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TECNOLOGIAS DIGITAIS METODOLOGIAS ATIVAS e EM CONTEXTOS DIVERSOS Marcus de Souza Araújo (Organizador) TECNOLOGIAS DIGITAIS METODOLOGIAS ATIVAS EM CONTEXTOS DIVERSOS e Marcus de Souza Araújo (Organizador) TECNOLOGIAS DIGITAIS METODOLOGIAS ATIVAS EM CONTEXTOS DIVERSOS e Todos os direitos reservados aos organizadores: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, foto- gráficos, reprográficos, fonográficos e videográficos. Vedada a memorização e/ou a recu- peração total ou parcial em qualquer sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam- -se também às características gráficas da obra e à sua editoração. Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) Ficha Catalográfica Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos/Organizado por Marcus de Souza Araújo. São Paulo: Intercom, 2020. PDF Bibliografia ISBN 978 65 990485-0-0 1. Tecnologias. 2. Mídias digitais. 3. Práticas pedagógicas. 4. Ensino-aprendizagem. 5. Aprendizagem significativa. 6. Título. 7. Marcus de Souza Araújo. CDD 372.358 372.416 V ORGANIZADOR Marcus de Souza Araújo Licenciado em Letras, Português e Inglês, pela Universidade Federal do Pará. Especialista em Língua Inglesa pela PUC-MG. Mestre em Letras-Linguística pela Universidade Federal do Pará. Doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP. Professor da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM) e do Programa Mestrado Profissional Criatividade e Inovação em Metodologias do Ensino Superior (PPGCIMES), ambos da Universidade Federal do Pará. AUTORES Adriana Carvalho Capuchinho Docente na Licenciatura em Letras Inglês e no PPGL da Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional, orientando nas áreas de Tecnologias Digitais no Ensino de Línguas e em Literatura e Imaginário. Bacharel em Letras Inglês/Português e em Ciências Sociais, ambos pela FFLCH/USP. Mestre em Antropologia Social e Doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, ambos pela FFLCH/USP. Alberto Signoretti Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1987). Mestrado em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas (1990). Especialista em Redes de Computadores pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000). Doutorado em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2012). Estágio pós-doutoral em gamificação no desenvolvimento de VI serviços, produtos e software no Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro - IEETA - UA. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Colaborador em projeto de pes- quisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Experiência na área de telecomunicações, redes de computadores, simulação multi-agente, inteligência artificial distribuída. Ana Margarida Pisco Almeida Doutora em Ciências e Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Professora Auxiliar no Departamento de Comunicação e Arte na mesma Universidade, lecionando nos cursos de licenciatura em Novas Tecnologias da Comunicação, Mestrado em Comunicação Multimédia e Programa Doutoral em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais. Coordena o grupo de ehealth & wellbeing do Centro de Investigação em Media Digitais (DigiMedia). Principais interesses de investigação situam-se na área da e-health e da inclusão digital. André Luiz Gaspari Madureira Doutor em Letras, Mestre em Letras e Linguística e especialista em Estudos Linguísticos e Literários pela Universidade Federal da Bahia. É professor-adjunto de Letras-Linguística da Universidade do Estado da Bahia e docente do quadro permanente da Linha 2 no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens. É pesquisador do Grupo de Estudos em Língua, Linguagem e Cultura. Atua principalmente nos seguintes temas: análise do discurso, análise textual, argumentação, semântica, lin- guística, ensino de língua portuguesa. VII Daniel Carmo Santos Professor de Língua Inglesa na Secretaria de Educação do Estado do Pará e do Programa Idiomas sem Fronteiras da Universidade Federal do Pará. Graduado em Língua Inglesa pela UFPA. Atualmente, cursa Especialização em Tradução e Interpretação (Inglês-Português) na Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA). Principais áreas de interesse na Linguística Aplicada: tradução, ESP e estudos do inglês como língua franca (EFL). Erika Suellem Castro da Silva Graduação em Letras (Português e Inglês) pela Universidade Federal do Pará. Especialização em Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês e Mestrado em Análise da Interação, ambos pela UFPA. É doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa da USP. Tem interesse em áreas como Linguística Aplicada Crítica, Linguística de Corpus, Português como Língua Adicional, Tecnologia Educacional e Estudos Pragmáticos. Atualmente, é professora do curso de Letras-Língua Inglesa da Universidade do Estado do Pará. Gabriel Ferreira Da Silva Professor de Língua Inglesa do Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) na Universidade Federal do Pará (UFPA), com bolsa CAPES. Atualmente, cursa Letras-Língua Inglesa na Universidade Federal do Pará. Principais áreas de interesse na Linguística Aplicada: ESP, tecno- logias educacionais e tradução. Jailma Bulhões Campos Graduação em Letras – licenciatura em língua inglesa e em língua portuguesa pela Universidade Federal do Pará (2003). Mestrado VIII em Letras: Linguística, também pela Universidade Federal do Pará (2006). Especialização em Tecnologias no Ensino do Português pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Doutoranda no Programa Multimédia em Educação na Universidade de Aveiro, Portugal. É professora de Ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, Classe Adjunto, nível II, no Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará. Principais interesses: tecnologia e lin- guagem, letramentos digitais e gamificação em educação. Kleiton de Souza Borges Professor Auxiliar I de língua inglesa na Universidade Federal do Pará (UFPA) do campus universitário do Marajó-Soure. Mestrado em Letras-Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) pela UFPA. Principais áreas de interesse: ensino e aprendizagem de línguas, autonomia e tecnologias educacionais. Mariana da Silva Neta Servidora efetiva da Seduc-Tocantins. Graduação em Letras pela FAFING e Pedagogia (Ulbra Palmas-TO). Especialização em Pedagogia Escolar (FACINTER) e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (FAIARA). Mestra em Letras-Linguística, UFT, Campus Porto Nacional (2018). Pesquisadora sobre Ensino Híbrido (Blended Learning) e Tecnologias Educacionais. Atua no ensino superior nas disciplinas pedagógicas, como revisora de textos e na formação de professores de língua materna. Tatiana S. de Macedo Professora na Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Pará. Graduação em Pedagogia (FICOM) e em Letras-Português e Inglês (UNESPA). Mestrado e doutorado em IX Estudos Linguísticos (UFMG). Atualmente, é Professor Associado 3, atuando na área do Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa. Tem grande interesse em estudos sobre atividades de extensão universi- tária e gêneros do discurso em escrita acadêmica. Victor Hugo da Silva Coelho Pós-graduando lato sensu em Linguística Aplicada na Educação pela Universidade Cândido Mendes (UCAM-RJ). Licenciado em Letras- Língua Inglesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde atuou em diversos projetos de ensino e extensão. Possui interesse na área de LinguísticaAplicada, especialmente no ensino e aprendi- zagem de línguas estrangeiras modernas, tecnologia na educação e análise do discurso. Atualmente, é servidor público na Universidade Federal do Pará. COLABORADORA Maria Aparecida Gazotti-Vallim Professora efetiva de inglês/português do IFSP – campus São Paulo. Graduada em Letras-Inglês/Português e Bacharel em Tradução- Interpretação-Inglês/Português/Inglês. Mestrado e doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUCSP. Larga experiência em ensino de inglês para fins específicos e formação de professores de língua estrangeira. Principais interesses são design de cursos de inglês e português para fins específicos, elaboração e ava- liação de material didático a partir do conceito de gêneros textuais e formação de professores para e pela EaD. APRESENTAÇÃO A proposta deste e-book é apresentar aos leitores pesquisas e pro- postas pedagógicas relacionadas ao uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e de Metodologias Ativas nos mais variados contextos do ensino brasileiro. Parte dos artigos foi apresentada no VI Congresso Internacional de Estudos Linguísticos e Literários na Amazônia (CIELLA), realizado em novembro de 2018, na Universidade Federal do Pará, no simpósio temático Tecnologias e mídias digitais em foco: práticas pedagógicas em contextos diversos de ensino-aprendizagem, coordenado pelos professores Marcus Araújo (UFPA) e Reinildes Dias (UFMG). Os objetivos centrais de discussão deste simpósio foram: (a) discutir a integração das tecnologias e mídias digitais para fins peda- gógicos no contexto de sala de