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40 ANOS NA EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA EM ÁRVORE DE NATAL MOLHADA NO BRASIL André Luiz Moura de Vasconcelos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Ilson Paranhos Pasqualino Rio de Janeiro Outubro de 2015 40 ANOS NA EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA EM ÁRVORE DE NATAL MOLHADA NO BRASIL André Luiz Moura de Vasconcelos DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: ________________________________________ Prof. Ilson Paranhos Pasqualino, D.Sc. ________________________________________ Prof. Paulo Couto, Ph.D. ________________________________________ Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL OUTUBRO DE 2015 iii Vasconcelos, André Luiz Moura de 40 anos na evolução da tecnologia em árvore de natal molhada no Brasil/ André Luiz Moura de Vasconcelos. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015. XVIII, 167 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Ilson Paranhos Pasqualino Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2015. Referências Bibliográficas: p. 165-166. 1. Árvore de Natal Molhada. 2. Histórico. 3. Engenharia Submarina. I. Pasqualino, Ilson Paranhos. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III Título iv Dedico à minha esposa e minha família pelo constante apoio... Aos meus amigos por tantos exemplos, conselhos e mesmo sem querer me ensinaram um pouco a cada dia. Aos meus mentores por me mostrarem através de suas experiências o caminho a seguir... Aos meus professores que cumprimento dos seus deveres me ensinaram coisas cada vez mais extraordinárias, a Deus, por esse dom magnífico que é a vida! v AGRADECIMENTOS Gostaria de deixar o meu agradecimento a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para elaboração deste trabalho, somente baseado na história construída por diversos anos na indústria do petróleo, especificamente na disciplina de engenharia submarina, a produção de hidrocarbonetos pode atingir o atual patamar de produtividade. Ao professor Ilson Paranhos pela oportunidade de construir um trabalho voltado para área de árvore de natal molhada no Brasil e incentivo para não deixar este trabalho incompleto. Ao engenheiro Otavio Murakami por todos os ensinamentos e pela disponibilidade e seriedade para demonstrar o caminho correto a ser seguido. Ao consultor e amigo Roberti Hilário pelas horas dispendidas para passar o histórico dos equipamentos submarinos, aos consultores Robson Soares, Maurício Werneck e Jose Roberto, pelo extenso material disponibilizado para composição deste trabalho. vi Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) 40 ANOS NA EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA EM ÁRVORE DE NATAL MOLHADA NO BRASIL André Luiz Moura de Vasconcelos Outubro/2015 Orientador: Ilson Paranhos Pasqualinos Programa: Engenharia Oceânica A indústria de petróleo iniciou sua história 1859 com a descoberta de poços em terra (coronel Drake), logo este combustível mostrou-se mais valioso que o óleo de baleia e com a popularização e consequente aumento no consumo deste hidrocarboneto mais e mais recursos foram, e ainda são dispendidos para o incremento da produção e das reservas. A partir da descoberta de consideráveis acumulações de hidrocarbonetos no fundo do mar a indústria de petróleo se voltou, principalmente no Brasil, para este novo cenário de produção. Um dos equipamentos que são necessários na produção submarina é a Árvore de Natal Molhada, que tem por finalidade manter a segurança do poço controlando os fluidos produzidos e injetados Nesta dissertação apresentaremos o equipamento conhecido na indústria offshore como Árvore de Natal Molhada, introduziremos os conceitos de utilização deste equipamento bem como seus principais componentes. Na sequência permearemos pela história de aplicação deste tipo de equipamentos no Brasil, verificando os principais marcos que levaram a uma quebra dos paradigmas nos conceitos de ANMs, e definindo assim as gerações dos equipamentos aplicados no Brasil. Por fim avaliaremos o desempenho das gerações e quais são as tendências para continuidade da evolução das ANMs. vii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.) 40 YEARS ON THE EVOLUTION OF TECHNOLOGY IN WET CHRISTMAS IN BRASIL André Luiz Moura de Vasconcelos October/2015 Advisor: Ilson Paranhos Pasqualinos Department: Oceanic Engineering The petroleum industry began your history in 1989 with oil discovery onshore and it became popular, soon the new fuel shown it’s value, as an alternative to oil from whale, and the increase of the consumption of this hydrocarbon, made more and more resources be spent to increase the reserve and production. Since the found of considerable reserves on the sea bed the industry turned, mainly in Brazil to this new scenario so a new discipline had to be created to overcome the challenges to product at the sea bottom. One of the needed equipment to develop the subsea production is the Christmas Tree, it has the main function to maintain the safety of the well by controlling the produced and injected fluids. In this dissertation will be presented the Christmas Tree, will be introduced the utilization concepts, as well its mainly components. In the sequence will pass through the application history this kind of equipment in Brazil, checking the milestones that change the concepts, and identifying the generations applied in Brazil. Finally a performance review and the tendency for future will be made. viii Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1 1.1. MOTIVAÇÃO PARA ESTUDO DA TECNOLOGIA DE ANMs ............................. 1 1.2. CARACTERIZAÇÃO DOS CENÁRIOS .................................................................. 3 1.3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 11 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ........................................................................................ 12 2.1. POÇOS SUBMARINOS .......................................................................................... 12 2.2. AS EMBARCAÇÕES ENVOLVIDAS NAS OPERAÇÕES COM ANMs ........... 14 2.2.1. AS SONDAS DE PERFURAÇÃO .................................................................. 14 2.2.2. OS BARCOS DE LANÇAMENTO DE DUTOS ............................................ 16 2.2.3. OS BARCOS DE INSTALAÇÃO DE ANMS ................................................. 18 2.3. ÁRVORE DE NATAL MOLHADA – ANM, UMA VISÃO GERAL ...................... 19 2.4. FERRAMENTAS DE INSTALAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ........................... 42 2.5. LANÇAMENTO DE MCV ........................................................................................ 64 2.6. METALURGIA DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS ....................................... 71 2.7. SISTEMA DE CONTROLE DE ANM ..................................................................... 74 2.7.1.SISTEMA HIDRÁULICO DIRETO ................................................................. 75 2.7.2. SISTEMA HIDRÁULICO PILOTADO ............................................................ 76 2.7.3. SISTEMA DE CONTROLE HIDRÁULICO SEQUENCIAL ......................... 77 2.7.4. SISTEMA DE CONTROLE ELETRO-HIDRÁULICO .................................. 78 2.7.5. SISTEMA DE CONTROLE ELETRO-HIDRÁULICO MULTIPLEXADO... 78 2.7.6. SISTEMA DE CONTROLE ELÉTRICO ........................................................ 80 3. HISTÓRICO DAS ANMS ................................................................................................. 81 3.1. ANM DIVER LESS IMPORTADA .......................................................................... 81 3.2. ANM DIVER OPERATED ........................................................................................ 89 3.3. ANM DIVER ASSISTED GUIDE LINE .................................................................. 93 3.4. ANM DIVER LESS LAY-AWAY GUIDE LINE LESS ........................................... 98 3.5. ANM DIVER LESS CONEXÃO VERTICAL INDIRETA .................................... 103 3.6. ANM DIVER LESS CONEXÃO DIRETA MLF ................................................... 106 3.7. ANM DIVER LESS CONEXÃO DIRETA MCV TRIPLO ................................... 109 3.8. ANM DIVER LESS GUIDE LINE LESS CONEXÃO DIRETA MCV SINGELO 112 ix 3.9. ANM DIVER LESS CONEXÃO DIRETA MCV SINGELO PRÉ-SAL .............. 118 4. DESEMPENHO DAS TECNOLOGIAS EM ANMS ................................................... 125 4.1. QUANTIDADE DE EQUIPAMENTOS INSTALADOS ...................................... 126 4.1.1. SIMULAÇÕES DE CENÁRIOS .................................................................... 137 4.2. CUSTO TOTAL DE INSTALAÇÃO DA ANM (AQUISIÇÃO + INSTALAÇÃO) 147 4.3. IMPACTOS DAS MODIFICAÇÕES DAS ANMS ............................................... 150 4.3.1. IMPLEMENTAÇÃO DO SUPORTE ROTATIVO (SWIVEL) ENTRE DO DUTO FLEXÍVEL E O MCV. ......................................................................................... 150 4.3.2. PADRONIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS. .................................................. 151 4.3.3. REDUÇÃO DA CAPA DA ANM.................................................................... 152 4.3.4. RETIRADA DO PAINEL DE FUNÇÕES RESERVAS DA ANM. ............ 153 4.3.5. SUBSTITUIÇÃO DA VDV NO SUSPENSOR DE COLUNA .................... 