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Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital Autor: Vanessa Brito Arns Aula 06 19 de Fevereiro de 2021 92844218458 - Diego Souza Novaes Sumário Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 2 Reciprocidade ....................................................................................................................................... 3 1. Proteção Internacional dos Direitos Humanos. ............................................................................ 3 2. Direitos Humanos: Características ................................................................................................ 6 3. Fontes: Proteção Internacional dos Direitos Humanos ................................................................. 9 4. A teoria das "gerações“ ou “dimensões” de direitos humanos. ................................................. 12 5. Proteção internacional dos direitos humanos: história e evolução. ........................................... 15 Resumo ............................................................................................................................................... 20 Considerações Finais ........................................................................................................................... 34 Questões Comentadas ........................................................................................................................ 34 Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 2 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO CONSIDERAÇÕES INICIAIS Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Internacional, com foco em Direitos Humanos. Vejamos os tópicos específicos do edital que serão abordados em aula: Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! Instagram: https://www.instagram.com/vanessa.arns Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 3 RECIPROCIDADE 1. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. Segundo Celso Albuquerque Mello: A reciprocidade constitui um dos princípios basilares para a cooperação entre os povos, é instituto necessário para fazer com que os Estados solucionem seus conflitos internacionais sem que haja ferimento à igualdade ou ao respeito entre os Estados. A Reciprocidade influi diretamente na formulação do Direito Internacional. O termo reciprocidade é proveniente do latim reciprocus, a reciprocidade tem seu significado naquilo que é recíproco, isto é, situação em que são estabelecidas condições mútuas ou correspondentes. É a situação compreendida em dar e receber. A reciprocidade vem implicar na igualdade de direitos, de É relativamente grande a parte das normas internacionais contemporâneas que diz respeito à promoção e proteção dos direitos humanos, havendo já uma gama considerável de tratados dessa índole (globais e regionais) atualmente conhecidos. Todos eles têm uma característica fundamental: a proteção dos direitos da pessoa humana independentemente de qualquer condição. Nessa sistemática, basta a condição de ser pessoa humana para que todos possam vindicar seus direitos violados, tanto no plano interno como no contexto internacional. (Mazzuoli) A primeira premissa da qual se tem que partir ao estudar os direitos das pessoas é a de que tais direitos têm dupla proteção atualmente: uma proteção interna (afeta ao Direito Constitucional e às leis) e outra internacional (objeto de estudo do Direito Internacional Público). A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, língua, religião, condição política e social etc. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 4 A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, língua, religião, condição política e social etc. Ao iniciar o estudo do sistema internacional de proteção dos direitos humanos, mister aclarar o conteúdo das expressões “direitos do homem”, “direitos fundamentais” e “direitos humanos”, segundo a doutrina de Valério Mazzuoli: Para Mazzuoli: “Dizer que os “direitos fundamentais” são mais facilmente visualizáveis que os “direitos humanos”, pelo fato de estarem positivados no ordenamento jurídico interno (Constituição) de determinado Estado, é afirmação falsa. Basta compulsar os tratados e declarações internacionais de proteção dos direitos humanos (tanto do sistema global como dos sistemas regionais) para se visualizar nitidamente quantos e quais são os direitos protegidos ou consagrados.” • é expressão mais de cunho naturalista ( ou jusnaturalista) do que jurídico-positivo. Conota a série de direitos naturais (ou, ainda não positivados) aptos à proteção global do homem e válidos em todos os tempos e ocasiões. São direitos que, em tese, ainda não se encontram positivados nos textos constitucionais ou nos tratados internacionais de proteção. Direitos do homem é expressão afeta à proteção constitucional dos direitos dos cidadãos, aqueles que os textos constitucionais houveram por bem registrar. Liga-se, assim, aos aspectos ou matizes constitucionais (internos) de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados nas Constituições contemporâneas Direitos fundamentais • São, por sua vez, direitos inscritos (positivados) em tratados e declarações ou decorrentes de costumes de índole internacional. Trata-se daqueles direitos que já ascenderam ao patamar do Direito Internacional Público, para além, portanto, do domínio reservado do Estado. Direitos humanos Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 5 A Constituição brasileira de 1988 se utilizou de tais expressões direitos fundamentais e direitos humanos com precisão técnica. Quando o texto constitucional brasileiro quer fazer referência, por exemplo , aos direitos previstos na Constituição, utiliza-se da expressão “direitos fundamentais”, como faz no art. 5º, § 1º, segundo o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. Por sua vez, se refere às normas internacionais de proteção da pessoa humana, faz referência à expressão “direitos humanos”. CF: O§ 3º do mesmo art. 5º, segundo o qual “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” A Carta das Nações Unidas (1945) parece também fazer essa distinção, quando diz ser um dos propósitos da ONU a proteção dos “ direitos humanos e liberdades fundamentais…” Os direitos humanos podem ser vindicados indistintamente por todos os cidadãos do planeta e em quaisquer condições, bastando ocorrer a violação de um direito seu reconhecido em norma internacional do qual o Estado seja parte. Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Nos termos desta disposição: “Todas as pessoasnascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade” À luz da Declaração Universal de 1948, pode- se dizer que os direitos humanos fundam-se em três princípios basilares, bem assim em suas combinações e influências recíprocas, quais sejam: 1) o da inviolabilidade da pessoa, cujo significado traduz a ideia de que não se pode impor sacrifícios a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefícios a outras pessoas; 2) o da autonomia da pessoa, pelo qual toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, desde que seus atos não prejudiquem terceiros; Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 6 3) o da dignidade da pessoa, verdadeiro núcleo fonte de todos os demais direitos fundamentais do cidadão, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus atos, e não em relação a outras propriedades suas não alcançáveis por eles 2. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS Os direitos humanos contemporâneos apresentam características próprias capazes de distingui-los de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica. É possível apresentar as características dos direitos humanos como sendo as seguintes, relativamente à sua titularidade, natureza e princípios, de acordo com Mazzuoli: 1. Historicidade Os direitos humanos são históricos, isto é, são direitos que se vão construindo com o decorrer do tempo. Foi tão somente a partir de 1945 (com o fim da Segunda Guerra e com o nascimento da Organização das Nações Unidas) que os direitos humanos começaram a, efetivamente, desenvolver-se no plano internacional, não obstante a Organização Internacional do Trabalho já existir desde 1919 (garantindo os direitos humanos – direitos sociais – dos trabalhadores desde o pós-Primeira Guerra). Mazzuoli: “Falando em termos de direitos fundamentais, tem-se a revolução burguesa como a gênese de proteção desses direitos, os quais vieram posteriormente desenvolver-se com o Estado social até chegar aos tempos atuais, com ampliada proteção para outros âmbitos do conhecimento humano (para além dos direitos civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais), como na garantia do direito ao desenvolvimento, do meio ambiente, da paz etc” 2. Universalidade São titulares dos direitos humanos todas as pessoas, o que significa que basta ter a condição de “ser humano” para que se possa i nvocar a proteção desses mesmos direitos, tanto no plano interno como no plano internacional, independentemente de circunstâncias de sexo, raça, credo religioso, afinidade política, status social, econômico, cultural etc Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 7 3. Essencialidade Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os valores supremos do ser humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), revelando-se essencial, também, pela sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de outros direitos fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais 4. Irrenunciabilidade Diferentemente do que ocorre com os direitos subjetivos em geral, os direitos humanos têm como característica básica a irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a autorização de seu titular não justifica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo; 5. Inexauribilidade São os direitos humanos inexauríveis, no sentido de que têm a possibilidade de expansão, a eles podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo, Exatamente na forma apregoada pelo § 2º do art. 5º da Constituição de 1988, segundo o qual os“direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte” [grifo nosso] Segundo Mazzuoli: “Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem outros…”) diz serem duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, vez que os mesmos podem ser complementados tanto por direitos decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, como por direitos advindos dos tratados internacionais de direitos humanos em que o Brasil seja parte” 6. Imprescritibilidade São os direitos humanos imprescritíveis, não se esgotando com o passar do tempo e podendo ser a qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda do seu exercício pelo advento da prescrição. Mazzuoli: “Em outras palavras, os direitos humanos não se perdem ou se divagam no tempo, salvo as limitações expressamente impostas por tratados internacionais que preveem procedimentos perante cortes ou instâncias internacionais” 7. Vedação do retrocesso Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 8 Os direitos humanos devem sempre (e cada vez mais) agregar algo de novo e melhor ao ser humano, não podendo o Estado proteger menos do que já protegia anteriormente. Em outros termos, os Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. Segundo Mazzuoli: Em outros termos, os Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. Assim, se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior mais benéfica, essa norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do retrocesso (igualmente conhecido como princípio da “proibição de regresso”, do “não retorno” ou “efeito cliquet”) Os tratados internacionais de direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, também não podem impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto no plano interno quanto na própria órbita internacional. Nesse sentido, vários tratados de direitos humanos já contêm cláusulas que dispõem que nenhuma de suas disposições “pode ser interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados- partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”, tal como faz o art. 29, alínea b, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969. 8. Transnacionalidade Segundo Dalmo de Abreu Dallari, para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos por todos os Estados, embora existam variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo assegurados a qualquer pessoa”. Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em facedo caráter transcendental dos direitos humanos. 9. Indivisibilidade e interdependência Para Mazzuoli, “A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos humanos, a promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida verdadeiramente digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos humanos estiverem sendo respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Editalwww.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 9 culturais. Trata-se de uma característica do conjunto de normas e não de cada direito individualmente considerado. A interdependência diz respeito aos direitos humanos considerados em espécie, ao se entender que certo direito não alcança a eficácia plena sem a realização simultânea de alguns ou de todos os outros direitos humanos. E essa característica não distingue direitos civis e políticos ou econômicos, sociais ou culturais, pois a realização de um direito específico pode depender (como geralmente ocorre) do respeito e promoção de diversos outros, independente de sua classificação.” Conferência Internacional de Teerã –“Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais torna-se impossível”. Viena 1993 “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. Inerência Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 3. FONTES: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Entende-se como Direitos Humanos Internacionais a soma dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e coletivos estipulados pelos instrumentos internacionais e regionais e pelo costume internacional. Principais fontes: 1. os tratados internacionais 2. costume internacional 3. os princípios também são considerados como fonte formal primária. Há, ainda, as fontes auxiliares, tais como a doutrina e decisões judiciais Lembremos do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça traz as fontes do Direito Internacional. Artigo 38. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 10 4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 6.A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às parte Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não mencionadas no artigo 38: • os atos unilaterais e as • resoluções vinculantes das organizações internacionais 1. Tratados Tratados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de Direito Internacional, também chamados de Convenções, Pactos. Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. No âmbito do sistema global têm-se os seguintes tratados (considerados os mais importantes): 1. Pactos de Direitos Humanos de 1966 2. Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, e contra a Mulher, de 1979; 3. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, 4. Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; 5. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores e dos Membros de suas Famílias, de 1999; 6. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 7. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento Forçado. Aos tratados universais de direitos humanos acrescenta-se algumas convenções da OIT como, por exemplo: Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 11 • Convenção n. 1694 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989 • Convenção n. 182 sobre a Proibição e a Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil, de 1999. No sistema regional (OEA) tem-se as seguintes convenções: • Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José), de 1969; • Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985; • Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994; • do mesmo ano, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher • a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999. 