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Distúrbios Hormonais das Suprarrenais

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APG 1 
Problema: Distúrbios Hormonais 
Morfofisiologia das 
Suprarrenais 
ANATOMIA: As suprarrenais ou adrenais 
se localizam no retroperitônio, sobre a face 
medial dos polos superiores dos rins. A 
suprarrenal direita tem formato triangular, e 
se encontra próximo à veia cava inferior. Já 
a suprarrenal esquerda é maior, localizando-
se entre o rim esquerdo e a aorta, próximo à 
cauda do pâncreas e à artéria esplênica. 
Cada glândula possui uma cápsula e duas 
camadas: um córtex periférico, e uma 
medula mais central. O suprimento arterial 
deriva das artérias frênicas inferiores, aorta 
e artérias renais. Sua microvasculatura é 
crucial, por permitir a comunicação entre o 
córtex e a medula. Capilares corticais – 
ricos em cortisol – drenam para a medula 
onde estimulam a conversão da 
noradrenalina em adrenalina. A drenagem 
venosa da adrenal direita é feita para a veia 
cava inferior, enquanto a da adrenal 
esquerda se dirige à veia renal esquerda. O 
córtex não possui inervação, mas a medula 
é suprida por nervos simpáticos pré-
ganglionares, oriundos dos gânglios 
esplâncnico maior e celíaco, além de outros 
plexos simpáticos intra-abdominais. 
HISTOLOGICAMENTE, o córtex possui 
três camadas. A primeira, mais externa, é a 
zona glomerulosa, encarregada da 
produção de aldosterona. A zona 
fasciculada e a zona reticular se 
localizam, respectivamente, no meio e na 
região mais interna, tendo a função de 
produzir cortisol e androgênios. 
FISIOLOGIA 
1. Esteroidogênese Suprarrenal 
Os hormônios produzidos pela suprarrenal 
são chamados de esteroides porque todos 
derivam de um precursor comum: o 
colesterol, proveniente tanto da dieta quanto 
da síntese endógena. Os esteroides adrenais 
são constituídos por diversos anéis 
aromáticos e contêm 19 ou 21 átomos de 
carbono. Os C19- são representados pelos 
androgênios. Já os C21-esteroides podem 
atuar como glicocorticoides ou 
mineralocorticoides. (Ao receberem um 
radical hidroxila no carbono 17, os C21-
esteroides ganham o nome de 17-
hidroxicorticosteroides, sendo classificados 
como glicocorticoides. Na ausência da 17-
hidroxilação, os C21-esteroides são 
classificados como mineralocorticoides.) 
Os estrógenos (hormônios sexuais 
femininos) possuem 18 carbonos e NÃO 
são produzidos pelas adrenais, tendo origem 
nos ovários ou na conversão periférica de 
androgênios em estrogênios, por ação da 
enzima aromatase. Esta enzima se localiza 
principalmente no tecido adiposo. 
2. Transporte no Plasma 
Cerca de 95% do cortisol circulante está 
ligado a proteínas, especialmente à 
transcortina (globulina ligadora de cortisol 
ou CBG), mas também à albumina. A 
fração biologicamente ativa é representada 
pelo “cortisol livre” (5% do total), que é 
aquele cuja concentração é diretamente 
Lupébhia Tarlé 
regulada pelo eixo hipotálamo-hipofisário. 
O principal determinante do cortisol 
plasmático total é o nível de CBG. A CBG 
plasmática varia em diversas situações, tais 
como o hiperestrogenismo (aumento). 
Assim, um cortisol TOTAL aumentado não 
necessariamente significa hipercortisolismo 
(aumento da fração livre biologicamente 
ativa). 
3. Metabolismo e Depuração 
Menos de 1% do cortisol livre é filtrado na 
urina – a maior parte é captada pelos 
tecidos. O fígado é o principal sítio de 
metabolização do cortisol. Seus 
metabólitos são conjugados ao ácido 
glicurônico, a fim de se tornarem solúveis 
no sangue e serem eliminados pelo rim. 
Uma pequena fração do cortisol é 
metabolizada no próprio rim, pelas células 
tubulares. Neste caso, o cortisol é 
convertido em cortisona (metabólito 
inativo) por ação da enzima 11-β-
hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 
(11b-HD2). A inativação pela célula tubular 
impede que, fisiologicamente, o cortisol 
exerça efeito mineralocorticoide renal 
(retenção de sódio e água/ secreção de K+ e 
H+). 
Condições como as hepatopatias crônicas e 
o hipotireoidismo diminuem a 
metabolização do cortisol. Nesse contexto, 
a administração de doses farmacológicas de 
glicocorticoide possui uma chance 
aumentada de causar efeitos colaterais (isto 
é, maior probabilidade de síndrome de 
Cushing secundária). Por outro lado, o 
hipertireoidismo acelera o metabolismo do 
cortisol. Drogas indutoras do citocromo 
P450 (barbitúricos, fenitoína e rifampicina) 
também aumentam a taxa de metabolização. 
Estes fármacos não influem no cortisol 
endógeno (que se autorregula por 
feedback), mas podem reduzir o efeito dos 
glicocorticoides exógenos. 
4. Eixo Hipotálamo-Hipófise-
Suprarrenal 
O cortisol é regulado pelo ACTH, um 
