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FICHAMENTO_COLEÇÃO_POVOS_INDIGENAS_NO_BRASIL

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FICHAMENTO DA COLEÇÃO POVOS INDIGENAS NO BRASIL 
 
Por ser um material organizado em pdf, utilizamos como termos de busca algumas palavras chaves, os mesmos utilizados na plataforma da capes. 
(Pareci/Paresi/Haliti/Xikunahity/cabeçobol). 
CED -Centro Ecumênico de Documentação e Informação Rua Cosme Velho 98 fundos 22241 Rio de Janeiro 
Av. Higienópolis 983 01238 São Paulo 
As edições especiais da revista trazem um resumo das principais notícias que circularam a imprensa nacional sobre a temática dos povos indígenas. 
Aqui está sendo analisado através de palavras/conceitos chaves. Histórias e notícias que possam ter envolvido o povo PARESI-HALITI 
 
POVOS INDÍGENAS NO BRASIL 1980 
 
O surgimento de uma consciência indígena e formas ainda embrionárias de organização a nível nacional devem ser enfatizadas. Esta consciência é 
atestada pela criação, em 1980, de entidades integradas por índios que não mais falam em nome da tribo ou de seu grupo local: falam dos direitos 
históricos das populações indígenas como um todo e exigem que parem de tratá-los como “massa de manobra”, como crianças ou como débeis 
mentais. Querem ser tratados como membros de nações soberanas. Também surgiu, a partir de 1979, uma solidariedade aos povos indígenas por parte 
de organizações de apoio civis que se dedicavam às denúncias das irregularidades do órgão tutor — a FUNAI — em relação a seus tutelados. Se por um 
lado surgiu e tomou corpo a consciência indígena à nível nacional e as organizações de apoio brancas passaram a uma atuação solidária com os 
destinos do índio, por outro lado, organizaram-se e articularam-se os interesses anti-índios. Os povos indígenas que vivem em território brasileiro eram 
5 milhões na época do descobrimento. Hoje são aproximadamente 227 mil pessoas. Perfazem cerca de 150povos falando mais de 100 línguas 
diferentes. Esta variedade não é totalmente coberta pelo ACONTECEU ESPECIAL. Ao contrário do que muita gente pensa, e deseja, os índios não vão 
desaparecer. O exemplo histórico de alguns povos indígenas no Brasil (Xavante, Guarani, Terena, entre outros) indica que, passado o impacto inicial do 
contato, os grupos desenvolvem mecanismos de anti-defesa ativa que viabilizam Sua convivência com a sociedade nacional. E mais: a população desses 
grupos está aumentando. Não vão desaparecer e não vão deixar de ser índios. 
POVOS INDIGENAS NO BRASIL 1981 Nesta edição pela primeira vez aparece os Pareci 
 
Fazendeiro quer expulsar índios da região de Parecis O chefe da nação Pareci, que habita a Chapada dos Precisem Mato Grosso, esteve em Brasília para 
denunciar as ameaças de despejo que estão sendo feitas pelo fazendeiro José Eustáquio de Almeida Melo contra os índios. João Arrezomaré, o cacique, 
entregou ao residente da FUNAI uma carta do índio Daniel Mantenho Cabixi onde este afirma que “vemos que as circunstâncias caminham para o lado 
que a gente nunca esperava chegar. E, para o bem da verdade, apelamos para uma tomada de posição da FUNAI. Caso a questão da reserva Pareci e a 
regularização da situação dos índios que moram fora da reserva não for definida, prevemos consequências graves”. Os Pareci reivindicam uma área nas 
proximidades da BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) e o cacique Arrezomaré levou dois problemas ao presidente da FUNAI “regularização da situação dos 
índios que moram fora da reserva e solução imediata para o impasse da Aldeia Queimada, onde o clima está muito tenso”. (ESP — 18/1/81). 
 
FUNAI nega protesto Pareci A FUNAI distribuiu ontem uma nota informando que o encontro entre o superintendente do órgão e os oito índios 
representando a comunidade Pareci transcorreu “num clima de cordialidade e respeito mútuo”. A nota, entretanto, omite-o fato de os índios terem 
levado suas bordunas e se sentado no chão, protestando porque, durante mais de quatro dias, não conseguiam conversar com os diretores do órgão 
tutor. (FSP – 18/9/81) 
FUNAI ocupada por Pareci Um grupo de oito índios Pareci, entre eles o líder Daniel Mantenho Cabixi, ocupou ontem, pacificamente, o gabinete do 
superintendente da Fundação Nacional do Índio, Otávio Lima. Os índios estão em Brasília para resolver o problema da demarcação da reserva Pareci 
dos municípios de Tangará da Serra e Diamantino, em Mato Grosso. Sentados no chão, sem qualquer atitude de agressividade, eles tentaram dialogar 
com o superintendente, que no momento responde pela presidência da FUNAI. Além da manifestação pacífica, os Pareci encaminharam uma carta ao 
ministro Mário Andreazza, pedindo ajuda. Diz a carta, assinada por oito índios, que essa iniciativa foi tomada “porque já estivemos aqui em Brasília 
para dialogar sobre nosso problema de demarcação das terras com a FUNAI mas sempre o que temos ouvido são os berros do coronel presidente da 
FUNAI em total desrespeito às lideranças Pareci, uma aldeia que nos manda dialogar como homens educados porém, como humanos, somos também 
sujeitos à impaciência”. Os Pareci estão há uma semana em Brasília. Durante todo esse tempo eles tentaram entrar em contato com dirigentes da 
FUNAI sem conseguirem uma audiência. Diante disso, a ocupação do gabinete do superintendente foi o último recurso encontrado pelos índios que há 
mais de cinco anos esperam uma definição para a demarcação da reserva. (FSP— 17/9/81) 
 
