Buscar

curso-161056-aula-06-v1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 06
Direito Internacional Público e
Cooperação p/ Polícia Federal
(Delegado) - Pós-Edital
Autor:
Vanessa Brito Arns
Aula 06
19 de Fevereiro de 2021
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
Sumário 
Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 2 
Reciprocidade ....................................................................................................................................... 3 
1. Proteção Internacional dos Direitos Humanos. ............................................................................ 3 
2. Direitos Humanos: Características ................................................................................................ 6 
3. Fontes: Proteção Internacional dos Direitos Humanos ................................................................. 9 
4. A teoria das "gerações“ ou “dimensões” de direitos humanos. ................................................. 12 
5. Proteção internacional dos direitos humanos: história e evolução. ........................................... 15 
Resumo ............................................................................................................................................... 20 
Considerações Finais ........................................................................................................................... 34 
Questões Comentadas ........................................................................................................................ 34 
 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
2 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Internacional, com foco em 
Direitos Humanos. 
Vejamos os tópicos específicos do edital que serão abordados em aula: 
Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 
 
 
Instagram: https://www.instagram.com/vanessa.arns 
 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
3 
 
RECIPROCIDADE 
1. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. 
Segundo Celso Albuquerque Mello: 
 
A reciprocidade constitui um dos princípios basilares para a cooperação entre os povos, 
é instituto necessário para fazer com que os Estados solucionem seus conflitos 
internacionais sem que haja ferimento à igualdade ou ao respeito entre os Estados. 
A Reciprocidade influi diretamente na formulação do Direito Internacional. O termo reciprocidade é 
proveniente do latim reciprocus, a reciprocidade tem seu significado naquilo que é recíproco, isto é, 
situação em que são estabelecidas condições mútuas ou correspondentes. É a situação 
compreendida em dar e receber. A reciprocidade vem implicar na igualdade de direitos, de 
 
É relativamente grande a parte das normas internacionais contemporâneas que diz respeito à 
promoção e proteção dos direitos humanos, havendo já uma gama considerável de tratados dessa 
índole (globais e regionais) atualmente conhecidos. 
Todos eles têm uma característica fundamental: a proteção dos direitos da pessoa humana 
independentemente de qualquer condição. 
Nessa sistemática, basta a condição de ser pessoa humana para que todos possam vindicar seus 
direitos violados, tanto no plano interno como no contexto internacional. (Mazzuoli) 
A primeira premissa da qual se tem que partir ao estudar os direitos das pessoas é a de que tais 
direitos têm dupla proteção atualmente: uma proteção interna (afeta ao Direito Constitucional e às 
leis) e outra internacional (objeto de estudo do Direito Internacional Público). 
A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com 
o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, 
língua, religião, condição política e social etc. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
4 
 
A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com 
o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, 
língua, religião, condição política e social etc. 
Ao iniciar o estudo do sistema internacional de proteção dos direitos humanos, mister aclarar o 
conteúdo das expressões “direitos do homem”, “direitos fundamentais” e “direitos humanos”, 
segundo a doutrina de Valério Mazzuoli: 
 
 
 
Para Mazzuoli: 
“Dizer que os “direitos fundamentais” são mais facilmente visualizáveis que os “direitos 
humanos”, pelo fato de estarem positivados no ordenamento jurídico interno 
(Constituição) de determinado Estado, é afirmação falsa. Basta compulsar os tratados 
e declarações internacionais de proteção dos direitos humanos (tanto do sistema global 
como dos sistemas regionais) para se visualizar nitidamente quantos e quais são os 
direitos protegidos ou consagrados.” 
 
• é expressão mais de cunho naturalista ( ou jusnaturalista) do que jurídico-positivo. 
Conota a série de direitos naturais (ou, ainda não positivados) aptos à proteção global 
do homem e válidos em todos os tempos e ocasiões. São direitos que, em tese, ainda 
não se encontram positivados nos textos constitucionais ou nos tratados 
internacionais de proteção.
Direitos do homem 
é expressão afeta à proteção constitucional dos direitos dos cidadãos, aqueles que os 
textos constitucionais houveram por bem registrar. Liga-se, assim, aos aspectos ou 
matizes constitucionais (internos) de proteção, no sentido de já se encontrarem 
positivados nas Constituições contemporâneas
Direitos fundamentais 
• São, por sua vez, direitos inscritos (positivados) em tratados e declarações ou 
decorrentes de costumes de índole internacional. Trata-se daqueles direitos que já 
ascenderam ao patamar do Direito Internacional Público, para além, portanto, do 
domínio reservado do Estado. 
Direitos humanos 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
5 
 
 
A Constituição brasileira de 1988 se utilizou de tais expressões direitos fundamentais e direitos 
humanos com precisão técnica. 
Quando o texto constitucional brasileiro quer fazer referência, por exemplo , aos direitos previstos 
na Constituição, utiliza-se da expressão “direitos fundamentais”, como faz no art. 5º, § 1º, segundo 
o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. 
 Por sua vez, se refere às normas internacionais de proteção da pessoa humana, faz referência à 
expressão “direitos humanos”. 
CF: O§ 3º do mesmo art. 5º, segundo o qual “os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais” 
A Carta das Nações Unidas (1945) parece também fazer essa distinção, quando diz ser um dos 
propósitos da ONU a proteção dos “ direitos humanos e liberdades fundamentais…” 
Os direitos humanos podem ser vindicados indistintamente por todos os cidadãos do planeta e em 
quaisquer condições, bastando ocorrer a violação de um direito seu reconhecido em norma 
internacional do qual o Estado seja parte. 
 
Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
 Nos termos desta disposição: “Todas as pessoasnascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com 
espírito de fraternidade” 
 
À luz da Declaração Universal de 1948, pode- se dizer que os direitos humanos fundam-se em três 
princípios basilares, bem assim em suas combinações e influências recíprocas, quais sejam: 
 1) o da inviolabilidade da pessoa, cujo significado traduz a ideia de que não se pode impor sacrifícios 
a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefícios a outras pessoas; 
2) o da autonomia da pessoa, pelo qual toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, 
desde que seus atos não prejudiquem terceiros; 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
6 
 
 3) o da dignidade da pessoa, verdadeiro núcleo fonte de todos os demais direitos fundamentais do 
cidadão, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus 
atos, e não em relação a outras propriedades suas não alcançáveis por eles 
 
