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1 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 Introdução O abdome agudo inflamatório é o mais comum, enquanto que o abdome agudo vascular é o menos comum (incomum, inclusive). Definição: Síndrome clínica caracterizada por dor abdominal, não traumática, súbita e de intensidade variável, associada ou não a outros sintomas, e que necessita de diagnóstico e conduta terapêutica imediatos, cirúrgica ou não. • Inflamatório: mais comum. Dor insidiosa e com piora progressiva, febre, peritonite localizada ou difusa; • Obsrtutivo: distensão, parada de eliminação de gases e fezes, náuseas, vômitos; • Vascular: dor abdominal intensa súbita, tipo cólica, desproporcional ao exame físico. Não encontra abdome em tábua, não encontra nada que justifique a dor significativa. Causado pela parada, redução importante do suprimwnto sanguíneo; Associado a redução do aporte sanguíneo. Não confundir com hemorrágico. • Hemorrágico: dor súbita e sinais de choque hipovolêmico; ruptura vascular levando a um choque hipovolêmico, sangramento. Ex. ruptura de aneurisma, laceração arterial. • Perfurativo: dor com piora súbita, intensa, aguda e persistente, peritonite, palidez, sudorese; evolui para choque séptico se não tratado. Ex. ruptura de alça, úlcera perfurada, perfuração de alça intestinal. Introdução • Causado por condições que reduzem o fluxo sanguíneo para o intestino, determinando um quadro de isquemia mesentérica aguda; • É incomum; • Elevada taxa de mortalidade; • O prognóstico é tempo dependente. É importante saber as condições epidemiológicas e os fatores do paciente que podem levar a este quadro, para que seja possível suspeitar e solicitar o exame para realizar o tratamento adequado. Quanto antes identificar essas situações, melhor é o prognóstico do paciente. Isquemia mesentérica Abdome agudo vascular = Isquemia mesentérica • Isquemia mesentérica crônica (5%): associada à formação de placas de ateroma que levam à estenose das artérias que irrigam o TGI. • Isquemia mesentérica guda (95%): pode estar associada a uma oclusão de artérias que irrigam o TGI (mais cumum – 60-85% dos casos), a oclusão de veias (5-15%) e a isquemia aguda não oclusiva (15-30%; condição de hipovolemia, com baixo débito cardíaco difusamente → redução do fluxo para o TGI). Irrigação do trato gastrointestinal O TGI é irrigado por 3 principais ramos da aorta (tronco celíaca, artéria mesentérica superior e artéria mesentérica inferior). Esses 3 ramos saem anteriormente a aotra. TRONCO CELÍACO • Irriga: estômago, duodeno proximal, fígado, pâncreas, baço. • RAMOS: A. Gástrica esquerda; Esplênica; Hepática comum → Hepática própria (já no fígado – direita e Abdome Agudo Vascular 2 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 esquerda), Gastroduodenal (pancreatoduodenal superior, Gastroepiploica direita). ARTÉRIA MESENTÉRICA SUPERIOR • Irriga: duodeno distal, mesentério, cólon ascendente. • RAMOS: Pancreatoduodenal inferior, Jejunal, Ileal, Ileocólica, Cólica direita e cólica média. ARTÉRIA MESENTÉRICA INFERIOR • Irriga: cólon transverso, flexura esplênica, cólon descendente, sigmóide, reto superior. • Ramos: Cólon esquerda, ramos sigmóides, ramos terminais. Circulação venosa Obstrução da circulação venosa também é causa de isquemia mesentérica. • Veia mesentérica superior; • Veia mesentérica inferior. A veia esplênica quando se junta com a mesentérica superior vai formar a veia porta. Então, obstrução em qualquer uma delas pode levar a um quadro de isquemia mesentérica. Comunicação entre o tronco celíaco e a Artéria mesentérica superior A circulação arterial se intercomunica. Os principais ramos que irrigam o TGI são: Tronco Celíaco, AMS e AMI. Cada um desses ramos irriga um determinado seguimento, do intestino delgado e do grosso. O tronco celíaco irriga o Delgado mais proximal, a AMS irriga o delgado mais distal e o grosso mais proximal, e a AMI irriga o transverso, descendente e sigmóide. Portanto, elas