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SISTEMA DE ENSINO
LEGISLAÇÃO 
PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro
Livro Eletrônico
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Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes contra o Sistema Financeiro ...............................................................................5
Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986 – “Crimes do Colarinho Branco” .............................5
Indicação Bibliográfica ....................................................................................................5
Considerações Iniciais .....................................................................................................5
Análise do Artigo 6º .....................................................................................................27
Procedimento Criminal da Lei n. 7492/1986 ................................................................. 81
Mapas Mentais .............................................................................................................94
Questões de Concurso ................................................................................................. 96
Gabarito ....................................................................................................................... 111
Gabarito Comentado .................................................................................................... 112
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 144
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIO GARCIA DA SILVA - 15950626885, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Olá, caro(a) aluno(a)! Eu sou o professor Sérgio Bautzer e, como você já sabe, leciono as 
Leis Penais Especiais.
Hoje estudaremos juntos a Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Peço 
que dê especial atenção para a polêmica que existe sobre os crimes relacionados à gestão 
temerária e fraudulenta por conta da questão da habitualidade. Outra polêmica que cerca a 
nossa aula é a da fraude em contrato de leasing, que num primeiro momento você achará que 
é delito de estelionato, mas não é, pois é uma lesão contra uma instituição financeira. Ah, e 
não importa, mesmo o banco sendo regional, como é o caso do BRB, dependendo da conduta, 
haverá crime contra o sistema financeiro nacional. Por conta das diversas operações da Lava 
Jato, o crime de evasão de divisas voltou ao foco. A remessa de dinheiro para o exterior sem 
declarar às autoridades competentes é crime previsto no art. 22 da presente lei. Quero que 
você tenha especial atenção com tal delito. Também quero que sempre fique atento(a) aos 
crimes previstos na Lei dos Crimes contra Ordem Tributária e no Código de Defesa do Consu-
midor, pois os examinadores acabam por tentar confundi-lo(a) perguntando tais normas na 
mesma questão. Qualquer dúvida, você poderá me mandar pelo fórum do Gran Cursos Online, 
que é o maior, melhor e mais completo curso virtual preparatório para concursos públicos do 
país.
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Sergio Ronaldo Sace Bautzer dos Santos Filho
Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986 – “Crimes do CoLarinho BranCo”
IndIcação BIBlIográfIca
•	 Leis Penais Especiais. Editora Juspodvm. Autores: Rogério Sanches, Ronaldo Batista 
Pinto e Renee de Ó Souza;
•	 Legislação Criminal Especial Comentada. Autor: Renato Brasileiro de Lima.
consIderações InIcIaIs
Inicialmente, ressalte-se que nos crimes previstos nos artigos 8º, 9º, 10, 11, 12, 16, 18, 21 
e 23, é possível a concessão da suspensão condicional do processo, desde que preenchidos 
os requisitos previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/1995, pois a pena mínima cominada nesses 
crimes é de 1 (um) ano. Ainda, a ação penal para todos os tipos descritos nesta lei é pública 
incondicionada.
Conforme conceitua Rogério Sanches Cunha,
a ação penal de iniciativa pública incondicionada tem como titular o Ministério Público (Código de 
Processo Penal, art.24; CP, art.100; CF, art.129, I). A titularidade, no caso, é privativa. Embora a CF 
(art.129, I) se refira à exclusividade deste órgão no ajuizamento da ação penal pública, certo é que 
há uma exceção (também constitucional): quando a ação penal pública não é intentada no prazo, 
pode a vítima promover a chamada ação penal privada subsidiária da pública, caso em que o par-
ticular supre a inércia do órgão público1.
Existe essa possibilidade na Lei em estudo, conforme veremos adiante.
Histórico: antes da Lei n. 7.492/1986, algumas das condutas eram criminalizadas pela 
Lei n. 4.595/1964, a qual “Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e 
Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências”.
Porém, os dispositivos penais da Lei n. 4.595/1964 foram revogados pela Lei n. 7.492/1986, 
sendo mantidos os dispositivos relativos às sanções administrativas.
1 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 2 ed. rev., ampl., e atual. Salvador: Juspodivm, 2014.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Conceito de Sistema Financeiro Nacional: compreende-se por Sistema Financeiro Na-
cional o conjunto de instituições, sejam monetárias, bancárias e sociedades por ações, e o 
mercado financeiro de capitais e valores mobiliários. Como afirma Cezar Roberto Bitencourt, 
“essas instituições desempenham a indispensável função de interligação entre os função de 
interligação entre os diferentes polos de negociação existentes no mercado” 2.
A Lei n. 7.492/1986 também é denominada de “Lei do Colarinho Branco”. Segundo Luiz 
Flávio Gomes e Alice Bianchini citados por Fernando Capez,
a principal finalidade da Lei é proibir os entes da Federação de gastarem mais do que arrecadam, 
estabelecendo, para tanto, limites e condições para o endividamento público. Ela surge no bojo de 
uma unanimidade na opinião pública, reclamando que as finanças públicas deveriam ser discipli-
nadas por regras inflexíveis, para por termo aos gastos exacerbados3.
Importa destacar que todos os crimes desta lei são dolosos, não existindo a figura cul-
posa, sendo estes punidos com reclusão ou detenção e com multa, todos de competência da 
Justiça Federal.
Fundamento constitucional: a teleologia do art. 192 da Constituição Federal de 1988 prevê 
como objetivos do Sistema Financeiro Nacional:
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equili-
brado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abran-
gendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, 
sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
Bem jurídico protegido: éo Sistema Financeiro Nacional, sendo que “o bem jurídico tutela-
do imediato não é a instituição em si, mas o conjunto de instituições financeiras cuja função 
é promover o desenvolvimento equilibrado do País e servir aos interesses da coletividade”4. É 
um bem jurídico supraindividual.
Com efeito, o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é de suma im-
portância para o desenvolvimento das finanças públicas e da economia nacional.
2 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Contra o Mercado de Capi-
tais. 3. ed. 2. tir. São Paulo: Saraiva, 2014.
3 CAPEZ, Fernando. Legislação Penal Especial. v. 1 e v. 2. São Paulo. Damásio de Jesus, 2004.
4 BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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É mister a exata delimitação do bem jurídico tutelado na Lei em comento. No entanto, a 
questão não é pacífica. Há controvérsias sobre qual seria o objeto jurídico nos tipos penais 
incriminadores dos delitos contra o SFN.
“Na doutrina, há quem entenda que o bem jurídico protegido seria a tutela da política eco-
nômica do estado, mas vislumbram em um segundo plano outros bens, tais quais a fé pública 
e o patrimônio.”5
Em outro sentido, há quem defenda que o bem jurídico tutelado por alguns dispositivos da Lei é a 
fé pública dos documentos comprobatórios de investimento e o patrimônio dos investidores, o que 
caracterizaria a pluriofensividade delitiva6.
Outros defendem que o bem jurídico salvaguardado pela lei penal é a ordem econômica 
atrelada ao financiamento do Estado e ao desenvolvimento do país, sendo notadamente su-
praindividual. Isso porque podem repercutir de forma sistêmica na estabilidade econômica 
do país.
