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@andreiadivensi 1 Sistemas Adesivos Seu surgimento possibilitou mais preservações da estrutura dental remanescente sadia, além de melhorar o selamento marginal de restaurações de resina composta, com margens localizadas em esmalte. CONCEITOS ADESÃO: Ação de ligar-se fisicamente, e de modo estreito, a alguma coisa (um corpo ligado ao outro). Na odontologia é utilizado mais a microadesão. COESÃO: Força de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo, e que resiste a que este se quebre. CAMADA HÍBRIDA: Camada intermediária de resina, colágeno e dentina, produzida por infiltração de resina fluída (adesivo) na dentina. ADESIVO: Substancia que promove adesão entre dois substratos. Depende de: Potencial de umedecimento ou espalhamento do adesivo, viscosidade do adesivo e rugosidade superficial do substrato. FATORES FUNDAMENTAIS QUE INFLUENCIAM NA ADESÃO MICRO- MECÂNICA UMEDECIMENTO/MOLHAMENTO: capacidade de um líquido molhar um sólido, entrar em intimo contato com este sólido. É diretamente relacionada com a energia de superfície do sólido e tensão de superfície do líquido. Recobre totalmente o substrato, sem incorporar bolhas de ar entre eles. VISCOSIDADE: mais chance de aprisionar o ar, é proporcional com o ângulo de contato. Faz com que tenham maior dificuldade de recobrir o sólido, porém, faz com que se espalhe fácil e rapidamente sobre o substrato. Quanto mais fluido, mais fácil irá escoar e molhar os picos e vales das micro-irregularidades. RUGOSIDADE: aumento de área de contato, o que eleva a capacidade adesiva. SUBSTRATO: ESMALTE Composto de 97% material inorgânico (hidroxiapatita), 2% de água e 1% de material orgânico (proteínas, carboidratos e lipídios). Possui como características: alta densidade e dureza, alto módulo de elasticidade, baixa resistência e alta fragilidade. CONDICIONAMENTO ÁCIDO DO ESMALTE Por dissolução seletiva, causa microporosidades necessárias para o embricamento mecânico. O revestimento é feito com ácido fosfórico para uma melhor adesão, e atua de duas formas: Aumento da energia de superfície: remove a película adquirida Aumento da área de superfície: o esmalte fica poroso e aumenta a área de contato. Após o condicionamento com ácido fosfórico e secagem do esmalte, é observado uma cor branco opaca com aspecto de giz, sinal de esmalte adequadamente condicionado. @andreiadivensi 2 ENERGIA DE SUPERFÍCIE: COM ÁCIDO: Alta molhabilidade quando a superfície estiver limpa com ácido, acontece a multiplicação da área de contato aumentando a adesão, e criação de microrrugosidades após a aplicação do ácido. Aumento de até 8mm de área de contato. * A presença de um baixo ângulo indica um bom molhamento e alta capacidade adesiva. Um alto ângulo de contato caracteriza um material hidrófobo. FATORES QUE DIFICULTAM O CONDICIONAMENTO DO ESMALTE Nem sempre o tempo de 15 a 30 segundos será capaz de produzir a desmineralização seletiva típica do ácido fosfórico. Por esse fato, existem fatores que resistem ao condicionamento, como: FLUOROSE: Esmalte rico em flúor ESMALTE APRISMÁTICO: Presença de uma camada que é resultante da compressão da camada de prismas durante os estágios finais da amelogênese. DENTES DE PACIENTES IDOSOS: Apresentam pouca permeabilidade devido ao desgaste fisiológico e à troca de conteúdo orgânico por minerais durante o processo de maturação. ALTERNATIVAS PARA MELHOR RETENÇÃO DO SISTEMA ADESIVO AO ESMALTE BISELAMENTO DO ESMALTE: Retenção da camada mais superficial do esmalte. AUMENTO DO TEMPO DE CONDICIONAMENTO ÁCIDO: procedimento conservador AGITAÇÃO DO ÁCIDO: o produto produz uma dissolução mais homogênea que vai permitir o contato do esmalte com a porção mais reativa do ácido. ADESIVOS HIDROFÓBICOS Promovem mais durabilidade da união e grande adesão sobre a região do esmalte. Não possui afinidade com ambientes úmidos. Compostos basicamente de monômeros hidrofóbicos a base de BIS-GMA diluídos em monômeros. São 2 etapas: 1º Aplicação do ácido: cuja função é limpar e preparar o substrato para adesão. 