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Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 Pneumoconiose Fibrogênica SILICOSE • A sílica é um composto natural formado pelos dois elementos químicos mais abundantes na crosta terrestre, o oxigênio e o silício. • É encontrada na natureza nas formas amorfa e cristalina, que quando combinadas com metais e óxidos dão origem a silicatos como o talco, feldspato, caulim e mica. • A forma amorfa, embora não seja inerte, é menos tóxica do que a cristalina, sendo encontrada em rochas vulcânicas vitrificadas, terras diatomáceas não aquecidas, sílica gel, no vidro sintético e na lã de vidro • A inalação de poeira com sílica está associada à ocorrência de silicose, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, insuficiência renal e aumento do risco de tuberculose pulmonar e de doenças do colágeno. • A sílica cristalina que se encontra na areia e em diversas rochas, como o arenito, o granito e o síliex, apresenta variado polimorfismo. A forma mais comum, e que corresponde a cerca de 12% da crosta terrestre, é o quartzo. • O risco de desenvolvimento de silicose depende da concentração, da superfície, do tamanho da partícula (partículas menores do que 1 m são mais tóxicas), da duração da exposição, do tempo de latência (tempo decorrido desde o início da exposição), da forma de sílica cristalina (tridimita e cristobalita são menos frequentes, mas mais tóxicas do que o quartzo) e do fato das partículas serem recém quebradas (perfuração de poços, jateamento), provavelmente pelo maior número de radicais na superfície, que seriam responsáveis por um maior estímulo à produção de substâncias oxidantes • No Brasil implantou-se, em 2001, o Programa Nacional de Erradicação da Silicose (PNES), em consonância com as metas da OIT e da OMS, tendo sido criada a Portaria no 99 de 19 de outu- bro de 2004, que no Art. 1o incluiu o item "7", no título "Sílica Livre Cristalizada", do Anexo no 12, da Norma Regulamentadora no 15 - "Atividades e operações insalubres", com a seguinte redação: "7 - Fica proibido o processo de trabalho de ja- teamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo". Passo importante para cumprimento desta meta de eliminação da silicose". EPIDEMIOLOGIA • É a principal pneumoconiose prevalente no brasil • A silicose é a principal causa de invalidez entre as doenças respiratórias ocupacionais. • No Brasil, em um estudo com 687 cavadores de poços no Ceará, encontrou-se uma prevalência de silicose de 27%, indicador que pode ser inferior em atividades profissionais que acarretem menor exposição • A China registra aproximada- mente 36 mil casos, quase 6 mil casos novos por ano com 24 mil mortes anuais, sendo os trabalhadores idosos os mais afetados. • Na Índia a prevalência de silicose é de 55% entre os trabalhadores, sendo os jovens mais afetados. • Nos Estados Unidos estima-se que há cerca de 1 milhão de trabalhadores expostos à poeira de sílica livre cristalina e que cerca de 100 mil desenvolvem a silicose, sendo 250 mortes por ano. Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • No Brasil é a pneumoconiose de maior prevalência, sendo 6 milhões de trabalhadores expostos, distribuídos em 4 milhões na construção civil, 500 mil na mineração e garimpo e mais de 2 milhões em indústria de transformação de minerais, metalúrgica, indústria química, borracha, cerâmica e vidro FISIOPATOLOGIA • Uma vez inaladas, as partículas de sílica depositam-se principalmente nos bronquíolos respiratórios e alvéolos. Se o clearance mucociliar ascendente e linfático não for capaz de remover as partículas, elas acabam por induzir um processo inflamatório, caracterizado inicialmente como uma alveolite, podendo evoluir para a fase de fibrose. • Na fase inicial, as partículas de sílica induzem, por contato direto de sua superfície com a água e lipoproteínas da camada do revestimento bronquioloalveolar ou pela ativação de macrófagos e de células epiteliais, a formação de radicais livres. Caso ocorra de geração destes radicais em quantidades