aula; (b) apresentar propostas que envolvem a construção de materiais didáticos com tecnologias e mídias digitais; e (c) refletir sobre práticas de fomento para os multi- letramentos ou letramentos digitais a partir do uso das tecnologias e mídias digitais. Este simpósio estava constituído de dezesseis comu- nicações e o convite para publicar o artigo foi direcionado a todos os apresentadores, dos quais sete aceitaram prontamente o convite XII Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos para participar deste projeto. A outra parte dos artigos deste e-book decorre de resultados de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação, de grupo de pesquisa e de prática pedagógica. A proposta dos artigos vem ao encontro no momento em que as (novas) TDIC passam por um processo de transformação e mudam a maneira de comunicação entre as pessoas na Sociedade da Informação. Atualmente, jovens e adultos (até mesmo crianças) fazem parte de um mundo on-line, comunicando-se por meio de aplicativos de mensa- gens, redes sociais, salas de bate-papo, entre outros meios digitais. Todos juntos e em tempo real. As pessoas passam a jogar virtualmente, a publicar e a compartilhar informações e fotos com maior frequência e facilidade. Todo mundo sabe sobre todo mundo na era digital! O principal meio de comunicação tecnológica desta Sociedade da Informação é o telefone celular, na maioria das vezes. O mundo, a informação e as pessoas estão na palma da mão! Os ser- viços on-line tornam-se práticas recorrentes e facilitam a compra, a venda e a divulgação de serviços e de informações. Os conteúdos estão acessíveis no mundo virtual – músicas, filmes, fotos, por exem- plo, podem ser baixados e compartilhados frequentes e instantanea- mente. A tecnologia trouxe benefícios de uso para facilitar a vida de todos e potencializa a integração das relações sociais, de entreteni- mento, profissionais, acadêmicas e escolares. Na educação, as mudanças ainda não foram tão sistemáti- cas e visíveis quanto em outras áreas do conhecimento em relação ao uso das TDIC. Não obstante, a integração dessas tecnologias no contexto educacional é mais que necessária e salutar, uma vez que professores, alunos, gestores, coordenadores e governo precisam adaptar-se ao novo no século XXI. As TDIC vieram para ficar! Caminhando nessa direção, advogo a relevância de uma prática pedagógica digital para o uso potencial das TDIC na sala de XIIIApresentação aula, cujo currículo não deveria ser prescritivo, nem baseado em conteúdos descontextualizados da realidade do aluno. Daí se pen- sar em ensino e aprendizagem centrados no aluno, que o conduza à reflexão para a aquisição consciente de novas informações e para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e metacognitivas, como, por exemplo, a organização de tarefas, planejamento (considerando as particularidades e o ritmo de aprendizagem dos alunos), desen- volvimento de projetos, aprendizagem baseada em problemas, na gamificação, rotação por estações, entre outros. Definitivamente, não há mais volta para as TDIC. Isso posto, a publicação deste e-book tem como propósito apresentar ao leitor artigos que promovem a mediação e integração das TDIC em diferentes ambientes de ensino e aprendizagem, possi- bilitando a colaboração, a interação e as pesquisas entre professores e alunos. Todos precisam estar familiarizados com as novas tecno- logias para, então, serem desafiados a buscar soluções e propostas conscientes de ensino e aprendizagem para a inclusão das TDIC no contexto da cultural digital. Os capítulos deste e-book apresentam pesquisas relacionadas à formação de professores, às ferramentas tecnológicas no ensino e na aprendizagem; à gamificação; ao uso do telefone celular para práticas pedagógicas; à tradução no contexto acadêmico; ao ensino híbrido; à elaboração de materiais didáticos; e à autonomia. Assim sendo, apresento a proposta de cada capítulo para convidar o leitor a conhecer melhor as pesquisas aqui desenvolvidas. O capítulo 1, Tecnologias no curso de Letras-Inglês: prá- ticas pedagógicas, de Araújo, aborda as tecnologias integradas e as atividades realizadas pelos alunos no curso de Letras-Inglês da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Pará, campus Belém. O artigo apresenta uma análise de um XIV Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos questionário aplicado para os alunos de inglês, porém, apenas, trinta e cinco alunos participaram da pesquisa, por responderem ao ques- tionário. Foi possível observar que os alunos dessa Faculdade são letrados digitalmente por saberem usar as tecnologias para entrete- nimento. Além disso, o curso de Inglês promove a inserção das TDIC às disciplinas curriculares do referido curso. O capítulo 2, Aprendizagem de língua inglesa mediada por sítios: uma atividade promovida em um centro de autoa- cesso, de Borges, tem como objetivo central identificar de que maneira sítios de aprendizagem de língua inglesa podem ajudar os alunos a aprender por meio de atividades mediadas pelo computa- dor em um centro de autoacesso denominado de “Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA3)” da Universidade Federal do Pará, campus Belém. À luz da abordagem de autonomia, das Tecnologias da Informação e Comunicação, dos centros de autoacesso e da aprendizagem de línguas por meio de sítios, os dados do artigo foram gerados a partir de uma oficina sobre recursos tecnológicos ministrada para alunos de Letras-Inglês. Onze alunos participaram dessa oficina, porém, apenas, cinco responderam ao questionário final, enviado após o término da oficina. O capítulo ressalta que a potencialidade das tecnologias e dos sítios ajudaram os alunos a aprenderem a língua alvo de maneira autônoma. O capítulo 3, YouTube channels as a tool to develop liste- ning comprehension in English as a Foreign Language (EFL): a pedagogical proposal, de Coelho, descreve duas propostas peda- gógicas com a utilização de vídeos do canal YouTube para alunos de inglês de níveis iniciante e intermediário desenvolverem a com- preensão oral. O capítulo traz diversas concepções de compreensão oral, aprendizagem de línguas mediada por computador e de ela- boração de atividades encontradas na literatura. Coelho identifica XVApresentação que os vídeosdeste canal representam uma rica fonte de ensino e aprendizagem para a compreensão oral em inglês, tanto para alu- nos, como para professores. O capítulo 4, The use of Whatsapp in an ESP approach: teaching a functional language, de Silva, tem por objetivo discutir atividades de produção oral baseada na abordagem de Inglês para Fins Específicos aplicada a alunos de inglês do Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) da Universidade Federal do Pará, utilizando o aplicativo Whatsapp Messanger. As atividades foram desenvolvidas a partir da realização de uma análise de necessidades. Os resultados mostram que a tecnologia foi uma ferramenta importante para esse contexto, tanto para o professor, como para o aluno, no processo de ensino e aprendizagem de inglês. O capítulo 5, O celular em sala de aula: de vilão a aliado, de Madureira, apresenta uma atividade baseada na sequência didática para alunos do curso de graduação Letras-Português da Universidade do Estado da Bahia, com o uso do telefone celular, por meio do apli- cativo Whatsapp. Essa atividade foi integrada à disciplina curricular do Curso Leitura e Semiótica. Nesse cenário, insere-se a utilização do telefone celular como uma potente ferramenta no ensino-aprendi- zagem de língua portuguesa por meio da abordagem da Semiótica. O capítulo 6, Ferramentas tecnológicas para otimização da vida acadêmica – alguns resultados obtidos com alunos do curso de Letras–Língua Inglesa da Universidade do Estado do Pará (UEPA), de Silva, relata a elaboração e a aplicação de um mini- curso, com carga horária total de cinco horas, ministrado a dezenove alunos de graduação de inglês da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Esse minicurso teve como objetivo a utilização de ferramen- tas tecnológicas, como, por exemplo, softwares, apps, website, para os alunos aprimorarem suas pesquisas e suas habilidades de escrita XVI Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos acadêmica, organizarem suas anotações e seus estudos, entre outras ações necessárias para o contexto acadêmico. O capítulo 7, O feedback como elemento de imersão em aprendizagem gamificada, de Bulhões, Almeida e Signoretti, trata o papel e a importância do feedback para alunos adolescentes com dislexia por meio de gamificação da aprendizagem de leitura. A pes- quisa versou que o feedback fomenta a autonomia e a motivação do aluno com dislexia, ajudando-o a reconhecer seu próprio erro e aprender a partir dele. Sendo assim, a gamificação é um poderoso instrumento pedagógico que ajuda este aluno em particular a apren- der a ler de maneira consciente e reflexivamente. O capítulo 8, Projeto de Extensão Elaboração de materiais pedagógicos para o ensino e a aprendizagem de língua inglesa: um relato de experiência, de Macedo, tem por objetivo apresentar as impressões de