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Cistos Ovarianos Cistos paraováricos Os cistos paraováricos são derivados de resquícios embrionários dos túbulos mesonéfricos (estruturas embrionárias que dariam origem à genitália interna masculina no macho). Utilizam-se também as denominações cisto do epoóforo ou do paraóforo para designar cistos paraováricos derivados de porções craniais ou caudais dos túbulos mesonéfricos. Histologicamente, esses cistos são revestidos por epitélio simples cúbico e contêm células musculares lisas em sua parede. Os cistos paraováricos não comprometem a função ovariana. Cistos da rete ovarii O ovário contém um emaranhado de túbulos, que constituem a rete ovarii, derivada dos ductos mesonéfricos, análoga à rede testicular (rete testis), mas cuja função não é bem conhecida. A rete ovarii pode acumular secreção derivada de seu epitélio, tornando-se cística, dando origem aos cistos da rete ovarii. Os cistos da rete ovarii ocorrem em todas as espécies, mas são mais frequentes e têm maior importância clínica em gatas, nos quais esses cistos podem alcançar grandes volumes, resultando, em alguns casos, na compressão do córtex ovariano ou, ainda, bloqueando mecanicamente o trajeto do oócito até a tuba uterina. Foi identificada a ocorrência de metaplasia escamosa da rete ovarii em vacas. A metaplasia escamosa faz com que ocorra o acúmulo de material ceratinizado no lúmen dos túbulos da rete ovarii, resultando no desenvolvimento de estruturas císticas repletas de material ceratinizado. Cistos de inclusão germinal Os cistos de inclusão germinal são resultantes da invaginação do epitélio germinativo para dentro do córtex ovariano, resultando na formação de pequenos cistos, que são microscópicos e não têm importância clínica na Sistema Reprodutor Feminino maioria das espécies domésticas, com exceção dos equídeos. Os cistos de inclusão germinal na égua sempre se desenvolvem na fossa de ovulação, sendo também chamados cistos da fossa. Quando há formação de cistos de inclusão germinal, quase sempre o cisto é revestido por epitélio germinativo e segmentos do epitélio da tuba uterina. Como o epitélio da tuba uterina tem intensa atividade secretora, os cistos de inclusão germinal da égua (cistos da fossa) tendem a crescer, em razão do acúmulo de secreção, e, em casos acentuados, pode ocorrer bloqueio mecânico da fossa de ovulação, comprometendo o processo de ovulação, podendo resultar em subfertilidade. Em casos extremos, os cistos crescem ao ponto de comprimir o restante do córtex, causando hipotrofia. Cistos do folículo atrésico São folículos que não se desenvolveram completamente e não ovularam. O folículo atrésico se caracteriza por revelar o oócito degenerado, células da granulosa em degeneração com citoplasma vacuolizado e luteinização das células da teca interna. Cistos do corpo luteo Caracteriza-se por formação cavitária cística no centro do tecido luteínico, que pode variar de alguns milímetros até 2 cm de diâmetro. Esses cistos estão em cerca de 25% dos corpos lúteos durante o período de diestro, mas sua frequência diminui acentuadamente caso ocorra estabelecimento de gestação. Esse tipo de cisto não resulta em comprometimento da função reprodutiva da vaca Cistos luteinicos ou luteinizados A patogênese do cisto luteinizado (ou luteínico) é essencialmente semelhante à do cisto folicular; entretanto, nesses casos, embora a falha na exposição do folículo maduro seja insuficiente para indução da ovulação, há atividade LH suficiente para indução da luteinização completa da parede do cisto (Figura 14.34). Esse tipo de cisto costuma produzir predominantemente progesterona, resultando em anestro. As implicações clínicas do cisto luteinizado são as mesmas discutidas anteriormente nos casos de cisto folicular. Cisto folicular Cisto folicular é um folículo ovariano maduro que cresce, não ovula e permanece no ovário produzindo hormônios que interferem no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, resultando em alteração comportamental secundária às alterações endócrinas. . Os cistos foliculares se desenvolvem com maior frequência no primeiro ciclo pós-parto; nesses casos, geralmente o cisto está associado ao anestro, não sendo acompanhado de ninfomania. Contudo, o cisto também pode se desenvolver nos ciclos subsequentes, mas com frequência decrescente quanto mais longo o período decorrido após o parto. Nos casos em que a vaca já tenha restabelecido atividade ovariana cíclica pós-parto, há maior probabilidade de manifestação clínica de ninfomania, o que provavelmente se deve ao fato de que a progesterona