se intercomunicam através de Arcadas, por exemplo: Arcada de Riolan, Arcada Marginal de Drummond. Então, para que ocorra a deficiência do suprimento arterial, é preciso que pelo menos dois desses ramos estejam com processo de obstrução ou de estenose significativa, porque se só um deles estiver, através de intercomunicação vão suprir. PORTANTO, É NECESSÁRIO QUE PELO MENOS DOIS DESSES TRÊS RAMOS ARTERIAIS PRINCIPAIS ESTEJAM COMPROMETIDOS. Comunicação entre as artérias mensetéricas superior e inferior • Arcada marginal de Drummond: ❖ Anastomose entre os ramos terminais da artéria mesentérica superior e da artéria mesentérica inferior. Se tiver obstrução de uma delas, a outra vai aumentar o suporte sanguíneo e suprir as necessidades. • Arcada de Riolan: ❖ Anastomose entre as artérias cólicas média (ramo da AMS) e esquerda (ramo da AMI). Na verdade, também é a comunicação entre as artérias mesentéricas. 3 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 Isquemia mesentérica aguda x crônicas: Dados clínicos Importante diferenciá-los. AGUDA – 95% • Doença de pacientes idosos e com outras comorbidades; • Média de idade de 70 anos; • O paciente tipicamente se apresenta com dor de forte intensidade, desproporcional aos achados de exame físico; • Náuseas, vômitos, diarreia; • Exames laboratoriais inespecíficos. CRÔNICA – 5% • Cólicas pós prandiais que duram 1 a 2 horas; • Aversão a comida; • Perda de peso; • Náuseas, vômitos, diarrreia. Nestes casos, os pacientes tem algum grau de ateromatose, de placas de gordura nas artérias e, pelo fato da obstrução por essas placas, quando se alimentam, não conseguem aumentar o suporte sanguíneo pra fazer a digestão, sentindo cólicas após as refeições. Isquemia mensetérica aguda – diagnóstico • Diagnóstico desafiador, porque os sinais clínicos e exames laboratoriais são inespecíficos; Portanto, é importante considerar o perfil epidemiológico do paciente. Por ex.: paciente FA (fibrilação arterial) tem chance de fazer uma isquemia mesentérica vascular, por conta da formação de trombos, aumentando a chance de ir para a circulação sanguínea e virar um êmbolo, fechando algum vaso de suprimento GI. • Faz-se necessário um elevado grau de suspeição clínica e radiológica (saber os achados de exames característicos) para que se estabeleça o diagnóstico em tempo hábil. Quanto maior o tempo para o diagnóstico, pior o prognóstico. A obstrução de artéria ou veia causa isquemia mesentérica porque obstrui o vaso, e então, aquela alça intestinal para de receber o suprimento sanguíneo ou não consegue drenar, e começa o edema, isquemia, a parede começa a entrar em sofrimento, espessar e até necrosar, realçando pelo contraste. Pode ter gás no interior da parede (pneumatose intestinal), pode haver escape de líquido e de conteúdo intestinal para a cavidade, o ar e líquido dentro da cavidade, pneumoperitônio e sepse, chegando a esse quadro que é catastrófico e de alta mortalidade. Diagnóstico por imagem • Raio X: não serve para diagnosticar abdome agudo vascular. • Ultrassonografia: é horrível para ver alça. Pode até ver, mas é uma sorte, pois a onda sonora não se propaga bem no meio gasoso. • Tomografia Computadorizada (Angio-TC): mais adequado para ver vasos, obstrução, trombo, êmbolo, calcificação de parede de vaso, espessamento de alça, gás na alça, líquido livre na cavidade, gás na cavidade abdominal. Sempre que fala em patologia AGUDA é angio- TC, porque a TC é rápida (lembrar que quanto maior o tempo, pior o prognóstico). Além disso, a TC tem uma qualidade melhor. • Ressonância Magnética (Angio-RM): demora em média 20m. Além disso, exige que a pessoa fique parada e, paracasos de emergência, normalmente a pessoa está com muita dor, o que dificulta. Em imagem, não há um método soberano para tudo. Exemplo, em pré-natal, USG é método de escolha. Na tireoide e vesícula biliar, o USG é melhor. No parênquima encefálico, sistema musculoesquelético, a RNM é melhor. E para avaliar VASOS, a TC é o melhor método