cinco alunos-voluntários do Projeto de Extensão Elaboração de Materiais Pedagógicos para o Ensino e a Aprendizagem de Língua Inglesa, com foco no processo de criação do do site TEAM- Teaching Materials e dos materiais pedagógicos (atividades, jogos, textos e sugestões de sites) nele contidos, destinados aos professores de inglês da Educação Básica. Pesquisa de cunho qualitativo reali- zada entre novembro de 2018 a janeiro de 2019, cujos dados foram gerados por meio de uma entrevista e de um questionário de per- guntas abertas. O capítulo 9, Science and English: the importance of translation for scientific knowledge, de Santos, objetiva inves- tigar o uso da língua inglesa e da tradução automática em textos acadêmicos da Faculdade de Oceanografia da Universidade Federal do Pará. O universo da pesquisa, desenvolvida no primeiro semes- tre de 2018, envolveu oito participantes – dois alunos de graduação, quatro alunos de pós-graduação e dois professores da Faculdade. XVIIApresentação Para tal, o autor realizou a entrevista como instrumento de geração dos dados. Os resultados obtidos ressaltam a importância da língua inglesa e da tradução automática pelos participantes da pesquisa no contexto acadêmico. O autor conclui que a tradução automática é uma ferramenta importante usada, com frequência, por esses parti- cipantes, para ter acesso aos textos de Oceanografia publicados em todo mundo e, com menos frequência, publicar artigos no exterior. Concluindo o e-book, o capítulo 10, Ensino híbrido em evidência: análise e reflexões sobre aulas de linguagens no modelo de rotação por estações de aprendizagem, de Silva Neta e Capuchinho, tem como objetivo apresentar uma experiência com trinta alunos de língua portuguesa do ensino médio da cidade de Porto Nacional, Tocantins, a partir da abordagem de rotação por esta- ções, com foco no ensino híbrido. Essa experiência teve como temá- tica a polissemia. As autoras também destacam no artigo reflexões dos alunos e da professora da turma para o modelo de rotação por estações, além dos desafios e das possibilidades para o ensino híbrido. Finalmente, agradeço aos autores dos artigos por atende- rem ao “chamado” a publicarem e compartilharem suas pesquisas neste e-book. Agradeço, também, à Professora Dra. Maria Ataíde Malcher, da Universidade Federal do Pará, pelo seu espírito acadê- mico e apoio, e à Editora Intercom pela oportunidade de publicação que nos possibilitou dividir nossas experiências com o público leitor interessado em Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação e Metodologias Ativas. Boa leitura! Marcus de Souza Araújo (UFPA) (Organizador) PREFÁCIO Sinto-me muito honrada ao escrever o prefácio deste livro por várias razões. A primeira delas é por que venho acompanhando o trabalho do Prof. Dr. Marcus de Souza Araújo e seu crescimento e amadure- cimento acadêmico desde que nos conhecemos no XV Seminário Nacional do Projeto de Inglês Instrumental em Universidades e Escolas Técnicas Brasileiras e III Seminário Nacional de Línguas Instrumentais, realizado na Universidade de Santa Cruz, em 2001. O professor Marcus (nosso Marquinho) sempre destacou-se por sua busca incessante por excelência na educação, mais especificamente no ensino-aprendizagem de língua inglesa, e seus trabalhos têm um traço em comum: a atualidade. Suas pesquisas são embasadas, ao mesmo tempo, na fundamentação teórica seminal sobre o assunto e em teorias/achados de “última geração”, “saídos do forno” ou ainda “no prelo”. Inicialmente voltado para o ensino de línguas para fins específicos, prioritariamente de leitura para fins acadêmicos, com foco posterior em estudos envolvendo a análise de materiais didá- ticos e formação de professores, em 2017, Marcus deixa seu “marco” incontestável na Linguística Aplicada. Sua tese de doutorado em XX Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem intitulada Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para Fins Educacionais na Formação Inicial de Professores de Inglês (PUCSP) investigou o uso pedagógico dessas tecnologias no curso de Letras-Inglês de uma universidade pública no estado do Pará. A partir desse estudo, o autor corrobora a importância da inclusão das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na formação do professor no curso de Letras-Inglês com vistas a torná-lo consciente das possibi- lidades de uso de tais tecnologias para fins didáticos e, consequen- temente, confiante o bastante para transformar-se em “um agente ativo e reflexivo em seu fazer pedagógico por meio das tecnologias” (ARAÚJO, 2017, p. 210; 212). Nesse sentido, este livro representa possibilidades de mani- festação desse saber pedagógico imprescindível na era digital. Aqui observa-se o imbricamento da teoria na prática e da prática na teoria, tão perseguido na academia. Artigos que abordam desde a própria integração das tecnologias ao currículo de cursos de formação inicial de professores de inglês; a influência de atividades mediadas pelo computador na aprendizagem de língua estrangeira (LE); atividades práticascom a utilização de vídeos disponíveis no YouTube para o desenvolvimento de compreensão oral em LE; o uso de aplicativos, celulares e gamificação como aliados no processo de ensino-apren- dizagem até o ensino híbrido enquanto metodologia ativa transpor- tam-nos para a escola do século XXI. Diante do exposto, fica evidente a importância desta obra para a formação inicial e em serviço não apenas de professores de línguas estrangeiras, mas de docentes que atuam e atuarão em um contexto completamente diferente daquele no qual eles próprios foram ou estão sendo formados. Nossos alunos, como nós, vivem XXIPrefácio inseridos no mundo digital e negar a eles esse acesso na escola é caminhar na contramão da história. Finalizo este prefácio lembrando a segunda razão pela qual tive imenso prazer em aceitar o convite para escrevê-lo: meu cari- nho pelo grande amigo, companheiro de doutorado e de muitos congressos, Marcus Araújo. Que este seja apenas o início da nossa jornada a caminho da escola do século XXI e que você, leitor, pense nos artigos desta obra como a terraplanagem de uma longa estrada a ser percorrida. Boa leitura!!! Maria Aparecida Gazotti-Vallim REFERÊNCIA ARAÚJO, Marcus de Souza. Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para Fins Educacionais na Formação Inicial de Professores de Inglês. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. SUMÁRIO Apresentação Prefácio Capítulo 1: Tecnologias no curso de Letras- Inglês: práticas pedagógicas Marcus de Souza Araújo Capítulo 2: Aprendizagem de língua inglesa mediada por sítios: uma atividade promovida em um Centro de Autoacesso Kleiton de Souza Borges Capítulo 3: YouTube channels as a tool to develop listening comprehension in English as a foreign language (EFL): a pedagogical proposal Victor Hugo da Silva Coelho XI XIX 27 51 79 Capítulo 4: The use of Whatsapp in an ESP approach: teaching a functional Language Gabriel Ferreira da Silva Capítulo 5: O celular em sala de aula: de vilão a aliado André Luiz Gaspari Madureira Capítulo 6: Ferramentas tecnológicas para otimização da vida acadêmica – relato de experiência na Universidade do Estado do Pará (UEPA) Erika Suellem Castro da Silva Capítulo 7: O feedback como elemento de imersão em aprendizagem gamificada Jailma Bulhões Campos Ana Margarida Pisco Almeida Alberto Signoretti Capítulo 8: Projeto de extensão “elaboração de materiais pedagógicos para o ensino e a aprendizagem de língua inglesa”: um relato de experiência Tatiana S. de Macedo 99 117 147 167 189 Capítulo 9: Science and English: the importance of translation for scientific knowledge Daniel Carmo Santos Capítulo 10: Ensino híbrido em evidência: análise e reflexões sobre aula de linguagens no modelo de rotação por estações de aprendizagem Mariana da Silva Neta Adriana Carvalho Capuchinho 215 249 1 TECNOLOGIAS NO CURSO DE LETRAS-INGLÊS: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Marcus de Souza Araújo (Universidade Federal do Pará) 1. INTRODUÇÃO Os cursos de Letras-Inglês tornam-se ambientes férteis de formação de professores na tentativa de conduzir seus alunos a entenderem, indagarem e investigarem suas ações, e serem conscientes para pos- síveis soluções e mudanças em seus futuros contextos a partir das necessidades de seu público-alvo. Entendo ações como as escolhas que todo professor precisa realizar em seu contexto educacional para poder torná-lo prático e motivador para o aluno. Dessa forma, as escolhas podem estar relacionadas ao Projeto Pedagógico, ao cur- rículo, ao conteúdo programático, às metodologias, às abordagens e ao material didático que melhor se adapte à prática pedagógica do professor. Sob esse enfoque, amparando-me no pensamento de Celani e Barros (2016, p. 50), complemento a noção de ações, salientando que o professor ainda precisa apresentar “domínio do 28 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos conteúdo ensinado, vasto conhecimento tecnológico, que seja capaz de realizar tarefas complexas e simultâneas [...] e definir as melhores estratégias para alcançar os objetivos