2. Costumes Internacionais O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada obrigação. Os costumes aplicam-se a todos os Estados, mesmo aqueles que deliberadamente recusaram-se a ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma das suas disposições por meio de reservas O costume internacional é formado por dois elementos: a)Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem-se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito Internacional Público. b)Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos • A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU 3. Princípios Gerais de Direito Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 12 • São aqueles aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, como a boa-fé, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 4. Fontes Auxiliares • Decisões judiciais – a jurisprudência é considerada apenas uma fonte auxiliar. • Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui, segundo Mazzuoli, a Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação” 4. A TEORIA DAS "GERAÇÕES“ OU “DIMENSÕES” DE DIREITOS HUMANOS. A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel Vasak, que a apresentou em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) em 1979, inspirado no lema da Revolução Francesa: Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 13 A doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não “gerações”, pois esta traz a ideia de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos humanos. Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. Bonavides afirma que a melhor expressão seria “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de não existir realmente umasucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor interpretá-los e realizá-los. Vejamos cada uma das dimensões, segundo a doutrina de André de Carvalho Ramos 1ª Geração/Dimensão: • surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os chamados direitos de liberdade, chamados prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo. • Assim, Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do máximo de liberdade possível para todos. • Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, traduzindo o valor de liberdade Liberdade Igualdade Fraternidade Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 14 2ª Geração/Dimensão: A partir da Industrialização e Condições Precárias de trabalho. Englobam os chamados direitos de igualdade. • Prestações Positivas • Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de reparar a iniquidade vigente. • Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação 3ª Geração/Dimensão: • Englobam os chamados direitos de solidariedade. • Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito à autodeterminação e, em especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do desenvolvimento da globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização do Estado Social. Exemplos: direito à democracia, direito à informação Essa tríade geracional tem sido referida ao longo do tempo, especialmente no plano doutrinário, tendo por base a evolução histórica pela qual passou o constitucionalismo ocidental. Nesse sentido, tem-se entendido que os direitos começaram a se desenvolver no plano dos direitos civis e políticos Passando, num segundo momento, para o âmbito dos direitos econômicos, sociais e culturais, bem assim dos direitos coletivos ou de coletividades, Culminando com a proteção de direitos como o meio ambiente, a comunicação, o patrimônio comum da humanidade etc. Para Mazzuoli: A classificação tradicional das “gerações” dos direitos humanos vista acima tem sido objeto de inúmeras críticas, as quais apontam para a não correspondência entre tais “gerações de direito” e o processo histórico de efetivação e solidificação dos direitos humanos. De outra banda, verifica-se que a ideia geracional de direitos tem acarretado Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 15 confusões conceituais no que tange às suas características distintivas dos direitos humanos. A crítica mais contundente que se tem feito ao chamado sistema geracional de direitos é no sentido de que, se as gerações de direitos induzem à ideia de sucessão – por meio da qual uma categoria de direitos sucede à outra que se finda –, a realidade histórica aponta, em sentido contrário, para a concomitância do surgimento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma ou outra natureza. No plano interno, por exemplo, a consagração nas Constituições dos direitos sociais foi, em geral, posterior à dos direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional o surgimento da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, propiciou a elaboração de diversas convenções regulamentando os direitos sociais dos trabalhadores, antes mesmo da internacionalização dos direitos civis e políticos no plano externo. Se poderia ainda dizer – com apoio em Carlos Weis – que as tais “gerações” de direitos humanos “não são nada além do que uma tentativa de tornar mais palatável a noção da historicidade dos direitos humanos, isto é, de explicar de forma sintética que o surgimento daqueles obedeceu às injunções histórico-políticas, cujas características marcaram os direitos nascidos naquele momento”. 5. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO. O chamado “Direito Internacional dos Direitos Humanos” (International Human Rights Law) é a fonte da moderna sistemática internacional de proteção desses direitos, cujo primeiro e mais remoto antecedente histórico remonta aos tratados de paz de Westfália de 1648, que colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos. Porém, pode-se dizer que os precedentes históricos mais concretos do atual sistema internacional de proteção dos direitos humanos são o o Direito Humanitário, o a Liga das Nações e o a Organização Internacional do Trabalho. De fato, tais precedentes são situados pela doutrina como os marcos mais importantes da formação do que hoje se conhece por arquitetura internacional dos direitos humanos Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 16 O Direito Humanitário (criado no século XIX) é aquele aplicável no caso de conflitos armados, cuja função é estabelecer limites à atuação do Estado, com vistas a assegurar a observância e cumprimento dos direitos humanos; sua aplicação não está adstrita aos conflitos internacionais, podendo perfeitamente dar-se em caso de conflitos armados internos. Na definição de Christophe Swinarski, esse direito se consubstancia no “conjunto de normas internacionais, de origem convencional ou consuetudinária, especificamente destinado a ser aplicado nos conflitos armados, internacionais ou não internacionais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das Partes em conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e os bens afetados, ou que possam ser afetados pelo conflito”. A proteção humanitária visa proteger, em caso de guerra, militares postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros etc.) e populações civis em geral, devendo os seus princípios ser hoje aplicados quer às guerras internacionais, quer às guerras civis ou a quaisquer outros conflitos armados. Voluntários da Cruz Vermelha prestam assistência a civis deslocados pela guerra civil de Ruanda, em 1994. Foto: Cruz Vermelha do Reino Unido/Flickr Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 17 O segundo reforço à concepção da necessidade de relativização da soberania dos Estados foi a criação, após a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), da Liga das Nações, cuja finalidade era promover a cooperação, a paz e a segurança internacionais, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a independência