 
2. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS 
Os direitos humanos contemporâneos apresentam características próprias capazes de distingui-los 
de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica. 
É possível apresentar as características dos direitos humanos como sendo as seguintes, 
relativamente à sua titularidade, natureza e princípios, de acordo com Mazzuoli: 
1. Historicidade 
 Os direitos humanos são históricos, isto é, são direitos que se vão construindo com o decorrer do 
tempo. 
Foi tão somente a partir de 1945 (com o fim da Segunda Guerra e com o nascimento da Organização 
das Nações Unidas) que os direitos humanos começaram a, efetivamente, desenvolver-se no plano 
internacional, não obstante a Organização Internacional do Trabalho já existir desde 1919 
(garantindo os direitos humanos – direitos sociais – dos trabalhadores desde o pós-Primeira Guerra). 
Mazzuoli: 
 “Falando em termos de direitos fundamentais, tem-se a revolução burguesa como a 
gênese de proteção desses direitos, os quais vieram posteriormente desenvolver-se com o 
Estado social até chegar aos tempos atuais, com ampliada proteção para outros âmbitos 
do conhecimento humano (para além dos direitos civis e políticos e dos direitos 
econômicos, sociais e culturais), como na garantia do direito ao desenvolvimento, do meio 
ambiente, da paz etc” 
2. Universalidade 
São titulares dos direitos humanos todas as pessoas, o que significa que basta ter a condição de “ser 
humano” para que se possa i nvocar a proteção desses mesmos direitos, tanto no plano interno 
como no plano internacional, independentemente de circunstâncias de sexo, raça, credo religioso, 
afinidade política, status social, econômico, cultural etc 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
7 
 
3. Essencialidade 
Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os valores supremos do ser 
humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), revelando-se essencial, também, 
pela sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de outros direitos 
fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais 
4. Irrenunciabilidade 
Diferentemente do que ocorre com os direitos subjetivos em geral, os direitos humanos têm como 
característica básica a irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a autorização de seu titular 
não justifica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo; 
5. Inexauribilidade 
São os direitos humanos inexauríveis, no sentido de que têm a possibilidade de expansão, a eles 
podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo, 
Exatamente na forma apregoada pelo § 2º do art. 5º da Constituição de 1988, segundo o qual 
os“direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte” [grifo nosso] 
Segundo Mazzuoli: 
“Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem outros…”) diz 
serem duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, vez que os mesmos 
podem ser complementados tanto por direitos decorrentes do regime e dos princípios 
por ela adotados, como por direitos advindos dos tratados internacionais de direitos 
humanos em que o Brasil seja parte” 
6. Imprescritibilidade 
São os direitos humanos imprescritíveis, não se esgotando com o passar do tempo e podendo ser a 
qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda do seu exercício pelo advento da prescrição. 
Mazzuoli: “Em outras palavras, os direitos humanos não se perdem ou se divagam no tempo, salvo 
as limitações expressamente impostas por tratados internacionais que preveem procedimentos 
perante cortes ou instâncias internacionais” 
 
7. Vedação do retrocesso 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
8 
 
Os direitos humanos devem sempre (e cada vez mais) agregar algo de novo e melhor ao ser humano, 
não podendo o Estado proteger menos do que já protegia anteriormente. Em outros termos, os 
Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. 
 
Segundo Mazzuoli: 
Em outros termos, os Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos 
direitos humanos. Assim, se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior mais 
benéfica, essa norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do 
retrocesso (igualmente conhecido como princípio da “proibição de regresso”, do “não 
retorno” ou “efeito cliquet”) 
Os tratados internacionais de direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, também não 
podem impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto 
no plano interno quanto na própria órbita internacional. 
Nesse sentido, vários tratados de direitos humanos já contêm cláusulas que dispõem que nenhuma 
de suas disposições “pode ser interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer 
direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-
partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”, tal como faz o 
art. 29, alínea b, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969. 
8. Transnacionalidade 
Segundo Dalmo de Abreu Dallari, para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são 
reconhecidos e protegidos por todos os Estados, embora existam variações quanto à enumeração 
desses direitos, bem como quanto à forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da 
nacionalidade ou cidadania, sendo assegurados a qualquer pessoa”. 
Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma 
nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos 
fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em facedo caráter transcendental 
dos direitos humanos. 
9. Indivisibilidade e interdependência 
 
Para Mazzuoli, 
“A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos 
humanos, a promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida 
verdadeiramente digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos 
humanos estiverem sendo respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Editalwww.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
9 
 
culturais. Trata-se de uma característica do conjunto de normas e não de cada direito 
individualmente considerado. A interdependência diz respeito aos direitos humanos 
considerados em espécie, ao se entender que certo direito não alcança a eficácia plena sem 
a realização simultânea de alguns ou de todos os outros direitos humanos. E essa 
característica não distingue direitos civis e políticos ou econômicos, sociais ou culturais, pois 
a realização de um direito específico pode depender (como geralmente ocorre) do respeito e 
promoção de diversos outros, independente de sua classificação.” 
Conferência Internacional de Teerã –“Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, 
sociais e culturais torna-se impossível”. Viena 1993 “Todos os direitos humanos são universais, 
indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. 
Inerência 
Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são inerentes 
a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 
3. FONTES: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Entende-se como Direitos Humanos Internacionais a soma dos direitos civis, políticos, econômicos, 
sociais, culturais e coletivos estipulados pelos instrumentos internacionais e regionais e pelo 
costume internacional. 
Principais fontes: 
1. os tratados internacionais 
2. costume internacional 
3. os princípios também são considerados como fonte formal primária. 
Há, ainda, as fontes auxiliares, tais como a doutrina e decisões judiciais 
Lembremos do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça traz as fontes do Direito 
Internacional. 
Artigo 38. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as 
controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 
2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
10 
 
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
5. As decisões judiciais as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas 
nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do 
disposto no Artigo 59. 
6.A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex 
aequo et bono, se convier às parte 
Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não mencionadas 
no artigo 38: 
• os atos unilaterais e as 
• resoluções vinculantes das organizações internacionais 
 
1. Tratados 
Tratados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de Direito 
Internacional, também chamados de Convenções, Pactos. 
Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser 
entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. 
No âmbito do sistema global têm-se os seguintes tratados (considerados os mais importantes): 
1. Pactos de Direitos Humanos de 1966 
2. Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, e 
contra a Mulher, de 1979; 
3. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, de 1984, 
4. Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; 
5. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes 
Trabalhadores e dos Membros de suas Famílias, de 1999; 
6. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
7. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento 
Forçado. 
 
Aos tratados universais de direitos humanos acrescenta-se algumas convenções da OIT como, por 
exemplo: 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
11 
 
• Convenção n. 1694 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989 
• Convenção n. 182 sobre a Proibição e a Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas 
de Trabalho Infantil, de 1999. 
No sistema regional (OEA) tem-se as seguintes convenções: 
• Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José), de 1969; 
• Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985; 
• Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994; 
• do mesmo ano, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher 
• a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra 
Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999. 
2. Costumes Internacionais 
O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como 
válida e juridicamente exigível determinada obrigação. 
Os costumes aplicam-se a todos os Estados, mesmo aqueles que deliberadamente recusaram-se a 
ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma das 
suas disposições por meio de reservas 
 
O costume internacional é formado por dois elementos: 
 
a)Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; 
referem-se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do 
novo Direito Internacional Público. 
 
b)Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados 
pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos 
 
• A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma 
costumeira da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como 
elemento de interpretação do conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta 
da ONU 
 
3. Princípios Gerais de Direito 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
12 
 
• São aqueles aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, como a boa-fé, do 
respeito à coisa julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 
 
4. Fontes Auxiliares 
 
• Decisões judiciais – a jurisprudência é considerada apenas uma fonte auxiliar. 
 
• Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui, segundo Mazzuoli, 
a Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar 
o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação” 
 
4. A TEORIA DAS "GERAÇÕES“ OU “DIMENSÕES” DE DIREITOS 
HUMANOS. 
A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel Vasak, que a 
apresentou em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) 
em 1979, inspirado no lema da Revolução Francesa: 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
13 
 
 
A doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não “gerações”, pois esta traz a ideia de 
sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos humanos. 
 Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. 
Bonavides afirma que a melhor expressão seria “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de 
não existir realmente umasucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também 
quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a 
melhor interpretá-los e realizá-los. 
Vejamos cada uma das dimensões, segundo a doutrina de André de Carvalho Ramos 
 
1ª Geração/Dimensão: 
• surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os chamados direitos 
de liberdade, chamados prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de 
autonomia do indivíduo. 
• Assim, Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do 
máximo de liberdade possível para todos. 
• Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, 
traduzindo o valor de liberdade 
 
Liberdade Igualdade Fraternidade
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
14 
 
2ª Geração/Dimensão: 
A partir da Industrialização e Condições Precárias de trabalho. 
Englobam os chamados direitos de igualdade. 
• Prestações Positivas 
• Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de 
reparar a iniquidade vigente. 
• Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação 
 
3ª Geração/Dimensão: 
• Englobam os chamados direitos de solidariedade. 
• Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito à autodeterminação e, em 
especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. 
 
Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do desenvolvimento da 
globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização do Estado Social. 
Exemplos: direito à democracia, direito à informação 
Essa tríade geracional tem sido referida ao longo do tempo, especialmente no plano doutrinário, 
tendo por base a evolução histórica pela qual passou o constitucionalismo ocidental. 
Nesse sentido, tem-se entendido que os direitos começaram a se desenvolver no plano dos direitos 
civis e políticos 
Passando, num segundo momento, para o âmbito dos direitos econômicos, sociais e culturais, bem 
assim dos direitos coletivos ou de coletividades, 
Culminando com a proteção de direitos como o meio ambiente, a comunicação, o patrimônio 
comum da humanidade etc. 
Para Mazzuoli: 
A classificação tradicional das “gerações” dos direitos humanos vista acima tem sido 
objeto de inúmeras críticas, as quais apontam para a não correspondência entre tais 
“gerações de direito” e o processo histórico de efetivação e solidificação dos direitos 
humanos. De outra banda, verifica-se que a ideia geracional de direitos tem acarretado 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
15 
 
confusões conceituais no que tange às suas características distintivas dos direitos 
humanos. 
A crítica mais contundente que se tem feito ao chamado sistema geracional de direitos é no sentido 
de que, se as gerações de direitos induzem à ideia de sucessão – por meio da qual uma categoria 
de direitos sucede à outra que se finda –, a realidade histórica aponta, em sentido contrário, para 
a concomitância do surgimento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma 
ou outra natureza. 
No plano interno, por exemplo, a consagração nas Constituições dos direitos sociais foi, em geral, 
posterior à dos direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional o surgimento da 
Organização Internacional do Trabalho, em 1919, propiciou a elaboração de diversas convenções 
regulamentando os direitos sociais dos trabalhadores, antes mesmo da internacionalização dos 
direitos civis e políticos no plano externo. 
Se poderia ainda dizer – com apoio em Carlos Weis – que as tais “gerações” de direitos 
humanos “não são nada além do que uma tentativa de tornar mais palatável a noção 
da historicidade dos direitos humanos, isto é, de explicar de forma sintética que o 
surgimento daqueles obedeceu às injunções histórico-políticas, cujas características 
marcaram os direitos nascidos naquele momento”. 
5. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: HISTÓRIA 
E EVOLUÇÃO. 
 
 
O chamado “Direito Internacional dos Direitos Humanos” (International Human Rights Law) é 
a fonte da moderna sistemática internacional de proteção desses direitos, cujo primeiro e mais 
remoto antecedente histórico remonta aos tratados de paz de Westfália de 1648, que 
colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos. 
 
 Porém, pode-se dizer que os precedentes históricos mais concretos do atual sistema 
internacional de proteção dos direitos humanos são 
 
o o Direito Humanitário, 
o a Liga das Nações e 
o a Organização Internacional do Trabalho. 
 
De fato, tais precedentes são situados pela doutrina como os marcos mais importantes da 
formação do que hoje se conhece por arquitetura internacional dos direitos humanos 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
16 
 
O Direito Humanitário (criado no século XIX) é aquele aplicável no caso de conflitos 
armados, cuja função é estabelecer limites à atuação do Estado, com vistas a assegurar a 
observância e cumprimento dos direitos humanos; sua aplicação não está adstrita aos 
conflitos internacionais, podendo perfeitamente dar-se em caso de conflitos armados 
internos. 
 
Na definição de Christophe Swinarski, esse direito se consubstancia no “conjunto de 
normas internacionais, de origem convencional ou consuetudinária, especificamente 
destinado a ser aplicado nos conflitos armados, internacionais ou não internacionais, e 
que limita, por razões humanitárias, o direito das Partes em conflito de escolher 
livremente os métodos e os meios utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e os 
bens afetados, ou que possam ser afetados pelo conflito”. 
 
 
A proteção humanitária visa proteger, em caso de guerra, militares postos fora de combate (feridos, 
doentes, náufragos, prisioneiros etc.) e populações civis em geral, devendo os seus princípios ser 
hoje aplicados quer às guerras internacionais, quer às guerras civis ou a quaisquer outros conflitos 
armados. 
 
 
 
Voluntários da Cruz Vermelha prestam assistência a civis deslocados pela guerra civil de Ruanda, em 
1994. Foto: Cruz Vermelha do Reino Unido/Flickr 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
17 
 
 
O segundo reforço à concepção da necessidade de relativização da soberania dos Estados foi a 
criação, após a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), da Liga das Nações, cuja finalidade era 
promover a cooperação, a paz e a segurança internacionais, condenando agressões externas contra 
a integridade territorial e a independência política dos seus membros. 
 