que almeja.” A formação de professores está diretamente relacionada com a ação-reflexão (FREIRE, 1975/2010) e não exatamente a um modelo de regras ou de teorias descontextualizadas que precisam ser memo- rizadas ou decoradas de maneira passiva. Preciso incentivar meu aluno, em formação inicial, a investigar e a refletir sobre a sua (futura) docência, a sua (futura) ação (FREIRE, 1995/2014), para que seja com- petente em “observar(-se), questionar(-se), pesquisar(-se), organizar ideias, interpretar e reinterpretar continuamente, problematizando, sempre.” (RAMOS; FREIRE, 2009, p. 33). Além disso, penso, no momento, no impacto das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) no sistema educacio- nal. Quais contribuições as tecnologias podem trazer para o ensino- -aprendizagem de diferentes gerações de crianças, jovens e adultos? Possivelmente, esse seja o maior desafio dos Cursos de Letras no Brasil na atualidade, ou de qualquer curso de licenciatura, a saber, inserir em seus Projetos Pedagógicos (PP)1, disciplinas curriculares acadêmicas diretamente ligadas à formação tecnológico-digital e pedagógica do futuro professor de línguas estrangeiras. Conforme destacam Veen e Vrakking (2009), Prensky (2010, 2012, 2015), Kenski (2012, 2013), Fava (2014, 2016), entre outros, a gera- ção digital não se adapta ao modelo de educação tradicional, no qual o professor fala, ministra sua aula, como se fosse um palestrante, e 1 O Comitê Gestor da Internet no Brasil (2016) aponta que as TDIC não ocupam posição central nos PP na maioria das escolas (incluo também as universidades e as faculdades brasileiras) ou não são mencionadas ou ocupam posição secundária entre as priorida- des e as estratégias pedagógicas. 29Tecnologias no curso de Letras-Inglês o aluno, sentado, comportadamente, escuta-o, de maneira passiva. Os tempos mudaram e as pessoas, também. Afinal, a nova gera- ção de crianças e de jovens deseja interagir, compartilhar, sentir-se desafiada, usar e incorporar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) diariamente, frequentemente, para nave- gar, encontrar informação, compartilhá-la, postar vídeos e fotos em redes sociais e aplicativos, usar o telefone celular para se comunicar, enviar mensagem, jogar, entre outras atividades. Em outras palavras, a informação e as variedades de aplicativos estão disponíveis por meio de apenas um clique ou de um toque na tela do celular na era digital (BATES, 2016; FAVA, 2016). Nesse cenário, como a escola e a universidade desejam que seus alunos sejam educados no ambiente analógico, se o mundo real é digital? Cria-se, assim, um confronto hierárquico, didático e metodológico, apenas para mencionar alguns pontos, entre o pro- fessor/escola/universidade e o aluno, que é visto como indiscipli- nado, rebelde, bagunceiro, tagarela durante todo o período da aula, desmotivado, desatento e não consegue aprender; ao passo que o professor é considerado chato, estressado, dominador, fala o tempo todo e não dá uma aula interessante. Desse modo, saber lidar com essa nova geração de alunos é um desafio para a maioria dos professores e para as escolas/universi- dades brasileiras. Integrar e mediar as TDIC em práticas pedagógicas no contexto educacional não é tarefa fácil, pois exige colaboração de todos os agentes do sistema, desde o diretor/reitor, o coordenador pedagógico até o professor bem como o aluno, e por que não acres- centar também o Governo, nas esferas municipal, estadual e federal. Não basta um professor realizar um trabalho isolado, se os demais atores não estão integrados, conectados. A mudança ocorrerá com a participação ativa e efetiva de todos os atores da Educação. 30 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos Nessa perspectiva de integraçãodas TDIC com a formação do professor de inglês, o presente artigo tem por objetivos (a) apre- sentar os tipos de tecnologias que estão integradas ao currículo do curso de Letras-Inglês de uma faculdade de uma universidade fede- ral do norte do país; e (b) identificar as atividades que o aluno realiza por meio de as tecnologias nesse Curso. Para desenvolver minha proposta, organizo este artigo em cinco seções, além desta introdução. Apresento, inicialmente, o arcabouço teórico sobre as TDIC e suas relações com a formação do professor. Em seguida, passo a descrição do percurso metodoló- gico desenvolvido para esta pesquisa. Posteriormente, trago a aná- lise dos dados a partir dos informantes do curso de Letras-Inglês da Faculdade em foco. Por fim, teço algumas considerações sobre os desdobramentos da pesquisa. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Moran (2012) aponta que o domínio pedagógico das TDIC pelo pro- fessor não é uma tarefa fácil, porém complexa, e que precisa ser considerada a longo prazo. É um trabalho diário, de parceria, entre as instituições de ensino e o professor, pois, juntos, podem propor mudanças pontuais imediatas, para, no futuro, tomarem decisões significativas e inovadoras, em relação à prática de sala de aula. Nesse caso, conforme alerta Moran (2012, p. 90), “não basta ter acesso à tec- nologia para ter domínio pedagógico. Há um tempo grande entre conhecer, utilizar e modificar processos.” Ainda de acordo com Moran (2012), no cenário educacional, as formações técnica e pedagógica do professor, juntas, são impor- tantes para que, de fato, possa acontecer uma inovação tecnológica 31Tecnologias no curso de Letras-Inglês digital, seja no contexto escolar, seja no acadêmico ou no profissio- nal. Mais especificamente a formação técnica possibilita ao professor ter competência para o uso de interfaces tecnológicas digitais, ao passo que a formação pedagógica propicia ao professor correlacio- nar a sua área de conhecimento com as múltiplas ferramentas tec- nológicas digitais disponíveis, tanto on-line, como off-line. Esse autor ressalta também que a formação do professor não deve ser pontual, mas de maneira contínua e processual. Acredito que, dessa forma, o professor se torna competente para aprender e usar, na prática, as TDIC de maneira reflexiva de acordo com suas necessidades e de seus alunos. Possivelmente, também, estará motivado a repensar a sua prática e a metodologia de ensino, além do Projeto Político- Pedagógico da escola. Considerando a situação descrita acima, Fantin e Rivoltella (2013) defendem também a articulação entre os conhecimentos técnico e pedagógico, pois saber operar determinadas TDIC não implica, necessariamente, em saber operacionalizá-las pedago- gicamente. A partir dessa implicação, a ação do professor deve voltar-se para a avaliação reflexiva de instrumentos digitais que melhor se configurem em seu contexto de ensino-aprendizagem, “o que demanda formação no sentido da aquisição e da constru- ção de habilidades técnicas instrumentais, ao lado das reflexivas e metarreflexivas” (FANTIN; RIVOLTELLA, 2013, p. 134). Por essa razão, concordo com Porto (2013) quando afirma que para se desenvolver o conhecimento e uso das TDIC, é necessária uma formação conti- nuada constante. Logo, penso em uma formação reflexiva em que as TDIC pos- sam fazer sentido de criação, invenção, motivação e inovação (LEVY, 1993) para a prática docente, e não se constituírem em um comple- mento, um acessório, para as atividades de sala de aula. Como afirma 32 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos Alves (2014), não basta oferecer a mesma metodologia, o mesmo procedimento e objetivos, com roupagens novas ou as antigas camufladas. Fazem-se necessárias novas mudanças de ações e de pensamento do professor. Sob esse enfoque, percebo, assim, ao lado de Silva (2017), a importância do planejamento do trabalho pedagó- gico do professor por meio de uso das tecnologias como forma de tomada de decisões sistemáticas, reflexivas e contínuas, que possam superar “as práticas conservadoras e cristalizadas de ensinar, apren- der e avaliar” (SILVA, 2017, p. 37). De acordo com essas premissas, conforme bem explicita Dudeney, Hockly e Pegrum (2016), a formação tecnológica do pro- fessor é mais que relevante, pois: integrar tecnologias digitais à nossa prática de ensino sig- nifica que precisamos de novas habilidades, além das pura- mente pedagógicas. [...] Enquanto professores, devemos ter recebido pouco ou nenhum treinamento no uso das novas tecnologias, o que pode tornar assustador o pensamento de usá-las com nossos alunos. [...] Contudo, [...], a Internet fornece grande soma de oportunidades para o desenvolvi- mento de nossas habilidades. (DUDENEY; HOCKLY; PEGRUM, 2016, p. 305). A esse respeito, o pensamento de Bates (2016) converge com o de Alves (2014), que reconhecem a formação do professor em TDIC como relevantes e como ponto de partida para a flexibilização, cons- cientização e integração pedagógicas de novas ações no processo de ensino-aprendizagem, pois “a presença e o uso educativos destas tecnologias não significam, por si mesmas, uma garantia de quali- dade” (PABLOS, 2006, p. 74). Na perspectiva de Moran (2012, 2013), as TDIC trazem novos desafios e grandes possibilidades para o ensino, tanto para o 33Tecnologias no curso