política dos seus membros. A Convenção da Liga, de 1920, como explica Flávia Piovesan, “continha previsões genéricas relativas aos direitos humanos, destacando-se as voltadas ao mandate system of the League, ao sistema das minorias e aos parâmetros internacionais do direito ao trabalho – pelo qual os Estados comprometiam-se a assegurar condições justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e crianças”, sendo certo que tais dispositivos “representavam um limite à concepção de soberania estatal absoluta, na medida em que a Convenção da Liga estabelecia sanções econômicas e militares a serem impostas pela comunidade internacional contra os Estados que violassem suas obrigações”, fator esse que veio redefinir “a noção de soberania absoluta do Estado, que passava a incorporar, em seu conceito, compromissose obrigações de alcance internacional, no que diz respeito aos direitos humanos”. A Convenção da Liga foi, assim, um segundo precedente importante para a asserção do tema “direitos humanos” ao plano do Direito Internacional, à medida que já previa sanções aos Estados por violação dos direitos humanos. Contudo, o antecedente que mais contribuiu para a formação do Direito Internacional dos Direitos Humanos foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada, finda a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de estabelecer critérios básicos de proteção ao trabalhador, regulando sua condição no plano internacional, tendo em vista assegurar padrões mais condizentes de dignidade e de bem-estar social. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 18 De acordo com André Carvalho Ramos, De fato, se no plano do Direito Humanitário e no da Liga das Nações os direitos encontravam-se ainda nebulosos, além de circunscritos a âmbitos restritos, como as situações de conflito armado, o certo é que no plano da OIT os direitos das pessoas (no caso, dos trabalhadores) passaram a ser mais facilmente visualizáveis, ficando mais nítido saber qual sujeito de direitos estava sendo protegido pela ordem internacional. Desde a sua fundação, em 1919, a OIT já conta com quase duas centenas de convenções internacionais promulgadas, às quais os Estados-partes, além de aderir, viram-se obrigados a cumprir e respeitar. Em face deste breve apanhado histórico, pode-se concluir que esses três precedentes contribuíram em conjunto para a ideia de que a proteção dos direitos humanos deve ultrapassar as fronteiras estatais, transcendendo os limites da soberania territorial dos Estados para alçar-se à categoria de matéria de ordem internacional. Pode-se dizer que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o “direito do pós—guerra”, nascido em decorrência dos horrores cometidos pelos nazistas durante o Holocausto (1939-1945). Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 19 Segundo André Carvalho Ramos, O legado do Holocausto para a internacionalização dos direitos humanos, portanto, consistiu na preocupação que gerou na consciência coletiva mundial da falta que fazia uma arquitetura internacional de proteção desses direitos, com vistas a impedir que atrocidades daquela monta jamais viessem a novamente ocorrer no planeta. Viram-se os Estados obrigados a construir toda uma normatividade internacional eficaz em que o respeito aos direitos humanos encontrasse efetiva proteção. O tema, então, tornou—se preocupação de interesse comum dos Estados, bem como um dos principais objetivos da sociedade internacional. Desde esse momento, então, é que o Direito Internacional dos Direitos Humanos inicia efetivamente o seu processo de solidificação. O “direito a ter direitos” (segundo a terminologia de Hannah Arendt) passou a ser o referencial primeiro de todo esse processo internacionalizante. A doutrina da soberania estatal absoluta, assim, com o fim da Segunda Guerra, passa a sofrer um abalo dramático com a crescente preocupação em se efetivar os direitos humanos no plano internacional, sujeitando-se às limitações decorrentes de sua proteção. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 20 Assim, a partir do surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da consequente aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o Direito Internacional dos Direitos Humanos começa a dar ensejo à produção de inúmeros tratados internacionais destinados a proteger os direitos básicos dos indivíduos; Pouco mais tarde, começam a aparecer tratados internacionais versando direitos humanos específicos, como os das pessoas com deficiência, das mulheres, das crianças, dos idosos, dos refugiados, das populações indígenas e comunidades tradicionais etc Surge, então, no âmbito da Organização das Nações Unidas, um sistema global de proteção dos direitos humanos, tanto de caráter geral (a exemplo do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos) como de caráter específico (v.ġ., as convenções internacionais de combate à tortura, à discriminação racial, à discriminação contra as mulheres, à violação dos direitos das crianças etc.) Segundo André Carvalho Ramos: A estrutura normativa de proteção internacional dos direitos humanos, contudo, além dos instrumentos de proteção global, de que são exemplos, dentre outros, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e cujo código básico é a chamada International Bill of Human Rights, abrange, também, os instrumentos de proteção regional, aqueles pertencentes aos sistemas europeu, americano e africano (v.ġ., no sistema americano, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos) Todos esses sistemas de proteção (o global e os regionais) devem ser entendidos como sendo coexistentes e complementares uns dos outros, uma vez que direitos idênticos são protegidos por vários desses sistemas ao mesmo tempo, cabendo ao indivíduo escolher qual o aparato mais favorável deseja utilizar a fim de vindicar, no plano internacional, os seus direitos violados. RESUMO Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 21 . PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. Segundo Celso Albuquerque Mello: A reciprocidade constitui um dos princípios basilares para a cooperação entre os povos, é instituto necessário para fazer com que os Estados solucionem seus conflitos internacionais sem que haja ferimento à igualdade ou ao respeito entre os Estados. A Reciprocidade influi diretamente na formulação do Direito Internacional. O termo reciprocidade é proveniente do latim reciprocus, a reciprocidade tem seu significado naquilo que é recíproco, isto é, situação em que são estabelecidas condições mútuas ou correspondentes. É a situação compreendida em dar e receber. A reciprocidade vem implicar na igualdade de direitos, de É relativamente grande a parte das normas internacionais contemporâneas que diz respeito à promoção e proteção dos direitos humanos, havendo já uma gama considerável de tratados dessa índole (globais e regionais) atualmente conhecidos. Todos eles têm uma característica fundamental: a proteção dos direitos da pessoa humana independentemente de qualquer condição. Nessa sistemática, basta a condição de ser pessoa humana para que todos possam vindicar seus direitos violados, tanto no plano interno como no contexto internacional. (Mazzuoli) A primeira premissa da qual se tem que partir ao estudar os direitos das pessoas é a de que tais direitos têm dupla proteção atualmente: uma proteção interna (afeta ao Direito Constitucional e às leis) e outra internacional (objeto de estudo do Direito Internacional Público). A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, língua, religião, condição política e social etc. A proteção internacional aos direitos humanos nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial com o propósito de proteger os direitos de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo, língua, religião, condição política e social etc. Ao iniciar o estudodo sistema internacional de proteção dos direitos humanos, mister aclarar o conteúdo das expressões “direitos do homem”, “direitos