Por essa razão, condutas que aparentemente atingem apenas indivíduos, mas que, de 
modo mais amplo, afetam as bases sobre as quais se estrutura o SFN e, por conseguinte, 
recebem o amparo legal da Lei n. 7.492/1986. De fato, estaremos sempre diante de um delito 
relacionado às finanças públicas.
Análise do Artigo 1º
A Lei n. 7.492/1986, em seu art. 1º, conceitua instituição financeira, in verbis:
Art. 1º Considera-se como instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito 
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a 
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (vetado) de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou admi-
nistração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se a instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, cambio, consórcio, capitalização ou qual-
quer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de for-
ma eventual.
5 COSTA JR, Paulo José da; MACHADO, Charles M. Crimes do Colarinho Branco. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
6 PRADO, Luiz Regis. Direito Penal Econômico. 2ª Ed. São Paulo: RT, 2007.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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O artigo 1º da Lei n. 7.492/1986 é uma norma penal explicativa, que fixa um conceito am-
plo de instituição financeira (NUCCI).
Instituições financeiras de direito público: são as que estão enumeradas no art. 1º da Lei 
n. 4.595/19647:
Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído:
I – do Conselho Monetário Nacional;
II – do Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Del n. 278, de 28/02/67)
III – do Banco do Brasil S. A.;
IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V – das demais instituições financeiras públicas e privadas.
Instituições financeiras de direito privado:
•	 sociedades de financiamento e investimentos;
•	 sociedades de crédito imobiliário;
•	 bancos de investimento;
•	 fundos de investimento;
•	 cooperativas de crédito;
•	 associações de poupança;
•	 bolsa de valores;
•	 empresas corretoras;
•	 empresas distribuidoras.
Instituições financeiras por equiparação: estão previstas nos incisos do parágrafo único 
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986:
•	 representativas de seguradoras;
•	 casas de câmbio;
•	 empresas administradoras de consórcios e de capitalização ou poupança;
•	 empresas que se dedicam a captação de qualquer recurso de terceiros.
7 BRASIL. Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Credi-
tícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Por H. Castelo Branco. Disponível em: < http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4595.htm>.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Bitencourt analisa as diferenças do conceito de instituição financeira entre a Lei n. 
4.595/1964 e a Lei n. 7.492/1986, em estudo. Diz que 
a Lei n.7.492/1986 – Leis dos Crimes contra o Sistema Financeiro – deve ser analisada e interpre-
tada à luz da Constituição Federal de 1988, e, principalmente, à luz dos princípios reitores do direito 
penal da culpabilidade de um Estado Democrático de Direito, bem como dos princípios vetores 
relativos ao novo modelo econômico vigente em nosso país8.
O seu artigo 1º, supracitado, é uma norma explicativa e limitadora do alcance do conceito 
de instituição financeira, não coincidindo com o conceito previsto na Lei n. 4.595/1964, porém 
convergente com o artigo 192 da CF.
A principal diferença, presente, com a Lei n. 4.595/1964, 
reside na origem dos recursos financeiros: para a Lei n.7.492/1986, somente as entidades que 
tenham como atividade aplicar recursos financeiros de terceiros são consideradas instituições fi-
nanceiras para fins penais (art. 1º).
Para a Lei n. 4.595/1964, conhecida como Lei da Reforma Bancária, indiferentemente da 
origem desses recursos – próprios ou de terceiros –, as entidades que tenham como finalida-
de captar, intermediar, administrar ou aplicar recursos financeiros são consideradas institui-
ções financeiras (art. 17). Enfim, para a Lei n. 7.492/1986, as entidades que administram so-
mente recursos próprios não são consideradas instituições financeiras, e eventual cobrança 
de juros, taxas ou comissões acima do legalmente permitido deve recair sob a Lei da Usura 
(Lei n. 1.521/1951)9.
Nos crimes societários em geral e, em especial, os praticados em detrimento do SFN, 
apresentam-se dificuldades iniciais no sentido de individualizar a responsabilidade de cada 
diretor ou controlador. Porém, não há como imputar um crime sem descrever a conduta indi-
vidualmente praticada.
8 BRASIL.Lei 4.595. De 31 de dezembro de 1964. Op. Cit.
9 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Segundo o art. 41 do Código de Processo Penal10 e o HC n. 86.879/STF, a individualização 
da indicação da conduta dos acusados é necessária para a observância dos princípios do 
devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório e da dignidade da pessoa humana.
Atividades das instituições financeiras:
•	 captar: atrair;
•	 intermediar: deslocar de um lugar para outro;
•	 aplicar: investir para obter ganho;
•	 custodiar: guardar, tutelar;
•	 emitir: colocar em circulação;
•	 distribuir: entregar a outros;
•	 negociar;
•	 administrar.
Quanto às atividades típicas das instituições financeiras, Quiroga Mosquera, citado por 
Bitencourt, afirma que
Nesse sentido, portanto, o Poder Judiciário entendeu que a Lei n. 4.595/1964 aprovou como indica-
dor de atividade típica de instituição financeira a coleta acoplada com a intermediação, ou a coleta 
seguida da aplicação; tendo-se em mente que coleta significa recolher a terceiros. Concluindo, a 
presença de uma das atividades previstas no art.17, isoladamente, em uma operação realizada por 
uma determinada pessoa (física ou jurídica), não pode caracterizá-la como instituição financeira11.
A controvérsia gira em torno da expressão “ainda que de forma eventual” do inciso II do 
parágrafo único do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986: se interpretada literalmente, para alguns 
doutrinadores, iria ferir o princípio da legalidade e, segundo Bitencourt, em sua obra já citada, 
foi exatamente isso que ocorreu, pois dá margem à incerteza e insegurança jurídica. Afirma 
que
10 BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro. 120º da Independência e 
53º da República. Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.
htm>.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas.
11 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano. Op. Cit.
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não é razoável tratar o particular que pratica uma operação de captação e intermediação de recur-
sos de terceiros como se constituísse uma instituição financeira. Se assim fosse possível, bastava 
que um indivíduo captasse recursos de dois ou três amigos, com a promessa de aplicá-los no 
sistema financeiro, para que a lei o considerasse para fins penais equiparado ao presidente de um 
banco múltiplo 12.
Análise do Artigo 2º
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização 
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou 
valor mobiliário:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir 
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
Na Lei do Mercado de Capitais, Lei n. 4.728/1965, em seu artigo 7313, pela primeira vez, 
tipificaram-se os delitos hoje contidos no artigo 2º da Lei n. 7.492/1986. Vejamos:
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas 
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da 
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda 
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação 
legal da sociedade.
Cezar Roberto Bitencourt14, em sua obra, afirma que o artigo 2º atual “se trata de uma 
previsão legal obsoleta, considerando-se o elevado nível de informatização atingido pelos 
setores público e privado”.
Sujeito ativo: em quaisquer das condutas previstas no artigo, não é exigida qualidade es-
pecial do agente. É, portanto, crime comum. Além dos sujeitos previstos no artigo 25 da Lei n. 
7.492/1986, quaisquer outras pessoas podem cometer este delito (os concursos costumam 
cobrar).
