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Aula 18
Legislação Penal e Processual p/ Polícia
Federal (Delegado) - Pós-Edital
Autores:
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor
De Luca
Aula 18
12 de Fevereiro de 2021
 
Sumário 
 
1 - Considerações Iniciais da Lei 7.492/86............................................................................................................................. ...........02 
2 – Dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional......................................................................................................................06 
3 - Da aplicação e do procedimento criminal...................................................................................................................................44 
4 - Lista de Questões sem comentários..............................................................................................................................................50 
5 - Lista de Questões com comentários..............................................................................................................................................53 
6 - Resumo.........................................................................................................................................................................................59 
7 - Gabarito........................................................................................................................................................................................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 18
Legislação Penal e Processual p/ Polícia Federal (Delegado) - Pós-Edital
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1 
 
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 De acordo com o art. 192 da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional de 
nº 40/2003, o Sistema Financeiro Nacional está estruturado de forma a promover o desenvolvimento 
nacional equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade. 
 
 
 
 O diploma legal que cuida dos crimes contra o sistema financeiro nacional é a Lei 7492, de 16 de julho 
de 1986, também conhecida como lei do colarinho branco. O termo colarinho branco foi cunhado pela primeira 
vez pelo norte-americano Edwin Sutherland e refere-se especialmente aos crimes cometidos por agentes ricos, 
que gozam de acentuado status social ou ocupantes de destaque na iniciativa privada ou no serviço público. A 
origem da expressão “colarinho branco” advém do fato de ter sido comum à época nas fábricas norte-
americanas os operários vestirem uniformes azuis, com golas azuis, e os empresários, para se distinguirem da 
população operária, vestirem camisas brancas, com golas brancas. 
 O bem jurídico tutelado pela Lei 7492, de 16 de julho de 1986 é o Sistema Financeiro Nacional, isto 
é, o conjunto de órgãos que fiscaliza, regulamenta e executa as operações necessárias à circulação da moeda 
e do crédito na economia. Cuida-se de um bem transindividual. 
 É de fundamental valia para o progresso de um país ter um sistema financeiro confiável, mormente em 
razão de possibilitar um maior número de crédito circulando no mercado, com um custo menor. O Sistema 
financeiro pode ser dividido em dois subsistemas: 
Normativo: formado pelos órgãos e entidades responsáveis pela regulamentação e fiscalização da 
circulação de moeda e de crédito. Exemplos: Banco Central (BACEN), Conselho Monetário Nacional 
(CMN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
Operativo: formado pelas pessoas jurídicas que executam a circulação de moeda e de crédito. 
Exemplos: bancos, entidades de previdência complementar, bolsa de valores, seguradoras, etc. 
 Competência. A Justiça Federal será competente para julgar os crimes contra o sistema financeiro, 
nos casos determinados por lei. Essa é a regra para que seja fixada a competência da Justiça Federal, segundo 
se infere do art. 109, VI, da Constituição Federal. 
 
 
 
Art. 192 da CF. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento 
equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, 
abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, 
sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. 
Art. 109 da Constituição Federal: Aos juízes federais compete processar e julgar: 
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira; 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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2 
 
 A Lei nº 7492/86 (Lei que versa sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional) fixa a 
competência da Justiça Federal em seu art. 26, verbis: 
 
 
 
 
 
 Chamo ainda a atenção para alertá-los que a Lei 7492/86 admitiu expressamente a 
possibilidade da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco do Central 
(BACEN), pessoas jurídicas, figurarem como assistentes de acusação. Repare que esse 
artigo representou uma inovação ao permitir o ingresso de pessoas jurídicas na relação jurídica 
processual penal como assistente de acusação, malgrado o art. 268 do CPP1 autorize para tanto 
apenas pessoas físicas. 
 Cumpre pontuar, desde já, que vários tipos penais da Lei 7492/86 são normas penais em branco 
homogênea homovitelina, isto é, o complemento da definição incriminadora advém da mesma instância 
legislativa. Na espécie, para entender o alcance do preceito primário da norma incriminadora é preciso se valer 
do conceito de instituição financeira descrito no art. 1º da referida lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Art. 268 do CPP. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido 
ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31. 
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou 
privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, 
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou 
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores 
mobiliários. 
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: 
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de 
poupança, ou recursos de terceiros; 
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. 
 
Art. 26 da Lei 7492/86: A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério 
Público Federal, perante a Justiça Federal. 
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo 
Decreto-lei nº 3689, de 2 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores 
Mobiliários – CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito da atividade sujeita à disciplina e à 
fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido 
na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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 Nota-se que o art. 1º da Lei 7492/86 é um típico exemplo de norma penal explicativa, porquanto ele 
explicita o conteúdo de outras normas. Como já dissemos, o conceito instituição financeira complementa os 
tipos penais que a ele façam referência à instituição financeira. Exemplo: art. 4º da Lei 7.492, de 16 de junho 
de 1986: Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena – reclusão, de 3 (três) a 12(doze) anos, e multa. 
Parágrafo único – Se a gestão é temerária: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 O que é instituição financeira em sentido estrito? 
 É a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, 
cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, 
em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou 
administração de valores mobiliários. Observe que o legislador optou por um critério objetivo para definir 
instituição financeira, in casu, atividade desenvolvida por pessoa jurídica. 
 A atividade típica desenvolvida pela instituição financeira é a captação, a intermediação e a aplicação 
de recursos financeiros de terceiros. Para fins penais, se uma determinada pessoa jurídica utilize recursos 
financeiros próprios, ela não realiza ato típico de instituição financeira. Por sua vez, os valores mobiliários são 
títulos emitidos por sociedades empresárias e negociadas no mercado de capitais (bolsa de valores ou mercado 
de balcão). 
 O que é instituição financeira por equiparação? 
 A instituição financeira por equiparação pode ser de 2 formas: 
a) pessoas jurídicas que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de 
poupança, ou recursos de terceiros. Nota-se que o legislador foi bem abrangente para incluir qualquer pessoa 
jurídica que trabalhe com os recursos financeiros de terceiros. Exemplos: fundo de pensões, empresas de 
câmbio e agência de turismo que faz operações de câmbio; 
b) pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas no art. 1º da Lei 7492/86, ainda que de forma 
eventual. Vale dizer, cuida-se da pessoa física que exerce de modo clandestino as atividades previstas no art. 
1º da Lei 7492/86. Exemplo: Pessoa física que exerce atividade de consórcio sem autorização do BACEN. 
Lembre-se que o exercício de atividade de instituição é legalmente previsto apenas para pessoas jurídicas, 
sendo ainda controladas e fiscalizadas pelo Banco Central. 
 Questão: As empresas de factoring são consideradas instituições financeiras? 
 A resposta é negativa, vez que não existe a captação de dinheiro de terceiros. A empresa de factoring 
emprega recursos próprios em suas atividades. De tal arte, essa empresa não integra o Sistema Financeiro e 
tampouco precisa de autorização do Banco Central para atuar. A empresa de Factoring adquire títulos de 
crédito que ainda não venceram, aumentando o seu capital de giro. Se, por acaso, o dono da factoring utiliza 
a empresa para realizar empréstimos estaremos diante do delito descrito no art. 4º da Lei nº 1521/51 (Lei contra 
a economia popular): Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando: 
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa permitida por 
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lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira; ou, ainda, 
emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de crédito. Lembre-se que esse empresário utiliza 
recursos financeiros próprios, e não de terceiros. Por fim, vale lembrar que o Superior Tribunal de Justiça 
reforçou o entendimento que a empresa de factoring não é instituição financeira nos autos do CC de nº 98062: 
PROCESSUAL PENAL. FACTORING. CRIME CONTRA O 
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. INEXISTÊNCIA. 
EMPRÉSTIMO A JUROS ABUSIVOS. USURA. COMPETÊNCIA 
DA JUSTIÇA ESTADUAL. 
1. A caracterização do crime previsto no art. 16, da Lei n° 7.492/86, exige que as operações irregulares tenham 
sido realizadas por instituição financeira. 
2. As empresas popularmente conhecidas como factoring desempenham atividades de fomento mercantil, de 
cunho meramente comercial, em que se ajusta a compra de créditos vencíveis, mediante preço certo e ajustado, 
e com recursos próprios, não podendo ser caracterizadas como instituições financeiras. 
3. In casu, comprovando-se a abusividade dos juros cobrados nas operações de empréstimo, configura-se o 
crime de usura, previsto no art. 4°, da Lei n° 1.521/51, cuja competência para julgamento é da Justiça Estadual. 
4. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo estadual, o suscitado. (CC 98.062/SP, Rel. Ministro 
JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 06/09/2010) 
 Questão: O agiota é equiparado à instituição financeira? 
 A resposta também é negativa, vez que ele emprega recursos financeiros próprios e não de terceiros. 
O agiota também incidirá no crime descrito no art. 4º da Lei 1521/51. 
 Questão: O doleiro é equiparado à instituição financeira? 
 A resposta é afirmativa, nos exatos termos do art. 1º, II, da Lei 7492/86, tanto em caso de pessoa física 
como de pessoas jurídicas que realizam operação de crédito. 
 Questão: Empresas de cartão de crédito são instituições financeiras? 
 Sim, segundo se infere da súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são 
instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por ela cobrados não sofrem as limitações da Lei 
da Usura. 
 OBS: Os fundos de pensão ou entidades fechadas de previdência (ex: PREVI – caixa de previdência 
dos funcionários do BB), também são instituições financeiras, segundo entendimento do STF e do STJ. 
 
