeiras ou tábuas. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) A ABNT, fundada em 1940, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pela publicação das Normas Brasileiras (ABNT - NBR) e pelos programas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. 50 ATA NOTARIAL Instrumento público pelo qual o tabelião de notas narra um fato presenciado ou verificado por ele, descrito e registrado nessa ata, comprovando-o como verdadeiro para todos os efeitos legais. Ela serve de prova num eventual processo judicial. ATENDIMENTO A CLIENTES Os clientes não são todos iguais e nem sempre têm razão, como diz a máxima ultrapassada. O comprador quer o melhor imóvel pelo menor valor, mas quando está vendendo quer o maior valor, mesmo que seu imóvel eventualmente não valha o que pede. O vendedor quer o maior valor, mesmo que seu imóvel eventualmente não valha o que pede, mas quando está comprando quer pagar o menor valor pelo melhor imóvel. Conciliar necessidades e expectativas diferentes exige de nós posturas, abordagens e estratégias distintas. Primeiro passo para o bom atendimento Estar preparado atendê-lo. Parece óbvio, mas não é. Sempre perguntei a cada corretor, em todas as equipes de gerenciei, sua microrregião de atuação e qual o tipo de imóvel que domina. É impossível alguém conhecer todas as casas comerciais e residenciais, apartamentos, condomínios, galpões, flats, salas, lojas, terrenos e conjuntos da zona sul, mesmo residindo e atuando nela. Quem tenta fazer isso não tem foco; por isso não acerta o alvo. Por isso falo em microrregião, dentro da zona. Feito isso, tabulo as respostas numa planilha e quando um cliente “sem dono” aparece vejo quem domina a região e o produto que o cliente almeja, para dirigi-lo a quem possa atendê-lo com maior assertividade. Para mim, o corretor que não consegue se especializar em pelo menos uma microrregião é ruim em muitas. Suponhamos que na minha equipe eu tivesse oito corretores e que dois clientes chegassem à recepção, simultaneamente. Um querendo ver casas no Alto da Boa Vista e outro na Chácara Santo Antônio. A tabela de focos de atuação que tenho mostra que: 51 Tenho cinco corretores especializados em casas no Alto da Boa Vista e um na Chácara Santo Antônio Tenho bairros com atendimento fragilizado, vulnerável: um corretor para Campo Belo, um para a Chácara Santo Antônio, um para o Itaim, um para o Jardim Petrópolis e um para Moema. Se um deles adoece, tira férias ou sai da equipe, não tenho ninguém para atender os clientes dessa região de atuação. Mas como isso é foco de análise e ações gerenciais vou voltar à necessidade de especialização dos corretores. O corretor, para estar preparado para o atendimento, precisa se especializar numa área geográfica, para poder dominá-la, e que lhe permita um rápido deslocamento por ela. Isso poupa desculpas para o cliente pelo atraso, poupa gasolina e permite apresentar ao cliente as respostas desejadas, no tempo desejado, com a qualidade desejada. Se ele souber planejar o trabalho e administrar o tempo pode desenvolver, ainda, o que chamo de foco especializado: conhecer todos os imóveis de sua microrregião e conseguir, ainda, se especializar, p. ex., nos condomínios de casas da região: quantos são, quantos tem três, quatro ou mais dormitórios, qual a faixa de valores de cada um, suas idades, construtoras, quais tem maior área de terreno, qual o nome e telefone de cada zelador deles, quais tem elevador, piscina, área gourmet, etc. Bairros (17) Artur Berenice Caetano Durval Evelin George Ilza Joana Totais Alto da Boa Vista 1 1 1 1 1 5 Brooklin (Monções) 1 1 2 Brooklin Velho 1 1 2 Campo Belo 1 1 Campo Grande 1 1 2 Chácara Flora 1 1 1 1 4 Chácara Monte Alegre 1 1 1 3 Chácara Santo Antônio 1 1 Granja Julieta 1 1 2 Interlagos 1 1 2 Itaim 1 1 Jardim dos Estados 1 1 2 Jardim