POVOS INDIGENAS NO BRASIL 1982 
 
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA POLONOROESTE 
 
Apesar das cláusulas contratuais, apenas o território Nambiquara foi parcialmente demarcado. Os recursos são poucos e os maiores gastos foram para 
construções e administração da Funai. Betty Mindlin. O Banco cláusulas Mundial exigiu contratuais, do governo e como brasileiro, contrapartida entre 
do financiamento de parte do Programa Polo Noroeste (e da pavimentação da Rodovia BR-364 Cuiabá-Porto Velho), medidas e gastos de recursos 
garantindo a sobre vivência das populações indígenas afetadas pelo desenvolvimento regional. O programa foi previsto para 1981-1985 e pode 
estender-se, caso a pavimentação da BR-364 não esteja terminada neste período. Desde outubro de 82, uma equipe de avaliação composta por oito 
antropólogos presta serviços à FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) e acompanha a situação das áreas indígenas afetadas pelo 
programa. Tendo visitado 80% das áreas, até fevereiro de 84, e elaborado vários relatórios de caráter indicativo (isto é, como pareceres técnicos), o 
balanço das medidas efetivas em favor dos povos indígenas da região é pouco favorável. Apenas as áreas Nambiquara, ainda assim parcialmente, 
foram demarcadas. De outubro de 1983 em diante, os fatos são cada vez mais graves, não tendo havido qualquer ação — para citar apenas exemplos 
—para sustar a hidroelétrica e retirar garimpo e garimpeiros do Aripuanã, para a saída dos invasores no Lourdes, para garantir o território Urueu-wau-
wau ou demarcar as terras de grupos de contato tão recente como Salumã e Zoró. Os Pakaa-Nova continuam em péssima situação de saúde, assolados 
pela malária e tuberculose; e sua vida tribal é mutilada pela presença de missionários das Novas Tribos. De pouco servirá o Programa Polo Noroeste se 
não atacar de imediato e com firmeza esses pontos fundamentais. (*) antropóloga, coordenadora da equipe de avaliação do Polo noroeste FRPE/USP, 
autora da tese de doutorado “Os Suruí da Rondônia”, defendida recentemente na PUC-SP. O problema mais urgente: as demarcações para a 
sobrevivência indígena, o fator mais importante é que o território esteja demarcado e efetivamente preservado com a maior rapidez. O grande feito, e 
talvez o único, do Programa Polo Noroeste até agora, neste campo, foi a demarcação do território Nambiquara, ainda não terminada. Tal fato é de 
extrema importância, considerando que as pressões contrárias aos índios, em Mato Grosso e Rondônia, são enormes. Parlamentares e membros do 
Governo do Estado de Mato Grosso, por exemplo, têm interesses em terras indígenas invadidas. (E o caso dos Bakairi, ou, segundo informações da 
FUNAI e do INCRA, de uma companhia demineração que invadiu a área interditada para os Cinta-Larga no Parque Indígena do Aripuanã.). Mais que 
isso, a situação econômica de Mato Grosso e Rondônia é de desenvolvimento empresarial, com forte imigração, com muitos projetos de colonização. 
Estava planejado, por exemplo, um projeto de colonização, ora suspenso, de 5.000 famílias, no Vale Guaporé, muito perto da área Nambiquara do Vale 
do Guaporé. Outros exemplos são 3 projetos de colonização a serem implantados nos próximos 2 ou 3 anos, previstos para um total de 5 famílias de 
colonos entre a área dos Uru-eu-wau-wau e a do P.I. Rio Branco, na região também conhecida como Vale do Guaporé, em Rondônia. A demarcação do 
território Nambiquara, assim, representa uma grande vitória, muito embora a definição legal atual represente um corte grande na área tradicional. Não 
se deve esquecer, no entanto, que a portaria que garante o território Nambiquara ainda não foi transformada em lei, e que as fazendas invasoras ainda 
não foram efetivamente retiradas e indenizadas, podendo voltar a exercer alguma pressão contrária aos índios. 167_/\ X Acervo 15 Indígenas NO 
BRASIL/CED]. No dia 23 de fevereiro de 84, os fazendeiros Antonio, Luiz e Missako Morimoto impetraram mandado de segurança contra o presidente 
da República, os ministros do Interior e MEAF, para evitar que suas terras sejam confiscadas como áreas indígenas. Eles pedem que a segurança seja 
concedida para que os Ministros Andreazza e D. Venturini não aprovem a proposta da FUNAI e o Presidente não homologue a demarcação, que 
consideram ilegal. Além da demarcação Nambiquara, praticamente nenhuma outra área foi demarcada. Apenas foram demarcados o P.I. Rio Branco e 
um trecho da área Pareci, mas deixando de fora a área do Utiariti, de grande importância para os índios. As outras áreas que restam por demarcar são 
as Seguintes) demarcação do território Uru-eu-wau-wau, com as desapropriações necessárias, pois há pessoas com títulos definitivos na área; 
 2) demarcação do território Karipuna; 
3) demarcação do território Zoró; 
4) demarcação da área interditada Cinta-Larga; 
 5) demarcação da área Irantxe e nova definição dos limites da área; 6) demarcação da área Salumã, 
 7) demarcação da área Pareci, delimitação e demarcação das áreas do Formoso, Estivadinho e Capitão Marcos e inclusão do território Pareci da área 
ao norte do Paralelo 14; 
8) demarcação do território Kaxarari; 
 9) redefinição da área Bakairi, para incluir uma faixa de terras reivindicadas pelos índios, tanto do P.I. Bakairi como no P. H. Santana; 
10) definição e demarcação de terras para os índios Mequém; 
II) reconstituição do grupo Urubu, com definição de território para a tribo; 
12) terminar a demarcação Nambiquara. Invasões Há invasões em áreas demarcadas ou não. No Lourdes, área demarcada em 1976 para os Gavião e 
Arara (Karo), calcula-se que 350 famílias de colonos se instalaram no último ano, sem que houvesse qualquer medida de fiscalização, arrolamento ou 
retirada dos invasores por parte da FUNAI. A situação está se tornando tão grave quanto a dos *Suruí até 1981, quando 80 famílias de colonos 
invasores foram transferidas para outras terras. No Roosevelt, área já demarcada dos Cinta-Larga, há invasão por garimpeiros. A área interditada Cinta-
Larga está invadida por uma companhia de mineração, que emprega 150 garimpeiros, havendo ameaça de ataque pelos índios. Na área demarcada de 
Serra Morena, dos Cinta-Larga, o governo do Estado de Mato Grosso está construindo uma hidroelétrica, sem que se saiba de qualquer estudo sobre as 
consequências ecológicas e o impacto sobre as comunidades. A área dos Uru-eu-wau-wau parece estar sendo invadida em vários pontos, sem que a 
FUNAI tenha recursos para fiscalizar e obter informações precisas. Há colonos invasores no P.F. Pakaa-Nova, há fazendas invasoras no P.I. Santana e 
uma área que deve ser restituída aos índios no P.F. Bakairi. Fiscalização de limites Além de medidas firmes e recursos para retirar os invasores, é 
preciso fiscalizar permanentemente as terras indígenas e reavivar os limites das áreas já demarcadas. A fiscalização por meio de fotografias de satélites 
já seria possível, mas ainda não foi usada pela FUNAI. Os recursos para voos ou expedições de controle são praticamente inexistentes. A defesa do 
território exige ainda que todas as portarias de demarcação sejam transformadas em lei (Nambiquara, Áaritiana, P.I. Rio Branco em especial) e que 
para todas as áreas já demarcadas seja feito o registro no Serviço de Patrimônio da União. Recursos e gastos os recursos inicialmente previstos para o 
período 1981 - 65 eram de 26,6 milhões de dólares, em parte da FUNA} (60%) em parte do Polo Noroeste (40%). Segundo a FUNAI, até 1983/84, 
somente cerca de 4 bilhões de cruzeiros haviam sido gastos ao todo (Cr$ 287, 100.000 em 1982; Cr$ 334.587.000,00 em 1982/83 e 
Cr$2.835.180.000,00 em 1983/84). Apesar do problema da conversão de cruzeiros em dólares, percebe-se que se trata de muito pouco em relação aos 
5 milhões de dólares que deveriam ser gastos anualmente. Seria perfeitamente viável, portanto, demarcar o território. O custo global de demarcação 
havia sido estimado em 1980 em 3,2 milhões de dólares (para quase 4 mil km de perímetro e área de 2,5 milhões de ha). Mesmo que o custo esteja 
subestimado, e na verdade seja o dobro, haveria recursos para defender o território — e não se compreende por que nada foi feito. Se deixamos de 
lado o problema de terras, podemos dizer que os recursos do Programa Polo Noroeste, mesmo muito inferiores aos previstos, tiveram um papel 
importante e em algumas áreas foram cruciais para compensar certos cortes no orçamento da FUNAI. Obras como enfermarias, escolas, casas — sedes 
foram construídas; compraram-se viaturas, houve despesas com abastecimento de água em alguns Postos e melhoria de estradas, todas medidas 
importantes para boas com dições de saúde. O número de pessoas contratadas pelo Polo Noroeste atingia 132 em 1983, compreendendo, por 
exemplo, 29 atendentes de enfermagem, 15 auxiliares de enfermagem, 2 enfermeiros, II chefes de Postos, 24 auxiliares de ensino, além de cargos 
administrativos, 2 engenheiros agrônomos, um médico etc. Houve uma concentração bastante grande de gastos com pessoal e obras nas áreas do 
Parque Indígena do Aripuanã e Nambiquara, mas ocasionalmente outras áreas foram beneficiadas. Os gastos foram orientados, em linhas gerais, para 
construções e administração (apoio às sedes e ajudâncias, aumento de pessoal), em detrimento de Serviços mais difíceis de medir e de imaginar, como 
programas especiais de vacinação de populações arredias, de imunização, de combate à malária e à tuberculose, ou de treinamento de pessoal de 
enfermagem, melhorando a qualidade dos Serviços prestados. Apesar desse viés, é preciso reconhecer que todos os gastos foram importantes. A crítica 
que se poderia fazer é a da insuficiência de recursos, em especial quanto a terras e ao fato de muitas áreas terem sido negligenciadas. Os Arara (Karo), 
por exemplo, ainda não têm um Posto, apesar das graves invasões em suas terras; os Kaxarari têm Posto, teórica mente um, mas não contam com 
qualquer assistência por parte da FUNAI, além de terem um território apenas delimitado; na mesma situação estão os Irantxe, que contam apenas com 
alguma assistência por parte de missionários; da MIA os Pareci reivindicam a criação de um P.I. Torre; há necessidade de criação de um núcleo de apoio 
para os Pareci em Tangará da Serra; os Postos subordinados à ajudâncias de Guajará-Mirim (grupos Pakaa Nova e outros) têm recebido pouquíssimos 
recursos, apesar é uma situação de saúde muito grave (malária e tuberculose, por exemplo); os Karipuna, cujo contacto, em 1976, representou um 
verdadeiro genocídio do grupo, pois de 40 pessoas sobreviveram apenas 8, vivem uma situação de isolamento que torna muito precária a assistência; 
nos Urueu-wau-wau, último grupo arredio da Rondônia, há falta de Postos e de pessoal qualificado parao trabalho de aproximação com os índios, para 
o aprendizado da língua e para a vacinação e serviços médicos imprescindíveis a seu sobre vivência, isso sem falar na falta de recursos para controle 
das fronteiras da área. A situação de saúde vai mal na área de saúde, as deficiências são muito grandes, e as cifras de mortalidade ainda assustadoras. 
Foi importante a construção de enfermarias, a abertura de estradas e a aquisição de viaturas e rádios, e a contratação de pessoal, mas não foi extensiva 
a todas as áreas. A qualidade e o processo de Seleção de pessoal, ainda são muito insuficientes, seria necessária, por exemplo, a instalação de um 
serviço especial de combate à malária, como também recursos especiais para combate à tuberculose. Falta um suprimento adequado de combustível 
para as geladeiras necessárias à conservação de vacinas e medicamentos em todos os postos. É urgente uma vacinação rigorosa, com registro e 
controle através de fichas, dos grupos recém-contatados, com o os Cinta-Larga. Essas são apenas algumas das necessidades Preferentes. Projetos 
econômicos O programa compreendeu gastos em projetos econômicos nas áreas indígenas, embora não tenham sido muito grandes. Alguns desses 
projetos, mesmo com poucos recursos, desorganizam de fato a vida tribal, e deveriam ser imediatamente interrompidos. E o caso, por exemplo, dos 
Zoró, contactados em 1977, e que hoje estão trabalhando em regime de tempo integral na roça do Posto. Por outro lado, recursos para projetos com 
gestão dos próprios índios são recomendáveis, em particular os que reforçam a alimentação. São em especial necessários para os Karitiana, Kaxarari, 
Pareci, Bakairi, Gavião. Apoio para a exploração de seringa e borracha, de acordo com as características de cada grupo, estão entre as mais importantes 
reivindicações. É o caso dos Suruí, Cinta Larga, Kaxarari, Pakaa-Nova, Nambiquara do cerrado, Arara (Karo), Gavião, Irantxe, Bakairi do P.I. Santana. 
Apesar de já haver dois engenheiros agrônomos, um apoio técnico maior é necessário aos projetos agrícolas indígenas (café no Gavião, arroz nos 
Bakairi, outras culturas nos Karitiana, Arara (Karo), etc.). O café nos Suruí do Sete de Setembro tem recebido um apoio grande da FUNAI, e ao mesmo 
tempo a autonomia da comunidade indígena é atualmente muito respeitada. 
 
Educação e Cultura 
 
O programa da educação limitou-se, até agora, à construção de escolas em grande parte dos Postos e nomeação de auxiliares de ensino sem qualquer 
orientação ou preparo especial para a tarefa. Nenhum deles fala a língua indígena ou se propõe a aprendê-la. Não há nenhum plano de educação. Não 
se deveria iniciar um programa de educação sem definir métodos e um conteúdo centrado na vida indígena, preparando os índios para desvendar a 
sociedade envolvente. Tal definição exige um conhecimento de cada grupo indígena e o aprendizado da sua língua, metas que não fazem parte da 
programação da FUNAI. Um grande problema para a preservação da vida cultural indígena na área do Polo Noroeste é a presença de missionários das 
Novas Tribos do Brasil entre os Pakaa-Nova. Sua retirada é medida fundamental para estimular o auto respeito e reafirmar os valores e organização 
tradicional indígena. Nesse campo, foi positiva a retirada de missionários da área Nambiquara do Sararé, em 1982, e a dos missionários das Movas 
Tribos da área do Lourdes, em 1981, que haviam convertido índios Zoró recém-contatados e proibido rituais aos Gavião. Nesse grupo houve, após a 
saída dos missionários, um renascimento das tradições tribais, em especial as de pajelança. 
 
