Buscar

curso-161059-aula-11-v1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 174 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 174 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 174 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia
Federal (Delegado) - Pós-Edital
Autor:
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
29 de Janeiro de 2021
 
 
Sumário 
1. Noções gerais .............................................................................................................................. 4 
Doutrina complementar .............................................................................................................................. 9 
Jurisprudência pertinente ........................................................................................................................... 9 
1.1 Classificação dos procedimentos ........................................................................................... 9 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 13 
1.2 Situações específicas de escolha dos procedimentos .......................................................... 14 
1.2.1 Qualificadoras, causas de aumento e de diminuição da pena .......................................................... 16 
1.2.2 Agravantes e atenuantes de pena .................................................................................................... 17 
1.2.3 Concursos de crimes ........................................................................................................................ 18 
1.2.4 Conexão ou continência entre infrações com procedimentos distintos ............................................ 18 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 19 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 20 
1.3 Antigo procedimento comum ordinário .............................................................................. 21 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 23 
2. Procedimento comum ordinário ................................................................................................ 24 
2.1 Oferecimento da peça acusatória ........................................................................................ 24 
2.1.1 Requisitos da denúncia ..................................................................................................................... 26 
2.1.2 Denúncia alternativa ......................................................................................................................... 28 
2.1.3 Denúncia ‘per relationem’ ................................................................................................................ 29 
2.1.4 Delimitação temporal ....................................................................................................................... 30 
2.1.5 Delimitação espacial ......................................................................................................................... 31 
2.1.6 Delimitação subjetiva ....................................................................................................................... 31 
2.1.7 Qualificação do imputado ................................................................................................................ 34 
2.1.8 Normas penais em branco ................................................................................................................ 35 
2.1.9 Rol de testemunhas, aditamento e vítimas ....................................................................................... 36 
2.1.10 Autenticação e identificação .......................................................................................................... 37 
2.1.11 Outros requisitos ............................................................................................................................ 38 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 39 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 39 
2.2 Juízo de admissibilidade da peça acusatória ....................................................................... 40 
2.2.1 Momento do juízo de admissibilidade .............................................................................................. 40 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 43 
2.3 Rejeição da peça acusatória ................................................................................................. 44 
2.3.1 Causas de rejeição............................................................................................................................ 45 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 46 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 51 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 54 
2.3.2 Rejeição parcial ................................................................................................................................ 54 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 55 
2.3.3 Recurso cabível contra a rejeição da peça acusatória ....................................................................... 56 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 57 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 57 
2.4 Trancamento da ação penal ................................................................................................. 58 
2.5 Recebimento da peça acusatória ......................................................................................... 59 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 65 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 2 
 
173 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 65 
2.6 Citação do acusado .............................................................................................................. 67 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 69 
2.7 Reação defensiva à peça acusatória ..................................................................................... 70 
2.7.1 Nomeação de defensor .................................................................................................................... 75 
2.7.2 Conteúdo da resposta à acusação .................................................................................................... 76 
2.7.3 Suspensão condicional do processo x resposta escrita ..................................................................... 78 
2.7.4 Resposta escrita em outros ritos ....................................................................................................... 80 
Doutrina complementar ............................................................................................................................81 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 81 
2.8 Absolvição sumária ............................................................................................................... 82 
2.8.1 Causa excludente da ilicitude do fato .............................................................................................. 85 
2.8.2 Causa excludente da culpabilidade .................................................................................................. 86 
2.8.3 Fato narrado não constitui crime ...................................................................................................... 88 
2.8.4 Extinta a punibilidade do agente ...................................................................................................... 89 
2.8.5 Manifesta ausência de autoria ou participação ................................................................................. 93 
2.8.6 Absolvição sumária parcial e fundamentação ................................................................................... 94 
2.8.7 Recorribilidade em caso de indeferimento ....................................................................................... 95 
2.8.8 Coisa julgada .................................................................................................................................... 96 
Doutrina complementar ............................................................................................................................ 97 
Jurisprudência pertinente ......................................................................................................................... 98 
2.9 Designação da audiência ................................................................................................... 100 
2.9.1 Intimações, comunicações e requisições ........................................................................................ 101 
2.9.2 Princípio da identidade física do juiz .............................................................................................. 104 
Doutrina complementar .......................................................................................................................... 107 
2.10 Audiência de instrução e julgamento ............................................................................... 108 
2.10.1 Prazo de realização ....................................................................................................................... 109 
2.10.2 Ausências no ato .......................................................................................................................... 109 
2.10.3 Sequência na realização dos atos ................................................................................................. 112 
2.10.4 Oitiva dos peritos ......................................................................................................................... 115 
2.10.5 Indeferimento de provas .............................................................................................................. 116 
2.10.6 Diligências .................................................................................................................................... 119 
2.10.7 Alegações finais ............................................................................................................................ 121 
Doutrina complementar .......................................................................................................................... 124 
Jurisprudência pertinente ....................................................................................................................... 126 
3. Procedimento comum sumário ................................................................................................ 131 
3.1 Noções gerais ..................................................................................................................... 131 
Doutrina complementar .......................................................................................................................... 132 
3.2 Distinção entre o procedimento ordinário e sumário ........................................................ 133 
Doutrina complementar .......................................................................................................................... 137 
4. Referências bibliográficas ........................................................................................................ 139 
5. Questões .................................................................................................................................. 142 
5.1 Questões comentadas ........................................................................................................ 142 
5.2 Questões sem comentários ................................................................................................ 161 
5.3 Gabarito ............................................................................................................................. 167 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 3 
 
173 
6. Resumo .................................................................................................................................... 168 
6.1 Procedimento comum ordinário ........................................................................................................ 169 
6.2 Procedimento comum sumário .......................................................................................................... 172 
 
 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 4 
 
173 
1. NOÇÕES GERAIS 
Em primeiro lugar, é importante traçar rápida diferenciação entre os termos processo e 
procedimento. Embora haja nítida relação entre essas duas figuras, seus significados não se 
confundem e devem ser bem compreendidos, inclusive para efeito de distinguir 
competências/fontes materiais do Direito Processual Penal. 
Lembremos algumas normas constitucionais: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; [...] 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: [...] 
XI - procedimentos em matéria processual; 
Não obstante a grande correlação entre os termos (não existe processo sem procedimento e nem 
procedimento que não se refira a um processo), a própria Constituição Federal distingue 
procedimento, inclusive no que se refere a competências legislativas, daquilo que chama de 
‘direito processual’ (processo). 
Assevera MOUGENOT BONFIM a esse respeito: 
Processo é termo mais amplo, que abrange as ideias de procedimento, relação jurídico-
processual e contraditório. O procedimento, assim, integra a noção de processo, e tem 
sido entendido como o modus faciendi da atividade processual. É por meio do 
procedimento que se exterioriza o processo e a relação jurídica que este contém. O 
processo deve ser entendido sob aspecto dúplice: procedimento e relação jurídica. O 
procedimento, por sua vez, nada mais é que o iter, o conjunto de atos que se 
desenvolvem por todo o processo (sejam praticados pelos sujeitos processuais ou por 
terceiros que nele intervêm), voltados a uma atividade final, a sentença (Bonfim, 2013). 
E RENATO BRASILEIRO: 
Assim, enquanto o processo penal é formado por um conjunto de atos processuais que 
o levam da formulação da peça acusatória ao provimento final, geralmente uma 
sentença absolutória ou condenatória, o procedimento é o modo como esse processo 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal(Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 5 
 