de Letras-Inglês professor, como para a escola (também incluo a universidade), pois ambos precisam sair do centro do conhecimento para integrarem as TDIC, de maneira participativa, reflexiva e crítica entre os alunos. Afinal, com bem destaca Kalantzis e Cope (2012), os professores da contemporaneidade precisam fomentar ambientes e diversas opor- tunidades de aprendizagem para os alunos poderem assumir, assim, a responsabilidade por seu próprio processo de aprendizagem por meio do uso de novas tecnologias e mídias digitais. Assim sendo, concordo com Sancho (2006) ao admitir que os usos das TDIC, em si mesmo, como instrumentos educativos, não mudam as práticas docentes profundamente enraizadas em situa- ções pedagógicas tradicionais; não obstante, “estas práticas acabam domesticando as novas ferramentas” (SANCHO, 2006, p. 36). Faz-se relevante mencionar que a formação inicial do profes- sor esteja cada vez mais próxima com as necessidades locais e os contextos didático-pedagógicos de cada professor, considerando, também, as especificidades das TDIC para o ensino-aprendizagem. Como Kenski (2012a; 2012b), Moran (2012; 2013), Prensky (2015) e Bates (2016) declaram, as TDIC são importantes para a educação do futuro, porém, sozinhas, não podem resolver todos os problemas decorrentes do ensino-aprendizagem. Penso no papel que cada professor assume em seu próprio contexto de ensino, com suas próprias necessidades, razão pela qual não se pode pensar em práticas pedagógicas globais para uso das TDIC, mas em práticas locais, que atendam as especificidades de cada sala de aula e de cada grupo de aluno. Fato que me leva a con- cordar com Masetto (2013, p. 143) ao pontuar que “nem todos apren- dem do mesmo modo, no mesmo ritmo e ao mesmo tempo.” Assim sendo, o ensino com as TDIC pode respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem de cada aluno e os diferentes contextos. 34 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos Advogo, portanto, por políticas públicas governamentais e institucionais que possam convergir e dialogar com a realidade edu- cacional do professor, para fornecer uma formação adequada, para o uso reflexivo das TDIC. As escolas, também, precisam disponibilizar mais verbas para essa formação, e não modernizar os laboratórios de informática, quando tem, com computadores e programas de última geração, ou disponibilizar tablets, se o professor não consegue ope- racionalizar, conscientemente, todos esses artefatos. A partir dessa visão, os professores precisam estar motiva- dos e confortáveis para usarem as TDIC, como aliadas, não contraou à margem delas (GÓMEZ-GRANELL; VILA, 2013), da maneira que desejarem, em seus respectivos contextos de ensino-aprendizagem. Sua formação passa por uma cultura de ordem técnica, instrumen- tal, funcional e, também, social, não sendo mais apropriado em se falar de uma tecnofobia. Sob esse enfoque, conforme complementa Gilleran (2006), nos dias atuais, muitos professores dispõem de habilidades suficientes para se sentir cômodos com o uso do computador e da Internet como parte de suas aulas, mas muitos ainda têm dúvidas sobre a melhoria pedagógica real que sua utilização pode significar. (GILLERAN, 2006, p. 86). Diante do exposto, precisa-se pensar em um web educador, um profissional que atua no contexto educacional, com formação especializada e habilidades de uso funcional e pedagógico em TDIC. Em outras palavras, o web educador estará familiarizado e se apro- priará de maneira consciente, crítica e reflexivamente das TDIC para melhor intervir, melhorar, aperfeiçoar e reconstruir sua prática didá- tico-pedagógica, na tentativa de conhecer o potencial contexto que irá gerenciar, para não exercer um ensino tradicional, limitado. 35Tecnologias no curso de Letras-Inglês 3. METODOLOGIA DA PESQUISA O objetivo deste artigo é apresentar os tipos de tecnologias que estão integradas ao currículo do curso de Letras-Inglês de uma Faculdade de uma universidade federal do norte do país, campus Belém, e identificar as atividades que o aluno realiza por meio de as tecnologias nesse Curso. Frente ao exposto, minha pesquisa busca responder às seguintes perguntas: “Quais tecnologias são integradas ao currículo do curso de Letras-Inglês?” e “ Quais atividades o aluno mais realiza por meio das tecnologias no curso de Letras-Inglês?”. Esta pesquisa busca construir um conhecimento sistemá- tico de um caso em particular, em um contexto natural, a partir da percepção e compreensão de determinados atores sociais. Nessa direção, enquadra-se em uma abordagem de pesquisas qualitativa e quantitativa, constituindo-se em um estudo de caso, mais precisa- mente com a Linguística Aplicada (LA), uma área de pesquisa envol- vida com a linguagem e a educação, na visão de Pennycook (2010). Yin (2015) entende estudo de caso como uma abordagem qualitativa e quantitativa de natureza empírica que busca compreen- der um caso contemporâneo a partir de um ambiente ou um con- texto da vida real. Sendo assim, conforme Stake (1995), esse tipo de estudo também é denominado de pesquisa naturalística, na qual “o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, buscando apreender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto” (MARTINS, 2008, p. xi), ou seja, o pesquisador atua como um obser- vador e um analisador de casos que ocorrem ao seu redor. Os dados desta pesquisa foram gerados a partir da aplicação de um questionário com perguntas abertas e fechadas, elaborado pelo professor-pesquisador do curso de Letras-Inglês e coordenador 36 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos de um projeto de pesquisa sobre letramentos digitais, discutido e revisado juntamente com os membros de seu grupo de pesquisa2. O questionário está dividido em três partes: dados pessoais, formação educacional e uso das tecnologias, respectivamente. Em relação à ter- ceira parte do questionário, há duas subdivisões, a saber, tecnologias no cotidiano e tecnologias no contexto acadêmico. Para a realização deste artigo e por motivos de espaço, serão apresentados os dados, apenas, da segunda subdivisão da terceira parte do questionário. Nesta subdivisão, tecnologias no contexto acadêmico, teve como objetivos conhecer as tecnologias que o aluno leva para a sala de aula como forma de facilitar sua aprendizagem, saber quais tec- nologias são as mais utilizadas pelo seu professor no Curso de Letras- Inglês, identificar as atividades acadêmicas realizadas pelo aluno, saber se o Curso promove a integração das tecnologias na forma- ção do aluno e se este sente confiante para usar as tecnologias no ensino de inglês, e conhecer a visão dos alunos a respeito de o quê eles entendem por letramento digital. Este último objetivo não será apresentado e discutido neste artigo, mas em outra oportunidade. Não obstante, quando necessárias, algumas informações serão men- cionadas de outras partes desse questionário para efeito de esclare- cimento dos dados. Vale salientar que o questionário foi elaborado por meio de a ferramenta Google Docs na tentativa de facilitar o acesso imediato 2 Meus agradecimentos especiais para Ana Carolline Tavares Leal, Gabriel Gomes da Silva, Gabrielle Ribeiro Morais, Leonardo de Oliveira Andrade, Luane Karolain Santana Prado, Monica Cristina Carneiro da Silva, Patrícia Cantão Gonçalves, Renata Evellyn Ferreira Oliva, Victor Miranda Rodrigues e Willian Roan Araújo de Castro, membros do grupo de pesquisa “Tecnologias no currículo do curso de Letras-Inglês: implicações para práticas de letramentos digitais”, sob minha coordenação. 37Tecnologias no curso de Letras-Inglês para o aluno respondê-lo no seu tempo disponível3. Ademais, o questionário foi disponibilizado pelo grupo de WhatsApp que cada professor do Curso de Letras-Inglês criou com seus alunos de suas respectivas disciplinas curriculares. O sítio do questionário ficou dis- ponível para acesso do aluno de outubro a dezembro de 2018, tota- lizando, assim, oito turmas, quatro do turno matutino e quatro do turno noturno. No período de geração dos dados desta pesquisa, o Curso de Letras-Inglês da Faculdade em questão tinha 258 alunos com matrí- culas efetivas. Não obstante, 35 alunos, apenas, responderam ao questionário, ou seja, 68,6% do turno matutino e 31,4%, do noturno. Esses alunos variam de idade de 18 a 50 anos, com a maior parte pertencente ao sexo feminino (60% dos alunos), seguidos do sexo masculino (37,1%) e de “outros” (2,9%), distribuídos desde o pri- meiro até o último semestre do curso, exceto o terceiro semestre, não teve alunos participantes, como podem ser visualizados no gráfico 1. Gráfico 1: Semestre aluno-curso Fonte: Elaborado pelo autor. 3 O sítio do questionário é https://docs.google.com/forms/d/1LxkJbj9JHnzLr4DKv5-PERZ ZNVQ-x_1LIFj4cfl8dmo/edit?usp=drivesdk 38 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos A seguir, apresento os resultados e as inferências da análise dos dados. 