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1 Manuela Silvestre Monteiro Suporte avançado de vida INTRODUÇÃO O suporte avançado de vida envolve: 1. Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade: compressões torácicas de alta eficácia intercaladas com ventilações na taxa de 30:2 2. Desfibrilação com ou sem uso de antiarrítmicos; 3. Dispositivos de via aérea avançada e oxigênio; 4. Acesso venoso e drogas; 5. Dispositivos de compressão mecânica; 6. Dispositivos de oxigenação por membrana extracorpórea. FASES DA PCR • Fase elétrica: período inicial da PCR, nos primeiros 4 a 5 minutos, geralmente em fibrilação ventricular (FV). Desfibrilação imediata e RCP de alta qualidade se fazem necessárias para otimizar a sobrevivência desses pacientes. • Fase hemodinâmica: período de 4 a 10 minutos após PCR. Essa fase representa a depleção dos substratos para um adequado metabolismo. Assim, a desfibrilação e a RCP de alta qualidade ainda são medidas críticas nesses pacientes. • Fase metabólica: período que sucede 10 minutos de PCR, e é representada por acidose e disfunção celular graves. O tratamento de pacientes nessa fase é primariamente baseado em cuidados pós- parada cardíaca. Se nessa fase não ocorrer o retorno da circulação espontânea, as chances de sobrevivência caem drasticamente e o paciente geralmente não sobrevive. LEMBRAR QUE: • Ritmos chocáveis: • Ritmos não chocáveis: SUPORTE AVANÇADO DE VIDA A) Vias aéreas (se via aérea avançada, deve-se monitorizar RCP com capnografia- monitoramento em tempo real da concentração ou pressão parcial de CO2 nos gases respiratórios expirados pelo pct- B) Respiração C) Circulação D) Diagnósticos diferenciais VIAS AÉREAS • O estabelecimento de uma via aérea avançada não deve ser uma prioridade na fase inicial do atendimento de uma PCR • Aspirar a orofaringe em caso de obstrução por líquidos • Existe apenas uma indicação absoluta de intubação na PCR: ventilação bolsa-válvula-máscara é inadequada e deve realizar sem interromper as compressões O exame físico para checar o posicionamento do tubo orotraqueal deve mostrar expansão torácica bilateral, ausculta do epigástrico não demonstrar sons respiratórios e os campos pulmonares devem estar audíveis bilateralmente • Após estabelecimento de uma via aérea avançada, as compressões torácicas devem ser realizadas initerruptamente, e as ventilações entregues por 1 segundo, com um terço do volume do Ambu, ligado a fonte de oxigênio a 15 L/min, a cada 6 segundos. Capnografia normal: Uma capnografia deve ser realizada para reconhecimento precoce do deslocamento do tubo para fora da via aérea. Além disso, pode ser realizada uma USG de beira de leito. RESPIRAÇÃO • 1 ventilação a cada 6 segundos • Pode ser utilizado B-V-M ou via aérea avançada 2 Manuela Silvestre Monteiro • Deve ser oferecido oxigênio na máxima fração inspiratória possível durante as manobras de ressuscitação • Manter capnografia entre 35-45mmHg Adjuvantes às técnicas não-invasivas: cânulas orofaríngeas ou nasofaríngeas Cuidado com a hiperventilação: • Aumento da pressão intratorácica • Aumento do risco de distensão gástrica • Broncoaspiração • Diminuição do retorno venoso • Diminuição do débito cardíaco CIRCULAÇÃO • PCR em FV/TV (ritmos chocáveis) sem pulso: as compressões torácicas são continuadas até que o desfibrilador esteja carregado. Ao chegar com o desfibrilador, as compressões são interrompidas brevemente e o choque é aplicado. As compressões são retomadas e o pulso é checado a cada 2 min • Desfibriladores bifásicos são preferidos por possuírem maior taxa de reversão de arritmias (dose varia de 120-200J). O monofásico é 360J • A desfibrilação deve ser realizada com choque único seguida das compressões torácicas sem qualquer perda de tempo • Se novos choques forem necessários, não é recomendado o aumento escalonado da dose OBS: comandar em voz alta para todos se afastarem no choque e manter o comando direto e sem enrolar durante todo o atendimento ACESSO VENOSO + MEDICAÇÕES A aquisição de um acesso venoso é necessária à medida que as correções de possíveis causas reversíveis dependem de medicações ou volume. Após a infusão da medicação pelo AVP, realizar flush com 20 mL de soro fisiológico 0,9% e sempre elevar o membro. • Epinefrina (classe: catecolamina) 1 mg IV ou após 2° choque (se AESP/assistolia, iniciar o mais precocemente possível) pode repetir a mesma dose a cada 3-5min até a reversão da PCR ou fim dos esforços (não se usa mais vasopressina). Nos receptores alfa atua causando vasoconstrição na musculatura lisa vascular periférica, aumentando a perfusão coronariana quanto a cerebral. • Antiarrítmicos: 1) Amiodarona (classe III): é o escolhido na FV/TV sem pulso que persiste ou recorre após desfibrilação. Age nos canais de potássio, sódio e cálcio, mas também possui propriedades de bloqueio alfa e beta. Promove vasodilatação arterial periférica e coronariana. Indicação: FT/TVsp que não responde à RCP, desfibrilação e epinefrina. 