154 4.3.6. RETIRADA DOS ACOPLAMENTOS METÁLICOS DO TOPO DA ANM 155 5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 157 5.1. TRABALHOS FUTUROS - DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA DAS ANMS 159 5.1.1. ELABORAR MODELOS DE ANÁLISE PROBABILÍSTICAS CONSIDERANDO MAIOR DETALHAMENTO DOS PARÂMETROS QUE INFLUENCIAM A QUANTIDADE DE ANMS INSTALADAS. .................................. 159 5.1.2. REALIZAR ESTUDOS COMPARATIVOS DO TEMPO DE INSTALAÇÃO ENTRE CADA GERAÇÃO DAS ANMS. ..................................................................... 160 5.1.3. ANMS MAIS MULTIPLEXADA – ACOMPANHAMENTO DE MUITOS MAIS PARÂMETROS. ................................................................................................... 160 5.1.4. ESTUDO PARA INSTALAÇÃO DE TODO O CONJUNTO POR CABO 160 5.1.5. UTILIZAÇÃO DE VÁLVULAS NA COLUNA PARA POSSIBILITAR A ABERTURA DO POÇO SEM INTERVENÇÃO COM SONDA. ............................... 161 5.1.6. PONTOS DE ACESSO PARA INJEÇÃO QUÍMICA, PREVENÇÃO DE HIDRATO NO BORE DE PRODUÇÃO, FACILIDADES PARA LIMPEZA DO EQUIPAMENTO, FACILIDADES PARA INTERVENÇÃO COM BARCOS MAIS BARATOS. ....................................................................................................................... 161 5.1.7. EQUIPAMENTOS MAIORES E MAIS RESISTENTES PARA PRESSÃO DE 15KSI/20KSI E PROFUNDIDADE DE 3000M. ................................................... 161 5.1.8. AGREGAR MAIS FUNÇÕES AO EQUIPAMENTO SUBMARINO PARA APERFEIÇOAR A PRODUÇÃO, COMO SEPARAÇÃO SUBMARINA. ................ 162 5.1.9. CONEXÃO COM MAIOR EFICIÊNCIA OPERACIONAL ......................... 162 x 5.1.10. EQUIPAMENTOS TOTALMENTE ELÉTRICOS, REDUZINDO O TAMANHO E MELHORANDO O DESEMPENHO. ................................................... 162 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 164 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 165 ANEXO I DISTRIBUIÇÃO DE STUDENT........................................................................... 167 xi Lista de Figuras Figura 1 – Evolução dos poços até o pré-sal. ............................................................... 2 Figura 2 – Árvore Atmosférica (Wellhead Cellar). ......................................................... 3 Figura 3 - Sistema de produção antecipada de garoupa árvores atmosféricas e manifolds atmosférico. .................................................................................................. 4 Figura 4 - Primeira ANM no Brasil. ................................................................................ 5 Figura 5 - Disposição do campo Albacora. .................................................................... 7 Figura 6 - Mergulhador na ANM DO. ............................................................................ 8 Figura 7 - ANM horizontal utilizada em gulftak Noruega. .............................................. 9 Figura 8 - Poços recordes até 1997 ............................................................................ 10 Figura 9 - Poço do Pré Sal na Bacia de Santos. ......................................................... 12 Figura 10 – Configuração de um poço submarino ....................................................... 13 Figura 11 - Exemplo de navio sonda ........................................................................... 15 Figura 12 - Esquemático simplificado de uma Sonda.................................................. 16 Figura 13 - Exemplo de PLSV. .................................................................................... 17 Figura 14 - Imagem da conexão do duto utilizando um MCV. ..................................... 17 Figura 15 - Embarcação SESV. .................................................................................. 18 Figura 16 - Projeto de Desenvolvimento da Produção. ............................................... 20 Figura 17 - Esquemático da completação de um poço. ............................................... 21 Figura 18 - Esquamático ANM .................................................................................... 22 Figura 19 – BAP de 3 MCVs. ...................................................................................... 23 Figura 20 - Funil Superior ........................................................................................... 24 Figura 21 - Exemplo de funil inferior ........................................................................... 24 Figura 22 - Alojador de Alta pressão ........................................................................... 25 Figura 23 - MLF .......................................................................................................... 25 Figura 24 - Hubs dos MCVs ........................................................................................ 26 Figura 25 – Esquemático de um suspensor de coluna ................................................ 26 Figura 26 - Componentes do TH dual bore. ................................................................ 27 Figura 27 – Exemplo de árvore de natal molhada. ...................................................... 28 Figura 28 - Esquemático ANM vertical. ....................................................................... 29 Figura 29 - Esquemático ANM horizontal.................................................................... 30 Figura 30 - Exemplo de ANM horizontal. ..................................................................... 30 Figura 31 - Bloco Principal de Válvulas da ANM. ........................................................ 31 Figura 32 - Tree manifold do Bloco da ANM. .............................................................. 32 Figura 33 - Conector da ANM. .................................................................................... 32 xii Figura 34 – Prolongadores no interior da ANM. .......................................................... 33 Figura 35 - Conector das linhas de fluxo. .................................................................... 34 Figura 36 - Montagem das válvulas no bloco da ANM. ............................................... 35 Figura 37 - Conjunto válvula mais atuador. ................................................................. 36 Figura 38 - sistema de compensação dos atuadores das ANMs. ................................ 36 Figura 39 - Painel de ROV. ......................................................................................... 37 Figura 40 – Exemplo de Capa da ANM instalada. ....................................................... 38 Figura 41 - Diferença entre a operação do equipamento através da sonda ou através da UEP com a TC instalada ........................................................................................ 38 Figura 42 - Conector da capa da ANM. ....................................................................... 39 Figura 43 - Painel de ROV da Capa da ANM. ............................................................. 39 Figura 44 - Diagrama hidráulico Painel Back-up. ........................................................ 40 Figura 45 – Modelo de um MCV ................................................................................. 40 Figura 46 - Imagem do Goose Neck e o Suporte rotativo. .......................................... 41 Figura 47 - Conector e Corpo do MCV ........................................................................ 42 Figura 48 - Esquemático da utilização da ferramenta do equipamento. ...................... 42 Figura 49 - Desenho FIBAP x BAP. ............................................................................ 43 Figura 50 - Esquemático FIBAP x BAP. ...................................................................... 44 Figura 51 - Foto de uma FIBAP iniciando a descida com umbilical conectado. ........... 44 Figura 52 - Isométrica da THRT. ................................................................................. 45 Figura 53 - Descida da ANM pelo Moon Pool ............................................................. 45 Figura 54 - Imagem de uma FIANM. ........................................................................... 46 Figura 55 - Identificação da montagem de um TRT .................................................... 47 Figura 56 - Acumulador do tipo bexiga........................................................................ 50 Figura 57 - Gráfico ilustrando a necessidade de volume dos acumuladores para redução da pressão de carga ..................................................................................... 51 Figura 58 - Avaliação dos volumes necessários de acumuladores para condição de Pressão de nitrogênio cte e pressão máxima de operação cte ................................... 53 Figura 59 - Comportamento da descarga do acumulador ........................................... 54 Figura 60 - Exemplo de sistema de Riser ................................................................... 56 Figura 61 - Imagem de um riser Dual Bore ................................................................. 56 Figura 62 - Ilustração de um riser concêntrico. ........................................................... 57 Figura 63 - Conexão de um DPR ................................................................................ 58 Figura 64 - Esquemático da utilização do DPR ........................................................... 59 Figura 65 - Esquemático de um modelo de análise de Riser. ..................................... 60 Figura 66 - Analise local de um conector de riser ....................................................... 61 Figura 67 - Ilustração da coluna com Top Tension ..................................................... 62 xiii Figura 68 - Movimento das embarcações ................................................................... 