hormônio produzido na adenohipófise. O 
hipotálamo produz CRH (hormônio 
liberador de corticotrofina), que estimula a 
secreção de ACTH após ser transportado 
pelo sistema porta-hipofisário. O ACTH 
estimula principalmente as zonas 
fasciculada e reticular, promovendo 
secreção de cortisol e androgênio. De forma 
limitada, ele também estimula a secreção de 
aldosterona pela camada glomerulosa (mas 
o controle desta última é feito 
primariamente pelo sistema renina-
angiotensina). O ACTH se liga a um 
receptor de membrana, ativando a primeira 
enzima da esteroidogênese. Tal enzima 
cliva a cadeia lateral do colesterol, 
convertendo-o em pregnenolona (no interior 
da mitocôndria), e representa a etapa 
limitante de todo o processo da 
esteroidogênese. O colesterol provém 
principalmente do LDL plasmático, mas 
também pode ser gerado de novo dentro da 
própria adrenal. É possível ainda que 
partículas de HDL sejam utilizadas na 
síntese de hormônio. O ACTH possui 
efeito trófico sobre a glândula: na sua 
ausência ocorre atrofia do córtex, e no 
seu excesso, hiperplasia. Na ausência de 
ACTH (insuficiência adrenal “secundária” 
– ex.: uso de glicocorticoide exógeno), a 
aldosterona continua a ser secretada 
(controle pelo SRAA). Já nos casos de 
insuficiência adrenal “primária” (doença na 
própria glândula), todos os hormônios 
suprarrenais se tornam deficitários. O eixo 
hipotálamo-hipófise-suprarrenal contém 
uma alça de feedback negativo. O cortisol 
inibe a síntese de ACTH pela adeno-
hipófise e de CRH pelos neurônios 
hipotalâmicos. 
5. Fisiologia dos Glicocorticoides 
Qual é o papel fisiológico do cortisol??? 
Regular o metabolismo intermediário, o 
sistema imunológico e a função 
cardiovascular. 
No metabolismo, o cortisol tem efeito 
catabólico e hiperglicemiante 
(“contrainsulínico”). Ele nos protege 
durante da hipoglicemia de jejum, 
estimulando a degradação de proteínas e 
lipídios para a geração de substratos da 
gliconeogênese (síntese hepática de 
glicose). Também estimula a 
glicogeniogênese (armazenamento hepático 
de glicose). Em relação ao sistema 
imunológico, representa um 
importantíssimo modulador: reduz a 
ativação exagerada desse sistema. Sem a 
secreção de cortisol em resposta a insultos 
inflamatórios/ infecciosos, a capacidade 
“destrutiva” do sistema imunológico 
afetaria em larga escala não apenas o agente 
invasor, mas também os próprios tecidos do 
hospedeiro. Ainda utilizando o exemplo da 
“resposta ao estresse”, podemos entender o 
papel do cortisol na função circulatória: o 
cortisol estimula a expressão de receptores 
para catecolaminas no coração e nos vasos 
sanguíneos! É o chamado efeito permissivo. 
Sem ele, o sistema cardiovascular não 
responderia adequadamente à ativação 
adrenérgica aguda! Por exemplo: diante de 
um agravo inflamatório/infeccioso 
sistêmico (que tende a reduzir a pressão 
arterial ao promover vasodilatação 
generalizada), mesmo na vigência de altos 
níveis de catecolaminas, não haveria 
sustentação da pressão arterial, pois sem o 
efeito permissivo do cortisol, o coração e os 
vasos não estariam “aptos” a responder às 
catecolaminas. É por este motivo que 
muitos pacientes em choque séptico (onde é 
comum o surgimento de insuficiência 
adrenal “relativa”)necessitam de 
glicocorticoide exógeno em associação à 
reposição volêmica e aminas vasoativas. 
Como o cortisol atua nas suas células-
alvo? 
Todos os hormônios esteroides 
compartilham um mecanismo de ação 
semelhante. Por serem extremamente 
lipossolúveis, eles transitam sem 
impedimento através das membranas 
celulares! Ao entrarem na célula, encontram 
receptores intracitoplasmáticos de alta 
afinidade. No caso do cortisol, existe um 
receptor específico de Glicocorticoide 
(GR). O complexo “cortisol- -GR” penetra 
então no núcleo, onde se liga a regiões de 
controle da transcrição gênica. O resultado 
é a ativação (ou inibição) da síntese de uma 
série de proteínas! 
Cortisol no Ciclo Sono-Vigília 
Fisiologicamente, as secreções de CRH e 
ACTH são pulsáteis, oscilando, ao longo de 
24h, num padrão denominado ritmo 
circadiano. A finalidade desse “ritmo” é 
adequar a secreção hormonal às 
necessidades do organismo e, por 
conseguinte, deve respeitar o ciclo sono-
vigília. Tal dado é imprescindível para a 
correta interpretação das dosagens 
hormonais no sangue. Veja bem: os níveis 
de cortisol tendem a ser máximos entre a 6ª 
e a 8ª hora de sono (por volta de 5-6h da 
manhã) e mínimos ao final da noite (antes 
de dormir e no início do sono) – ou seja, ele 
é máximo pouco antes do indivíduo 
despertar, e mínimo quando ele começa a 
dormir. Mas o conhecimento que você não 
pode deixar de ter é: o cortisol plasmático 
da meia-noite deve ser muito baixo ou 
indetectável. 
 