Conclusões 
 
O Programa Polo Noroeste é uma ocasião única para a defesa das populações tribais da região, já que há um acompanhamento da situação pelo Banco 
Mundial e a opinião pública mundial pode, de certa forma, voltar-se para o assunto. Este tipo de pressão foi importante para a demarcação do 
território Nambiquara e um esforço grande deve ser feito para que o mesmo ocorra com grupos ameaçados de perder suas terras em virtude de 
invasões, da imigração crescente e da expansão empresarial na Rondônia e Mato Grosso. O desemprego no Brasil, nos últimos dois anos, e provável 
nos próximos, tenderá a refletir-se no Centro-Oeste, e o cerco em que vivem os índios só poderá agravar-se. POVOS INDÍGENAS NO BRASIL/CEDI 
O ano de 1984 é assim crucial para demarcar e defender as terras de grupos arredios como os Uru-eu-wau-wau, ou de contato tão recente como os 
Zoró (1977), Karipuna (1976), Salumã (praticamente sem contato ainda), ou Cinta-Larga, para resolver o problema Pareci e o Kaxarari, o Irantxe, para 
retirar os invasores do Lourdes e dos Pakaa-Nova, para garantir terras aos grupos em vias de desaparecimento como Mequém e Urubu e para manter 
as conquistas já feitas (Suruí, Cinta-Larga, Karitiana, Pakaa-Nova, Nambiquara) e para incluir nessa lista grupos próximos mas não definidos até agora 
como da área de influência da BR-364. Os gastos em saúde, economia, administração, transportes etc., foram importantes, mas ainda insuficientes e 
diminutos com relação aos previstos. Deveriam ser estendidos a todas as áreas, de acordo com as necessidades de cada grupo já indicados ao governo 
através dos relatórios de avaliação. De todo o modo, nada significarão se o problema de terras, fundamental e indispensável, não for imediatamente 
solucionado. Recursos para tal, certamente existem. 
POVOS INDIGENAS NO BRASIL 1984 
 
 
KAYABI E APIAKÁ 
Denúncia de invasores ainda continua grande preocupação entre Kayabi e Apiaká, os invasores nas reservas indígenas, principalmente nos alto Kayabi. 
Continua insistindo o sr. Américo, ex-administrador da fazenda Cachoeira, diz ele, o sr. Américo, que entre abaixo do Salto Kayabi até córrego Jaú 
pertence a ele. Antes da década de 50 os Kayabi já ocupavam esta terra, legalmente terra Kayabi, no rio dos Peixes. De 1955, o governo do estado de 
Mato Grosso e a FUNAI, foram vendendo toda terra dos Kayabi, com título negativo. No entanto, hoje os Kayabi lutam pela ampliação da terra, que a 
colonização Pinto Dias tomou dizendo ele que esta terra era dele. De1975 foi demarcada a Reserva Kayabi, de maio de 1975. A demarcação terminou 
dia 8 de dezembro do mesmo ano. Terminando a demarcação os Kayabi não ficaram satisfeito, vendo uma faixa grande então começou o processo de 
ampliação. Depois de 2 anos, em julho de1978, começou o processo de ampliação então os Kayabi insiste nesta ampliação, muita carta para Brasília 
para presidente da Funai que nem se interessou, os Kayabi vai a Cuiabá tratar do assunto com o delegado da Funai, no qual só prometia, como vinha a 
promessa do Presidente da Funai de Brasília. Passa 1982 e entra 1983, ano que deu muita preocupação do povo Kayabi. Então aí os Kayabi se preparam 
para luta de espírito de guerra. Em setembro a Cemat contrata uma firma Gutierres Andrade para abrir a BR, e a construção da Usina Hidrelétrica no 
Salto Kayabi. No momento que os Kayabi esperam esta firma chegar com a estrada perto do Salto. Em mês de novembro dia 15, 15 Kayabi para o Salto 
ver o serviço da Gutierres Andrade; os Kayabi chegaram armado de borduna, arco e flecha, e cerca dos trabalhadores manda para todas as máquinas, e 
300 operários da firma. Os homens todos com medo dos Kayabi, no mesmo instante o responsável mandou recolher todas as máquinas e levar para 
Juara, MT. Os Kayabi pediram para não continuar com o serviço, enquanto não resolver da ampliação da reserva. Na mesma semana seguiu o 
engenheiro Idamar para Cuiabá para tomar providência na Funai e a Cemat. O serviço ficou parado um mês e 18 dias. (...)Em janeiro deste ano, de 
1984, dia 14voltam os pessoais da Cemat engenheiro da Gutierre dessa vez sem coronel da Funai, nem funcionário trazendo o documento da 
ampliação da reserva. Enquanto isso em Cuiabá no palácio do governo esteve reunindo presidente da República, assunto fundiário (NR: Ministro 
Extraordinário para Assuntos Fundiários), o ministro do Interior, Presidente do Incra, governadorJúlio Campos, presidente da Cemat, tomando atitude. 
No documento da ampliação formaram uma reserva florestal, criar uma reserva florestal a coisa é injusta no meu ponto de vista. Porque mais tarde 
como vai acontecer para as duas comunidades. No entanto os Kayabi vão esperar terminar todo levantamento da picada para conversar com 
presidente IBDF. 
 
Agora a comunidade está esperando quantos alqueires tomamos das fazendas. Só tenho a dizer por que é que o governo vendeu o território dos 
Kayabi? 
Sabia que esta terra tinha dono. O dono da terra era legitimamente dos Kayabi. Depois tem um senhor chamado Américo, que Kayabi ele de tratou 
Tatu. Então este senhor, foi administrador fazenda Cachoeira, o proprietário era Pinto Dias, residência, no estado do Paraná. O Pinto Dias vendeu este 
lote ao pé do alto Kayabi. Pinto Dias e Américo afirma que esta terra não é dos Kayabi, afirma ainda que os Kayabi não andavam naquela época. Por 
isso os Kayabi estão revoltados contra ele, quer pegar o Américo, e cortar a cabeça para fazer a dança Kayabi, no caso se ele continuar insistindo na 
questão. Nada, mas, espero publique informação, através do assinante do Porantim. (Antônio Carlos Faim, Kayabi, Tatuí, Juara-MT). (Carta publicada no 
Porantim, nov./84). 
Júlio Campos nega mais área aos índios. O governo de Mato Grosso já deu um basta à pretensão da Funai de ampliaras áreas de reservas indígenas no 
Estado, tendo definido com o ministro extraordinário para Assuntos Fundiários que não se processarão novas alterações” —afirmou em Londrina, o 
governador Júlio Campos. As ampliações visariam à compensação de futuras ocupações para mineração, porém, o governador se eximiu de comentar 
alegando tratar-se de projeto do Governo Federal, e limitou-se a responder sobre possíveis problemas que teria o Estado com as frentes de 
colonização. Segundo afirmou, as reservas se constituem de 13 milhões de hectares para6.500 índios, significando que cada índio é um fazendeiro de 
2.500 hectares, e que a reserva Nambiquara, de 100 índios, foi acrescida de 360 mil hectares, tendo sido prejudicado o fazendeiro Oscar Martinez, do 
Paraná, que estava produzindo regularmente. “Nós não aceitamos mais nenhuma ampliação” — asseverou Campos, ressalvando que tem uma visão 
ecológica e é a favor da permanência dos atuais limites, a seu ver, suficiente para as tribos. O governador Júlio Campos chegou ontem à Londrina para 
uma palestra sobrea potencialidade de Mato Grosso, tendo por finalidade atrair capitais e mais agricultores do Norte do Paraná àquele Estado. Ele 
observou que Mato Grosso é um estado-nação de 800 mil quilômetros quadrados, dos quais 96% encontram-se virgens; a população é de 1,6 milhão de 
pessoas, quando comporta até 50 milhões. (Diário do Grande ABC, 02/10/84). 
 
NAMBIQUARA 
 
Mandado contra a FUNAIO ex-Deputado Federal Antônio Morimoto impetrou mandado de segurança preventivo no Supremo Tribunal, para impedir 
que a Funai venha a registrar como terras indígenas as três fazendas de sua propriedade na Comarca de Cáceres, no Mato Grosso. Morimoto diz que a 
Funai, mesmo sem obter amparo judicial para a medida, decidiu demarcar administrativamente uma vasta região do Vale do Guaporé, incluindo as 
Fazendas São Luís, Partido e Cabixi, de propriedade de sua família, para ali alojar índios do Grupo Mamainde e Nhambikwara, pretexto de que aquelas 
terras pertenceram a silvícolas no passado. Na impetração, o advogado Antônio Conceição faz o histórico da cadeia do mineral das terras. Nega que 
elas hajam sido povoadas por índios e lembra que a invocação do artigo 198 da Constituição de 69, com base para o confisco de terras que já foram de 
índios, foi criticada pelo Ministro Cordeiro Guerra, para quem esse dispositivo exige aplicação cautelosa. “Ele é igual ao preceito primeiro do Decreto 
Bolchevique, que abolia a propriedade privada e revogada as disposições em contrário”, disse então o atual presidente do Supremo, no julgamento 
lembrado no pedido de segurança. (Fluminense, 25/2/84). 
 
Homologação da área Pirineus de Souza O presidente Figueiredo assinou o decreto nº 89.579 de 24.04.84 homologando a demarcação administrativa 
promovida pela FUNAI da área indígena Pirineus de Souza, no Município de Vila Bela de Santíssima Trindade (MT). (Diário Oficial, 25/04/84). STF 
garante por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal, os índios Nambiquara recuperaram ontem parte de suas terras no Vale do Guaporé, Norte 
de Mato Grosso. As terras estavam sendo disputadas pelo fazendeiro Antônio Morimoto, que, em 1972, juntamente com outros empresários paulistas, 
entre eles o proprietário da Cofap Amortecedores, Abraham Kasinski, recebeu certidão negativa da Funai afirmando que não havia índios na área. Na 
defesa apresentada ontem no Supremo Tribunal Federal, a Funai afirma que “é indubitável serem as áreas, em apreço, “habitat permanente dos índios 
Nambiquara, tal fato constatado após longos estudos históricos e antropológicos. As terras não foram desocupadas nem declaradas abandonadas”. 
(Folha da Tarde, 31/05/84). 
 
Peemedebista acusado de exploração A visita do presidente da FUNAI, Jurandy Marcos da Fonseca, ao Vale do Guaporé, foi uma surpresa para os 
Nambiquara que ali vivem. Pela primeira vez, eles estavam conhecendo o dirigente do órgão que tem como obrigação prestar assistência às 
comunidades indígenas, buscando integrá-las à sociedade. No entanto, na Aldeia do Capitão Pedro, onde vivem os índios Mamainde, a surpresa maior 
foi da comitiva de Jurandy Fonseca. Os índios não esperavam que fosse o presidente da Funai e armaram-se para atacar quem descesse do avião. 
Quando o avião pousou, os índios apontavam suas armas na direção do “inimigo”. Desfeito o equívoco, o índio Lúcio explicou que por muito tempo 
eles foram atormentados pelo ex-deputado federal Antônio Morimoto (PMDB SP), que se apossou das terras dos Mamaindê no início da década de 70, 
devastando toda a área para criar gado. Como tática para intimidar os índios, segundo a denúncia de Lúcio, Morimoto se utilizava de aviões e por mais 
de dois anos impediu a construção de uma enfermaria na Aldeia do Capitão Pedro. Atualmente a pista de pouso é constantemente, ocupada por 
troncos de madeira, para evitar o ingresso dos “homens” do “japonês”. 
O índio Lúcio informou ao presidente da Funai que o gado, de propriedade do ex-deputado, continua na área indígena, o que vem pondo em risco as 
lavouras por eles feitas. (Correio Braziliense,29/07/84). Acervo | S.A INDIGENAS NO BRASIL/CEDI. 
 