produzida pelo corpo lúteo, que se forma após a primeira ovulação, induz a expressão de receptores para estrógeno. Há correlação positiva e significativa entre cisto folicular e outros distúrbios puerperais da vaca leiteira, tais como hipocalcemia pós-parto, distocia, retenção de placenta, endometrite, mastite, endotoxemia e cetose. A etiopatogenia dos cistos foliculares é complexa, mas basicamente envolve exposição inadequada do folículo maduro préovulatório à ação do LH, resultando em falha na ovulação. Cisto folicular em outras espécies: Porca: os sinais clínicos associados a essa condição são bastante inespecíficos, sendo os sinais mais comuns o ciclo estral prolongado ou irregular, anestro, infertilidade, diminuição da taxa de concepção e alterações comportamentais. Nessa espécie, o estresse (induzido por desmama precoce, por exemplo) tem papel importante na patogênese dos cistos. Além disso, cistos foliculares na porca têm sido associados a hipotireoidismo e administração de progestágenos exógenos para sincronização de estro. Égua: A égua desenvolve folículos múltiplos e anovulatórios durante a transição entre a fase de anestro e a fase cíclica. Esses folículos regridem de modo espontâneo, sendo considerada condição fisiológica nessa espécie, embora alguns clínicos utilizem a terminologia ovário polifolicular para descrevê-la (Figura 14.33). Folículos múltiplos anovulatórios também são observados em éguas com quadro febril ou endotoxêmico, fora do período de transição entre anestro e ciclicidade. Cadela e gata: Na cadela, os cistos foliculares ocorrem principalmente em animais velhos e pode resultar em ninfomania ou irregularidade do ciclo estral. Os cistos foliculares na cadela podem ser simples ou múltiplos, com diâmetro que varia de um a vários centímetros. Essas cadelas podem desenvolver outros sinais de hiperestrogenismo, como tumefação da vulva, hipertrofia de clitóris, ginecomastia, alopecia ventral bilateral e simétrica e hiperplasia endometrial cística, além de maior risco para o desenvolvimento de neoplasias mamárias e fibroleiomioma genital. Búfala: maior incidência em animais no período pós-parto. O sintoma mais frequente é o anestro, entretanto, pode ocorrer sintomas de ninfomania. Como consequência da estimulação dos hormônios esteróides produzido pelo cisto folicular pode levar à hiperplasia cística do endométrio. Pequenos ruminantes: A doença cística ovariana é considerada uma das principais causas de infertilidade. Este cisto é diagnosticado quando há presença de uma estrutura anecoica, maior de 10 mm de diâmetro (Figura 4), na ausência de um corpo lúteo. O cisto folicular ovariano comumente produz estrogênio, o que resulta em ninfomania. Pode produz progesterona, levando esta fêmea ao anestro, ou andrógenos, levando a um comportamento de virilismo. Cisto tubo-ovárico e Cisto Bursa-ovárica Processos inflamatórios do ovário (periovarianos) e/ou da tuba uterina predispõem à formação de aderências entre o ovário e as estruturas adjacentes, em especial o infundíbulo da tuba uterina e a bolsa ovariana (parte do mesovário). Caso essas aderências ocluam a drenagem das secreções tubáricas para o interior da cavidade abdominal, pode ocorrer acúmulo dessa secreção, com formaçãode estruturas císticas. Caso o cisto seja decorrente da aderência do ovário com o infundíbulo da tuba uterina, há a formação de um cisto tubo-ovárico, enquanto aderências entre o ovário e a bolsa ovariana podem dar origem ao cisto bursaovárico. Tanto um quanto o outro podem ser uni ou bilaterais e quase sempre estão associados à hidrossalpinge decorrente da obstrução do lúmen da tuba uterina (ver Tubas uterinas, adiante). Obviamente, esse tipo de cisto não tem atividade endócrina, ou seja, não produz hormônios, porém o prognóstico reprodutivo, nesses casos, é desfavorável, uma vez que estas são lesões irreversíveis e que, embora o ovário, em tais situações, possa se manter funcional, há impedimento à captação do oócito durante a ovulação. Hidratide de morgani A hidátide de Morgani, ou apêndice vesicular, é uma estrutura cística ou policística derivada do acúmulo de secreção em um infundíbulo acessório da tuba uterina (ver Tubas Uterinas – Anomalias do Desenvolvimento, adiante), resultando na formação de um cisto adjacente à tuba uterina. Essa lesão é geralmente verificada apenas na égua, podendo ser observada em animais pré-púberes e até mesmo em fetos. Pelo fato de essa estrutura ser revestida por um epitélio idêntico ao da tuba uterina, ela também é considerada uma tuba uterina acessória.
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