Coautoria e participação: é possível a coautoria e participação, embora este não seja o 
entendimento pacífico na doutrina. No sentido oposto, José Carlos Tórtima afirmar que
12 Ibidem.
13 BRASIL. Lei 4.728. OP. Cit.
14 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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em se tratando da modalidade de impressão irregular dos títulos, contemplada no caput, não sendo 
os mesmos falsos, somente funcionário da sociedade emissora, destituído de poder para autorizar 
a emissão dos papéis, poderia determinar a confecção dos referidos papéis irregulares, responden-
do, assim, pelo crime, na condição de mandante 15.
Sujeito passivo: o sujeito passivo formal sempre será o Estado, em quaisquer dos cri-
mes capitulados nos diplomas penais. Além disso, figuram também como vítimas as pessoas 
que porventura sejam afetadas, físicas ou jurídicas, podendo cogitar, eventualmente, os entes 
despersonalizados, como, por exemplo, o espólio ou a massa falida.
Tipo objetivo: as condutas tipificadas ou os verbos-núcleo são imprimir, reproduzir, fa-
bricar ou por em circulação títulos de valores mobiliários. Nos dois últimos verbos do caput, 
o legislador recorreu à interpretação analógica, fornecendo a fórmula genérica que seguirá 
outra fórmula casuística, a depender do caso prático. O exegeta, no entanto, deverá observar 
a máxima hermenêutica que sustenta que normas materiais que restringem direitos devem 
ser interpretadas restritivamente.
Para Bitencourt, trata-se de condutas superpostas, na medida em que umas absorvem as 
outras, pelo menos as três primeiras, pois quem fabrica, imprime e reproduz.
O parágrafo único traz em seu bojo os verbos em que as penas são equiparadas às do 
caput. Destaque-se a autoria mediata premente na expressão “faz distribuir”, que assegurará 
somente ao autor da ordem. Entretanto, havendo liame subjetivo entre agentes para a condu-
ta da distribuição, o verbo analisado será “distribuir”, acarretando o raciocínio do aplicador à 
luz da doutrina do concurso de pessoas.
Bem jurídico tutelado: o bem jurídico tutelado pelo artigo 2º, para Bitencourt, é, especifi-
camente,
a regularidade formal do processo de emissão e negociação de valores mobiliários, e por extensão, 
a credibilidade e a estabilidadedo sistema financeiro nacional. (…) a proteção penal impõe-se in-
dependentemente de ser boa ou equivocada a política econômica do governo; portanto não é e não 
podem ser políticas governamentais, puras e simples objeto de proteção penal, como se fossem 
bens jurídicos dignos de tal proteção 16.
15 TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In: 
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
16 TÓRTIMA, José Carlos. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen, Juris, 2009. p.21. In: 
BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Elemento normativo: quaisquer das condutas descritas no tipo exigem o elemento nor-
mativo sem autorização escrita da sociedade emissora, não sendo suficiente a autorização 
oral. Como aduz Bitencourt, “trata-se, na realidade, de uma característica negativa do tipo, 
pois é sua ausência que permite a adequação típica” 17.
Tipo subjetivo: constituído somente pelo dolo, elemento subjetivo geral. É necessária, ain-
da, a presença de um elemento intelectual, qual seja, que o sujeito ativo saiba que pratica as 
condutas tipificadas neste artigo sem autorização escrita da sociedade emissora.
Para Bitencourt, a ausência desse elemento intelectual gera erro de tipo, muito embora 
inúmeras posições consideram que gera erro de proibição. Afirma que 
há grande polêmica em relação ao erro que incide sobre esses elementos: para alguns constitui 
erro de tipo, porque nele se localiza, devendo ser abrangido pelo dolo; para outros, constitui erro 
de proibição, porque, afinal, aqueles elementos tratam, exatamente da antijuridicidade da conduta.
Para Claus Roxin,
nem sempre constitui um erro de tipo, nem sempre um erro de proibição (como se aceita em geral), 
mas pode ser ora um ora outro, segundo se refira a circunstâncias determinantes do injusto ou 
somente à antijuridicidade da ação18.
Em sentido semelhante, para Jescheck, “trata-se de elementos de valoração global do 
fato”19, que devem, pois, ser decompostos, de um lado, naquelas partes que os integram (des-
critivos e normativos), que afetam as bases do juízo de valor, e, de outro, naquelas que afetam 
o próprio juízo de valor. Os primeiros pertencem ao tipo; os últimos, à antijuridicidade 20.
Contudo, Bitencourt considera a posição de Muñoz Conde a mais adequada, ou seja, erro 
de tipo, senão
o caráter sequencial das distintas categorias obriga a comprovar o primeiro o problema do erro de 
tipo e somente solucionado este se pode analisar o problema do erro de proibição”, logo deve ser 
tratado como erro de tipo 21.
17 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
18 ROXIN, Claus. Teoría del tipo penal. Buenos Aires: Depalma, 1979. p.217. In: Ibidem
19 JESCHECK, H.H. Tratado de derecho penal. Trad. Santiago Mir Puig e Francisco Muñoz Conde. Barcelona: Bosch, 1981.p. 
337. In: Ibidem.
20 Ibidem.
21 MUÑOZ CONDE, Francisco. El error em derecho penal, Valencia: Tirant lo Blanch, 1989. p.60. In: Ibidem.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Consumação e tentativa: apesar de controvérsias, para o doutrinador, “as condutas des-
critas no caput, com exceção de ‘pôr em circulação’, são crimes materiais” 22. Assim, o pre-
juízo, se ocorrer, será mero exaurimento do crime. Sendo assim, a tentativa é possível, com 
exceção da modalidade “por em circulação”, na qual o crime é considerado formal. Ademais, 
são considerados crimes instantâneos.
Classificação: crime comum, formal, de perigo abstrato, de forma livre, comissivo, instan-
tâneo e, eventualmente, pode ser permanente (exemplo: quando a divulgação se prorroga no 
tempo). É unissubjetivo e plurissubsistente.
Análise do Artigo 3º
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Para alguns doutrinadores, este artigo se assemelha ao artigo 177, § 1º, I, CP23. Vejamos 
sua redação:
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunica-
ção ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando 
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia 
popular.
§ 1º – Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei 
n. 1.521, de 1951)
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, 
balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
(…)24
Bitencourt destaca que
na hipótese desse dispositivo foram indicados, expressamente, os agentes do delito e os meios 
que podem ser utilizados para a afirmação falsa, ao contrário do que fez o dispositivo da norma 
22 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
23
24 BRASIL. Código Penal. Instituído pelo Decreto– Lei n. 2.848. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da Indepen-
dência e 52º da República. Presidente Getúlio Vargas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
especial, tipificando um crime comum, contra o patrimônio, o qual poderia atingir pessoas indeter-
minadas, em geral, ou os acionistas em particular. Destaca ainda que o legislador da norma espe-
cial, optando por uma definição reduzida da conduta proibida, paradoxalmente, ampliou o alcance 
da norma. Não definindo os agentes que podem praticar o crime, deixou em aberto a qualificação 
daqueles que podem ser seu sujeito ativo, não lhes exigindo qualquer qualidade ou condição es-
pecial 25.
Trata-se de conflito aparente de normas e deve ser resolvido com base nos princípios da 
subsidiariedade e especialidade. Enquanto o Código Penal trata de um crime próprio ou espe-
cial, o artigo 3º da Lei n. 7.492/1986 tipifica um crime comum.
