Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
– 1 • Eczema Correspondem a um grupo de DERMATOSES INFLAMATÓRIAS PRURIGINOSAS que apresentam características clínicas e histopatológicas bem definidas. As lesões elementares definidoras dos eczemas são ERITEMA, EDEMA, VESÍCULAS, CROSTAS e DESCAMAÇÃO, podendo ser do tipo agudo, subagudo ou crônico. Uma característica comum aos eczemas é o PRURIDO que, de acordo com a intensidade e duração, pode causar uma outra afecção: a LIQUENIFICAÇÃO, que, muitas vezes, traduz a cronicidade do processo. Na teoria, eczema e dermatite são conceitos DIFERENTES, mas, na prática, são utilizados como sinônimos! Todos os eczemas são dermatites, mas nem todas as dermatites são eczemas. • Epidemiologia Os eczemas são condições muito frequentes, sendo, em ordem decrescente, ECZEMA DE CONTATO → ECZEMA TÓPICO → ECZEMA SEBORREICO. A incidência e prevalência são iguais em ambos os sexos, sendo o diferencial com relação a FAIXA ETÁRIA! O eczema de contato pode ocorrer em qualquer faixa da vida, mas a dermatite das fraldas (eczema de contato por irritante primário) é muito frequente no LACTENTE, enquanto o eczema de contato por SENSIBILIZAÇÃO é mais frequente após a infância. • Histopatologia A característica fundamental do processo é a natureza SERO-EXSUDATIVA acometendo a epiderme e derme papilar na fase AGUDA da doença. Além disso, ainda nessa fase, ao nível da camada de Malpighi, há EXOCITOSE e EDEMA intercelular, que progride formando ESPONGIOSE = afastamento entre si das células da camada de Malpighi, que irão ter permeadas por SEROSIDADES. Com a evolução do processo, haverá edema INTER e INTRACELULAR, provocando degeneração reticular, além de (obviamente) destruição das PONTES intercelulares, formando vesículas intraepidérmicas (vesícula histopatológica – ou seja, não vista a olho nu) que, dependendo da intensidade, podem se EXTERIORIZAR e ROMPER-SE, liberando o exsudato – ao secar, forma crostas. Quanto ao edema INTERcelular, ele pode causar alteração da QUERATINIZAÇÃO NORMAL, determinando uma PARACERATOSE (núcleos nas células das camadas mais externas), cuja manifestação clínica visível é a ESCAMA. Na derme PAPILAR, há VASODILATAÇÃO e EDEMA, causando a manifestação clínica do ERITEMA. Na fase CRÔNICA da doença, TODAS as camadas da epiderme serão ESPESSADAS, ou seja: HIPERCERATOSE, HIPERGRANULOSA e ACANTOSE IRREGULAR. Todos esses efeitos somados causam a LIQUENIFICAÇÃO. • Eczema de Contato São divididos em tipos de dermatite com etiologia e fisiopatogenia completamente diferentes: ▪ Dermatite de contato por irritante primário ▪ Dermatite de contato alérgica. ▪ Dermatite Fototóxica ▪ Dermatite Fotoalérgica Aproximadamente 20% dos casos de dermatite de contato são do tipo ALÉRGICA!!! – 2 1) Dermatite de Contato por Irritante Primário (DCIP) – 80% dos casos É consequência dos efeitos TÓXICOS e PRÓ-INFLAMATÓRIOS de substâncias capazes de ativar a imunidade da pele, mesmo que de forma não específica, ou seja, SEM A MEMÓRIA IMUNOLÓGICA. A DCIP é provocada, geralmente, por SUBSTÂNCIAS ALCALINAS ou ÁCIDAS FRACAS que, por não serem capazes de causar queimaduras e/ou necrose, produzem IRRITAÇÃO CUTÂNEA. Ao haver o contato com a pele, lesionam os QUERATINÓCITOS causando reação inflamatória na derme papilar. Clinicamente, é uma doença marcada por ERITEMA, DESCAMAÇÃO e, as vezes, VESÍCULAS e BOLHAS que surgem horas depois do contato com agentes irritantes MAIS FORTES ou depois de semanas de contato continuado com agentes FRACOS. O prurido costuma ser DISCRETO ou AUSENTE sendo substituído por DOR ou QUEIMAÇÃO. Nesse tipo de dermatite, NÃO HÁ NECESSIDADE DE