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 Em resumo, é relevante para a definição de instituição financeira em sentido estrito ou equiparada a 
existência de captação, intermediação ou aplicação de recursos de terceiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
 
FABRICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE PAPEL REPRESENTATIVO DE VALOR MOBILIÁRIO 
 
 
 
 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum ou geral, pois pode ser cometido por qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: É o Estado e os investidores prejudicados. 
 Elementos objetivos do tipo – É um tipo penal misto alternativo (crime de ação múltipla ou de 
conteúdo variado). Diante de um mesmo contexto fático, se o agente praticar mais de uma conduta delineada 
no tipo penal responderá tão somente por um único delito, com base no princípio da alternatividade. 
 São 4 as condutas previstas no artigo 2º da Lei 7492/86: 
A) Imprimir: Realizar a impressão de algo em papel. 
 
B) Reproduzir: Imitar o documento verdadeiro, copiar e multiplicar. 
 
C) Fabricar: produzir e criar. 
 
D) Por em circulação: introduzir livremente no mercado. 
 
 O objetivo do legislador infraconstitucional foi justamente evitar, inibir qualquer modo de criação ou 
circulação ilegal ou clandestina de certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor 
mobiliário no mercado sem a devida autorização da sociedade emissora, evitando, no ponto, um desiquilíbrio 
do Sistema Financeiro Nacional. 
 É evidente que se existir uma regular autorização da sociedade emissora, o fato é atípico. 
 Certificado é o documento representativo da compra e venda de ações. Cautela é o título provisório 
de ações. Por fim, o termo “qualquer outro documento representativo de título ou valor mobiliário” é um 
Art. 2o da Lei 7492/86: Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem 
autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título 
ou valor mobiliário: 
Pena:reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir 
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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exemplo de interpretação analógica (interpretação intra legem), isto é, quando o texto da lei abarca num 
conceito genérico os fatos similares anunciados numa fórmula casuística. 
 Tendo em vista que atualmente toda a movimentação de ações é feito de forma on line, pelo 
computador ligado à rede mundial de computadores (internet), conclui-se que esse tipo penal está em desuso 
ante a inexistência de certificados ou cautelas impressas. 
 Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de praticar as condutas descritas no 
tipo penal. 
 Consumação: Esse delito estará consumado com a prática de qualquer das condutas descritas no tipo 
penal, pouco importando se causou, ou não, dano aos investidores. Cuida-se de crime formal. 
 Pena: A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa. Considerando que a pena máxima é superior a 1 
ano, o sursis processual não é cabível. 
 Conduta equiparada: Quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou 
material de prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos no art. 1º, caput, da Lei 7492/86. 
Observe que pode ser qualquer espécie de material de propaganda ou prospecto. 
 
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA OU PREJUDICIALMENTE INCOMPLETA 
 
 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum ou geral, pois pode ser cometido por qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: É o Estado, a instituição financeira e os investidores prejudicados. 
 Elementos objetivos do tipo – A conduta criminosa consiste em divulgar, isto é, dar publicidade a 
uma informação falsa sobre instituição financeira (exs: inadimplemento de um contrato ou sobre a saúde 
financeira da instituição financeira) ou prejudicialmente incompleta, sendo que tal informe parcial pode 
acarretar prejuízo à instituição financeira. 
 Estamos diante de um crime de forma livre, porquanto admite inúmeros meios de execução. Ex: jornal, 
mensagem de texto SMS, e-mail, telefone, publicidade em televisão. 
 Questão: Por qual delito responde o agente que divulgar, por qualquer meio, informação falsa sobre o 
devedor em recuperação judicial, com o objetivo de levá-lo à falência ou de obter vantagem? 
 
Art. 3o da Lei 7.492/86: Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição 
financeira: 
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
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 Em virtude do princípio da especialidade, esse agente responderá pelo crime descrito no art. 170 da 
Lei de Falência (Lei nº 11.101/05): Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informação falsa sobre devedor 
em recuperação judicial, com o fim de levá-lo à falência ou de obter vantagem. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 4 
(quatro) anos, e multa. 
 Como já conversamos, o tipo penal em questão é um exemplo de norma penal homogênea 
homovitelina, vez que o complemento de sua definição típica advém do conceito de instituição financeira 
estabelecido no art. 1º da Lei 7492/86. 
 Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de praticar a conduta descrita no 
tipo penal. 
 Consumação: Esse delito estará consumado com a mera divulgação da informação falsa ou 
prejudicialmente incompleta, pouco importando se causou, ou não, dano aos investidores ou à instituição 
financeira. Cuida-se de crime formal. 
 Pena: A pena é de reclusão de 2 a 6 anos, e multa. Considerando que a pena máxima é superior a 1 
ano, o sursis processual não é cabível. 
 