fundamentais” e “direitos humanos ”, segundo a doutrina de Valério Mazzuoli: Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 22 Para Mazzuoli: “Dizer que os “direitos fundamentais” são mais facilmente visualizáveis que os “direitos humanos”, pelo fato de estarem positivados no ordenamento jurídico interno (Constituição) de determinado Estado, é afirmação falsa. Basta compulsar os tratados e declarações internacionais de proteção dos direitos humanos (tanto do sistema global como dos sistemas regionais) para se visualizar nitidamente quantos e quais são os direitos protegidos ou consagrados.” A Constituição brasileira de 1988 se utilizou de tais expressões direitos fundamentais e direitos humanos com precisão técnica. Quando o texto constitucional brasileiro quer fazer referência, por exemplo , aos direitos previstos na Constituição, utiliza-se da expressão “direitos fundamentais”, como faz no art. 5º, § 1º, segundo o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. Por sua vez, se refere às normas internacionais de proteção da pessoa humana, faz referência à expressão “direitos humanos”. CF: O§ 3º do mesmo art. 5º, segundo o qual “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” A Carta das Nações Unidas (1945) parece também fazer essa distinção, quando diz ser um dos propósitos da ONU a proteção dos “ direitos humanos e liberdades fundamentais…” Os direitos humanos podem ser vindicados indistintamente por todos os cidadãos do planeta e em quaisquer condições, bastando ocorrer a violação de um direito seu reconhecido em norma internacional do qual o Estado seja parte. Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 23 Nos termos desta disposição: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade” À luz da Declaração Universal de 1948, pode- se dizer que os direitos humanos fundam-se em três princípios basilares, bem assim em suas combinações e influências recíprocas, quais sejam: 1) o da inviolabilidade da pessoa, cujo significado traduz a ideia de que não se pode impor sacrifícios a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefícios a outras pessoas; 2) o da autonomia da pessoa, pelo qual toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, desde que seus atos não prejudiquem terceiros; 3) o da dignidade da pessoa, verdadeiro núcleo fonte de todos os demais direitos fundamentais do cidadão, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus atos, e não em relação a outras propriedades suas não alcançáveis por eles 2. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS Os direitos humanos contemporâneos apresentam características próprias capazes de distingui-los de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica. É possível apresentar as características dos direitos humanos como sendo as seguintes, relativamente à sua titularidade, natureza e princípios, de acordo com Mazzuoli: 1. Historicidade Os direitos humanos são históricos, isto é, são direitos que se vão construindo com o decorrer do tempo. Foi tão somente a partir de 1945 (com o fim da Segunda Guerra e com o nascimento da Organização das Nações Unidas) que os direitos humanos começaram a, efetivamente, desenvolver-se no plano internacional, não obstante a Organização Internacional do Trabalho já existir desde 1919 (garantindo os direitos humanos – direitos sociais – dos trabalhadores desde o pós-Primeira Guerra). Mazzuoli: Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes ==1b755f== 24 “Falando em termos de direitos fundamentais, tem-se a revolução burguesa como a gênese de proteção desses direitos, os quais vieram posteriormente desenvolver-se com o Estado social até chegar aos tempos atuais, com ampliada proteção para outros âmbitos do conhecimento humano (para além dos direitos civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais), como na garantia do direito ao desenvolvimento, do meio ambiente, da paz etc” 2. Universalidade São titulares dos direitos humanos todas as pessoas, o que significa que basta ter a condição de “ ser humano” para que se possa i nvocar a proteção desses mesmos direitos, tanto no plano interno como no plano internacional, independentemente de circunstâncias de sexo, raça, credo religioso, afinidade política, status social, econômico, cultural etc 3. Essencialidade Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os valores supremos do ser humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), revelando-se essencial, também, pela sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de outros direitos fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais 4. Irrenunciabilidade Diferentemente do que ocorre com os direitos subjetivos em geral, os direitos humanos têm como característica básica a irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a autorização de seu titular não justifica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo; 5. Inexauribilidade São os direitos humanos inexauríveis, no sentido de que têm a possibilidade de expansão, a eles podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo, Exatamente na forma apregoada pelo § 2º do art. 5º da Constituição de 1988, segundo o qual os “direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte” [grifo nosso] Segundo Mazzuoli: “Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem outros…”) diz serem duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, vez que os mesmos podem ser Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 25 complementados tanto por direitos decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, como por direitos advindos dos tratados internacionais de direitos humanos em que o Brasil seja parte” 6. Imprescritibilidade São os direitos humanos imprescritíveis, não se esgotando com o passar do tempo e podendo ser a qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda do seu exercício pelo advento da prescrição. Mazzuoli: “Em outras palavras, os direitos humanos não se perdem ou se divagam no tempo, salvo as limitações expressamente impostas por tratados internacionais que preveem procedimentos perante cortes ou instâncias internacionais” 7. Vedação do retrocesso Os direitos humanos devem sempre (e cada vez mais) agregar algo de novo e melhor ao ser humano, não podendo o Estado proteger menos do que já protegia anteriormente. Em outros termos, os Estados estão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. Segundo Mazzuoli: Em outros termos, os Estadosestão proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos. Assim, se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior mais benéfica, essa norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do retrocesso (igualmente conhecido como princípio da “proibição de regresso”, do “não retorno” ou “efeito cliquet” ) Os tratados internacionais de direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, também não podem impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto no plano interno quanto na própria órbita internacional. Nesse sentido, vários tratados de direitos humanos já contêm cláusulas que dispõem que nenhuma de suas disposições “pode ser interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”, tal como faz o art. 29, alínea b, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969. 8. Transnacionalidade Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 26 Segundo Dalmo de Abreu Dallari, para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos por todos os Estados, embora existam variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo assegurados a qualquer pessoa”. Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em facedo caráter transcendental dos direitos humanos. 