173 
se desenvolve, a forma como tramita, enfim, a sequência dos atos que se realizam no 
exercício da jurisdição, bem como a relação que se estabelece entre eles na série, que 
pode ser, no âmbito criminal, comum ordinário, comum sumário, comum sumaríssimo 
ou especial; escrito ou oral; sumário ou dilatado; com uma ou várias instâncias. Por isso, 
costuma-se dizer que o procedimento funciona como a medida do processo (Lima, 
2017). 
Nas mais variadas concepções, boa parte da doutrina costuma definir processo tendo em conta a 
sua finalidade - como instrumento de realização da jurisdição. É fato que tanto na área cível quanto 
na criminal, o direito material precisa de um instrumento complexo, formal e normatizado de 
aplicação – a esse instrumento dá-se o nome de processo. Pode-se compreender o processo como 
instrumento de resultado, de efetividade, de aplicação do direito material (penal) ao caso 
concreto. 
Procedimento, por outro lado, é o modo pelo 
qual se desenvolve o processo; é a sua 
operacionalização, sua ritualística, a sequência, 
a forma de superveniência, correlação e 
sobreposição dos atos processuais que o 
compõe. Em poucas e simples palavras: a forma 
como ‘anda’ o processo. 
Numa linguagem figurada, alguns autores costumam dizer que o processo seria formado por 
relação jurídica (que seria o aspecto intrínseco ou a ‘alma’) mais procedimento (que seria o aspecto 
extrínseco ou o ‘corpo físico’). 
Processo e procedimento não se confundem, embora estejam umbilicalmente ligados. 
O processo é visto majoritariamente como a conjunção da relação jurídica e do 
procedimento. A relação jurídica deve ser entendida como “o conjunto de situações 
jurídicas ativas e passivas que autorizam ou exigem a realização dos atos”, ou seja, a 
relação que interliga os sujeitos do processo, conferindo-lhes poderes, deveres, 
faculdades, ônus e direitos. Por sua vez, o procedimento é a sequência de atos 
interligados, teleologicamente vocacionados para a prolação de um provimento 
jurisdicional. Embora o procedimento tenha passado por longo período sem maiores 
considerações, ressurge atualmente como instituto de fundamental importância no 
direito processual, indicando, inclusive, seu aspecto garantístico. Até pouco tempo 
atrás, a visão do procedimento era essencialmente formal, sem analisar o procedimento 
diante de seu conteúdo teleológico, do resultado a ser obtido com o conjunto de atos. 
No entanto, desde o final do século XX, destaca-se que o procedimento é visto como 
expressão essencial da unidade do processo, em que é colocado como essencial ao 
relação 
jurídica 
'alma'
proced
imento 
'corpo'
PROCESSO
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 6 
 
173 
processo. Portanto, a relação jurídica é o aspecto intrínseco do processo, a sua “alma”, 
enquanto o procedimento é o aspecto extrínseco do processo, o seu “corpo físico”, na 
expressiva lição de Cândido Rangel Dinamarco. Sem o procedimento, afirma Kazuo 
Watanabe, a relação jurídica seria algo amorfo, disforme, sem ossatura (Mendonça, 
2018). 
Outros doutrinadores também definem processo como um procedimento em contraditório. 
Não podemos deixar de registrar, entretanto, a doutrina de Elio Fazzalari, na Itália, 
seguida entre nós por Aroldo Plínio Gonçalves, com o seu Técnica processual e teoria 
do processo (1992), obra com a qual esse autor, aliás, obteve a cátedra de Processo 
Civil da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A 
aludida doutrina altera profundamente a concepção anteriormente mencionada, 
propondo a inversão conceitual dos institutos do processo e do procedimento. 
Para esses autores [...] o processo seria não o gênero, mas tão somente uma espécie de 
procedimento, cuja nota característica e distintiva seria o fato de ser realizado em 
contraditório. E, para além da riqueza da contribuição teórica, a adoção da teoria, 
segundo se observa no citado trabalho [...], apontaria também para consequências de 
alta relevância em nosso ordenamento positivo, no ponto em que permitiria a conclusão 
no sentido de ser perfeitamente possível aos Estados-membros a elaboração de seus 
Códigos de Processo, pela interpretação do quanto se acha disposto no art. 24, XI, da 
CF. 
Todavia, e sem deixar de reconhecer os inúmeros méritos da teoria, preferimos seguir 
compreendendo o processo como o movimento de atos destinados à solução da 
questão penal, informado, pois, por essa finalidade, e a ser realizado por meio de 
procedimentos e ritos diferentes, dependendo da natureza do delito ou da respectiva 
apenação. Isso, na perspectiva instrumental do processo, que não apenas não é única 
como não é a mais importante (Pacelli, 2018). 
De qualquer modo, como disse TORNAGHI (e pela definição do mestre também se percebe a 
correlação dos institutos), “o processo é um caminhar para a frente (pro cedere); é uma sequência 
ordenada de atos que se encadeiam numa sucessão lógica e com um fim, que é o de possibilitar 
ao juiz o julgamento” (Tornaghi, 1977). 
Os procedimentos são diferentes e ditados em lei (ou deveriam ser) buscando uma melhor forma 
de prestação jurisdicional aos mais variados casos concretos, de acordo com a tutela que se busca 
– não é por outro motivo que existem os mais variados ritos. 
[...] cada modalidade de procedimento deve cumprir as exigências de bem permitirem 
a mais adequada atuação da jurisdição, levando sempre em consideração a natureza e 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 7 
 
173 
a gravidade da infração penal. Em outras palavras, os procedimentos não podem perder 
a perspectiva do devido processo legal, instituído com o objetivo de garantir, o quanto 
possível, a realização da Justiça Penal, a começar, portanto, pela imposição de um 
processo justo e equitativo (Pacelli, 2018). 
Não obstante a variedade dos procedimentos (muitas vezes sem uma efetiva utilidade na 
diferenciação), precisamos ter uma boa noção deles, principalmente o comum. Isso porque, 
costuma-se dizer, no processo penal e para o réu, a forma (rito/procedimento) estabelecida em lei 
é sinônimo de garantia. 
Em princípio, quando a lei fixa determinado procedimento para a instrução criminal isso vincula o 
juiz e as partes, sob pena de desrespeito ao devido processo legal e possível nulidade. 
Quanto às consequências decorrentes da inobservância do procedimento fixado em lei, 
prevalece o entendimento de que eventual inversão de algum ato processual ou a 
adoção, por exemplo, do procedimento comum ordinário em detrimento de rito 
especial conduz à nulidade do processo apenas se houver prejuízo à parte. Conquanto 
o princípio do devido processo legal compreenda a garantia ao procedimento tipificado 
em lei, não se admitindo a inversão da ordem processual ou a adoção de um rito por 
outro, entende-se que as regras procedimentais não possuem vida própria, servindo ao 
regular desenvolvimento do processo, possibilitando a aplicação do direito ao caso 
concreto (Lima, 2018). 
[...] o procedimento é um modelo unitário, uma fattispecie, que deve ser observado em 
sua sequência. Caso haja uma desconformidade de algum ato com o procedimento 
previsto em lei ou inversão da ordem dos atos, é possível haver invalidade, seja de um 
ato específico, seja dos demais atos que dele dependem diretamente ou que sejam 
consequência (princípio da causalidade, art. 573, § 1º). No entanto, essa invalidade deve 
ser analisada à luz das garantias do imputado e da eficiência da atividade persecutória 
para verificar se foram ou não alcançadas as finalidades propostas, seja pelo ato, seja 
pelo procedimento como um todo. Somente haverá nulidade se houver prejuízo 
incontornável para tais finalidades, poisas formas não são um fim em si mesmo. Se a 
finalidade buscada for alcançada – seja do ato ou do procedimento globalmente 
considerado –, não será declarada a nulidade do ato ou do procedimento, mesmo que 
houver a adoção do rito equivocado ou se houver inversão de atos procedimentais. Por 
exemplo, se não for observado o procedimento especial, mas se assegurou ao 
imputado as garantias amplas do procedimento ordinário, não há que se falar em 
nulidade. Portanto, mesmo que houver desconformidade em relação ao modelo legal, 
seja do procedimento (como a inversão dos atos) ou de um único ato, só haverá o 
reconhecimento da nulidade se houver demonstração de prejuízo. Em alguns casos, 
esse esforço argumentativo e probatório é facilitado – como no caso de ausência 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 8 
 