4. ANALISANDO OS DADOS Os dados da pesquisa revelam que os alunos do curso de Letras- Inglês usam as tecnologias com frequência em seus dia a dia para diferentes propósitos, desde estudar/pesquisar (100%), aprender inglês (82,9%), realizar download (música, vídeos, filmes, livros, novos aplicativos, etc.) (94, 3%) a criar e atualizar blogs, e conversar através do Skype, com 14,3% cada. Essas informações revelam que os parti- cipantes apresentam familiaridade com o uso das tecnologias, usan- do-as para diferentes fins, seja de entretenimento, como, também, acadêmico, de acordo com seus interesses, ou seja, são alunos que nasceram inseridos na era tecnológica ou tiveram que se adaptar as suas funcionalidades para o mundo contemporâneo. Essas gerações de alunos estão mais expostas constante- mente às TDIC por seu fácil acesso e também por serem ferramentas gratuitas, na maioria das vezes, o que permite os alunos dominá-las com certa propriedade. Isso posto, a disponibilização e as diversida- des das TDIC disponíveis no campo educacional atual para professo- res, me leva a concordar com Ribeiro (2018, p. 79) ao asseverar que “não cabe mais discutir se vamos usar. O debate se nutre de questões sobre como e quais ferramentas ou linguagens empregar, para tais ou quais objetivos e funções.” (grifos da autora). No que se refere à opinião dos alunos em relação se levam e utilizam alguma tecnologia em sala de aula, os dados mostram que 94,3% afirmaram positivamente, como ilustram os seguintes depoi-mentos a seguir: 39Tecnologias no curso de Letras-Inglês Excerto 01: Sempre que preciso, utilizo o celular para pesquisar algo que foi dito em aula que não conheço como autores, livros, con- ceitos, etc. Também utilizo para procurar palavras ou expressões idiomáticas que não tenho familiaridade em dicionários online. Sempre que preciso, utilizo o celular para pesquisar algo que foi dito em aula que não conheço como autores, livros, conceitos, etc. Também utilizo para procurar palavras ou expressões idiomáticas que não tenho familiaridade em dicionários online.Sempre que preciso, uso o celular para pesquisar algo que não conheço em sala de aula, como autores, livros, conceitos, etc. Também utilizo para procurar palavras ou expressões idiomáticas que não tenho familiaridade em dicionários on-line. Excerto 02: Uso o celular, pois a universidade possibilita o acesso ao Wi-Fi. Isso facilita a pesquisa. Excerto 03: Uso o computador da sala, às vezes. Excerto 04: Uso o notebook e celular. Excerto 05: Uso o projetor de slides da sala de aula para apresen- tar trabalhos. Excerto 06: [...] permite que se trabalhe todas as habilidades (liste- ning, speaking, reading, and writing) de modos diversos [...]. Para os participantes da pesquisa, as tecnologias se fazem presentes no contexto de sala de aula, seja trazida pelo aluno, como celular e notebook, seja a disponibilizada pela Faculdade/ Universidade, como computador, Internet e projetor de slides. É válido ressaltar que todas as salas de aulas da Faculdade são equipa- das com um computador, um projetor de slides e acesso à Internet. 40 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos As considerações dos alunos estão em consonância com o pensamento de Prensky (2010, 2012, 2015) ao salientar que a tecno- logia pode se constituir uma aliada favorável para o aluno na esfera educacional pelo fato de conhecer e de dominar sua função e sua instrumentalização para o entretenimento, por estar cada vez mais presente em seu cotidiano. Para esse autor, trazer as tecnologias para o contexto escolar/acadêmico do aluno é permitir sua inclusão digi- tal e torná-lo um cidadão participativo e reflexivo no mundo con- temporâneo, ou seja, “[...] podem permitir ensinar melhor e mais efi- cazmente; ou podem favorecer o aprendizado de forma mais fácil ou mais eficiente.” (RIBEIRO, 2018, p. 73). Assim, os excertos mencionados anteriormente levam-me a deduzir que as TDIC podem ajudar o aluno a realizar atividades pedagógicas diversas de inglês no contexto da educação da era digi- tal, modificando e alterando sua aprendizagem, para que se possa manter seu interesse e sua motivação na universidade. Por outro lado, 5,7% dos alunos da pesquisa relatam não levar qualquer tecnologia para a sala de aula, como, por exemplo, o celular. A razão apontada por esses alunos está relacionada ao medo de serem roubados. O que se pode observar aqui é um fator social interferindo no educacional. A partir do momento que se tenham políticas públicas que assegure ao cidadão brasileiro seu direito à segurança, os alunos se sentirão mais seguros em andar pelas ruas e no transporte público-coletivo com seus aparelhos eletrônicos. Ao refletirem sobre as atividades que os alunos mais realizam por meio das tecnologias no Curso de Letras-Inglês, fazer pesquisa na Internet foi a mais identificada entre eles, com 97,1%, seguidas de estudar para alguma disciplina (71,4%), além de estudar e praticar alguma habilidade linguística de inglês (ler, ouvir, falar e/ou escre- ver) (71,4%). Somente 2% dos alunos assinalaram a opção “outros” 41Tecnologias no curso de Letras-Inglês apontando para a tradução de legendas do inglês para o português. No entanto, os alunos não especificaram que tipo de tradução reali- zam se de músicas, textos ou filmes, por exemplo. O gráfico 2 mostra os dados apontados pelos alunos da pesquisa. Gráfico 2: Atividades acadêmicas com tecnologias. Fonte: Elaborado pelo autor. Por meio da análise do Gráfico 2, pode-se observar que as TDIC estão integradas à vida acadêmica dos alunos no Curso, e não à margem, pois realizam diversas atividades para aprenderem inglês. O que nos leva a apontar para a necessidade de a sala de aula tornar- -se uma extensão do mundo digital vivido pelo aluno, o que ajudaria a mantê-lo ocupado. Essa realidade confirma a tese apontada por Leffa (2016, p. 82) ao reforçar que “a sala de aula não é uma redoma de vidro, isolada do mundo, e o que acontece dentro da sala de aula está condicionado pelo que acontece lá fora”. Os dados também mostram que realizar trabalhos acadêmi- cos com colegas de turmas a distância (60%) e fazer cursos a distância (11,4%) torna-se uma realidade presente entre os alunos da pesquisa. Percebe-se uma conscientização dos alunos da pesquisa com o uso das TDIC como forma de agilizar o processo de aquisição imediata da informação, em relação aos cursos a distância, por exemplo. Usar a 42 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos tecnologia para realizar trabalhos com colegas virtualmente nos dias de hoje, é pensar nas TDIC como interfaces protagonistas, para apri- morar o ensino e os propósitos de aprendizagem, além de encurtar a distância entre os alunos, que, na maioria das vezes, não podem estar presencialmente aos encontros de grupo, por morarem distan- tes uns dos outros. Assim sendo, a tecnologia aproxima as pessoas a se encontrarem no tempo e espaço que desejam. Com as tecnologias, o ensino-aprendizagem de inglês pode tornar-se um instrumento funcional de comunicação autêntica, pois o aluno pode estudar de forma independente, aprendendo com ferramentas digitais que o ajudam a praticar a língua inglesa e tor- nar-se mais proficiente. Como afirma Celani (2010, p. 131), [...] um curso de preparação de professores de língua (materna ou estran- geira) deve capacitar os futuros professores a serem proficientes na língua que vão ensinar, [...].” Assim como as tecnologias estão em constate mudança, a língua é viva e precisa também acompanhar essa mudança. O Curso parece está em consonância com as necessidades de aprender das novas gerações de aluno fomentando novas práticas de aprendizagem, levando 60% dos alunos a afirmarem que existe uma integração das tecnologias com sua formação como futuros professores de inglês, como mostram os comentários a seguir. Excerto 07: Existe uma disciplina de tecnologias no ensino e apren- dizagem de inglês. Excerto 08: O curso nos incentiva a utilizá-las (as tecnologias) em sala de aula. Excerto 09: Há incentivo dos professores. 