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Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 1 Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação Professor Ms. Vandré Mateus Lima Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 2 SUMÁRIO 1 FUNDAMENTOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 3 1.1 Introdução da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica 3 1.2 Princípios de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica 4 1.3 Atenção Farmacêutica Como Prática Clínica 8 1.4 Atenção Farmacêutica 10 1.4.1 Dispensação de Medicamentos e Produtos para a Saúde 11 1.4.2 Indicação Farmacêutica 13 1.4.3 Acompanhamento / Seguimento Farmacoterapêutico (SFT) 17 1.4.4 Educação Sanitária: Princípios de Prevenção de Doenças 19 2 ERROS DE MEDICAÇÃO 22 2.1 Conceitos importantes para estudarmos Erros de Medicação 22 2.2 Trabalhos relevantes sobre erros de medicação 24 2.3 FARMACÊUTICO HOSPITALAR 25 2.4 FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO DOS ERROS DE MEDICAÇÃO 25 2.5 Estratégias de Prevenção 26 2.6 ANÁLISE DE ERROS DE MEDICAÇÃO: Gerenciamento de Risco - Segurança ao Paciente no Circuito do Medicamento 27 2.6.1 Cadeia de origem de EM 27 2.6.2 Gravidade dos EM 27 2.6.3 Tipos de EM 28 2.6.4 Causas dos EM 30 2.7 Prevenção de Erros de Medicação em Hospitais 31 2.8 Recomendações para prevenção de erros de medicação 33 2.9 Sugestão de Implantação de Gestão de Erros de Medicação 34 2.9.1 Comitê multidisciplinar para uso correto de medicamentos 34 2.9.2 Medidas de prevenção dos erros 34 2.10 PROGRAMA DE NOTIFICAÇÃO 35 2.11 Monitorando e Gerenciando os Erros de Medicação 36 2.12 Recomendações aos Profissionais de Saúde 36 2.12.1 Recomendações aos Médicos 36 2.12.2 Recomendações aos Enfermeiros 37 2.12.3 Recomendações aos Farmacêuticos 37 3 REFERÊNCIAS 38 Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 3 1 FUNDAMENTOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 1.1 Introdução da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica Atenção farmacêutica é uma nova prática profissional baseada em ações pró-ativas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Associações Médicas Internacionais e pelo Conselho Nacional de Saúde do Brasil. Sua implementação pode contribuir para a resolução de problemas de saúde pública. O conceito brasileiro, assim como o espanhol, tem uma abrangência maior, comparado com o americano. Considera a promoção da saúde, a educação em saúde e o Seguimento Farmacoterapêutico (SFT), como componentes da atenção farmacêutica. O SFT tem como objetivo a detecção de Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), para prevenção e resolução dos Resultados Negativos Associados aos Medicamentos (RNM). Esta atividade implica na assunção de um compromisso, que deve ocorrer de forma continuada, sistematizada e documentada, com a colaboração do paciente e demais profissionais de saúde, com o propósito de atingir resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Um PRM é a situação que, no processo de uso do medicamento, causa ou que pode causar um RNM, que é um resultado não adequado ao objetivo da farmacoterapia e associado ao uso ou a falha no uso do medicamento. Os PRMs são as principais causas de efeitos indesejados relacionados a medicamentos. Os principais são: prescrição inadequada; reações adversas; não adesão ao tratamento; superdosagem ou subdosagem; falta da farmacoterapia necessária; inadequado seguimento de sinais e sintomas e erros de medicação. Na equipe multiprofissional de saúde, o farmacêutico é o profissional mais habilitado para realizar o SFT, devido à sua formação específica e a motivação pelo reconhecimento de seu trabalho assistencial. Ao prestar atenção farmacêutica o profissional se responsabiliza pelo cumprimento do planejamento farmacoterapêutico, de forma a alcançar resultados positivos. Na literatura científica de saúde é comum encontrarmos a definição de paciente polimendicado como aqueles que utilizam mais de cinco medicamentos. São pacientes mais propensos a apresentar problemas na farmacoterapia. Assim o farmacêutico poderá realizar uma intervenção planejada e documentada e em conjunto com os demais profissionais de saúde, resolver ou prevenir problemas que interferem ou podem vir a interferir no processo terapêutico ou mesmo no aparecimento de co-morbidades