63 Figura 69 ´- Simulação do carregamento de TOPO. ................................................... 65 Figura 70 - Avaliação de Equilíbrio do MCV. ............................................................... 65 Figura 71 - Aplicação do deslocamento vertical com MCV engastado ........................ 66 Figura 72 - Simulação dos esforços quando o Duto toca o fundo do mar ................... 66 Figura 73 - Configuração do duto apoiado no fundo ................................................... 67 Figura 74 - Configuração dos carregamentos no MCV ............................................... 67 Figura 75 - Esquemático das distâncias no Goose Neck. ........................................... 68 Figura 76 - Tensões admissíveis conforme ASME VIII DIV 2. ..................................... 70 Figura 77 - Exemplo de gráfico de linearização das tensões. ..................................... 71 Figura 78 - Materiais requeridos (classificação TRIMM) segundo norma API 6A [7]. .. 72 Figura 79 - Esquemático do sistema de controle hidráulico direto............................... 75 Figura 80 - Sistema de controle Hidráulico Pilotado .................................................... 76 Figura 81 - Sistema de controle Hidráulico Sequencial ............................................... 77 Figura 82 - Sistema de controle Eletro-Hidráulico ....................................................... 78 Figura 83 - Esquemático Sistema MUX ...................................................................... 78 Figura 84 - Esquemático do Sistema Eletro-Hidráulico Multiplexado. ......................... 79 Figura 85 - Esquemático Sistema de Controle Elétrico ............................................... 80 Figura 86 - ANM DL Importada ................................................................................... 82 Figura 87 – Cabeça de poço SG5 Vetco. .................................................................... 82 Figura 88 – Cabeça de poço SG10 Vetco. .................................................................. 83 Figura 89 – Cabeça de poço UWD ............................................................................. 83 Figura 90 - Sea King - 1 Equipetrol ............................................................................. 84 Figura 91 - MS700 Vetco ............................................................................................ 84 Figura 92 - TH Dual Bore. ........................................................................................... 85 Figura 93 - Esquema de um TH Concêntrico .............................................................. 85 Figura 94 - Conjunto Válvula Atuador ......................................................................... 86 Figura 95 - Esquemático das Válvulas ........................................................................ 86 Figura 96 - Base Guia com seus postes guia. ............................................................. 87 Figura 97 - Riser de Completação Dual Bore .............................................................. 88 Figura 98 - SFT primeira geração. .............................................................................. 88 Figura 99 - Conexão dos dutos com a Pull-in Tool. ..................................................... 89 Figura 100 - ANM operado por mergulhadorDO. ....................................................... 90 Figura 101 - ANM DO-1. ............................................................................................. 91 Figura 102 - ANM DO-3 .............................................................................................. 93 Figura 103 - ANM DA .................................................................................................. 94 Figura 104 - Conector ANM DA. ................................................................................. 95 xiv Figura 105 - Fluxograma das válvulas ANM DA. ......................................................... 96 Figura 106 - Suspensor de coluna Concêntrico ANM DA. ........................................... 97 Figura 107 - Sobra de tubulação para dar flexibilidade ............................................... 97 Figura 108 - Esquemático da Instalação de equipamento Lay-away. .......................... 98 Figura 109 - Configuração da ANM DLL ..................................................................... 99 Figura 110 - Painel de Válvulas ................................................................................ 100 Figura 111 - TH ANM Lay away. ............................................................................... 101 Figura 112 - ANM DLL GL com postes e cabos guia. ............................................... 101 Figura 113 - Proximidade das embarcação durante Lay-away e chegada das linhas no moon pool da sonda. ................................................................................................ 102 Figura 114 - Lançamento dos dutos com conexão vertical indireta ........................... 103 Figura 115 - SC instalado no interior da BAP com sua ferramenta. .......................... 104 Figura 116 - Instalação dos dutos utilizando o trenó ................................................. 105 Figura 117 - Passagem do trenó pelo rolo de popa do barco de lançamento dos dutos ................................................................................................................................. 105 Figura 118 - Ilustração do assentamento do MLF com pino guia na BAP. ................ 106 Figura 119 - Assentamento dos equipamentos ......................................................... 107 Figura 120 - Assentamento do MLF na BAP ............................................................. 108 Figura 121 - Ilustração do MLF com seu poste ......................................................... 108 Figura 122 - Bap com hub para MCV ........................................................................ 109 Figura 123 - Stack-up da ANM .................................................................................. 110 Figura 124 - Lançamento de um MCV Triplo ............................................................ 111 Figura 125 - Esquema de um HOTSTAB duplo e Diagrama Hidráulico do MCV ....... 112 Figura 126 - ANM 3 MCVs 2000m ............................................................................ 113 Figura 127 - Ilustração da montagem da bucha de vedação sobre o anel metálico .. 114 Figura 128 - Esquema de válvulas ANM 2000m HD ................................................. 115 Figura 129 - SC com contorno de anular. ................................................................. 116 Figura 130 - Comparação entre BAP com VDV e Ais. .............................................. 116 Figura 131 - Sistema de Guia utilizado nos MCVs funil para cima ou para baixo. ..... 117 Figura 132 - Esquemático dos MCVs Singelos ......................................................... 117 Figura 133 - Orientação de chegada dos MCVs na BAP. ......................................... 118 Figura 134 - ANM 10ksi Pré-Sal................................................................................ 119 Figura 135 – Capa da ANM Instalada por ROV. ....................................................... 119 Figura 136 - Conector BAP 2500m 10KSI. ................................................................ 120 Figura 137 - Atuador de mola prato. ......................................................................... 121 Figura 138 – Esquemático das Válvulas ANM 2500m 10ksi. .................................... 122 Figura 139 - Visão superior do suspensor de coluna. ............................................... 122 xv Figura 140 - MCV utilizado na ANM 2500m 10ksi. .................................................... 123 Figura 141 - Ilustração da interligação das extensões do MCVU até a ANM. ........... 123 Figura 142 - Orientação da BAP e MCVU. ................................................................ 124 Figura 143 - Fluxo para análise de um processo ...................................................... 125 Figura 144 - ANM instaladas por ano ........................................................................ 127 Figura 145 - localização dos campos de Petróleo ..................................................... 128 Figura 146 - Diversidade de Projetos ........................................................................ 129 Figura 147 - Tempo médio para instalação do conjunto ............................................ 130 Figura 148- Instalação de ANMs 2015 - 2018 ........................................................... 132 Figura 149 -Produção no Brasil 1998 a 2014 ............................................................ 132 Figura 150 - Relação entre Nível de produção e ANMs instaladas ........................... 133 Figura 151 - Estimativa das Instalações de ANMs. ................................................... 136 Figura 152 - Distribuição normal. .............................................................................. 137 Figura 153 - Histograma da distribuição da taxa de instalação. ................................ 138 Figura 154 - Total de ANMs instaladas em 2018 (Excel). ......................................... 139 Figura 155 - ANMs instaladas em 2018 com geração de n aleatório por ano ........... 140 Figura 156 - Distribuição de probabilidade para atendimento de 570 ANMs ............. 142 Figura 157 - Influencia dos inputs ............................................................................. 