Bem jurídico tutelado: conforme Bitencourt26,
os bens jurídicos protegidos por este tipo penal são plúrimos, ou seja, protege-se, em um primeiro 
momento, a instituição financeira contra a qual é divulgada a informação inverídica (falsa ou pre-
judicialmente incompleta), que é atingida negativamente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, portanto, trata-se de crimecomum, admitindo a coautoria 
e a participação. Para Bitencourt, é necessário, no entanto, que o sujeito ativo
exerça ou se encontre numa situação ou posição que lhe dê alguma credibilidade para “divulgar 
informação sobre instituição financeira”, falsa ou verdadeira. Caso contrário, se não representar a 
instituição financeira, não pertencer a nenhum órgão, entidade ou instituição fiscalizadora, oficial 
ou extraoficial, ou não gozar de determinado status no mercado financeiro, de capitais, mercado-
lógico ou similar, que relevância a declaração de um anônimo poderia ter nesse mundo especiali-
zado? 27.
Nesta visão, um simples anônimo não pode ser considerado sujeito ativo deste crime, 
sendo indispensável ao Juiz, quando julgar caso a caso, uma análise criteriosa.
Sujeito passivo: o SFN, a instituição financeira da qual informação falsa foi divulgada, 
bem como os investidores que, porventura, tenham sido prejudicados.
Tipo objetivo: o verbo-núcleo é “divulgar”, sem obrigatoriedade de que haja, para tanto, a 
utilização de meios oficiais, bastando que haja potencialidade para atingir o conhecimento de 
um número indeterminado de pessoas.
25 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
26 Ibidem.
27 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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“Informação falsa” é aquela que, dolosamente, infere situação não condizente com a re-
alidade da instituição, ao passo que a informação prejudicialmente incompleta é a que omite 
dados. Entretanto, a divulgação de informação incompleta não configura, por si só, um crime 
omissivo, sendo, tão somente, seu objeto material.
A divulgação pode ser falsa integral ou parcialmente e deve ser referente ao objeto-fim 
da instituição financeira atingida. Nesta modalidade, “divulgar informação prejudicialmente 
incompleta”, Cezar Roberto Bitencourt afirma que
não é necessário que a divulgação seja falsa, na medida em que a prejudicialidade deve decorrer 
da incompletude ou da insuficiência da informação, capaz, isto é, idônea a causar prejuízo, dano 
ou, de qualquer forma, apresentar potencial lesivo ao sistema financeiro, à instituição financeira ou 
a potencial investidor 28.
É importante destacar que o tipo penal não exige que a informação divulgada seja sigilosa, 
bastando que seja relevante para ocasionar prejuízos. Ainda, conforme já exposto na análise 
do artigo 1º da Lei n. 7.492/1986, é necessário, nos termos do artigo 41 do CPP, a descrição e 
individualização clara e precisa da natureza da informação, realizando um contraponto com a 
que deveria ter constado, para que reste demonstrada a existência da consciência de praticar 
a ação e da obtenção do resultado.
Divulgação falsa de informação sigilosa: Bitencourt, em sua obra, discute acerca da exis-
tência ou não de concurso de crimes, formal ou material, entre o artigo 3º, em análise, e o 
artigo 18 do mesmo diploma legal. A conclusão que chega é que
a disparidade das elementares típicas, além da natureza de crime comum (art. 3º) e crime próprio 
(art.18), apontam como norma específica a contida nesse último dispositivo, resultando como nor-
ma geral a previsão do art. 3º. Em outros termos, sempre que a divulgação falsa ou incompleta 
for praticada, “com conhecimento em razão de ofício”, e “violando sigilo de operação ou serviço 
prestado por instituição financeira”, não restará qualquer dúvida sobre a adequação típica: violação 
de sigilo de operação financeira. É irrelevante a semelhança ou a divergência dos bens jurídicos 
tutelados, bem como a maior ou menor cominação penal de um ou de outro tipo penal29.
Tipo subjetivo: dolo, ou seja, vontade consciente, esta devendo ser atual e efetiva da ili-
citude, de divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta. Não existe modalidade 
28 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
29 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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culposa, sendo fato atípico a divulgação por imperícia, imprudência ou negligência. É impor-
tante destacar que se presume verdadeira a informação até que se prove o contrário.
Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que alguém toma conhecimento 
da informação falsa, sendo o prejuízo mero exaurimento do tipo penal. Ainda, sendo crime 
plurissubsistente, é cabível a tentativa, porém de difícil ocorrência quando a divulgação for 
oral, eventualmente permanente, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.
Classificação: crime comum, formal, de perigo abstrato na forma “informação falsa”, mas 
de perigo concreto na modalidade “prejudicialmente incompleta”. É de forma livre, comissivo, 
excepcionalmente comissivo por omissão, instantâneo, eventualmente permanente, unissub-
jetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.30
Análise do Caput do Artigo 4º
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Este artigo é muito cobrado nas provas de concurso!
Conflito com a Lei n. 1.521/1951: A conduta do presente artigo é denominada “gestão 
fraudulenta”. A primeira vez que tal conduta foi tipificada no ordenamento jurídico foi na, ain-
da vigente, Lei de Economia Popular, Lei n. 1.521/1951, em seu artigo 3º, inciso IX31. Vejamos:
Art. 3º São também crimes desta natureza:
(…)
IX – gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitali-
zação; sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou 
financiamento de construções e de vendas e imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou pre-
ferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de 
beneficência, socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas cons-
trutoras; cooperativas; sociedades de economia coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou 
não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;
30 BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
31 BRASIL. Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia 
popular. Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1951; 130º da Independência e 63º da República. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1521.htm.
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De acordo com os critérios da sucessividade, deve prevalecer o disposto no artigo 4º, da 
lei em estudo, em relação à Lei de Economia Popular.
Inconstitucionalidade: este artigo 4º, em estudo, tem ensejado discussões na doutrinaacerca da sua constitucionalidade duvidosa, visto que a expressão “fraudulentamente” é ge-
nérica e imprecisa. Dessa forma, haveria violação aos princípios da legalidade e da reserva 
legal, insculpidos no art. 5º, incisos II e XXIX, da Constituição Federal. Porém, prevalece o 
entendimento de que este dispositivo legal é constitucional.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, ou seja, protege mais de um bem jurídico. 
Além do patrimônio da coletividade, conforme alega Bitencourt,
destaca-se, fundamentalmente, o sistema financeiro brasileiro contra gestões fraudulentas ou ar-
riscadas levadas a efeito por seus controladores, administradores, diretores e gerentes. As insti-
tuições financeiras, enquanto entidades individualmente relevantes no sistema financeiro, também 
são objeto da tutela penal, inclusive aquelas pertencentes à iniciativa privada. Nesse sentido, pro-
tege-se a lisura, correção e honestidade das operações atribuídas e realizadas pelas instituições 
financeiras e assemelhadas. O bom e regular funcionamento do sistema financeiro repousa na 
confiança que a coletividade lhe credita. A credibilidade é um atributo que assegura o regular e 
exitoso funcionamento do sistema financeiro como um todo32.