não invasivo. Em algumas situações, a arteriografia por subtração distal ainda é melhor, mas é invasivo. Angiotomografia x angiorressonância ANGIOTC • Mais rápido; • Avalia vasos e estruturas extra-vasculares (alças intestinais, espessamento); • Avalia lúmen e parede; • Visibiliza cálcio; • Maior resolução espacial: qualidade da imagem é superior a qualidade da imagem da TC. 4 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 ANGIO-RM • Luminograma: para que a RNM faça de forma mais rápida a avaliação de vaso com contraste dentro, tem uma técnica que só vê a luz do vaso. Não avalia os tecidos adjacentes. Então, a angio- RNM só avalia a luz do vaso, não avaliando alça intestinal, fígado, baço. • Mais demorado: é mais demorada que a TC, mesmo com a técnica de luminografia (que deixa a angio-RNM mais rápida). • Limitação relacionada à implantes e dispositivos metálicos e marca-passos: CONTRA INDICAÇÃO. Angiotomografia computadorizada Então, a angioTC é o método de escolha para avaliação de abdome agudo vascular. OBS: se, por acaso, fazendo prova, a questão não falar “angio-TC”, mas falar TC, pode marcar, pois o método é tomografia. A tomografia do abdome, por exemplo, pode ser feita com contraste, mas faz-se cortes de 2mm, não se preocupando muito com tempo, pois a técnica não requer, já que a TC de abdome tem objetivo de ver fígado, baço, dentre outros. Para ver vaso, é necessário fazer uma reconstrução tridimensional (na imagem acima), sendo necessário fazer cortes de menos de 1mm, o que faz aumentar a resolução espacial (qualidade da imagem). Além disso, é necessário fazer a infusão rápida endovenosa do contraste, passando pelo vaso específico analisado, o que gera maior preocupação com o tempo. Quando faz o corte mais fino, irradia mais o paciente. Então, só faz quando realmente o paciente precisa e vai se beneficiar. A infusão mais rápida tem risco maior de fazer infiltração na veia e de eventos adversos (como vômito), mas é raro. Parâmetros técnicos • Equipamentos de múltiplos detectores; • Varreduras bifásicas: fase arterial e venosa → a isquemia mesentérica pode ter etiologia de obstrução arterial e venosa. ❖ A fase venosa permite o diagnóstico de oclusão venosa e também do realce anômalo no segmento alça intestinal isquêmico. • Infusão de 1,5ml/kg em bomba, com velocidade de 4 a 5 ml/s, seguida da infusão de soro fisiológico; • Administração de contraste oral não é realizada: é muito raro fazer contraste oral ou retal hoje em dia, pois, com a utilização dos tomógrafos de múltiplos detectores, a qualidade das imagens já é boa, permitindo diferenciar o espessamento da parede para conteúdo intraluminal. No passado, o contraste oral/retal, ajudava nessa diferenciação. Hoje, eventualmente, é preferível o contraste retal, pois quando o sigmoide tá sem conteúdo, é preciso colocar conteúdo para análise de possível espessamento de sigmoide. Ex. pacientes com suspeita de neoplasia. Vantagens • Avaliação da luz e da parede dos vasos; • Calcificações parietais; • Aquisição rápida: urgência e emergência. • Resolução espacial elevada; • Elevadas sensibilidade e especificidade: sensibilidade:93,3%; especificidade: 95,9%. OBS: abdome agudo vascular é igual a isquemia mesentérica. A isquemia mesentérica aguda pode ser por trombo, êmbolo, obstrução arterial ou venosa, ou até por causa não obstrutiva (quadro de hipovolemia difusa com baixo débito cardíaco). A TC é o método de escolha (técnica de angio-tc). Metodologia de interpretação das imagens • Avaliação do lúmen intestinal: avaliar os vasos e o lúmen do intestino, para saber se tem muito líquido acumulado. ❖ Alças distendidas por líquido: Quando há obstrução vascular, a alça começa a sofrer e, com o passar do tempo, não consegue mais fazer o movimento de peristaltismo, o que faz o líquido se acumular e deixa a alça mais dilatada. A alça vai realçar, opacificar, heterogeneamente, pelo meio de contraste. O contraste opacifica rim, baço, fígado e parede das alças intestinais. • Parede