decorrentes do uso inadequado dos medicamentos. Esta atividade é parte integrante do processo de SFT. Durante a realização do SFT, a integração entre profissionais que prescrevem os medicamentos e o farmacêutico permite, através da combinação de conhecimentos especializados e complementares, o alcance de resultados eficientes, beneficiando o paciente. A atuação do farmacêutico em atividades clínicas levou ao estreitamento de relações com os médicos e outros profissionais de saúde, tendo como objetivo comum aumentar a efetividade dos tratamentos. A “Canadian Pharmacists Association” e a “Canadian Medical Association” fornecem exemplo de atuação conjunta. Do mesmo modo, a American College of Physicians e a American Society of Internal Medicine, apóiam a transição para um modelo de ações conjuntas entre médicos e farmacêuticos, além de incentivar a pesquisa na área. Uma ferramenta de atenção farmacêutica, para realizar SFT, é a Medodologia Dáder, que foi desenvolvida pelo Grupo de Investigação em Atenção Farmacêutica da Universidade de Granada em 1999. Utilizada por centenas de farmacêuticos de diversos países com milhares de pacientes, atualmente a Metodologia Dáder está em sua terceira edição, publicada em 2007. Fundamenta-se na Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 4 obtenção de informações sobre os problemas de saúde e sobre a farmacoterapia do paciente, elaborando uma história farmacoterapêutica. Através da história é possível estabelecer uma análise situacional que permite visualizar o panorama sobre a saúde e o tratamento do paciente em distintos momentos. Assimconsegue-se avaliar os resultados da farmacoterapia através da elaboração de um plano de atuação dentro do qual são determinadas todas as intervenções que se consideram oportunas para melhorar ou preservar seu estado de saúde. 1.2 Princípios de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica Definição de Farmácia Clínica Toda atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente através do contato direto com este ou através da orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista”. Engloba as ações de atenção farmacêutica. Declaração de Tóquio Em 1993 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o documento conhecido como “Declaração de Tóquio” (OMS, 1993) coloca o paciente como foco das ações do farmacêutico. Perspectivas da Farmácia Clínica no Brasil É uma das áreas de maior crescimento da profissão farmacêutica, principalmente com a ampliação de Farmácias Hospitalares, e contratação de farmacêuticos clínicos. A atuação clínica na Farmácia Pública, na Indústria Farmacêutica na área de SAC e farmacovigilância, também é uma realidade. Aspectos Importantes do Farmacêutico Clínico O farmacêutico que deseja trabalhar em contato com pacientes deve possuir, uma série de conhecimentos e habilidades: » Conhecimento de doenças » Conhecimentos de farmacoterapia » Conhecimentos de terapia não medicamentosa » Conhecimento de análises clínicas » Habilidades de comunicação » Habilidades em monitoração de pacientes » Habilidades em avaliação física » Habilidades em informação sobre medicamentos » Habilidades em planejamento terapêutico Precisa mudar o paradigma: » Paradigma antigo: “farmacêutico é o profissional do medicamento”. » Paradigma novo: “farmacêutico é o profissional voltado ao usuário do medicamento” – Paciente como foco. Dificuldades para atuação clínica do Farmacêutico A execução de ações de farmácia clínica tem sido o grande desafio do farmacêutico nos últimos anos, muitas vezes pela ausência desta disciplina na currículo de muitos Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 5 cursos de graduação pelo Brasil, ou mesmo pela falta de referencial para aplicação da mesma. Qual modelo seguir? A grande dúvida que paira no ar, é qual seria o melhor modelo a ser aplicado no Brasil, porém atualmente com a introdução da globalização em todas as áreas inclusive farmacêutica, caminhamos para um “modelo universal”. Modelo Universal Este modelo universal é baseado nas recomendações de órgãos governamentais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Panamericana de Saúde (OPAS), e de ONGs importantes como a Sociedade Americana de Farmacêuticos em Sistemas de Saúde (ASHP). Desafios para o Farmacêutico Clínico » Transportar os conceitos e ferramentas teóricas para o dia-a-dia