143 Figura 158 - Probabilidade de atingimento da meta com 6,25% de taxa de crescimento ................................................................................................................................. 144 Figura 159 - Simulação Monte carlo Aleatória por Ano ............................................. 145 Figura 160 - Gráfico relação das variáveis com o resultado ...................................... 145 Figura 161 - Simulação considerando Média 56. ...................................................... 146 Figura 162 - Custo total de ANM ............................................................................... 148 Figura 163 - Cotação do preço do petróleo ............................................................... 149 Figura 164 - MCV chegando com 180º de defasagem para posição de conexão ..... 150 Figura 165 - Retrabalho devido ao não funcionamento do Suporte Rotativo ............. 151 Figura 166 - Comparativo entre os tempos de instalação da TC. .............................. 153 Figura 167 - Válvula de Dupla Vedação. ................................................................... 154 Figura 168 – Suspensor de coluna com VDV x com AI. ............................................ 155 Figura 169 - Diferença entre o TM com TC por e ROV e TM para TC instalada por sonda ........................................................................................................................ 156 xvi Lista de Tabelas Tabela 1 - Comparativo dos tempos de manobra dos risers ............................................. 59 Tabela 2 - Valores aceitáveis de dureza máxima para açocarbono manganês e soldas de aço de baixa liga conforme NACE MR0175 [13]. .......................................................... 72 Tabela 3 - Guia para seleção de materiais através das tabelas Anexo A, parte 3, norma NACE MR0175. ............................................................................................................ 73 Tabela 4 - Dureza permitida de materiais conforme API 6A. ............................................ 74 Tabela 5 - Tipos de SCPS compatíveis com ANM. .......................................................... 100 Tabela 6 - Distribuição dos campos por LDA .................................................................... 127 Tabela 7 - Estimativa de ANMs instaladas por ano. ......................................................... 135 Tabela 8 - Parâmetros para simulação ............................................................................... 138 Tabela 9 - Parâmetros para simulação de monte carlo ................................................... 141 Tabela 10 - Verificação de aderência do modelo com anos anteriores ......................... 141 Tabela 11 - Resultado para o cenário mais provável (P50) ............................................ 142 Tabela 12 - Parâmetros para variação da simulação anualmente ................................. 144 Tabela 13 - Modelos das ANMs ........................................................................................... 159 xvii NOMENCLATURA ANM Árvore de Natal Molhada API America Petroleum Institute ASME American Society of Mechanical Engineer BAP Base Adaptadora de produção BOP Blowout preventer BOPw BOP de Workover DCV Direcional Control Valve DHSV Down Hole Safety Valve DP Posicionamento Dinamico (Dynamic Positioning) E&P Exploração e Produção EDS Emergency desconection System EPR Early Production Riser FSC Fail Safe Close JRC Junta de Riser Cisalhavel LDA Lâmina de Água MCV Módulo de Conexão Vertical (Classificado em A – Anular, P – Produção ou U – Umbilical) MR Mesa Rotativa PIPA Projeto Itinerante de Produção antecipada PLSV Pipe Lay Support Vessel RAO Relatório de Amplitudes operacionais ROV Remote Operated Vehicle SCM Subsea Control Module SDR Sistema de destravamento Rápido SEM Subsea Eletronic Module SESV Subsea Equipment Support Vessel SFT Surface Flow Tree STU Steel Tubing Umbilical TC Tree Cap (Capa da ANM) xviii TH Tubing Hanger THRT Tubing Hanger Runing Tool TRT Tree Runing Tool TSR Tubing Seal Receptacle WB Wear Bushing (Bucha de Desgaste) WBRT Wear Bushing Runing Tool 1 1. INTRODUÇÃO Nesta seção será introduzida a história da exploração de petróleo no Brasil para que seja facilitada a compreensão das mudanças que ocorreram nas ANMs ao longo das décadas, além de definir os principais objetivos do trabalho. 1.1. MOTIVAÇÃO PARA ESTUDO DA TECNOLOGIA DE ANMs A produção de petróleo no Brasil é reconhecida mundialmente pela operação em campos submarinos e tal marca foi atingida ao longo de 60 anos de história na prospecção de petróleo, além de que foi no mar onde ocorreram as descobertas dos primeiros campos gigantes, o que modificou a participação do Brasil neste mercado. Em 1974 foi encontrado o primeiro óleo da bacia de campos em uma LDA de 100m, demonstrando que algo mais poderia sair dos mares brasileiros. Os campos gigantes alteraram o patamar do Brasil de grande consumidor para grande produtor de petróleo, e esta tendência de prospecção de campos submarinos se mantem até os dias de hoje, com perspectiva de que a autossuficiência neste recurso será assegurada. Atualmente nas bacias submarinas brasileiras existem mais de 950 árvores de natal molhadas instaladas, as ANMs, incluindo as que estão produzindo e as que estão apenas instaladas e fechando os poços, e toda essa massa de equipamentos precisa ser constantemente monitorada para garantir sua funcionalidade. Esta particularidade de exploração em campos submarinos tornou o Brasil em uma grande máquina de fomentação de tecnologia, pois desde que se encontrou diante aos desafios de explorar petróleo em locais cada vez mais inacessíveis teve de buscar soluções cada vez mais inteligentes no mercado externo, no desenvolvimento de tecnologias junto às universidades brasileiras e fornecedores locais. Abaixo são exemplificados alguns dos desafios que foram superados ao longo dos anos na área de equipamentos submarinos: Falta de expertise para exploração de campos submarinos; Aumento da profundidade de instalação dos equipamentos submarinos; Aumento das pressões de operação dos equipamentos; Contaminantes cada vez mais agressivos a metalurgia das ANMs; Custos da indústria offshore cada vez mais elevados; E acima de tudo a completação dos poços deve ser realizada de forma SEGURA. 2 Desde a instalação das primeiras árvores de natal molhadas tivemos enormes evoluções nos conceitos deste equipamento submarinos, mas infelizmente este histórico não foi documentado de forma cronológica nem tampouco de forma lógica, ficando na maioria das vezes estas informações na memória daqueles que participaram desta história. Assim é importante que toda essa massa de informação seja documentada e analisado os diversos fatos que nos levaram a atual tecnologia de árvore de natal molhada. A Figura 1 a seguir mostra como estão posicionadas ao longo do tempo a profundidade dos poços submarinos nas bacias do Brasil. Figura 1 – Evolução dos poços até o pré-sal. O atual cenário que guiam os desenvolvimentos tecnológicos da engenharia submarina é a produção no pré-sal. Assim como ocorreu nas descobertas dos campos gigantes de Marlim e Roncador, o campo de tupi, o primeiro campo do pré-sal, trouxe uma série de novos desafios para recuperação destes hidrocarbonetos. Pela primeira vez no Brasil foi identificado um reservatório de petróleo em Lâmina de água, LDA, de mais de 2000m e poços com pressão superior a 5000psi, características dos equipamentos mais robustos disponíveis no Brasil em 2010, para produzir a enorme jazida de óleo deste campo. É importante ressaltar que a disciplina de engenharia submarina é muito restrita e a literatura neste ramo é escassa, os maiores estudos para superar os diversos desafios que constantemente aparecem no caminho para extração do petróleo são 3 coordenados pelas próprias operadoras, assim o acesso a estas informações muitas vezes é restrito e considerado estratégico. 1.2. CARACTERIZAÇÃO DOS CENÁRIOS Em 1974 foi descoberto o primeiro poço com acumulação de óleo considerável na Bacia de campos, offshore do rio de Janeiro, conforme Ilson [1]. A descoberta estava situada em LDA de aproximadamente 100m, esta profundidade estava além das tecnologias convencionais disponíveis para produção de óleo, logo foi necessária uma busca por novas tecnologias: - Árvore seca dentro de um vaso de pressão, ou árvore atmosférica (Wellhead cellar); - Árvore de Natal Molhada (ANM) A árvore atmosférica foi selecionada por apresentar menores riscos de qualificação, pois possuía uma árvore de natal seca em seu interior que funcionava tal qual na superfície, uma vez que equipamento estava confinado a um vaso com pressão de 1 atm. A instalação e operação deste tipo de equipamento era muito dispendiosa, pois sempre que era necessária uma intervenção deveria ser descido um sino, também pressurizado a 1 atm, em um barco de mergulho especial. Devido à complexidade de utilização do sistema a produção só foi iniciada em 1979, na Figura 2 é apresentado um modelo de vaso atmosférico destes equipamentos. Figura 2 – Árvore Atmosférica (Wellhead Cellar). 