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Dalila Fassarella Corrêa Anafilaxia 1. Definição. ✓ Reação sistêmica, grave, de início súbito e evolução rápida; potencialmente fatal, pode acometer vários órgãos e sistemas simultaneamente. • Pele e mucosas, sistemas respiratório, cardiovascular, digestório e neurológico. 2. Epidemiologia. 3. Classificação. ✓ Alérgica. • IgE mediada: alimentos, venenos de insetos, látex, drogas (beta-lactâmicos). - Mais comum. - Individuo se sensibiliza -> produz IgE espec. -> exposição novamente -> IgE ativa mastócitos, que degranulam, liberando mediadores -> manifest. clínicas. • Não IgE mediada: derivados do sangue e agregados imunes – tipos 2, 3 e 4. - Tipo 2: Ag-Ac (ativação do sist. complemento -> libera porções proteicas, que se ligam a receptores na memb. do mastócito -> degranulam). - Tipo 4: participação de outras céls como linfócitos, produzindo mediadores -> reações. ✓ Não alérgica. • Agentes físicos (frio), exercício físico, drogas (AINH, opiáceos, radiocontrastes). pode ser desencadeador por si só, ou dependente de alimento ou de medicamento (só tem reação se come X e realiza exs). • Idiopática. 4. Fisiopatologia. ✓ Fenótipo: tipo de mecanismo imunológico. ✓ Fator desencadeante: gatilho da reação. ✓ Endótipo: mecanismo celular, mecanismo molecular. ✓ Biomarcador: define os endótipos, que promovem os sintomas. ❖ Tipo 1/IgE mediado e não IgE mediado. • Alérgenos ambientais, proteína alimentar, atb, quimioterapia, Ac monoclonal, veneno para inseto. • Mastócito, basófilo. • Histamina (principal). • Manifest. clínicas: - IgE mediada (hipersensibilidade tipo 1): o Cutâneas: urticária, angioedema, lesão pápulo-eritematosa e pruriginosa. o Respiratórias: tosse, dispneia, sibilos, coriza, espirro, obstrução nasal. o TGI: náuseas, vômito e diarreia. o Cardiovasculares: hipotensão arterial, colapso circulatório podendo chegar a choque anafilático. - Não mediada por IgE: o Ex.: Atb (quinolona) age sobre receptor acoplado a prot. G (MRGPRX2) -> ativação/degranulação de mastócito, liberação de seus mediadores ❖ Liberador de citocinas. • Quimioterapia, Ac monoclonal. • Macrófago, monócito, cél T. • TNF, IL-1B, IL-6 (possuem ação inflamatória). • Febre, calafrio, cefaleia, hipotensão, queda de SatO2 – dentro desse fenótipo existe um padrão de tempestade de citocinas em que ocorre uma liberação maciça desses mediadores (quadro agudo e severo, potencialmente letal). ❖ Misto (2 anteriores). • Pode se expor aos mesmos desencadeantes já descritos e apresentar manifestações mistas, isto é, tanto do Tipo 1 IgE/Não IgE quanto do Liberador de citocinas. ❖ Ativação do complemento. • Contrastes, sulfato de condroitina, glicosaminoglicanas, diálise de membrana. • Produz pequenas frações proteicas que se ligam a receptores da memb. do mastócito. Ex: liberação de c3a, c5a – anafilotoxinas. • Sintomas decorrentes de mediadores mastocitários, logo, mto parecidos com os do tipo 1; podem evoluir com hipotensão severa e queda da saturação. ➢ Independente do fenótipo, tto: epinefrina. 5. Manifestações clínicas. ✓ Apresentação: combinação de aprox. 40 sinais e sintomas. • Cutâneas: > 90% (urticária, angioedema, rubor, prurido; sudorese, cianose, palidez, hiperemia de mucosa). Dalila Fassarella Corrêa • Resp.: 40-70% (nariz: obstrução, coriza, espirro, prurido / laringe: prurido, disfagia ou disfonia, estridor, tosse seca / brônquios: tosse, opressão toráxica, sibilância, dispneia). • GI: 30% (cólica abdominal, diarreia, náuseas, vômitos). • Cardiovasc.: 30% (hipotensão: taquicardia, vertigem, fraqueza/síncope, estado mental alterado -> choque anafilático / dor torácica, arritmia, sensação de morte eminente). • Outras: perda de controle de esfíncteres, contrações uterinas, convulsões, zumbido, perda de visão. ✓ Início: segundos a minutos, raramente horas. ✓ Intensidade: leves com resolução espontânea ou graves com evolução para comprometimento respiratório, cardíaco ou até óbito. ✓ Evolução: não é possível prever (curso individual). 6. Critérios diagnósticos; principais sinais e sintomas correspondentes a cada sistema. ✓ Diag. essencialmente clínico. ✓ Situações muito críticas (é necessário estabelecer os critérios rápido e atuar rápido): • Choque; • Possível evolução com edema de laringe. Início súbito (min a hrs) com comprometimento da pele, mucosa ou ambos e, pelo menos mais 1 dos sintomas: • Respiratórios súbitos (sibilos, dispneia, estridor, hipoxemia). • Hipotensão abrupta/disfunção orgânica (hipotonia, colapso, incontinência). 