GESTÃO FRAUDULENTA/GESTÃO TEMERÁRIA 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, ou seja, o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito 
ativo. No caso, o agente deve ser o administrador da instituição financeira, nos moldes do art. 25 da Lei nº 
7492/862. Vale dizer, o agente pode ser o controlador ou administrador de instituição financeira (diretores e 
 
 
2 Art. 25 da Lei 7492/86: São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição 
financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). 
§1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (vetado) o interventor, o liquidante ou o síndico. 
§2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão 
espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços (Incluído 
pela Lei nº 9080, de 19.7.1995). 
Art. 4o da Lei 7492/86: Gerir fraudulentamente instituição financeira: 
Pena: reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: 
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa 
 
 
 
 
 
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gerentes) e aqueles a esses equiparados (interventor, liquidante ou síndico). Além do mais, podem ser 
penalizados também aqueles que atuam por procuração em nome destas pessoas. 
Por ser elementar do tipo penal a qualidade do sujeito ativo, conclui-se que essa circunstância de caráter 
pessoal se comunica ao seu coautor, quer seja ele empregado da instituição financeira, quer seja particular, 
tudo em perfeita sintonia com o descrito no art. 30 do Código Penal (Não se comunicam as circunstâncias e 
as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime). 
Questão: O gerente de agência bancária pode figurar como sujeito ativo desse delito? 
A resposta é afirmativa. Vejamos a atual posição do STJ sobre o tema: 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
ESPECIAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. ART. 
25 DA LEI N. 7.492/86. GESTÃO FRAUDULENTA E GESTÃO 
TEMERÁRIA. GERENTES DE AGÊNCIA BANCÁRIA. 
SUJEITO ATIVO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PODER DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. ABSOLVIÇÃO PELA PRÁTICA DO DELITO TIPIFICADO NO ART. 
22 DA LEI N. 7.492/86. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL ANTE O RECONHECIMENTO 
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. AGRAVO 
REGIMENTAL DESPROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte é pela possibilidade de gerentes de agência bancária serem sujeitos ativos 
dos delitos de gestão fraudulenta e de gestão temerária, desde que na análise do caso concreto esteja 
configurada a atuação com uso de poderes próprios de gestão. 
2. Carece de prequestionamento a tese de ausência de poder de gestão para configuração do delito do 
art. 4º da Lei n. 7.492/86, embora tenha constado do voto vencido, conforme Súmula 320 do Superior Tribunal 
de Justiça - STJ. 
3. O pleito absolutório carece de interesse recursal, porquanto o reconhecimento da prescrição da 
pretensão punitiva pelo Tribunal de origem se equipara ao acolhimento da absolvição no que diz respeito aos 
efeitos da condenação. Precedentes. 
4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1374090/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN 
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2018, DJe 15/08/2018) 
 Elementos objetivos do tipo – A conduta criminosa consiste em gerir, isto é, administrar. É 
considerada gestão fraudulenta quando o agente administra a instituição financeira ou equiparada cometendo 
atos fraudulentos, ou melhor, atos com potencial para causar engano e prejuízos aos sócios, clientes, 
investidores e empregados da instituição,ou, então, aos órgãos de fiscalização. Ex.: maquiagem de balanços 
patrimoniais, agente que comete desvio de ativos, etc. 
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Esse delito consuma-se com o cometimento de qualquer ato de gestão fraudulenta, ou 
seja, basta a prática de um único ato para a consumação do delito. Cuida-se de um crime formal 
e também classificado como habitual impróprio (a tipicidade se perfaz com um único ato, mas 
a reiteração de condutas não implica em concurso de crimes). Vejamos um julgado do STJ: 
 
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO 
AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO 
REMÉDIO CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. 
1. A via eleita se revela inadequada para a insurgência contra o ato 
apontado como coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que 
impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 
2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de 
atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de Processo Penal. 
GESTÃO FRAUDULENTA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE HABITUALIDADE. 
SUFICIÊNCIA DE UMA SÓ AÇÃO PARA A CARACTERIZAÇÃO DO DELITO. CRIME HABITUAL 
IMPRÓPRIO. COAÇÃO ILEGAL INEXISTENTE. 
1. Pacificou-se nos Tribunais Superiores o entendimento de que o crime de gestão fraudulenta classifica-
se como habitual impróprio, bastando uma única ação para que se configure. Precedentes do STJ e do STF. 
2. Ainda que o paciente tenha aprovado uma única operação de crédito - afirmação que não encontra 
respaldo na denúncia e na sentença condenatória, que lhe atribuem a prática de diversos atos irregulares - tal 
conduta já se revela suficiente para caracterizar o ilícito pelo qual restou condenado, motivo pelo qual é 
impossível o trancamento da ação penal como pretendido. 
AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA. PEÇA VESTIBULAR 
QUE IMPUTA AO PACIENTE O CRIME DE GESTÃO TEMERÁRIA. CONDENAÇÃO DO ACUSADO 
PELO DELITO DE GESTÃO FRAUDULENTA. FATOS DEVIDAMENTE NARRADOS NA INICIAL. 
EMENDATIO LIBELLI. POSSIBILIDADE DE DEFINIÇÃO JURÍDICA DIVERSA PELO 
MAGISTRADO. NULIDADE INEXISTENTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 
1. O princípio da correlação entre a denúncia e a sentença condenatória representa no sistema processual 
penal uma das mais importantes garantias ao acusado, porquanto descreve balizas para a prolação do édito 
repressivo ao dispor que deve haver precisa correspondência entre o fato imputado ao réu e a sua 
responsabilidade penal. 
2. Havendo adequada descrição dos fatos na exordial acusatória - como ocorre na hipótese -, não há 
ofensa ao referido postulado quando o magistrado, autorizado pela norma contida no artigo 383 do Código de 
Processo Penal, lhes atribui definição jurídica diversa da proposta pelo órgão acusatório. 
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EXTENSÃO AO PACIENTE DOS EFEITOS DE DECISÃO FAVORÁVEL A UM DOS CORRÉUS 
PROFERIDA NA ORIGEM. NÃO COMPROVAÇÃO DA IDENTIDADE DAS CONDUTAS A ELES 
IMPUTADAS. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ARTIGO 580 DO CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL. 
1. Em momento algum os impetrantes evidenciaram que os fatos assestados ao paciente e ao corréu 
beneficiado com a concessão da ordem na origem seriam idênticos, cingindo-se a aduzir que porque a ambos 
teria sido assestada a prática do crime de gestão fraudulenta, o presente processo deveria ser trancado, 
circunstância que inviabiliza a aplicação da regra prevista no artigo 580 do Código de Processo Penal. 
DOSIMETRIA. PENA-BASE. MAJORAÇÃO PELA CORTE FEDERAL COM BASE EM 
ELEMENTO QUE INTEGRA O TIPO PENAL INFRINGIDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
CONFIGURADO. RESTABELECIMENTO DA SANÇÃO FIXADA NO ÉDITO REPRESSIVO. 
1. O fato de o paciente haver sido um dos principais responsáveis pela fraude perpetrada, bem como os 
elevados danos causados à instituição bancária com a concessão fraudulenta de créditos que atingiram US$ 
8.300.000,00 (oito milhões e trezentos mil dólares americanos) não integram o tipo penal infringido, o que 
autoriza o seu emprego para elevar a pena-base do réu. Precedentes. 
2. A dilapidação dos recursos do banco pelos seus dirigentes, fundamento empregado no acórdão 
objurgado para elevar a reprimenda imposta a todos os réus, não é hábil a caracterizar a maior culpabilidade 
do paciente, pois constitui elementar do ilícito pelo qual restou condenado, motivo pelo qual se impõe o 
restabelecimento da sanção fixada na sentença condenatória. 
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício apenas para restabelecer a pena imposta 
ao paciente na sentença condenatória, qual seja, 5 (cinco) anos de reclusão, a ser cumprida no regime inicial 
semiaberto, e pagamento de 50 (cinquenta) dias-multa. (HC 284.546/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, 
QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 08/03/2016) 
Questão: O princípio da insignificância tem aplicação ao crime de gestão fraudulenta? 
O princípio da insignificância, que gera a atipicidade material da conduta, não se aplica ao crime de 
gestão fraudulenta. Afinal de contas, o crime em questão protege a credibilidade do mercado, a proteção ao 
investidor e a estabilidade do sistema financeiro nacional, fatos incompatíveis com o primado da bagatela. 
Além do mais, “o Estado é o sujeito passivo principal do delito, e os eventuais prejuízos às instituições 
financeiras não são relevantes para a adequação típica, o que descaracteriza a mínima ofensividade da 
conduta do agente para a exclusão da tipicidade”. (REsp 1015971, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
27/03/2012). 
Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade e a consciência de dissimular o real objetivo de um ato 
ou negócio para ludibriar as autoridades monetárias ou investidores. 
 