4 Entretanto o primeiro óleo produzido na Bacia de campos ocorreu em 1977, nesta época era avaliada a possibilidade de implementação de um sistema de produção antecipada, mais simplese barato que as árvores atmosféricas, desta forma foi adaptado um Blowout preventer, BOP, submarino com riser de completação para a produção até a plataforma como pode ser visto na Figura 3. Figura 3 - Sistema de produção antecipada de garoupa árvores atmosféricas e manifolds atmosférico. Na Década de 1970 o Brasil passava por diversas transformações em sua posição na economia e no mundo, assumindo a posição de uma potência regional. Nesta época o país era governado pelos militares que tomaram para si a execução de um projeto geopolítico para a modernidade. O Brasil juntamente com os tigres asiáticos, vivia um breve crescimento baseado no endividamento externo e na intervenção estatal. Durante a ditadura militar ocorreu o evento do milagre econômico e diversas realizações tecnológicas como a construção da ponte Rio-Niterói e da transamazônica. O desenvolvimento da indústria do petróleo no Brasil tem grande ligação com a forma que o governo geria o país e na década de 70, que era tomado pelo patriotismo e busca de novas soluções para desenvolver a indústria local. Nesta época a indústria do petróleo era baseada principalmente no refino e na importação da matéria prima que tinha os custos muito baixos. Os principais investimentos no Brasil eram na área de abastecimento do mercado interno, mas em 1977 houve a grande crise de petróleo, quando os países produtores da OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, verificaram que o petróleo era uma fonte não renovável e passaram a regular o fornecimento desta commodity, triplicando o preço do barril. Neste momento percebeu-se que era necessário alterar a forma de suprir a matriz energética do Brasil, lançando-se então para a área de exploração e produção comumente conhecido como E&P. 5 Em maio de 1979 foram utilizadas a primeiras ANMs que foram amplamente difundidas na bacia de campos. O sistema de produção antecipada de enchova (EPS – Early production system) foi o primeiro desenvolvido para a bacia de campos e apenas o segundo sistema flutuante de produção utilizado no mundo, depois do Argryll no mar do norte, conforme Formigli [2]. Estes sistemas apresentavam vantagens como: Antecipação do óleo; Relativamente baixo dispêndio, Capital Expenditure – CAPEX; Adoção de conceitos bem conhecidos e aplicados amplamente, field proven; Desenvolvimento do reservatório em fases com a aplicação de um piloto na primeira fase para verificar as características e capacidade de financiabilidade das fases subsequentes; Flexibilidade para desmobilizar o sistema quando fosse necessário e instalação em nova locação. Na Figura 4 é apresentada uma foto da primeira ANM instalada no Brasil, que ocorreu em uma profundidade de 189m, um recorde, acima das tecnologias já comprovadas, permitindo que diversos poços satélites fossem conectados em várias plataformas em profundidades cada vez maiores. Figura 4 - Primeira ANM no Brasil. Desde a difusão do conceito ANM as árvores atmosféricas nunca mais foram utilizadas, uma vez que estes equipamentos apresentavam diversos problemas na operação. Quando era necessária a retirada das árvores atmosféricas suas dimensões 6 impediam que ela passasse pela abertura do casco da sonda de completação (também conhecido como moon pool), ou seja a árvore atmosférica deveria ficar suspensa pelo sistema da sonda e sua desmontagem era realizada ainda no moon pool e a carcaça abandonada no fundo do mar. Um fator que influenciou a utilização das ANMs, foi o fato de que este tipo de equipamento era muito mais adaptável ao incremento nas profundidades dos poços. Na década de 1980 o Brasil passava por profundas transformações e o principal acontecimento foi a saída do regime militar e a adoção da democracia. Esta década é conhecida pela estagnação no crescimento do país e endividamento externo com um cenário interno de hiperinflação. Mas ao contrário da tendência nacional a indústria do petróleo continuava a crescer ultrapassando a marca dos 500.000bbl/d, com as principais descobertas dos campos submarinos gigantes em águas profundas de Marlin e Albacora. O campo de Albacora trouxe diversas superações tecnológicas e sua descoberta ocorreu em 1984 em profundidade de 293m. Uma avaliação de poços nos 3 anos subsequentes mostraram que o campo se estendia a LDAs ultra-profundas, chegando em sua porção leste até 2000m, conforme Awad [3] relata em seu trabalho. O desenvolvimento do campo iniciou com o sistema piloto que utilizava 6 ANMs do tipo lay away, instaladas em LDA de até 419m, e um coletor, manifold, submarino que possuía a sua instalação auxiliada por mergulhadores conectado a uma plataforma tipo FPSO (Floating Producting Storage Offloading) ancorado em 230m de LDA. A necessidade de atingir as porções mais profundas do campo estimulou o desenvolvimento de várias tecnologias em águas profundas passo-a-passo passando por evolução de conceitos existentes ou utilizando novos conceitos. Na Figura 5 é apresentado a disposição dos campos na bacia de campos e destacada a extensão do campo de albacora da LDA rasa até sua porção leste em LDA ultra-profunda, e a entrada do piloto neste campo com um FPSO e na fase de desenvolvimento com várias plataformas. 7 Figura 5 - Disposição do campo Albacora. Com a difusão cada vez maior das ANMs logo em 1982 decidiu-se pela estratégia de nacionalização dos equipamentos trazendo técnicos de fora e selecionando na indústria nacional empresas que possuíam capacidade de fabricação. A primeira ANM produzida do Brasil foi fornecida pela Companhia Brasileira de Válvulas, CBV, e desde então sempre se mantem a tendência de produção dos equipamentos aplicados a campos de petróleo do Brasil com a maior quantidade de materiais fabricados pela indústria local, este é chamado de conteúdo local. As primeiras ANM utilizadas no Brasil eram importadas e de alta tecnologia, já possuíam controle hidráulico sequencial, metalurgia adequada a grandes concentrações de contaminantes (H2S e CO2), entretanto um valor de aquisição elevado. O equipamento possuía qualidades além das que eram necessárias na época, e na tentativa de redução dos custos de simplificações foram inseridas instalação e operação destes equipamentos criando novas gerações ANMs, as denominadas Diver Operated (DOs). Na Figura 6 é apresentada uma foto de uma ANM DO com o mergulhador em seu traje atmosférico para operação do equipamento. 8 Figura 6 - Mergulhador na ANM DO. Em 1984 foram descobertos os campos gigantes de Marlim e Albacora, e as tecnologias em equipamentos submarinos não permitia a produção em grande escala dos campos, então foi necessária a evolução do conceito dos equipamentos. As completações dos poços de Albacora ocorreram com as ANMs DLL (Diver less Lay- away) já no início dos anos 90 e chegavam até a LDA de 600m, nos poços de Marlim já foram utilizadas ANMs para instalação em até 1000m. Ao longo da década de 1990 foram introduzidas diversas reformas educacionais, induzidas pelo banco mundial que tinha como objetivo de atender a necessidade de formar um novo tipo de trabalhador, que atenderia os requisitos impostos pelo sistema capitalista. Esta mudança na educação é importante para o país como condição de competitividade, no sentido de permitir dominação do conhecimento. Assim, o desenvolvimento é obtido através de uma maior competitividade dos indivíduos, das empresas e do país no mercado internacional. E esta caracterização do cenário é importante para entender o motivo que leva o Brasil nesta década a ser um dos principais desenvolvedores de tecnologia e recordista da exploração de petróleo em águas profundas e ultra-profundas. Em 1993 a Statoil buscava o desenvolvimento de tecnologias economicamente viáveis para o desenvolvimento do seu campo de Gulftak, e com objetivo ambiciosode desenvolver sistemas para LDAs de até 2500m, através de sistemas de parcerias com empresas norueguesas. Neste sentido trabalhava no desenvolvimento de ANMs horizontais com bore único de 7 polegadas, classe de pressão de 10ksi, sistemas de completação multiplexados, completação inteligente e a utilização de árvores submarinas de teste para otimizar a completação dos poços, isto mostrou o grande 9 potencial tecnológico da Noruega que já sinalizava ser uma das principais nações de desenvolvimentos tecnológicos para a indústria de óleo e gás. Na Figura 7 é apresentado um modelo de ANM utilizada na Noruega. Figura 7 - ANM horizontal utilizada em gulftak Noruega. 1997 é o ano da quebra do monopólio da exploração de petróleo no Brasil e ocorre uma inundação do mercado interno por operadoras externas, no geral nesta época o Brasil tem a influência de muitos produtos importados. Os anos 90 é reconhecido como a era da informação e seu principal alicerce é a difusão da grande rede de internet e a globalização mundial. Nesta época a Bacia de Campos era responsável pela produção de mais de 600 mil barris de petróleo por dia e tinha a extensão de mais de 100.000km² com diversas acumulações de hidrocarbonetos. O Brasil possuía reserva de 11 Bilhões de barris de óleo e gás equivalente e 63% destas eram situadas em LDAs maiores que 400m, conforme relatado por Bastos [4], a Figura 8 mostra os poços recordes. 10 Figura 8 - Poços recordes até 1997 Em 1994 foi descoberto o campo de roncador e em 1999 foi iniciada a produção através do sistema PIPA (Projeto Itinerante de Produção Antecipada), que consiste em utilizar uma plataforma de produção com posicionamento dinâmico e realizar a produção através de uma coluna de riser chamada EPR (Early production Riser). Roncador se encontra em LDA de, aproximadamente, 1800m e para produção deste campo foi necessário o desenvolvimento do sistema de completação para 2000m, já utilizando tecnologia de controle multiplexada e as primeiras ANMs para até 2000m de profundidade, destacando sempre que as empresas nacionais eram incentivadas a produzir o máximo de tecnologia no Brasil. Em 2006 foram descobertos os campos do pré-sal e a primeira produção ocorreu em 2009 através do projeto piloto de tupi, posteriormente renomeado para Lula. Para o desenvolvimento dos campos do pré-sal o cenário passou a ser: poços em profundidades superiores a 2000m, consequentemente demandando equipamentos operáveis até 2500m e a pressão de operação de 10 ksi, além de elevadas concentrações de contaminantes ao longo da produção do campo. Atualmente continua-se estudando os cenários do pré-sal em busca de tecnologias para produção destes campos de forma mais barata. 