que superem os mecanismos de defesa antioxidantes, formados pelas enzimas superóxido dismutase, glutationa peroxidase, catalase e transferrina, pode haver lesão de células epiteliais tipo I, aumento da ativação de macrófagos e indução de proliferação de células epiteliais tipo II. • Se houver persistência da inalação de partículas, amplia-se com a liberação de enzimas proteolíticas, geração de mais espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio e pela liberação de citocinas inflamatórias como o fator de necrose tumoral, o fator de transformação de crescimento - b, interleucina 1 e a proteína inflamatória de macrófago. Estas substâncias recrutam macrófagos, neutrófilos e linfócitos, dando origem à alveolite e conseqüente perda da integridade da barreira epitelial, ocorrendo a intersticialização das partículas, com o que elas estimulam macrófagos e a proliferação de fibroblastos, ampliando assim o processo inflamatório no interstício. O resultado final é o aumento incontrolado da proliferação de fibroblastos e da produção de colágeno, com resultante fibrose intersticial • Os radicais livres alteraram a expressão de genes responsáveis pela produção de citocinas, pela proliferação e apoptose celular. Diversos estudos apresentam evidências de que a alteração da expressão de genes pela sílica é mediada pelos fatores de transcrição nuclear NF-kb e AP-1. • Na fase de reparação ou de instalação da fibrose, fatores de crescimento como o fator de necrose tumoral a, a interleucina 1, o fator de crescimento derivado de plaquetas, o fator de transformação de crescimento e o fator de crescimento insulina-símile estimulam a proliferação de pneumócitos tipo II e de fibroblastos, além da produção de fibronectina e de colágeno Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • História ocupacional de exposição a poeiras contendo sílica livre cristalina. • História clínica com sintomas ausentes ou com presença de sintomas que, em geral, são precedidos pelas alterações radiológicas. • RX de tórax o O padrão característico na radiografia é o de pequenos nódulos pulmonares circunscritos, menores que 0,5 cm, geralmente acometendo os campos pulmonares superiores, especialmente as regiões posteriores. o Estes nódulos, com o passar dos anos, tendem à coalescência, com formação de grandes opacidades, maiores que 1 cm, “silicose complicada”. Estas podem estar acompanhadas de fibrose pulmonar (fibrose maciça progressiva), com redução volumétrica lobar, distorção arquitetural, retração hilar e fissural e aumento irregular dos espaços aéreos adjacentes o Podem também ser evidenciadas calcificações em linfonodos hilares ou mediastinais, por vezes periféricas, com padrão de "casca de ovo" • Tc do tórax o consistem em micronódulos centrolobulares e subpleurais, menores que 0,5 cm. o Com a evolução da doença estes micronódulos tendem à confluência, com formação de nódulos maiores, conglomerados e, numa fase mais tardia, massas fibróticas, geralmente com calcificações e aumento irregular do espaço aéreo adjacente Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • Função Pulmonar: indispensável no estabelecimento de incapacidade, no seguimento longitudinal de trabalhadores expostos à sílica e na avaliação de trabalhadores com sintomas respiratórios. Não tem aplicação no diagnóstico da doença. • Biópsia pulmonar: indicações restritas: casos de alterações radiológicas compatíveis com exposição à sílica e história ocupacional não-característica ou ausente; aspecto radiológico discrepante do tipo de exposição referida; • Gasometria arterial de repouso e exercício: hipoxemia presente nas fases avançadas CONDUTA TERAPÊUTICA • Interrupção da exposição • aliviar os sintomas, tratar as complicações e evitar infecções respiratórias. • Os sintomas respiratóriospodem ser tratados com broncodilatadores, maior ingestão de líquidos, inalação e fisioterapia. • Pacientes com dificuldades respiratórias graves podem realizar o tratamento com oxigênio e/ou colocados em respiradores artificiais. • Transplantes de