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 Pena: A pena é de reclusão de 3 a 12 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 
ano, o sursis processual não é admissível na espécie. 
 Conduta equiparada – A conduta criminosa diz respeito à gestão temerária descrita no art. 4º, 
parágrafo único, da Lei 7492/86. Nesse caso não há fraude, mas sim o agente administra a instituição financeira 
(ou equiparada) cometendo atos altamente arriscados e irresponsáveis. Ex: O agente concede empréstimo sem 
exigir qualquer espécie de garantia. 
Parcela da doutrina sustenta que o crime de gestão temerária malfere o princípio da 
taxatividade (fundamento jurídico do princípio da reserva legal), por ser o tipo penal 
constituído de termos vagos, genéricos e imprecisos. Todavia, o STJ delimitou o alcance dos 
atos de gestão temerária ao anunciar que eles estão consubstanciados no cometimento de 
condutas de administração que transgridam dolosamente os deveres extrapenais, que 
ultrapassem os limites das normas administrativas conferidas por órgãos como a Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Monetário Nacional (CMN) ou Banco Central (BACEN). Vejamos 
esse importante julgado. 
 
PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES 
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. 
CONDENAÇÃO EMBASADA EM PROCESSOS 
ADMINISTRATIVOS SANCIONADORES DA ANTIGA 
BOVESPA E DO BANCO CENTRAL.CONTRADITÓRIO DIFERIDO. COTEJO COM PROVAS 
PRODUZIDAS EM JUÍZO.VIABILIDADE. GESTÃO TEMERÁRIA. CRIME DOLOSO. 
TEMERIDADE COMO ELEMENTO VALORATIVO GLOBAL DO FATO. DOLO COMO 
CONSCIÊNCIA E VONTADE DE VIOLAÇÃO DAS REGRAS REGENTES DA ATIVIDADE 
FINANCEIRA. DOSIMETRIA. PENA-BASE. CULPABILIDADE. VALORAÇÕES NEGATIVAS 
COM BASE EM ELEMENTARES DO TIPO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 
1. Processosadministrativos sancionadores conduzidos por autoridades reguladoras ou autorreguladoras 
constituem, como documentos que são (CPP, art. 232), provas não repetíveis para fins processuais penais, 
sendo aptos a embasar condenações criminais (CPP, art. 155), desde que submetidos a amplo contraditório 
diferido em juízo. 
2. Tais provas, em atendimento ao princípio da livre persuasão motivada do juiz, contanto que cotejadas com 
outros elementos de convicção produzidos na fase judicial, podem ser valoradas na formação do juízo 
condenatório. 
3. Perquirir sobre a suficiência das provas para a condenação implica a incursão nos elementos fático-
probatórios da lide, providência inadmissível na via do recurso especial. Súmula n.7/STJ. 
4. O crime de gestão temerária (Lei nº 7.492/1986, art. 4º, p. ún.) somente admite a forma dolosa. Precedentes. 
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5. A temeridade da gestão é elemento valorativo global do fato (Roxin) e, como tal, sua valoração é de 
competência exclusiva da ordem jurídica e não do agente. Para a caracterização do elemento subjetivo do 
delito não é necessária a vontade de atuar temerariamente; o que se exige é que o agente, conhecendo as 
circunstâncias de seu agir, transgrida voluntariamente as normas regentes da sua condição de administrador 
da instituição financeira. 
6. Somente podem ser sujeitos ativos dos crimes de gestão temerária de instituição financeira (Lei nº 
7.492/1986, art. 4º, p. ún.) e de negociação não autorizada de títulos alheios (Lei nº 7.492/1986, art. 5º, p. ún.) 
as pessoas mencionadas no artigo 25 da mesma lei, mostrando-se inviável considerar elevada a culpabilidade 
do agente por ocupar umas das funções ali mencionadas. 
7. Também é vedado o agravamento da pena com base na ganância, na violação das regras regentes da 
atividade financeira ou, de modo não especialmente fundamentado, no abalo à credibilidade do sistema 
financeiro, pois essas circunstâncias são, todas elas, intrínsecas aos tipos penais examinados. 
8. O prejuízo acarretado à instituição financeira decorrente dos atos de gestão temerária, não exigido para a 
consumação do delito, é fundamento apto a justificar a negativação das consequências do crime. 
9. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1613260/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 09/08/2016, DJe 24/08/2016) 
 OBS 1: Apesar do conceito de gestão temerária ser de uma administração negligente, modalidade de 
culpa, é interessante destacar que o delito de gestão temerária somente pode ser praticado na forma dolosa. 
Lembre-se que o crime culposo tem caráter excepcional, ou seja, somente é catalogado como culposo se nesse 
sentido tiver previsão legal, segundo determina o art. 18, parágrafo único, do Código Penal. 
 OBS 2: Os crimes de gestão fraudulenta e temerária são crimes de perigo concreto. Assim, é correto 
dizer que é indispensável para a configurações de tais delitos a demonstração de que o bem jurídico 
efetivamente tutelado correu perigo com o ato fraudulento ou temerário cometido. Essa é a posição do Superior 
Tribunal de Justiça: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME 
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. GESTÃO 
FRAUDULENTA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ART. 4º, 
CAPUT, DA LEI N. 7.492/86. "ESCÂNDALO DOS 
PRECATÓRIOS" 1. ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. ANÁLISE DA DIVERGÊNCIA 
JURISPRUDENCIAL (ALÍNEA C). DESNECESSIDADE QUANDO A MESMA MATÉRIA JÁ FOI 
APRECIADA COM BASE NO DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL TIDO POR VIOLADO (ALÍNEA 
A). 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIA ADEQUADA PARA SANAR SUPOSTA OMISSÃO. 2. 
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 155, 158 E 564, III, ALÍNEA B, DO CPP. INEXISTÊNCIA. 
PERÍCIA TÉCNICA. DESNECESSIDADE. CRIME FORMAL E DE PERIGO CONCRETO. 
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS POR OUTROS MEIOS DE PROVA. 3. 
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MAJORAÇÃO DA PENA-BASE EM FACE DAS CONSEQUÊNCIAS E CIRCUNSTÂNCIAS DO 
DELITO E DA CULPABILIDADE. ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. 
INVERSÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.SÚMULA 7/STJ. 4. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. Inicialmente, ao contrário do alegado pelos agravantes, todas as questões suscitadas no recurso especial 
foram apreciadas na decisão agravada, seja com base na alínea a, seja com base na alínea c do permissivo 
constitucional, muito embora não tenha havido menção expressa ao dissídio jurisprudencial. 
2. De qualquer forma, se os recorrentes vislumbrassem alguma omissão no julgado, deveriam ter oposto 
embargos de declaração no prazo legal (art. 619 do CPP), não sendo o agravo regimental o meio adequado 
para aclarar eventual obscuridade no decisum. 
3. Outrossim, tratando o recurso especial da mesma matéria tanto na alínea a quanto na c, revela-se 
desnecessário o exame da divergência jurisprudencial se o mérito da questão já foi decidido como base no 
dispositivo de lei federal tido por violado. 
4. Quanto ao mais, não há se falar em ofensa aos arts. 155, 158 e 564, III, alínea b, do Código de Processo 
Penal, visto que o indeferimento do pedido de realização de prova pericial foi exaustivamente motivado, não 
se demonstrando nenhuma irregularidade ou violação à ampla defesa tampouco nenhum tipo de prejuízo (art. 
563 do CPP). 
5. Cumpre registrar que o delito descrito no art. 4° da Lei n. 7.492/86 é formal e de perigo concreto, bastando 
para sua consumação a comprovação da gestão fraudulenta, independentemente da existência ou não da efetiva 
lesão ao patrimônio de instituição financeira e prejuízo dos investidores, poupadores ou assemelhados. Em 
outras palavras, para a consumação do delito em comento, não é necessária a verificação de um resultado 
natural externo à conduta do agente, devendo ser demonstrada a potencialidade do perigo, mas não a sua 
ocorrência. 
6. Assim, a ausência de exame de corpo de delito na forma de perícia técnica econômico-financeira, em 
princípio, não tem o condão de contaminar o processo em que se apura a prática do delito previsto no art. 4º 
da Lei n. 7.492/86, notadamente quando presentes nos autos outros meios de prova de que se possa valer o 
magistrado para formar a sua convicção. 
7. Nunca é demais lembrar que o deferimento da prova pericial está condicionado à avaliação de sua 
conveniência, cabendo ao julgador aferir, em cada caso, dentro da esfera de discricionariedade, a real 
necessidade da medida para a formação de sua convicção, sendo certo que a pretensão dos recorrentes, no 
ponto, demandaria o revolvimento de fatos e provas, providência vedada na via estreita do recurso especial, 
nos termos da Súmula 7/STJ. 
8. No que se refere à dosimetria da pena, o acórdão recorrido também se mostra incensurável, visto que o 
aumento na primeira fase do sistema trifásico está fundamentado nas circunstâncias concretas do caso. 
Ademais, é de se observar que os recorrentes buscam, a pretexto da violação do art. 59 do Código Penal, a 
reanálise das circunstâncias judiciais para a fixação de uma pena-base que julgam adequada à espécie, o que 
atrai a incidência da Súmula 7/STJ. 
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9. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1133948/RJ, Rel. Ministro MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 24/06/2014) 
 Assim como o delito de gestão fraudulenta, o crime de gestão temerária também é etiquetado como um 
crime habitual impróprio, ou seja, basta que uma só ação tem relevância para caracterizar o tipo penal, ainda 
que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes. O crime habitual imprópriotambém é conhecido 
como acidentalmente habituais. Outro não é o posicionamento do STJ: 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA 
FINANCEIRO NACIONAL: GESTÃO TEMERÁRIA (ART. 4.º, 
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N.º 7.492/86).CRIME HABITUAL 
IMPRÓPRIO. DESNECESSÁRIA A HABITUALIDADE. 
RECURSO PROVIDO. 
1. A denúncia imputa aos Réus o crime de gestão temerária, pela concessão de linha de crédito internacional, 
desconsiderando os riscos da operação, bem como várias prescrições do Banco Central do Brasil. 
2. A conduta se enquadra, em tese, no crime do art. 4.º, parágrafo único, da Lei n.º 7.492/86, pois, em se 
tratando de crime habitual impróprio, não é necessária habitualidade para a caracterização desse delito de 
gestão temerária. 
3. Recurso provido. (REsp 899.630/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
10/08/2010, DJe 13/09/2010) 
 Questão: Qual é a diferença entre os crimes de gestão (fraudulenta/temerária) e o estelionato? 
 De forma distinta do estelionato, os crimes de gestão (fraudulenta/temerária) não necessitam da 
obtenção de vantagem ilícita e tampouco do prejuízo das vítimas identificadas. 
 Questão: Qual é a diferença entre os crimes de gestão (fraudulenta/temerária) e o art. 3º, IX, da Lei 
1521/51 (São crimes desta natureza: IX – gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos 
bancários, ou de capitalização; sociedade de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para 
empréstimos ou financiamento de construções e de venda e imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou 
preferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de 
beneficência, socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; 
cooperativas; sociedades de economia coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo 
qualquer da cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados)? 
 São 3 distinções: 
Art. 3º, IX, da Lei 1521/51 Art. 4º da Lei 7492/86 
Bem jurídico: Economia Popular Bem jurídico: Sistema Financeiro Nacional. 
Alcance: As instituições financeiras citadas no 
tipo penal. 
Alcance: Qualquer instituição financeira que cometa 
atos descritos no art. 1º da Lei 7492/86 
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Delito material Crime formal 
 