Sujeito ativo: é um crime próprio, praticado pelo administrador e controlador da institui-
ção financeira, considerados como os descritos no artigo 25 e seu § 1º, da Lei em estudo. 
Cuidado como o § 2º do artigo 25, deste diploma legal, nele estão descritos os sujeitos ativos 
equiparados a administradores. Pode ocorrer a participação de terceiros, sendo possível o 
concurso de pessoas.
É preciso zelo ao considerar um gerente, por exemplo, pessoa única de uma instituição 
financeira, como o sujeito ativo, pois se corre o risco de aplicar a responsabilidade penal ob-
jetiva, vedada em nosso ordenamento jurídico. É preciso demonstrar que este gerente tinha 
poder decisório, independente das normas gerais adotadas pelo controle da instituição finan-
ceira para a qual trabalha.
Sujeito passivo: o art. 4º, caput, da lei em comento, tem como vítimas o Estado, a empresa 
e eventuais particulares envolvidos no processo, tais como investidores e correntistas.
32 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.57.
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Tipo objetivo: o fato típico consiste em “gerir” fraudulentamente instituição financeira. 
Gerir significa exercer as atividades de administração, direção. Por sua vez, é necessário que 
essa gestão seja fraudulenta – aquela exercida por meio de artifícios ou manobras que visam 
ludibriar terceiros – e praticada por atos reiterados que caracterizem a fraude.
Crime habitual impróprio: gestão fraudulenta e gestão temerária são crimes habituais im-
próprios.
Elemento normativo: o elemento normativo do tipo penal é “gerir fraudulentamente”, as-
sim, na denúncia, é imperioso que conste a fraude especificada, seus atos caracterizadores, 
modalidades de fraude e que estas sejam habituais, sendo atos típicos de gestão, não bas-
tando os atos irrelevantes para a administração da instituição financeira.
Como aduz Cezar Roberto Bitencourt, 
não se deve esquecer, ademais, que a interpretação em matéria penal repressiva deve ser sempre 
restritiva, e somente nesse sentido negativo é que se pode admitir o arbítrio judicial, sem ser viola-
da a taxatividade do princípio da reserva legal 33.
Modalidade omissiva da gestão fraudulenta: este delito é comissivo, porém, excepcional-
mente, pode ocorrer na modalidade omissiva sendo, portanto, comissivo por omissão, no qual 
haveria a figura do garante agindo como verdadeiro gestor.
É importante frisar que a omissão própria não é possível, pois violaria o princípio da le-
galidade. Porém, a omissão imprópria é possível, nos termos do artigo 13, § 2º, do Código 
Penal34. Para Bitencourt, não é possível a responsabilização do administrador, por omissão, 
por eventuais fraudes praticadas pelos diretores e administradores que efetivamente gerirem 
a instituição, sob pena de atribuir-se-lhe verdadeira responsabilidade penal objetiva. Para ele,
33 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.65.
34 BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
(…)
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem:(Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984).
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o simples conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo a concordância psicoló-
gica caracterizam, no máximo, “conivência”, que não é punível, nem a título de participação, se não 
constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, 
uma infração típica. Tampouco será responsabilizado como partícipe quem, tendo ciência da re-
alização de um delito, não o denuncia às autoridades, salvo se tiver o dever jurídico de fazê-lo 35.
Tipo subjetivo: é crime doloso. O desconhecimento de algum dos elementos constitutivos 
do tipo pode gerar erro de tipo, excludente do dolo. Portanto, é necessário que o sujeito ativo 
tenha vontade e consciência de gerir fraudulentamente a instituição financeira. Não existe a 
modalidade culposa deste delito.
Consumação: é habitual, necessita da prática de vários atos de gestão para ocorrer a con-
sumação. A fraude deve ocorrer na captação, aplicação, intermediação e administração dos 
recursos financeiros ou na emissão, distribuição, intermediação ou administração de títulos e 
valores mobiliários que sejam a atividade-fim da instituição lesada.
É crime formal ou de consumação antecipada, portanto a ocorrência do resultado é mero 
exaurimento da conduta.
Tentativa: por ser crime formal, é possível a tentativa. No entanto, esta é de difícil com-
provação, considerando que o iter criminis é formado por atos complexos, o que torna quase 
impossível a sua decomposição.
Classificação: é crime de perigo concreto, de forma livre, instantâneo, muito embora seja 
crime habitual, e unissubjetivo.
Análise do Parágrafo Único do Artigo 4º
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa
Este dispositivo é muito cobrado em provas de concurso!
Definição de gestão temerária: gestão na qual o administrador atua de forma imprudente 
em transações perigosas, sem o devido zelo que deveria ter diante de tais situações.
35 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.66.
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Crimes contra o Sistema Financeiro
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Constitucionalidade deste dispositivo legal: as maiores críticas que envolvem estes dis-
positivos giram em torno da violação do princípio da taxatividade, pela vulnerabilidade do 
elemento normativo do tipo: temerário, que significa arriscado, perigoso e imprudente.
O princípio da taxatividade, que é um subprincípio da legalidade, preconiza que a condu-
ta criminosa deve ser minuciosamente descrita no tipo penal, de modo que o cidadão saiba 
o que é proibido e o que é permitido. O termo temerário extremamente vago e aberto, o que 
violaria o princípio da taxatividade, uma vez que o gestor não saberia o exato conteúdo da 
expressão.
A gestão temerária é aquela que desobedece às normas e diretivas internas, aumentando 
o risco de que as atividades empresariais terminem por causar prejuízos a terceiros, ou por 
malversar o dinheiro empregado na sociedade infratora.
A posição que prevalece, no entanto, é a de que este parágrafo único do artigo 4º é cons-
titucional.
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, protege o sistema financeiro nacional, as ins-
tituições financeiras e o patrimônio da coletividade.
Sujeito ativo: podem ser sujeitos ativos os elencados no artigo 25, §§ 1º e 2º da Lei em 
comento, sendo crime próprio. Admite a participação de terceiros nos termos do artigo 29 do 
CP.
Sujeito passivo: é o Estado, a própria instituição financeira, os investidores e os correntis-
tas quando lesados.
Gestão temerária e o gerente de instituição financeira: é importante destacar que uma 
agência é apenas uma minúscula parcela de uma instituição financeira, a qual geralmente 
concentra seus atos e poderes decisórios nas inúmeras matrizes que possui. Dessa forma, é 
necessária cautela ao responsabilizar o gerente de uma única agência por gestão temerária, 
considerando que seu vínculo com a instituição é empregatício e que não tem poder de dire-
ção, sendo necessária a autorização de seus superiores para muitos de seus atos, tais como 
liberação de empréstimos. Conforme Cezar Roberto Bitencourt,
quando, no entanto, se puder demonstrar que o gerente realmente detém poder decisório, inde-
pendentemente das diretrizes determinadas pelo controle central da instituição financeira, e o fizer 
contrariando a boa práxis bancária, ou o uso corriqueiro dessas instituições, e, principalmente, 
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desobedecendo orientação superior, autodeterminando-se nessas hipóteses criteriosamente exa-
minadas, poder-se-á imputar-lhe a prática de gestão temerária, atribuindo-se-lhe a responsabi-
lidade por gerir inadequadamente, pelo menos parte, de instituição financeira, desde que calcada 
em sérias e robustas provas36.
