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Anafilaxia: Reação Grave e Potencialmente Fatal

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2. Anafilaxia 
Definição 
Reação sistêmica grave de início súbito e evolução rápida, 
potencialmente fatal. Podendo acometer vários órgãos 
simultaneamente 
Epidemiologia 
Em crianças: maior incidência no sexo masculino 
Principal causa em crianças: alimentos 
Principal causa em adultos: medicamentos 
Classificação 
 
Não IgE mediada: ativação do sistema complemento 
Fisiopatologia 
Diferentes vias na anafilaxia divididas por fenótipos 
Tipo 1/IgE mediado/Não IgE mediado 
o Principais causadores: veneno de insetos, 
quimioterápicos, alérgenos ambientais, antibióticos, 
anticorpos monoclonais, proteínas alimentares 
o Sintomas: urticária, edema, prurido, manifestações 
respiratórias superior e inferior (tosse, dispneia, sibilos, 
coriza, espirros), manifestações digestórias e 
cardiovasculares – hipotensão arterial, queda de 
saturação 
o Célula envolvida: mastócito/basófilo 
Tipo 2/Liberador de Citocina 
o Principais causadores: quimioterápicos, anticorpos 
monoclonais 
o Sintomas: febre, calafrios, dor, cefaleia – remete a 
um quadro infeccioso – hipotensão, queda de 
saturação 
o Células envolvidas: células T, mastócitos, 
macrófagos 
o Padrão de tempestade de citocinas: liberação 
maciça dos mediadores, gerando um quadro mais 
severo 
o Citocinas envolvidas: TNF – Alfa, IL-6, IL-1β 
Tipo 3/Misto 
o Principais causadores: quimioterápicos, anticorpos 
monoclonais 
o Apresenta sintomas do Tipo 1 e do Tipo 2 
Tipo 3/Complemento 
Principais causadores: contrates, glicosaminoglicanas, 
diálises de membrana 
Célula envolvida: mastócitos, através de ligação entre 
proteínas do sistema complemento que se ligam em 
receptores da membrana (C3a, C5a) 
Sintomas: os mesmos apresentados na reação do tipo 1 
 O tratamento para todas as vias baseia-se na epinefrina 
(adrenalina) 
 
Fatores Desencadeantes 
 
 
Manifestações Clínicas 
Apresentação: Podem ser muito variáveis, combinação de 
aprox. 40 sinais e sintomas 
Início: segundos a minutos, raramente horas 
Intensidade: leves com resolução espontânea ou graves com 
evolução para comprometimento respiratório, cardíaco e 
risco de óbito 
Evolução: imprevisível, depende de cada caso 
individualmente 
 
Manifestações cutâneas: urticária, rubor, angioedema, 
sudorese, palidez, prurido, hiperemia de mucosa 
Manifestações respiratórias 
o Nariz: obstrução, coriza, espirros, prurido 
o Laringe: prurido ou aperto, tosse, pigarro, estridor, 
tosse seca 
o Pulmões: broncoespasmo, sibilos, dispneia, aperto no 
peito 
Manifestações Gastrointestinas: diarreia, náuseas, vômitos, 
cólica abdominal 
Manifestações Cardiovasculares: taquicardia, vertigem, 
fraqueza, síncope, estado mental alterado, arritmias, 
sensação de morte iminente, podendo evoluir para choque 
anafilático 
Outros: perda de controle dos esfíncteres, contrações 
uterinas, convulsões, zumbido, perda de visão 
Critérios Diagnósticos de Anafilaxia 
1. Quadro de início súbito com comprometimento de pele 
e/ou mucosas e, pelo menos, mais um dos sintomas: 
o Respiratórios súbitos: sibilos, dispneias, estridor, 
hipoxemia 
o Hipotensão abrupta ou sintomas de disfunção 
orgânica: hipotonia, colapso, incontinência 
2. Dois ou mais dos sintomas e sinais que ocorrem 
subitamente, após a exposição a provável alérgeno ou 
desencadeante 
o Cutâneo-mucosos: prurido, urticas, edemas 
o Respiratório: sibilos, dispneias, estridor, hipoxemia 
o Hipotensão abrupta/disfunção orgânica: hipotonia, 
colapso, incontinência 
o Gastrointestinais: cólicas, vômitos, diarreias 
Importante ter a correlação de tempo, pois manifestações 
muito tardias dificilmente tem a ver com um quadro de 
anafilaxia 
3. Redução da PA após a exposição a um alérgeno 
desencadeante já conhecido 
o Lactentes e crianças: queda da PA sistólica < 30% do 
estimado para a idade 
o Adultos: PA sistólica < 90mmHg ou queda > 30% do 
valor pessoal 
Diagnóstico Laboratorial 
o Triptase plasmática 
o Histamina plasmática: pico de liberação rápida, mas 
cai rapidamente. Dessa forma o ideal é a dosagem 
em até uma hora. Pode ser detectada na urina 
o Dosagem negativa não exclui o diagnóstico 
Diagnóstico Etiológico 
o Testes cutâneos ou in vitro: avaliação da IgE 
específica 
 
