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Aula Contato Disciplina Matéria Folha (21) 3856-0704 T Política Moderna I Filosofia ccstart.com.br Olá, caro startano! Precisamos falar sobre política. Calma! Não me refiro a partidos, a candidatos... Não precisa agredir o amiguinho “coxinha”, nem aquele seu tio “pão com mortadela”. A ideia de política aqui inclui a atual, mas vai muito além do nosso tempo. Isso pode surpreender a muitos, mas a política, originalmente, lá na Grécia Clássica, era uma atividade supervalorizada. Era no espaço da política que a tão sonhada “felicidade” se realizaria, segundo Aristóteles. Era na ágora (praça pública, em grego) que o ser humano podia revelar seu potencial, sua inteligência, sua criatividade... sua liberdade! Nós somos os únicos animais da Terra capazes de criar e recriar nossas regras sociais. Os humanos são por natureza animais políticos (não apenas sociais) – ainda segundo Aristóteles. O que mudou de lá para cá? Como os filósofos viam a política na Época Moderna? Quais são as bases da política mais atual? NOÇÕES GERAIS Temos dois problemas iniciais: definir política e definir a ideia de modernidade. Não existe consenso em relação a essas duas palavrinhas. De qualquer modo, em geral a política é vista como um plano da realidade, um aspecto das sociedades humanas. Basicamente, é o espaço em que se realizam as disputas pelo poder. Essa disputa entre certos atores pode ganhar variadas formas. Para que fique mais claro, vamos aplicar essa noção ao nosso tempo. Hoje, no Brasil, vivemos em uma república presidencialista. O chefe do governo exerce um mandato de quatro anos. Em tese, qualquer cidadão interessado em se lançar candidato deve estar filiado a um partido. E por aí vai... Essas são algumas das regras do nosso regime político. São esses os limites legítimos da disputa pelo poder político. Mesmo na atualidade, essas regras variam bastante de país para país. Se fôssemos ingleses, viveríamos outro regime político: no caso, uma monarquia parlamentarista. Pronto. Agora você sabe que esse é um aspecto das sociedades humanas muda dependendo do lugar e do tempo. Sendo assim, caro startano, como se define a política na tal modernidade? Tradicionalmente, a Época Moderna é tratada como o período que cobre os séculos XVI, XVII e XVIII. Nesse contexto, uma série de transformações ocorria no mundo. Muitas dessas transformações eram políticas. E diversos políticos refletiram a esse respeito. A ideia de modernidade às vezes é aplicada até a atualidade ou remete a valores que ultrapassam a cronologia da Idade Moderna propriamente dita. Se antes, na Idade Média (V-XV), vigorava a dispersão, a fragmentação política, a partir da Idade Moderna (XVI-XVIII) o poder tende a se concentrar. Formaram-se os Estados Modernos, em geral monárquicos – comandados por um rei. Em geral, absolutistas – monarquias nas quais o rei não tem limites claros para seu poder, que é visto por muitos como uma delegação de Deus. MAQUIAVEL (1469-1527) Esse intelectual viveu boa parte de sua vida em Florença, onde exerceu cargos políticos importantes. Naquele contexto, a Itália não era um país unificado. Era uma verdadeira confusão, com repúblicas e monarquias; disputas sangrentas pelo poder. www.ccstart.com.br (21) 38560704 Diante daquele cenário, Maquiavel resolveu dedicar-se à produção de uma obra que servisse de guia para os governantes. Isso era bem comum. O que não era comum era a forma desse filósofo de ver a política. Em O Príncipe, o que se lê é o oposto do que se estava acostumado a ver nesses manuais do bom governo. Tradicionalmente, era considerado um bom governante aquele homem que seguisse à risca os preceitos do cristianismo. Maquiavel resolve dizer justo o contrário. O bom governante é aquele que se perpetua no poder. E para isso é preciso, por exemplo, ser temido. (faltou leitura de Maquiavel?) Daí vem a famosa frase: “os fins justificam os meios” – que provavelmente Maquiavel nunca disse. Ela expressa bem seu pensamento: “vale tudo”. Em O Príncipe, Maquiavel diz, por exemplo, que é melhor ser temido que amado – embora o ideal seja que o governante consiga as duas coisas. Esse governante que se mantém no poder sem se guiar por limites morais rígidos, sem princípios, é portador da virtú (virtude). Ele se antecipa aos acontecimentos. Não se deixa surpreender pelos seus adversários. Não é arrastado pela maré do azar ou do acaso (no vocabulário d’O Príncipe, fortuna). Mas cuidado: o ideal é o governante unir virtú e fortuna, tá okay? THOMAS HOBBES (1588-1679) Não tenhas medo que Hobbes sua vaga. Ela é sua! ... Hobbes viveu em outra região da Europa, a Inglaterra. Além disso, em outro momento, um pouco depois de Maquiavel. Por isso, pôde ver mais claramente a consolidação do absolutismo monárquico. Sua obra mais importante foi dedicada a esse tema. Thomas Hobbes defendia o absolutismo. Para ele, era necessário que houvesse um governante forte no poder (lembra um pouco Maquiavel). Caso contrário, a sociedade experimenta um verdadeiro caos. Para ele, a natureza humana é um perigo! Nós somos egoístas, mesquinhos. Olhamos nosso próprio umbigo. Assim, a tendência é sempre o conflito, a treta. O estado de natureza – ou seja, a sociedade humana antes do Estado – é um estado de todos contra todos. “O homem é o lobo do homem”. Em outras palavras, nossa própria natureza é destrutiva. Se a natureza é o que é, a sociedade deve abrir mão de sua liberdade (um direito natural) e entregá-la ao rei (soberano), a fim de garantir a segurança ao menos. Esse seria o pacto social entre os súditos e seu soberano. JOHN LOCKE (1632-1704) Outro contratualista importante foi John Locke, autor inglês que mais influenciou o movimento iluminista do século XVIII. Ele defendia também uma espécie de pactuação entre a sociedade e o governo, mas não defendia o absolutismo. Ao contrário. Locke acreditava que os homens não abriam mão de seus direitos naturais para o estabelecimento da sociedade civil. Quais seriam esses direitos naturais? O direito à liberdade, à propriedade e à vida. O Estado não poderia de forma alguma desrespeitar esses direitos. Caso o governante o fizesse seria um tirano. E em sendo assim, a sociedade tem o direito natural à resistência contra esse governo. Locke é um dos pais do liberalismo político justamente por isso. RESUMÃO � A política é um dos planos da vida social, sendo portanto histórica. � Na Época Moderna, com a formação dos Estados Nacionais, diversos pensadores formularam teorias em defesa do absolutismo monárquico (em um primeiro momento). � Outros, a seguir, criticaram essa forma de governo. � Maquiavel e Hobbes defenderam a centralização do poder, tendo em vista a necessidade de controlar os impulsos violentos da natureza humana. � Maquiavel, em O Príncipe, defendeu a necessidade de o bom governante ser guiado pela virtú (habilidade política), além de possuir fortuna (sorte). startvestibular.com.br (21) 38560704 � Hobbes entendia que o “estado de natureza” compreendia um período de caos e anarquia, “estado de todos contra todos”. � Locke defendeu um modelo de contrato social contrário ao absolutismo. � Os homens, segundo Locke, não abrem mão de seus direitos naturais para o estabelecimento da sociedade civil. startvestibular.com.br (21) 38560704
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