Tipo objetivo: a imprecisão do legislador deixou margens para dúvidas quanto à limitação 
entre crime culposo e doloso de gestão temerária. Cezar Roberto Bitencourt considera que
para se evitar a criação de “tipos penais”, por analogia, pelos juízes de primeiro grau, configurando 
a mais perigosa das ditaduras, que é a ditadura judicial, sugerimos a combinação de dois diplomas 
legais, ambos em vigor, para não prejudicar o acusado, evitando-se, assim, a responsabilidade pe-
nal objetiva, quer por analogia, quer por interpretação analógica, ou por qualquer outro fundamento 
(…) assim, far-se-ia a combinação de dois diplomas legais, ou seja, o art.4º da Lei n.7.492/1986 
com o inciso IX do art.3º da Lei n. 1.521/51. Sustentando a possibilidade de conjugar-se aspectos 
favoráveis de uma lei anterior com os aspectos favoráveis de lei posterior, tivemos a oportunidade 
de afirmar o seguinte: parte da doutrina opõe-se a essa possibilidade, porque isso representaria a 
criação de uma terceira lei, travestindo o juiz de legislador 37.
Tipo subjetivo: inexiste na gestão temerária a vontade consciente de ocasionar prejuízo 
a instituição. Por isso, Cezar Roberto Bitencourt afirma que “o mais razoável é que se admita, 
no máximo, dolo eventual, mais próxima da culpa consciente, que é afastada pela ausência de 
previsão legal expressa” 38. Não há previsão de modalidade culposa desta conduta.
Crime habitual: a gestão temerária é, sem dúvida, também, crime habitual. Ocorre na ges-
tão de uma instituição financeira a prática de atos arriscados e é até mesmo necessária, 
razão pela qual, atos esporádicos não podem ser tipificados como crime. É imprescindível 
a comprovação da habitualidade da conduta temerária para que se possa responsabilizar o 
gestor ou administrador.
Consumação: consuma-se com a prática reiterada de atos de gestão arriscados, teme-
rários. Embora seja crime formal, não se exige o resultado para a consumação, neste caso, é 
imprescindível que tenha ocorrido algum prejuízo para a instituição financeira.
Tentativa: conforme dito na análise do caput do artigo 4º, por ser crime impropriamente 
habitual, ou seja, apesar da habitualidade, é crime instantâneo, a tentativa é de difícil ocorrên-
36 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
37 Ibidem.
38 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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cia. Assim, a impossibilidade da forma tentada não decorre da característica de crime formal, 
e sim de sua habitualidade.
Comparação das penas aplicadas ao caput e ao parágrafo único do artigo 4º: a pena 
aplicada aos delitos descritos no caput e parágrafo único desse artigo 4º mostram-se dis-
crepantes: reclusão de 3 a 12 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão 
fraudulenta; e reclusão de 2 a 8 anos cumulada com pena pecuniária de multa para a gestão 
temerária. Há uma clara violação ao princípio da proporcionalidade e, ainda, há de se consi-
derar a dificuldade em diferenciar gestão temerária da fraudulenta, conforme antes exposto, o 
que dá uma maior discricionariedade ao juiz na hora de aplicar a pena.
Análise do Artigo 5º
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, 
valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, 
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem auto-
rização de quem de direito.
É um delito análogo às condutas de peculato, sendo seu viés, no entanto, voltado à Admi-
nistração Financeira. Para Bitencourt, assemelha-se ao crime de apropriação indébita previs-
to no Código Penal. Vejamos:
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(…)39
O autor afirma que 
distingue-se, fundamentalmente, em dois aspectos básicos: de um lado, aapropriação indébita 
contida no Código Penal tem como objeto material “coisa alheia móvel”, ao passo que a previsão 
do dispositivo em exame tem como objeto “título, valor ou qualquer outro bem móvel”; de outro 
lado, o Código Penal refere-se à coisa alheia móvel “de que tem a posse ou a detenção”, enquanto 
o dispositivo especial refere-se semente àqueles bens “de que tem a posse”, acrescentando, no 
entanto, a figura de “desviá-lo em proveito próprio ou alheio40.
39 BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
40 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op.
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Bem jurídico tutelado: para Guilherme de Souza Nucci, é “a credibilidade do mercado fi-
nanceiro e a proteção do investidor”41. Bitencourt diz ser
fundamentalmente, o sistema financeiro nacional, protegendo-o dos maus administradores, es-
pecialmente contra atos ou gestões fraudulentas, temerárias ou arriscadas, levadas a efeito por 
inescrupulosos controladores, administradores ou diretores42.
O autor complementa que, quanto ao artigo 5º em análise, especificamente, 
é a inviolabilidade patrimonial da própria instituição financeira, dos investidores, em particular, e 
da coletividade, em geral, especificamente em relação ao direito de propriedade, e não ao direito 
possessório43.
Aduz, ainda, que
o dispositivo em exame protege mais do que simples direito de propriedade, ou seja, os direitos 
de garantia, como o usufruto e o penhor, também estão protegidos penalmente, uma vez que o 
usufrutuário, assim como o devedor, pode apropriar-se indevidamente da res, violando o direito do 
nu-proprietário ou do credor pignoratício44.
Sujeito ativo: são os controladores e administradores das instituições, conforme artigo 
25, §§ 1º e 2º, da lei em estudo. Entretanto, jamais poderão ser punidos o controlador, o admi-
nistrador, o diretor e o gerente de instituição financeira, pela simples condição que ostentam, 
a não ser que tenham praticado as condutas descritas. Portanto, trata-se de crime próprio 
pela atuação dolosa, não pela qualidade que os sujeitos ostentam consigo.
A condição especial de administrador ou controlador é elementar o delito, comunican-
do-se ao particular – se este tiver consciência da qualidade especial do outro sujeito ativo – 
que, porventura, venha a concorrer na conduta, conforme artigo 30 do CP45.
Como leciona Bitencourt, quanto à consciência da qualidade especial do sujeito descrito 
no caput pelo particular, que
41 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5ª Ed. São Paulo: RT, 2010.
42 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
43 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
44 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
45 BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
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desconhecendo essa condição, o dolo do particular não abrange todos os elementos constitutivos 
do tipo, configurando-se o conhecido erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Responderá, 
no entanto, por outro crime, consoante o permissivo contido no art.29, § 2º, do CP, que abriga a 
chamada cooperação dolosamente distinta, autorizando-o a responder, em princípio, por crime 
menos grave 46.
Sujeito passivo: é o Estado e, secundariamente, a própria instituição financeira e os inves-
tidores e correntistas, quando lesados.
Elemento subjetivo: é o dolo. Considerando que, na modalidade “desviar”, exige um fim 
específico, que é a obtenção de proveito para si ou para outrem. Na modalidade “apropriar-
-se”, não é exigido um fim específico. Bitencourt denomina este fim específico de elemento 
subjetivo especial do injusto e complementa dizendo que
esse elemento subjetivo está implícito na primeira figura, “em proveito próprio”, pois seria incom-
preensível apropriar-se em benefício de terceiro, e explícito na segunda, “desviá-los em proveito 
próprio ou de alheio”. Com efeito, se o desvio operar-se em benefício da própria instituição finan-
ceira, não haverá apropriação indébita financeira, propriamente, mas o desvio do objeto material 
poderá configurar outro crime, e não este. Em outros termos, o desvio dos bens, objeto material 
desta infração penal, não encontra adequação típica no preceito primário deste art.5º47.
