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Síntese Reflexiva CHARLOT, Bernard. Relação com o saber a sociedade contemporânea: reflexões antropológicas e pedagógicas. In:________. Da relação como saber às práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2013. p.157-182. O capítulo V do livro de Bernard Charlot traz uma visão sobre a educação e as relações entre os sujeitos, a partir dos processos educativos e da filosofia. No decorrer do texto o autor levanta questionamentos pedagógicos, epistemológicos, sociológicos e antropológicos ao leitor, para explicar a espécie humana, sua história e o papel da escola na sociedade contemporânea. Para as questões pedagógicas e epistemológicas, temos como questão central os problemas de aprendizado e como deve ser visto “o aprender” para as crianças diante das políticas públicas. Traz a ideia de transformar a escola, porém a escola não deve ser a única culpada pela não aprendizagem do aluno. O aprender está baseado numa relação de troca, se o aluno não tiver atividade intelectual ele não aprenderá. E, além disso, ele também precisará encontrar um sentido para absorver os conhecimentos, que terá que ser prazeroso para ele. O prazer para o aprendizado deve estar associado ao desejo e ao esforço, e precisa surgir da mobilização do próprio aluno. O professor poderá motivá-lo mas partirá do aluno o desejo de aprender. Uma problemática que envolve a didática, nessa relação aluno/professor, é que ela auxilia o professor a transmitir conteúdos pressupondo que o aluno tenha uma pré-disposição para aprender, todavia não há uma fórmula para os alunos que não desenvolveram a atividade intelectual. Esses alunos que não conseguem aprender e tomam a decisão de sair da escola, estão estatisticamente, no Brasil, associados a dados das evasões escolares. Neste caso, é fundamental entendermos que esse sujeito não evadiu e nem abandonou a escola, pois para que ele se mantivesse na escola ele precisaria, primeiramente, entender o real sentido de estar lá e ter prazer em frequentá-la. O aprendizado não se constrói apenas na escola, ele também é feito fora dela. Existem formas variadas de adquiri-lo e cada uma tem seu valor para a construção dos sujeitos. Cada aluno tem suas vivências, e a ideia de heterogeneidade permite combater a ideia de que há carências nos alunos dos meios populares.(p.162) A leitura que se faz dos sujeitos deve ser baseada na “bagagem” de mundo que eles trazem consigo. Partindo para as questões sociológicas, é possível comparar a origem familiar escolar da criança com o sucesso ou fracasso escolar dela, porém apenas em termos probabilísticos. Não há como justificar que a família tenha relação com o sucesso ou fracasso escolar. O conceito de habitus, trazido pela sociologia da reprodução de Bourdieu, em alguns pontos poderá embasar essa explicação para o sucesso ou fracasso do sujeito. Pois somos construídos de acordo com o nosso meio social, “possuindo uma história social e uma história singular.” (p.165) O ponto de partida da mobilização interna do aluno será definido pelo seu conhecimento de mundo, em detrimento a “sua interpretação interpretação de sua posição social objetiva e, portanto, sua posição social subjetiva.”(p.166) Do contexto antropológico, o homem é analisado pelas suas relações com o outro através da história. Estudiosos como Kant, Vygotsky e Marx apresentam ideias que especificam fatores a respeito da formação dos sujeitos e do processo de construção da espécie humana. A educação é um dos fatores que envolve essas relações, reconhecida como uma herança cultural e, é através dela que as gerações perpassam seus conhecimentos. Por uma relação educativa podemos entender também a nossa condição humana. A aprendizagem é um processo heterogêneo e depende do outro para que haja uma transmissão adequada de conhecimentos. O professor precisa fazer com que o aluno entenda sua posição nesse processo, tanto quanto o objetivo da escola para a sua vida e construção do seu Eu. Conclui-se que a relação de saber para a sociedade contemporânea está baseada em uma padronização sobre o não-conhecimento do papel da escola para a formação humana. As pessoas apenas seguem as regras pré-estabelecidas e não questionam sobre as consequências dela, se estão aprendendo, porque e para que estão aprendendo. Além dessa perspectiva, temos também a utilização do saber como mercadoria. Distorção provocada pelo capitalismo que provoca grandes mudanças no perfil das escolas e dos sujeitos envolvidos, refletindo em novos tipos de relações sociais e mudanças nos sujeitos em vários aspectos. Referências CHARLOT, Bernard. Relação com o saber a sociedade contemporânea: reflexões antropológicas e pedagógicas. In:________. Da relação como saber às práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2013. p.157-182.
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