FUNAI cancela duas certidões 
 
O presidente da Funai, Nélson Marabuto, assinou ontem portaria que anula duas certidões concedidas em 1968 pelo então presidente, José de Queiroz 
Campos, aos proprietários da Fazenda do Sapé, Agropecuária S.A. e da Fazenda Alto Guaporé S.A., em Mato Grosso. Marabuto afirma na portaria que 
as duas certidões violam o artigo 198 da Constituição, que trata de territórios indígenas, garantindo sua inalienabilidade. Na região ocupada pela 
Fazenda Sapé, as terras incidem nos limites de áreas indígenas do Vale do Guaporé, Sararé e Capitão Marcos. No caso da Fazenda Alto Guaporé, as 
terras estão na área habitada pelos índios Mamaindê. Na época em que as certidões foram concedidas, a Sudam as exigia para liberar financiamentos 
na Amazônia, e foram aprovadas outras para agropecuárias que ocupavam o Vale do Guaporé, onde viviam vários subgrupos de índios Nambiquara. A 
anulação dessas certidões é uma antiga reivindicação de índios e indigenistas. O antropólogo norte-americano David Price — que estudou a situação 
dos Nambiquara — chegou a afirmar que a permissão dada pela Funai para a instalação de agropecuárias na região era “uma vergonha nacional”. (ESP, 
07/11/84). Estrada de fazendeiros cortará a reserva Utiariti Presidente do órgão na ocasião, e cerca de duas dezenas de fazendeiros. O acordo assinala 
o remate de negociações iniciadas entre a FUNAI, fazendeiros e líderes indígenas, notadamente representantes do Bacaval e Seringal e de outrascomunidades ao sul do Paralelo (Kotitico, Justa Conta, Rio Verde). O principal líder Pareci, porta-voz das comunidades, de longa data, assinou 
juntamente com os demais um documento inicial, uma carta de intenção. Muitas famílias destas aldeias, principalmente as do Bacaval e Seringal, são 
tradicionais exploradoras de seringa e há muitos anos mantêm situação distinta das outras aldeias, tanto do ponto de vista econômico como cultural, 
acostumadas que estão ao regime de mercado, à produção mercantil, dominando as regras básicas do negócio da borracha, operando compra e venda 
a dinheiro e com larga experiência nas relações com os “brancos”. Há quatro anos, as comunidades Parecido Bacaval, Seringal, Salto da Mulher(1982), 
Justa Conta, Kotitico, Rio Verde, têm resistido às ofertas para permitir a construção de uma rodovia de 40 km e três pontes, ligando a margem 
esquerdado Papagaio (atravessando o Sacre na altura do P.I. Pareci), e, seguindo em linha reta, cruzar o Rio Verde para entroncar na rodovia 
MT170(uma estrada que parte da BR, ao sul, e se dirige sempre a norte rumo a Fontanilha). A estrada vai representar uma extraordinária redução de 
custos de transporte no escoamento da produção e internação de insumos e bens para as fazendas. Finalmente em julho deste ano, produtores rurais 
do Alto Juruena e do Papagaio — entre eles fazendeiros que ocupam vasta área na Reserva Pareci abaixo do paralelo 14º — firmaram acordo onde são 
parte a FUNAI, autorizada pelo A relativa opulência dos índios do Bacaval acabaram, depois de anos, por influir nos planos e decisões de líderes e 
comunidades que se situam no raio de sua influência. A aldeia Seringal foi formada com famílias que habitavam aldeias ao sul do Paralelo, próximas ao 
Rio Verde, e que exploram há oito anos seringueiras nativas. O argumento das lideranças é que não era possível esperar mais. A ponte sobreo Sacre, 
aproxima o Bacaval ao Salto da Mulher, ao Seringal, e às aldeias próximas à BR, a sudeste. Esta ponte e a abertura da estrada cruzando o Kotitico é uma 
velha reivindicação do Bacaval e do Seringal e interessa muito à FUNAI, que, acertadamente, fundou o P.I. Pareci num ponto estratégico, epicentro que 
controla a área, distribui serviços e atrai recursos para a reserva Utiariti.Com a adesão das lideranças das aldeias que têm muito a ganhar (pelo menos 
imediatamente) com o acordo, bastou um impulso da FUNAI para que o compromisso se concretizasse. De outra parte, os fazendeiros aceitaram os 
termos exigidos. No caso de não cumprimento, de inadimplência de qualquer cláusula do acordo, falam as lideranças — a estrada será bloqueada, e 
isto acontecerá também se os acordos e mostrar lesivo por outras formas aos interesses da comunidade. Outro argumento: a pressão e o cerco sobre 
as áreas Pareci é grande e tende a aumentar. 
Além disso, alegam os líderes, o Pareci está muito atrasado e parado. A decisão está tomada. Há riscos, eles dizem, mas têm consciência deles. A 
compensação para conceder o direito de passagem aos fazendeiros está consubstanciado no acordo assinado em julho de 1984 entre a FUNAI e os 
produtores rurais e consiste no seguinte: a) construir a estrada e as três pontes de acordo com o traçado e pontos de travessia desejados pelos índios; 
manter a rodovia e conservá-la sem qualquer ônus para as comunidades; c) respeitar e fazer respeitar costumes e tradições dos índios; respeitar os 
limites definidos em lei como terra indígena; e) liberar os seringais nativos à exploração dos seringueiros índios nas fazendas situadas à margem 
esquerda do Papagaio, em comodato, pelo período de oito anos; f) abrir estradas vicinais e acessos, ligando o Bacaval ao Salto e deste ao Kotitico; g) 
construir duas pistas de pouso para aviões de pequeno porte: uma delas no Salto da Mulher e outra no Bacaval; h) formar 52 hectares de lavouras, 
pomares e pastagens artificiais em locais a serem determinados pelas comunidades (arroz, milho, feijão, mandioca, cana, abacaxi, cítricos, etc.);i) 
fornece durante oito anos 10 mil litros de combustível, 80 litros de óleo lubrificante e 20 litros de graxa, por 
ano; j) fornecer 600 sacos de arroz durante os serviços de construção e formação de lavouras e pomares; k) prestar assistência técnica à agricultura; 
1) promover e gestionar junto ao Governo de Mato Grosso no sentido de que seja fornecido todo o equipamento e materiais médico-hospitalares para 
a instalação de uma Clínica nas instalações da Embratel, hoje patrimônio da FUNAI, de acordo com lista fornecida pelo órgão indigenista; m) obrigam-se 
e a seus empregados e prepostos a não caçar, pescar, coletar frutos ou retirar materiais e madeira em qualquer área indígena. b) d) O acordo configura 
um fato novo, de extrema importância para o futuro das comunidades. Esta decisão vai provocar uma reviravolta nas relações entre índios, fazendeiros 
e agropecuárias, ao mesmo tempo que sugere relações similares para outras áreas, objeto de tensões e impasses ainda não resolvidos: os casos das 
ominosas invasões e ocupação de grande área ao sul do paralelo 14º, a noroeste da Reserva Pareci; o problema da Sudamata, no Formoso; as 
titulações240OESTE DO MATO GROSSO 11ilegais que pesam sobre a Reserva de Figueiras (Cap. Generoso); a tomada da área da Reserva Estivadinho 
(Cap. Brito) pela Fazenda Colorado, de Valdir Berta; e os casos dos enclaves JK, Vivi Juininha e Cap. Marcos, ao longo da BR, entre Juruena e 
Uirapuru.Com o afastamento do Serviço Geográfico do Exército nas tarefas de demarcação das áreas Pareci (o pretexto é o alto custo desses serviços) e 
a passagem desses trabalhos para o âmbito da 5° D.R., em Cuiabá, apenas confirmam que a estranha rapidez nas tomadas de decisão da Funai, 
estimulando acordos de cessão de terras em troca de recompensas materiais, vão gerar efeitos negativos que apenas podemos imaginar. (texto de 
Abel de Barros Lima, membro da Equipe de Avaliação do Polo Noroeste (FIPE/USP)). 
 
FUNAI levanta áreas indígenas FUNAI, atendendo à imposição do Banco Mundial, deu início ontem aos trabalhos de levantamento topográfico para 
definição precisa dos limites das terras dos índios Parecis e Irantxe, no Mato Grosso, nas áreas de Estivadinho, que conta com 1 mil e 970 hectares e 
abriga cerca de 20 índios. Irantxe, com42 mil hectares e 150índos, e Figueiras, com dez mil hectares e um número de 30silvícolas. Após a delimitação, o 
órgão tutelar encaminhará proposta ao Grupo de Trabalho Interministerial — criado através do Decreto 88.118/83, para definir questões fundiárias em 
que estejam envolvidos grupos indígenas — a parte final é a homologação da proposta pelo presidente da República. De acordo com a FUNAI, os 
trabalhos naquela região serão realizados através da administração direta, com topógrafo do próprio órgão, o que reduzirá os custos financeiros, que 
ainda não foram estimados. “Não há posseiro naquelas terras, nem qualquer grupo econômico instalado, o que facilita enormemente todo o processo 
demarcatório, inclusive abrevia a decisão do Grupão”, diz fonte da FUNAI, revelando, também, que naquele mesmo Estado, em Pareci do Formoso, 
onde vivem 60índios, a FUNAI já delimitou uma área de 19 mil e 700 hectares para eles, mas, até agora, em virtude de fortes pressões do grupo 
econômico Sudamata, proprietário da fábrica de calçados Samello, o Grupão não aprovou a demarcação. A Sudamata mantém em terras indígenas um 
grande projeto de plantação de soja e um outro pecuário, insistindo em não se retirar dele Essas demarcações solicitadas pela FUNAI, em Mato Grosso, 
fazem parte das37 áreas que estão sob a influência do Projeto Polo noroeste, que recebeu financiamento do Banco Mundial de 600milhões de dólares 
para a construção da BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho, e exigiu como contrapartida do Governo brasileiro a aplicação de US$ 26 milhões em área 
indígena. (Jornal de Brasília,14/11/84).Carta pede terra de volta Nós povo Rikbaktsa encaminha para o Conselho Indigenista Missionários cópia da carta 
que o povo Rikbaktsaentregou para presidente da Funai pedindo nossos direitos de conseguir de volta às terras últimas dos nossos antepassados que é 
Japuíra que fica na margem direita do rio Juruena em Mato Grosso, abaixo duas horas de barco de outra reserva nossa dos Rikbaktsa entre o rio do 
Sangue e Juruena, ficando Japuíra entre roído Sangue e Arinos. Já perdemos quase todas as nossas terras últimas. por último, o padre Edgar da Missão 
Anchieta, em 1972, sem nós entender por que fez isso, tirou a gente das nossas terras do Japuíra e levou a gente para cima onde mora o restante do 
nosso povo e sabemos que foi ruim agora nós entendemos mais e a terra aqui é pouca. O povo Rikbaktsa é mais de 700 pessoas nós vivemos agora 
numa terra pequena que daqui a 4 anos não vai ter mais mato nem terra para nossas roças porque o nosso povo é bastante gente, e terra é pouca e 
alaga boa parte na época da enchente. A Funai agora quer marcar a nossa terra como está agora, mas esta terra onde estamos agora é pequena e 
assim não aceitamos a Funai marcar enquanto não pegar Japuíra de volta. Vamos dar prazo curto para Funai marcar Japuíra de novo para o povo 
Rikbaktsa. E se a Funai não marcar vamos todos os homens pegar Japuíra de novo, a terra antiga do povo Rikbaktsa. Pedimos apoio do Conselho para 
que ajude o povo Rikbaktsa para ter Japuíra de volta. Assinado aqui os índios Rikbaktsa que entregaram a carta de todos os povos Rikbaktsa para 
presidente da Funai em Brasília. Aqui tem muito problema aqui dentro da ária, de Rikbaktsa e pediremos ajuda. Aqui é um lugar isolado, aqui, 
problema de ária é muito grande. O seguinte: quanto a fazenda ou ária é que estes fazendeiros sempre de olho na ária indígena. Nós não olhamos na 
fazenda, de tomar a fazenda. A gente sempre tem o respeito da fazenda. Estes homens só fazem derrubada só para estragar o mato. Aqui nós 
aproveitamos a terra, para plantação de comida. E quanto a estrada também nós não deixamos passar na reserva e as ilhas também não deixamos. E 
por que que o índio não tem direito de pescar ou acampar nas ilhas? E é negativo as pessoas entrarem nas reservas. E por que os índios não pode 
trabalhar na reserva para vender suas produções? E quanto a Japuíra que é terrados Canoeiro (ou Rikbaktsa) também estamos querendo marcar. Nada 
de fazendeiros porque tudo era dos Canoeiros. Este pessoal das fazendas não tem nada que é fazenda, tudo que tem o Japuíra, plantados que tem lá é 
dos Canoeiros. Começamos em 74 trabalhar nas seringas e nunca tivemos ajuda precisamos de uma ajuda da Funai. Aqui a seringa é pouco. Então por 
isso queremos a Japuíra de novo. (Porantim, dez./84). 
 