 
A Convenção da Liga, de 1920, como explica Flávia Piovesan, “continha previsões genéricas relativas 
aos direitos humanos, destacando-se as voltadas ao mandate system of the League, ao sistema das 
minorias e aos parâmetros internacionais do direito ao trabalho – pelo qual os Estados 
comprometiam-se a assegurar condições justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e 
crianças”, sendo certo que tais dispositivos “representavam um limite à concepção de soberania 
estatal absoluta, na medida em que a Convenção da Liga estabelecia sanções econômicas e militares 
a serem impostas pela comunidade internacional contra os Estados que violassem suas 
obrigações”, fator esse que veio redefinir “a noção de soberania absoluta do Estado, que passava 
a incorporar, em seu conceito, compromissose obrigações de alcance internacional, no que diz 
respeito aos direitos humanos”. 
A Convenção da Liga foi, assim, um segundo precedente importante para a asserção do tema 
“direitos humanos” ao plano do Direito Internacional, à medida que já previa sanções aos Estados 
por violação dos direitos humanos. 
Contudo, o antecedente que mais contribuiu para a formação do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada, finda a Primeira Guerra 
Mundial, com o objetivo de estabelecer critérios básicos de proteção ao trabalhador, regulando sua 
condição no plano internacional, tendo em vista assegurar padrões mais condizentes de dignidade 
e de bem-estar social. 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
18 
 
 
 
De acordo com André Carvalho Ramos, 
De fato, se no plano do Direito Humanitário e no da Liga das Nações os direitos 
encontravam-se ainda nebulosos, além de circunscritos a âmbitos restritos, como as 
situações de conflito armado, o certo é que no plano da OIT os direitos das pessoas (no 
caso, dos trabalhadores) passaram a ser mais facilmente visualizáveis, ficando mais 
nítido saber qual sujeito de direitos estava sendo protegido pela ordem internacional. 
 
Desde a sua fundação, em 1919, a OIT já conta com quase duas centenas de convenções 
internacionais promulgadas, às quais os Estados-partes, além de aderir, viram-se obrigados a 
cumprir e respeitar. 
 
Em face deste breve apanhado histórico, pode-se concluir que esses três precedentes contribuíram 
em conjunto para a ideia de que a proteção dos direitos humanos deve ultrapassar as fronteiras 
estatais, transcendendo os limites da soberania territorial dos Estados para alçar-se à categoria de 
matéria de ordem internacional. 
Pode-se dizer que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o “direito do pós—guerra”, nascido 
em decorrência dos horrores cometidos pelos nazistas durante o Holocausto (1939-1945). 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
19 
 
 
Segundo André Carvalho Ramos, 
O legado do Holocausto para a internacionalização dos direitos humanos, portanto, 
consistiu na preocupação que gerou na consciência coletiva mundial da falta que fazia 
uma arquitetura internacional de proteção desses direitos, com vistas a impedir que 
atrocidades daquela monta jamais viessem a novamente ocorrer no planeta. 
Viram-se os Estados obrigados a construir toda uma normatividade internacional eficaz em 
que o respeito aos direitos humanos encontrasse efetiva proteção. 
O tema, então, tornou—se preocupação de interesse comum dos Estados, bem como um 
dos principais objetivos da sociedade internacional. Desde esse momento, então, é que o 
Direito Internacional dos Direitos Humanos inicia efetivamente o seu processo de 
solidificação. 
O “direito a ter direitos” (segundo a terminologia de Hannah Arendt) passou a ser o 
referencial primeiro de todo esse processo internacionalizante. 
A doutrina da soberania estatal absoluta, assim, com o fim da Segunda Guerra, passa a 
sofrer um abalo dramático com a crescente preocupação em se efetivar os direitos 
humanos no plano internacional, sujeitando-se às limitações decorrentes de sua 
proteção. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
20 
 
 
Assim, a partir do surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da consequente 
aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o Direito Internacional dos 
Direitos Humanos começa a dar ensejo à produção de inúmeros tratados internacionais destinados 
a proteger os direitos básicos dos indivíduos; 
Pouco mais tarde, começam a aparecer tratados internacionais versando direitos humanos 
específicos, como os das pessoas com deficiência, das mulheres, das crianças, dos idosos, dos 
refugiados, das populações indígenas e comunidades tradicionais etc 
Surge, então, no âmbito da Organização das Nações Unidas, um sistema global de proteção dos 
direitos humanos, tanto de caráter geral (a exemplo do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos) como de caráter específico (v.ġ., as convenções internacionais de combate à tortura, à 
discriminação racial, à discriminação contra as mulheres, à violação dos direitos das crianças etc.) 
Segundo André Carvalho Ramos: 
 
A estrutura normativa de proteção internacional dos direitos humanos, contudo, além 
dos instrumentos de proteção global, de que são exemplos, dentre outros, a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e 
o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e cujo código básico 
é a chamada International Bill of Human Rights, abrange, também, os instrumentos de 
proteção regional, aqueles pertencentes aos sistemas europeu, americano e africano 
(v.ġ., no sistema americano, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos) 
Todos esses sistemas de proteção (o global e os regionais) devem ser entendidos como 
sendo coexistentes e complementares uns dos outros, uma vez que direitos idênticos são 
protegidos por vários desses sistemas ao mesmo tempo, cabendo ao indivíduo escolher 
qual o aparato mais favorável deseja utilizar a fim de vindicar, no plano internacional, os 
seus direitos violados. 
 
 
RESUMO 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
21 
 
. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. 
Segundo Celso Albuquerque Mello: 
 
A reciprocidade constitui um dos princípios basilares para a cooperação entre os povos, é instituto 
necessário para fazer com que os Estados solucionem seus conflitos internacionais sem que haja 
ferimento à igualdade ou ao respeito entre os Estados. 
A Reciprocidade influi diretamente na formulação do Direito Internacional. O termo reciprocidade é 
proveniente do latim reciprocus, a reciprocidade tem seu significado naquilo que é recíproco, isto é, 
situação em que são estabelecidas condições mútuas ou correspondentes. É a situação 
compreendida em dar e receber. A reciprocidade vem implicar na igualdade de direitos, de 
 
É relativamente grande a parte das normas internacionais contemporâneas que diz respeito à 
promoção e proteção dos direitos humanos, havendo já uma gama considerável de tratados dessa 
índole (globais e regionais) atualmente conhecidos. 
Todos eles têm uma característica fundamental: a proteção dos direitos da pessoa humana 
independentemente de qualquer condição. 
Nessa sistemática, basta a condição de ser pessoa humana para que todos possam vindicar seus 
direitos violados, tanto no plano interno como no contexto internacional. (Mazzuoli) 
A primeira premissa da qual se tem que partir ao estudar os direitos das pessoas é a de que tais 
direitos têm dupla proteção atualmente: uma proteção interna (afeta ao Direito Constitucional e às 
leis) e outra internacional (objeto de estudo do Direito Internacional Público). 
A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com 
o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, 
língua, religião, condição política e social etc. 
A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com 
o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, 
língua, religião, condição política e social etc. 
Ao iniciar o estudodo sistema internacional de proteção dos direitos humanos, mister aclarar o 
conteúdo das expressões “direitos do homem”, “direitos fundamentais” e “direitos humanos
”, segundo a doutrina de Valério Mazzuoli: 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
22 
 
 
 
Para Mazzuoli: 
“Dizer que os “direitos fundamentais” são mais facilmente visualizáveis que os “direitos 
humanos”, pelo fato de estarem positivados no ordenamento jurídico interno (Constituição) de 
determinado Estado, é afirmação falsa. Basta compulsar os tratados e declarações internacionais de 
proteção dos direitos humanos (tanto do sistema global como dos sistemas regionais) para se 
visualizar nitidamente quantos e quais são os direitos protegidos ou consagrados.” 
 