9. Indivisibilidade e interdependência Para Mazzuoli, “A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos humanos, a promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida verdadeiramente digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos humanos estiverem sendo respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e culturais. Trata-se de uma característica do conjunto de normas e não de cada direito individualmente considerado. A interdependência diz respeito aos direitos humanos considerados em espécie, ao se entender que certo direito não alcança a eficácia plena sem a realização simultânea de alguns ou de todos os outros direitos humanos. E essa característica não distingue direitos civis e políticos ou econômicos, sociais ou culturais, pois a realização de um direito específico pode depender (como geralmente ocorre) do respeito e promoção de diversos outros, independente de sua classificação.” Conferência Internacional de Teerã –“Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais torna-se impossível”. Viena 1993 “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. Inerência Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 3. FONTES: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Entende-se como Direitos Humanos Internacionais a soma dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e coletivos estipulados pelos instrumentos internacionais e regionais e pelo costume internacional. Principais fontes: Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 27 1. os tratados internacionais 2. costume internacional 3. os princípios também são considerados como fonte formal primária. Há, ainda, as fontes auxiliares, tais como a doutrina e decisões judiciais Lembremos do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça traz as fontes do Direito Internacional. Artigo 38. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 6.A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às parte Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não mencionadas no artigo 38: • os atos unilaterais e as • resoluções vinculantes das organizações internacionais 1. Tratados Tratados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de Direito Internacional, também chamados de Convenções, Pactos. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 28 Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. No âmbito do sistema global têm-se os seguintes tratados (considerados os mais importantes): 1. Pactos de Direitos Humanos de 1966 2. Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, e contra a Mulher, de 1979; 3. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, 4. Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; 5. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores e dos Membros de suas Famílias, de 1999; 6. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 7. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento Forçado. Aos tratados universais de direitos humanos acrescenta-se algumas convenções da OIT como, por exemplo: • Convenção n. 1694 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989 • Convenção n. 182 sobre a Proibição e a Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil, de 1999. No sistema regional (OEA) tem-se as seguintes convenções: • Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José), de 1969; • Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985; • Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994; • do mesmo ano, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 29 • a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999. 2. Costumes Internacionais O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada obrigação. Os costumes aplicam-se a todos os Estados, mesmo aqueles que deliberadamenterecusaram-se a ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma das suas disposições por meio de reservas O costume internacional é formado por dois elementos: a)Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem-se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito Internacional Público. b)Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos • A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU 3. Princípios Gerais de Direito • São aqueles aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, como a boa-fé, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 4. Fontes Auxiliares • Decisões judiciais – a jurisprudência é considerada apenas uma fonte auxiliar. • Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui, segundo Mazzuoli, a Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação” 4. A TEORIA DAS "GERAÇÕES“ OU “DIMENSÕES” DE DIREITOS HUMANOS. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 30 A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel Vasak, que a apresentou em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) em 1979, inspirado no lema da Revolução Francesa: A doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não “gerações”, pois esta traz a ideia de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos humanos. Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. Bonavides afirma que a melhor expressão seria “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor interpretá-los e realizá-los. Vejamos cada uma das dimensões, segundo a doutrina de André de Carvalho Ramos 1ª Geração/Dimensão: • surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os chamados direitos de liberdade, chamados prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo. • Assim, Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do máximo de liberdade possível para todos. • Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, traduzindo o valor de liberdade 2ª Geração/Dimensão: A partir da Industrialização e Condições Precárias de trabalho. Englobam os chamados direitos de igualdade. • Prestações Positivas • Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de reparar a iniquidade vigente. • Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 31 3ª Geração/Dimensão: • Englobam os chamados direitos de solidariedade. • Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito à autodeterminação e, em especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do desenvolvimento da globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização do Estado Social. Exemplos: direito à democracia, direito à informação Essa tríade geracional tem sido referida ao longo do tempo, especialmente no plano doutrinário, tendo por base a evolução histórica pela qual passou o constitucionalismo ocidental. Nesse sentido, tem-se entendido que os direitos começaram a se desenvolver no plano dos direitos civis e políticos Passando, num segundo momento, para o âmbito dos direitos econômicos, sociais e culturais, bem assim dos direitos coletivos ou de coletividades, Culminando com a proteção de direitos como o meio ambiente, a comunicação, o patrimônio comum da humanidade etc. Para Mazzuoli: A classificação tradicional das “gerações” dos direitos humanos vista acima tem sido objeto de inúmeras críticas, as quais apontam para a não correspondência entre tais “gerações de direito” e o processo histórico de efetivação e solidificação dos direitos humanos. De outra banda, verifica- se que a ideia geracional de direitos tem acarretado confusões conceituais no que tange às suas características distintivas dos direitos humanos. A crítica mais contundente que se tem feito ao chamado sistema geracional de direitos é no sentido de que, se as gerações de direitos induzem à ideia de sucessão – por meio da qual uma categoria de direitos sucede à outra que se finda –, a realidade histórica aponta, em sentido contrário, para a concomitância do surgimento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma ou outra natureza. No plano interno, por exemplo, a consagração nas Constituições dos direitos sociais foi, em geral, posterior à dos direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional o surgimento da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, propiciou a elaboração de diversas convenções regulamentando os direitos sociais dos trabalhadores, antes mesmo da internacionalização dos direitos civis e políticos no plano externo. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 32 Se poderia ainda dizer – com apoio em Carlos Weis – que as tais “gerações” de direitos humanos “não são nada além do que uma tentativa de tornar mais palatável a noção da historicidade dos direitos humanos, isto é, de explicar de forma sintética que o surgimento daqueles obedeceu às injunções histórico-políticas, cujas características marcaram os direitos nascidos naquele momento ”. 5. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO. O chamado “Direito Internacional dos Direitos Humanos” (International Human Rights Law) é a fonte da moderna sistemática internacional de proteção desses direitos, cujo primeiro e mais remoto antecedente histórico remonta aos tratados de paz de Westfália de 1648, que colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos. Porém, pode-se dizer que os precedentes históricos mais concretos do atual sistema internacional de proteção dos direitos humanos são o o Direito Humanitário, o a Liga das Nações e o a Organização Internacional do Trabalho. De fato, tais precedentes são situados pela doutrina como os marcos mais importantes da formação do que hoje se conhece por arquitetura internacional dos direitos humanos O Direito Humanitário (criado no século XIX) é aquele aplicável no caso de conflitos armados, cuja função é estabelecer limites à atuação do Estado, com vistas a assegurar a observância e cumprimento dos direitos humanos; sua aplicação não está adstrita aos conflitos internacionais, podendo perfeitamente dar-se em caso de conflitos armados internos. A proteção humanitária visa proteger, em caso de guerra, militares postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros etc.) e populações civis em geral, devendo os seus princípios ser hoje aplicados quer às guerras internacionais, quer às guerras civis ou aquaisquer outros conflitos armados. O segundo reforço à concepção da necessidade de relativização da soberania dos Estados foi a criação, após a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), da Liga das Nações, cuja finalidade era Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 33 promover a cooperação, a paz e a segurança internacionais, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a independência política dos seus membros. A Convenção da Liga foi, assim, um segundo precedente importante para a asserção do tema “ direitos humanos” ao plano do Direito Internacional, à medida que já previa sanções aos Estados por violação dos direitos humanos. Contudo, o antecedente que mais contribuiu para a formação do Direito Internacional dos Direitos Humanos foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada, finda a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de estabelecer critérios básicos de proteção ao trabalhador, regulando sua condição no plano internacional, tendo em vista assegurar padrões mais condizentes de dignidade e de bem- estar social. De acordo com André Carvalho Ramos, Desde a sua fundação, em 1919, a OIT já conta com quase duas centenas de convenções internacionais promulgadas, às quais os Estados-partes, além de aderir, viram-se obrigados a cumprir e respeitar. Em face deste breve apanhado histórico, pode-se concluir que esses três precedentes contribuíram em conjunto para a ideia de que a proteção dos direitos humanos deve ultrapassar as fronteiras estatais, transcendendo os limites da soberania territorial dos Estados para alçar-se à categoria de matéria de ordem internacional. Pode-se dizer que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o “direito do pós—guerra”, nascido em decorrência dos horrores cometidos pelos nazistas durante o Holocausto (1939-1945). Assim, a partir do surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da consequente aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o Direito Internacional dos Direitos Humanos começa a dar ensejo à produção de inúmeros tratados internacionais destinados a proteger os direitos básicos dos indivíduos; Pouco mais tarde, começam a aparecer tratados internacionais versando direitos humanos específicos, como os das pessoas com deficiência, das mulheres, das crianças, dos idosos, dos refugiados, das populações indígenas e comunidades tradicionais etc Surge, então, no âmbito da Organização das Nações Unidas, um sistema global de proteção dos direitos humanos, tanto de caráter geral (a exemplo do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos) como de caráter específico (v.ġ., as convenções internacionais de combate à tortura, à discriminação racial, à discriminação contra as mulheres, à violação dos direitos das crianças etc.) Todos esses sistemas de proteção (o global e os regionais) devem ser entendidos como sendo coexistentes e complementares uns dos outros, uma vez que direitos idênticos são protegidos por Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 34 vários desses sistemas ao mesmo tempo, cabendo ao indivíduo escolher qual o aparato mais favorável deseja utilizar a fim de vindicar, no plano internacional, os seus direitos violados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da nossa aula! Continuaremos observando pontos muito importantes da matéria e essenciais para a compreensão da disciplina como um todo. Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato comigo. Estou disponível no fórum no Curso, por e-mail e pelo Instagram. Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! Vanessa Arns QUESTÕES COMENTADAS 1. (CESPE-CEBRASPE/ANCINE – 2013) profvanessabrito@gmail.com @vanessa.arns Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 35 Em relação aos direitos fundamentais, aos remédios constitucionais e à organização político- administrativa do Estado, julgue os itens subsecutivos. Constituem os chamados direitos de primeira geração os direitos civis e sociais, caracterizados pelo valor da liberdade, enquanto os denominados direitos de segunda geração são aqueles relacionados aos direitos econômicos, políticos e culturais, decorrentes do ideal da igualdade, e os chamados direitos de terceira geração são representados pelos direitos correlacionados ao valor da solidariedade ou fraternidade. Comentários: A alternativa está incorreta. Tradicionalmente a doutrina classifica os direitos fundamentais como de primeira, segunda e terceira gerações. Os direitos de primeira geração seriam os direitos relacionados às liberdades individuais e direitos civis; os direitos de segunda geração englobariam direitos econômicos, sociais e culturais e os direitos de terceira geração protegeriam direitos difusos. Portanto, incorreta a afirmativa. 2. (FCC/Defensor Público – DPE-MA/2018) Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de terceira geração o direito A) à imigração e refúgio, à participação na economia globalizada e à segurança. B) ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os direitos. C) à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo. D) à bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais E) ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeterminação dos povos. Comentários: A Letra E está correta e é o gabarito da questão. Os direitos fundamentais de primeira dimensão são os ligados ao valor liberdade, são os direitos civis e políticos. São direitos individuais com caráter negativo por exigirem diretamente uma abstenção do Estado, seu principal destinatário. Ligados ao valor igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são os direitos sociais, econômicos e culturais. São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do Estado. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 36 Os direitos fundamentais de terceira geração, ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano. Por fim, introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, os direitos de quarta geração compreendem os direitos à democracia, informação e pluralismo. 