do profissional, » Passar pela mudança cultural dos próprios farmacêuticos, » Pela valorização da profissão perante a sociedade, pelos demais profissionais de saúde, e principalmente pelos administradores de sistemas de saúde e órgãos governamentais. Como o Farmacêutico desenvolve o raciocínio clínico? » Colocando em prática o aprendizado teórico » Perdendo o medo de orientar o paciente e de discutir casos clínicos concretos com os médicos e outros profissionais de saúde » A prática traz a “perfeição”! O Farmacêutico deve sempre colocar o usuário de medicamento como alvo principal do farmacêutico, independente do segmento (o medicamento é o meio, o paciente o fim). Benefícios de cuidados farmacêuticos » Os pacientes recebem atendimento mais adequado no que diz respeito ao medicamento, a partir de um profissional da saúde mais capacitado. » A eficiência do atendimento médico direcionado é reforçada pelo deslocamento apropriado para as funções farmacêutico. » Mais pacientes recebem os serviços médicos necessários, aumentando o tempo disponível para o atendimento médico. Resultados obtidos com as ações clínicas do farmacêutico » Melhora na adesão aos t ra tamentos farmacoterapêut icos; » Diminuição na incidência de reações adversas e interações medicamentosas; » Diminuição no tempo de internação; » Diminuição de morbidade e mortalidade dos pacientes; » Melhora na qualidade de vida dos pacientes; » Diminuição de custos. Conhecendo o Paciente Um profissional da área de saúde, deve entender que um paciente “é único”, que cada um possui um estilo diferente de vida, que é alguém que possui, vulnerabilidade, preferências, preocupações, medos, esperanças, alegrias. Assim, o paciente é a razão central das ações. O farmacêutico oferece serviços e orientações para que o paciente receba o cuidado que necessita ou o que procura. Relação do Paciente Para auxiliar no tratamento e atendimento ao paciente é fundamental que haja o acompanhamento do mesmo Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 6 por seu cônjuge ou por parentes que, até em algumas ocasiões, possam tomar decisões em relação à adesão de medicação. Em relação ao uso de medicação, devem ser considerados o conhecimento das opiniões do paciente e de sua avaliação de opções de tratamento para o desenvolvimento de planos de acompanhamento terapêutico e prognóstico do paciente. Relação entre Paciente e Farmacêutico Algumas pesquisas apontam que a partir da perspectiva do paciente, a competência dos farmacêuticos, é fator necessário para o estabelecimento de relações de confiança entre farmacêutico e paciente. A forte correlação existente entre a confiança pessoal e profissional é importante para o paciente selecionar uma farmácia e para aceitar orientações pelo farmacêutico. Geralmente essa seleção é de livre escolha, mas há pacientes que a doença pode progredir necessitando de intervenções intervenção médica. O paciente torna-se mais dependente dos atributos do farmacêutico, como um prestador de cuidados que se preocupa com as necessidades e saúde do paciente. Alguns pacientes vêem o farmacêutico como um médico, que ocupam um papel como um curador pelo uso de medicações e conhecimento de seus efeitos, porém o farmacêutico deve atuar dentro das atividades de seu âmbito profissional. O paciente traz as influências da cultura, etnia, educação, socioeconômica, espiritualidade, família e amigos, valores, crenças e atitudes. À medida que entendemos como dar atenção, é preciso estabelecer um conhecimento do paciente como uma pessoa cujo cuidado inclui a gestão da doença. Como Implantar a Farmácia Clínica » Se especializando - Aprendizado (pós-graduação) » Desenvolvimento de raciocínio clínico (estudos de caso, estágio e atuação na prática) » Atuar com perfil clínico (independente do segmento) Metodologia para implantação da Farmácia Clínica Proposta de acordo com o Livro Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica (Bisson, MP 2007), três etapas são necessárias: » Conhecer os princípios, conceitos de Farmácia Clínica; » Conhecer as ferramentas de Farmácia Clínica; » Desenvolver projetos estruturados de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, focando grupos específicos de pacientes e medicamentos. Exemplos de Grupos de pacientes e medicamentos » Atenção Farmacêutica em distúrbios menores (MIPs). » Atenção