ENAUENE-NAUÊ (SALUMA) 
 
Índios atacam topógrafos. Dois mortos, dois feridos Duas pessoas morreram ontem após um ataque de índios no Norte de Mato Grosso, no município 
de Juína. A Funai recebeu informações de que quatro topógrafos que faziam a demarcação de uma fazenda entre o rio Juruena e o parque indígena de 
Aripuanã foram atacados por um grupo de índios desconhecidos, em plena selva. Segundo o sertanista Sidney Possuelo, os índios devem ser arredios — 
provavelmente dos grupos Cinta Larga, Zoró ou Suruí. Os dois sobreviventes estão gravemente feridos. A Funai não possui ainda os nomes dos mortos 
e feridos e nem as circunstâncias do ataque, pois a área é de difícil acesso e o avião do órgão não conseguiu pousar nas proximidades, impedido pelo 
nevoeiro. (O Globo, 7/9/84). 
A INDÍGENAS NO BRASIL/CED4. Identificados Os índios que mataram dois topógrafos e feriram dois picadeiros terça-feira passada no município de 
Juína, Norte de Mato Grosso, são da tribo Salumá. A informação é do coordenador da Opanem Mato Grosso, Ivar Busatto, que conseguiu entrar em 
contato por rádio com Vicente Canhas, da Missão Anchieta: Canhas vive com esses índios desde 1976. (O Globo, 10/09/84). 
POVOS INDIGENAS DO BRASIL 1985/86 
 
Mini usinas hidrelétricas 
 
Nos próximos dias começará a construção de duas mini usinas hidrelétricas na reserva indígena dos Pareci, em Mato Grosso, para suprir as 
necessidades de energia da área, atendimento às escolas, enfermarias e equipamentos de apoio às atividades dos grupos indígenas. O delegado da 
FUNAI em Cuiabá, Laércio Alcântara, adiantou que as mini usinas serão construídas no Salto da Mulher e no posto indígena Formoso, atendendo a 
cerca de 530 índios. Financiadas com recursos do Polo Noroeste, as usinas custarão cerca de Cr$ 180 milhões e empregarão mão-de-obra indígena. 
(Gazeta Mercantil, 1/10/85). 
POVOS INDIEGNAS DO BRASIL 1987/88/89 E 1990 
 
Laudos -antropológicos na defesa dos territórios indígenas Bruna Franchetto. O Ministério Público entra em cena na defesa das terras indígenas como 
patrimônio da União e recorre aos antropólogos. 
No início de 1983 vem à tona, através da imprensa, o fato da existência de várias ações movidas por proprietários de glebas localizadas dentro do 
perímetro do Parque do Xingu, compradas nos anos 50 e 60. No âmbito do Supremo Tribunal Federal, o desfecho do primeiro processo, relativo a uma 
gleba situada próxima ao rio Suiá Missu - tributário oriental do rio Xingu e território tradicional dos índios Suyá ~ marcou um precedente 
decididamente desfavorável aos direitos indígenas sobre a terra e com implicações para outros processos já em tramitação ou prestes a entrar no 
Supremo. A partir de 1986, graças a uma conjuntura política e institucional particular, o Ministério Público (Procuradoria Geral da República) passa a 
assumir um papel de primeiro plano na questão, inaugurando uma estratégia inédita de defesa jurídica dos “bens da União” que são as terras 
indígenas. Inaugurou se, com isso, a prática de solicitar e incluir laudos periciais de natureza antropológica, elaborados por antropólogos, como peça da 
defesa da União e como prova documentada da ocupação indígena das glebas sub judice. Nos processos, o confronto decisivo se deu entre os laudos 
periciais de autoria de engenheiros agrônomos apresentados pelos “proprietários” e os chamados * “laudos antropológicos ' ‘. A argumentação dos 
primeiros têm se fundamentado, essencialmente, nos seguintes pontos: (a) uma interpretação da noção de ocupação indígena, alicerce da noção de 
posse inalienável consagrada no texto constitucional, em termos de uma ocupação restrita à habitação visível (casas, roças), naturalizando e 
universalizando a propriedade privada como única forma concebível de relação entre grupos humanos e habitat, território efetivamente explorado 
materialmente e culturalmente; (b) a(*) linguista e antropóloga (MNIUFRJ). membro da Comissão de Assuntos Indígenas da ABA, foi responsável pelo 
taudo antropológico das terras do PIX apresentação de um conjunto de n “provas” da não ocupação indígena das terras em litígio, o que implicaria a 
legitimidade da indenização; tais provas se revelaram construídas sobre dados falseados e noções equivocadas dos “usos e costumes ”de sociedades 
indígenas. No primeiro processo, a defesa da União foi delegada à Procuradoria Jurídica da Funai. A argumentação desta, apresentada em laudo 
pericial, se revelou frágil, pouco convincente e ineficaz para influenciar a opinião dos membros do Supremo. 
 
A “Indústria da Indenização” 
 
Enfim, a decisão do STF veio coroar a conclusão do processo; fazendo sua a argumentação dos autores da ação, o STF condenou a União e a Funai ao 
pagamento de uma primeira vultuosa indenização. A vitória dos fazendeiros constituiu um esperado precedente para os autores de outras ações em 
tramitação e para os que intencionavam seguir o mesmo caminho. configurou-se, assim, uma verdadeira “indústria da indenização”, cujas condições 
estavam nas grandes operações de especulação fundiária possibilitadas pela política de colonização realizada em Mato Grossonas décadas de 
cinquenta e sessenta. Dezenas de ações têm sido movidas desde então contra a União, no próprio Parque do Xingu, no Parque de Aripuanã, nas áreas 
Pareci, Nhambikwara, nas áreas indígenas do Vale do Guaporé, dos Xavante, entre outros. Foisomente a partir dessa enxurrada de processos que 
começaram a ser consideradas as consequências mais graves do eventual julgamento favorável das ações. Um cálculo aproximativo do montante das 
indenizações revelava a real ameaça aos cofres públicos. Mais do que isso, a jurisprudência indigenista marcava um retrocesso e a Funai deixou patente 
sua incapacidade como defensora dos direitos indígenas. 
Invasão na área indígena Utiariti 
 
A. Funai está realizando estudos com vistas a definir as providências a serem adotadas para impedir a invasão da reserva indígena Utiariti, no Mato 
Grosso, na divisa do território dos índios Nambiquara e-Pareci. A informação é do superintendente da Funai para a região Centro Oeste, Eraldo 
Femandes, acrescentando que na últimas segunda-feira realizou um sobre voo na reserva, constatando derrubadas na área. (Correio 
Brazi|iense,29i08l8'l) 
Pareci invadem Funai para terem assistência de saúde continuavam irredutíveis até ontem os 30 índios Pareci que, na última quinta-feira, ocuparam a 
sede da 
Administração Regional da Funai no município de Tangará da Serra, exigindo melhorias nos serviços de saúde prestados a comunidade e a demissão do 
administrador Benedito José de Oliveira. Os índios não fizeram nenhum refém entre os funcionários do órgão, mas continuam controlando as 
instalações da Administração Regional, enquanto a Funai nega-se a negociar a demissão de Benedito de Oliveira e ameaça fechar a Administração 
Regional se o movimento persistir. (JB, 20/08/88) 
Fazendeiro rouba madeira dos Pareci Com a conivência de funcionários da Funai, foram roubados mais de cinco mil metros cúbicos de madeira no valor 
de aproximado de Cr$ 100 milhões, da área dos índios Pareci, no município de Areia Branca (MT). A Divisão de Polícia Fazendária da PF, que investiga o 
caso, informou que os funcionários da Funai estavam facilitando a entrada na reserva indígena de peões contratados pelo fazendeiro Valter Dantas, 
proprietário de uma fazenda que faz divisa com as terras dos Pareci. Segundo a PF, munidos de motosserras e alguns tratores, os peões entraram na 
área indígena através da fazenda de Valter Dantas, de onde retiraram, em agosto, mais de dois mil metros cúbicos de madeira, que correspondem a 
130 caminhões carregados. A PF tem conhecimento que outros três mil metros cúbicos foram derrubados em meados de setembro e estão sendo 
carregados em caminhões para a venda a madeireiras localizadas em Cáceres, no sul do Mato Grosso. Os caminhões estão passando facilmente pela 
fiscalização do Ibama, onde os caminhoneiros, segundo a PF, apresentam a autorização obtida pelo fazendeiro para fazer derrubada sem sua própria 
fazenda. A PF não tem combustível para seus veículos. mas pretende enviar uma equipe para uma ação repressora. Enquanto isso investiga os nomes 
de servidores da Funai que compactuam como roubo; um dos acusados é conhecido por Osnir, disse um delegado do órgão em Brasília. Diz ainda que 
os índios estão sendo enganados pelos capatazes do fazendeiro, que teriam dado a eles cerca de Cr$250 mil para se ausentarem de suas aldeias e 
facilitarem a derrubada das madeiras; um dos capatazes é conhecido por Leobim. (JB, 28/09/90] 
1° Encontro de Lideranças de Mato Grosso 
 
O líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Willian Dias, abriu ontem o l° Encontro de Lideranças Indígenas de 
Mato Grosso, garantindo que está disposto a contribuir para melhorar as condições de saúde, educação, agricultura e transporte nas áreas indígenas 
do Estado, ocupadas por mais de 35 tribos conhecidas atualmente. O encontro, que prossegue até amanhã, conta com a participação de 
representantes dos grupos Bakairi, Bororo, Pareci, Umutina, Cinta Larga, Xavante, Nambiquara, Apiaká e Narnbiquara Mamainde. A proposta básica do 
encontro é discutir tópicos para a definição de uma política estadual indigenista, a ser desenvolvida através da Coordenadoria para Assuntos Indígenas. 
(Notícias Populares, 07/03/87) 
POVOS INDIGENAS DO BRASIL 1991 a 1995. 
 
 
A GRAVE SITUAÇÃO DOS NAMBIKTVARA 
 
A atual `situação dos Nhambikwara que habitam o noroeste do estado do Mato Grosso. e' de completo abandono. A ADR da Funai em Vilhena RO, e' 
contra a exploração de madeiras em Áreas Indígenas, mas não há recursos no órgão para conter o esbulho das Áreas sob sua responsabilidade. 
Madeireiras de Pontes e Lacerda e Comodoro, os dois principais municípios da regido, situados ao longo da BR 364, organizam-se em grupos e cooptam 
alguns índios da regado, aliciando os com aberturas de cadernetas de poupança, aquisição de veículos e outros bens de consumo. Genericamente 
conhecidos pelo nome de Nambikawara, os :Mor da regido dividem-se em dois grupos locais com línguas e dialetos referentes. As aldeias ficam 
localizadas tanto nos cerrados da Chapada dos Parecis como no cale do Guaporé'. Os índios do cerrado habitam terras de baixa fertilidade, enquanto as 
aldeias situam dos no vale do Guaporé possuem terras férteis. Este fator ecológico, aliado a falta de recursos financeiros e de projetos de 
autossustentação, tem agravado a situação, uma vez que os índios do P1 Nambiquara, localizado dentro de área infértil, prestam ajuda a madeireiros 
de Comodoro, realizando incursões no cale do Guaporé para extração de madeiras nobres. Os índios do vale do Guaporé, com exceção de alguns 
membros da aldeia Alantesu, são contra esta atividade ilegal efetuada dentro de suas Áreas, muitas vezes bem próximo de aldeias e roçar. Na regido do 
no Nono, drea dos Waihisu, madeireiros de Comodoro, juntamente com índios do P1 Nambiquara e do P1Alantesu, têm retirado madeira 
desenfreadamente. Os madeireiros chegam a munir os índios com armas pesadas para que estes lhes deem cobertura. A Polícia Federal, por sua vez, 
recusa-se a enfrentar a situação, pois teme um embate direto com os índios. No entanto, nem funcionários cai Funai, que andam geralmente 
desarmados nem os índios do vale do Guaporé (cujas armas são cartucheiras apropriadas apenas para a caça), podem enfrentar a situação. Calcula-se 
que nesta regido tem sido retirado recentemente cerca de 10. 000 a 15. 000 m3 de mogno. A própria Bit-564 tornou-se um corredor para escoamento 
de madeira, pois ela cruza a] Vale do Guaporé duas vezes nas proximidades do rio Nono e do córrego Dois Irmãos. 
Ao preço atual de madeira de lei, os madeireiros já' arrecadaram cerca de 60 bilhões de cruzeiros, (2 milhões e cem mil dólares) e em troca 
presentearam os Alantesu com um jipe no valor de 100 milhões de cruzeiros, (US$ 3.577). Os :rimos do Pl Nambiquara ganharam um caminhão 
Mercedes Betis ano 72, e mais 200 milhões de cruzeiros em forma de abertura de caderneta de poupança e bens de consumo. Dos três ofícios enviados 
ela ADR de Vilhena ao Ibama, nenhum fim' respondido. Doping iminente de um confronto Inter tribal na regido, pois diversas aldeias do vale do 
Guaporé já' decidiram que no mais tolerado a invasão em suas terras com ou sem ajuda de outros índios. (Edson Beiriz/Funai, 15/04/93) 
ASSASSINADO PEDRO MAMAINDÊ 
 
O chefe dos Nhambikwara da AI Vale do Guaporé, conhecido como capitão Pedro Mamaindê, foi assassinado, ontem, com um tiro de espingarda a 
queima roupa desferido por Sebastião Pareci quando retornava à aldeia de barco pelo rio Cabixi de Baixo, dentro da Reserva Ainda com vida, capitão 
Pedro foi encontrado pelos seus filhos e revelou a identidade do seu agressor; Sebastião Pareci, filho de um índio da tribo Pareci casado com uma 
Nhambikwara, que fugiu da aldeia para a cidade de Comodoro, onde se juntou a um grupo de Nhambikwara do Campo que executa serviços de 
segurança e pistolagem para madeireiros da região. Esse fato reforça a suspeita de que o crime tenha sido encomendado. No início deste mês, 
guerreiros Nhambikwara da aldeia do capitão Pedro surpreenderam trabalhadores roubando madeira dentro da Reserva, chefiados. pelo filho do erro-
prefeito de Comodoro (R0), Valdir Mazutti: apreenderam e queimaram os equipamentos (doiscaminhões e dois tratores) e, acompanhados de 
funcionários da Funai. prenderam os invasores. Quando se dirigiam a Comodoro, foram cercados por pistoleiros a mando dos madeireiros Mazutti e 
Simeonato, entre eles. quinze Nhambikwara do Campo que vestiam jalecos de "segurança", os quais resgataram os presos e ameaçaram todos de 
morte. Capitão Pedro tinha cerca de 65 anos de idade e era conhecido como líder tradicional e intransigente na defesa dos direitos territoriais do seu 
povo e contra a exploração dos recursos naturais por terceiros. Transferidos da sua área tradicional no vale do Guaporé, na década de 70, os Mamaindê 
retomaram suas terras em 1980, liderados pelo capitão Pedro. Reconstruíram sua aldeia sobre a sede da fazenda de gado de Antonio Morimoto 
(deputado federal por R0). Tiveram sua área reconhecida pelo governo federal em 1981 (com extensão de 242.593 há). Demarcada fisicamente e 
homologada em 1985. Em setembro de 92, outro Nhambikwara, Simeão Negarotê, também foi assassinado, encontrado morto dias depois de um 
conflito com pistoleiros de madeireiros de Comodoro. (PIB/GEM, 17/08/95, Fse 18/08/93) 
NAMBIKWARA OBTÊM VITÓRIA NA JUSTIÇA 
 
Os Nhambikwara conseguiram uma importante vitória na defesa de suas terras e ‘riquezas naturais. 0 ¡juiz federal Mario Cesar Ribeiro concedeu 
medida liminar favorável aos interesses indígenas, 'determinando que a Funai, 'Ibama e União Federal, acompanhados pela PF, retirem mediatamente 
os garimpeiros ilegalmente instalados na AI Sararé. A medida cautelar, com pedido de liminar; foi proposta pelo NDI, em nome da comunidade 
indígena distribuída ao Juízo da 9a Vara Federal do DE A decisão judicial foi proferida no dia 18 de dezembro passado, e, devido ao recesso forense, a 
Funai, Ibama., União Federal e PF foram intimados, na' segunda semana de janeiro, para que iniciem a operação de retirada Estima-se que há 
atualmente cerca de três mil garimpeiros instalados as margens do córrego Água Suja, divisa oeste da Ai invadida. Os danos ambientais, sociais e 
sanitários decorrentes da garimpagem ilegal já são irreversíveis. O córrego Água Suja está completamente poluído, assoreado e sem leito visível. Mais 
de 200 ha de floresta ia foram destruídos, e o rio Sararé está sendo envenenado com mercúrio, óleos e graxas. AAI Sararé situa-se no oeste do Mato 
Grosso, na divisa com Rondônia, tem 68 mil ha e nela vivem cerca de 70 Nhambikwara, do subgrupo Katitaurlu ou Sararé. O povo Nhambikwara se 
divide em diversos subgrupos, que habitam, além da AI Sararé, a Al Vale do Guaporé, a AI Nambiquara e a AI Pirineus de Souza, todas já demarcadas e 
homologadas. Ao todo, são cerca de 800 índios que vivem em uma região que se estende pelo vale do rio Guaporé e pela Chapada dos Parecis. (NDL 
11/01/92) 
ORGÃOS FEDERAIS DESINTRUSAM A ÁREA 
 
O administrador da Funai em Vilhena, Edson Beiria, encaminhou um aviso ao presidente do órgão e ao Ministério da Justiça, relatando O agravamento 
da situação “uma vez que os madeireiros de Pontes e Lacerda e também de Comodoro, no MT, estão aliciando os Nhambikwara nos cerrados da 
Chapada dos Parecis, onde há grande quantidade de madeiras de lei, de forma a garantir a ajuda dos indígenas na pratica de roubos dentro de suas 
próprias terras”. Além disso, os madeireiros vêm armando os índios e incentivando-os a combater e, até mesmo, matar os índios que são contra a 
invasão de seus territórios e tentam impedir a venda de madeiras de suas Áreas. Operação - A Funai conseguiu fundos para mobilizar as suas 
Administrações de Vilhena e Cuiabá, numa operação que envolve 18 servidores da Fundação, dois delegados e 50 agentes da PF, além de 15 fiscais do 
Ibama. Nesta operação, cerca de 500 garimpeiros foram expulsos da Área Sararé, ao mesmo tempo em que os motores utilizados nos garimpos eram 
localizados e destruídos. Segundo Beiriz, a explicação para o fato de a operação ter localizado um pequeno número de motores é de que os garimpeiros 
foram avisar dos sobre a mobilização da Funai e dos demais órgãos na área. com isso, os garimpeiros tiveram tempo de enterrar _a maior parte dos 
motores, bombas d'água tambores de óleo, abandonando pacificamente a área antes da chegada das equipes de fiscalização. Concluída a operação de 
instrução dos garimpos Ferrugem 1, Ferrugem II, Tio um, zé Luiz, Guilherme e Fofoca de índios, foi dado início, no dia 09/07/95, à segunda etapa 
operacional com a inspeção de todas as madeireiras situadas no município de Pontes e Lacerda, destacou o administrador da Funai. Conflitos - 
Recentemente, Vicente Nhambikwara, filho de um seringueiro negro e de uma índia da aldeia Serra Azul, no cerrado, tentou matar um Wasusu, contra 
quem disparou quatro tiros, com um revólver 58 que havia ganho de um madeireiro. Em contrapartida, os Wasusu feriram gravemente dois 
madeireiros e, no Sararé, três madeireiros e dois garimpeiros foram mortos nos últimos seis meses, diz Beiriz. (O Estadão, 18 e 19/07/93) 
ACORDO PARA INDENIZAÇÃO POR ATROPELAMENTO 
 