173 
completa de citação – e em outros esse ônus argumentativo e probatório é maior – 
como no caso da inversão da ordem de oitiva de testemunhas (Mendonça, 2018). 
De uma forma ampla, considerando algumas grandes etapas, pode-se dizer que o procedimento 
é composto de quatro (4) fases distintas: 
 a) postulatória: a primeira fase do procedimento abrange não apenas a acusação em 
si, oferecida pelo Ministério Público ou pelo querelante, mas também, eventualmente, 
atos de reação defensiva do acusado (v.g., defesa preliminar, quando a defesa tem a 
oportunidade de ser ouvida pelo juiz antes do recebimento da peça acusatória). Em 
sede processual penal, é bom lembrar que, antes do início do processo, é costume 
haver uma fase preliminar de investigações (v.g., inquérito policial, procedimento 
investigatório criminal), destinada à colheita de elementos informativos acerca da 
autoria e materialidade do fato delituoso. Essa fase, todavia, não integra o processo, 
não estando inserida na unidade procedimental; 
 b) instrutória: é a fase na qual são produzidas as provas requeridas pelas partes ou 
determinadas, subsidiariamente, pelo juiz. A instrução do processo não se resume à 
audiência una de instrução e julgamento (CPP, art. 400, caput), quando são ouvidos o 
ofendido, as testemunhas, os peritos e o acusado. Na verdade, desde a fase 
postulatória, acusação e defesa já trazem aos autos elementos informativos e provas 
(v.g., provas cautelares, antecipadas e não repetíveis), que se somarão, posteriormente, 
à prova produzida em juízo; 
 c) decisória: nesta fase, objetivando formar a convicção da entidade julgadora no 
sentido da condenação ou absolvição do acusado, as partes terão a oportunidade de 
se pronunciar quanto ao material probatório constante dos autos do processo (v.g., 
alegações orais). Na sequência, deve ser proferida pelo juiz a sentença, ato dotado de 
eficácia externa que resume todo o procedimento e constitui o seu resultado final, pelo 
menos na 1ª instância; 
 d) recursal: às partes o ordenamento jurídico outorga instrumentos para impugnação 
de decisões judiciais contrárias aos seus interesses, em fiel observância ao princípio do 
duplo grau de jurisdição, previsto expressamente na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos. 
Veja! São quatro fases concebidas pela doutrina considerando as características essenciais do 
variado conjunto de atos que as compõe, estes que são disciplinados pela lei e serão estudados 
na sequência. 
postulatória instrutória decisória recursal
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 9 
 
173 
Doutrina complementar 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “À sequência de atos que devem ser praticados em juízo durante o tramitar da ação dá-se o nome 
de procedimento. Em face do princípio constitucional do devido processo legal, esses ritos processuais 
devem ser previstos em lei, de modo que as partes, previamente, saibam a forma como os atos se 
sucederão, sem que sejam surpreendidas. Considerando, outrossim, que se trata de matéria de ordem 
pública, as partes não podem se compor e, de comum acordo, adotar procedimento que entendam mais 
eficiente ou célere, sob pena de nulidade da ação penal. Tampouco o juiz pode abreviar o procedimento 
ou alterá-lo, pois estará trazendo vício à ação penal”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Os procedimentos 
no processo penal são bem diversificados. O Código de Processo Penal não é sistemático como o Código 
de Processo Civil. Ao lado disso, algumas leis processuais penais especiais trazem previsão de outros 
procedimentos em conformidade com o delito que se esteja a apurar ou a instância onde deva ser 
instaurado o processo. Processo se distingue de procedimento. O procedimento é a sucessão de atos 
realizados nos termos do que preconiza a legislação. O processo é o conjunto, isto é, a concatenação dos 
atos procedimentais”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Processo é uma série ou 
sequência de atos conjugados que se realizam e se desenvolvem no tempo, destinando-se à aplicação da 
lei penal no caso concreto. O processo nada mais é do que o meio pelo qual a atividade jurisdicional se 
viabiliza, ao passo que o procedimento constitui o instrumento viabilizador do processo”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Muito embora o Código de 
Processo se refira à existência de processo comum e especial, é evidente a falta de técnica do legislador 
ao confundir conceitos tão distintos. Em verdade, comum ou especial é o procedimento, jamais o 
processo, que na instância penal só pode ser de conhecimento ou de execução. O art. 394 do CPP 
subdivide os procedimentos no primeiro grau de jurisdição em comum e especial”. 
Jurisprudência pertinente 
Superior Tribunal de Justiça 
[...] O princípio do devido processo legal resguarda a garantia ao procedimento estabelecido pelo 
ordenamento, não se admitindo, em regra, inversões de ordem processual ou a adoção de rito diverso 
- em homenagem ao princípio da segurança jurídica. As normas procedimentais são instrumentais 
e, assim, servem ao normal deslinde do processo para aplicação da lei ao caso em concreto. A 
eventual inobservância desse regramento não tem o condão de gerar, automaticamente, situação 
de nulidade, pois essa, para ser reconhecida, depende da existência do prejuízo à parte. [...] (RHC 
99.081/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe 10/08/2018) 
1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS 
Após as reformas ocorridas em 2008, com a Lei 11.719, a melhor maneira de assimilar a 
classificação dos procedimentos é olhando para o art. 394 do Código de Processo Penal. Não 
obstante a alteração de critérios para a eleição dos procedimentos, agora a definição ficou 
bastante clara e objetiva (didática, inclusive). 
Primariamente, dividem-se os procedimentos em dois grandes grupos: procedimento comum e 
procedimento especial, conforme deixa claro o art. 394, caput do CPP: 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 10 
 
173 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
Os procedimentos especiais relacionam-se a infrações ou espécies de infrações penais peculiares, 
com regras e etapas próprias, e podem estar previstos tanto em legislações penais especiais (v.g. 
procedimento da Lei de Drogas – Lei nº 11.343/2006; procedimento originário dos tribunais – Lei 
nº 8.308/1990 etc.) quanto no próprio CPP (v.g. procedimento dos crimes dolosos contra a vida – 
arts. 406 a 497 do CPP; procedimento dos crimes de responsabilidade de funcionários públicos – 
arts. 513 a 518 do CPP etc.). 
Pense da seguinte forma : 
✓ os procedimentos são chamados de especiais justamenteporque neles se verifica 
alguma peculiaridade, alguma distinção em relação ao procedimento comum (os 
atos processuais dentro deles são diferentes ou se realizam/se sucedem de uma 
forma alterada em relação ao modo comum); 
✓ existem vários procedimentos especiais e nada impede que a lei os crie ou os 
extinga a qualquer momento; 
✓ temos procedimentos especiais no próprio Código ou mesmo fora dele (a maioria). 
O objetivo com a criação dos mais variados procedimentos especiais seria1 uma melhor prestação 
jurisdicional, com maior implementação de direitos e garantias individuais, adotando regras 
próprias mais adequadas ou ajustadas ao crime praticado, ao juízo competente, à condição do 
réu, dentre outras especificidades. 
[...] atualmente aponta-se para a existência de um direito constitucional ao 
procedimento como fator de legitimação da decisão. Inclusive, Alexy asseverou que há 
uma íntima conexão entre direitos fundamentais, organização e procedimento, como 
espécie dos direitos prestacionais. Afirmou a ideia de que a organização e o 
procedimento são meios essenciais para se obter, no ordenamento, resultados eficazes 
das normas de direito fundamental. Há, portanto, uma imbricação material entre 
direitos fundamentais e procedimento, em diversas perspectivas. Nessa linha, extrai-se 
do conjunto de normas constitucionais um direito ao procedimento como direito à ação 
positiva do Estado para tornar efetivos os direitos fundamentais. O procedimento é 
importante forma de se alcançar o melhor resultado possível, aumentando a 
 
 
1 Digo “seria” porque muitas vezes os procedimentos especiais mais atrapalham do que ajudam para 
uma boa prestação jurisdicional. 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 11 
 