2º Aplicação do adesivo propriamente dito ADESIVOS HIDROFÍLICOS Grande adesão sobre superfícies úmidas como por exemplo dentina e os túbulos dentinários. A limpeza da dentina após o ácido deve ser feita cuidadosamente pois as fibras colágenas da dentina não podem ficar com muita água e nem totalmente secos. Todos os túbulos dentinários precisam ficar totalmente selados com o adesivo para não causar sensibilidade após a restauração. Tal técnica é dividida em 3 etapas: 1º Aplicação do ácido: cuja função é limpar e preparar o substrato para adesão 2º Aplicação do primer: que é a solução hidrofílica compatível com a dentina úmida e que possui solventes em sua composição. 3º Aplicação do adesivo: parte hidrofóbica, compatível com a resina composta. Formulações adesivas com monômeros hidrofóbicos terão maior durabilidade que os adesivos hidrofílicos devido a sua menor sorção por água e consequente menor hidrólise. SUBSTRATO: DENTINA Composta de 70% material inorgânico, 20% material orgânico (fibras colágenas e proteínas) e 10% de água. O menor conteúdo de minerais permite maior deformação elástica que o esmalte quando submetido a carga. Quanto mais próximos a polpa, maior o número de túbulos dentinários. @andreiadivensi 3 SMEAR LAYER É a camada de “esfregaço” que está presente no substrato dental tanto no esmalte como na dentina. Ela é mais estudada na dentina devido a sua maior complexidade. É formada por resíduos de pontas diamantadas, brocas, óleos, saliva, sangue, restos de dentina ou de esmalte, bactérias, enfim, restos dos componentes dos produtos do preparo cavitário. A espessura pode variar de 0,5 a 5μm dependendo do tipo de material utilizado no preparo, bem como a irrigação utilizada para ir removendo os resíduos mais grosseiros durante o preparo. Reduz o fluxo dentinário que por um lado é positivo pois diminui também o risco de sensibilidade dentinária uma vez que este “esfregaço” fecha os túbulos. Por outro lado, devido a sua baixa resistência coesiva e baixa união à dentina, impossibilita uma boa união do adesivo com esse substrato. A smear layer que preenche o túbulo dentinário é chamada smear plug e a sua remoção é mais difícil, geralmente apenas com ácidos inorgânicos como o ácido fosfórico. CONDICIONAMENTO ÁCIDO EM DENTINA Promove uma remoção completa da “smear layer” desmineralizando superficialmente a dentina com remoção de minerais (hidroxiapatita) e parte da fibra colágena, abrindo os túbulos dentinários. Como ocorre remoção da parte inorgânica (hidroxiapatita) da dentina e maior exposição de matéria orgânica (fibras colágenas) e água, a energia de superfície da dentina diminui após o condicionamento ácido. Dessa forma, é necessário a utilização de um adesivo hidrofílico com alta molhabilidade (baixa tensão de superfície) para conseguir interagir e penetrar na área desmineralizada da dentina, preenchendo os túbulos dentinários abertos. CLASSIFICAÇÃO DOS ADESIVOS Apesar de existir várias formas de classificar os adesivos, as mais utilizadas são referentes a afinidade do adesivo com a água (hidrofílica ou hidrofóbica) e a forma de tratamento no substrato dental (com ou sem condicionamento prévio com ácido fosfórico). Os “adesivos hidrofóbicos” tem sido pouco utilizados e tem indicação para a adesão em esmalte. Atualmente, a classificação mais aceita tem usado apenas adesivos hidrofílicos, separando em dois grandes grupos de acordo com o tipo de tratamento dentinário prévio, sendo chamados de adesivos com condicionamento ácido total ou auto-condicionantes.CONDICIONAMENTO ÁCIDO TOTAL Podem ser sub-divididos em duas categorias: MÚLTIPLOS FRASCOS (conhecidos tamém como sistemas adesivos de 4ª geração). Atualmente, é o sistema melhor conceituado entre os sistemas adesivos dentais. Tem como vantagem o frasco do “primer” geralmente carregar a maior parte hidrofílica do sistema. Essa parte tem boa “molhabilidade” e irá penetrar nos túbulos dentinários previamente condicionado. Em um segundo momento, é aplicado o adesivo que contém a maior parte de monômeros hidrofóbicos, parte que ficará exposta no meio bucal. Isso é importante porque tem se observado que materiais com grande característica hidrofílica tem uma probabilidade de absorver mais líquidos e com isso se degradar mais rápido com o passar do tempo, e consequentemente diminuir sua resistência adesiva a médio e/ou longo prazo. Como desvantagem desses adesivos é eles possuírem pelo menos dois