SÍNDROME DE CUSHING 
Síndrome de Cushing é o conjunto de sinais 
e sintomas decorrente da exposição crônica 
do organismo a um excesso de 
glicocorticoide. Seu diagnóstico costuma 
ser elusivo, pois além de muitas vezes 
sequer ser considerado (haja vista o caráter 
inespecífico de suas manifestações 
clínicas), a “aparente complexidade” do 
algoritmo investigativo desestimula os 
médicos não endocrinologistas no esforço 
de tentar entender. A causa mais comum é 
iatrogênica (exógena), sendo as etiologias 
endógenas bastante infrequentes na prática 
(cerca de dois a três casos novos para cada 
um milhão de habitantes-ano). As causas de 
Cushing endógeno são divididas em dois 
grandes grupos, em função dos níveis de 
ACTH. As formas ACTH-dependentes se 
relacionam a doenças do eixo hipotálamo-
hipofisário, ou tumores diversos secretantes 
de ACTH/CRH. Já as formas ACTH- 
independentes ocorrem em consequência a 
doenças primárias da suprarrenal. 
Clínica: 
Dados relativamente específicos que nos 
fazem pensar em síndrome de Cushing 
1- Desenvolvimento SIMULTÂNEO dos 
múltiplos sinais e sintomas, com piora 
progressiva de todos eles ao mesmo tempo. 
2- Presença de: fraqueza muscular proximal 
(cintura escapular e pélvica), atrofia 
cutânea, estrias violáceas largas (> 1 cm de 
largura) e aumento do panículo adiposo na 
região supraclavicular. 
 
