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Semântica Cognitiva

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SEMÂNTICA COGNITIVA
Embora recente, a Semântica Cognitiva destaca-se por investigar aspectos gerais da linguagem através das diversas relações entre a estrutura conceitual da língua e a construção de sentido a partir das experiências de mundo dos indivíduos. Os estudos referentes a esse campo recebem grande notoriedade com a publicação de Metaphors we live by, de George Lakoff e Mark Johnson, tratando o significado como o elemento central na investigação sobre a linguagem.
O modelo cognitivo alega que a forma deriva da significação, de forma que a lógica e a linguagem são aprendidas a partir da construção de significados, o que faz com que seja diferenciado da abordagem gerativista e se inscreva no quadro funcionalista. A Semântica Cognitiva refuta a ideia de que a linguagem está em uma relação de correspondência direta com o mundo, alegando que o significado não está relacionado a um pareamento entre linguagem e mundo, mas que emerge a partir de esquemas, que surgem através de significações corpóreas, dos movimentos dos corpos em interação com o meio, dentre outros aspectos.
Os esquemas sensório-motores construídos através das experiências corpóreas demarcam o significado de expressões linguísticas sobre o espaço. Dessa forma, são as ações no mundo que proporcionam a apreensão direta de esquemas imagéticos espaciais, dando significado às expressões linguísticas.
Durante a infância, a criança aprende esquemas de movimento e categorias de nível básico através dos deslocamentos de um lugar a outro, estruturando esquemas imagéticos não-proposicionais, entre eles, alguns definidos por Lakoff como CAMINHO (partir de um ponto a outro), RECIPIENTE (dentro e fora) e BALANÇO (durante as tentativas de ficar em pé). Esses esquemas são fundamentais, pois carregam memórias de movimentação ou de experiência, antecedendo o falar e o pensar, o que leva à compreensão da linguagem articulada como umas das manifestações superficiais da estruturação cognitiva.
No entanto, há domínios da experiência em que a conceitualização depende de mecanismos de abstração, nos quais a Semântica Cognitiva privilegia a metáfora e a metonímia. A metáfora passa a ser caracterizada como o mapa entre um domínio da experiência e outro domínio, sendo assim um processo cognitivo que permite o mapeamento de esquemas aprendidos diretamente pelo corpo em domínios mais abstratos, de experimentação indireta. Já a metonímia se configura como um processo cognitivo que permite criar relações de hierarquia entre conceitos. Ao passo que a metáfora estende os processos imagéticos, a metonímia é o processo cujas categorias são estendidas.
Em relação às categorias de nível básico, a grande controvérsia refere-se ao fato de explicar quais critérios permitem que um dado exemplar faça parte de uma certa categoria ou conceito. Nessa perspectiva, Ludwig Wittgenstein propõe que as categorias se organizam através de relações de semelhanças de família, ou seja, os usos de uma mesma palavra se assemelham da mesma forma que os membros de uma família, em que não é necessário compartilhar a mesma propriedade ou até mesmo o sobrenome para integrá-la. Na abordagem da Semântica Cognitiva, portanto, não são estabelecidas condições necessárias e suficientes para realizar a classificação, mas apoia-se em casos que são exemplares, isto é, que são os mais reveladores de determinada categoria.
No que compete às pressuposições, destaca-se a contribuição de Gilles Fauconnier, compreendendo a hipótese de que são formados espaços mentais durante a interpretação. Em conformidade com a Semântica Cognitiva, a linguagem é vista como um método, que permite a identificação de estruturas cognitivas subjacentes. Assim sendo, as pressuposições passam a ser entendidas como entidades mentais/cognitivas, podendo ser descritas como significados que se transferem de um espaço mental para outro.

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