Cordeiro 1 1 2 Jardim Marajoara 1 1 1 3 Jardim Petrópolis 1 1 Jardim Prudência 1 1 2 Moema 1 1 5 8 2 3 3 6 6 3 CASAS 52 Conheço quem o faça, com sucesso. Se os bairros são contíguos e pequenos dá para se especializar neles todos, basta não abraçar um campo de ação maior do que o tamanho dos braços. Eu mesmo, quando iniciei na corretagem, fiz três bairros contíguos, mas que representavam 70 ruas residenciais no todo. Mapeei, vi que era possível, e foi: Primeiro contato com o cliente Busque sempre o contato pessoal com ele. Peça para ele vir à imobiliária para que conheça sua estrutura de trabalho e para falarem de negócios ou, se não for possível, proponha ir até ele, seja na sua residência ou no seu escritório. Vá até ele, evite o e-mail antes de conhecê-lo pessoalmente. O corpo fala, e o do cliente ainda mais, se estimulado de forma correta e pessoalmente. Creci 50 .770 Creci 50 .770 Alto da Boa Vista Jardim dos Estados Acarituba, Rua Agostino Corona, Rua Alberto Hodge, Rua Alabarda, Rua Alexandre Dumas, Rua Alfredo Bonino, Rua Amauri Tadeu Uesugi, Rua Ânfora, Rua Américo Brasiliense, Rua Aurélia Peres Alvares, Rua Angêlo Cirello, Rua² Barcas, Rua¹ Arthur Orlando da Silva, Dr, Rua Canumá, Rua Báculo, Rua Carlo Rainaldi, Rua Bela Vista², Rua Duarte Moniz Barreto, Rua Calman de Moritz Tecso, Rua Cap.² Duque de Caxias, Rua* Conde D´Eu, Rua Luís Martins de Araújo, Rua Conde de Itú, Rua² Maria Maturano Batista, Rua Elias Zarzur, Rua Com.² Philipp Lohbauer, Rua Felipe Figliolini, Rua Dr. Regina Badra, Rua Francisco Meireles dos Santos, Rua Des. Vigário João de Pontes, Rua* Fraternidade, Rua da² Vinhedos, Rua dos¹ Friedrich Stoeber, Trav. Visconde de Porto Seguro, Rua Grahan Bell, Rua² Total: 17 logradouros. Irineu Marinho, Rua² Joaquim José Esteves, Rua² Jardim Cordeiro José Geraldo Rodrigues Alkmin, Rua Min. José Morales Lopes, Rua Acanga, Rua Mangabal, Rua Antônio Gontijo de Carvalho, Rua Dr. Manuel Christi Manzini, Trav. Aziz Nader, Rua Marechal Deodoro, Rua² Baru, Rua Mariano da Costa, Rua Cassiano Ricardo, Rua Marinaú, Rua Evangelina de Toledo Piza Wodianer, Rua Nove de Julho, Rua² Francisco Malta Cardoso, Rua Dr. Particular, Rua Gabriel Sylvestre Teixeira de Carvalho, Rua Paz, Rua da Heron Domingues, Rua Roberto Cardoso Alves, Rua Min.² Maria Luiza Andrade Martins Roque, Rua São Benedito, Rua² Raul Polilo, Rua São José, Rua² Rubens Gomes de Souza, Av. Prof. São Sebastião, Rua² Sinfônio Silva, Rua Senador Vergueiro, Rua² Sylos Cintra, Rua Des. Teixeira de Freitas Urias de Figueiredo, Rua Versalhes, Rua Total: 15 logradouros. Total: 38 logradouros. Borderline Físico de Atuação - Bairros 53 Nunca chegue atrasado. Não conte com a sorte e muito menos com o trânsito. É preferível chegar cedo, porque o trânsito estava ótimo, ir tomar um café na região ou dar uma volta a pé no quarteirão para prospectar oportunidades imobiliárias do que chegar um único minuto atrasado. Lembre-se sempre que, seja no local da visita, seja na imobiliária, alguns clientes, com medo de chegarem atrasados, chegam antes da hora. Tenha o mesmo cuidado. Feito isso, a primeira impressão que o cliente terá de você, além da sua apresentação pessoal, é quanto à sua postura: receba-o com o corpo naturalmente ereto, olhe-o nos olhos, sorria espontaneamente para ele, tome a iniciativa de estender a mão para cumprimentá-lo (sem quebrá-la) e chame-o pelo nome. Esse é o único contato físico que se deve ter com o cliente. Ilustração: www.pixabay.com Abraço, tapinha no braço, apoiar a mão no ombro do cliente, apertar a mão dele com força ou com suas duas mãos, chamá-lo por diminutivos ou aumentativos (“E aí Paulão, no que eu posso ajudar?” – Deus do céu...!), querido, amigão,campeão..., nem pensar. O cliente não veio atrás de intimidades, ele só quer um imóvel. A maioria das clientes não fica