É importante ressaltar que, no crime de apropriação indébita financeira, assim como no 
crime de apropriação indébita previsto no Código Penal, ocorre a inversão do título da posse. 
Assim, para a ocorrência dos tipos previstos no art. 5º, em estudo, é necessária a anterior 
posse lícita do objeto material indevidamente apropriado por outrem. Conforme afirma Biten-
court, “o dolo é subsequente, pois a apropriação segue-se à posse da coisa”48. Aduz, ainda, 
que
para se caracterizar a apropriação indébita, tanto a tradicional como a especial (financeira), é fun-
damental a presença do elemento subjetivo transformador da natureza da posse, de alheia para 
própria. Ao contrário do crime de furto, o agente tem a posse lícita da coisa. Recebe-se legitima-
mente. Muda somente o animus que o liga à coisa ou aos objetos mencionados expressamente n 
dispositivo sub examen 49.
46 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
47 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
48 Ibidem.
49 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Tipo objetivo: apropriar-se, o gerente ou administrador da instituição financeira, de di-
nheiro, títulos ou outros bens depositados ou custodiados por esta, ou desviá-los em proveito 
próprio ou alheio. É importante ressaltar que as expressões “ou qualquer outro bem móvel”, 
presente no caput, e “ou qualquer bem móvel ou imóvel”, presente no parágrafo único, ambas 
no art. 5º em estudo, permitem uma interpretação extensiva ou analógica. Ainda, o proveito 
necessário para configurar o delito pode ser de qualquer natureza, patrimonial, funcional, mo-
ral ou outras.
Elementar do tipo: “sem autorização de quem de direito”, que é ao mesmo tempo um ele-
mento normativo imprescindível para a ocorrência do delito.
Consumação: na modalidade “apropriar-se”, o delito consuma-se com a inversão do título 
da posse sobre a coisa, por ato voluntário e consciente do agente, passando a agir como se 
dono fosse. É necessária a comprovação de atos externos que não deixem dúvidas quanto à 
intenção do agente em não devolver a coisa alheia, uma vez que a simples demora na devo-
lução da res à vítima não configura o delito.
Na modalidade “desviar”, o crime consuma-se com o efetivo desvio – desde que este faça 
parte do elemento subjetivo especial do tipo – não precisando ocorrer a real obtenção de 
proveito próprio ou alheio. Por fim, trata-se de crimeinstantâneo, uma vez que não há lapso 
temporal entre a ação e o resultado.
Tentativa: é um crime material, portanto a tentativa, apesar de difícil comprovação, é pos-
sível. Sobre o tema, Bitencourt leciona que
a despeito da dificuldade de sua comprovação, a identificação da tentativa fica na dependência da 
possibilidade concreta de se constatar a exteriorização do ato de vontade do sujeito ativo, capaz de 
demonstrar a alteração da intenção do agente de apropriar-se do bem alheio, invertendo a natureza 
da posse. Não se pode negar a configuração da tentativa quando, por exemplo, o proprietário sur-
preende o possuidor efetuando a vendo do bem que lhe pertence e somente a intervenção daquele 
– circunstância alheia à vontade do agente – impede a tradição do objeto ao comprador, desde que 
nenhum ato anterior tenha demonstrado essa intenção50.
50 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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análIse do artIgo 6º
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente 
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Bem jurídico tutelado: inviolabilidade e credibilidade do mercado de capitais. É crime plu-
riofensivo, pois, como afirma Manoel Pedro Pimentel,
nesse dispositivo, tem-se a impressão de que o legislador pretendeu normatizar as relações in-
ternas da instituição financeira, protegendo os interesses de sócio, investidor e repartição pública 
relativamente ao acesso às informações verdadeiras, a respeito dos aspectos operacionais e fi-
nanceiros da sociedade51.
Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo de sonegar informação ou prestá-la falsa-
mente, abrangendo, além da ação, o meio fraudulento e a vantagem indevida relativos à ope-
ração financeira. Não existe a modalidade culposa.
Tipo objetivo: o tipo incrimina as condutas de “induzir” e “manter” em erro sócio, inves-
tidor ou repartição pública competente, ocorrendo semelhanças com o crime de estelionato 
previsto no Código Penal.
Para Bitencourt, sonegar informação ou prestá-la falsamente, “não representa, as con-
dutas incriminadas, mas apenas indicam o modo ou a forma de realizar aquelas (induzir ou 
manter)”52. Afirma que
para que haja correlação entre a ação (induzir ou manter) do sujeito ativo e o efeito (ou objeto) 
sentido pelo sujeito passivo, o erro, é necessária a existência de um contexto comunicacional, que 
permita a relação da ação do sujeito ativo com seu interlocutor, que sofre a consequência do agir 
típico, ou seja, é indispensável que se possa identificar a existência da conhecida “relação causa 
e efeito”53.
Comparação com o crime de estelionato previsto no artigo 171, CP54:
51 PIMENTEL, Manoel Pedro. Crimes contra o sistema financeiro nacional, p.62, in BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, 
Juliano.Op. Cit.
52 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
53 Ibidem.
54 BRASIL. Código Penal. Op.Cit.
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Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(…)
A explicação de Bitencourt, em sua obra, diferencia de forma sucinta os dois delitos. 
Para enganar sócio, investidor ou repartição pública, induzindo-o ou mantendo-o em erro, ao con-
trário do estelionato que admite o emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento, 
o crime especial do art.6º somente pode ser executado “sonegando informação ou prestando-a 
falsamente”, que são os dois únicos meios fraudulentos previstos no tipo penal55.
Delito que tipifica a conduta do autor mediato, que atua por ação ou omissão própria. 
Destaque-se que, se o autor do delito ocupar a posição de garantidor da não ocorrência do 
resultado, a responsabilidade sobre ele recairá de maneira imprópria, o que importará na au-
toria do delito principal, e não do delito in tela.
Sujeito ativo: o delito é comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, sem a neces-
sidade de que a ação seja praticada em benefício próprio ou alheio. Admite-se o concurso de 
pessoas, devendo ficar atento, o julgador, para não o presumir, sob pena de ocorrer responsa-
bilidade penal objetiva.
Sujeito passivo: Estado e, secundariamente, sócio ou investidor, se lesados. Bitencourt56, 
no entanto, coloca o Estado como sujeito passivo secundário e o sócio e investidor como 
sujeitos passivos primários. Para alguns doutrinadores, a lei fere o princípio da taxatividade, 
pois a conduta de enganar não é contra a repartição pública, como referida no caput do artigo 
em comento, mas, sim, contra os agentes do Estado que atuam nessa repartição.
Consumação e tentativa: no local e no momento em que a vítima é enganada, induzida ou 
mantida em erro, sendo imprescindível a obtenção de vantagem ilícita e prejuízo patrimonial 
de outrem para ocorrência. Por ser crime material, admite a tentativa quando o iter criminis é 
interrompido por causas estranhas à vontade do agente.