coração-pulmão são a única esperança para alguns pacientes. COMPLIÇÕES • Tuberculose • Enfisema pulmonar • Pneumotórax espontâneo • Doenças autoimunes • Câncer FORMAS CLÍNICAS CRÔNICA Pneumoconiose causada pela inalação de sílica livre cristalina que se manifesta após longo período de exposição, habitualmente superior a dez anos, caracterizada por fibrose progressiva do parênquima pulmonar. OCUPAÇÕES DE RISCO • indústria extrativa mineral: mineração subterrânea e de superfície. • Beneficiamento de minerais: corte de pedras, britagem, moagem, lapidação. • Indústria de transformação: cerâmicas; fundições que utilizam areia no processo; vidro. • Abrasivos; marmorarias; corte e polimento de granito; cosméticos. • Indústria da construção: perfuração de túneis, polimento de fachadas, assentamento de pisos, corte de pedras. • Atividades mistas: protéticos; cavadores de poços; artistas plásticos; operações de jateamento com areia Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 QUADRO CLÍNICO • Não costuma causar sintomas nas fases iniciais e até mesmo moderadas. • A dispnéia aos esforços é o principal sintoma e o exame físico, na maioria das vezes, não mostra alterações significativas no aparelho respiratório. • Expressa-se radiologicamente por meio de opacidades nodulares que se iniciam nas zonas superiores. • Caracteriza-se por uma reação colágena focal organizada em nódulos de deposição concêntrica de fibras colágenas associadas à presença de corpos birrefringentes à luz polarizada. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Tuberculose miliar • Sarcoidose • Paracoccidiodomicose, • Histoplasmose • Bronquiolites difusas SILICOSE ACELERADA OU SUBAGUDA Forma de silicose que decorre da exposição ocupacional a poeiras respiráveis com elevada concentração de sílica cristalina, manifestando-se entre cinco e dez anos do início da exposição. OCUPAÇÕES DE RISCO • Cavadores de poços • Cortadores de pedras • Todas • As outras ocupações de risco para exposição à sílica em que possa haver uma intensa exposição. QUADRO CLÍNICO • Caracteriza-se por apresentar nódulos silicóticos e, frequentemente, áreas com lesões focais de silicose aguda. • Sintomas respiratórios presentes, particularmente a dispnéia aos esforços e tosse. • As alterações radiológicas são progressão rápida e associasse a um risco aumentado de co-morbidades, notadamente a tuberculose e doenças auto-imunes. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Tuberculose miliar • Sarcoidose • Paracoccidiodomicose, • Histoplasmose • Bronquiolites difusas Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 SILICOSE AGUDA • Forma de silicose que ocorre devido à exposição a grandes quantidades de poeiras de sílica recém- fraturadas, caracterizada por um dano alveolar difuso e exsudação de material eosinofílico lipoproteináceo no espaço aéreo e na inflamação intersticial. • Habitualmente se manifesta após meses ou poucos anos de exposição. OCUPAÇÕES DE RISCO • Operações de jateamento com areia • Moagem de pedra QUADRO CLÍNICO • Doença pulmonar difusa, de rápida instalação, com sintomas respiratórios e constitucionais presentes, caracterizada anatomopatolgicamente por uma deposição de material proteináceo intra-alveolar, sem fibrose intersticial. • É uma forma rara da doença, ocorrendo em situações de exposições maciças à sílica livre, por períodos que variam de poucas semanas até quatro ou cinco anos, evoluindo rapidamente para o êxito letal (geralmente em até um ano do diagnóstico). