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Manuela Silvestre Monteiro 4 AIES: anti-inflamatórios esteroidais Aies Os AIEs têm ação anti-inflamatória, imunossupressora e antialérgica, dotando de atividade semelhante ao cortisol, que é produzido no córtex das adrenais (glândulas suprarrenais) através da estimulação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), o qual é produzido na hipófise e interfere no metabolismo das macromoléculas, além de dotar de atividade inflamatória e imunossupressora. Os anti-inflamatórios esteroidais também são chamados de corticóides, glicocorticóides e anti-inflamatórios hormonais. glândula suprarrenal A glândula suprarrenal ou adrenal está localizada na borda superior do rim. Essa glândula sintetiza glicocorticóides, que são hormônios responsáveis por mais de 60% do metabolismo do corpo inteiro, a partir do colesterol. O colesterol é de suma importância para a síntese de hormônios esteroidais. · Medula da adrenal: produz adrenalina e noradrenalina · Córtex da adrenal: produz glicocorticóides (o mais importante é o cortisol), mineralocorticóides (aldosterona é o mais importante), que controla o equilíbrio hidroeletrolítico, e esteróides sexuais. Os mineralocorticóides são sintetizados na zona glomerulosa e os glicocorticóides são produzidos na zona fasciculada e na zona reticular. Alguns glicocorticóides podem ter ação anti-diurética, retendo sódio e água cortisol · Principal glicocorticóide endógeno · Necessário para a manutenção da vida · Síntese e secreção estritamente reguladas · Regula o metabolismo intermediário · Resposta ao estresse · Regula alguns aspectos da função do SNC e da imunidade eixo hipotálamo-hipófise-adrenal A produção e a secreção do cortisol está sob o controle hipofisário chamado de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que é produzido pela adenohipófise e age sobre as células da adrenal, promovendo a produção de glicocorticóides. Entretanto, o ACTH está sob o controle hipotalâmico. O hipotálamo produz o hormônio liberador de corticotropina (CRH), que atua sobre células da adenohipófise, estimulando a síntese de ACTH. Isso ocorre normalmente e também em situações de estresse, quando há uma descarga aumentada de glicocorticóides. Os glicocorticóides em excesso atuam por feedback negativo, inibindo a síntese de CRH e ACTH . Pico de ACTH=Pico de cortisol Os menores níveis de cortisol e ACTH: de madrugada Os maiores níveis de cortisol e ACTH: primeiras horas da manhã Ou seja, para que o eixo Hipotálamo-hipófise-adrenal não seja inibido, o melhor horário para tomar corticóides exógenos é de manhã, pois já está no pico e não vai interferir o eixo ações dos glicocorticóides · Promovem o metabolismo intermediário normal: favorecem a gliconeogênese e estimulam o catabolismo protéico e a lipólise · Aumentam a resistência ao estresse (aumentam o nível de glicose plasmática, como antagonista fisiológico da insulina, e aumentam modestamente a pressão arterial) · Alteram os níveis das células sanguíneas do plasma: diminuição de eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos- reduz o processo inflamatório e dano aos tecidos-. Aumentam a hemoglobina , hemácias e plaquetas. · Redução da função dos fibroblastos: menor cicatrização · Ação anti-inflamatória: · Atuam em outros sistemas: aumenta a produção de pepsina e HCl; grave perda óssea · Reduzem a absorção de cálcio no TGI e aumentam a excreção renal de cálcio comparação de corticóides endógenos e exógenos mecanismo de ação Não vai inibir a COX; vai inibir antes. Na cascata do ácido araquidônico, ele precisa ser liberado da MP para servir como base para a produção de PGs. Nesse caso, inibe-se a fosfolipase A2. Atuação a nível de DNA: a molécula entra na célula, se liga ao receptor, que vai dimerizar e só assim entrar no núcleo, onde atuará na síntese ou não síntese de proteínas. Tanto pode aumentar a síntese de moléculas específicas como pode diminuir a síntese, como ocorre no caso da fosfolipase A2. Sem a fosfolipase A2, não haverá formação de COX, então o processo inflamatório será comprometido, tanto para COX-1 como para COX-2. O glicocorticóide, uma vez ligado ao receptor citoplasmático, forma um complexo e poderá agir de três formas: Efeito direto no genoma: o complexo vai para o