feliz ao ver a corretora, logo no primeiro contato, beijar seu marido, nem o marido vendo o corretor beijar a mulher dele. Qualquer coisa nesse sentido tem de partir do cliente, única e exclusivamente. Mesmo assim, cuidado: já atendi clientes mulheres que me cumprimentaram com um beijo na saída do primeiro contato e que quando voltaram, com o marido, me estenderam a mão. Por isso, mesmo voltando sozinhas, nunca tome essa iniciativa. Ligações para clientes Independentemente de a voz parecer jovem (a voz engana) opte sempre, desde o primeiro contato telefônico, pelo tratamento formal: senhor(ª), doutor(ª). Iniciar a ligação chamando o cliente de senhor e acabá-la chamando-o de você pode dar a impressão de que você é um profissional "espaçoso" e gerar, de cara, uma má impressão, ainda mais se essa 54 pessoa, que você nunca viu é, por exemplo, uma pessoa idosa, um juiz, um médico ou um desembargador, habituados ao tratamento formal. Prospecção das necessidades do comprador (vendedor, ver CAPTAÇÃO DE IMÓVEIS). “Entender Para Atender”: esse é o lema de uma empresa líder no segmento de logística no Brasil. Para entender é preciso ouvir. O problema é que a maioria dos corretores não sabe ouvir. Corta a fala do cliente ou atende o celular durante a conversa. Deixa de ouvir o que ele ia informar, restringindo a chance de ser assertivo ao lhe oferecer imóveis. Se há algo que compromete um bom levantamento ou mesmo uma negociação é a ansiedade. Controle-a e ouça. Nunca corte a fala do cliente e nem tente completar a frase dele. Corretor ansioso: problema. Gerente e corretor ansiosos: catástrofe. O bom corretor ouve o cliente sem o interromper, pelo tempo que for necessário, para obter o retrato possível do que ele deseja. Faça as perguntas certas Ouviu com atenção? Então, agora, pergunte sobre tudo que seja relevante e que ficou sem resposta durante a fala do cliente, assim você não repetirá o refrão de muitos corretores: “Agora é que ele me diz isso?”. Alguns exemplos: “Que tipo de imóvel o senhor deseja (apartamento, casa, residencial, comercial...) e quais são os bairros de interesse?” “O senhor iniciou a busca por esse imóvel agora ou já o está procurando há mais tempo?” (você pode descobrir que ele já conhece todos os imóveis à venda na região ou que quer uma “galinha morta”). “Que limite financeiro devo observar na indicação dos imóveis?”, ou, “Que valor o senhor pretende investir nessa aquisição?” Não pergunte quanto ele quer gastar. Ele quer gastar o mínimo possível e obter o melhor possível. A resposta para esta forma de pergunta é, quase sempre, abaixo do que realmente acaba praticando na compra. “A forma de pagamento será à vista (cash) ou haverá financiamento”? “O senhor depende da venda de seu imóvel ou de permuta para que a negociação se concretize”? 55 “O senhor está sendo atendido por outras imobiliárias ou corretores”? Resposta positiva: “Que imóveis o senhor já visitou? Quais gostou, quais não gostou e, neles, quais foram os pontos positivos e quais os negativos que observou?” Faça perguntas de forma aberta, pois são mais assertivas. Evite as fechadas, as que ensejem um simples “sim” ou “não”. Ex.: Fechada: - “O senhor moraria numa casa”? Aberta: - “Que tal morar numa casa com a segurança de um prédio...”? Fechada: - “O senhor moraria num apartamento”? Aberta: - “Que tal um apartamento que mais parece uma casa suspensa”? Outro erro é fazer perguntas negativas: Negativa: - “O senhor não gostou do apartamento”? Certo: - “O que o senhor achou do apartamento”? Não pergunte provocando respostas que não quer ouvir. Anote tudo, não confie na memória. O ideal é você ter um checklist com todas as perguntas que não podem ser esquecidas. Conversando com os clientes – compradores ou vendedores Seja no telefone, seja pessoalmente, a sinceridade é a alma de qualquer relação e sinceridade emana da verdade e da transparência. Ponto. Quem mente ou omite informações, de qualquer espécie, perde a confiança da outra parte e dai adeus relação, profissional ou não. Agora que ficou claro que você é um profissional correto, por favor: Não fale palavrões: - “O senhor vai ver, é uma puta casa...”