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Proteinose alveolar pulmonar • Síndrome do desconforto respiratório do adulto • Edema pulmonar Dermatoses Dermatose ocupacional é qualquer alteração da pele, mucosa e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho. PRINCIPAIS DERMATOSES OCUPACIONAIS • Dermatite alérgica de contato • Dermatites de contato por irritantes • Urticária de Contato • Queimadura solar • Outras alterações agudas da pele devidas à radiação ultravioleta o Dermatite por fotocontato (dermatite de berloque) o Urticária solar • Alterações da pele devidas à exposição crônica à radiação não-ionizante o Ceratose actínica o Dermatite solar, “pele de fazendeiro”, “pele de marinheiro” Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • Radiodermatites (aguda, crônica e não-especificada) • Outras formas de acne: cloracne • Outras formas de cistos foliculares da pele e do tecido subcutâneo: elaioconiose ou dermatite folicular • Outras formas de hiperpigmentação pela melanina o Melanodermia o Leucodermia, não classificada em outra parte (inclui vitiligo ocupacional) o Porfiria cutânea tardia EPIDEMIOLOGIA • Mais frequente no sexo masculino que no feminino (85% a 15%) e nos jovens. • Estudos epidemiológicos sobre dermatoses ocupacionais no brasil são raros; • Não há notificação obrigatória e o subdiagnóstico é alto, pois muitos trabalhadores não procuram os serviços de saúde, temendo a perda do emprego e do salário. • Nos países industrializados, as dermatoses ocupacionais correspondem a 60% das doenças ocupacionais. • Os agentes químicos são as causas mais relevantes e frequentes de do. • Cerca de 90% das dos são dermatites de contato (dc), no ocidente, e sua frequência está aumentando pelo contato com novos produtos. • Na área laboral, a dermatite de contato irritativa (dci) é mais comum que a dermatite de contato alérgica (dca), na proporção de 4:1. • As mãos são as áreas mais atingidas pela dc, em virtude da manipulação de muitas substâncias, de excesso de umidade e de atrito. FATORES DE RISCOS • CAUSAS INDIRETAS OU PREDISPONENTES – idade, etnia, gênero, antecedentes mórbidos e doenças concomitantes, como dermatoses preexistentes (dermatite atópica), fatores ambientais, como o clima (temperatura, umidade), hábitos e facilidades de higiene; • CAUSAS DIRETAS - Agentes biológicos, físicos, químicos ou mecânicos presentes no trabalho, que atuariam diretamente sobre o tegumento, produzindo ou agravando uma dermatose preexistente. RISCOS OCUPACIONAIS EM ALGUMAS PROFISSÕES • CONSTRUÇÃO CIVIL: cimento, madeiras e equipamento de proteção individual (EPI) o DCI (suor, pH das luvas, irritantes do produto) o DCA pelos aditivos da borracha (carbamatos, tiurans, mercaptobenzotiazóis, parafenilenodiaminas) e urticária de contato imunológica mediada por IgE (látex). • ÁREA COSMÉTICA o DCI em ajudantes de cabeleireiro (trabalho úmido e xampus) o DCA em cabeleireiros (tinturas e alisantes e onduladores de cabelos, metais de instrumentos, fragrâncias e EPI de borracha) e em manicures (esmalte de unhas e colas acrílicas de unhas). • ÁREA DA SAÚDE o DCI pelos desinfetantes Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 o DCA por EPI de borracha, medicamentos, resinas epóxi e acrílicas e metais. • ÁREA GASTRONÔMICA o DCI por alimentos (frutas, temperos) o DCA por EPI de borracha e alimentos (farinhas, cebola, alho, adoçantes, emulsificantes) o DC fototóxica (frutas cítricas). • INDÚSTRIA METALÚRGICA o DCI por fluidos de corte e óleos de lubrificação o DCA por conservantes dos fluidos de corte e metais da galvanização. • ÁREA DE LIMPEZA o DCI pelos detergentes e trabalho úmido o DCA pelo EPI de borracha e produtos de limpeza. Os detergentes enzimáticos raramente causam D DERMATITE DE CONTATO • Dermatites de contato, também conhecidas por eczema, são as inflamações agudas ou crônicas da pele, caracterizadas clinicamente por eritema, edema e vesiculação. • Na fase aguda,são acompanhadas frequentemente por prurido intenso • Nas formas crônicas, por espessamento da epiderme (liquenificação), com descamação e fissuras, • produzidas por substâncias químicas que, em contato com a pele, causam irritação ou reações alérgicas. IRRITATIVA • A dermatite de contato irritativa (DCI) é uma reação inflamatória cutânea localizada, iniciada de forma não imunológica, resulta de um efeito citotóxico direto devido à aplicação única ou repetida de uma substância química ou agressões físicas à pele • É um distúrbio frequente e representa um importante espectro de doenças nas dermatologias geral e ocupacional, ocorrendo quando a barreira