A obesidade centrípeta progressiva (face, 
pescoço, tronco e abdome) é um dos mais 
importantes marcos da síndrome. 
Comumente as extremidades estão 
consumidas (“braços e pernas finos”), 
devido ao hipercatabolismo muscular. 
Também ocorre acúmulo interno de 
gordura: no mediastino, canal espinhal e até 
mesmo no espaço epidural (raramente 
provocando sintomas neurológicos por 
compressão). A adiposidade retro-orbitária 
promove exoftalmia em até 5% dos casos. 
Em CRIANÇAS, obesidade generalizada e 
retardo no crescimento são uma constante. 
Manifestações clínicas: 
Manifestações Gerais 
Obesidade centrípeta progressiva. 
Face de lua cheia (facies cushingoide). 
Gibosidade dorsal e supraclavicular. 
Retardo no crescimento linear (crianças). 
Cutâneas 
Fragilidade capilar acentuada. 
Pletora facial. 
Estrias cutâneas “largas” (> 1 cm). 
Hiperpigmentação (somente no excesso de 
ACTH). 
Musculoesqueléticas 
Fraqueza muscular proximal. 
Osteopenia/osteoporose (fratura vertebral e 
de ossos longos). 
Osteonecrose. 
Metabólicas e Cardiovasculares 
Diabetes mellitus. 
Alcalose metabólica hipocalêmica. 
Hipertensão arterial. 
Trombofilia (maior risco de TVP e TEP). 
Neuropsiquiátricas 
Insônia. 
Depressão (com frequência “atípica”, 
“agitada”). 
Labilidade emocional. 
Euforia. 
Psicose. 
Deficit cognitivo. 
Alterações Sexuais 
Oligo/amenorreia e anovulação. 
Virilização/puberdade precoce 
(hiperandrogenismo associado – 
carcinoma suprarrenal). 
Impotência. 
Diminuição da libido em homens. 
Face de lua cheia, pletora, adiposidade 
supraclavicular. 
“Corcova de búfalo”, calvície temporal. 
 
 
Estrias violáceas 
largas, obesidade 
centrípeta. 
 
 
 
Farmacologia do Corticoide 
 
Mineralocorticóides: aldosterona 
•Regulação do balanço hidroeletrolítico 
Glicocorticóides: cortisol 
•Metabolismo da glicose, das proteínas e das 
gorduras 
•Potente efeito antinflamatório e 
imunossupressor 
Esteróides sexuais: estrógenos e andrógenos 
• Caracteres sexuais secundário. 
 
Estudo de caso: 
Um homem de 19 anos queixa-se de anorexia, 
fadiga, tontura e perda de peso de oito meses de 
duração. A médica que o examina constata 
hipotensão postural e vitiligo (áreas 
despigmentadas da pele) moderado e solicita 
exames de sangue de rotina. Ela verifica a 
presença de hiponatremia, hiperpotassemia e 
acidose, fazendo-a suspeitar de doença de 
Addison. A médica realiza um teste de 
estimulação-padrão com ACTH 1-24, que 
revela uma resposta insuficiente do cortisol 
plasmático, compatível com insuficiência 
suprarrenal primária. O diagnóstico de doença 
de Addison autoimune é estabelecido, e o 
paciente deve iniciar uma reposição dos 
hormônios que ele não consegue produzir. 
Como esse paciente deveria ser tratado? Que 
precauções ele deve tomar? 
 
Os hormônios adrenocorticais de ocorrência 
natural consistem em moléculas de esteroides 
sintetizadas e liberadas pelo córtex da 
suprarrenal. Tanto os corticosteroides naturais 
como os sintéticos são utilizados no diagnóstico 
e no tratamento de distúrbios da função 
suprarrenal. São também empregados – com 
mais frequência e em doses muito mais altas – 
no tratamento de uma variedade de distúrbios 
inflamatórios e imunológicos. A secreção dos 
esteroides adrenocorticais é controlada pela 
liberação hipofisária de corticotrofina 
(hormônio adrenocorticotrófico, ACTH, de 
adrenocorticotropic hormone). A secreção de 
aldosterona, o hormônio de retenção de sal, é 
influenciada principalmente pela angiotensina. 
A corticotrofina exerce algu- 
mas ações que não dependem de seu efeito na 
secreção adreno-cortical. Entretanto, sua 
importância farmacológica como agente anti-
inflamatório e seu uso na avaliação da função 
suprarrenal dependem de sua ação secretora. 
 