intestinal; 5 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 ❖ Espessamento da parede da alça intestinal por edema: Com esse processo de sofrimento intestinal, existe um processo de edema importante, a alça fica menos opacificada pelos meios de contraste, ficando mais escura (mais hipodensa) e alargada. ❖ Outros sinais: realce anômalo; pneumatose intestinal com ou sem gás na veia porta: se o processo for demorado, vai ocorrer pneumatose intestinal (gás dentro da parede intestinal), que é um sinal de sofrimento intenso de alça. A parede teria que estar hipodensa e, no processo de isquemia, ela vai alargando (>2-3mm) e de repente se vê “bolinhas” com densidade de gás dentro da parede. ❖ Com um tempo maior ainda, pode ocorrer gás no interior da veia porta. • Mesentério e cavidade peritoneal; ❖ Edema no mesentério; líquido na cavidade peritoneal e pneumoperitôneo: a alça pode necrosar e romper, levando a ter líquido e gás no interior da cavidade abdominal. • Vasos. • Vísceras abdominopélvicas: é importante verificar outras vísceras, como rim e baço. Se for, por exemplo, um processo de êmbolo, este pode ter fechado outro vaso e levar a infarto (esplênico, renal) de alguma região. É possível ver a área de infarto na TC com contraste. O segmento da área infartada não realça por contraste. Achados de imagem na isquemia mesentérica – Tomografia Computadorizada Trombose da artéria mesentérica superior Imagem: apresentação axial. 1. Polo inferior do rim direito; 2. Polo inferior do rim esquerdo; 3. Corpo vertebral; 4. e 5 Psoas direito e esquerdo; 6. Veia cava inferior (fica à direita da aorta se não houver nenhum tipo de variação anatômica); 7. Aorta. Na frente da aorta fica a artéria mesentérica superior (ponto vermelho), e do lado direito da artéria mesentérica superior, tem-se a veia mesentérica superior. Pode-se observar que tanto a veia cava inferior, a aorta, quanto a veia mesentérica superior estão hiperdensas, pois elas têm densidade de contraste (se fosse de sangue, a densidade estaria próxima ao músculo). No entanto, a artéria mesentérica superior está com a densidade semelhante à do músculo, ela não está opacificando pelo meio de contraste, o que significa que há sangue trombosado/coagulado dentro dela (tanto faz ser um trombo ou um êmbolo, vai estar hipodenso, não opacifica com o meio de contraste). É assim que se dá o diagnóstico de uma trombose. O restante observado na imagem é alça intestinal. Dissecção da artéria mesentérica superior • FIG: fígado; • Baço; • RD: rim direito; • AO: aorta. Dentro da aorta tem- se duas cores: 1. Uma parte opacificada pelo contraste; 2. Uma parte não opacificada pelo contraste. Ou seja, nessa imagem observa-se uma dupla luz aórtica, e isso na aorta é diagnóstico de dissecção. A luz que está opacificada, hiperdensa, é a luz verdadeira. A luz que está hipodensa é a falsa luz, que está trombosada. Além disso, observa-se a extensão dessa dissecção para a artéria mesentérica superior, onde o fluxo sanguíneo não está indo, sendo então causa de isquemia mesentérica – abdômen agudo vascular. Trombose da Artéria Mesentérica Superior • FIG: fígado; • RD e RE: rins D e E; • CP: corpo vertebral; • Círculo vermelho: cabeça do pâncreas (processo uncinado). 6 Beatriz Machado de AlmeidaDiagnóstico por imagem – Aula 11 • Círculo azul: junção esplenomesentérica (local onde a veia porta, a veia mesentérica e a veia esplênica se juntam). Na artéria mesentérica superior (seta), observa-se um conteúdo hipodenso, oriundo de um trombo ou um êmbolo, no interior dela, que foi quadro de uma isquemia mesentérica apresentada nesse paciente. • Aorta: porção abdominal; • VRE: veia renal esquerda; • VRD: veia renal direita; • VCI: veia cava inferior. Desse modo, percebe-se que a veia renal esquerda passa na frente da aorta e desagua na veia cava inferior. A veia renal direita já vai direto para a veia cava inferior, já que está mais perto. A veia cava inferior sempre está à direita da aorta (exceto se