epidérmica normal é rompida e uma inflamação secundária se desenvolve • A DCI é uma síndrome multifatorial determinada pelas propriedades da substância irritante, bem como pelo hospedeiro e fatores ambientais; uma relação dose–resposta está relacionada a parâmetros de exposição, como concentração, pH, temperatura, oclusão, repetição e duração do contato Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • Dermatite de contato por irritante primário absoluto o desencadeado pela ação cáustica de substâncias quando em contato com a pele. o Ocorre pela capacidade da substância em provocar dano tecidual. o Não existe suscetibilidade individual e os sintomas surgem abruptamente, havendo melhora rápida após a suspensão do contato. o Geralmente é consequente a contato acidental. • Dermatite de contato por irritante primário relativo o A forma mais frequente o Pode surgir após dias, semanas, meses ou anos de exposição ao agente causador. o O seu aparecimento depende das características da substância irritante, do tempo de exposição e da periodicidade do contato com o agente irritante. FISIOPATOLOGIA • REAÇÕES AGUDAS o Envolvem dano citotóxico direto aos queratinócitos o A via patogênica da fase aguda da DCI, inicia com a penetração através da barreira de permeabilidade, o leve dano aos queratinócitos e a liberação de mediadores inflamatórios que resultam na ativação das células T. dessa maneira, uma vez iniciada a ativação via células epidérmicas, a ativação contínua das células T independente dos antígenos exógenos pode ser mantida. o O fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e a interleucina (IL)-1α são os principais mediadores e eles são capazes de induzir a produção de outras citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão, acarretando recrutamento de leucócitos ao local. o Especificamente, o TNF-α, a IL-6 e a IL-1 ß aumentam a expressão da molécula de adesão intercelular- 1 (ICAM-1). • REAÇÕES CRÔNICAS o Ocasionada por exposições repetidas a solventes e surfactantes causam danos mais lentos às membranas celulares pela remoção dos lipídeos da superfície e das substâncias que retêm água. o Nas fases crônicas da DCI, o papel do estrato córneo como barreira é rompido. o Danos aos lipídios do estrato córneo (que medeiam a função de barreira) estão associados à perda de coesão dos corneócitos, descamação e à perda de água transepidérmica. o A perda de água transepidérmica é um dos estímulos que desencadeiam a síntese de lipídios, a proliferação dos queratinócitos e a hiperqueratose transitória durante a restauração da barreira cutânea. o Danos com solventes podem romper esse mecanismo protetor por ocluir e bloquear a evaporação da água e, desse modo, parar a síntese de lipídios e a recuperação da barreira. o Após a exposição crônica, o resultado é o aumento do turnover epidérmico manifestado clinicamente por uma reação eczematoide irritativa crônica. Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 FATORES DE RISCOS QUADRO CLINICO AGUDA • Podem ocorrer sintomas subjetivos - dentro de poucos segundos após a exposição o Ardência o Ferroadas ou picadas • Exemplos o Ácidos o Clorofórmio o Metanol Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • ALTERAÇÕES CUTÂNEAS - Surgem poucos minutos após a exposição ou demoram até ≥ 24 horas. o Eritema - nitidamente demarcado e edema superficial, que correspondem ao local de exposição à substância tóxica o Vesículas – lesões mais graves − Exposição a ácidos ou soluções alcalinas • As lesões não se espalham além da área de contato CRÔNICA • Ferroadas • Pontadas • Ardência • Prurido • Dor quando surgem fissuras. • ALTERAÇÕES CUTÂNEAS • Ressecamento → aspereza → eritema → hiperceratose e descamação → fissuras e formação de crostas • As bordas bem demarcadas transformam-se em bordas mal definidas, com liquenificação CARACTERÍSTICA CLÍNICA IRRITANTE OU TOXINA POSSÍVEL Ulcerações − Ácidos inorgânicos (crômico, fluorídrico, nítrico, clorídrico, sulfúrico) − Álcalis fortes (óxido de cálcio, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de