 
A Constituição brasileira de 1988 se utilizou de tais expressões direitos fundamentais e direitos 
humanos com precisão técnica. 
Quando o texto constitucional brasileiro quer fazer referência, por exemplo , aos direitos previstos 
na Constituição, utiliza-se da expressão “direitos fundamentais”, como faz no art. 5º, § 1º, 
segundo o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata”. 
 Por sua vez, se refere às normas internacionais de proteção da pessoa humana, faz referência à 
expressão “direitos humanos”. 
CF: O§ 3º do mesmo art. 5º, segundo o qual “os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” 
A Carta das Nações Unidas (1945) parece também fazer essa distinção, quando diz ser um dos 
propósitos da ONU a proteção dos “ direitos humanos e liberdades fundamentais…” 
Os direitos humanos podem ser vindicados indistintamente por todos os cidadãos do planeta e em 
quaisquer condições, bastando ocorrer a violação de um direito seu reconhecido em norma 
internacional do qual o Estado seja parte. 
 
Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
23 
 
 Nos termos desta disposição: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de 
fraternidade” 
 
À luz da Declaração Universal de 1948, pode- se dizer que os direitos humanos fundam-se em três 
princípios basilares, bem assim em suas combinações e influências recíprocas, quais sejam: 
 1) o da inviolabilidade da pessoa, cujo significado traduz a ideia de que não se pode impor sacrifícios 
a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefícios a outras pessoas; 
2) o da autonomia da pessoa, pelo qual toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, 
desde que seus atos não prejudiquem terceiros; 
 3) o da dignidade da pessoa, verdadeiro núcleo fonte de todos os demais direitos fundamentais do 
cidadão, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus 
atos, e não em relação a outras propriedades suas não alcançáveis por eles 
 
 
2. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS 
Os direitos humanos contemporâneos apresentam características próprias capazes de distingui-los 
de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica. 
É possível apresentar as características dos direitos humanos como sendo as seguintes, 
relativamente à sua titularidade, natureza e princípios, de acordo com Mazzuoli: 
1. Historicidade 
 Os direitos humanos são históricos, isto é, são direitos que se vão construindo com o decorrer do 
tempo. 
Foi tão somente a partir de 1945 (com o fim da Segunda Guerra e com o nascimento da Organização 
das Nações Unidas) que os direitos humanos começaram a, efetivamente, desenvolver-se no plano 
internacional, não obstante a Organização Internacional do Trabalho já existir desde 1919 
(garantindo os direitos humanos – direitos sociais – dos trabalhadores desde o pós-Primeira Guerra). 
Mazzuoli: 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
==1b755f==
 
 
 
24 
 
 “Falando em termos de direitos fundamentais, tem-se a revolução burguesa como a gênese de 
proteção desses direitos, os quais vieram posteriormente desenvolver-se com o Estado social até 
chegar aos tempos atuais, com ampliada proteção para outros âmbitos do conhecimento humano 
(para além dos direitos civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais), como na 
garantia do direito ao desenvolvimento, do meio ambiente, da paz etc” 
2. Universalidade 
São titulares dos direitos humanos todas as pessoas, o que significa que basta ter a condição de “
ser humano” para que se possa i nvocar a proteção desses mesmos direitos, tanto no plano interno 
como no plano internacional, independentemente de circunstâncias de sexo, raça, credo religioso, 
afinidade política, status social, econômico, cultural etc 
 
3. Essencialidade 
Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os valores supremos do ser 
humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), revelando-se essencial, também, 
pela sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de outros direitos 
fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais 
4. Irrenunciabilidade 
Diferentemente do que ocorre com os direitos subjetivos em geral, os direitos humanos têm como 
característica básica a irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a autorização de seu titular 
não justifica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo; 
5. Inexauribilidade 
São os direitos humanos inexauríveis, no sentido de que têm a possibilidade de expansão, a eles 
podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo, 
Exatamente na forma apregoada pelo § 2º do art. 5º da Constituição de 1988, segundo o qual os
“direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte” [grifo nosso] 
Segundo Mazzuoli: 
“Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem outros…”) diz serem 
duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, vez que os mesmos podem ser 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
25 
 
complementados tanto por direitos decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, como 
por direitos advindos dos tratados internacionais de direitos humanos em que o Brasil seja parte” 
6. Imprescritibilidade 
São os direitos humanos imprescritíveis, não se esgotando com o passar do tempo e podendo ser a 
qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda do seu exercício pelo advento da prescrição. 
Mazzuoli: “Em outras palavras, os direitos humanos não se perdem ou se divagam no tempo, salvo 
as limitações expressamente impostas por tratados internacionais que preveem procedimentos 
perante cortes ou instâncias internacionais” 
 
7. Vedação do retrocesso 
Os direitos humanos devem sempre (e cada vez mais) agregar algo de novo e melhor ao ser humano, 
não podendo o Estado proteger menos do que já protegia anteriormente. Em outros termos, os 
Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. 
 
Segundo Mazzuoli: 
Em outros termos, os Estadosestão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos 
humanos. Assim, se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior mais benéfica, essa 
norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do retrocesso (igualmente 
conhecido como princípio da “proibição de regresso”, do “não retorno” ou “efeito cliquet”
) 
Os tratados internacionais de direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, também não 
podem impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto 
no plano interno quanto na própria órbita internacional. 
Nesse sentido, vários tratados de direitos humanos já contêm cláusulas que dispõem que nenhuma 
de suas disposições “pode ser interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer 
direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes 
ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”, tal como faz o art. 29, 
alínea b, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969. 
8. Transnacionalidade 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
26 
 