43Tecnologias no curso de Letras-Inglês Excerto 10: Vê a utilização de material didático nas disciplinas me incentiva a fazer o mesmo, usufruindo da tecnologia presente em sala de aula. Excerto 11: porque a usamos para melhorar o aprendizado. Sem dúvida, o aluno do curso percebe a importância de usar a tecnologia em sua formação como futuro professor de inglês. Observa-se, por exemplo, no Excerto 07, a menção de uma disciplina específica sobre ensino-aprendizagem com tecnologias no currículo do curso de Letras-Inglês, que tem como objetivo central formar, reflexiva e criticamente, o aluno de inglês para o uso instrumental, funcional e didático-pedagógico das (e com as) TDIC. Ademais, fica evidente o incentivo para o uso dessas tecnologias em sala de aula, tanto pelo professor, como por atividades relacionadas às discipli- nas do currículo do curso. Por essa razão, concordo com Tajra (2019, p. 53) ao apontar que “ao utilizar recursos tecnológicos para realizar novas práticas pedagógicas, é importante determinar os objetivos e as metas que se desejam alcançar, além de avaliar os benefícios e limitações do uso da tecnologia no ensino.” Assim sendo, advogo a necessidade em considerar o impacto que essas tecnologias podem exercer no processo de ensino-aprendizagem e na formação cognitiva e social do aluno, ou seja, o foco não deveriaestar na competência técnica da ferra- menta digital, mas em suas competências funcional, operacional e pedagógica, de acordo com os objetivos de aprendizagem, o con- texto e a área específicos de cada professor. É relevante acentuar, assim, a reflexão para a integração pedagógica das TDIC na forma- ção de professores, para que as inovações pedagógicas possam, de fato, acontecer na sala de aula no contexto educacional brasileiro 44 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos de maneira consciente e criativa (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2015; BATES, 2016; TAJRA, 2019). Na sequência, os dados da pesquisa também apontam que 40% dos alunos reconhecem que alguns professores do curso ainda não usam as tecnologias em sua potência, como ilustrado pelos excertos a seguir: Excerto 13: Ainda não foi mencionado nada do tipo, mas acredito que possa ser usado. Excerto 14: Há uma tentativa por parte de alguns professores de utilizar as tecnologias em sala de aula, mas não posso dizer que o curso de Letras-Inglês promove isso em todas as suas aulas. Os relatos desses alunos apontam para a não-promoção sis- temática para uso das TDIC por todos os professores. Apesar dos alu- nos reconhecerem a importância de incluir no ensino de inglês as TDIC, parece não haver um consenso entre os professores do curso. Possivelmente, esse consenso pode existir em função de alguns professores não estarem familiarizados com o uso das TIDC em sala de aula ou terem resistência em usá-las. Posso, então, inferir, nessa concepção, que alguns professores do curso de Letras-Inglês da Faculdade em foco não se sente preparado o suficiente para incor- porar as TDIC em seus contextos de sala de aula. Diante dessas considerações, sou levado a deduzir que a resistência de professores em usar as TDIC no ensino-aprendizagem de inglês está, pontualmente, relacionada à falta de confiança, além do fato de talvez não serem usuários frequentes dessas tecnologias. Todavia, o que poderia tornar essa resistência menos acentuada seria oferecer cursos de formações tecnológica e pedagógica como base 45Tecnologias no curso de Letras-Inglês prioritária e central para os professores do curso de Letras-Inglês que não se sentissem confortáveis em usar as TDIC em suas salas de aula. O que me leva a concordar com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (2016, p. 19) ao ponderar que a formação torna-se mais que necessá- ria na tentativa de adequar os “professores nascidos e formados em outro momento para atuarem, compreenderem, intervirem e cons- truírem conhecimento no meio digital”. Esses dados complementam a confiança do aluno do Curso de Letras-Inglês para o uso das tecnologias no ensino da língua-alvo, em que 77,1% sentem-se motivados para esse uso, ao passo que 22, 9% não se sentem confiantes. O que me leva a corroborar novamente com os estudos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (2016, p. 97) ao relatar que “a formação inicial docente é o momento adequado para que os futuros profissionais se familiarizem com as TIC e com seus usos pedagógicos”. Diante de todo o exposto, convenço-me, cada vez mais, de que a formação tecnológico-digital e pedagógica do professor de inglês (em formação ou continuada) deveria constituir uma prática sólida e necessária para mudanças imperativas, sistemáticas em sua prática para o uso consciente, crítico e autônomo das TDIC. 5. À GUISA DA CONCLUSÃO A exposição realizada neste artigo revela que a formação pedagógica com o uso das TDIC é mais que substancial e recorrente no curso de Letras-Inglês. Observa-se um planejamento pontual entre os profes- sores para integrarem as tecnologias em seus ambientes de sala de aula, apesar dos dados mostrarem também que ainda há resistência de alguns desses professores não as usarem como ferramentas no 46 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos ensino-aprendizagem da língua-alvo. Nessa direção, faz-se necessá- ria a articulação de cursos pedagógico-tecnológicos para formar os professores do curso a usarem as TDIC como ferramentas de integra- ção em suas aulas. Não faz sentido esses professores estarem em um curso de formação, formarem professores e terem limitação de acesso de uso à tecnologia, ou por resistência, ou por não saberem usá-la. Um aspecto que gostaria de ponderar diz respeito ao conhe- cimento sobre tecnologias que o aluno do curso de Letras-Inglês já traz ao ingressarem na universidade. Os dados mostraram que diversas atividades são realizadas no dia a dia com o uso das tecno- logias e esse conhecimento se estende para as atividades acadêmi- cas. Assim sendo, o Curso promove a inserção das TDIC às disciplinas curriculares como forma de expor os alunos o que lhe é familiar fora da sala de aula, não ignorando a relação das tecnologias na vida de seus alunos. Nessa vertente, a necessidade da integração das tecnologias e das mídias digitais ao contexto acadêmico, como forma de incen- tivar e desafiar o aluno a analisar, criticar e compreender as suas significações e os seus sentidos para uma apropriação e interpreta- ção consciente dessas interfaces na cultura digital, “ensejando um currículo definitivamente significado por práticas culturais em que o digital faria denotar outras racionalidades que não a puramente tecnificada.” (ALONSO, 2017, p. 36). Sob esse prisma, a disciplina específica de tecnologia como disciplina do currículo do curso de Letras-Inglês assume um papel mais que relevante, pois oportuniza os alunos a refletirem e usarem pedagogicamente as TDIC para fins educacionais. Os alunos em for- mação usam as tecnologias com frequência no dia a dia, mas não se sentem preparados, confiantes, para usá-las como ferramentas edu- cacionais. Acredito, assim, que essa disciplina curricular cumpre com 47Tecnologias no curso de Letras-Inglês seu papel acadêmico, inserida em um curso de graduação, com o propósito de conduzir os alunos a refletir sobre como, por que, onde desejam chegar e em que nível as tecnologias podem ser usadas em seus contextos profissionais. Minha concepção não está no uso dogmático das TDIC, pois concordo com Kenski (2013, p. 96), ao afirmar que o uso das tecnolo- gias (digitais) “em sala de aula não é sinônimo de inovação nem de mudança nas práticas tradicionais de ensino.” Em outras palavras, as tecnologias, em si mesmas, não garantem mudanças pedagógicas potenciais no ensino-aprendizagem. A mudança efetuar-se-á no uso consciente e crítico que o professor fizer das tecnologias em seu con- texto de sala de aula, adaptando-as para os interesses locais e regio- nais de seus alunos. Vejo, assim, as TDIC como potenciais interfaces que podem integrar, pedagogicamente, as práticas do professor e tornar a aprendizagem do aluno motivadora. Nessa direção, a uni- versidade torna-se um ambiente participativo, desafiador e integra- dor para os aprendizes da era digital, com seus diferentes ritmos e níveis de aprendizagem. REFERÊNCIAS ALONSO, K. M. Cultura digital e formação: entre um devir e realidades pun- gentes. In: CERNY, R. 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INTRODUÇÃO A Linguística Aplicada (LA) tem buscado o esclarecimento de pro- blemáticas linguísticas relacionadas a área de estudos do ensino e aprendizagem de línguas e pode apresentar soluções para proble- mas de linguagem da vida cotidiana. Seus estudos têm sido condu- zidos em diversos contextos de sala de aula de línguas estrangeiras (LE), interpretando-os de forma interdisciplinar. Assim, estudos sobre autonomia na aprendizagem de lín- guas têm se mostrado de grande valia para pesquisadores em LA. O interesse acadêmico por este tema volta-se também para os pri- meiros centros de autoacesso (CAAs), a fim de compreender como a autonomia se desenvolve e quais suas implicações no processo de aprendizagem de línguas. Assim, situamos a autonomia na 2 52 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos aprendizagem de línguas neste estudo por julgarmos que apren- dentes podem ser estimulados a desenvolver tal processo a partir daquilo que lhes são apresentados, como recursos tecnológicos, e, por meio deles, estes aprendentes podem assumir responsabili- dade e controle sobre a sua própria aprendizagem na língua. Além disso, incluímos também neste estudo CAAs e a disponibilidade de seus aparatos tecnológicos como ferramentas facilitadoras no pro- cesso de aprendizagem de línguas. Muitos destes espaços, quando bem equipados, proporcionam uma variedade de atividades para a aprendizagem de línguas e para o desenvolvimento da autonomia de seus usuários. Com a implementação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos sistemas de ensino, o papel do professor na sala de aula se transforma à medida que ele se depara com estes novos recursos tecnológicos. Este, por sua vez, pode aproveitar o conhecimento que tem destas ferramentas com as quais seus alunos estão familiarizados e, na medida do possível, planejar aulas a partir de seu uso, o que pode viabilizar a