4. (XIX Concurso Público para Provimento de Cargos de Juiz Federal Substituto da 3ª Região – Aplicação 2018). Considere as seguintes assertivas e assinale a INCORRETA: a) Sobre as fontes do Direito Internacional Público, a doutrina clássica afirma que tratado e costume possuem o mesmo valor sem que um tenha primazia sobre o outro; por isso, um pode derrogar ou modificar o outro. b) O ato unilateral tem sido considerado pela doutrina como fonte do Direito Internacional, apesar de não constar expressamente do rol previsto no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, tendo, como exemplo, as resoluções das organizações internacionais. c) Dentre os princípios gerais de direito no âmbito interno, os seguintes foram consagrados na jurisprudência internacional, segundo doutrina: (i) proibição ao abuso de direito; (ii) responsabilidade internacional decorrente de atos ilícitos e restituiçãodo que foi adquirido por enriquecimento ilícito; (iii) exceção da prescrição liberatória; (iv) obrigação de reparar os danos emergentes e lucros cessantes. d) O recurso à equidade prescinde da concordância das partes para ser validamente utilizado pelo juiz internacional ao proferir sua decisão. Comentários: A alternativa A está correta, pois menciona que a doutrina clássica possui o entendimento de ausência de hierarquia entre as fontes do direito internacional, notadamente conforme o entendimento de Celso Mello. Tal entendimento deriva, sobretudo, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça - estabelecida pela Carta das Nações Unidas como o principal órgão judiciário das Nações Unidas – e que apresenta em seu artigo 38 rol não taxativo de fontes do direito internacional, tais como as convenções internacionais e o costume internacional. Todavia, é importante destacar que a doutrina contemporânea e, em especial, no âmbito dos Direitos Humanos, preceitua a prevalência dos tratados em prol da efetivação dos direitos humanos, o que ocorre, por exemplo, no Pacto de Direitos Civis e Políticos, o qual proíbe, de modo expresso, qualquer restrição ou derrogação aos direitos humanos reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado Parte, em virtude de outras convenções, ou de leis, regulamentos ou costumes, “sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau” (artigo 5 item 2) . Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 37 A alternativa B está correta. Conforme exposto, o rol do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça não é considerado pela doutrina como taxativo. Assim, os atos unilaterais encontram a sua fonte nos costumes, e são dotados de algumas condições para o reconhecimento de sua validade, tais como: ter origem es Estado soberano ou outro sujeito de Direito Internacional Público, o seu conteúdo ser admissível no direito, a vontade de ser livre de vícios. Segundo Celso de Mello “Ele pode ser definido como “o ato por meio do qual um sujeito de direito internacional aceita uma determinada situação de fato ou de direito e, eventualmente, declara considerá-la legítima”. A Alternativa C está correta. Alguns princípios gerais são reconhecidos internacionalmente: proibição do uso ou ameaça de força; solução pacífica das controvérsias; não intervenção nos assuntos internos dos Estados; dever de cooperação internacional; igualdade de direitos e autodeterminação dos povos; igualdade soberana dos Estados; boa-fé no cumprimento das obrigações internacionais. A assertiva traz, contudo, princípios gerais mais contemporâneos, como aqueles que envolvem a responsabilidade internacional. A responsabilização dos Estados no âmbito do Direito Internacional é tema tratado pela doutrina contemporânea, vez que a negação da incidência do princípio geral da responsabilidade representa a retirada dos Estados do dever de comportarem-se em consonância com os compromissos internacionais, em especial no âmbito das violações aos Direitos Humanos. A Alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão, haja vista que foi solicitada a assertiva incorreta. A equidade é recurso que não dispensa a concordância das partes para ser validamente utilizado pelo juiz internacional ao proferir sua decisão. Com efeito, a utilização da equidade deve ser expressamente prevista pelas partes para que possa a sua utilização ser considerada válida. O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça estipula que “A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem”. 5. Ano: 2017 Banca: TRF – 2ª Região Órgão: TRF – 2ª REGIÃO - 2017 - Juiz Federal Substituto. Quanto à internalização de tratados ao ordenamento nacional, assinale a opção correta: A) O sistema de recepção de tratados internacionais previsto na Constituição Federal não acolhe o chamado princípio do efeito direto e imediato dos tratados ou convenções internacionais sobre Direitos Humanos. B) A extradição solicitada por Estado estrangeiro para Fins de cumprimento de pena somente poderá ser deferida depois de internalizado o tratado de extradição firmado entre o Brasil e o respectivo Estado estrangeiro. C) Somente após ser aprovado em duplo turno de votação, nas duas casas do Congresso Nacional, seguido de publicação de Decreto Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir validade no Direito brasileiro. Vanessa Brito Arns Aula 06 Direito Internacional Público e Cooperação p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1799519 92844218458 - Diego Souza Novaes 38 D) Tratado internacional que verse sobre matéria que a Constituição brasileira reserva ao domínio da Lei Complementar poderá ter aplicabilidade interna, bastando que no ato de internalização seja observado o quórum de maioria absoluta previsto no artigo 69 da Constituição. E) Tratados que versem sobre concretização de Direitos Humanos no plano interno não podem ser objeto de denúncia pelo Estado Brasileiro, sob pena de violação ao postulado da proibição de retrocesso. Comentários: A alternativa A está correta. A constituição Federal prevê processo específico para a incorporação de tratados ou convenções internacionais sobre direitos humanos, de forma que, segundo a doutrina clássica do direito internacional, não há que se falar em aplicabilidade imediata destes atos internacionais. Essa é a interpretação do artigo 5º, LXXVIII, parágrafo 3º da Constituição Federal. A alternativa B está incorreta. De fato, poderá ocorrer a extradição se existir tratado bi ou multilateral que vincule os Estados envolvidos. Todavia, na ausência de vinculação das partes, o Brasil poderá conceder a extradição mediante declaração de reciprocidade, segundo a qual, se houver crime análogo no país que solicitado, o outro solicitante se compromete a conceder a extradição solicitada. Cabe lembrar que a Constituição Federal estabelece limites quanto à matéria: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei e não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião (artigo 5º LI, LII da CF). A alternativa C está incorreta. O procedimento narrado se refere àquele específico para a incorporação de tratados que versem sobre direitos humanos. A incorporação dos demais tratados seguem o rito previsto no artigo 47 da Constituição Federal, segundo o qual, “salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros”. A alternativa D está incorreta. O STF já decidiu que, os tratados internacionais, quando não tratarem de direitos humanos, encontram-se no plano das leis ordinárias em posição inferior à Constituição Federal (ADI 1.480 e na CR 8.279). Assim, após a incorporação ao ordenamento pátrio, os tratados internacionais que não versem sobre direitos humanos possuem o patamar hierárquico em igualdade de condições com às demais leis ordinárias. A alternativa E está incorreta. A possibilidade de denúncia está prevista no artigo 62 da Convenção de Viena e pode ocorrer diante da mudança fundamental de circunstâncias. A denúncia constitui uma das formas de extinção do tratado e a regra geral é que os tratados somente podem ser denunciados quando é prevista expressamente esta possibilidade. Ademais, a convenção de Viena prevê em seu artigo 56, 2 que “Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1”.
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