173 
probabilidade de um resultado conforme o direito fundamental. Em outras palavras, 
“sem organização e procedimento não se tornam efetivos os direitos fundamentais”. 
Segundo Canotilho leciona [...] a justa conformação do procedimento, no âmbito dos 
direitos fundamentais permite, pelo menos, a presunção de que o resultado obtido 
através da observância do iter procedimental é, com razoável probabilidade e em 
medida suficiente, adequado aos direitos fundamentais. [...] Em outras palavras, a 
observância do procedimento, embora não assegure necessariamente a conformidade 
dos direitos fundamentais com o objetivo buscado, aumenta a probabilidade de um 
resultado nesse sentido. 
O direito ao procedimento no processo penal deve ser visto como um direito a um 
sistema que assegure eficiência com garantismo, ou seja, deve proporcionar a 
efetivação dos direitos à segurança e à liberdade dos indivíduos. Nas palavras de 
Scarance Fernandes, […] o direito ao procedimento processual penal consiste em 
direito a um sistema de princípios e regras que, para alcançar um resultado justo, faça 
atuar as normas do direito repressivo, necessárias para a concretização do direito 
fundamental à segurança, e assegure ao acusado todos os mecanismos essenciais para 
a defesa de sua liberdade. De forma resumida, um sistema que assegura eficiência com 
garantismo, valores fundamentais do processo penal moderno. 
Esse direito ao procedimento deve permitir, portanto, que os órgãos encarregados pela 
persecução possam alcançar as finalidades relativas à persecução penal, da mesma 
forma que deve assegurar que as garantias do imputado relativas ao devido processo 
sejam observadas. Em síntese, “a atuação eficaz dos órgãos encarregados da 
persecução penal e, ao mesmo tempo, assegura a plena efetivação das garantias do 
devido processo penal” (Mendonça, 2018). 
Por sua vez, o procedimento comum ganha esse nome justamente porque é aquele usualmente 
adotado na falta de um rito especial previsto em lei – tem caráter residual/subsidiário; ou seja, na 
inexistência do especial é o comum que devemos adotar. Nesse sentido, veja-se a regra do art. 
394 do CPP: 
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em 
contrário deste Código ou de lei especial. 
O caráter residual do procedimento comum é adotado inclusive no processo civil, quase que com 
as mesmas palavras no CPC: 
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em 
contrário deste Código ou de lei. 
Pense assim : para saber qual o procedimento a ser adotado para apurar uma determinada 
infração penal, o primeiro passo é verificar se existe previsão (e isso tem de estar na lei) de algum 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 12 
 
173 
rito especial; não havendo, o que ‘sobra’ e será adotado (em caráter residual), segundo o CPP, 
será o rito comum. 
O procedimento comum subdivide-se em: ordinário, sumário e sumaríssimo, levando-se em 
consideração a pena máxima abstratamente prevista para o delito praticado, conforme art. 394, § 
1º do CPP. Em respeito à clareza da lei, veja o que o parágrafo e seus incisos dispõem: 
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo. 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou 
superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 
4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. 
A fim de estruturar a ideia do dispositivo, bem como facilitar a compreensão/memória do assunto, 
o procedimento COMUM será: 
a) ordinário, nos crimes cuja sanção máxima cominada 
for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa 
de liberdade; 
b) sumário, nos crimes cuja sanção máxima seja inferior 
a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
c) sumaríssimo, nas infrações penais de menor 
potencial ofensivo, aqui compreendidas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima 
não seja superior a 2 (dois) anos. 
Assim, em resumo, o âmbito de aplicação do procedimento comum é o seguinte: 
procedimento ordinário: pena máxima igual ou superior a quatro anos, quando não 
houver previsão de procedimento especial; 
procedimento sumário: pena máxima superior a dois anos e inferior a quatro anos, 
quando não houver previsão de procedimento especial; 
procedimento sumaríssimo: pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não 
com multa, e todas as contravenções, independentemente da previsão de 
procedimento especial. Por sua vez, nas hipóteses de não aplicação da Lei 9.099/1995, 
o procedimento sumário poderá ser aplicado para as infrações de menor potencial 
ri
to
 C
O
M
U
M
ordinário pena = ou > 4 anos
sumário pena < 4
sumaríssimo IMPO
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 13 
 
173 
ofensivo, nos termos do art. 538 do CPP, como um verdadeiro “procedimento de 
reserva”[...] (Mendonça, 2018). 
O critério de escolha dos procedimentos, atualmente e como podemos perceber da lei, é baseado 
na quantidade✔ de pena (máxima prevista em lei, não a efetivamente aplicada em futura 
sentença condenatória) e não na qualidade ou espécie dela❌. Antes de 2008 era diferente: 
naquela época tomava-se em conta a espécie de pena (reclusão/detenção). 
Portanto, se determinada infração penal não estiver sujeita a algum procedimento 
especial, seu procedimento será o comum ordinário, sumário ou sumaríssimo, a 
depender do quantum de pena cominado ao delito. Por exemplo, se se tratar do crime 
de furto simples (CP, art. 155, caput), cuja pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos, e multa, o procedimento será o comum ordinário. Na hipótese do crime de 
homicídio culposo previsto no art. 121, § 3°, do CP, cuja pena é de detenção, de 1 (um) 
a 3 (três) anos, o procedimentoserá o comum sumário. Por derradeiro, em se tratando 
de desacato (CP, art. 331 ), o procedimento será o comum sumaríssimo, visto que a 
pena cominada a tal delito é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa 
(Lima, 2018). 
Fixados os critérios gerais de eleição dos procedimentos, cumpre, agora, analisarmos algumas 
pontuais situações e crimes. 
Doutrina complementar 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “Os procedimentos podem ser comuns ou especiais. Os procedimentos denominados comuns são 
três, nos termos do art. 394, § 1º: a) ordinário, para apurar os crimes que tenham pena máxima em abstrato 
igual ou superior a 4 anos, e para os quais não haja previsão de rito especial; b) sumário, para os delitos 
que tenham pena máxima superior a 2 anos e inferior a 4, e para os quais não haja previsão de 
procedimento especial; c) sumaríssimo, para a apuração das infrações de menor potencial ofensivo, que 
tramitam perante os Juizados Especiais Criminais, nos termos do art. 98, I, da Constituição Federal. São 
infrações de menor potencial as contravenções penais (todas) e os crimes cuja pena máxima não exceda 
2 anos”. [...] Os procedimentos especiais, por sua vez, são os demais previstos no Código de Processo Penal 
e em leis especiais, como, por exemplo, na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), na Lei Maria da Penha (Lei n. 
11.340/2006), na Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), no Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). São chamados 
de especiais porque aplicáveis somente a determinada categoria de crimes. No Código de Processo Penal 
há procedimento especial para apurar os crimes dolosos contra a vida (procedimento do Júri), os crimes 
contra a honra, os crimes cometidos por funcionário público no desempenho das funções (crimes 
funcionais) e os crimes contra a propriedade imaterial”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Para a generalidade dos 
processos aplica-se o procedimento comum, que pode ser: ordinário, sumário ou sumaríssimo. Na 
subdivisão que estabeleceu, o legislador houve por bem adotar o critério quantitativo, de maneira que se 
observará o procedimento: I – ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for 
igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II – sumário, quando tiver por objeto 
crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III – 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 14 
 