 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA/DESVIO 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, ou seja, o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito 
ativo. No caso, o agente deve ser o administrador da instituição financeira, nos moldes do art. 25 da Lei nº 
7.492/863. 
Sujeito passivo: Estado, instituição financeira e os investidores (titular do bem apropriado ou 
negociado). 
Elementos objetivos: Apropriar-se é inverter arbitrariamente o título da posse, comportando-se como 
proprietário. Desviar é dar destinação diversa da que deveria ter sido realizada. Esse delito pressupõe que a 
posse lícita anterior. É um tipo penal misto alternativo, haja vista que o cometimento de mais de uma conduta 
descrita no tipo penal no mesmo contexto fático gera a responsabilidade por um único delito, em virtude do 
princípio da alternatividade. 
 
 
3 Art. 25 da Lei 7492/86: São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição 
financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). 
§1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (vetado) o interventor, o liquidante ou o síndico. 
§2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão 
espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços (Incluído 
pela Lei nº 9080, de 19.7.1995). 
Art. 5o da Lei 7492/86: Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, 
título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: 
Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que 
negociar direito, títulos ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de 
quem de direito. 
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa 
 
 
 
 
 
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Em prol do princípio da especialidade, o delito em comento afasta a incidência dos crimes de apropriação 
indébita (art. 168 do CP), peculato-apropriação (art. 312, caput, 1ª parte) ou o de peculato-desvio (art. 312, 
caput, 2ª parte) 
Objeto material: Dinheiro, título, valor ou “qualquer outro bem móvel de que tem a posse”. Por essa 
última expressão, nota-se que o legislador também se valeu da interpretação analógica, isto é, o texto da lei 
abarca num conceito genérico os fatos similares anunciados numa fórmula casuística. Para a configuração 
desse delito é fundamental que o bem pertença à instituição financeira. Se o bem não for da instituição 
financeira, o delito será outro. Exemplo: Se o agente se apropriar de dinheiro de um cliente da instituição 
financeira responderá pelo delito de apropriação indébita (art. 168 do CP). 
Consumação: É um delito material. Assim, o crime se aperfeiçoa com a real apropriação ou o efetivo 
desvio do bem. 
Elemento subjetivo: É o dolo. O agente age com animus rem sibi habendi (intenção de ter a coisa para 
si). 
Pena: A pena é de reclusão de 3 a 12 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
Conduta equiparada: Negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a 
posse, sem a autorização de quem de direito. É um delito próprio que somente pode ser cometido pelas pessoas 
enumeradas no art. 25 da Lei nº 7492/86. Chamo ainda a atenção para alertá-lo que o bem deve pertencer à 
instituição financeira. Caso contrário, o delito será o de estelionato na forma de disposição de coisa alheia 
como própria, nos termos do art. 171, §2º, I, do CP4. Esse delito é conhecido como negociação não autorizada. 
 
SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO/PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA 
 
 
 
 
 
4 Art. 171, §2º, do CP: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em 
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Pena – reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. §2º Nas mesmas 
penas incorre quem: I – vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria. 
Art. 6o da Lei 7.492/86: Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, 
relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente. 
Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
 
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Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum ou geral, isto é, o delito pode ser cometido por qualquer pessoa. 
Essa é a posição do Superior Tribunal de Justiça: 
 
Podem ser sujeitos ativos do crime previsto no art. 6º da Lei 7.492/86 
pessoas naturais que se fizeram passar por membro ou 
representante de pessoa jurídica que não tinha autorização do 
BACEN para funcionar como instituição financeira. 
Configura o crime do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (e não estelionato do art. 171 do CP) a falsa promessa de 
compra de valores mobiliários feita por falsos representantesde investidores estrangeiros para induzir 
investidores internacionais a transferir antecipadamente valores que diziam ser devidos para a realização das 
operações (STJ. 6ª Turma. REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para o acórdão 
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015 - Informativo 569 do STJ). 
Bem jurídico: Estamos diante de um crime que visa resguardar a confiança inerente às relações jurídicas 
e negociais existentes entre os agentes em atuação no sistema financeiro – sócio das instituições financeiras, 
investidores e os órgãos públicos que atuam na fiscalização do mercado-e, secundariamente, protegê-los contra 
prejuízos potenciais, decorrentes da omissão ou prestação falsa de informações pertinentes a operações 
financeiras da instituição, ou acerca de sua situação financeira (REsp 1405989, rel. Min Sebastião Reis Júnior, 
Rel. para o acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe 23/9/2015 – Informativo 569 do STJ). 
Sujeito passivo: Estado, instituição financeira e os investidores. 
Elementos objetivos: Induzir é incutir a falsa percepção da realidade na cabeça da vítima. É um 
comportamento comissivo. Manter é prorrogar a falsa percepção da realidade, impedindo que o agente 
descubra a verdade. É crime omissivo próprio. A sonegação de informação ou a sua prestação de forma 
falsa é o meio executório desse delito. Assim, o agente sonega a informação verdadeira ou presta a informação 
falsa relativamente a operação ou situação financeira da instituição: Exemplo: Omite, de forma proposital, a 
informação diversos contratos de financiamento realizado no último ano. É um tipo penal misto alternativo, 
haja vista que o cometimento de mais de uma conduta descrita no tipo penal no mesmo contexto fático gera a 
responsabilidade por um único delito, em virtude do princípio da alternatividade. 
OBS: Repartição pública competente deve ser compreendida as instituições incumbidas de normatizar 
e fiscalizar o sistema financeiro nacional. Exemplos: Banco Central (BACEN) e Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM). 
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Questão: Qual é a diferença entre esse delito e o crime de estelionato (art. 171 do CP5)? 
Segundo posição firmada pelo STJ no informativo 569, o delito do art. 6º da Lei 7492/86 constitui crime 
formal, ou seja, não é necessária a ocorrência do resultado, eventual prejuízo econômico configura mero 
exaurimento. Além disso, o referido crime não possui o especial fim de agir do sujeito ativo (para si ou para 
outrem) e não exige, como elemento obrigatório, o meio fraudulento (ardil, artifício, etc.), apenas a prestação 
de informação falsa ou omissão de informe verdadeiro. De tal sorte, em eventual conflito aparente de normas, 
resolve-se pelo critério da especialidade do delito contra o Sistema Financeiro Nacional em relação ao 
estelionato. 
Consumação: Como vimos, trata-se de crime formal, consumando-se com a prática das condutas de 
induzir ou manter a vítima em erro. A ocorrência do prejuízo é mero exaurimento do delito. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
Pena: A pena é de reclusão de 2 a 6 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
 
EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
 
 
 
 
 
 Sujeito ativo: De forma geral, é crime comum (pode ser cometido por qualquer pessoa), salvo na 
modalidade de emitir, ocasião em que o crime será próprio, pois somente pode ser praticado pela pessoa 
encarregada da emissão. 
 
 
5 Art. 171 do CP: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, 
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento> 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 anos, e multa. 
Art. 7o da Lei 7492/86: Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários: 
I – falsos ou falsificados; 
II – sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das 
constantes do registro ou irregularmente registrados; 
III – sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação; 
IV – sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida: 
Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 8 (seis) anos, e multa. 
 
 
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 Sujeito passivo: O Estado e as pessoas lesadas com a aquisição dos títulos. 
 Elemento objetivo: Emitir é lançar em circulação. Oferecer é propor, apresentar. Negociar é 
comerciar. A conduta deve recair sobre os títulos ou valores mobiliários que sejam falsificados, que não 
tenham registro ou autorização prévia junto ao órgão competente, ou que não possuam lastro ou garantia 
suficientes. É um tipo penal misto alternativo, haja vista que o cometimento de mais de uma conduta descrita 
no tipo penal no mesmo contexto fático gera a responsabilidade por um único delito, em virtude do princípio 
da alternatividade. 
 Títulos ou valores mobiliários falsos ou falsificados: são aqueles que destoam da realidade ou que 
anunciam informações inverídicas ou elaborados por quem não tem atribuição para tanto. 
 Títulos ou valores mobiliários sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em 
condições divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados. Vale pontuar que as 
autoridades competentes para o registro prévio são o BACEN (art. 3º da Lei nº 4.728/65) e a Comissão de 
Valores Mobiliários (art. 19 da Lei nº 6385/76). 
 Títulos ou valores mobiliários sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação. A conduta 
criminosa recai justamente quando, em desconformidade com a legislação, não há lastro financeiro suficiente 
para garantir a circulação de títulos ou valores mobiliários, de forma a comprometer o equilíbrio no sistema 
financeiro nacional. 
 Títulos ou valores mobiliários sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente 
exigida. As autoridades competentes para a autorização da emissão e da circulação de títulos ou valores 
mobiliários são o BACEN (art. 3º da Lei nº 4.728/65) e a Comissão de Valores Mobiliários (art. 19 da Lei nº 
6.385/76). 
 Consumação: Cuida-se de crime formal. Assim, esse crime se aperfeiçoa com a prática da conduta 
descrita no tipo penal, não sendo necessária a ocorrência de qualquer resultado lesivo. 
 
A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou 
negociação de títulos fraudulentos (art. 7º da Lei nº 7.492/86) NÃO 
ilide a possibilidade de condenação por gestão fraudulenta de 
instituição financeira (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86). STJ. 6ª 
Turma. HC 285.587-SP, Rel. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/3/2016 (Info 580). 
 Pena: A pena é de reclusão de 2 a 8 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
 
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EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO 
 
 
 
 
 Sujeito ativo: Trata-se de crime comum ou geral, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: O Estado e as pessoas prejudicadas com a exigência indevida. 
 Elemento objetivo: Exigir é reclamar, impor, determinar. O agente realiza uma exigência de juro, 
comissão ou qualquer tipo de remuneração sem respaldo legal. 
 Estamos diante de uma norma penal em branco homogênea, eis que o complemento do tipo penaladvém de norma específica para cada elemento contido no tipo (juro, comissão ou qualquer tipo de 
remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, 
serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários). 
 Consumação: Cuida-se de crime formal. Logo, a sua consumação ocorre com a simples exigência, 
independentemente da obtenção da vantagem. 
 Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 Pena: A pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
FALSIDADE EM TÍTULO 
 
 
 