Ação penal: a competência territorial é do juízo do local onde são articuladas as opera-
ções fraudulentas na Bolsa de Valores, e não no local da efetiva realização das transações57.
55 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
56 Ib idem.
57 BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.
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Análise do Artigo 7º
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:
I – falsos ou falsificados;
II – sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das 
constantes do registro ou irregularmente registrados;
III – sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
IV – sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Norma complementar: Nucci aconselha “checar as Leis n. 6.385/1976 (Mercado de valo-
res mobiliários) e n. 4.728/1965 (Mercado de capitais)” 58. Ocorre que as condutas descritas 
no artigo 7º foram, anteriormente, de forma semelhante, disciplinadas pelos artigos 72, 73 e 
74 da Lei n. 4.728/196559. Vejamos, por questão de curiosidade:
Art. 72. Ninguém poderá gravar ou produzir clichês, compor tipograficamente, imprimir, fazer, re-
produzir ou fabricar de qualquer forma, papéis representativos de ações ou cautelas, que os repre-
sentem, ou títulos negociáveis de sociedades, sem autorização escrita e assinada pelos respecti-
vos representanteslegais, na quantidade autorizada.
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas 
que as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da 
sociedade, com firmas reconhecidas.
§ 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda 
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação 
legal da sociedade.
§ 2º A violação de qualquer dos dispositivos constituirá crime de ação pública, punido com pena 
de 1 a 3 anos de detenção, recaindo a responsabilidade, quando se tratar de pessoa jurídica, em 
todos os seus diretores.
Art. 74. Quem colocar no mercado ações de sociedade anônima ou cautelas que a representem, 
falsas ou falsificadas, responderá por delito de ação pública, e será punido com pena de (um) a 4 
(quatro) anos de reclusão. (Redação dada pela Lei n. 5.589, de 1970)
Bem jurídico tutelado: é crime pluriofensivo, tutelando o patrimônio dos investidores e a 
fé pública que possui o mercado mobiliário e financeiro. Secundariamente, protege a inviola-
bilidade, a credibilidade e a regularidade das transações.
58 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit
59 BRASIL. Lei 4.728. De 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvi-
mento. Op.Cit.
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Tipo objetivo: Nucci afirma que
emitir significa colocar em circulação; oferecer quer dizer apresentar algo para que seja aceito; ne-
gociar significa transacionar, comerciar. Os objetos das condutas são os títulos (documentos que 
certificam um direito) ou valores mobiliários (são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que 
podem ser negociados em bolsa), preenchidas as hipóteses descritas nos incisos. Cuida-se de tipo 
misto alternativo, ou seja, há três condutas possíveis e mesmo que o agente pratique todas, será 
punido por um só delito.
Sujeitos ativo e passivo: para Nucci,
o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Porém, algumas formas podem exigir sujeito qualificado, 
como o gestor da instituição financeira, que teria condições de emitir um valor mobiliário, sem o re-
gistro prévio junto à autoridade competente. Outra pessoa não poderia fazê-lo em seu lugar, salvo 
se cometesse, concomitantemente, o crime de falsidade documental.
Como afirma José Paulo Baltazar Júnior60, “nada impede que haja conluio entre a insti-
tuição financeira e os administradores. O sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, as 
pessoas prejudicadas pelas condutas típicas”.
Bitencourt afirma que “nas três condutas incriminadas, é perfeitamente admissível o con-
curso eventual de pessoas na modalidade de coautoria e participação”61. Para ele, assim o 
Estado é o sujeito passivo secundário e as pessoas, porventura, lesadas, sujeito passivo pri-
mário.
Tipo subjetivo: é o dolo. Conforme Nucci, “não se exige elemento subjetivo específico, 
nem se pune a forma culposa” 62.
É indispensável a consciência, pelo sujeito ativo, da irregularidade de seus títulos ou va-
lores, devendo ser esta consciência atual, diferente de consciência da ilicitude, que pode ser 
potencial, conforme leciona Bitencourt63.
Norma penal em branco: conforme Nucci,
a expressão ‘de qualquer modo’ dá a entender, em um primeiro momento, que o crime possui forma 
livre e pode ser cometido de acordo com a inesgotável imaginação do agente. Entretanto, o sentido 
nos parece diverso. Títulos e valores mobiliários, para serem emitidos, oferecidos e negociados, 
60 BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais.Op. Cit.
61 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
62 NUCCI, Guilherme de Souza. Op.Cit.
63 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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possuem leis específicas regentes, razão pela qual há dependência do conhecimento dessas re-
gras para se captar quais os modos pelos quais as condutas típicas têm condições de realização 
64.
Conceitos, conforme ensinamento de Nucci:
•	 Títulos: “são os documentos representativos de um direito” 65.
•	 Valores mobiliários: “são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que podem ser 
negociados em bolsa (ex.: ações)” 66.
•	 Autoridade competente:
pode ser o Banco Central do Brasil (para títulos em geral) ou a Comissão de Valores Mobiliários 
(para valores mobiliários). Aliás, por tal razão, mencionamos anteriormente, possuir o tipo uma 
forma vinculada e ser norma penal em branco. É preciso conhecer o modo pelo qual um título ou 
valor mobiliário se forma e pode circular67.
•	 Lastro e garantia:
lastro é base ou sustento de algo; garantia é seguro ou certo de ocorrer. Títulos e valores mobiliá-
rios precisam, evidentemente, ter lastro e garantia suficientes para poder circular como se fosse a 
‘moeda’ do sistema financeiro. É fundamental consultar a legislação própria para ter noção desses 
valores. Checar a Lei n. 6.404/1976 (Sociedade por ações)68.
•	 Autorização prévia da autoridade competente: como já mencionado, além de os títulos 
e valores mobiliários necessitarem de registro regular junto às instituições competen-
tes (Banco Central ou Comissão de Valores Mobiliários), há também a participação do 
Conselho Monetário Nacional, que define as bases do mercado de valores mobiliários 
(art. 3º da Lei n. 6.385/1976). “Cuida-se, por certo, de norma penal em branco, havendo 
exigência de conhecimento das regras impostas em outras leis extrapenais” 69.
64 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
65 Ibidem.
66 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit. p.135.
67 Ibidem.
68 Ibidem.
69 BITENCOURT, Cezar Roberto; BREDA, Juliano.Op. Cit.
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Objetos material e jurídico: para Nucci, “os objetos materiais são os títulos e os valores 
mobiliários; os objetos jurídicos são a credibilidade do mercado financeiro e a proteção ao 
investidor” 70.
Consumação: consuma-se com a ocorrência das condutas descritas no tipo: emitir, ofe-
recer ou negociar; não dependendo da ocorrência do resultado em nenhum dos incisos do 
artigo em comento.
Tentativa: é cabível na conduta de “negociar”, por ser crime plurissubsistente, ocorrendo 
quando for interrompida contra a vontade do agente. Já nas condutas de “emitir” e “oferecer”, 
não é cabível a tentativa, pois são crimes unissubsistentes.
Classificação: nos ensinamentos de Nucci,
é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Eventualmente, pode assumir a feição de 
delito próprio (exige sujeito qualificado, isto é, aquele que detém competência para emitir o título ou 
valor mobiliário); formal (não depende da ocorrência de efeito