SENSIBILIZAÇÃO PRÉVIA e não ocorre a formação de células de memória, então QUALQUER INDIVÍDUO em contato com essas substâncias (alcalinas ou ácidas fracas) pode desenvolver DCIP. As variáveis determinantes para o processo cutâneo são CONCENTRAÇÃO DA SUBSTÂNCIA (mas lembrar que se causar queimadura não é mais DCIP) e TEMPO DE EXPOSIÇÃO. Além disso, existem indivíduos que são mais SUSCETÍVEIS e regiões do corpo com menor ESPESSURA da camada córnea, por isso a DCIP é mais comum de ocorrer no DORSO da mão do que na PALMA – aqueles indivíduos com contato constante a produtos que podem desencadear DCIP apresentam espessamento da epiderme, o que justifica o fato de que o PRIMEIRO contato com esses agentes geralmente é em uma pele menos espessa, causando reações mais intensas. A DCIP é uma dermatose de forte CARÁTER OCUPACIONAL (pedreiros, químicos, pintores, donas de casa) - duas condições muito frequentes são MÃOS DA DONA DE CASA (detergentes e sabões são alcalinos) e a DERMATITE DAS FRALDAS (pela ação irritativa das fezes e da urina). Algumas plantas brasileiras também são muito importantes para a DCIP – FAMÍLIA ANACARDIÁCEA – como a aroeira, cajueiro e a mangueira. São plantas de agem, principalmente, como IRRITANTES, porém existe um princípio ativo na sua composição, o URUSHIOL, que é um POTENTE ANTÍGENO capaz de sensibilizar a maioria das pessoas. Assim o quadro clínico passa a ser de ECZEMA DE CONTATO com uma erupção ERITEMATOVESICOESCAMOSA. A aroeira, pelo seu grande uso na medicina popular, causa frequentemente quadros intensos e externos, inclusive de ERITRODERMIA ESFOLIATIVA. O tratamento requer a interrupção do contato com o agente causador, sendo o uso de corticoides de grande valia – avaliar a localização da lesão e as características clínicas. • DCIP Absoluto – aquela desencadeada pela ação CAÚSTICA de substância em contato ÚNICO com a pele. O dano tecidual é tão intenso que os sintomas são referidos LOGO APÓS O CONTATO – ardor, queimação, eritema, bolhas, até mesmo necrose cutânea. • DCIP Absoluto de efeito retardado – a ação CAÚSTICA é manifestada 12 a 24h após o contato, podendo ser observado em algumas substâncias que são utilizadas para o tratamento de dermatoses – podofilina, antralina, peróxido de benzoíla. – 3 • DCIP Relativo – É a forma mais FREQUENTE - infância, adolescência, vida adulta. A substância necessita de VÁRIOS CONTATOS com a pele para agir como um IRRITANTE. Na clínica, pelo caráter crônico, há predomínio da LIQUENIFICAÇÃO. Fisiopatogenia da DCIP Quando há contato com o agente IRRITANTE, observa-se: • Remoção dos lipídeos da superfície cutânea, • Alterações na retenção hídrica, • Dano nas membranas dos queratinócitos • Efeitos citotóxicos Assim, mesmo com pouco efeito IMUNOLÓGICO, há liberação de citocinas, moléculas de adesão, leucotrienos e prostaglandinas pelos QUERATINÓCITOS lesados no processo irritante. 1.1) Dermatite das Fraldas É uma reação inflamatória aguda que acomete as regiões cobertas pelas fraldas, geralmente em crianças com MENOS DE 2 ANOS DE IDADE. O processo fisiopatológico que a permeia tem relação com a oclusão constante da pele pela fralda, causando HIDRATAÇÃO e MACERAÇÃO da epiderme, o que a torna mais PERMEÁVEL aos irritantes presentes na urina e nas fezes. A inflamação é induzida pela FRICÇÃO física e QUÍMICA, o que aumenta a PERMEABILIDADE e facilita a infecção secundária por CANDIDA ALBICANS, PROTEUS, PSEUDOMONAS e B. FAECALIS. Clinicamente, a dermatite das fraldas é percebida por lesões VARIADAS que predominam em SUPERFÍCIES CONVEXAS, sendo as dobras mais poupadas. Inicialmente, a pele apresenta ERITEMA de intensidade