 
Art. 8o da Lei 7492/86: Exigir, em desacordo com a legislação (vetado), juro, comissão ou qualquer tipo 
de remuneração, sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de 
consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Art. 9o da Lei 7492/86: Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em 
documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa da que dele 
deveria constar: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
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 Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado pelas pessoas enumeradas 
no art. 25 da Lei 7492/86. 
 Sujeito passivo: O Estado e os investidores prejudicados com a fraude. 
 Elemento objetivo: Fraudar é iludir, falsificar. O agente opera a fraude por meio da inserção de 
declaração falsa ou diversa da que deveria constar no documento comprobatório de investimento em títulos 
ou valores mobiliários. Repare que é uma forma especial de falsidade ideológica. No termo inserir é o próprio 
agente que realiza a inserção da declaração falsa no documento. Por outro lado, fazer inserir significa que o 
agente se vale de uma interposta pessoa, que age sem dolo, para inserir o informe inverídico no documento 
supracitado. 
 Consumação: Cuida-se de crime formal. Logo, a sua consumação ocorre com a simples inserção da 
declaração falsa ou diversa da que deveria constar. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 Pena: A pena é de reclusão de 1 a 5 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
FALSIDADE EM DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum ou geral, isto é, o delito pode ser cometido por qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O Estado e os investidores prejudicados. 
Elemento objetivo: Fazer inserir significa que o agente se vale de uma interposta pessoa, que age sem 
dolo, para inserir o informe inverídico no demonstrativo contábil. Nessa modalidade o crime é comissivo. De 
outra banda, omitir elemento verdadeiro em demonstrativo contábil que a lei exige revela um comportamento 
omissivo. 
A expressão demonstrativo contábil abrange os seguintes documentos: a) balanço patrimonial; b) 
demonstrativo do resultado; c) demonstração das mutações patrimoniais; d) demonstração de lucros ou 
prejuízos acumulados; e) demonstração de origens e aplicações de recursos. 
Art. 10 da Lei 7492/86: Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em 
demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de 
distribuição de títulos de valores mobiliários: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
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Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a inserção feita por terceiro ou 
com a omissão de elemento cuja presença no demonstrativo contábil é determinada por lei. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 Pena: A pena é de reclusão de 1 a 5 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
CONTABILIDADE PARALELA 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito ativo. 
Tal delito apenas pode ser praticado pelas pessoas descritas no art. 25 da Lei 7492/86. 
Sujeito passivo: O Estado e os investidores prejudicados. 
Elemento objetivo: Essa prática criminosa consiste em manter ou movimentar recursos paralelamente 
à contabilidade oficial da empresa. Essa prática ilegal é popularmente conhecida como caixa dois, ou seja, 
uma manobra fraudulenta para esconder a real contabilidade da instituição financeira. Manter significa reter, 
guardar. Movimentar é transferir, pagar, receber. Esse ilícito penal tem por objetivo a sonegação fiscal, o 
atendimento de despesas que não possam ser comprovadas, a fraude contra acionistas minoritários ou o 
aumento do ganho dos administradores ou gerentes, muito embora tais objetivos não sejam fundamentais à 
caracterização desse delito. É um tipo penal misto alternativo, haja vista que o cometimento de mais de uma 
conduta descrita no tipo penal no mesmo contexto fático gera a responsabilidade por um único delito, em 
virtude do princípio da alternatividade. 
Repare que é uma norma penal em branco, eis que o complemento de sua definição criminosa deriva de 
normas específicas que detalham o modo de apresentação correto da contabilidade. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a manutenção de forma habitual 
ou com a mera movimentação. Observa-se que esse delito admite tentativa quanto ao núcleo do tipo 
movimentar, porém quando à conduta manter a tentativa é inadmissível por ser crime habitual. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
Art. 11 da Lei 7492/86: Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida 
pela legislação: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
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Pena: A pena é de reclusão de 1 a 5 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
OMISSÃO DE INFORMAÇÃO 
 
 
 
 Inicialmente, é importante ter a ideia de que as instituições financeiras são submetidas a regime 
peculiar de fiscalização, que autoriza os órgãos competentes, com preenchimento dos requisitos legais, a impor 
uma intervenção, que consiste no afastamento dos administradores estatutários ou contratuais, sendo esses 
substituídos por um interventor nomeado pelo órgão de fiscalização (art. 2º da Lei 6024/74) ou por um Diretor 
Fiscal, na hipótese das seguradoras (arts.89/93 Decreto-Lei 73/66). Esse processo de intervenção pode resultar 
no seu levantamento ou na medida mais drástica, que é a liquidação extrajudicial da instituição financeira. 
 O grande objetivo desse regime diferenciado conferido às instituições financeiras é impedir a corrida 
bancária e a crise sistemática, de forma a sanear ou retirar a instituição financeira do mercado de modo mais 
eficaz por meio dos órgãos de fiscalização. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito ativo. 
Na espécie, o crime pode apenas ser praticado pelo ex-administrador da instituição financeira. 
Sujeito passivo: O Estado e os investidores da instituição financeira em liquidação ou sob intervenção. 
Elemento objetivo: Cuida-se de um crime omissivo próprio, porquanto o agente(ex-administrador da 
instituição financeira) deixa de atuar conforme determina a lei, ou seja, não apresenta nos prazos e condições 
descritas na legislação os informes, declarações ou documentos de sua responsabilidade. Com isso, o 
interventor ou liquidante da instituição financeira não terá uma noção exata da saúde financeira da instituição. 
Repare que também é uma norma penal em branco, eis que o complemento de sua definição criminosa 
deriva de normas específicas que detalham os prazos e condições de apresentação das informações, 
declarações ou documentos de responsabilidade do ex-administrador da instituição financeira. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a simples omissão do ex-
administrador da instituição financeira. Por ser um crime omissivo próprio, não admite tentativa. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 
Art. 12 da Lei 7492/86: Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, 
liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou 
documentos de sua responsabilidade: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
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 Pena: A pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
DESVIO DE BENS 
 
 
 
 
 Primeiramente, é de se ter em mira que os administradores das instituições financeiras em intervenção, 
em liquidação extrajudicial ou em falência, ficarão com todos os seus bens indisponíveis não podendo, por 
qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até apuração e liquidação final de suas 
responsabilidades (art. 36 da Lei 6024/74)”. Daí o motivo da existência desse tipo penal. 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum em relação ao caput, pois o crime pode ser cometido por 
qualquer pessoa. Já no tocante ao parágrafo único o crime é próprio, porquanto o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o crime pode somente ser praticado pelo interventor, liquidante 
ou síndico ou ex-administrador da instituição financeira. 
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas (físicas ou jurídicas) eventualmente atingidas com esse desvio. 
Elemento objetivo: Desviar significa dar destino diverso do que deveria ter sido dado. Se alguém desvia 
os bens (móvel ou imóvel) alcançados pela indisponibilidade legal, tal fato prejudica a satisfação dos créditos. 
Repare que também é uma norma penal em branco, eis que o complemento de sua definição criminosa 
advém dos art. 36 da lei 6024/74. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com o real desvio do bem, 
independentemente de causar prejuízo a alguém. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 Pena: A pena é de reclusão de 2 a 6 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
Conduta equiparada: Apropriação ou desvio de bem alcançado pela indisponibilidade legal pelo 
interventor, liquidante ou administrador judicial. Apropriar-se significa agir como proprietário. 
Art. 13 da Lei 7492/86: Desviar (vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de 
intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira. 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de bem 
abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-la em proveito próprio ou alheio. 
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FALSIDADE EM DECLARAÇÃO DE CRÉDITO OU RECLAMAÇÃO 
 
 
 
 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, pois o crime pode ser cometido por qualquer pessoa, salvo 
em relação ao ex-administrador ou falido que responderá pelo art. 14, parágrafo único, em uma clara exceção 
pluralística à teoria monista. 
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas (físicas ou jurídicas) eventualmente atingidas com essa falsidade. 
Elemento objetivo: Apresentar significa mostrar, exibir a alguém. No caso, o agente se apresenta como 
credor da instituição financeira por meio de declaração de crédito ou reclamação falsa ou inexistente. Essa 
conduta é deveras prejudicial, pois causará uma distribuição equivocada de valores entre os credores, 
malferindo em cheio a isonomia. O mesmo ocorrerá com a juntada de título falso ou simulado. É um tipo 
penal misto alternativo, haja vista que o cometimento de mais de uma conduta descrita no tipo penal no 
mesmo contexto fático gera a responsabilidade por um único delito, em virtude do princípio da alternatividade. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a simples apresentação da 
declaração ou reclamação falsa, independentemente de proveito para o agente ou prejuízo para terceiro. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
 Pena: A pena é de reclusão de 2 a 8 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
Conduta equiparada: Reconhecimento pelo ex-administrador ou falido de crédito que não seja 
verdadeiro. Consuma-se com o mero reconhecimento, ainda que não tenha ocasionado prejuízo para terceiro. 
 