Adrenocorticosteroides 
O córtex da suprarrenal libera uma grande 
quantidade de esteroides na circulação. Alguns 
apresentam atividade biológica mínima e atuam 
principalmente como precursores, ao passo que 
outros ainda não tiveram sua função 
estabelecida. Os esteroides hormonais podem 
ser classificados como esteroides que exercem 
efeitos importantes no metabolismo 
intermediário e na função imune 
(glicocorticoides); esteroides que possuem 
principalmente uma atividade de retenção de sal 
(mineralocorticoides); e aqueles que apresentam 
atividade androgênica ou estrogênica. Nos 
humanos, o principal glicocorticoide é o 
cortisol, e o mineralocorticoide mais importante 
é a aldosterona. Do ponto de vista quantitativo, 
a desidroepiandrosterona (DHEA, de 
dehydroepiandrosterone), em sua forma 
sulfatada (DHEAS), é o principal androgênio 
suprarrenal. Entretanto, a DHEA e dois outros 
androgênios suprarrenais, a androstenediona e o 
androstenediol, são androgênios fracos, já o 
androstenediol é um potente estrogênio. A 
androstenediona pode ser convertida em 
testosterona e estradiol nos tecidos 
extrassuprarrenais. Os androgênios suprarrenais 
constituem os principais precursoresendógenos 
do estrogênio nas mulheres após a menopausa e 
em algumas pacientes mais jovens com 
deficiência ou ausência da função ovariana. 
 
→ GLICOCORTICOIDES DE 
OCORRÊNCIA NATURAL; CORTISOL 
(HIDROCORTISONA) 
Farmacocinética 
O cortisol (também denominado hidrocortisona, 
composto F) exerce uma ampla variedade de 
efeitos fisiológicos, incluindo regulação do 
metabolismo intermediário, função 
cardiovascular, crescimento e imunidade. Sua 
síntese e secreção estão estreitamente reguladas 
pelo sistema nervoso central (SNC), que é muito 
sensível à retroalimentação negativa dos níveis 
circulantes de cortisol e glicocorticoides 
exógenos (sintéticos). O cortisol é sintetizado a 
partir do colesterol. 
No adulto normal, e na ausência de estresse, são 
secretados 10 a 20 mg de cortisol por dia. A 
velocidade de secreção segue um ritmo 
circadiano, governado por pulsos de 
ACTH que alcançam um pico nas primeiras 
horas da manhã e após as refeições. No plasma, 
o cortisol liga-se às proteínas circulantes. A 
globulina de ligação dos corticosteroides (CBG, 
de corticosteroid-binding globulin), uma α2 
globulina sintetizada pelo fígado, liga-se a cerca 
de 90% do hormônio circulante em 
circunstâncias normais. O restante encontra-se 
na forma livre (cerca de 5 a 10%) ou 
frouxamente ligada à albumina (cerca de 5%), 
estando disponível para exercer seus efeitos nas 
células--alvo. Quando os níveis plasmáticos de 
cortisol ultrapassam 20 a 30 mcg/dL, ocorre 
saturação da CBG, e a concentração de cortisol 
livre aumenta com rapidez. A CBG aumenta 
durante a gravidez e em caso de administração 
de estrogênio, bem como no hipertireoidismo. 
Ocorre diminuição da CBG em consequência de 
hipotireoidismo, defeitos genéticos em sua 
síntese e estados de deficiência de proteína. A 
albumina tem grande capacidade de ligação, 
porém baixa afinidade pelo cortisol, e, para fins 
práticos, o cortisol ligado à albumina deve ser 
considerado livre. Os corticosteroides sintéticos, 
como a dexametasona, ligam-se, em grande 
parte, à albumina, e não à CBG. 
A meia-vida do cortisol na circulação 
normalmente é de cerca de 60 a 90 minutos, 
podendo aumentar quando se administra 
hidrocortisona (a preparação farmacêutica do 
cortisol) em grandes quantidades, ou na 
presença de estresse, hipotireoidismo ou doença 
hepática. Apenas 1% do cortisol é excretado em 
sua forma inalterada na urina como cortisol 
livre; cerca de 20% do cortisol convertido em 
cortisona pela 11-hidroxiesteroide-
desidrogenase no rim e em outros tecidos 
dotados de receptores de mineralocorticoides 
antes de alcançar o fígado. A maior parte do 
cortisol é metabolizada no fígado. 
 
Farmacodinâmica 
A. Mecanismo de ação 
Os efeitos conhecidos dos glicocorticoides são 
mediados, em sua maioria, por receptores de 
glicocorticoides amplamente distribuídos. Essas 
proteínas são membros da superfamília de 
receptores nucleares, que incluem os receptores 
de esteroides, esterol (vitamina D), hormônio 
tireoidiano, ácido retinoico e muitos outros 
receptores com ligantes desconhecidos ou 
inexistentes (receptores órfãos). Todos esses 
receptores interagem com os promotores dos 
genes-alvo e regulam a sua transcrição. Na 
ausência do ligante hormonal, os receptores de 
glicocorticoides são principalmente 
citoplasmáticos, encontrando-se em complexos 
oligoméricos com proteínas de choque térmico. 
O hormônio livre no plasma e no líquido 
intersticial penetra na célula e liga-se ao 
receptor, induzindo alterações na conformação, 
que possibilitam a sua dissociação das proteínas 
de choque térmico. 
 
