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Análise comparativa das teorias do Estado Pluralista e Neoinstitucionalista

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Exercício I - Estado e Políticas Públicas
Prof.º Dr.: Eduardo Marques
Nome: Rafael Gomes Nascimento
Questão: Escolha uma dentre as seguintes teorias do Estado – marxismo, teoria das elites e
pluralismo - e a compare com o neoinstitucionalismo, considerando o que elas nos dizem
sobre a natureza do Estado e sobre os principais atores e processos associados à produção
das políticas públicas.
Análise comparativa das teorias do Estado Pluralista e Neoinstitucionalista
A teoria neoinstitucionalista se apresenta em três principais “correntes”, com
enfoques diferentes, o neoinstitucionalismo da escolha racional, o neoinstitucionalismo
sociológico e, por fim, o neoinstitucionalismo histórico. Na nossa análise consideraremos a
perspectiva histórica, uma vez que essa é a que mais se propõe a entender as instituições do
Estado e, consequentemente, apresenta maior relevância nas nossas análises com ênfase na
produção das Políticas Públicas. Todavia, existe um pressuposto central e compartilhado
pelas perspectivas neoinstitucionalistas que pode ser entendido como “carro chefe” dessa
perspectiva teórica como um todo: as instituições importam.
A afirmação de que as instituições importam é central para essa perspectiva e deve ser
retomada para podermos entendê-la, pois resume a que ela se propõe, indica a razão de seu
surgimento e também expressa sua principal característica em relação às perspectivas teóricas
anteriores.
O neoinstitucionalismo surge em resposta, em especial, à perspectiva pluralista,
majoritária na época de seu surgimento e que tinha entre suas características fundamentais a
crença na inexistência de agência do estado e o caráter behaviorista, que considerava as
características sociais, psicológicas e culturais dos indivíduos como principais responsáveis
pela organização e funcionamento social (Hall & Taylor, p. 195).
As teorias pluralista e neoinstitucionalista têm como característica em comum a
ênfase nos estudos empíricos de políticas públicas e, deste modo, compartilham uma
perspectiva que é muito importante nos estudos dessas atualmente, que é a existência de uma
fragmentação de interesses sociais (Rocha, 2005, p.26). Todavia diferem principalmente no
que tange ao papel do Estado na disputa política e, consequentemente, na construção das
Políticas Públicas.
A perspectiva pluralista, como exposta por Dahl (1961), parte do pressuposto de que a
capacidade de influência na construção das políticas públicas é fruto da disputa política na
sociedade, onde existiria uma distribuição relativamente homogênea dos recursos de
mobilização política, de modo que a capacidade individual, ou de grupos, na aplicação desses
recursos levaria à conquista das posições centrais de influência e elaboração das políticas
estatais.
Deste modo, a construção das Políticas Públicas tem, na perspectiva pluralista, como
ponto central, a capacidade de mobilização política na sociedade, sendo o Estado mero
“palco” a ser ocupado pelas forças políticas vencedoras, mas sem capacidade de agência, ou
seja, influência nessa disputa e construção política.
Essa perspectiva defende que, em sociedades democráticas consolidadas, onde as
liberdades civis são garantidas, como no caso da sociedade norte-americana, existe uma
grande contingência na disputa política, ou seja, existe espaço para disputas entre atores
distintos, com perspectivas distintas, existindo possibilidade de todos alcançarem a vitória
eleitoral e consequentemente conseguirem implementar seus projetos políticos.
Os pluralistas compartilham de uma concepção behaviorista, que considera que o
grande potencial de agência está no indivíduo e, em consequência, a centralidade da análise
sobre a disputa política deve se concentrar na sociedade, uma vez que é nela que existe a
fragmentação de diferentes interesses. Para eles, a disputa pela influência e construção das
políticas públicas se dá a partir do emprego dos recursos de mobilização política de cada
indivíduo e dos grupos do qual ele faz parte e, ainda que exista uma distribuição desigual
desses recursos, defendem que essa distribuição nunca é desigual em grau suficiente para
permitir o monopólio de parte desses recursos por um indivíduo ou grupo de modo a impedir
a competição (Dahl, 1961). Assim como, também defendem a existência de uma variedade de
recursos possíveis de serem empregados, o que faz da disputa muito mais possível de análise
a partir do mérito, da capacidade individual do cidadão de utilizar aqueles que dispõem de
maneira mais eficiente (sempre visando influenciar e mobilizar outros cidadãos com outros
recursos) em detrimento de uma análise estrutural que considere a própria distribuição social
desses entre grupos sociais e a capacidade de ação ligadas a posição social.
