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Sistemas Adesivos Os métodos restauradores tradicionais que implicavam a necessidade de realizar preparos cavitários retentivos estão sendo cada vez mais substituídos por procedimentos restauradores menos invasivos, ou seja, adesivos. Essa modificação importante teve como marco referencial o trabalho desenvolvido por Buonocore, que introduziu a técnica de condicionamento ácido do esmalte em 1955. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS ADESIVOS E MECANISMO DE UNIÃO Em esmalte A base da “odontologia adesiva” foi o trabalho de Buonocore em 1955, que descreveu que a resina acrílica poderia ser unida ao esmalte previamente condicionado com ácido fosfórico a 85% por 30 segundos. O mecanismo de união do adesivo ao esmalte é explicado pelo aumento da energia superficial do esmalte de 28 para 72 dinas/cm após o condicionamento com ácido, e pela criação de microporosidades que aumentam a área de superfície e são posteriormente preenchidas pelo adesivo, formando os prolongamentos adesivos (tag) A aplicação do adesivo (resina sem carga ou minimamente carregada) com baixa viscosidade permite que ele escoe e preencha esses microporos, sendo então polimerizado, estabelecendo desse modo uma união micromecânica. Estudos demonstraram que o condicionamento com ácido fosfórico por 15 ou 60 segundos propicia resultados de resistência de união e microinfiltração similares10. Em função do trabalho de Silverstone, que relatou que o ácido fosfórico em concentração entre 30 e 40% propicia uma superfície de esmalte mais retentiva, a maioria dos sistemas adesivos disponíveis comercialmente utiliza essa concentração. Em dentina A smear layer, também chamada lama dentinária, que é uma camada de resíduos depositados na superfície dentinária durante o preparo cavitário, e que também penetra nos túbulos dentinários, sendo chamada por isso de smear plug. A smear layer contém, principalmente, partículas minerais de esmalte e dentina, colágeno fundido, componentes salivares e bactérias. Ela diminui a permeabilidade da dentina devido à obliteração dos túbulos dentinários e é fracamente aderida ao substrato dentinário. Na década de 90, a mesma ideia de remoção parcial ou modificação da smear layer ressurgiu com novos sistemas adesivos que utilizavam um primer auto condicionante, com maior poder de desmineralização, seguido da aplicação do adesivo, os chamados adesivos auto condicionantes. O sistema original inclui dois passos – um primer auto condicionante em um frasco, seguido de um adesivo contido em outro frasco. Os estudos com os sistemas adesivos auto condicionantes têm demonstrado que eles possuem boa união à dentina, e que desmineralizam e envolvem as fibras colágenas a uma profundidade média de 1 micrometro. Essa desmineralização é superficial, visto que o primer, mesmo tendo pH bastante ácido, não tem grande capacidade de desmineralizar a porção inorgânica da estrutura dental. Remoção total da smear layer São aqueles sistemas adesivos que recomendam o condicionamento ácido total, em esmalte e dentina simultaneamente, seguido da aplicação de um primer e adesivo contidos em frascos distintos ou, nas formulações mais recentes, o primer e adesivo combinados em um mesmo frasco. Após a remoção do condicionador ácido pela lavagem com água, a dentina deve ser mantida umedecida para favorecer a ação do prime. O primer penetra na área de dentina desmineralizada e na rede colágena exposta, aumentando a energia livre de superfície da dentina que, devido ao conteúdo proteico, fica diminuída após o condicionamento ácido. Para acelerar a ação do solvente, o primer deve ser seco com leve jato de ar continuo para que a água presente na dentina unida ao solvente evapore, permitindo a posterior polimerização do sistema adesivo. O adesivo é aplicado e alcança a dentina impregnada pelo primer, copolimerizando com este, formando uma camada de dentina/resina ácido-resistente denominada de camada híbrida. Devido à relativa complexidade, à sensibilidade técnica e ao tempo consumido na aplicação desses sistemas adesivos, os fabricantes introduziram no mercado novos sistemas adesivos que combinam o primer e o adesivo, resultando em apenas duas etapas clínicas de aplicação (ácido e adesivo). • Três etapas: uso de ácido, primer e adesivo em três frascos distintos. • Duas etapas: uso de ácido em um frasco e primer + adesivo combinado em outro frasco. Ou, no caso dos sistemas de remoção parcial da smear layer, ácido + primer em um frasco e adesivo em frasco separado. • Uma etapa: o conteúdo de dois frascos é previa- mente misturado para gerar o ácido + primer + adesivo, todos combinado Alguns sistemas adesivos são de dupla cura, ou duais (auto e fotopolimerizáveis) ou têm a opção de se tornarem de dupla cura. Os sistemas duais são importantes para serem utilizados em casos nos quais o acesso da luz ativadora é dificultado ou impossível (por exemplo, em restaurações indiretas ou cimentação de pinos intracanal). Em porcelana O mecanismo de união dos sistemas adesivos à porcela- na está baseado na realização de um condicionamento prévio da superfície de porcelana que inclui microjatea- mento com óxido de alumínio, aplicação de ácido fluorídrico, em concentração de até 10%, e silano. O silano favorece uma união química entre o agente cimentante resinoso e a porcelana. Então, a união é essencialmente por embricamento micromecânico e algum potencial de união química proporcionado pelo uso do silano. Em amálgama é baseado na técnica de hibridização da estrutura dental e no emprego de um adesivo quimicamente ativado que se embricará na restauração de amálgama durante sua condensação na cavidade, proporcionando uma união micromecânica. Vantagens Possibilidade de preservar o tecido dental hígido durante o preparo cavitário. Redução da microinfiltração na interface dente/material restaurador, Diminuição da sensibilidade pós- operatória. Diminuição de mancha mento marginal. Melhor distribuição do stress funcional sobre o dente através da união adesiva. Reforço da estrutura dental enfraquecida pela perda de esmalte e dentina devido à cárie e ao preparo cavitário. Possibilidade de confeccionar reparos de restaurações deficientes com mínimo desgaste dental. Selamento dentinário e proteção pulpar. Possibilidade de realizar restaurações estéticas com mínimo ou até́ mesmo sem desgaste dental. Regularização da dentina e preenchimento de retenções reduzindo a necessidade de desgaste dental no preparo para restaurações indiretas
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