Segundo Dalmo de Abreu Dallari, para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são 
reconhecidos e protegidos por todos os Estados, embora existam variações quanto à enumeração 
desses direitos, bem como quanto à forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da 
nacionalidade ou cidadania, sendo assegurados a qualquer pessoa”. 
Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma 
nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos 
fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em facedo caráter transcendental 
dos direitos humanos. 
9. Indivisibilidade e interdependência 
Para Mazzuoli, 
“A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos humanos, a 
promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida verdadeiramente 
digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos humanos estiverem sendo 
respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e culturais. Trata-se de uma 
característica do conjunto de normas e não de cada direito individualmente considerado. A 
interdependência diz respeito aos direitos humanos considerados em espécie, ao se entender que 
certo direito não alcança a eficácia plena sem a realização simultânea de alguns ou de todos os 
outros direitos humanos. E essa característica não distingue direitos civis e políticos ou econômicos, 
sociais ou culturais, pois a realização de um direito específico pode depender (como geralmente 
ocorre) do respeito e promoção de diversos outros, independente de sua classificação.” 
Conferência Internacional de Teerã –“Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, 
sociais e culturais torna-se impossível”. Viena 1993 “Todos os direitos humanos são 
universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. 
Inerência 
Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são inerentes 
a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 
3. FONTES: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Entende-se como Direitos Humanos Internacionais a soma dos direitos civis, políticos, econômicos, 
sociais, culturais e coletivos estipulados pelos instrumentos internacionais e regionais e pelo 
costume internacional. 
Principais fontes: 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
27 
 
1. os tratados internacionais 
2. costume internacional 
3. os princípios também são considerados como fonte formal primária. 
Há, ainda, as fontes auxiliares, tais como a doutrina e decisões judiciais 
Lembremos do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça traz as fontes do Direito 
Internacional. 
Artigo 38. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que 
sejam submetidas, deverá aplicar; 
2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
5. As decisões judiciais as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, 
como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 
59. 
6.A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, 
se convier às parte 
Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não mencionadas 
no artigo 38: 
• os atos unilaterais e as 
• resoluções vinculantes das organizações internacionais 
 
1. Tratados 
Tratados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de Direito 
Internacional, também chamados de Convenções, Pactos. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
28 
 
Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser 
entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. 
No âmbito do sistema global têm-se os seguintes tratados (considerados os mais importantes): 
1. Pactos de Direitos Humanos de 1966 
2. Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, e contra 
a Mulher, de 1979; 
3. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, de 1984, 
4. Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; 
5. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores 
e dos Membros de suas Famílias, de 1999; 
6. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
7. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento 
Forçado. 
 
Aos tratados universais de direitos humanos acrescenta-se algumas convenções da OIT como, por 
exemplo: 
• Convenção n. 1694 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989 
• Convenção n. 182 sobre a Proibição e a Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas 
de Trabalho Infantil, de 1999. 
No sistema regional (OEA) tem-se as seguintes convenções: 
• Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José), de 1969; 
• Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985; 
• Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994; 
• do mesmo ano, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
29 
 
• a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra 
Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999. 
2. Costumes Internacionais 
O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como 
válida e juridicamente exigível determinada obrigação. 
Os costumes aplicam-se a todos os Estados, mesmo aqueles que deliberadamenterecusaram-se a 
ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma das 
suas disposições por meio de reservas 
O costume internacional é formado por dois elementos: 
a)Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem-se aos 
fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito Internacional 
Público. 
b)Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados pelos 
Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos 
• A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira da 
Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do 
conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU 
3. Princípios Gerais de Direito 
• São aqueles aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, como a boa-fé, do respeito 
à coisa julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 
 
4. Fontes Auxiliares 
• Decisões judiciais – a jurisprudência é considerada apenas uma fonte auxiliar. 
• Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui, segundo Mazzuoli, a 
Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o 
desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação” 
4. A TEORIA DAS "GERAÇÕES“ OU “DIMENSÕES” DE DIREITOS HUMANOS. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
30 
 
A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel Vasak, que a 
apresentou em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) 
em 1979, inspirado no lema da Revolução Francesa: 
 
A doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não “gerações”, pois esta traz a ideia 
de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos humanos. 
 Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. 
Bonavides afirma que a melhor expressão seria “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de 
não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também 
quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor 
interpretá-los e realizá-los. 
Vejamos cada uma das dimensões, segundo a doutrina de André de Carvalho Ramos 
1ª Geração/Dimensão: 
• surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os chamados direitos 
de liberdade, chamados prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de 
autonomia do indivíduo. 
• Assim, Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do 
máximo de liberdade possível para todos. 
• Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, 
traduzindo o valor de liberdade 
2ª Geração/Dimensão: 
A partir da Industrialização e Condições Precárias de trabalho. 
Englobam os chamados direitos de igualdade. 
• Prestações Positivas 
• Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de 
reparar a iniquidade vigente. 
• Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
31 
 
3ª Geração/Dimensão: 
• Englobam os chamados direitos de solidariedade. 
• Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito à autodeterminação e, em 
especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. 
Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do desenvolvimento da globalização 
política, correspondente à derradeira fase de institucionalização do Estado Social. Exemplos: direito 
à democracia, direito à informação 
Essa tríade geracional tem sido referida ao longo do tempo, especialmente no plano doutrinário, 
tendo por base a evolução histórica pela qual passou o constitucionalismo ocidental. 
Nesse sentido, tem-se entendido que os direitos começaram a se desenvolver no plano dos direitos 
civis e políticos 
Passando, num segundo momento, para o âmbito dos direitos econômicos, sociais e culturais, bem 
assim dos direitos coletivos ou de coletividades, 
Culminando com a proteção de direitos como o meio ambiente, a comunicação, o patrimônio 
comum da humanidade etc. 
Para Mazzuoli: 
A classificação tradicional das “gerações” dos direitos humanos vista acima tem sido objeto de 
inúmeras críticas, as quais apontam para a não correspondência entre tais “gerações de direito” 
e o processo histórico de efetivação e solidificação dos direitos humanos. De outra banda, verifica-
se que a ideia geracional de direitos tem acarretado confusões conceituais no que tange às suas 
características distintivas dos direitos humanos. 
A crítica mais contundente que se tem feito ao chamado sistema geracional de direitos é no sentido 
de que, se as gerações de direitos induzem à ideia de sucessão – por meio da qual uma categoria de 
direitos sucede à outra que se finda –, a realidade histórica aponta, em sentido contrário, para a 
concomitância do surgimento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma ou 
outra natureza. 
No plano interno, por exemplo, a consagração nas Constituições dos direitos sociais foi, em geral, 
posterior à dos direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional o surgimento da 
Organização Internacional do Trabalho, em 1919, propiciou a elaboração de diversas convenções 
regulamentando os direitos sociais dos trabalhadores, antes mesmo da internacionalização dos 
direitos civis e políticos no plano externo. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
32 
 
Se poderia ainda dizer – com apoio em Carlos Weis – que as tais “gerações” de direitos humanos 
“não são nada além do que uma tentativa de tornar mais palatável a noção da historicidade dos 
direitos humanos, isto é, de explicar de forma sintética que o surgimento daqueles obedeceu às 
injunções histórico-políticas, cujas características marcaram os direitos nascidos naquele momento
”. 
5. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO. 
O chamado “Direito Internacional dos Direitos Humanos” (International Human Rights Law) é a 
fonte da moderna sistemática internacional de proteção desses direitos, cujo primeiro e mais 
remoto antecedente histórico remonta aos tratados de paz de Westfália de 1648, que colocaram 
fim à Guerra dos Trinta Anos. 
 