variável e, caso haja agravamento, pode surgir EDEMA, PÁPULAS, VESICULAÇÃO, EROSÕES e ULCERAÇÕES. Em uma fase mais tardia, o eritema PERDE O BRILHO e ocorre DESCAMAÇÃO, que pode ser intensa. Podem surgir NÓDULOS e PÁPULAS que simulam o condiloma sifilítico ou EROSÕES e ULCERAÇÕES arredondadas que são denominadas DERMATITE DAS FRALDAS EROSIVA DE JACQUET. Embora poupe as dobras, vale destacar que quando há infecção concomitante por Candida albicans, a pele fica brilhante, com descamação fina e induto esbranquiçado, sendo PRINCIPALMENTE NAS DOBRAS.O tratamento é feito com EMOLIENTES ESPESSOS que agem como barreira contra a urina e as fezes, além de preparações com ÓXIDO DE ZINCO, que tem ação anti-inflamatória. Em casos com lesões mais graves, a HIDROCORTISONA 1% pode ser administrada por curto período de tempo, sendo CONTRAINDICADO o uso de corticoesteroides potentes por ser uma região coberta que aumenta a absorção sistêmica. Caso haja o uso desses, pode haver o GRANULOMA GLÚTEO INFANTIL, que é caracterizado por nódulos assintomáticos de coloração acastanhada ou violácea na região das fraldas. – 4 2) Dermatite de Contato Alérgica (DCA) Pode se apresentar de 3 maneiras distintas, embora todas tenham o prurido em comum: - AGUDA (eritema, vesículas, exsudação e crostas) - SUBAGUDA (eritema, pápulas, escamas e crostas) - CRÔNICA (liquenificação) A identificação da MORFOLOGIA e TOPOGRAFIA da lesão é de grande valia no diagnóstico, uma vez que algumas regiões entram em contato com maior frequência com determinadas substâncias. Assim, uma lesão arredondada (morfo) no dorso do punho esquerdo (local.) sugere DCA a algum constituinte da LIGA METÁLICA DO RELÓGIO. Nos lobos auriculares, a componentes dos brincos, em torno de ferimentos pode ser a medicamentos tópicos. Vale destacar que é possível encontrar LESÕES A DISTÂNCIA do local original do alérgeno, o que decorre da disseminação pelas mãos do paciente ao se coçar. Na região LOBULAR, é comum se encontrar ADENOPATIA SATÉLITE NÃO INFECCIOSA, mas sim do próprio processo inflamatório. Quanto à fisiopatologia, na DCA há envolvimento característico do SISTEMA IMUNOLÓGICO com reação de hipersensibilidade DO TIPO IV, que é a hipersensibilidade RETARDADA ou MEDIADA POR CÉLULAS. O tempo do processo é de POUCOS DIAS para alergênicos com ALTO PODER SENSIBILIZANTES, e pode durar até mesmo ANOS para aqueles antígenos com baixo poder sensibilizante. Por isso, é comum que o paciente questione o fato de que sempre usou tal produto e só houve manifestação depois de muito tempo – essa hipersensibilidade adquiria tende a PERSISTIR por toda a vida, mas também podem ocorrer casos de TOLERÂNCIA com a exposição continuada. – 5 A DCA pode ser dividida em três fases: 1) Fase de Indução/Via Aferente – Quando fator desencadeante, isto é, o hapteno, entra em contato com a pele. a. Hapteno com características específicas – possui baixo peso molecular, elevada reatividade química e elevada solubilidade lipídica. Todos esses fatores contribuem para uma maior capacidade de PENETRAR O ESTRATO CÓRNEO e reagir com os componentes do sistema imune. b. Hapteno ou algum produto de sua metabolização – Essas substâncias formam LIGAÇÕES COVALENTES com as proteínas da pele, que irão funcionar como TRANSPORTADORES, inclusive na membrana plasmática das CÉLULAS DE LANGERHANS. As células de Langerhans são as principais células apresentadoras de antígenos na dermatite de contato – elas processam e transportam o antígeno para o linfonodo, onde estarão os linfócitos T! Após a apresentação aos linfócitos T, há indução para produção de CITOCINAS, o que agrava a inflamação. Para que a sensibilização ocorra, o hapteno precisa permanecer na pele por 18 a 24 horas! 