. Fuja dos vícios de linguagem. Ex.: “né, né, né”. O cliente ter de ouvir você repetir sempre a mesma palavra em cada frase é irritante. Outro exemplo é começar cada frase com “na verdade...”. Isso significa que tudo o que disser que não comece por esse cacoete da linguagem é mentira... Fuja das gírias: - “Vou abrir o jogo com o senhor: hoje não temos nada com esse perfil, mas se pintá algo eu aviso” ou “O senhor vai ver, a casa é trilegal, show de bola”, “cara, o tempo de venda depende do valor de venda que você está querendo” ou ainda “A casa é maravilhosa e só custa 1.400 paus”. As duas últimas, em minha opinião, são altamente deselegantes. 56 Evite palavras estrangeiras para dar um ar de sofisticação ao atendimento. Você usa alguns termos em inglês, o cliente acha que você domina o idioma, passa a falar com você em inglês. Se você não domina o idioma vai se arrepender muito da pretensa sofisticação... Não use diminutivos: - “Tenho uma casinha igual à sua à venda por menos”. Catástrofe! Chamou a casa dele de “casinha” e ainda por cima, falou que é cara, ou, “Remeti um link para o senhor de uma casinha que entrou em nosso cadastro”, ou seja, bem pequenininha, como a disponibilidade financeira dele. É isso? Ele pode interpretar assim e não gostar; afinal, é tudo que juntou na vida. Antes de conduzir os clientes para visitas aos imóveis. Estude o trajeto que fará com eles, por dois motivos: 1º - A compra começa pelo trajeto para chegar ao imóvel. Se ele tiver muito trânsito, vizinhança feia (favelas, imóveis abandonados, pouca arborização...) os compradores podem não querer nem entrar nele. 2º - Chegando ao imóvel os compradores podem perguntar sobre imóveis com placas ou plantões que estavam no trajeto (preço, dormitórios...). Você tem de estar preparado para responder, mesmo sendo de congêneres. Se não souber, eles vão contatar o detentor da placa/plantão e obter a informação que você não soube dar. Esse cuidado com o entorno vale mesmo que o ponto de encontro seja no próprio imóvel. IMPORTANTÍSSIMO: só leve o cliente para ver um imóvel que o tiver conhecido pessoal e previamente. Não se fie só nas fotos dele: você pode descobrir na prática que eram de dez anos atrás e que o imóvel está detonado. Se você fosse o cliente ficaria motivado a continuar sendo atendido por esse corretor? Vai dar crédito e atenção às fotos e indicações que ele passar? Ainda: no contato para conhecer previamente o imóvel, se o proprietário vier com a conversa de que prefere que ela já seja feita com o comprador junto responda diga que então vai falar com ele para ver em que datas estará disponível. Espere umas duas horas e então volte a ligar para ele. Diga que o cliente quer ter certeza sobre o estado de conservação do imóvel e de como são seus acabamentos e que, por isso, quer que você o visite primeiro e forneça essas respostas para então se decidir pela data da visita. Ao ligar para marcar sua visita para conhecer o imóvel não se esqueça de perguntar se o preço da ficha está correto, se ele já contempla a comissão imobiliária e se foi considerada alguma margem de negociação nesse valor. Quando em trânsito para conhecer imóveis, acompanhar clientes ou dirigindo dentro da sua área de atuação, anote o endereço dos imóveis 57 desocupados ou com placas/plantões de congêneres que não constem do seu cadastro. Há como identificar os proprietários. Fale com sua gerência. Ordem de apresentação dos imóveis.
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