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AO DOUTO JUÍZO DO TRABALHO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE CRICIÚMA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Autos nº xxxxxxx-xx.x.xx.xxxx INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES VEST BEM LTDA., já qualificada nos autos em epígrafe da Reclamação Trabalhista nº xxxxxxx-xx.x.xx.xxxx, vem com o devido respeito perante Vossa Excelência, por intermédio de seu Advogado, CRISTHIAN GOMES MARTINS, OAB/SC XXXXX, que a esta subscreve, com instrumento procuratório anexo, com fulcro no Art. 884, da Consolidação das Leis Trabalhistas, apresentar: EMBARGOS À EXECUÇÃO em face de EMENGARDA DA SILVA, também já qualificada nos autos, pelas presentes razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS Em que pese a tempestividade, temos que deixar claro que o presente recurso foi apresentado tempestivamente, pois está dentro do prazo legal de 5 (cinco) dias estabelecidos por lei, como nos mostra o Art. 884, da Consolidação das Leis Trabalhistas, observamos: “Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.” *Não possui os grifos no original. Em tratando-se do Cabimento, cabe ressaltar que o presente Recurso está sendo interposto com base no Art. 884, da Consolidação das Leis Trabalhistas, que deixa claro que o recurso cabível aos autos é o presente Embargos à Execução, analisamos: “Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.” *Não possui os grifos no original. Logo, tem-se a certeza de que o Embargos à Execução em questão, é o recurso cabível aos autos. Portanto, o presente recurso, cumpre com todos os requisitos supracitados, motivo pelo qual, o mesmo deve ser acolhido. II – DOS FATOS A ora Embargada, ajuizou Reclamação Trabalhista, em face da ora Embargante, que foi julgada parcialmente procedente, pela 2ª Vara do Trabalho de Criciúma, condenando a Embargante ao pagamento de duas horas extras diárias, com adicional de 50%, e seus reflexos, com juros e correção monetária. Determinou o Juízo que os descontos fiscais e previdenciários seriam devidos na forma da lei. Negado provimento ao recurso da Reclamada, e tendo transitado em julgado, a Reclamante apresentou cálculos de liquidação, aplicando índices de correção monetária a partir de cada mês de prestação de serviços. Não apurou as verbas devidas à Previdência, por entender que a Lei determina que esta seja suportada somente pelo empregador quando decorrer de condenação judicial, e apurou os descontos fiscais mensalmente, valendo-se da tabela progressiva editada mensalmente pela Receita Federal. Não houve o cumprimento legal, quando se deixou de intimar a Reclamada para se manifestar, quando os cálculos R$ 54.000,00 (cinquenta e quatro mil reais) foram homologados, já que não houve qualquer impugnação, já que entende como sendo correto R$ 41.000,00 (quarenta e um mil reais). Posteriormente, houve a determinação para pagamento, quando a Reclamada efetuou a garantia da execução, quando depositou os valores. É o sucinto relato. Em que pese os fatos, a decisão não merece prosperar, visto que houve a violação dos dispositivos legais previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas, por equívoco do MM. Juiz ao proferir a decisão. III – DO DIREITO Para iniciarmos, cumpre informar, que conforme os fatos já expostos, podemos observar que os cálculos apresentados pela Embargada, estão apresentados de forma errônea, uma vez que os mesmos devem ser calculados após o vencimento da obrigação, só havendo o vencimento que poderia ser aplicada a correção monetária, o que não ocorre no presente caso. Vejamos o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre os juros de mora: “JUROS DA MORA. EXECUÇÃO. Somente o adimplemento integral da dívida, assim considerado o depósito que propicia o imediato levantamento, fará cessar a contagem de juros moratórios. Aplicação à espécie do entendimento vertido na Súmula n. 4. deste Egrégio Tribunal Regional do Trabalho. (TRT-1 - AP: 01585004720045010431 RJ, Relator: Claudia de Souza Gomes Freire, Data de Julgamento: 22/03/2011, Nona Turma, Data de Publicação: 30/03/2011)” Ou seja, sem que haja o vencimento da obrigação, não há que se falar em juros de mora, uma vez que só pode ser aplicado em casos no qual já houve o vencimento da obrigação, motivo pelo qual, resta claro