amônio, hidróxido de cálcio, metassilicato de sódio, silicato de sódio, cianeto de potássio, fosfato trissódico, carbonato de sódio, carbonato de potássio) − Sais (trióxido de arsênico, dicromatos) − Solventes (acrilonitrila, bissulfureto de carbono) − Gases (óxido de etileno, acrilonitrila) Foliculite − Trióxido arsênico − Fibras de vidro − Óleos e graxas − Alcatrão − Asfalto − Naftalenos clorados − Bifenilos polialogenados Miliária − Roupas apertadas e excessivamente quentes − Fita adesiva − Radiação ultravioleta − Radiação infravermelha Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 − Cloreto de alumínio Hiperpigmentação − Qualquer irritante ou alérgeno, especialmente agentes fototóxicos como psoralenos, alcatrão, asfalto, plantas contendo psoraleno − Metais, tais como arsênico inorgânico (sistemicamente), prata, ouro, bismuto, mercúrio − Radiação: ultravioleta, infravermelha, micro-ondas, ionizante Hipopigmentação − p-Terc-amilfenol − p-Terc-butilfenol − Hidroquinona − Éter monobenzil de hidroquinona − Éter monometil de hidroquinona − p-Terc-catecol − p-Cresol − 3-Hidroxianisol − Hidroxianisol butilado − 1-Terc-butílico-3, 4-catecol − 1-Isopropil-3, 4-catecol − 4-Hidroxipropiofenona Alopecia − Bórax − Dímeros de cloropreno Urticária − Animais (artrópodes, lagartas, corais, águas-vivas, traça, anêmonas do mar) − Bálsamo do peru − Cosméticos (p. ex., ácido sórbico) − Fármacos (álcool [etanol], benzocaína, cânfora, capsaicina, clorofórmio, iodo, metil salicilato, resorcinol, extratos de alcatrão) − Alimentos (pimentacaiena, peixe, mostarda, tomilho) − Perfumes e agentes aromatizantes (óleo de canela, ácido cinâmico e aldeído, benzaldeído) − Metais (cobalto) − Plantas (alga, urtigas), madeiras − Conservantes (ácido benzoico) − Têxteis (p. ex., corantes azuis) TIPOS • Dermatite de Contato Irritativa Aguda • Dermatite de Contato Irritativa Aguda Tardia • Dermatite de Contato Irritativa por Reação Irritativa • Dermatite de Contato Irritativa Cumulativa • Dermatite de Contato Irritativa Traumática Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • Dermatite de Contato Irritativa Pustulosa e Acneiforme • Dermatite de Contato Irritativa Não Eritematosa • Dermatite de Contato Irritativa Subjetiva ou Sensorial • Dermatite de Contato Irritativa Transportada pelo Ar • Dermatite de Contato Irritativa Friccional • Urticária de Contat MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Histórias clínica e ocupacional • Diagnóstico diferencial deve ser feito com os quadros de dermatites de contato alérgicas, psoríase, herpes simples e herpes zoster, reações idiopáticas vesiculares pela presença do Trichophyton nos pés (micides), eczema numular e reações cutâneas a drogas, entre outras doenças. CONDUTA TERAPÊUTICA • Cuidados higiênicos locais para prevenir a infecção secundária • Uso sintomático de anti-histamínicos. • Cremes de corticóides IMAGENS Dermatite de contato irritativa bilateral dos pés e tornozelos devida à oclusão crônica pelos calçados Dermatite de contatoirritativa bilateral das palmas secundária a contatos repetitivos com solventes de tintas Dermatite de contato irritativa moderadamente grave das mãos devido à exposição crônica a soluções desinfetantes e antissépticas. Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 ALÉRGICA - DCA • É uma reação eczematosa pruriginosa • É uma resposta do tipo hipersensibilidade tardia. • Pode apresentar uma distribuição difusa de manchas, dependendo do alérgeno e/ou do desenvolvimento do eczema disseminado (dermatite de autossensibilização) • Após a exposição prévia, as lesões surgem em períodos de tempo variáveis, sendo necessário um período mínimo de uma semana para a sensibilização, e podem ocorrer após meses ou anos de contato. • Pode surgir de forma abrupta após contato prévio com o sensibilizante. • A cada reexposição, a intensidade e a extensão das lesões podem piorar e surgir mais rapidamente. • A Dermatite de contato irritativa facilita o desencadeamento da reação alérgica FISIOPATOLOGIA • A dermatite