melhor inserção de conteúdos no processo de aprendizagem de línguas. Ademais, o papel das TIC tem mostrado grandes potencialidades e influências em aprenden- tes de LE, pelos vários recursos disponíveis on-line e pela facilidade de prática da língua fora do contexto da sala de aula, desenvolvendo e estimulando o estudo autônomo. Este trabalho apresenta um recorte de pesquisa de mestrado que teve por objetivo identificar as influências que as atividades mediadas pelo computador, por meio de sítios de aprendizagem, ocasionavam na aprendizagem da LE de alunos participantes das atividades da Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA3). A fim de alcançar os objetivos desta pesquisa e para a constituição dos dados, foi ministrada uma oficina sobre recursos tecnológicos neste 53Aprendizagem de língua inglesa mediada por sítios CAA, direcionada para aprendentes de língua inglesa do Curso de Licenciatura em Língua Inglesa da FALEM e para aprendentes de lín- gua inglesa dos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras (CLLE). Este estudo se inicia com as conceituações sobre autonomiana aprendizagem de línguas, centros de autoacesso, Tecnologias da Informação e Comunicação e sobre a sua relação para a aprendiza- gem de línguas por meio de sítios. Na sequência, apresentamos a metodologia de pesquisa. Na seção seguinte, expomos os resultados da análise dos dados. Por último, concluímos o estudo com as consi- derações finais. 2. AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS É possível observar similaridades nas diferentes definições de auto- nomia, como o conhecimento sobre si mesmo, consciência e respon- sabilidade. A autonomia é baseada no princípio de que os aprendi- zes devem assumir o máximo de responsabilidade e controle sobre sua aprendizagem fora das restrições da sala de aula tradicional (JOHNSON; JOHNSON, 1999 apud FINCH, 2001). Já Benson (2011, p. 58) diz que: Autonomia é geralmente definida como a capacidade de assu- mir o controle da sua própria aprendizagem em grande parte porque a construção do “controle” parece ser mais aberta à investigação do que as construções de “se encarregar” ou “assumir responsabilidade”. (...) o controle sobre a aprendi- zagem pode assumir várias formas em relação aos diferentes níveis do processo de aprendizagem. Em outras palavras, é aceito que autonomia é uma capacidade multidimensio- nal que se desenvolve de diferentes formas para diferentes 54 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos indivíduos ou para o mesmo indivíduo em diferentes contex- tos ou em tempos diferentes1. O controle sobre a aprendizagem pode se dar de várias for- mas e isso depende do processo de aprendizagem do aprendente. Por isso que podemos assumir que cada indivíduo revela um grau de autonomia próprio e diferente dos demais, apresentando atitudes, desejos, tomadas de decisões, escolhas diversas, levando em consi- deração o controle no seu processo de aprendizagem. Assim, estes aprendentes possuem diferentes estilos e estratégias de aprendiza- gem, ou seja, o que funciona para um aprendiz pode não ser produ- tivo para outro, pois há um conjunto imprevisível de comportamen- tos possíveis no contexto da aprendizagem. Para Tassinari (2012), autonomia é um sistema complexo que envolve várias dimensões e componentes. Nesse sistema, o apren- dente autônomo é aquele que possui controle sobre a sua própria aprendizagem em diferentes graus e de diferentes maneiras, e isso depende da situação de aprendizagem em que está inserido, con- cordando assim com Benson (2011). Dentre estes componentes essenciais para a autonomia do aprendente: Um componente cognitivo e metacognitivo (conhecimento cognitivo e metacognitivo, consciência, crenças dos apren- dentes); um componente afetivo e motivacional (sentimentos, emoções, disposição, motivação); um componente orientado 1 Autonomy is often defined as the capacity to take control of one’s own learning, largely because the construct of ‘control’ appears to be more open to investigation than the con- structs of “charge” or “responsibility”. (…) control over learning may take a variety of forms in relation to different levels of the learning process. In other words, it is accepted that auton- omy is a multidimensional capacity that will take different forms for different individuals, and even for the same individual in different contexts or at different times. (Esta e todas as demais traduções de citações em língua estrangeira são de minha responsabilidade). 55Aprendizagem de língua inglesa mediada por sítios à ação (habilidades, comportamentos de aprendizagens, deci- sões); um componente social (aprendizagem e negociação de aprendizagem com parceiros, conselheiros, professores)2 (TASSINARI, 2012, p. 28). A autora explica que o componente metacognitivo é uma capacidade de segunda ordem, que inclui a capacidade do apren- dente monitorar-se e autorregular-se a partir dos seus próprios processos cognitivos. Isso inclui sua consciência, suas crenças e o gerenciamento da sua aprendizagem. No componente afetivo e motivacional leva-se em consideração como este aprendente se relaciona afetivamente com as pessoas que o rodeiam (colegas de sala e professores), que sentimentos ele apresenta diante destes agentes, o que pode contribuir e levá-lo à motivação para apren- der e ter disposição para aprender uma LE. O componente orien- tado à ação diz respeito a como este aprendente toma decisões e assume comportamentos a partir das motivações que desenvolve perante sua aprendizagem, levando em consideração também que habilidades linguísticas ele acha apropriadas para serem estudadas e desenvolvidas. Finalmente, o componente social diz respeito a como este aprendente pode desenvolver a autonomia na aprendi- zagem de uma LE diante de sua relação com outros agentes (como colegas de sala de aula, conselheiros e professores), que negocia- ções, práticas, deveres e tomadas de decisões podem contribuir 2 A cognitive and metacognitive component (cognitive and metacognitive knowledge, awareness, learners’ beliefs); an affective and a motivational component (feelings, emo- tions, willingness, motivation); an action-oriented component (skills, learning behaviors, decisions); a social component (learning and negotiating learning with partners, advi- sors, teachers). 56 Tecnologias digitais e metodologias ativas em contextos diversos para a sua aprendizagem da língua, tendo em vista o relaciona- mento entre estas pessoas. Ser um aprendente de línguas autônomo não é apresentar atitudes de autoinstrução para os próprios estudos, mas é tomar decisões que favoreçam a aprendizagem. A autonomia está rela- cionada com a maneira como o aprendente se situa na sua própria aprendizagem da língua diante das escolhas que faz a respeito de materiais apropriados (tendo liberdade sobre como e quando estu- dá-los) e com respeito à interação com seu professor e com seus colegas de sala de aula, além de saber lidar com os vários contextos que podem propiciar a sua aprendizagem. 3. CENTROS DE AUTOACESSO (CAAS) Centros de autoacesso (CAAs) são espaços criados em universidades e/ou cursos de idiomas com a finalidade de desenvolver processos de estudos autônomos por parte dos aprendentes de línguas estrangeiras (LE). São espaços ou ambientes sensíveis ao contexto, com instalações diversas e recursos cujo objetivo é fomentar a apren- dizagem de LE. Estes espaços possuem recursos como tecnologias (computadores, Internet, blogs etc.), oficinas, palestras, workshops, aconselhamento individual ou em grupos e diversos materiais de aprendizagem de línguas (GARDNER; MILLER, 1999; BARRS, 2010; MAGNO E SILVA, 2014). Cotterall e Reinders comentam que: Um centro de autoacesso consiste em um número de recur- sos (na forma de materiais, atividades e suporte) geral- mente em um local que acomoda aprendizes de diferentes níveis, estilos e com diferentes objetivos e interesses. Ele 57Aprendizagem de língua inglesa mediada por sítios tem por objetivo desenvolver a autonomia de seus usuários3 (COTTERALL; REINDERS, 2001, p. 24). CAAs podem ser um “porto seguro” para aprendizes, pois exploram as crenças dos mesmos, orientando-os com recursos dis- poníveis e suporte contínuo, fazendo com que alcancem seus obje- tivos. Além disso, estes espaços podem ter um efeito na aprendiza- gem que extrapola os seus ambientes físicos. Ao mostrar aos alunos que eles estão no controle de seu processo de aprendizagem, apon- tam para um caminho que pode ser trilhado pelo aluno ou por ele e pessoas com as quais ele se relacione em direção a uma aprendiza- gem contínua e motivada, complementando seus estudos e tendo oportunidades do uso real da língua. Para Morrison (2008), as origens dos CAAs se tornaram impor- tantes principalmente devido às mudanças do foco nas pesquisas de ensino e aprendizagem de línguas, dentre elas o maior foco no aprendente do que nos métodos de ensino, a independência des- tes aprendentes em relação aos professores e o maior interesse pela aprendizagem de línguas por meio de vários recursos
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