2) Fase de Elicitação/Via Eferente – Ocorre quando o indivíduo JÁ SENSIBILIZADO entra em contato (novamente) com o antígeno. Os linfócitos já sensibilizados produzem REAÇÃO INFLAMATÓRIA em 24 a 48 horas. Esses linfócitos já sensibilizados estão localizados na pele (não mais nos linfonodos) e serão ativados pelo contato, liberando CITOCINAS, IL2, IL3, IL6, IFN gama e TNF, ou seja, desencadeando a reação inflamatória. 3) Fase de Resolução – É determinada pelo término da reação inflamatória após liberação de IL1- e TNF beta, que possuem papel SUPRESSOR nos linfócitos T. Fatores predisponentes para DCA: • Genética não-mendeliana – importante para a sensibilização ao níquel • Atopia • Sexo – mulheres apresentam respostas celulares mais INTENSAS, mas menor suscetibilidade de SENSIBILIZAÇÃO – influencia hormonal • Idade – Os adultos costumam ser os mais acometidos por se EXPOREM mais a antígenos • Fatores ambientais – Inverno causa xerose cutânea com fissuras, o que pode favorecer a penetração de antígenos; Sudorese aumenta o risco pois a umidade solubiliza os antígenos, favorecendo a penetração cutânea. Assim, na DCA os agentes etiológicos são SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS POUCO COMPLEXAS, havendo destaque para: ➢ Grupos para-amino do radical benzeno (anilinas, procaína, sulfas) ➢ Metais: cromo (cimento, tipografia, couro), níquel (adornos e utilidades domésticas), mercúrio (remédios) ➢ Antibióticos: neomicina, penicilina, furacin e cloranfenicol ➢ Cosméticos: eosina, hidroquinona, piragalol, azocorantes, resorcina, fenol, formol ➢ Borracha e derivados: mercaptobenzotiazóis e éter monobenzílico de hidroquinona ➢ Objetos plásticos: polivinil, polietileno, acrílicos, formaldeídos... Deve-se lembrar, ainda, da REAÇÃO CRUZADA em alguns componentes, como a anilina, sulfa e procaína, que possuem o RADICAL PARA-AMINO em comum (tem DCA conhecida para sulfa e entra em contato com anilina, que também desencadeia DCA). Um exemplo interessante é o dos pacientes com eczema de contato ao TIMEROSAL (princípio ativo do antigo Merthiolate) que podem ter reações eczematosas com o uso ORAL DE PIROXICAM, causando quadro bolhoso de aspecto disidrosiforme nas palmas. A SÍNDROME DO BABUÍNO, também chamada erupção medicamentosa simétrica exantemática intertriginosa e flexural, é uma reação do tipo IV decorrente da absorção sistêmica de NÍQUEL e pcts previamente sensibilizados a esse metal. Essa erupção é simétrica acometendo as axilas, cotovelos, pálpebras – 6 e laterais do pescoço, acompanhada de lesões ANOGENITAIS MUITO ERITEMATOSAS que lembra os glúteos dos babuínos. • Dermatite de Contato Fototóxica Possui o mesmo mecanismo etiopatogênico da DCIP, mas a grande diferença é que a substância irá se tornar irritante quando a estrutura química dela for MODIFICADA PELO SOL (exemplo clássico: limão – possui furocumarinas). Para ocorrer a reação fototóxica, é preciso que a energia RADIANTE seja absorvida pelo CROMÓFORO ao mesmo tempo que a SUBSTÂNCIA FOTOSSENSIBILIZANTE está em contato com ela, o que irá liberar RADICAIS LIVRES. Não requer contato prévio com o agente causador. • Dermatite de Contato Fotoalérgica Possui o mesmo mecanismo etiopatogênico da DCA, mas a grande diferença é que a substância apresentará propriedades ANTIGÊNICAS quando sofrer modificações estruturais desencadeadas pela luz solar, sendo que o espectro UVA é responsável pela maior parte das fotoalergias. Após a absorção da radiação UV, a substância é convertida no seu estado ATIVADO, ou seja, irá se ligar a uma proteína