núcleo e se liga ao DNA, promovendo a transcrição de certos segmentos inibe ou induz genes. Efeito indireto no genoma: interação do complexo com outros fatores de transcrição, sem interação direta com o DNA. Efeito não ligado ao genoma: ocorre logo após a administração e é mediada pelos receptores de membrana. Ex.: apoptose, função autoimune e inibição de ACTH. Ação ideal e esperada de um corticóide: Potente atividade anti-inflamatória, antialérgica e imunossupressora (esta última não é boa, só seria para transplante ou para doença autoimune). Menor atividade retentora de sólidos e fluidos. Menor comprometimento dos sistemas fisiológicos envolvidos. farmacocinética · Vias de administração: oral, IM, EV, intra-articular (artrite), via inalatória e tópica · São bem absorvidos (difusão passiva). Quanto maior uso, maior absorção e mais efeitos sistêmicos · 80 a 90% ligam-se a α-globulina ácida · Lipofílicos de ampla distribuição. Seus principais receptores são intracelulares e eles penetram a célula com facilidade. · Biotransformação hepática · Excreção renal farmacodinâmica mecanismo de ação celular O mecanismo básico de ação é por ligação a receptores citoplasmáticos. O glicocorticóide se liga ao seu receptor citoplasmático e forma um complexo. Esse complexo penetra no núcleo e age estimulando a expressão de determinado gene e transcrição. Assim, ocorrerá a formação do RNAm e, posteriormente, a síntese da proteína que causará o efeito biológico. O glicocorticoide pode também inibir a expressão de um gene que está sendo transcrito, inibindo assim a síntese de RNAm e a síntese da proteína efetora. interações medicamentosas · Insulina: antagonismo fisiológico. Não age direto na insulina, mas faz a função inversa · Antiácidos: diminuem a absorção de glicocorticoides quando se encontram no TGI · Estrógenos (reposição hormonal ou AC oral): aumentam a produção hepática de globulina, aumentam a meia-vida dos glicocorticóides. Fração livre do fármaco diminui e a fração ligada aumenta · Cetoconazol: inibição reversível da síntese de glicocorticoides. O cetaconazol é um antifúngico que age no citocromo P450. Certas enzimas do citocromo são importantes na conversão de esterol nos precursores dos glicocorticoides complicações da corticoterapia · SNC: alterações de comportamento e convulsões, principalmente em pacientes pré-dispostos que fazem uso crônico e dose-dependente. Os corticoides atravessam a BHE · Sistema Imune: imunossupressão (diminuição da ação fagocítica, diminuição da migração dos leucócitos) · Aparelho digestivo: úlcera péptica · Olhos: glaucoma. É importante sempre fazer exames em pacientes de uso crônico · Sistema endócrino e metabólico: retardo do crescimento, distribuição anormal da gordura, hiperglicemia. Nem todos os adipócitos são sensíveis à ação dos glicocorticoides. A lipólise ocorre mais nos membros e ocorre deposição centrípeta de gordura, principalmente na face, no pescoço e no abdome. · Aparelho cardiovascular: hipertensão e fragilidade capilar · Sistema músculo-esquelético: perda de massa muscular e osteoporose · Sangue: tromboembolismo · Pele: fina e inelástica, retardo na cicatrização · Água e eletrólitos: hipocalemia O uso continuo e crônico deprime o eixo e, quando o uso é suspenso, pode demorar meses para ele voltar a funcionar, caso ele tenha sido suprimido por muito tempo. Assim, em situações de estresse, o organismo não liberará os hormônios como deveria. A retirada do fármaco deve ser lenta e gradual, para bloquear esse eixo. indicações · Processos inflamatórios em que não se pode fazer uso dos aines · Manifestações alérgicas · Transplante de órgãos · Afecções hematológicas · Afecções dermatológicas · Afecções renais · Afecções respiratórias · Afecções de SNC · Inflamaçõesoculares · Colite ulcerativa crônica contra-indicações crônicas · Úlcera péptica; · miastenia gravis; · doença cardíaca; · infecções oculares, hepáticas e fúngicas; · glaucoma; · úlceras de córnea. fármacos ação curta · hidrocortisona (nutracort) · cortisona (pouco utilizado) ação intermediária · prednisona (Meticorten) · prednisolona (pred fort) · metilprednisolona (depomedrol) · Triancinolona (oncilon) ação prolongada · Dexametasona (decadron) · Betametasona (Celestone)
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