B. Efeitos anti-inflamatórios e 
imunossupressores 
Os glicocorticoides reduzem radicalmente as 
manifestações da inflamação. Essa propriedade 
resulta de seus efeitos profundos na 
concentração, na distribuição e na função dos 
leucócitos periféricos, bem como de seus efeitos 
supressores nas citocinas e quimiocinas 
inflamatórias e em outros mediadores da 
inflamação. A inflamação, independentemente 
de sua causa, caracteriza-se por extravasamento 
e infiltração de leucócitos no tecido afetado. 
Esses eventos são mediados por uma complexa 
série de interações de moléculas de adesão dos 
leucócitos com aquelas que se encontram nas 
células endoteliais, que são inibidas pelos 
glicocorticoides. Após a administração de uma 
dose única de glicocorticoide de ação curta, a 
concentração de neutrófilos na circulação 
aumenta, ao passo que ocorre redução dos 
linfócitos (células T e B), monócitos, 
eosinófilos e basófilos. As alterações tornam-se 
máximas em seis horas e dissipam-se em 24 
horas. O aumento na contagem de neutrófilos é 
devido ao seu maior influxo para o sangue a 
partir da medula óssea e sua migração 
diminuída dos vasos sanguíneos, com 
consequente redução no número de células no 
local de inflamação. A redução das contagens 
de linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos 
circulantes resulta de seu movimento do leito 
vascular para o tecido linfoide. Os 
glicocorticoides também inibem as funções dos 
macrófagos teciduais e de outras células 
apresentadoras de antígeno. Verifica-se uma 
redução na capacidade dessas células de 
responder a antígenos. O efeito nos macrófagos 
é particularmente acentuado e limita a 
capacidade de fagocitar e destruir 
microrganismos, bem como de produzir o fator 
de necrose tumoral a, a interleucina-1, as 
metaloproteinases e o ativador do 
plasminogênio. Tanto os macrófagos como os 
linfócitos produzem menos interleucina-12 e 
interferon gama, que são indutores importantes 
da atividade das células Th1 e da imunidade 
celular. Além de seus efeitos na função dos 
leucócitos, os glicocorticoides influenciam a 
resposta inflamatória ao inibir a fosfolipase A2, 
reduzindo, assim, a síntese de ácido 
araquidônico, o precursor das prostaglandinas e 
leucocitrienos, e do fator de ativação das 
plaquetas. Por fim, os glicocorticoides 
diminuem a expressão da cicloxigenase-2, a 
forma induzível dessa enzima, nas células 
inflamatórias, com consequente diminuição da 
quantidade de enzima disponível para a 
produção de prostaglandinas. Os 
glicocorticoides provocam vasoconstrição 
quando aplicados diretamente à pele, 
possivelmente ao suprimir a desgranulação dos 
mastócitos. Além disso, diminuem a 
permeabilidade capilar ao reduzir a quantidade 
de histamina liberada dos basófilos e 
mastócitos. 
 
Os efeitos anti-inflamatórios e 
imunossupressores dos glicocorticoides 
decorrem, em grande parte, das ações 
anteriormente descritas. Nos seres humanos, a 
ativação do complemento não é alterada, porém 
seus efeitos são inibidos. A produção de 
anticorpos pode ser reduzida por grandes doses 
de esteroides, embora não seja afetada por doses 
moderadas (p. ex 20 mg/dia de prednisona). Os 
efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores 
desses agentes são amplamente úteis do ponto 
de vista terapêutico, porém são também 
responsáveis por alguns de seus efeitos adversos 
mais graves. 
 