173 
sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. As regras do 
procedimento ordinário estão dispostas nos arts. 395 a 405; do procedimento sumário cuidam os arts. 531 
a 538, e o sumaríssimo está regulado na Lei n. 9.099/ 95. Para delitos particularmente tratados, aplica-se o 
procedimento especial indicado no CPP ou em lei especial”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Dispõe o 
art. 394 do CPP que o procedimento será comum ou especial. Procedimento especial é todo aquele 
previsto no âmbito do Código de Processo Penal ou de Leis Especiais para as hipóteses legais específicas, 
incorporando regras próprias de tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o 
objeto de sua disciplina. Exemplos: Procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos (arts. 513 a 518); Procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523); Procedimento relativo 
aos processos de competência do tribunal do júri (arts. 406 a 497); Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); 
Procedimento dos crimes de competência originária dos tribunais (Lei 8.038/1990) etc. Procedimento 
comum é o rito padrão ditado pelo Código de Processo Penal para ser aplicado residualmente, ou seja, na 
apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto em lei (art. 394, § 2.º). De acordo 
com o art. 394, § 1.º, do CPP, o procedimento comum subdivide-se em três espécies, condicionando-se a 
respectiva aplicação à quantidade da pena máxima cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza 
da infração. Consistem: Procedimento comum ordinário: adequado para a apuração de crimes cuja 
sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1.º, 
I). •Procedimento comum sumário: destinado à apuração de crimes cuja sanção máxima cominada seja 
inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1.º, II), excluindo-se, porém, as que devam 
ser apuradas por meio do rito sumaríssimo. •Procedimento comum sumaríssimo: cabível em relação às 
infrações de menor potencial ofensivo, como tal definidas as contravenções penais e os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa (art. 394, § 1.º, III). Cuida-se, 
em verdade, do rito adequado à apuração das infrações de competência dos juizados especiais criminais, 
conforme dispõe o art. 61 da Lei 9.099/1995”. 
1.2 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DE ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS 
A adoção de um dos ritos nem sempre será decidida apenas e tão somente em razão do quantum 
de pena máxima aplicável. Em alguns casos, a própria lei (mesmo não prevendo procedimento 
especial), determina ou veda rito específico em razão das peculiaridades dos delitos. Trata-se de 
verdadeira opção política do legislador. A doutrina cita, basicamente, três fortes exemplos nesse 
sentido. NORBERTO AVENA bem resume o quadro: 
1) Crimes tipificados no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) cuja pena máxima não 
ultrapasse a quatro anos de prisão: De acordo com o que dispõe o art. 94 do aludido 
Estatuto, o procedimento a ser adotado nestes casos será o previsto na Lei 9.099/1995, 
que, na atualidade, corresponde ao procedimento sumaríssimo previsto no art. 394, § 
1º, III, do CPP. 
Eis os exatos termos da Lei 10.741/2003: 
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não 
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal 
e do Código de Processo Penal. 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 15 
 
173 
2) Crimes praticados mediante violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 
11.340/2006): Trata-se da Lei Maria da Penha, estabelecendo o seu art. 41 que aos 
crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei 
9.099/ 1995, independentemente da quantidade e natureza da pena prevista no tipo 
penal incriminador (v.g., lesões corporais, ameaça, injúria etc.). Portanto, em relação a 
esta ordem de crimes, não será utilizado o procedimento sumaríssimo, devendo a sua 
verificação atender ao procedimento comum ordinário, se for o caso de infração cuja 
pena máxima privativa da liberdade cominada seja igual ou superior a quatro anos de 
prisão (art. 394, § 1. º, I); o procedimento comum sumário, se for hipótese em que o 
máximo da pena de prisão prevista seja inferior a quatro anos (art. 394, § 1. º, II); ou o 
procedimento especial adequado à espécie, v.g., rito do júri. 
Lembre que é a Lei 9.099/1995 que prevê e disciplina o procedimento sumaríssimo; esse 
normativo é afastado inteiramente pela Lei Maria da Penha - por isso que ele acaba não se 
aplicando aos casos de violência doméstica. Eis os exatos termos da Lei 11.340/2006: 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro 
de 1995. 
3) Crimes falimentares (Lei 11.101/2005): Determina o art. 185 da Lei 11.101/ 2005 que, 
uma vez recebida a denúncia ou a queixa subsidiária,observar-se-á o rito previsto nos 
arts. 531 a 540 do CPP (art. 185). Ora, com as alterações introduzidas ao Código de 
Processo Penal pela Lei 11.719/ 2008, os arts. 531 a 540 citados passaram a 
corresponder ao procedimento sumário cujos atos estão agora sequenciados nos arts. 
531 a 536 do CPP. Isto quer dizer que, independente do apenamento máximo previsto 
a tal espécie de delitos ser inferior, igual ou superior a quatro anos, será aplicável, na 
respectiva apuração, o procedimento sumário, nos termos disciplinados nos aludidos 
arts. 531 a 536 do CPP (Avena, 2017). 
Eis os termos da Lei 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária: 
Art. 185. Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto nos arts. 531 a 
540 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. 
Para as organizações criminosas, aplica-se o disposto na Lei 12.850/2013: 
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados 
mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 16 
 
173 
1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste 
artigo. 
Como se percebe, de modo a permitir a adoção de um procedimento mais amplo, que 
melhor assegure às partes o exercício de suas faculdades processuais, o legislador 
instituiu o procedimento comum ordinário como regra para os crimes previstos na Lei 
nº 12.850/13 e para as infrações conexas, independentemente do quantum de pena a 
eles cominados. Apesar de o legislador ter determinado a sujeição ao procedimento 
comum ordinário de todos os crimes previstos na Lei n° 12.850/13, não consta do texto 
legal qualquer restrição à aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 
9.099/95 (v.g., transação penal, suspensão condicional do processo, etc.). Nesse ponto, 
a nova Lei das Organizações Criminosas diferencia-se da Lei Maria da Penha, que tem 
dispositivo expresso vedando a aplicação da Lei nº 9.099/95 (Lei nº 11.340/06, art. 41). 
Logo, se não há qualquer vedação legal, nada impede a concessão da transação penal 
para o crime do art. 21 da Lei no 12.850/13, já que a pena a ele cominada é de reclusão, 
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, desde que preenchidos os demais 
pressupostos. No mesmo contexto, se à infração penal for cominada pena mínima igual 
ou inferior a 1 (um) ano - é o que ocorre com os crimes dos arts. 18, 19, 20 e 21 da Lei 
n° 12.850/13 -, é cabível ac suspensão condicional do processo (Lei n° 9.099/95, art. 
89), pelo menos em tese (Lima, 2018). 
Ademais, atente-se para o fato de que o verdadeiro critério para eleição do procedimento a ser 
adotado (especificamente em relação às subdivisões do procedimento comum) é a pena máxima 
prevista para o delito. Dessa forma, algumas situações devem ser analisadas: 
1.2.1 Qualificadoras, causas de aumento e de diminuição da pena 
Por exercerem indubitável influência nos limites da pena abstratamente prevista, devem ser 
consideradas para aferição da pena máxima. Segundo BONFIM: “Quanto a estas, é necessário 
considerar o máximo possível de aumento previsto e o mínimo de diminuição, verificando-se qual 
seria a situação mais gravosa ao réu para, aí sim, fixar-se o procedimento” (Bonfim, 2013). 
Em relação às qualificadoras, como alteram o próprio patamar mínimo e máximo 
cominado no tipo penal, deverão ser consideradas para fins de solução do 
procedimento a ser aplicado. Da mesma forma, relativamente às causas de aumento e 
diminuição, como alteram a pena prevista em seu mínimo ou máximo, devem ser 
consideradas para fins de verificação de qual o procedimento aplicável. É o 
entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência, inclusive para fins de cálculo 
de benefícios processuais, nos termos da Súmula 723 do STF e Súmula 243 do STJ. 
Quando se tratar de causas de aumento ou diminuição de pena com percentual variável 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 17 
 
173 
(por exemplo, na tentativa, em que há diminuição de um a dois terços), urge 
distinguirmos as causas de aumento das de diminuição. Na hipótese de causas de 
aumento, deve-se utilizar o máximo do aumento, com o fito de acharmos a pena 
máxima cominada. Na hipótese de causas de diminuição, deve-se utilizar o mínimo da 
diminuição, pois, assim agindo, será possível vislumbrar a pena máxima que o agente 
poderá receber ao final do processo. Em síntese, deve-se verificar qual a situação mais 
prejudicial possível ao réu (aumento máximo e diminuição mínima), pois isso permite 
sabermos a pena máxima que este poderá receber (parâmetro usado pelo legislador 
para fixar o procedimento) (Mendonça, 2018). 
Alguns exemplos da doutrina: 
Supondo-se um crime de homicídio culposo (CP, art. 121, § 3°), cuja pena é 
de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, praticado em concurso material com 
o delito de ocultação de cadáver (CP, art. 211), cuja pena máxima é de 3 
(três) anos de reclusão, deve ser aplicado o critério do cúmulo material do art. 69 do 
Código Penal. Logo, somando-se as penas máximas, atinge-se o patamar de 6 (seis) 
anos, razão pela qual o procedimento a ser aplicado será o comum ordinário. 
Da mesma forma que ocorre com as hipóteses de concurso de crimes, as qualificadoras 
e privilégios também devem ser levados em consideração na hora de se estabelecer o 
procedimento comum. Supondo, assim, a prática do crime de abandono de incapaz 
qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave (CP, art. 133, § 1 °), o 
procedimento comum a ser aplicado será o ordinário, porquanto a pena cominada para 
a figura qualificada em questão é de reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos (Lima, 2018). 
1.2.2 Agravantes e atenuantes de pena 
Não serão consideradas, uma vez que, diferentemente dos institutos acima referidos, essas 
circunstâncias não influenciam no mínimo ou no máximo de pena abstratamente previstos. Além 
disso, como lembra BRASILEIRO, também não são consideradas “porque não há critério legal 
predeterminado de majoração ou diminuição da pena em virtude de sua incidência” (Lima, 2017). 
As agravantes e atenuantes estão mais ligadas à individualização da pena, feita pelo juiz, na 
sentença. Não dizem respeito, propriamente, à pena cominada/abstrata e sim à pena em concreto. 
“Não podem alterar o limite mínimo e máximo da pena (conforme Súmula 231 do STJ, que dispõe: 
“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena abaixo do mínimo 
legal”), não interferem no procedimento a ser aplicado” (Mendonça, 2018). 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 18 
 