houver alguma variação anatômica). Nos três casos apresentados, tem-se uma obstrução vascular, mas como foi visto ainda em uma fase inicial, não chegou a ter os achados de espessamento de alça e de líquido na cavidade. Para que ocorra esses achados, é necessário haver um processo mais adiantado, um quadro mais arrastado para que haja comprometimento dessas alças. Desse modo, é necessário mais tempo para que se estabeleça uma isquemia intestinal. Embolia da artéria mesentérica superior Apresentação coronal: nessa imagem o baço não aparece, pois está mais posterior e esse corte é mais anterior. • Fígado; • Estômago; • AMS: artéria mesentérica superior com os seus ramos. • Imagem hipodensa na AMS: êmbolo. Esse paciente desenvolveu um quadro de isquemia mesentérica aguda. Obstrução da artéria mesentérica superior Imagem coronal: área com stop → área de obstrução da AMS (artéria mesentérica superior). O acúmulo de líquido nas alças intestinais se dá após a isquemia, porque como ocorre a deficiência do suprimento sanguíneo para as alças, elas começam a funcionar de forma deficiente, não conseguindo fazer o peristaltismo. Então, a primeira coisa que começa haver é o acúmulo de líquido; depois começa a espessar a alça, a parede (edema), depois ocorre uma alteração de realce da parede, com um processo de isquemia intenso. O último estágio é o gás dentro da parede intestinal, que já é o processo bem terminal, antes de necrosar e romper a parede da alça, tendo então líquido livre na cavidade e pneumoperitôneo (gás na cavidade abdominal). Obstrução da veia mesentérica superior Nesse caso, ocorre um quadro de obstrução venosa. 1. Veia porta; 2. Local onde estaria a veia esplênica. Não é possível visualizar a veia esplênica devido a angulação. 3. Veia mesentérica superior: A veia mesentérica superior se junta com a veia esplênica e forma a veia porta. 4. Estômago. Só é possível dizer que a parede se encontra espessada se estiver cheio de líquido. A princípio, nessa imagem não é possível observar claramente nesse corte um espessamento de parede de alça. Nesse caso, é uma obstrução da veia mesentérica superior. 7 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 Trombose das veias mesentéricas superior e aorta No caso acima, observa-se espessamento de parede de alça (setas) com hipodensidade e realce anômalo (o contraste está bem hipodenso e as paredes estão todas espessadas). Dentro do fígado (1) passa a veia porta, que se encontra com conteúdo hipodenso no interior (círculo), ou seja, há uma trombose de veia porta. Dessa forma, o processo de isquemia mesentérica foi devido a uma trombose venosa de veia porta. Na cavidade tem-se um pouco de líquido livre (mas não ao redor do fígado) entre alças. Além disso, vê-se: 2 → rim esquerdo; 3 → Adrenal esquerda; 4 → Rim direito; 5 → Rim esquerdo;Acima do corpo vertebral observa-se a veia cava e a aorta. As três imagens são de densidade semelhante à densidade óssea, então há contraste endovenoso. Dessa forma, nessas imagens observa-se estenose de veia porta, espessamento difuso da parede de alças intestinais e líquido livre na cavidade, compatível com quadro de isquemia mesentérica que tem como etiologia uma obstrução venosa. Imagem em corte axial: observa-se a veia porta estendendo-se para o interior do fígado, pois dentro dessa veia porta tinha que estar branco, com a densidade de contraste (como está a aorta e a veia cava inferior). Desse modo, se a densidade está próxima ao músculo é porque não está realçando como deveria. Quando é feito o contraste endovenoso, o vaso tem que ficar branco; se não ficar, é porque tem trombose. Trombose da veia mesentérica superior Imagem: plano coronal (a anterior estava em um plano axial), onde observa-se uma construção de MPR e de MIP (trombo circulado). 