11 1.3. OBJETIVOS No decorrer deste trabalho será apresentada uma completa documentação referente ao desenvolvimento das diversas gerações de ANMs utilizadas no Brasil. Os diversos modelos de ANMs que estão instalados nos campos brasileiros foram desenvolvidos ao longo do tempo sob a luz de cada desafio da época. A informação sobre cada uma das gerações destes equipamentos está espalhada em vários manuais dos fabricantes e nas especificações técnicas utilizadas para aquisição das árvores de natal molhada, assim os itens mais relevantes estarão agrupados neste trabalho. Outro ponto a ser estudado ao longo do trabalho será quanto as principais modificações que ocorreram ao longo dos anos e quais benefícios foram obtidos delas. Se com a evolução dos equipamentos esta se obtendo um desempenho melhor desde a instalação até a operação do poço. Também será discutida a estratégia de padronização dos equipamentos submarinos, assim muitas vezes as ANMs que são normalmente comercializados não são adequados para os poços submarinos brasileiros. Finalmente ao término deste trabalho será possível realizar uma importante etapa na gestão do conhecimento em engenharia submarina, a documentação da história das ANMs, pois serão reunidos tanto os materiais que estão apenas em meio impresso bem como a experiência de algumas pessoas chave no desenvolvimento deste equipamento tão complexo, a árvore de natal molhada. 12 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Com objetivo de exemplificar a aplicação das ANMs na exploração de campos submarinos, esta seção abordará os conceitos básicos de um poço submarino, definirá o equipamento árvore de natal molhada, bem como os componentes do conjunto e itens importantes que devem ser abordados no projeto deste equipamento submarino. 2.1. POÇOS SUBMARINOS Com a descoberta de um acumulo de hidrocarbonetos em subsuperficie, é preciso acessar a formação que contem este material de interesse, perfurando-se através das várias camadas de solo de forma que conecte a rocha reservatório até a superfície, o qual é denominado como poço de petróleo, como pode ser verificado na Figura 9 um esquemático do poço de petróleo. Figura 9 - Poço do Pré Sal na Bacia de Santos. O poço submarino é construído similar aos poços de superfície, em terra. São executados por etapas para garantir o isolamento das diversas fases do solo, e para que seja uma construção sólida suficiente para suportar o peso dos equipamentos que serão instalados em seu interior. Além disso, devem conter as pressões que são cada vez mais elevada a medida que são atingidas profundidades de perfuração maiores. Cada etapa de perfuração consiste em perfurar a fase com uma broca de diâmetro superior ao revestimento, descer o revestimento e finalmente cimentar para manter a fixação e integridade dos componentes. Além destas atividades básicas, existem uma série de outras atividades como: condicionamento do poço, que pode ser definida como a limpeza e verificação dos parâmetros do poço (peso da lama de perfuração e perda de fluido) antes de iniciar as etapas seguintes; perfilagem, que é 13 definida como a descida de ferramentas com capacidade de extrair características importantes da perfuração, como por exemplo, tipo de formação a ser perfurada, qualidade da cimentação do revestimento, dentre outras. O objetivo aqui é ter-se uma breve noção das principais etapas de um poço submarino e como estas influenciam na ANM. A Figura 10 a seguir ilustra uma típica construção de poços submarinos, não sendo uma regra esta configuração, pois depende do objetivo (Profundidade) que se está buscando e dos tipos formações que serão perfuradas. Figura 10 – Configuração de um poço submarino Em geral, pode-se definir as fases como: Início de poço: Usualmente é realizado a cravação do revestimento de 30” através da ferramenta de jateamento ou estaqueado. Este revestimento é conhecido como condutor, que pode ser de diâmetros maiores, e neste momento a operação é open sea, ou seja, não há retorno de fluidos do poço para a sonda, que ocorre para o fundo do mar. 14 Revestimento de superfície: perfuração com broca de 26” e para o assentamento do revestimento de 20” conhecido como revestimento de superfície que é fixado a partir de cimentação. Nesta fase ainda temos a perfuração em open sea mode, e ao final desta fase teremos instalado o alojador de alta pressão que possibilita que é um grande forjado de aço e perfil travamento para o BOP (Blowout preventer), a partir deste momento é possível realizar a perfuração com retorno de fluidos para a sonda. Além desta função, são instalados no interior do alojador de alta pressão os suspensores de revestimentos das fases subsequentes. 3ª fase de perfuração: as duas fases anterior são dimensionadas de tal forma que não haja a possibilidade de encontrar nenhum hidrocarboneto, pois ainda são fases sem o BOP. A partir do instante em que se tem o alojador de alta pressão a perfuração será realizada através do BOP e todos os fluidos serão retornado para o sistema de peneira da sonda. A perfuraçãoocorre com broca de 17 ½” e será instalado o revestimento de 13 3/8”. Nesta fase já pode haver ocorrências de hidrocarbonetos, mas ainda não será atingido o objetivo da perfuração. 4ª fase de perfuração: Esta é considerada a fase mais crítica, pois é quando se está realmente adentrando à formação com acumulo de hidrocarbonetos. Assim é iminente a presença de gás ou óleo. A perfuração ocorre com broca de 12 ¼” e é assentado o revestimento de 9 5/8”. Concluída as etapas da perfuração o poço estará pronto para a fase de completação que consiste em instalar no poço os equipamentos para uma extração de forma segura e controlada dos hidrocarbonetos que estão no reservatório. Na completação é que está inserida a instalação da ANM. 2.2. AS EMBARCAÇÕES ENVOLVIDAS NAS OPERAÇÕES COM ANMs Para o entendimento das rotinas com as ANMs e construção de um sistema submarino é necessário o conhecer o papel das embarcações e ter um perspectiva dos custos envolvidos, pois a partir destas informações será mais fácil a compreensão dos motivos que levaram à otimização dos recursos e transformações nos equipamentos. 2.2.1. AS SONDAS DE PERFURAÇÃO Na Figura 11 é apresentado um navio sonda, esta embarcação é o recurso mais caro e mais crítico envolvido na construção de um projeto submarino, desde o poço até 15 as facilidades submarinas. A sonda possuí a maior versatilidade de serviços para trabalhar no poço, pois tem a capacidade de perfurar, estimular, completar, testar a produção, e diversos outros. Figura 11 - Exemplo de navio sonda As sondas inicialmente eram posicionadas com o sistema de ancoragem convencional, com postos de amarras, cabos de aço e ancora, o que deixava a sua movimentação mais restrita e posicionamento sobre o poço mais limitado. Com o desenvolvimento de novas tecnologias as sondas passaram a utilizar o sistema de posicionamento dinâmico, ou seja, elas se mantem sobre uma posição determinada através de sistemas de localização por satélite, hidroacústicos e com o auxilio de computadores, que determinam o funcionamento dos seus motores para que a unidade fique na posição desejada, compensando as forças de vento, onda e corrente. Para entender a lógica da operação é importante destacar a configuração de uma sonda de perfuração, como são apresentados alguns componentes na Figura 12. O principal local de acontecimentos das ações é a mesa rotativa, ou também conhecida como Drill floor, neste local o sondador é responsável por manusear os equipamentos que são utilizados nas operações da sonda, como o top drive (motor de topo) e o sistema de bobeio. Acima da mesa rotativa fica a torre de perfuração que acomoda os sistemas de elevação, guinchos, polias e a Catarina. A torre possui aproximadamente 40 metros de altura útil, suficiente para acomodar os tubos de perfuração já preparados para 16 descida no poço em conjunto de 3 para os tubos de perfuração ou conjuntos de 2 tubos de completação. Figura 12 - Esquemático simplificado de uma Sonda Dado os custos envolvidos para operar estes tipos de embarcação e a rentabilidade obtida na atividade de exploração de petróleo, estes equipamentos estão em constante evolução para viabilizar e otimizar as atividade relativas a construção de um poço submarino. Atualmente denomina-se o estado da arte a 6ª geração destas sondas; equipamentos que possuem, não uma, mas 2 torres para operações em paralelo. Por exemplo, enquanto se esta perfurando uma fase em mar aberto, inicia-se a descida do BOP de perfuração. Também durante a última fase no interior do BOP, o equipamento submarino pode ser descido em paralelo. Em uma sonda com esta configuração espera-se o ganho de até 20% no tempo total da construção do poço. 2.2.2. OS BARCOS DE LANÇAMENTO DE DUTOS É apresentado na Figura 13 outro tipo de embarcação importante para a construção do sistema submarino é o PLSV (PIPE LAYING SUPPORT VESSEL). Este navio possui cestas ou bobinas para acomodação dos dutos flexíveis, e é responsável por carregar o duto até a locação onde será realizado