173 
1.2.3 Concursos de crimes 
São considerados à luz das regras constantes dos artigos 69 a 71 do Código Penal, ou seja, 
“aplicando-se a somatória decorrente do concurso material, a exasperação atinente ao concurso 
formal e o acréscimo advindo de eventual continuidade delitiva” (Bonfim, 2013). 
Isso acontece em respeito à opção política do legislador (feita mediante lei). Quis o legislador que 
no caso de concurso material as penas fossem somadas, e, no caso de concurso formal e 
continuidade, os crimes diferentes fossem tomados como únicos para efeito de cálculo da pena. 
Fazemos isso e dependendo do quantum final de pena elegemos o procedimento – simples assim! 
No caso de concurso de crimes, devemos distinguir se se trata de concurso material, 
formal ou crime continuado. No caso do concurso material (art. 69 do CP), devem ser 
somadas as penas para análise da pena máxima cominada. Em caso de concurso formal 
(art. 70 do CP), deve-se aplicar a majoranteno máximo (aumento de metade). Da 
mesma forma, na hipótese de continuidade delitiva (art. 71 do CP), deve-se aplicar a 
majorante em seu máximo (dois terços). Nesse sentido, inclusive, era a ratio da Súmula 
243 do STJ (Mendonça, 2018). 
Exemplo: alguém que pratique sequestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal, 
cuja pena máxima é de 3 anos) será processado mediante procedimento sumário; 
todavia, se o fizer em concurso material, formal ou continuidade, deverá se submeter a 
um rito ordinário. 
1.2.4 Conexão ou continência entre infrações com procedimentos distintos 
Considere uma hipótese na qual determinado sujeito é denunciado pelo crime de tráfico de 
drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006 – procedimento especial) em concurso com um crime cujo 
procedimento é comum (uma receptação, por exemplo). Indaga-se: qual o procedimento a ser 
adotado? O rito especial da Lei de Drogas ou o procedimento comum? 
Consoante remansosa doutrina e jurisprudência, tem-se entendido que deverá prevalecer, em tais 
casos, o procedimento mais amplo e abrangente, que melhor assegure ao réu seu direito de 
defesa: o procedimento comum ordinário. Muito bem retrata a questão GUILHERME MADEIRA DEZEM: 
Em termos abstratos a doutrina e a jurisprudência acabam por dar a mesma resposta 
para este caso: deverá ser seguido o rito mais abrangente, ou seja, o rito que possua 
maiores possibilidades de defesa. No entanto, questão difícil está em se saber qual será 
este rito no caso concreto. Por um lado, o rito especial possuiria, em tese, duas defesas, 
ou seja, a defesa preliminar antes do recebimento da denúncia e a defesa do art. 396-
A do CPP após o recebimento da denúncia. Por outro lado, a lei especial prevê o 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 19 
 
173 
interrogatório como primeiro ato da audiência, o que torna este rito menos benéfico 
para o acusado. O STJ entendeu neste caso que deve ser seguido o rito comum 
ordinário: 3. Havendo conexão entre o ilícito previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006 
– imputado a todos os acusados – e o disposto no artigo 12 da Lei 10.826/2003 e no 
artigo 155, § 3º, do Código Penal – atribuído apenas ao corréu -, a observância do 
procedimento comum ordinário é medida que se impõe, já que o mencionado rito 
proporciona maiores condições de defesa ao recorrente. Precedentes. (STJ, RHC 
60.415/SP, rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do 
TJ/PE), DJe 05.11.2015) (Dezem, 2018). 
Nesse mesmo sentido, vejamos o Código de Processo Penal Comentado coordenado por ANTONIO 
MAGALHÃES GOMES FILHO e outros: 
Questão não tratada pelo art. 394 é qual procedimento deverá ser utilizado em caso de 
infração com procedimento comum conexa com outra que possua procedimento 
especial. Por exemplo, qual procedimento adotar em caso de conexão entre um crime 
de tráfico de drogas (procedimento especial da Lei de Drogas, Lei 11.343/2006) e um 
crime de moeda falsa (procedimento ordinário)? Parte da jurisprudência e da doutrina 
defendia que, nessa situação, dever-se-ia utilizar o procedimento do crime mais grave 
(no caso, a Lei de Drogas), por ser aplicável o art. 78, inc. II, a, do CPP. Assim não nos 
parece. O art. 78 trata de situação completamente diversa, sem qualquer analogia ou 
relação com o procedimento. Diante da lacuna legislativa, deve ser utilizado, no caso 
de concurso de crimes com procedimentos diversos, o procedimento que for mais 
amplo, por aplicação do princípio constitucional da ampla defesa. Entenda-se por 
procedimento mais amplo aquele que assegure às partes o exercício de maiores 
faculdades processuais, não necessariamente o mais demorado. Nessa linha, o 
procedimento do júri, seja por ser o mais amplo, seja porque, por determinação 
constitucional, julga os crimes dolosos contra a vida e os crimes conexos, irá prevalecer 
em caso de concurso com outros procedimentos (sejam comuns, sejam especiais). Por 
sua vez, o procedimento ordinário é, em geral, o mais amplo, em especial se 
globalmente considerado, se comparado aos demais procedimentos comuns e 
especiais. É o procedimento comum ordinário que possui maior número de atos 
processuais que permitem melhor argumentação pelas partes, em especial pela defesa, 
que poderá não apenas se manifestar sobre a rejeição da queixa e absolvição sumária 
logo no início, mas também na fase final do procedimento (Mendonça, 2018). 
Doutrina complementar 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017. “Para a definição do procedimento devem ser levadas em conta as qualificadoras, bem como as 
causas de aumento e de diminuição de pena, porque influenciam no montante da pena máxima em 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 20 
 