Teste positivo não indica somente alergia, podendo ser 
confundido com uma sensibilidade ao alérgeno 
Evitar o teste na pele, para evitar quadros de anafilaxia 
Diagnóstico Diferencial 
 
 
 
 
 
Tratamento 
 
Passo a passo: 
1. Remover o fator desencadeante da crise e iniciar a 
conduta de tratamento 
2. ABCDE: avaliar respiração espontânea, estado de 
consciência, taquicardia, taquipneia, manifestações 
cutâneas 
3. Chamar por ajuda médica 
4. Injeção de adrenalina 
5. Decúbito dorsal e elevação de MMII 
6. Avaliar necessidade de oxigenoterapia e se a saturação 
continuar baixa, administrar outra dose de adrenalina 
7. Avaliar necessidade de administração de reposição 
volêmica 
8. Avaliar necessidade de RCP 
Tratamento Hospitalar 
Adrenalina instramuscular no musculo vasto lateral da coxa 
o Dose para adulto: 0,5ml 
o Dose para criança: 0,01mg/kg 
o Repetir a aplicação de 5 – 15min em casos de não 
resposta esperada 
o Ajuda na vasoconstrição 
o Diminui o edema de mucosa e vias aéreas 
o Suprime a ação de mastócitos e basófilos 
Solução fisiológica ou Ringer Lactato 
Anti histamínicos IV (preferencialmente difenidramina) 
B2 agonista: sempre em pacientes que apresentarem 
broncoespasmo 
Corticoides: também devem ser usados, apesar de não ter 
ação imediata – preferencialmente metilprednisolona 
Drogas vasoativas: em casos de pacientes que não evoluem 
com resposta à terapia de expansão salina 
Glucagon: pode ser usado caso não haja resposta à 
adrenalina. Ex: pacientes que utilizam beta bloqueadores 
Considerações Durante o Tratamento 
Casos leves: 6 – 8h 
Casos graves: 24 – 48h com monitorização vigorosa 
Falha Terapêutica 
Atraso na administração de adrenalina 
Dose ou vias inadequadas para aplicação 
Uso de fármacos concomitantes (beta bloqueadores, IECA, 
inibidores da MAO, antidepressivos tricíclicos) 
Erros no diagnóstico: asma não controlada, doença 
cardiovascular, mastocitose 
Considerações Durante o Tratamento 
Pacientes com asma não controlada: risco maior de reações 
fatais 
Hipotensão que se agrava na evolução da reação: baixa 
resposta à adrenalina 
10% dos casos não podem ser revertidos 
Reação Bifásica: 
 
 
Orientações 
Anti histamínico: por 7 – 14 dias – preferencialmente de 
segunda geração 
Corticoide: de 5 – 7 dias 
Uso de adrenalina auto injetora 
Quanto ao manejo de novas reações 
o Encaminhamento para alergista para o diagnostico 
etiológico correto 
o Placa de identificação de condição 
o Educação quanto ao meio 
o Incentivar a leitura de rótulos

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