de contato alérgica é uma forma de reação de hipersensibilidade tardia mediada por células apresentadoras de antígeno, linfócitos T, citocinas, mediadores químicos e moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (reação do tipo IV da classificação de Gell e Coombs), cujos sintomas aparecem 24h a 48 h, às vezes até mais tarde, após a exposição ao antígeno. • A fisiopatologia da dermatite de contato alérgica pode ser dividida em duas fases: o Indução da sensibilização − Ocorrem os fenômenos em que o indivíduo não sensibilizado torna-se alérgico ao contactante. Essa fase dura em torno de 14 dias. o Resposta imunológica − O indivíduo já sensibilizado, quando reexposto ao mesmo antígeno, apresenta sintomas clínicos. Essa reação ocorre em média em 48 h podendo variar de algumas horas até 4 a 5 dias. Dermatite de contato irritativa absoluta por soda caustica Dermatite de contato por irritante em trabalhador de construção que trabalha com cimento (hiperceratose, descamação e fissuras) Dermatite de contato irritativa absoluta por cimento Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 AGENTES ETIOLÓGICOS FATORES DE RISCOS QUADRO CLINICO • Prurido intenso • DCA AGUDA o Eritema e edema bem demarcados, com pápulas ou vesículas não umbilicadas superpostas e próximas umas das outras; o Nas reações graves, ocorrem bolhas, erosões confluentes que exsudam soro e crostas. o A mesma reação pode surgir depois de várias semanas em áreas não expostas. • DCA SUBAGUDA o Placas de eritema brando, apresentando pequenas escamas secas, algumas vezes associadas a pápulas eritematosas firmes, pequenas, vermelhas, acuminadas ou arredondadas e escamas Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 • O quadro típico é geralmente uma erupção eczematosa pruriginosa bem-definida o Aguda (bolhas e exsudação e/ou edema) o Crônica (liquenificação e placas descamativas) • A distribuição difusa e desigual pode ocorrer, dependendo da natureza do alérgeno causador (sabonetes ou xampus) usados no corpo podem provocar uma dermatite de contato mais localizada ou mais difusa. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Clínico • Teste de contato DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Dermatite de contato irritativa • Dermatite atópica • Dermatite de estase • Dermatite seborreica CONDUTA TERAPÊUTICA • Cuidados higiênicos locais para prevenir a infecção secundária • Uso de anti-histamínicos sistêmicos • Cremes de corticóides • Em casos mais extensos, deve-se empregar a corticoidoterapia sistêmica. • Afastamento da exposição é essencial. • Formas agudas A. Reação +/− a + B. Reação + C. Reação ++ D. Reação ++ + E. Pápulas eritematosas nas bordas dos locais de aplicação das câmaras Finn (efeito de borda) F. Reação irritante pustulosa no local da aplicação de um líquido de metalurgia. A impressão cutânea adjacente de uma câmara reflete boa adesão G. Três diferentes reações ao teste de contato: +/− ao quartérnio-15, + a formaldeído e ++ ao níquel. Luana Soares Tutoria IV Módulo III – P4 o Sem infecção secundária, pode-se utilizar compressas com solução de Burrow 1:20 ou 1:40; curativos fechados com cremes corticóides, associando-se corticóide via oral. o Associada à infecção secundária, tratar com compressas ou banhos de permanganato de potássio (KMnO4) 1:20 mil ou 1:40 mil; curativos fechados com cremes corticosteróides e instituir antibioticoterapia. • Formas crônicas o Utilizo de cremes ou pomadas de corticóide na área afetada o Em áreas liquenificadas, fazer curativo com pomadas ou cremes de corticóide, ocluídos por plástico, durante a noite. o Se houver prurido, associar anti-histamínico por via oral. o Orientar o paciente para evitar coçaduras. o Se houver infecção secundária, associar antibioticoterapia. IMAGENS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Dermatite de contato alérgica por cromo e borracha do EPI Dermatite de contato alérgica por cromo do cimento Dermatite de contato alérgica crônica devido a glutaraldeído.
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