A agência individual possui tamanha relevância e centralidade na perspectiva
pluralista que é possível encontrar em autores como Dahl afirmações de que o indivíduo que
empregasse seus recursos de maneira mais eficiente seria capaz de conquistar mais influência
e assim mais recursos, de forma semelhante a capacidade de um empreendedor de
transformar seu pequeno negócio em um grande negócio de sucesso (p. 268).
Já para os neoinstitucionalistas o Estado não é apenas um “palco” onde os vitoriosos
das disputas políticas, dadas na sociedade, exercem seu poder e implementam suas políticas,
mas também é agente com interesses e influência relevantes na definição dessas disputas.
Defendem assim uma análise que considere sua influência e que desloca o centro da agência
do individual para o Estado, que seria o principal agente e o mais influente na definição das
disputas entre grupos de interesses distintos e na produção de políticas públicas - com o
Estado tendo mais centralidade nesse papel em um primeiro momento e tendo uma
importância mais equilibrada com outros agentes nas perspectivas neoinstitucionalistas mais
recentes.
Deste modo, o neoinstitucionalismo traz um grande avanço para a análise de Políticas
Públicas e da disputa política uma vez que evidencia que a perspectiva pluralista, ao dar
muito enfoque na capacidade de agência individual, acaba desconsiderando a influência de
aspectos estruturais fundamentais na análise.
Quando analisamos a lista de recursos possíveis de serem utilizados para a influência
e mobilização política, por exemplo, vemos que ela não apenas é extremamente ampla,
considerando fatores como o tempo do indivíduo, acesso ao crédito, riqueza, controle sobre
empregos, etc. (Dahl, 1961, p.259), como desconsidera as capacidades de influência dadas
por cada um desses recursos e relega a importância da organização institucional para a
distribuição social desses. Já a perspectiva neoinstitucional apresenta nesse caso que a própria
produção de políticas é determinante e influência na produção, e até mesmo na capacidade de
produção de políticas subsequentes, uma vez que o arranjo institucional tem, ao contrário do
que acreditavam os pluralistas, uma capacidade de alterar a correlação de forças na disputa
política e as capacidades de implementação de seus projetos políticos pelos diferentes grupos
em disputa.
Deste modo, as duas perspectivas de pensamento apresentam grandes contribuições às
análises contemporâneas das políticas públicas, sendo a pluralista a principal responsável pela
introdução da perspectiva da existência da contingência e da agência dentro da disputa
política, em detrimento das análises deterministas que desconsideravam a importância das
lutas sociais e da agência individual para a mudança da organização social. Já a teoria
neoinstitucionalista foi responsável por introduzir o Estado enquanto agente relevante nessa
disputa, não podendo mais ser considerado como “vazio”, “agente neutro” ou qualquer
semelhante, uma vez que busca por suas ações reproduzir o seu controle sobre a sociedade
(Rocha, 2005, p. 14) e, sendo composto por pessoas que também têm seus interesses,
próprios e ligados aos seus grupos sociais,possui perspectiva insulada da sociedade, em
maior ou menor grau de acordo com a sociedade em análise, e possuindo, inclusive, um
legado, que é fruto de sua construção, desenvolvimento histórico e de resultados de
implementações políticas anteriores que alteram as correlações de forças e assim delimitam o
campo de disputa e políticas nele possíveis.
Referências Bibliográficas
Dahl, R. Who governs? Democracy and power in an American City. New Haven: Yale
Press. 1961.
Hall, P. e Taylor, R. As três versões do neo-institucionalismo. 2003. In: Lua Nova, No.58.
Rocha, Carlos Vasconcelos. Neoinstitucionalismo como modelo de análise para as
Políticas Públicas. 2005. In: Civitas - Revista de Ciências Sociais, v.5. n. 1

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