173 
abstrato (...). No caso de concurso de crimes que sejam conexos e devam ser apurados conjuntamente, 
não há dificuldade em se concluir pela adoção do rito ordinário, caso um deles tenha pena máxima igual 
ou superior a 4 anos e o outro não. Suponha-se uma pessoa que tenha cometido um roubo (pena máxima 
de 10 anos) e que, ao ser abordada por policiais, os agrida a fim de evitar a prisão, cometendo, destarte, 
crime de resistência (pena máxima de 2 anos). Evidente que a necessidade de apuração em ação penal 
única faz com que seja adotado o rito ordinário. A questão torna-se um pouco mais complexa se houver 
conexão entre dois delitos que, individualmente, adotariam o rito sumário. Suponha-se uma pessoa que, 
embriagada, efetue disparo acidental com arma de fogo, da qual tem porte, provocando a morte de 
terceiro e que, em seguida, fuja dirigindo um veículo em via pública. Os crimes por ela cometidos 
(homicídio culposo e embriaguez ao volante) têm pena máxima, cada qual, de 3 anos. Fica a dúvida: deve 
ser adotado o rito sumário porque nenhum dos delitos tem pena que alcance o limite de 4 anos, ou deve 
ser seguido o rito ordinário baseado na soma das penas por se tratar de hipótese de concurso material? 
Na ausência de resposta no próprio texto legal, recomendável se mostra a adoção do rito mais amplo, que 
confere maiores possibilidades de defesa, ou seja, o ordinário, observando-se que, no caso em tela, a soma 
das penas acarreta mudança no procedimento judicial, mas não na competência”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Havendo concurso 
de crimes, a tendência natural é que as penas sejam somadas como indicativo do procedimento a ser 
seguido. Devem também ser levadas em conta as qualificadoras e as causas de aumento, estas tomadas 
com a exasperação da fração máxima”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Influência das 
qualificadoras: interferem no procedimento, pois alteram os limites mínimo e/ou máximo das penas, por 
exemplo, o crime de dano na forma simples (CP, art. 163, caput: Pena: detenção, de um a seis meses, ou 
multa) sujeita-se ao procedimento sumaríssimo da Lei n. 9.099/95; porém, se qualificado (CP, art. 163, 
parágrafo único: Pena: detenção de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência), submeter-se-á ao procedimento sumário. Influência das causas de aumento e de 
diminuição: não interessa se estão previstas na Parte Geral ou na Parte Especial. Essas causas, levadas em 
consideração na última fase da fixação da pena, interferem no procedimento a ser seguido, pois 
modificam os limites mínimo e/ou máximo das penas. Exemplos de causa de diminuição: tentativa (CP, 
art. 14, parágrafo único); arrependimento posterior (CP, art. 16); erro de proibição evitável (CP, art. 21, caput, 
2ª parte) etc. Exemplos de causa de aumento: concurso formal (CP, art. 70); crime continuado (CP, art. 71) 
etc. Agravantes e atenuantes: não interferem noprocedimento, pois não alteram os limites das penas 
(...). Conexão entre infrações com procedimentos distintos: caso ocorra a conexão entre infrações 
penais, uma que siga o procedimento comum e outra o rito especial (p. ex.: Lei de Drogas), indaga-se qual 
deveria prevalecer. Não havendo crime de competência do Júri, prevalecerá a do julgamento da infração 
mais grave, consoante o disposto no art. 78 do CP. No entanto, há uma corrente doutrinária, sustentando, 
com arrimo no princípio constitucional da ampla defesa (art. 5º, LV), que deve prevalecer a competência 
do juízo a quem couber a infração penal com o procedimento mais amplo, seja ou não a mais grave. 
Embora a lei não seja expressa nesse sentido, parece esta última posição estar mais de acordo com os 
princípios constitucionais do processo”. 
Jurisprudência pertinente 
Superior Tribunal de Justiça 
[...] TRÁFICO DE SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES. ART. 12 DA LEI Nº 10.826/03. ALEGADA INOBSERVÂNCIA 
DO PROCEDIMENTO PREVISTO NA LEI 11.343/2006. CRIMES CONEXOS. ADOÇÃO DO RITO ORDINÁRIO. 
DEFESA PRELIMINAR APRESENTADA NOS TERMOS DO ART. 396 DO CPP. EIVA INOCORRENTE. 1. 
Atribuindo-se à acusada a prática de crimes diversos, alguns previstos na Lei 11.343/06 e outros que 
observam o rito estabelecido no Código de Processo Penal, este deve prevalecer, em razão da maior 
amplitude à defesa no procedimento nele preconizado (Precedentes STJ). 2. A não adoção do rito 
previsto na Lei nº 11.343/2006 não ocasionou prejuízo à paciente, pois além do procedimento ordinário ser 
o apropriado ao caso em comento, a apresentação de defesa preliminar lhe foi oportunizada nos termos 
do art. 396 da Lei Adjetiva Penal antes do recebimento da exordial acusatória, motivo pelo qual não se 
constata a ocorrência de vício a ensejar a invalidação da instrução criminal. 3. A inobservância do rito 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 21 
 
173 
procedimental previsto no art. 55 da Lei 11.343/2006, que estabelece a apresentação de defesa preliminar 
antes do recebimento da denúncia, implica em nulidade relativa do processo, razão pela qual deve ser 
arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão. 4. Não logrando a defesa demonstrar que foi 
prejudicada, impossível agasalhar-se a pretensão de anular o feito, pois no sistema processual penal 
brasileiro nenhuma nulidade será declarada se não restar comprovado o efetivo prejuízo (art. 563 do CPP). 
[...] (HC 204.658/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 09/11/2011) 
[...] 1. Configurado o concurso material de crimes, alguns previstos na Lei Antitóxicos e outros cujo rito 
é o estabelecido no Código de Processo Penal, este deve prevalecer, haja vista a maior amplitude à 
defesa no procedimento nele preconizado (Precedentes STJ). 2. Ainda que se considerasse que o rito 
a ser adotado fosse o previsto na Lei nº 10.409/02, a sua inobservância implicaria em nulidade relativa 
do processo. 3. Não há que se falar em prejuízo suportado pelo paciente, tendo em vista que o processo 
seguiu seu curso regular, de tal sorte que em todas as fases lhe foi garantida ampla oportunidade de 
defesa, porquanto lhe foi oportunizada a apresentação de defesa antes do recebimento da exordial 
acusatória, bem como o seu interrogatório foi realizado na presença do seu advogado - ainda que 
somente em momento posterior ao recebimento da denúncia. Ademais, não houve qualquer alegação 
de irregularidade do ato em momento oportuno - porquanto somente veio ser arguida pela defesa em 
sede de apelação criminal - circunstâncias que evidenciam que a nulidade encontra-se fulminada pela 
preclusão. [...] (HC 170.379/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 13/12/2011, DJe 
01/02/2012) 
[...] A inobservância do rito procedimental da Lei nº 11.343/06 para o processamento dos crimes ali previstos 
é causa de nulidade absoluta, por violação dos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. 
Precedentes desta Corte e do STF. 5. Entretanto, no caso, o réu foi denunciado pela prática de crimes 
conexos, quais sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e porte ilegal de arma de uso permitido, sendo 
possível a adoção do procedimento ordinário em seu próprio benefício. 6. Conforme vem decidindo 
reiteradamente o Superior Tribunal de Justiça, havendo conexão ou continência entre crimes afetos 
a procedimentos distintos, não há nulidade na adoção do rito ordinário, por ser mais amplo, 
viabilizando ao paciente o exercício da ampla defesa de forma irrestrita. 7. Ordem denegada. (HC 
118.045/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 24/08/2009, DJe 28/09/2009) 
[...] Não há que se falar em nulidade pela adoção do rito comum ordinário quando, além de delitos 
tipificados na Lei n. 11.343/06, a ação penal também apura outras condutas criminosas, como no caso, 
em que são imputados a corréus crimes de associação criminosa, evasão de divisas, lavagem de 
dinheiro, posse e porte ilegal de arma de fogo. II - Nos termos do art. 41 do CPP, a denúncia conterá 
a "exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o 
rol das testemunhas". [...] (RHC 83.273/MS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 
19/06/2018, DJe 28/06/2018) 
1.3 ANTIGO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
A título ilustrativo, apenas para que se possa comparar e identificar as semelhanças e, 
principalmente, as diferenças, trazemos breve explicação de como era o antigo procedimento 
ordinário – ditado para os crimes apenados com reclusão. Para isso, nos utilizaremos das pontuais 
observações de BRASILEIRO: 
A peça acusatória era oferecida nos exatos termos do art. 41 do CPP, que estabelece 
os requisitos da peça acusatória. Uma vez oferecida a inicial acusatória, duas 
possibilidades se abriam para o magistrado: rejeição ou recebimento. As causas de 
rejeição estavam listadas no revogado art. 43 do CPP: quando o fato narrado 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 22 
 