Fazendeiros e Pareci acabam de firmar um acordo inédito na longa história de conflitos que marcaram as suas relações de vizinhos no norte do estado 
do Mato Grosso. A título de indenização, eles concordaram em pagar à índia Benedita Zanazoero Pareci, viúva de João Bonito, que morreu atropela do 
por uma carreta carregada de arroz, a quantia de Cr$ 2 milhões. (Correio Brasiliense, 08/02/91) 
PROTESTO CONTRA MAIS UMA ESTRADA 
 
Com a presença dos deputados Antonio Porfírio, Wilson Santos e Hermes de Abreu, 13 líderes pareci, acompanhados do procurador da Funai, Cesar 
Augusto do Nascimento, mantiveram, no dia 16/05/91 um demorado encontro com o superintendente adjunto da Funai, Eudes Cardoso de Araújo, na 
Procuradoria da República em Mato Grosso, onde os índios exigiram imediatas providências por parte do Ministério Público no sentido de embargar a 
implantação da rodovia FIT-255, ligando Campo Novo do Parecis a Sapezal, que corta a AI Utiariti. A implantação da rodovia, conforme a Funai, já conta 
com sinal verde do governador Jaime Campos. Ele enfatizou que a obra vem acarretando o protesto de mais de 90% da comunidade Pareci. “O prefeito 
de Campos Novos dos Parecis deseja a rodovia para encurtar 35 km no trajeto atual pela rodovia Nova Fronteira. Pretende cortar uma estrada que 
atinge a BR 564. Não há um amparo legal nisto. A área é de domínio e posse das comunidades indígenas. E a União não autorizou. O novo corte pode 
compro meter a privacidade indígena e gerar corrida de inúmeras famílias para a Área". Parte do trecho que pode ser cortado pela futura rodovia MT- 
já está parcialmente desmatado, para desgosto dos índios. O. desmatamento pode ser visto nas margens dos rios Papagaio e Sacre. “Não precisamos 
de mais estradas lá, já temos a Nova Fronteira”, desabafou o cacique João Arrezomaré (João Garimpeiro). Outro cacique a se manifestar foi Nelsinho 
Zaizomaé'. “A estrada cortada toda a Área. Não deixaremos. Já fizeram a Nova Fronteira, e agora, de repente, por causa do prefeito de Campo Novos 
dos Parecis e de três aldeias (Bacaval, Sacre Dois e Três jacu) que seriam beneficiadas com a rodovia, querem fazer outra. Mas, das 25 aldeias 
existentes lá, 20 são contra. Estivemos na Assembleia e os deputados prometeram ajudar", segundo ele. A Nova Fronteira existe há sete anos, e foi 
feita com base num acordo das comunidades indígenas, interligando Itamarati do Norte a Comodoro. Nelsinho Zaizomaé diz que a nova rodovia viria 
ainda profanar, facilitando o acesso, um dos lugares sagrados dos índios, uma cachoeira denominada de Salto das Mulheres. Jornal do Dia, 17/05/91) 
ESTRADA NOVA FRONTEIRA: FIM DO CONTRATO COM FAZENDEIROS 
 
No dia 25/07/92 terminou o contrato de utilização da estrada Nova Fronteira pelos fazendeiros da região. Este foi o resultado de uma reunião de duas 
semanas na aldeia Kotitico financiada pelos fazendeiros, que forneceram combustível e alimentação, para discutir a renovação do contrato, com 
a presença do administrador de Tangaráda Serra e do assessor jurídico da ADR de Cuiabá. A estrada Nova Fronteira foi construída em 1984, cortando 
acordavam, as Utiariti foram e Pareci. Pressionados Os índios, que a Ilha, e para isso foi' realizado um contrato entre os fazendeiros - organizados em 
Associação - e os índios, representados pela autoridade da Funai em Cuiabá', com anuência do presidente da Funai. 
Através desse contrato, ficava a Associação dos Fazendeiros obrigada aprestar durante oito anos (período de vigência) uma assistência a todas as 
aldeias Pareci', que ia desde o fornecimento de insumos; implantação de lavouras mecanizadas; orientação técnica agrícola; formação de pomar; 
abertura de estradas vicinais interligando aldeias até a gestão junto ao governo do estado de MT para a construção de um hospital. Cumprimento 
(parcial) do acordo -A assistência agrícola já feita anualmente; as viaturas que circulam na estrada são obrigadas a dar caro na aos índios e as estradas 
vicinais foram feitas em número de três, interligando as aldeias; não ocorreu a prevista construção de um hospital, , porque os Pareci não aceitaram 
que o hospital fosse instalado fora da Área Indígena e que atendesse também os moradores não índios da região, como pretendia o governo estadual; 
filtram feitas duas pistas de pouso, que se encontram abandonadas; não houve assistência técnica, nem para as culturas permanentes implantadas que 
necessitavam manutenção; os cultivos que não deram certo, como feijão atacado por pragas, foram convertidos em outros heniyicios; as custas do 
contrato, foi fornecida uma casa na cidade de Tangara' da Serra que seria para usufruto dos índios, mas encontra-se de posse do chefe da aldeia 
Bacaval. Pedágio - Inicialmente eram nove proprietários associados; atualmente são 120, dos quais 90% residem no municipio de Tangará da Serra. O 
presidente da Associação de Fazendeiros não sabe precisar o número de associados, média de tráfego e não apresenta contas Funai. Pelo contrato, 
passariam na estrada só as viaturas dos associados, mas passam autônomos e uma linha de ônibus de passageiros com a anuência da Associação. A 
estrada possui hoje perto de 65 hm dentro da Al, representando 1.300 ha de terra ocupada, em parte encascalhada, com três pontes e um trecho 
margeado de matas em péssimo esta do de conservação. A Associação mante uma barreira localizada às margens do rio Papagaio - limite da AI, onde 
cobra pedágio dos veículos que utilizam o trecho dentro da Área. Segundo o presidente da Associação, 'é com recursos deste pedágio que são pagos os 
benefícios do contrato com os índios. Balanço - Em função das facilidades proporcionadas pela estrada Nova Fronteira, o nome de fazendeiros 
associados aumentou por volta de 1.255% em oito anos, passando de nove para os 120 atuais. Em contrapartida, os benefícios do contrato não foram 
alterados. Atualmente utilizam a estrada, além dos fazendeiros, outros passageiros. particulares e uma empresa de transporte de pela magnitude do 
empreendimento, no que se refere ao comprometimento da terra e do futuro social, econômico, cultural e ambiental das aldeias pareci, as bendições 
oriundas do contrato não foram, foram na verdade preconceituosos na medida que parecem hora de cana ade não uma relação de contrato. Na 
medida que acentuou o grau de descendência aos fazendeiros, foi também cerceador da autonomia indígena. Outro aspecto a observar e que 
desorganizou as relações políticas internas e externas do grupo, pois sem considerar características próprias dos Pareci no que diz respeito ao seu 
nacionalismo sociopolítico, acentuou as suas divergências e deteriorou as relações com a Funai. Este contrato constitui uma inversão de papéis na 
assistência aos índios. Dada a magnitude das pressões sobre a terra indígena, administradas deforma a não ultrapassar o âmbito da região e a falta de 
atenção da Funai, os índios ficaram dependentes da estrada e dos fazendeiros. Além de venderem sua força de trabalho nas fazendas locais, recorrem a 
Associação para resolverem suas necessidades imediatas. Porem os maiores interessados na estrada são os fazendeiros que já tem entre os índios os 
seus aliados. Os Pareci', conhecedores das dificuldades financeiras por que passa a Funai, além de considerarem a estrada irreversível por causa da sua 
força político-econômica, consideram a possibilidade de um novo contrato. (trechos do relatório de Marco Antonio Espírito Santo, 06/08/92). 
PARECI APRESENTAM PROPOSTAS PARA RENOVAR ACORDO 
 
Voltaram à mesa de negociações os Pareci, representantes da Funai e integrantes da diretoria da Associação Nova Fronteira. O encontro aconteceu no 
dia 24/07, e visava um consenso sobre a continuidade da utilização da estrada Nova Fronteira. Ao falar à imprensa, Dílson Zokezomae Pareci, 
integrante da comissão de negociações, disse que a estrada permanecerá aberta, porém não haverá a cobrança do pedágio que vinha sendo feita pela 
Associação dos fazendeiros. Os índios querem que o novo acordo tenha validade de quatro anos, e que a cobrança de pedágio fique sob sua 
responsabilidade e não mais da Associação. Também pedem assistência nas mais diversas áreas. Dílson afirmou que os índios concederam prazo até dia 
15/08 para que a Associação apresente uma contraproposta. “Queremos um acordo, não corno foi feito o acordo anterior, mas num novo estilo, onde 
nós índios poderemos administrar o nosso patrimônio", disse Dílson Zokezomae. (ir/burra de Tangará, 30/07/92). 
PARECI LUTAM PELA AI ESTAÇÃO RONDON E FAZEM REFÉNS 
 