C. Outros efeitos 
Os glicocorticoides exercem efeitos importantes 
no sistema nervoso. A insuficiência suprarrenal 
provoca acentuada redução do ritmo alfa do 
eletrencefalograma e está associada à depressão. 
Os glicocorticoides em quantidades aumentadas 
costumam produzir distúrbios do 
comportamento dos seres humanos: no início 
insônia e euforia; posteriormente, depressão. Os 
glicocorticoides em grandes doses podem 
aumentar a pressão intracraniana (pseudotumor 
cerebral). Os glicocorticoides, quando 
administrados de forma crônica, suprimem a 
liberação hipofisária de ACTH, hormônio do 
crescimento, hormônio estimulante da tireoide e 
hormônio luteinizante. Os glicocorticoides em 
grandes doses têm sido associados ao 
desenvolvimento de úlcera péptica, 
possivelmente pela supressão da resposta imune 
local contra o Helicobacter pylori. Além disso, 
promovema redistribuição da gordura do corpo, 
com aumento da gordura visceral, facial, da 
nuca e supraclavicular. Parecem antagonizar o 
efeito da vitamina D na absorção de cálcio. Os 
glicocorticoides também exercem efeitos 
importantes no sistema hematopoiético. Além 
de seus efeitos nos leucócitos, eles aumentam o 
número de plaquetas e de eritrócitos. A 
deficiência de cortisol resulta em 
comprometimento da função renal 
(particularmente da filtração glomerular), 
aumento da secreção de vasopressina e 
capacidade diminuída de excretar uma carga 
hídrica. 
 
→ CORTICOSTEROIDES SINTÉTICOS 
 
Os glicocorticoides tornaram-se agentes 
importantes no tratamento de inúmeros 
distúrbios inflamatórios, imunológicos, 
hematológicos, entre outros. Essa aplicação 
estimulou o desenvolvimento de muitos 
esteroides sintéticos com atividade anti--
inflamatória e imunossupressora. 
Farmacocinética 
Os esteroides farmacêuticos em geral são 
sintetizados a partir do ácido cólico obtido de 
bovinos ou de sapogeninas esteroides 
encontradas em plantas. Modificações 
adicionais desses esteroides levaram à 
comercialização de um grande grupo de 
esteroides sintéticos com características 
especiais, que são importantes do ponto de vista 
tanto farmacológico como terapêutico. Quando 
administrados por via oral, os corticosteroides 
sintéticos são, na maioria dos casos, absorvidos 
com rapidez e de modo completo. Embora 
sejam transportados e metabolizados de forma 
semelhante aos esteroides endógenos, existem 
diferenças importantes. 
 
Farmacodinâmica 
As ações dos esteroides sintéticos assemelham-
se às do cortisol. Eles se ligam a proteínas 
receptoras intracelulares específicas e produzem 
os mesmos efeitos, porém apresentam diferentes 
razões entre potência glicocorticoide e 
mineralocorticoide. 
 
Síndrome de Cushing – A síndrome de 
Cushing costuma resultar de hiperplasia 
suprarrenal bilateral secundária a um adenoma 
hipofisário secretor de ACTH (doença de 
Cushing); todavia, em certas ocasiões, é causada 
por tumores ou por hiperplasia nodular da 
glândula suprarrenal, ou pela produção ectópica 
de ACTH por outros tumores. As manifestações 
são aquelas associadas à presença crônica de 
glicocorticoides em excesso. Quando a 
hipersecreção de glicocorticoide é pronunciada 
e prolongada, os aspectos mais notáveis 
consistem em face pletórica e arredondada e 
obesidade do tronco. A perda proteica pode ser 
significativa e inclui debilitação muscular; 
adelgaçamento da pele, estrias de cor púrpura e 
equimoses fáceis na pele, cicatrização deficiente 
de feridas; e osteoporose. Outros distúrbios 
graves incluem transtornos mentais, hipertensão 
e diabetes. Esse distúrbio é tratado por remoção 
cirúrgica do tumor produtor de ACTH ou 
cortisol, irradiação do tumor hipofisário ou 
ressecção de uma ou de ambas as glândulas 
suprarrenais. Esses pacientes devem receber 
grandes doses de cortisol durante e após o 
procedimento cirúrgico. No dia da cirurgia, 
podem ser administradas doses de até 300 mg 
de hidrocortisona solúvel, na forma de 
infusão intravenosa contínua. A dose precisa 
ser reduzida lentamente até níveis normais 
de reposição, visto que uma rápida redução 
da dose pode provocar sintomas de 
abstinência, incluindo febre e dor articular. 
 
 
REFERÊNCIAS: 
- Farmacologia básica e clínica – Katzung 
13°ed. 
- Apostila MED Curso

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