transportadora, formando o antígeno completo. Exemplo: DCA fotoalérgica desencadeada por anti-histamínicos de uso tópico. • Diagnóstico Eczema de Contato ➔ Mapeamento topográfico. Procura-se correlacionar o LOCAL DO ECZEMA COM VÁRIAS EXPOSIÇÕES; assim, no eczema de pescoço, devemos investigar joias e adereços de metais e plásticos, perfumes, casacos, gravatas, corantes de tecidos, goma de colarinho etc. ➔ Seletividade profissional. Tanto na indústria quanto em outras profissões, a pessoa EXPÕE-SE SELETIVAMENTE A DETERMINADOS ANTÍGENOS. Por exemplo: em casos de eczema de contato nas mãos de um cabeleireiro, devemos pesquisar no sentido de corantes, xampus, sabonetes, desodorantes, depilatórios, desinfetantes, perfumes etc. ➔ Seletividade utilitária. Pela história morfotopográfica e outros dados, suspeita-se de que o eczema de contato em apreço esteja relacionado com UM ELEMENTO DE USO DIÁRIO OU ESPORÁDICO; procura-se, então, realizar testes dirigidos às diversas substâncias que entram na confecção do objeto. Por exemplo: se o eczema é dos pés, incrimina-se o sapato; procura-se,então, realizar testes com bicromato de potássio, acrílico, diversos componentes das colas, da borracha etc. ➔ Correlação antígeno/utilidade. Uma vez determinado pelos testes que o indivíduo é sensível a determinada substância, deve-se procurar RELACIONAR O ECZEMA COM OS OBJETOS QUE CONTENHAM O REFERIDO ALERGÊNIO. Por exemplo: se o teste foi positivo ao cloreto de cobalto, cabe investigara possibilidade de contato com tinturas de cabelos, objetos de cerâmica, vidro ou ligas metálicas, esmaltes, cimento, adesivos, papel mata-moscas, galvanoplastia, pigmentos em diversos objetos etc. 1) Testes de Contato ou Epicutâneos (Patch Test) São importantes para identificar a SUBSTÂNCIA a qual o indivíduo é alérgico, embora deva ser INTERPRETADO com cuidado, uma vez que mesmo que algumas substâncias sejam positivas, elas podem NÃO TER RELAÇÃO COM O PROBLEMA ATUAL, além do que a substância do problema pode não ter sido testada. São indicados para a DCA, uma vez que a DCIP NÃO TEM MECANISMO IMUNOLÓGICO!!! – 7 Diante disso, em 1996, o Grupo Brasileiro de Estudos em Dermatite de Contato determinou as SUBSTÂNCIAS PADRÃO de alergênicos. Essas consistem em 22 elementos internacionais padrão E 8 substâncias relacionadas a medicamentos tópicos e frequentes em nosso meio. Dependendo da ocupação profissional ou do lazer do indivíduo são acrescidas substâncias. Quanto à técnica de execução, é importante salientar que, para a realização do teste, A DERMATOSE DO INDIVÍDUO DEVE ESTAREM FASE INATIVA para não exacerbar o quadro. As substâncias padronizadas são aplicadas no dorso do paciente, em pele limpa, seca e sã. O paciente NÃO PODE ESTAR EM USO DE CORTICOIDE TÓPICO no local do teste e de corticoide sistêmico, especialmente em doses imunossupressoras por 2 semanas; não deve molhar as fitas ou se expor ao sol. A prática de atividade física é desaconselhada para não descolar as fitas ou molhá-las com suor. Mesmo que o paciente esteja em vigência do uso de anti-histamínicos, não é necessário suspendê- los para a realização do teste de contato. Após 48h da aplicação, os testes são retirados e é feita a primeira leitura. A segunda leitura é feita em 96h. Os critérios de leitura são os preconizados: • (-) negativo • (+) discreto eritema com algumas pápulas • (++) eritema, pápulas e vesículas • (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes – 8 • Tratamento Na grande parte dos casos, a medida inicial e urgente consiste em RETIRAR o agente causal (irritante na DCIP e hapteno na DCA). Além disso, deve-se tratar a lesão de pele de acordo