o lançamento do duto flexível no leito marinho. No início das atividades submarinas a conexão do duto flexível era realizada também pela sonda, ou seja, naquele tempo eram mantidos 2 recursos críticos http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http://offshorebrasil.blogspot.com/2009_11_01_archive.html&ei=zQNQVOCaFYOYNobXgfAI&bvm=bv.78597519,d.eXY&psig=AFQjCNGfN1cQcxJOX3uqgxcHChuvcascfg&ust=1414616366169859 17 dispendiosos dependentes para realizar a conexão dos dutos submarinos, e quando ocorriam problemas na operação as 2 embarcações ficavam paradas. Figura 13 - Exemplo de PLSV. O controle o do lançamento do duto é feito através dos sistemas de tensionadores que suportam todo o peso da catenária sem danificar o duto flexível. A interface com as ANMs ocorre apenas no momento em que o duto deve ser conectado ao equipamento submarino, o acoplamento do duto à ANM é um momento muito crítico, pois nesta hora os esforços gerados são muito elevados e de difícil controle, como pode ser observado na Figura 14. Figura 14 - Imagem da conexão do duto utilizando um MCV. A importância dos PLSV para evolução a das ANMs é muito grande, pois a instalação dos dutos flexíveis é uma das disciplinas mais caras dentro do sistema submarino, e assim como a sonda, o PLSV é considerado um recurso crítico sendo 18 dispendidos enormes esforços para manter sempre as operações destes barcos otimizadas. A interligação submarina também é relevante para ser considerado como fator e de evolução das ANMs, pois esta é a última tarefa que deve ser realizada para colocar o posso em produção, e neste momento todo o CAPEX empreendido está na iminência iniciar a produção do campo, dependendo apenas da performance do PLSV. Devido a isto os trabalhos do PLSV são acompanhados com muita ansiedade e pressão pelos resultados. 2.2.3. OS BARCOS DE INSTALAÇÃO DE ANMS Como qualquer outra atividade na indústria, a instalação de ANM também seguiu a tendência de otimização de tarefas, e com isto, novos barcos vieram para o Brasil com sua principal atividade a instalação das árvores de natal molhada. Na Figura 15 é apresentada a embarcação tipo SESV (Subsea Equipament Suport Vessel) que é capaz de realizar uma descida bem mais rápida de um equipamento submarino quando comparado a uma sonda de perfuração, isto ocorre pelo emprego de cabos normalmente de poliéster, para realizar a manobra do equipamento até o leito marinho. Figura 15 - Embarcação SESV. Este conceito trás significativos ganhos para operação de completação do poço, uma vez que libera a sonda para outras atividades, enquanto o SESV realiza a instalação da ANM. A possibilidade de operação com um barco de instalação de equipamentos submarinos abre um grande leque de oportunidade de ganho nas operações submarinas como: Atuação em paralelo as atividades de perfuração, grandes campanha de instalação de equipamentos seriados, etc. Como no Brasil os equipamentos seguem conceitos específicos da região, não é qualquer embarcação que possua um cabo com capacidade de alcançar o leito 19 matinho que poderá instalar uma ANM. O barco específico para instalação das ANMs deverá possuir sistemas capazes de controlar e testar as funções do equipamento, bem como, um sistema submarino para orientar e assentar o equipamento na cabeça do poço. Além do fator controle preciso do equipamento, uma embarcação especializada em realizar instalação de ANMs deve possuir seu convés automatizado para que a preparação e montagem da configuração de descida seja otimizada. 2.3. ÁRVORE DE NATAL MOLHADA – ANM, UMA VISÃO GERAL Conforme Moreira [5], a ANM pode ser definida: “A ANM faz parte do sistema submarino de produção, constituindoa transição entre este e o poço submarino. Através da ANM, o Operador de Produção, a partir da UEP unidade estacionária de produção, controla a produção (ou injeção, no caso de poços injetores) do poço, podendo abrir / fechar válvulas da própria ANM ou downhole e obter registros de parâmetros da produção, como pressão e temperatura na ANM e downhole. A ANM é um equipamento de segurança e de proteção do meio ambiente. Suas válvulas são, do tipo fail-safe-close* (fecham em caso de perda de pressão nas linhas de controle). ” Outra definição é a dada pelo Dicionário do petróleo da língua portuguesa [6]: “Conjunto de válvulas, conexões e adaptadores instalados sobre a cabeça do poço com a finalidade de controlar o fluxo de fluidos da formação para a superfície. Dependendo da aplicação, pode ser classificada como árvore de natal seca (poços de terra ou poços de mar com a cabeça na plataforma de produção) ou árvore de natal molhada (poços de mar com a cabeça submersa). O equipamento recebeu esta denominação devido ao seu formato mais antigo e tradicional que lembra um pinheiro natalino”. ANM pode ser considerado um equipamento que possui um conjunto de válvulas destinadas a controlar os fluxos de fluidos produzidos e injetados bem como monitorar parâmetros de pressão e temperatura do poço. Na figura 16 é apresentado um esquema de produção submarina com as ANMs instaladas nos poços espalhados osbre o reservatório. 20 Figura 16 - Projeto de Desenvolvimento da Produção. Para produção de um poço de petróleo é necessário que se tenha total segurança quanto à integridade da produção, pois uma falha num poço significa o derramamento de óleo no mar e enormes perdas de capital. Considerando o potencial de produção dos poços submarinos que na maioria dos casos é superior aos poços em terra, a consequência de um vazamento seria catastrófica para o meio ambiente e para as operadoras. Os prejuízos financeiros e a imagem são incalculáveis, podendo levar até ao fechamento da companhia. O principal equipamento que garante a segurança de um poço de petróleo é a ANM, pois ela é responsável pelo controle de todos os fluidos produzidos e injetados no poço e por monitorar alguns parâmetros da produção, além disso em caso de falha no sistema submarino, tal como perda das linhas de atuação, ruptura de dutos, a ANM será responsável pelo fechamento e vedação de do poço. Aliada a sua função primordial a ANM também possibilita a realização de trabalhos nos poços (mais conhecidos como workovers) para melhorar a produção ou ajustar algum problema que possa esta sendo apresentado. Na figura 17 um esquemático da completação de um poço submarino de petróleo é apresentado. 21 Figura 17 - Esquemático da completação de um poço. A Árvore de natal molhada não é um equipamento singelo, ela é mais bem definida como um conjunto de equipamentos que possibilitam a completação dos poços submarinos, desta forma quando é chamada ANM, esta se referindo ao conjunto dos equipamentos que compõe este sistema. Estes componentes vêm de algumas evoluções ocorridas ao longo dos anos de exploração, para muitas vezes superar desafios tecnológicos e em outros casos aperfeiçoar a instalação e operação da ANM. Na figura 18 pode ser verificado um esquemático dos componentes de uma ANM. 22 Figura 18 - Esquamático ANM A ANM recebe este nome de sua ancestral, arvore de natal seca, ou convencional, uma vez que quando nos campos terrestres ocorriam nevascas os equipamentos ficavam cobertos por neve e lembravam as árvores de natal, em inglês christmas tree. A denominação de molhada vem do simples fato de que agora as árvores de natal são instaladas no fundo do mar, e assim constantemente estão molhadas. O atual modelo de ANM não lembra em nada uma árvore de natal, com seu gigantesco conjunto que ultrapassam os 7 metros de altura e mais de 100 toneladas de aço, e nem tampouco ficam coberta de neve. O equipamento árvore de natal possui interface com diversas disciplinas do sistema submarino. É necessário o alinhamento com diversos parâmetros, por exemplo, o tipo de ROV que irá trabalhar, as sondas ou embarcações que serão utilizadas nas operações destes equipamentos, o métodos de conexão dos dutos flexíveis, como será o controle realizado na UEP, ou seja, em um projeto de ANM é preciso uma boa integração entre todas as disciplinas que compõe a construção de um projeto de desenvolvimento de campo de petróleo. Serão definidos a seguir os principais componentes que fazem parte do conjunto ANM, este pode ser considerado o modelo padrão atualmente utilizado nos campos submarinos do Brasil. Aqui será feita uma breve descrição dos subequipamentos do conjunto ANM para posteriormente, ao longo do trabalho, sejam apresentados maiores detalhes sobre cada um deles. Os equipamentos serão apresentados na sequência em que estes componentes são instalados no poço. 23 BAP – Base Adaptadora de produção: É a primeira parte do conjunto e como seu nome já ilustra servirá de base para os demais componentes. Ela é assentada diretamente da cabeça de poço e seu travamento pode ser realizado através de seu conector hidráulico. A BAP pode ser instalada ainda na fase de perfuração sendo a última fase feita pelo seu interior, conceito denominado Drill throught (perfuração através), mas nem sempre foi assim, como será visto no histórico apresentado nas seções posteriores. Uma das funções BAP e que esta deve prover uma base solida para a instalação do BOP submarino e para ANM, um perfil adequado para o assentamento do suspensor de coluna (SC) e receber os módulos de conexão dos dutos do poço como exemplificado na Figura 19. Figura 19 – BAP de 3 MCVs. Os principais componentes das BAPs modernas são os descritos a seguir: Funil de orientação superior, neste conceito a BAP ou qualquer equipamento é denominada do tipo funnel up (funil para cima). Este componente permite o assentamento adequado dos equipamentos como BOP, ANM e a ferramenta de instalação da BAP. O correto travamento do equipamento só poderá ser realizado com ele está posicionado adequadamente o que é garantido através do sistema de orientação. Para o bom funcionamento dos funis de orientação eles devem ser projetados para suportar os severos carregamentos impostos pelo BOP de perfuração, e por isso são construídos com a utilização de uma chapa de aço de 1,5 polegadas de espessura, também deve prover o ajuste necessário que possibilitará o travamento dos conectores. Importante destacar que os conectores do BOP não possuem dimensões padronizadas, dependendo da sonda utilizada, ou seja, quando do projeto do equipamento submarino deve-se avaliar o range de BOP que poderão ser utilizados, lembrando ainda que existem BOPs que possui seu próprio funil de orientação, sendo considerado BOP com funnel down (Funil para baixo) devendo a BAP neste caso não ter o funil superior. A Figura 20 mostra um funil superior. 