 Porém, pode-se dizer que os precedentes históricos mais concretos do atual sistema internacional 
de proteção dos direitos humanos são 
 
o o Direito Humanitário, 
o a Liga das Nações e 
o a Organização Internacional do Trabalho. 
 
De fato, tais precedentes são situados pela doutrina como os marcos mais importantes da formação 
do que hoje se conhece por arquitetura internacional dos direitos humanos 
O Direito Humanitário (criado no século XIX) é aquele aplicável no caso de conflitos armados, cuja 
função é estabelecer limites à atuação do Estado, com vistas a assegurar a observância e 
cumprimento dos direitos humanos; sua aplicação não está adstrita aos conflitos internacionais, 
podendo perfeitamente dar-se em caso de conflitos armados internos. 
A proteção humanitária visa proteger, em caso de guerra, militares postos fora de combate (feridos, 
doentes, náufragos, prisioneiros etc.) e populações civis em geral, devendo os seus princípios ser 
hoje aplicados quer às guerras internacionais, quer às guerras civis ou aquaisquer outros conflitos 
armados. 
O segundo reforço à concepção da necessidade de relativização da soberania dos Estados foi a 
criação, após a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), da Liga das Nações, cuja finalidade era 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
33 
 
promover a cooperação, a paz e a segurança internacionais, condenando agressões externas contra 
a integridade territorial e a independência política dos seus membros. 
A Convenção da Liga foi, assim, um segundo precedente importante para a asserção do tema “
direitos humanos” ao plano do Direito Internacional, à medida que já previa sanções aos Estados 
por violação dos direitos humanos. 
Contudo, o antecedente que mais contribuiu para a formação do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada, finda a Primeira Guerra Mundial, 
com o objetivo de estabelecer critérios básicos de proteção ao trabalhador, regulando sua condição 
no plano internacional, tendo em vista assegurar padrões mais condizentes de dignidade e de bem-
estar social. 
De acordo com André Carvalho Ramos, 
Desde a sua fundação, em 1919, a OIT já conta com quase duas centenas de convenções 
internacionais promulgadas, às quais os Estados-partes, além de aderir, viram-se obrigados a 
cumprir e respeitar. 
Em face deste breve apanhado histórico, pode-se concluir que esses três precedentes contribuíram 
em conjunto para a ideia de que a proteção dos direitos humanos deve ultrapassar as fronteiras 
estatais, transcendendo os limites da soberania territorial dos Estados para alçar-se à categoria de 
matéria de ordem internacional. 
Pode-se dizer que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o “direito do pós—guerra”, 
nascido em decorrência dos horrores cometidos pelos nazistas durante o Holocausto (1939-1945). 
Assim, a partir do surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da consequente 
aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o Direito Internacional dos 
Direitos Humanos começa a dar ensejo à produção de inúmeros tratados internacionais destinados 
a proteger os direitos básicos dos indivíduos; 
Pouco mais tarde, começam a aparecer tratados internacionais versando direitos humanos 
específicos, como os das pessoas com deficiência, das mulheres, das crianças, dos idosos, dos 
refugiados, das populações indígenas e comunidades tradicionais etc 
Surge, então, no âmbito da Organização das Nações Unidas, um sistema global de proteção dos 
direitos humanos, tanto de caráter geral (a exemplo do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos) como de caráter específico (v.ġ., as convenções internacionais de combate à tortura, à 
discriminação racial, à discriminação contra as mulheres, à violação dos direitos das crianças etc.) 
Todos esses sistemas de proteção (o global e os regionais) devem ser entendidos como sendo 
coexistentes e complementares uns dos outros, uma vez que direitos idênticos são protegidos por 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
34 
 
vários desses sistemas ao mesmo tempo, cabendo ao indivíduo escolher qual o aparato mais 
favorável deseja utilizar a fim de vindicar, no plano internacional, os seus direitos violados. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Chegamos ao final da nossa aula! Continuaremos observando pontos muito importantes da matéria 
e essenciais para a compreensão da disciplina como um todo. 
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato comigo. Estou disponível no fórum no 
Curso, por e-mail e pelo Instagram. 
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! 
Vanessa Arns 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
 
1. (CESPE-CEBRASPE/ANCINE – 2013) 
 
profvanessabrito@gmail.com 
 
@vanessa.arns 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
35 
 
Em relação aos direitos fundamentais, aos remédios constitucionais e à organização político-
administrativa do Estado, julgue os itens subsecutivos. 
 
Constituem os chamados direitos de primeira geração os direitos civis e sociais, caracterizados 
pelo valor da liberdade, enquanto os denominados direitos de segunda geração são aqueles 
relacionados aos direitos econômicos, políticos e culturais, decorrentes do ideal da igualdade, e 
os chamados direitos de terceira geração são representados pelos direitos correlacionados ao 
valor da solidariedade ou fraternidade. 
Comentários: 
A alternativa está incorreta. Tradicionalmente a doutrina classifica os direitos fundamentais como de 
primeira, segunda e terceira gerações. Os direitos de primeira geração seriam os direitos relacionados às 
liberdades individuais e direitos civis; os direitos de segunda geração englobariam direitos econômicos, 
sociais e culturais e os direitos de terceira geração protegeriam direitos difusos. Portanto, incorreta a 
afirmativa. 
 
 
2. (FCC/Defensor Público – DPE-MA/2018) 
Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de terceira geração o direito 
A) à imigração e refúgio, à participação na economia globalizada e à segurança. 
B) ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os direitos. 
C) à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo. 
D) à bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais 
E) ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeterminação dos povos. 
 
 
Comentários: 
A Letra E está correta e é o gabarito da questão. Os direitos fundamentais de primeira dimensão 
são os ligados ao valor liberdade, são os direitos civis e políticos. São direitos individuais com caráter 
negativo por exigirem diretamente uma abstenção do Estado, seu principal destinatário. 
Ligados ao valor igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são os direitos sociais, 
econômicos e culturais. São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem 
atuações do Estado. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
36 
 
Os direitos fundamentais de terceira geração, ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são os 
relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, 
bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de 
comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero 
humano. 
Por fim, introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, os direitos de quarta geração 
compreendem os direitos à democracia, informação e pluralismo. 
 