com a FASE do quadro: aguda, subaguda e crônica. Uso de compressas úmidas ou com água boricada, ou solução de Burow ou água de Alibour. Além desses, são associados MEDICAMENTOS para atuar na reação inflamatória, que é muito semelhante tanto na DCA como na DCIP (a diferença entre elas está no mecanismo que desencadeou). Assim, os medicamentos que atuam na inflamação são: 1) Corticoides – A ação anti-inflamatória tópica é obtida através da capacidade VASOCONSTRICTORA, que irá diminuir o número de cél de Langerhans, a produção de IL1, IFN gama e IL2. O uso por curto período favorece o controle da DCA, pois o efeito ANTI-INFLAMATÓRIO é maior que o antiproliferativo. a. Eczema agudo/subagudo – utilizado principalmente na forma de CREMES, podendo ser associado a corticoides SISTÊMICOS em casos graves (1mg/kg/dia) com doses decrescentes a partir do momento que se atinge o controle do quadro clínico. b. Eczema crônico – preferência pela utilização na forma de POMADAS, sendo importante considerar os efeitos adversos causados pelo USO PROLONGADO. Efeito antiproliferativo causa atrofia, telangiectasias e ação sistêmica sobre o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. 2) Pimecrolimo – Nos casos de eczema crônico, é o PRINCIPAL substituinte dos corticoides, pois o uso prolongado não causa atrofia de pele! Age INIBINDO AS CITOCINAS INFLAMATÓRIAS liberadas a partir da ativação dos linfócitos T. Seu uso é indicado para dermatites CRÔNICAS ou aquelas localizadas em ÁREAS SUSCETÍVEIS aos efeitos adversos dos corticoides (dobras, face, região genital). 3) Tacrolimo – Tem mecanismo de ação semelhante ao do pimecrolimo, age por via tópica e não apresenta os efeitos colaterais dos corticoides. Quimicamente, é uma molécula de BAIXO PESO MOLECULAR e HIDROFÍLICA, possuindo maior PERMEABILIDADE e maior EFETIVIDADE – isso também causa maior número de efeitos SISTÊMICOS quando comparado ao pimecrolimo. 4) Ciclosporina – Comparativamente aos outros imunossupressores, tem como benefícios não ser mielotóxica e ser seletiva para os linfócitos T, não interferindo nos outros processos imunes. Vale destacar, entretanto, que é NEFROTÓXICA!!! Por ter alto peso molecular, seu uso tópico tem pouca eficácia. a. Indicação – eczemas crônicos de DIFÍCIL CONTROLE!! Utilizado apenas quando não há mais outra opção terapêutica. 5) Metotrexato – Em baixas doses, diminui a quantidade de MONONUCLEARES, diminui a ação da IL2 e da atividade das células de Langerhans. É um análogo sintético do ácido fólico que atua como COMPETIDOR para as enzimas que formariam folatos – essenciais para a síntese de DNA e RNA. Devido a isso, funciona como um IMUNOSSUPRESSOR! a. Indicação – Eczemas crônicos de contato com tendência a generalização!! 6) Fototerapia - A ação imunossupressora e anti-inflamatória da fototerapia contribui para o controle do eczema crônico. As fases de indução e elicitação da DCA podem ser bloqueadas pela fototerapia por vários mecanismos: diminui o número de células de Langerhans HLA-DR positivas; bloqueia células não Langerhans. a. Indicação - alternativa aos corticoides para o tratamento dos casos graves; em corticodependentes, indica-se para diminuição progressiva e retirada do corticoide sistêmico. – 9 Referências AZULAY, R. D. Dermatologia. 7a edição ed. [s.l.] Guanabara Koogan, 2017. ROSMANINHO, I.; MOREIRA, A.; SILVA, J. Dermatite de contacto: revisão da literatura. Rev Port Imunoalergologia, v. 24, n. 4, p. 197–209, 2016. Medcurso 2019, Dermatologia https://www.passeidireto.com/arquivo/91625196/dermatite-de-contato https://www.passeidireto.com/arquivo/91625196/dermatite-de-contato
Compartilhar