FALSA MANIFESTAÇÃO 
 
 
Art. 14 da Lei 7492/86: Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, 
declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado. 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, 
crédito que não o seja. 
Art. 15 da Lei 7492/86: Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, (vetado) à 
respeito de assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (quatro) anos, e multa. 
 
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 Sujeito ativo: Cuida-se de mão própria, pois o delito somente pode ser cometido pela pessoa 
expressamente designada no tipo penal, ou seja, o interventor, o liquidante ou o administrador judicial. 
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas (físicas ou jurídicas) eventualmente atingidas com essa 
manifestação falsa. 
Elemento objetivo: Manifestar significa expor sua ideia em descompasso com a verdade acerca de 
assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a mera manifestação falsa, 
independentemente de proveito para o agente ou prejuízo para terceiro. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
Pena: A pena é de reclusão de 2 a 8 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
 
OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO 
 
 
 
 É certo que cabe à iniciativa privada a exploração de atividades no sistema financeiro, todavia, para 
tanto, é necessária autorização governamental. Essa é a determinação contida no art. 18 da Lei n. 4.595/64 
para as instituições financeiras (As instituições financeiras somente poderão funcionar no País mediante prévia 
autorização do Banco Central do Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando forem estrangeiras) e no art. 
74 do Decreto-Lei nº 73/66 em relação a seguradoras.Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, porquanto o delito pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: O Estado e as pessoas (físicas ou jurídicas) eventualmente prejudicadas. 
 Elemento objetivo: O agente pratica esse delito quando faz funcionar uma instituição financeira: a) 
sem possuir autorização legal; ou b) com uma autorização que ele obteve utilizando-se de documento falso. O 
objetivo desse tipo penal é evitar a condutar de alguém fazer funcionar uma instituição financeira de modo 
clandestino, dificultando em demasia a fiscalização pelo Poder Público. 
 
Art. 16 da Lei 7492/86: Fazer operar, sem a devida autorização, ou com a autorização obtida mediante 
declaração (vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de 
câmbio: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
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É uma norma penal em branco homogênea heterovitelina, eis que o complemento de sua definição 
criminosa advém da lei 4595/64. 
Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a mero funcionamento da 
instituição financeira, independentemente de proveito para o agente ou prejuízo para terceiro. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
Pena: A pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa. Considerando que a pena mínima não é superior a 1 
ano, o sursis processual é admissível na espécie. 
 
EMPRÉSTIMOS OU ADIANTAMENTOS VEDADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 A mens legis é evitar prejuízos aos investidores e ao mercado por meio de favorecimento de 
empresas coligadas, sócios ou seus familiares. 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal reclama uma qualidade especial do sujeito 
ativo. No caso, o agente deve ser uma das pessoas elencadas no art. 25 da Lei 7492/86, com a incumbência de 
conceder créditos em nome da instituição financeira. 
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas (físicas ou jurídicas) eventualmente prejudicadas. 
Elemento objetivo: Tomar deve ser compreendido como aquele que firma o contrato, contrair. Receber 
significa obter para si. Deferir é autorizar, conceder. É um tipo penal misto alternativo, haja vista que o 
cometimento de mais de uma conduta descrita no tipo penal no mesmo contexto fático gera a responsabilidade 
por um único delito, em virtude do princípio da alternatividade. 
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou 
deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro 
de 1964: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
 Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
 I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou 
receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições 
referidas neste artigo; 
 II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira. 
 
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É uma norma penal em branco homogênea heterovitelina, eis que o complemento de sua definição 
criminosa advém do art. 34 da lei 4595/646, que estabelece o conceito de operações de crédito vedadas. 
 
 
6 Art. 34. É vedado às instituições financeiras realizar operação de crédito com a parte relacionada. (Redação dada pela Lei 
nº 13.506, de 2017) 
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
III -(revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
§ 3o Considera-se parte relacionada à instituição financeira, para efeitos deste artigo: (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
I - seus controladores, pessoas físicas ou jurídicas, nos termos do art. 116 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 
1976; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
II - seus diretores e membros de órgãos estatutários ou contratuais; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
III - o cônjuge, o companheiro e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau, das pessoas mencionadas nos incisos 
I e II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
IV - as pessoas físicas com participação societária qualificada em seu capital; e (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
V - as pessoas jurídicas: (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
a) com participação qualificada em seu capital; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
b) em cujo capital, direta ou indiretamente, haja participação societária qualificada; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
c) nas quais haja controle operacional efetivo ou preponderância nas deliberações, independentemente da participação 
societária; e (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
d) que possuírem diretor ou membro de conselho de administração em comum. (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
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Consumação: Cuida-se de crime formal. Esse delito se aperfeiçoa com a prática de qualquer das 
condutas descritas no tipo penal (tomar, receber, conceder, deferir e promover), independentemente de 
proveito para o agente ou prejuízo para terceiro. 
Elemento subjetivo: É o dolo, sem especial qualquer fim de agir do agente. 
Pena: A pena é de reclusão de 2 a 6 anos e multa. Considerando que a pena mínima é superior a 1 ano, 
o sursis processual não é admissível na espécie. 
 
 
 
§ 4o Excetuam-se da vedação de que trata o caput deste artigo, respeitados os limites e as condições estabelecidos em 
regulamentação: (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
I - as operações realizadas em condições compatíveis com as de mercado, inclusive quanto a limites, taxas de juros, carência, 
prazos, garantias requeridas e critérios para classificação de risco para fins de constituição de provisão para perdas prováveis 
e baixa como prejuízo, sem benefícios adicionais ou diferenciados comparativamente às operações deferidas aos demais 
clientes de mesmo perfil das respectivas instituições; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
II - as operações com empresas controladas pela União, no caso das instituições financeiras públicas federais; (Incluído pela 
Lei nº 13.506, de 2017) 
III - as operações de crédito que tenham como contraparte instituição financeira integrante do mesmo conglomerado 
prudencial, desde que contenham cláusula contratual de subordinação, observado o disposto no inciso V do art. 10 desta Lei, 
no caso das instituições financeiras bancárias; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) 
IV - os depósitos interfinanceiros regulados na forma do inciso XXXII do caput do art. 4o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 
13.506, de 2017) 
V - as obrigações assumidas entre partes relacionadas em decorrência de responsabilidade imposta a membros de compensação 
e demais participantes de câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação autorizados pelo Banco Central 
do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários e suas respectivas contrapartes em operações conduzidas no âmbito das 
referidas câmaras ou prestadores de

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