1. Fígado (presença de líquido livre peri hepático); 2. Estômago; 3. Veia porta com trombo (melhor evidenciado na MPR do que no MIP); 4. Bexiga; 5. Baço. Além disso, observa-se líquido livre na cavidade, com espessamento de parede de alça intestinais (melhor evidenciadas no MPR). Nesse caso, que é o mesmo quadro evidenciado no exame anterior, observa-se uma isquemia mesentérica tendo como etiologia uma obstrução venosa. A veia porta tem um segmento antes do fígado e um intra-hepático. Veia porta é formada a partir do ponto em que a veia mesentérica superior (que também está trombosada) se junta com a veia esplênica. Então a partir desse exato ponto para cima, é veia porta. Trombose de veia mesentérica inferior 8 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 11 Imagem: plano coronal; obstrução da veia mesentérica inferior, que acaba desaguando na veia esplênica; espessamento de alça por trombose da VMI. Espessamento de parede de alças intestinais Nesse caso, observa-se melhor o espessamento de parede de alça. Normalmente essa parede tem 3mm e na imagem ela está espessada, ficando com um realce heterogêneo, com uma parte mais clara, com a parte mais interna mais escura, hipodensa. Dessa forma, observa-se um espessamento difuso de parede de alça. Nessa imagem observa- se um outro espessamento de parede de alça, que pega mais a alça do cólon descendente, o que significa que o processo está mais localizado na mesentérica inferior, estando bem evidente na imagem, onde a alça está distendida e com bastante líquido. Dessa forma, no processo de isquemia mesentérica não se observa somente a obstrução vascular, mas também deve-se olhar o espessamento de parede de alça, líquido livre na cavidade, gás no interior parede, gás dentro da cavidade abdominal (ruptura de alça - pneumoperitôneo). Abdome vascular = Isquemia mesentérica aguda Abdome agudo vascular = Isquemia mesentérica. Em 95% é isquemia mesentérica aguda. O paciente apresenta uma dor muito forte, desproporcional aos achados de exame físico. Considerações finais • A angio TC é um método rápido não invasivo para detecção de emergências vasculares (melhor método para ver vasos – a técnica utilizada é a de angiotomografia, que é um exame sempre feito com contraste endovenoso, fazendo com que o vaso fique branco, sendo melhor a avaliação do vaso; se o vaso não ficar branco, é porque ele tem trombose). • Mesmo incomuns (de abdome agudo), devem ser consideradas (a depender do perfil epidemiológico do paciente). • Quanto menor o tempo entre sintomatologia, diagnóstico adequado e intervenção apropriada, menor a mortalidade nessas situações (uma coisa é pegar um paciente com obstrução arterial ou venosa mas que a alça não sofreu; outra coisa é já pegar com necrose de alça, onde tem que tirar aquele segmento de alça que está necrosado, tirar aquela parte do intestino e anastomosar; outra coisa ainda pior é pegar esse paciente com a alça já rota, com conteúdo fecal na cavidade abdominal, em um quadro séptico). • O prognóstico do paciente depende do quão rápido é feito o diagnóstico paraevitar a perfuração intestinal com entrada de fezes na cavidade abdominal. • Um dos mais importantes e específicos achados de imagem na isquemia mesentérica aguda oclusiva é o envolvimento de segmentos de alça correspondentes à distribuição vascular. • O diagnóstico envolve a obstrução do vaso (pode ser tanto uma artéria, quanto uma veia), podendo ainda ter casos não obstrutivos (raro), mas também identificar o espessamento da parede do intestino, o acúmulo de líquido no intestino, o realce patológico, gás dentro da parede, e principalmente se esse acometimento pega determinada distribuição vascular. Então, é importante saber a respeito da irrigação. O início é abrupto, pois a trombose ou a embolia são processos abruptos; o que é insidioso é a isquemia mesentérica crônica, mas ela não dá quadro de abdome agudo, sendo realmente um processo crônico. Às vezes, o paciente pode ter uma isquemia crônica, mas apresentar um processo de agudização que leva ao agravamento. Material baseado na aula de Dra. Adriana Matos – Medicina UniFTC – 7º semestre
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