Cinco pessoas que estavam sendo mantidas como reféns desde 08/02/95 pelos Pareci - entre elas o delegado de Polícia e chefe de gabinete do 
secretário Oscar Travassos, João Capetinga; o assessor da Secretaria de Justiça, advogado José Corbelino; o vereador de Arenápolis, Osenir Araújo, que 
é também fazendeiro, foram liberados ontem depois que um grupo de policiais federais chegou ã Estação Marechal Rondon para dialogar com os 
índios. Apesar de terem liberados os reféns, os Pareci mantinham em seu poder alguns equipamentos agrícolas do fazendeiro Sebastião de Assis. Os 
índios querem que todos os fazendeiros que invadiram suas terras para plantar soja, saiam da Reserva. Preocupado com a tensão na area de marechal 
Rondon, o secretário Oscar Travassos seguiu para a Reserva, mas quando chegou a fazenda os reféns ia haviam sido liberados Segundo o prefeito de 
Nova Marilândia, José Aparecido dos Santos (PFL), que acompanhou as negociações fora da Área, os índios querem que o fazendeiro assine um 
documento entregando a parte da AI ocupada por sua fazenda, como fez o fazendeiro e vereador de Arenápolis, Osenir de Araújo (PTB), 
que estava entre os reféns. A libertação dos reféns intermediada pelos policiais federais aconteceu depois que o fazendeiro Osenir de Araújo, segundo 
o prefeito José Aparecido, assinou um documento entregando a area de sua fazenda aos índios e se comprometendo a dividir em partes iguais a soja 
que será colhida na área. José Aparecido informou que os índios seguraram os maquinários de propriedade de Sebastião de Assis, porque o fazendeiro 
não foi até area participar das negociações. 01 Gaza/a, 10/02/93) 
CLIMA DE GUERRA 
 
Os Pareci estão em constante estado' de alerta e já anunciaram que irão até as últimas consequências e não deixarão a area em que vivem na Estação 
Rondon, município de Diamantino/MT. 0 clima é tenso na área, pois a qualquer momento a Justiça decidirá sobre a retirada e os índios comunicaram à 
Funai que só sairão da Estação Rondon, mortos. Apesar da Área ser de 5.600 há, os índios só ocupam 500 ha. (Correio Braziliense, 10/04/94) 
 
ÁREA MUDA DE NOME 
 
Através da Portaria n” 484 de 20/05/94 a Funai mudou o nome da AI Estação Rondon para Ai Estação Parecis. (DOU, 27/05/94) 
PROCURADORIA VAI REVER PROCESSO 
 
A Procuradoria Geral da República em Mato Grosso recebeu ontem 4uma comitiva de 18 entidades que entregou um documento pedindo a nulidade 
do processo de reintegração de posse impetrado por fazendeiros,a cerca de um ano, pedindo a reintegração de terras ocupadas pelos Pareci. Na 
época, o juiz da 5” Vara Federal de Mato Grosso concedeu a liminar ao fazendeiro Sebastião Assis, o que resultou em pânico na comunidade indígena, 
que entende que os invasores se utilizarão dessa liminar para respaldar seus atos, ficando os índios dependendo das ações da Funai. O procurador geral 
da República em MT, Roberto Cavalcante, garantiu que o processo seria revisto, mas pediu tempo. (O Eri/ado do M7; 23/04/94); 
AMEAÇADOS DE DESPEJO 
 
A situação dos índios da Estação Pareci, pode se agravar no próximo dia 18/06/94, quando 200 policiais militares irão cumprir mandado de 
reintegração de posse expedido pelo juiz de direito da Comarca de Diamantino, João Ferreira Filho, em favor de se bastião Assis. O juiz de Diamantino 
está cumprindo uma carta precatória da Justiça Federal, que deu ganho de causa a Sebastião contra a Funai e União Federal. 0 comandante do 
Comando de Policiamento da Área, cel. Leo Gonzaga de Medeiros, informou que a Polícia está preparada para cumprir a ordem do juiz, caso não 
receba uma contra ordem. (0 Errado de MIC 16/06/94 
ÁREA É ENCAMINHADA Ao MINISTRO 
 
O presidente da Funai, Dinarte Madeiro, aprovou a identificação da AI Estação Pareci e a encaminhou para o ministro da Justiça, para ser declarada de 
posse permanente indígena. O Parecer conclusivo e o memorial descritivo foram publicados no DOU, em 01/06/94. (P13/GEDI, 18/06/94) 
ROWAN, Phyllis, comp. Hetatí nomawatyaninibare nowaibenere. Tabi -experiencias fora da reserva. Cuiabá: SIL, 1993. 84 p. (Coleção de Histórias 
Parecis), v Circulação restrita 
ROWAN, Orlando. Haliti xako akiti: cartilha de transição português- Parecis. Cuiabá: SIL, 1995. 57 p. Circulação restrita. 
POVOS INDIEGNAS NO BRASIL 1996 -2000 
 
DEZ ANOS DEPOIS, MORTE DE Jesuíta AINDA É MISTÉRIO 
 
O processo que apura a morte do missionário jesuíta Vicente Cañas Costa, cujo corpo foi encontrado na AI Salumã, hoje Enauenê-Nauê, entra agora 
numa fase decisiva. Os próximos 
depoimentos poderão significar a diferença entre a elucidação do crime e a confirmação do caso como um dos grandes enigmas da crônica policial do 
estado. Com dez anos, a morte do jesuíta permanece cercada de pontos de interrogação. Após três perícias em seus restos mortais, a polícia pôde 
afirmar que a morte foi de natureza violenta, com indícios de luta. As dúvidas favorecem a defesa dos quatro réus - um fazendeiro, um delegado de 
polícia aposentado, um lavrador e um agrimensor. No processo, há depoimentos de amigos e colegas do missionário afirmando que ele estava vivendo 
sob ameaças de morte. Essas ameaças estariam vinculadas a sua luta pela demarcação da terra dos índios Enawenê Nawê, situada perto de Comodoro, 
Juína e Campo Novo do Parecis. (ISA, a partir de Diário de Cuiabá, 13/04/97). 
o Povo eniWENÊ-NAWÊ 
 
Os Ermwenê-Nou'ê são um povo monolíngue, implantes de uma língua drunk. Esta população habitou uma região de transição entre o cerrado e a 
floresta equatorial ocupando atualmente uma area de aproximadamente 740 mil ha, localizada no vale do rio Juruena, formador do rio Tapajós, 
na porção noroeste do estado de Mato Grosso, Brasil. Neste território, que abrange portes dos municípios de Juína. Comodoro, Campo Novo do Parecis 
e Sapezal predomina uma vegetação oriunda, com regiões de cerrado, de floresta tropical e de contato entre esses dois tipos. O clima define duas 
estações muito bem marcadas, uma chuvosa, durante os meses de outubro a março. e outra seca, entre abril e setembro. Neste território, os 
EnauIenê-Nnwë se concentram em uma única aldeia, atualmente localizado ã margem esquerda do rio laquê. No entanto, durante o ciclo anual, esta 
população desenvolve um grande conjunto de atividades produtivas e cerimonia, ocupando os mais diferentes pontos de seu território. Além dos 
produtos agrícolas, a dieln Enawene-Nnwê é fundamentalmente composto de peixes. frutos silvestres. mel e insetos comestíveis, coletados durante 
expedições que percorrem. várias vezes por ano, as partes de seu território. Ao contrário da grande maioria dos povos indígenas da Amazônia, os 
Enurvenê-Nau'ê não caçam e não tomam água in natura. Os Endutenê-Nntvê se dividem em nove clãs (vãkiva). Os clãs são compostos por legiões de 
espiritos subterrâneos e celestes. além de seres humanos, todos associados a conjuntos de jlnutds cerimoniais. Além de corresponderem a unidades de 
troco matrimonial os clãs desempenham afirmações econômicos e rituais igualmente básicos. Nos casos, a população se organiza em grupos 
domésticos` que são constituídos da união de grupos familiares, de tal maneiro que os homens, uma vez casados, possam u morar com seus sogros. Os 
indivíduos de um clã se concebem como “foliões” (boribare). oferecedores de mingau e sul durante os rituais. Segundo o esquema cosmológico nativo, 
os Enawenê-Nuwê habitam o patamar intermediário do universo, entre o mundo dos espiritos celestes e o mundo dos espíritos subterrâneos. A 
manutenção da vida social depende diretamente da realização de uma sequência muito complexa de ritos dedicados n esses espiritos. 
INPE COMPROVA OCUPAÇAO DE TERRA 
 
A expansão das fronteiras agrícolas e áreas de pastagens na Chapada dos Parecis, no MT, está provocando um processo acelerado de ocupação da 
reserva indígena dos Enauenê-Nauê, ao norte do estado. Apesar de ser contornada pela rodovia federal Bit-364, a invasão da reserva tem sido 
facilitada pela abertura de estradas vicinais. O alerta foi feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) a partir do recente estudo 
"As reservas indígenas e fronteiras agrícolas na Chapada dos Parecis: uma análise temporal por imagens de satélite". Coordenado pelo geólogo da 
Divisão do Sensoriamento Remoto do Inpe, Paulo Roberto Martini, e pela geografa Íris Souza, o estudo mostra que os limites da reserva indígena vêm 
sendo invadidos desde 1984 a partir da rodovia estadual MT-S 19 e de suas vicinais no trecho noroeste. O mapeamento da reserva, feito a partir de 
imagens do satélite Landsat e cartas topográficas do IBGE, mostram que o desmatamento de áreas pertencentes aos Enauenê-Nauê saltou de 668 ha 
em 1984 para 8 mil em 1997. Segundo Martini, os padrões de ocupação são típicos de atividade agropecuária e de pequenas propriedades agrícolas, 
com fortes características de exploração. Os indícios da exploração aparecem com a criação de madeira, garimpo, poluição das cabeceiras dos rios com 
agrotóxico e lixo. Ameaças - O ritmo da ocupação de áreas na reserva dos Enauenê-Nauê, com 568 mil ha, já ameaça a preservação da cultura e da 
natividade dos cerca de 300 índios que ali vivem. “A questão do meio ambiente é outro ponto que nos preocupa muito, em função de já termos 
observado, por imagens de satélite, que alguns rios desta reserva, especialmente o Juruena, estão sendo afetados por agrotóxicos, utiliza dos na 
cultura da soja”, diz o pesquisador. As glebas de soja são desenvolvidas sobre solos arenosos, facilitando a disseminação dos resíduos químicos da 
cultura para os mananciais hídricos, principalmente no período das chuvas. O desenvolvimento da pecuária na região, segundo Martini, é outro 
agravante de degradação da terra. “O sul do Parecis é uma região de terreno acidentado. Quando se tira a vegetação natural, o solo perde a qualidade 
e tende a desenvolver um processo erosivo irreversível, num prazo de dois a três anos”, disse. O estudo sobre a ocupação desta região pelo Inpe, 
segundo Paulo Martini, foi motivado pelo interesse em conhecer mais a fundo como se dava a distribuição espacial da cultura da soja. (Gazeta 
Mercantil 20/11/98). 
EMAS SERÃO Reintroduzidas EM ALDEIAS 
 
0 Zoológico da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e a Opam estão reproduzindo emas em cativeiro, em regime de confinamento e 
'semiconfinamento, para reintroduzi-las nas aldeias Pareci Salto da Mulher e Seringal. 0 projeto “Reprodução e Reintrodução da Ema Rhea na Reserva 
Pareci” teve início

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