2 ou mais dos sintomas e sinais que ocorrem subitamente, após exposição a provável alérgeno/desencadeante: • Sint. cutâneos-mucosos (prurido, urticas, edema). • Sint. respiratórios súbitos (sibilos, dispneia, estridor, hipoxemia). • Hipotensão abrupta/disfunção orgânica (hipotonia, colapso, incontinência). • Sint. GI súbitos (cólicas, vômitos, diarreias). PA após exposição a alérgeno/desencadeante já conhecido (min a hrs). • Lactentes/crianças: queda da PA sistólica < 30% do estimado para idade. • Adultos: PA sistólica < 90% mmHg ou queda > 30% do valor pessoal. 7. Diagnóstico laboratorial. ✓ Às vezes, é necessário auxiliar o diag. clínico com exames laboratoriais. Porém, a dosagem negativa não exclui o diagnóstico! ✓ Triptase plasmática. • 1-11.4 ng/mL. • 15 min a 3 h (>6h). ✓ Histamina plasmática. • 5-15 min a 1 h (pico de liberação rápido e queda rápida). • Pode ser detectada na urina. ✓ Outros mediadores: beta triptase, FAP, carboxypeptidase. 8. Investigação do diagnóstico etiológico da anafilaxia mediada por IgE. ✓ Testes cutâneos ou in vitro – avaliação de IgE específica. • Nem sempre o teste positivo significa alergia, pode ser apenas sensibilidade. 9. Diagnósticos diferenciais. 10. Tratamento. ✓ É uma emergência médica. • Preservar a permeabilidade das vias aéreas, manter a pressão sanguínea e a oxigenação. • Aspectos fundamentais: - Adm imediata de adrenalina. - DD com MMII elevados. - Manutenção da volemia. ✓ Etapas: 1. Remover fator desencadeante; se é reação a atb, suspender o atb. 2. Checar o ABCDE (respiração espontânea, lucidez, pulso cheio, perfusão periférica boa, taquicardia, taquipneia, manifestações cutâneas). 3. Chamar ajuda médica. 4. Adrenalina injetável – músculo vasto lateral da coxa. 5. Elevar MMII (retorno venoso). Dalila Fassarella Corrêa 6. Avaliar SatO2: <92% deve ser instituído oxigenioterapia (máscara 10L/min ou cateter 3L/min). Se continua saturando <95% -> mais uma dose de adrenalina. 7. Se apresentar débito volêmico, adm solução fisiológica para expansão de volume. 8. Se entrar em PCR – reanimação. 9. Monitorização: FC, FR, saturação de O2, PA. ✓ Tto hospitalar. • 1ª linha: adrenalina no m. vasto lateral da coxa. - Mecanismo beta adrenérgico. - Diminui edema da mucosa e vias aéreas. - Ajuda a reverter hipotensão. - Suprime ação dos mastócitos e basófilos. • 2ª linha: broncodilatadores de ação rápida; sempre usar em pcts com manifestações de broncoespasmo (inalatório). principalmente em pacientes que não respondem a expansão volêmica. efeito inotrópico e cronotrópico positivo, independente de receptores beta (pct que usa beta-bloqueadores). • Tempo de observação do pct. - Casos leves: 6-8 hrs. - Casos graves: 24-48 hrs. • Considerações durante tto. - Asma não controlada: risco de reações fatais. - Hipotensão que se agrava na evolução da reação: resposta com adrenalina. - Em 10% dos casos, os sintomas não podem ser revertidos. 11. Fatores que implicam em falha terapêutica. ✓ Não uso ou atraso da adm de adrenalina. ✓ Doses baixas/subdoses ou via de adminadequadas. ✓ Uso de outros fármacos concomitantes. • Beta-bloqueadores, IECA, inibidores da MAO, antidepressivos tricíclicos. ✓ Erro diagnóstico – doenças associadas. • Asma não controlada. • Dça cardiovascular. • Mastocitose. 12. Reação bifásica. ✓ Pct inicialmente apresenta resposta boa ao tto mas passadas algumas horas, sintomas voltam mesmo sem ter sido exposto ao fator desencadeante – potencialmente fatal. ✓ Mais leve ou mais grave que episódio inicial – tempo de evolução pode variar de 8 a 72 hrs. 13. Prevenção e manejo de novas crises. ✓ Alta hospitalar: • Anti-histamínico. - 2ª geração (cetirizina, desloratadina, fexofenadina, levocetirizina, loratadina). - Doses habitutais, por 7-14 dias. • Corticoide. - Prednisolona ou prednisona. - 1-2mg/kg/dia por 5-7 dias. • Adrenalina autoinjetora. - 0,1mg IM (crianças com 7,5-15kg). - 0,15mg IM (crianças com 15-30kg) - 0,30mg IM (crianças > 30kg). - Custo alto; prazo de validade curto. ✓ Manejo de novas reações: • Encaminhamento ao alergologista para diagnóstico etiológico. • Placa de identificação da condição. • Educação de pct e família. • Incentivo à leitura de rótulos.
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