1ª dose: 300mg, IV ou IO, em bolus (2 ampolas, diluir p 20ml com SG5%)- recomendada após 3º choque 2ª dose: 150mg, IV ou IO (1 ampola, diluir p 20ml com SG5%)- recomendada após 5º choque (após nova dose de epinefrina no 4º choque) ***só usa em bolus na PCR 2) Lidocaína (classe I): é inferior à amidarona. Bloqueia os canais de sódio, aumentando o limiar de despolarização. Dose inicial: 1-1,5mg/kg Dose adicional pode ser utilizada mas nunca ultrapassar o total de 3mg/kg Lidocaína a 2% (sem vasoconstritor): 1ml=20mg Lidocaína a 1% (sem vasoconstritor): 1ml=10mg pode ser usada após a reversão da FT/TVsp • Betabloqueador: Usado após a reversão da FT/TVsp OBS: PCR em AESP e assistolia, que são não-chocáveis, deve ser continuada com ciclos de compressões e ventilações (30:2), um acesso calibroso venoso periférico ou intraósseo deve ser providenciado, seguido da administração de epinefrina (1mg a cada 3-5min). Uma via aérea avançada pode ser considerada e capnografia quantitativa continua em forma de onda acoplada para confirmar a inserção correta da via aérea e para monitorizar a RCP • Deve checar cabos, conexões, eletrodos para evitar problemas técnicos que levem a uma linha isoelétrica no monitor • Ritmo deve ser checado a cada 2min • Se uma via aérea for acoplada, as compressões devem ser contínuas (ciclos de 2min ininterruptos) MONITORIZAÇÃO Dióxido de carbono ao final da expiração: O dióxido de carbono ao final da expiração é um parâmetro que indica de maneira confiável o débito cardíaco durante a PCR, o que o torna a melhor maneira de monitorizar as compressões torácicas de alta qualidade. • Valores de capnografia acima de 10 mmHg são almejados, pois traduzem uma adequada compressão torácica; portanto, valores abaixo desse limiar devem deixar o emergencista atento sobre a necessidade de melhorar a frequência e a profundidade das compressões, além de permitir o completo retorno torácico. • O retorno da circulação espontânea é esperado após elevação brusca para valores acima de 35-40 mmHg de ETCO2. 3 Manuela Silvestre Monteiro • O padrão-ouro para verificar o correto posicionamento do tubo após tentativa de intubação orotraqueal é a capnografia DIAGNÓSTICOS 5 H’s 5 T’s Hipóxia Tamponamento cardíaco Hipovolemia Pneumotórax hipertensivo Hipotermia Trombose Coronariana (IAM ) H+ (acidose) Tromboembolia pulmonar Hiper ou hipocalemia, hipocalcemia, hipomagnesemia Tóxicos: intoxicações agudas: opioides, anti- depressivos, tricíclicos, betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio TRATAMENTOS DAS PRINCIPAIS CAUSAS • Hipovolemia: Fluidos IV para reposição hídrica ou hemocompetentes por infusão rápida • Hipóxia: administrarO2, considerar ventilação mecânica • Hipercalemia: cálcio seguido de insulina, glicose e bicarbonato de sódio • Hipotermia: Fluidos IV aquecidos e O2: aquecimento por circulação extracorpórea • Pneumotórax hipertensivo: Punção por agulha, drenagem torácica (toracocentese) • Tamponamento cardíaco: pericardiocentese • Toxinas: Antídotos específicos • Tromboembolia Pulmonar ou coronariana (IAM): trombólise O término dos esforços deve ser considerado por meio de análise de diversos fatores, como o tempo de PCR até o primeiro atendimento, tempo de RCP total, variáveis de prognostico prévias do paciente, idade da vítima, etiologia conhecida ou presumida, dentre outras. • Incapacidade de obter valores deCO2>10mmHG pela capnografia em forma de onda após 20 minutos de RCP, junto com outras variáveis, pode ser indicativo para finalizar esforços • Considerar idade e comorbidades • Valores e desejo prévios da família • Ritmo e provável causa da parada • Bom senso • Dispositivos automáticos de compressões torácicas podem ser uteis para a manutenção da qualidade das compressões • RCP com circulação extracorpórea pode ser uma ponte para o tratamento da causa da PCR • Pacientes que evoluem com retorno da circulação espontânea devem ser transferidos para UTI para otimizar ventilação e oxigenação, tratar hipotensão, realizar ECG • Caso o paciente não responda, considerar hipotermia induzida OBS: existem situações especiais, como gestantes, que não estão documentadas nesse resumo
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