frascos e terem pelo menos 3 passos de aplicação (ácido + primer + adesivo). Outra desvantagem é que após a polimerização apresentam- se mais espessos que os adesivos de frasco único, dificultando ou impedindo seu uso em restaurações indiretas quando fotoativados. ESMALTE DENTINA ÁCIDO Remover a smear layer. Aumentar a energia de superfície e área de contato A remoção da smear layer e abrir os túbulos dentinários para embricamento do primer hidrofílico. PRIMER Não é necessário. Entretanto, os trabalhos tem demostrado que não prejudica a adesão. Por possuir grande quantidade de monômeros, o primer consegue penetrar na região desmineralizada da dentina mesmo da presença de fluído dentinário. Possui pequena quantidade de monômeros hidrofóbicos para se ligar com o adesivo ADESIVO Monômeros hidrofóbicos que agem como agente de ligação do substrato dental ou primer com o material restaurador, geralmente resinosos @andreiadivensi 4 FRASCO ÚNICO (conhecidos também como Sistemas Adesivos de 5º geração). É um adesivo com características bem hidrofílicas e atualmente o mais utilizado e com maior número de marcas comerciais. Além dos monômeros hidrofílicos e hidrofóbicos, ativadores e iniciadores, geralmente apresentam na sua constituição solventes orgânicos a base de acetona ou etanol. Ambos adesivos requerem a sua utilização em meio úmido após o condicionamento ácido. Porém, apesar de não ser regra, geralmente os adesivos com solventes a base etanol se comportam melhor em meio “seco” do que os a base de acetona. Outra característica verificada na maior parte desses adesivos é a presença de partículas inorgânicas em sua composição, com tamanho e quantidade reduzidas quando comparadas as resinas compostas, com o objetivo de aumentar a sua resistência mecânica intrínseca. Apresenta como vantagem, quando comparado ao sistema de primer e adesivo em frasco separados, a apresentação em apenas UM FRASCO e muitas vezes menos passos clínicos. SISTEMAS ADESIVOS AUTO- CONDICIONANTES Também chamados de adesivos de 2ª geração. Os passos de condicionamento ácido prévio da dentina e posterior lavagem e secagem são eliminados. Sendo assim, o primer é responsável pela criação de sua própria via de acesso aos tecidos mineralizados. Isso é possível graças à adição de monômeros resinosos acídicos que, simultaneamente à desmineralização, infiltram-se na intimidade da dentina e se polimerizam-se após a fotoativação. SMEAR LAYER: Não é dissolvida por completo e sim incorporada à interface de união. Eles apresentam uma interface adesiva menos espessa que os adesivos com condicionamento ácido prévio. Podem ser classificados de várias formas: números de passos, forma de aplicação, numero de frascos, etc. Acreditamos que a melhor forma de classificar é separando-os em: “primers autocondicionantes” e “adesivos autocondicionantes’, como será descrito a seguir: PRIMERS AUTO-CONDICIONANTES: Geralmente é composto por dois ou mais frascos. Possui pelo menor um frasco com o “primer autocondicionante” e um com o “adesivo”. O “primer autocondicionante” possui pH baixo (ácido) para propiciar uma desmineralização do substrato dental, tanto esmalte quanto dentina, e também será responsável por fazer a modificação da smear layer. Após o tratamento do substrato e impregnação desse primer no substrato dental, um adesivo com maior parte de componentes hidrofóbicos é aplicado visando o “selamento” e finalização do processo de hibridização. ADESIVOS AUTO-CONDICIONANTES: São apresentados em um ou dois frascos e podem ser aplicados em uma ou duas camadas de acordo com o fabricante. Geralmente possuem maior quantidade de água, solventes e monômeros acídicos que os “primers autocondicionantes”, tornando-os mais fracos intrinsecamente. O que os diferencia dos “primers autocondicionantes” é que o “primer acídico e o adesivo” são aplicados juntos, não existe um adesivo hidrofóbico aplicado após a desmineralização e impregnação do conjunto (primer e adesivo) autocondicionante. Apesar da simplicidade e rapidez no uso, os resultados têm se mostrado inferiores aos sistemas com “primers autocondiconantes”. Novas pesquisas precisam ser elaborados para comprovar a eficácia desses produtos.
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