que a aplicação dos juros de mora no presente caso, ocorreu de forma equivocada, por isso, requer-se através do presente feito, a correção da decisão proferida. Ainda, em tratando-se das deduções previdenciárias, cumpre informar que, é de responsabilidade do INSS realizar o desconto no cálculo apresentado pela Embargada, uma vez que em conformidade com Art. 879, §1º-A e B da Consolidação das Leis Trabalhistas, a liquidação de sentença, deverá conter os cálculos das contribuições previdenciárias devidas, devendo ser apresentado pelas partes que serão previamente intimadas para apresentar o cálculo de contribuição previdenciária de liquidação, observamos: “Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar- se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. [...] § 1º-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas. § 1º-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. ” *Não possui os grifos no original. Ou seja, cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em efetuar descontos previdenciários e fiscais sobre os créditos legais trabalhistas de direito, conforme os entendimentos de diversos outros tribunais superiores, que entendem também que o empregador não tem obrigação de efetuar o recolhimento da contribuição previdenciária e do imposto de renda do empregado, motivo pelo qual, não devem ser acrescentados ao cálculo qual foi proferido na sentença, analisamos a Súmula 368, do Tribunal Superior do Trabalho: SÚMULA 368. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO. FATO GERADOR. (aglutinada a parte final da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI em sessão do Tribunal Pleno realizada em 26.06.2017) (...) I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (exOJ 141 da SBDI-1 - inserida em 27/11/1998). II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultantes de crédito do empregado oriundo de condenação judicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias, contudo, não exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quotaparte. (ex-OJ 363 da SBDI-1, parte final). Ou seja, visto o exposto anteriormente, não há que se falar no presente caso, em ausência de desconto previdenciário, uma vez que era de responsabilidade da Embargada apresentar os cálculos de forma correta, com os devidos descontos previstos em lei, qual a mesma apresentou de maneira incorreta. Ainda, em que pese a apresentação dos cálculos e a sentença proferida pelo MM. Juiz, a mesma ocorreu de forma equivocada, uma vez que não houve a legal citação da parte adversa, para que pudesseapresentar sua manifestação. Ademais, vale ressaltar, que a Embargante não foi devidamente intimada para apresentar a sua manifestação a respeito do cálculo apresentado pela Embargada, ao ser fixado a valoração da causa na sentença sem a manifestação da parte adversa, desse modo, observa-se então, que houve ausência de citação, que de acordo com o que nos mostra o Art. 880, da Consolidação das Leis Trabalhistas, o juiz deverá expedir o mandado de citação ao Executado, para que se possa no prazo previsto, cumprir com a decisão vejamos: “Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.” *Não possui os grifos no original. Ou seja, antes de qualquer coisa, deve ser citada a parte para que possa manifestar-se, o que não houve no caso em tela, motivo pelo qual, busca a reforma da sentença, uma vez que a mesma, foi proferida de maneira errônea, não respeitado a norma jurídica. IV – DOS PEDIDOS Ante todo o exposto, requer: a) Que seja acolhida a presente demanda por ter sido apresentada tempestivamente; b) Que seja RECONHECIDO e PROVIDO o presente feito, a fim de reconhecer a nulidade processual, visto que não houve a citação para manifestação, e caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer a correção do valor apresentado pela Embargada, tendo em vista que foi apresentado de forma errônea; c) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios sucumbências por parte da Embargada, conforme o Art. 85, do Código de Processo Civil, e; d) A intimação da parte contrária, para no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar suas contrarrazões, se for de seu interesse. Nestes termos, Pede deferimento Urussanga, 07 de dezembro de 2020. CRISTHIAN GOMES MARTINS Advogado OAB/SC XXXXX
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