24 Figura 20 - Funil Superior O funil de orientação inferior tem função similar ao funil superior, mas neste caso deve ser projetado para suportar apenas os carregamentos da própria BAP, que são inferiores ao do BOP, mas não são pequenos, e as dimensões podem ser reduzidas dado que o sistema deve guiar em uma cabeça de poço. A orientação da BAP na cabeça do poço pode ser realizada através do giro na coluna dos risers ou pelo próprio ROV. Orientar este equipamento significa deixa-lo na posição mais favorável para posterior instalação das linhas flexíveis. Na Figura 21 é apresentado um exemplo de funil par abaixo. Figura 21 - Exemplo de funil inferior Alojador de alta pressão, apresentado na Figura 22, consiste num forjado de grande resistência que provê o perfil de travamento para o BOP e ANM além do perfil de assentamento para o suspensor de coluna de produção.Em alguns tipos de BAP no alojador são colocadas furações para possibilitar o acesso ao anular do poço. 25 Figura 22 - Alojador de Alta pressão Mandril das linhas de fluxo (MLF) é o componente que permite a ANM conectar e se interligar aos bocais de instalação dos MCVs (Módulo de conexão vertical). Nada mais é que um forjado com furações, conectado as tubulações que levam aos bocais onde serão instalados os MCVs e realizar uma conexão indireta das linhas flexíveis com a ANM. Como pode ser visto na Figura 23 a seguir o MLF fica posicionado ao lado do funil de orientação superior. Figura 23 - MLF Bocais dos MCVs, são blocos forjados interligados as tubulações da BAP que propiciam os perfis de travamento e onde posteriormente serão assentamentos os MCVs. No modelo mais comum são independentes, cada linha possui um bocal específico, para possibilitar a instalação em LDAs mais profundas. Com a separação do hub dos MCVs é possível instalar e retirar a ANM sem necessidade de intervir nos dutos flexíveis. Para os bocais, assim como a BAP, seus sistemas de orientação podem ser do tipo funil para cima ou funil para baixo dependendo do conceito do MCV, a Figura 24 apresenta a disposição dos bocais ao redor do forjado principal. 26 Figura 24 - Hubs dos MCVs SC – Suspensor de coluna: Apesar de o nome ser principalmente utilizado no Brasil este componente é mais conhecido com TH (tubing hanger), mas a diferença entre os nome é apenas uma tradução. O suspensor de coluna tem como principal função suportar o peso da coluna de produção, que será por onde ocorrerá o escoamento dos hidrocarbonetos, provendo a interface entre a ANM e o poço, além de também selar o anular do poço para que elevação por gas lift seja realizada. As operações com o TH são um momento de risco elevado, uma vez que nesta fase já existe a coluna de produção comunicando a zona de produção até o fundo do mar. Além disso, há um instante em que a sonda deverá retirar o BOP de perfuração para em seguida realizar a instalação da ANM, uma vez que um equipamento deverá substituir o outro. A sequência de instalação da ANM requer que sejam observados rigorosos procedimentos de segurança e uma barreira de vedação seja colocada nas furações do TH, com isto, todos os suspensores de coluna possuem perfis para assentamento de um plugue mecânico operado pelo sistema de arame. A Figura 25 seguir ilustra um Suspensor de coluna de produção. Figura 25 – Esquemático de um suspensor de coluna 27 A seguir serão descritos os principais componentes do suspensor de coluna. Corpo forjado principal é o principal componente do TH, pois é responsável por prover a resistência mecânica do equipamento e acomodar as furações de interface da ANM com o poço. No projeto deste componente deve-se observar o limite de distância nas furações realizadas com objetivo de evitar que o suspensor perca sua capacidade estrutural, uma vez que o corpo do TH é limitado pelo diâmetro do alojador da BAP. Camisa externa com castelo tem a função de realizar o travamento e a orientação da ANM para o correto acoplamento das interfaces. A camisa externa tem o curso definido para que possa deslizar mecanicamente e realizar o travamento e o destravamento do TH. O castelo orienta a ANM, uma vez que ela também possuí este perfil determinando assim uma posição única de montagem. Sub prolongador provê a extensão necessária e permite a correta conexão da coluna de produção, além de proteger a rosca do corpo do TH, que é feita diretamente no forjado principal sendo a sua recuperação difícil após o equipamento pronto. A passagem do sub obedece a passagem do TH que deve ser determinada pela necessidade de produção do equipamento, respeitando as dimensões limites (variam de 3” até 7” de diâmetro interno). Na Figura 26 pode ser verificado um TH dual bore e seus componentes Figura 26 - Componentes do TH dual bore. 28 ANM – Árvore de Natal Molhada: A ANM é o equipamento central do conjunto e que denominam mesmo pode ser classificada como ANM vertical ou Horizontal. ANM é dita vertical quando possui todas as suas válvulas mestras são posicionadas acima do TH, ou seja, a saída da produção ocorre na vertical. Ela é instalada sobre a BAP e seus prolongadores conectam-se as furações do SC para prover a comunicação entre a superfície o interior do poço, com o fluxo passando pelo interior da árvore esta tem a função de controla-los, ser a barreira de segurança em caso de emergência e permitir a monitoração de parâmetros da produção, como temperatura e pressão. Para desempenhar as suas funções a ANM é dotada de atuadores e válvulas do tipo gavetas, sensores de pressão e temperatura, além de seus conectores que travam e vedam contra os perfis da BAP, um exemplo do equipamento é dado na Figura 27. Figura 27 – Exemplo de árvore de natal molhada. Uma configuração típica das válvulas da árvore de natal molhada é: válvula mestra para produção (Master 1 – M1), uma válvula lateral de produção (wing 1 –W1), uma válvula de interligação produção e anular (crossover – XO), uma válvula mestra para o anular (master 2 - M2), uma válvula lateral (wing 2 – W2), estas são as válvulas que estão disponíveis para o operador na plataforma, enquanto o poço em produção. Durante a instalação deste equipamento o acesso da sonda ao poço é realizado de forma vertical, logo é necessário para garantir a segurança da operação mais 2 válvulas, estas são as válvulas de pistoneio, swab 1 (S1) para o acesso à produção e swab 2 (S2) para o acesso ao anular, para melhor entendimento da disposição o esquemático é apresentado na Figura 28. 29 Figura 28 - Esquemático ANM vertical. Existem diversos tipos de equipamentos ANMs na maiora das vezes adaptadas às necessidades das operadoras de Petróleo, podem ser principalmente classificadas como horizontal ou vertical. Neste trabalho serão apresentadas as ANMs verticais por ser o tipo mais utilizado no Brasil. A ANM, ou ANMH, é considerada horizontal quando a saída da produção no TH ocorre lateralmente e suas válvulas mestras não estão posicionadas no bloco principal da árvore, estão em um bloco lateral. Este tipo de equipamento visa otimizar alguns conceitos na instalação da ANM, pois elas não possuem BAP, com isto tem um subequipamento a menos a ser instalado, além de proporcionar o acesso direto ao TH para troca da coluna de produção, funcionalidade muito requerida para poços com a utilização de bombeio centrífugo submerso que demanda muitas intervenções ao longo da vida produtiva para troca da bomba do poço. Entretanto outros problemas operacionais são mais graves neste conceito de ANM, como no caso de uma falha nas válvulas da árvore e que esta precisará ser retirada, e ainda antes será necessário retirar as linhas já conectadas. A ANMH por agregar um número maior de funções tem dimensões maiores do que uma ANM vertical tornando a instalação deste equipamento mais complexa e dispendiosa, nas Figura 29 e Figura 30 são apresentados um esquemático de um modelo de ANMH e uma foto deste tipo de equipamento. 30 Figura 29 - Esquemático ANM horizontal. Figura 30 - Exemplo de ANM horizontal. Para o melhor entendimento da construção da ANM vertical seus principais componentes são descritos a seguir: Bloco principal de válvulas é um grande forjado de aço liga em que são usinadas as furações e passagens necessárias para montagem das válvulas de controle da ANM, os sensores do equipamento e perfis de vedação. O bloco principal também tem função estrutural para suportar a montagem dos demais componentes da ANM e as pressões envolvidas na operação do equipamento. Conforme norma API 17D [7] para 31 um equipamento de classe de pressão de 10.000psi deve ser realizado um teste de integridade com pressão de 15.000psi, 150%
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