4. (XIX Concurso Público para Provimento de Cargos de Juiz Federal Substituto da 3ª Região – 
Aplicação 2018). Considere as seguintes assertivas e assinale a INCORRETA: 
a) Sobre as fontes do Direito Internacional Público, a doutrina clássica afirma que tratado e costume 
possuem o mesmo valor sem que um tenha primazia sobre o outro; por isso, um pode derrogar ou 
modificar o outro. 
b) O ato unilateral tem sido considerado pela doutrina como fonte do Direito Internacional, apesar 
de não constar expressamente do rol previsto no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de 
Justiça, tendo, como exemplo, as resoluções das organizações internacionais. 
c) Dentre os princípios gerais de direito no âmbito interno, os seguintes foram consagrados na 
jurisprudência internacional, segundo doutrina: (i) proibição ao abuso de direito; (ii) 
responsabilidade internacional decorrente de atos ilícitos e restituiçãodo que foi adquirido por 
enriquecimento ilícito; (iii) exceção da prescrição liberatória; (iv) obrigação de reparar os danos 
emergentes e lucros cessantes. 
d) O recurso à equidade prescinde da concordância das partes para ser validamente utilizado pelo 
juiz internacional ao proferir sua decisão. 
Comentários: 
A alternativa A está correta, pois menciona que a doutrina clássica possui o entendimento de 
ausência de hierarquia entre as fontes do direito internacional, notadamente conforme o 
entendimento de Celso Mello. Tal entendimento deriva, sobretudo, do Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça - estabelecida pela Carta das Nações Unidas como o principal órgão 
judiciário das Nações Unidas – e que apresenta em seu artigo 38 rol não taxativo de fontes do direito 
internacional, tais como as convenções internacionais e o costume internacional. Todavia, é 
importante destacar que a doutrina contemporânea e, em especial, no âmbito dos Direitos 
Humanos, preceitua a prevalência dos tratados em prol da efetivação dos direitos humanos, o que 
ocorre, por exemplo, no Pacto de Direitos Civis e Políticos, o qual proíbe, de modo expresso, 
qualquer restrição ou derrogação aos direitos humanos reconhecidos ou vigentes em qualquer 
Estado Parte, em virtude de outras convenções, ou de leis, regulamentos ou costumes, “sob pretexto 
de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau” (artigo 5 item 2) . 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
37 
 
A alternativa B está correta. Conforme exposto, o rol do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça não é considerado pela doutrina como taxativo. Assim, os atos unilaterais encontram a 
sua fonte nos costumes, e são dotados de algumas condições para o reconhecimento de sua 
validade, tais como: ter origem es Estado soberano ou outro sujeito de Direito Internacional Público, 
o seu conteúdo ser admissível no direito, a vontade de ser livre de vícios. Segundo Celso de Mello 
“Ele pode ser definido como “o ato por meio do qual um sujeito de direito internacional aceita uma 
determinada situação de fato ou de direito e, eventualmente, declara considerá-la legítima”. 
A Alternativa C está correta. Alguns princípios gerais são reconhecidos internacionalmente: 
proibição do uso ou ameaça de força; solução pacífica das controvérsias; não intervenção nos 
assuntos internos dos Estados; dever de cooperação internacional; igualdade de direitos e 
autodeterminação dos povos; igualdade soberana dos Estados; boa-fé no cumprimento das 
obrigações internacionais. A assertiva traz, contudo, princípios gerais mais contemporâneos, como 
aqueles que envolvem a responsabilidade internacional. A responsabilização dos Estados no âmbito 
do Direito Internacional é tema tratado pela doutrina contemporânea, vez que a negação da 
incidência do princípio geral da responsabilidade representa a retirada dos Estados do dever de 
comportarem-se em consonância com os compromissos internacionais, em especial no âmbito das 
violações aos Direitos Humanos. 
A Alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão, haja vista que foi solicitada a assertiva 
incorreta. A equidade é recurso que não dispensa a concordância das partes para ser validamente 
utilizado pelo juiz internacional ao proferir sua decisão. Com efeito, a utilização da equidade deve 
ser expressamente prevista pelas partes para que possa a sua utilização ser considerada válida. O 
artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça estipula que “A presente disposição não 
prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto 
concordarem”. 
 
5. Ano: 2017 Banca: TRF – 2ª Região Órgão: TRF – 2ª REGIÃO - 2017 - Juiz Federal Substituto. 
Quanto à internalização de tratados ao ordenamento nacional, assinale a opção correta: 
A) O sistema de recepção de tratados internacionais previsto na Constituição Federal não acolhe o 
chamado princípio do efeito direto e imediato dos tratados ou convenções internacionais sobre 
Direitos Humanos. 
B) A extradição solicitada por Estado estrangeiro para Fins de cumprimento de pena somente poderá 
ser deferida depois de internalizado o tratado de extradição firmado entre o Brasil e o respectivo 
Estado estrangeiro. 
C) Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso Nacional, 
seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir validade no 
Direito brasileiro. 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
1799519
92844218458 - Diego Souza Novaes
 
 
 
38 
 
D) Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao domínio 
da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de internalização seja 
observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição. 
E) Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não podem ser 
objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proibição de 
retrocesso. 
Comentários: 
A alternativa A está correta. A constituição Federal prevê processo específico para a incorporação 
de tratados ou convenções internacionais sobre direitos humanos, de forma que, segundo a 
doutrina clássica do direito internacional, não há que se falar em aplicabilidade imediata destes atos 
internacionais. Essa é a interpretação do artigo 5º, LXXVIII, parágrafo 3º da Constituição Federal. 
A alternativa B está incorreta. De fato, poderá ocorrer a extradição se existir tratado bi ou 
multilateral que vincule os Estados envolvidos. Todavia, na ausência de vinculação das partes, o 
Brasil poderá conceder a extradição mediante declaração de reciprocidade, segundo a qual, se 
houver crime análogo no país que solicitado, o outro solicitante se compromete a conceder a 
extradição solicitada. Cabe lembrar que a Constituição Federal estabelece limites quanto à matéria: 
nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes 
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
na forma da lei e não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião 
(artigo 5º LI, LII da CF). 
A alternativa C está incorreta. O procedimento narrado se refere àquele específico para a 
incorporação de tratados que versem sobre direitos humanos. A incorporação dos demais tratados 
seguem o rito previsto no artigo 47 da Constituição Federal, segundo o qual, “salvo disposição 
constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por 
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros”. 
A alternativa D está incorreta. O STF já decidiu que, os tratados internacionais, quando não tratarem 
de direitos humanos, encontram-se no plano das leis ordinárias em posição inferior à Constituição 
Federal (ADI 1.480 e na CR 8.279). Assim, após a incorporação ao ordenamento pátrio, os tratados 
internacionais que não versem sobre direitos humanos possuem o patamar hierárquico em 
igualdade de condições com às demais leis ordinárias. 
A alternativa E está incorreta. A possibilidade de denúncia está prevista no artigo 62 da Convenção 
de Viena e pode ocorrer diante da mudança fundamental de circunstâncias. A denúncia constitui 
uma das formas de extinção do tratado e a regra geral é que os tratados somente podem ser 
denunciados quando é prevista expressamente esta possibilidade. Ademais, a convenção de Viena 
prevê em seu artigo 56, 2 que “Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de 
antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 
1”.

Continue navegando