173 
evidentemente não constituísse crime: quando já estivesse extinta a punibilidade pela 
prescrição ou outra causa; quando fosse manifesta a ilegitimidade da parte ou faltasse 
condição exigida pela lei para o exercício da ação penal. 
Caso não estivesse presente nenhuma das causas de rejeição listadas no art. 43 do CPP, 
o caminho natural era o recebimento da peça acusatória, seguido da citação do 
acusado. Como dispunha a antiga redação do art. 394 do CPP, o juiz, ao receber a 
queixa ou denúncia, designaria dia e hora para o interrogatório, ordenando a citação 
do acusado e a notificação do Ministério Público e, se fosse caso, do querelante ou do 
assistente. À época, a citação era feita pessoalmente (regra) ou por edital, já que não 
havia previsão legal de citação por hora certa no processo penal. 
O primeiro ato da instrução probatória era o interrogatório do acusado. Logo após o 
interrogatório, ou no prazo de 3 (três) dias, o réu ou seu defensor podiam oferecer a 
denominada defesa prévia (antiga redação do art. 395 do CPP). Referida peça da 
defesa, apresentada após o recebimento da peça acusatória, e depois do interrogatório 
do acusado, tinha como objetivo precípuo a apresentação do rol de testemunhas e de 
eventuais provas que a defesa pretendesse produzir durante a instrução probatória. 
Não por outro motivo, quando a defesa não tinha testemunhas a arrolar, era comum 
que sequer fosse apresentada a defesa prévia, o que era considerado como mera 
irregularidade pelos Tribunais Superiores. 
Apresentada ou não a defesa prévia, procedia-se à inquirição das testemunhas, 
devendo aquelas arroladas pela acusação serem ouvidas em primeiro lugar. Era 
bastante comum que o juiz designasseuma audiência para a oitiva das testemunhas da 
acusação e outra para a oitiva das testemunhas da defesa. Terminada a inquirição das 
testemunhas, as partes poderiam requerer diligências, cuja necessidade ou 
conveniência tivesse surgido de circunstâncias ou de fatos apurados na instrução 
(revogado art. 499 do CPP). 
Caso não houvesse requerimento de diligências, ou concluídas as diligências requeridas 
e ordenadas pelo magistrado, seria aberta vista dos autos, para alegações finais, 
sucessivamente, por três dias (revogado art. 500 do CPP). Apresentadas as alegações 
finais, os autos seriam conclusos ao juiz para sentença, sendo que, dentro em 5 (cinco) 
dias, poderia ordenar diligências para sanar qualquer nulidade ou suprir falta que 
prejudicasse o esclarecimento da verdade (revogado art. 502 do CPP), após o que, 
então, proferiria a decisão final (Lima, 2018). 
Chamamos a atenção para as principais diferenças, considerando as mudanças operadas pela Lei 
11.719/2008: 
✓ O interrogatório era o primeiro ato de instrução – hoje é o último; 
✓ A defesa prévia era facultativa – hoje a resposta à acusação é obrigatória; 
✓ A instrução era fragmentada, com no mínimo 3 audiências – hoje é concentrada, com 
audiência una; 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 23 
 
173 
Doutrina complementar 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “Os procedimentos podem ser comuns ou especiais. Os procedimentos denominados comuns são 
três, nos termos do art. 394, § 1º: a) ordinário, para apurar os crimes que tenham pena máxima em abstrato 
igual ou superior a 4 anos, e para os quais não haja previsão de rito especial; b) sumário, para os delitos 
que tenham pena máxima superior a 2 anos e inferior a 4, e para os quais não haja previsão de 
procedimento especial; c) sumaríssimo, para a apuração das infrações de menor potencial ofensivo, que 
tramitam perante os Juizados Especiais Criminais, nos termos do art. 98, I, da Constituição Federal. São 
infrações de menor potencial as contravenções penais (todas) e os crimes cuja pena máxima não exceda 
2 anos”. [...] Os procedimentos especiais, por sua vez, são os demais previstos no Código de Processo Penal 
e em leis especiais, como, por exemplo, na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), na Lei Maria da Penha (Lei n. 
11.340/2006), na Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), no Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). São chamados 
de especiais porque aplicáveis somente a determinada categoria de crimes. No Código de Processo Penal 
há procedimento especial para apurar os crimes dolosos contra a vida (procedimento do Júri), os crimes 
contra a honra, os crimes cometidos por funcionário público no desempenho das funções (crimes 
funcionais) e os crimes contra a propriedade imaterial”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Dispõe o 
art. 394 do CPP que o procedimento será comum ou especial. Procedimento especial é todo aquele 
previsto no âmbito do Código de Processo Penal ou de Leis Especiais para as hipóteses legais específicas, 
incorporando regras próprias de tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o 
objeto de sua disciplina. Exemplos: Procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos (arts. 513 a 518); Procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523); Procedimento relativo 
aos processos de competência do tribunal do júri (arts. 406 a 497); Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); 
Procedimento dos crimes de competência originária dos tribunais (Lei 8.038/1990) etc. Procedimento 
comum é o rito padrão ditado pelo Código de Processo Penal para ser aplicado residualmente, ou seja, na 
apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto em lei (art. 394, § 2.º). De acordo 
com o art. 394, § 1.º, do CPP, o procedimento comum subdivide-se em três espécies, condicionando-se a 
respectiva aplicação à quantidade da pena máxima cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza 
da infração”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017. “Para a definição do procedimento devem ser levadas em conta as qualificadoras, bem como as 
causas de aumento e de diminuição de pena, porque influenciam no montante da pena máxima em 
abstrato (...). No caso de concurso de crimes que sejam conexos e devam ser apurados conjuntamente, 
não há dificuldade em se concluir pela adoção do rito ordinário, caso um deles tenha pena máxima igual 
ou superior a 4 anos e o outro não. Suponha-se uma pessoa que tenha cometido um roubo (pena máxima 
de 10 anos) e que, ao ser abordada por policiais, os agrida a fim de evitar a prisão, cometendo, destarte, 
crime de resistência (pena máxima de 2 anos). Evidente que a necessidade de apuração em ação penal 
única faz com que seja adotado o rito ordinário. A questão torna-se um pouco mais complexa se houver 
conexão entre dois delitos que, individualmente, adotariam o rito sumário. Suponha-se uma pessoa que, 
embriagada, efetue disparo acidental com arma de fogo, da qual tem porte, provocando a morte de 
terceiro e que, em seguida, fuja dirigindo um veículo em via pública. Os crimes por ela cometidos 
(homicídio culposo e embriaguez ao volante) têm pena máxima, cada qual, de 3 anos. Fica a dúvida: deve 
ser adotado o rito sumário porque nenhum dos delitos tem pena que alcance o limite de 4 anos, ou deve 
ser seguido o rito ordinário baseado na soma das penas por se tratar de hipótese de concurso material? 
Na ausência de resposta no próprio texto legal, recomendável se mostra a adoção do rito mais amplo, que 
confere maiores possibilidades de defesa, ou seja, o ordinário, observando-se que, no caso em tela, a soma 
das penas acarreta mudança no procedimento judicial, mas não na competência”. 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 11
Direito Processual Penal p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 
 24 
 
173 
2. PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
Estudaremos o procedimento comum ordinário, observadas as suas etapas e dentro da cronologia. 
Lembre-se, todavia, que a persecução penal normalmente começa antes, já com a 
investigação/inquérito policial, que busca colher elementos de informação para subsidiar a peça 
acusatória. 
2.1 OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA 
O primeiro passo para a deflagração do procedimento é o oferecimento da peça acusatória 
(denúncia ou queixa-crime), que deve estrita observância aos requisitos constantes do art. 41 do 
CPP: 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as 
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa 
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
O Código de Processo Penal tem uma disciplina bastante escassa a respeito da peça acusatória; 
basicamente, o que tem está no citado artigo, com algum complemento, a contrario sensu, do art. 
395 do CPP. 
Denúncia ou queixa inepta é aquela que não preenche os requisitos formais mínimos 
para o seu processamento, estabelecidos, em essência, no art. 41. A conjunção dos 
artigos 41 e 395 delineia os contornos mínimos da acusação penal, estabelecendo 
exigências mínimas para a imputação séria em um Estado Democrático de Direito. A 
acusação é deveras relevante para o processo e para o acusado. Para o processo, pois 
é essencial em um processo penal acusatório, assegurando que o magistrado 
permaneça em situação de inércia, preservando sua imparcialidade. Ademais, é por 
meio da acusação que é deduzida em juízo a imputação, definindo o objeto do 
processo, dentro do qual o magistrado deve julgar. Para o acusado, pois permite tomar 
conhecimento do fato que lhe está sendo imputado, assegurando o exercício da sua 
defesa com a maior

Continue navegando