Farmacêutica ao paciente pediátrico e hebiátrico. » Atenção Farmacêutica ao paciente geriátrico. » Atenção Farmacêutica ao paciente diabético e obeso. » Atenção Farmacêutica ao paciente hipertenso e cardiopata. » Atenção Farmacêutica ao paciente oncológico. » Atenção Farmacêutica na antibioticoterapia. » Atenção Farmacêutica na dor e inflamação. » Atenção Farmacêutica na insuficiência renal e hepática. » Atenção Farmacêutica nos distúrbios do sistema digestório. » Atenção Farmacêutica nos distúrbiosneurológicos e psiquiátricos. » Atenção Farmacêutica nos processos alérgicos e da asma. Conhecendo algumas áreas da Farmácia Clínica » Atenção Farmacêutica » Farmacovilância » Farmacoepidemiologia (Estudos de Utilização de Medicamentos) Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 7 » Farmacoeconomia » Farmacocinética Clínica (esquemas posológicos) Atenção Farmacêutica É a principal atividade do farmacêutico em Farmácia Clínica, onde o Farmacêutico Clínico trabalha diretamente com o paciente, realizando Anamnese/Análise/Orientação/ Seguimento Farmacoterapêutico. Utiliza conhecimentos de farmacoterapia, patologia, semiologia, interpretação de dados laboratoriais e relações humanas. Dentro do contexto da Atenção Farmacêutica, a pesquisados “Linda Strand”, fez alguns comentários no Congresso Brasileiro de Farmacêuticos Clínicos - Abril 2011 (SP/Brasil) » Melhor atender bem um paciente do que 1.000 de maneira precária » Foco do farmacêutico deve ser a prática clínica » Se preocupar com as necessidade dos pacientes » Padronizar atendimento (prática médica igual no mundo inteiro, e a farmacêutica?) » Plano de tratamento racional (apropriado, efetivo, seguro e com aderência) » São direitos dos pacientes: Passar suas necessidades; passar suas expectativas em relação ao tratamento; auxiliar o profissional de saúde no processo de tomada de decisão, trocando informações; e participação na decisão final do tratamento. » É papel do farmacêutico: Identificar, resolver, prevenir PRMs; realizar abordagem focada no paciente; e compartilhar seu conhecimento com o paciente. Outras informações interessantes da pesquisadora: » 10% das doenças representam mais de 50% dos PRMs; » O Farmacêutico deve ter conhecimento das doenças e respectivas farmacoterapias; » O ensino através de PBLs (aprendizado baseado em problemas), deve ser desenvolvido; » Que os médicos reconhecem e aprovam a prática integrada, ou seja, a atuação multiprofissional, porém eles querem saber quem faz atenção farmacêutica, e como levar acesso a esse serviço aos seus pacientes. Farmacovigilância Farmacovigilância é a ciência e as atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos e quaisquer outros problemas associados a medicamentos (OMS, 2002). (Será abordado em outro módulo) Farmacoepidemiologia É a aplicação do raciocínio epidemiológico, métodos e conhecimento ao estudo dos usos e efeitos (benéficos e adversos) de drogas em populações humanas. (Será abordado em outro módulo) Farmacoeconomia É um ramo da Economia em Saúde que vem se desenvolvendo nestes últimos anos em função dos gastos crescentes em saúde. (será abordado em outro módulo) Farmacocinética Clínica Estudo da relação quantitativa entre dose, concentração plasmática e efeito da droga, dando suporte para análises e interpretações das medidas das concentrações da droga no plasma ou outros tecidos. (será abordado em outro módulo) Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 8 1.3 Atenção Farmacêutica Como Prática Clínica Qual a coisa mais importante para os seres humanos??? A VIDA !!! A esperança de vida tem aumentado de forma espetacular, devido à: Melhorias na nutrição e higiene; Avanços tecnológicos; Existência de medicamentos e o acesso a sua utilização. O Medicamento é o fator que mais tem contribuído para o aumento da expectativa de vida da população, em qualidade e quantidade!!! Objetivo da utilização terapêutica de medicamentos FONTE: FAUS DÁDER, 2008 Porém, temos que tomar cuidado!!! Nem sempre um medicamento produz um resultado ótimo! Poderá ocorrem uma falha durante a farmacoterapia!!! Falhas na farmacoterapia FONTE: FAUS DÁDER, 2008 O medicamento deve ser: Eficaz e seguro Quando o medicamento não é eficaz? » Quando ele não consegue atingir os objetivos terapêuticos buscados. Quando o medicamento não é seguro? » Quando ele provoca danos. Razões pela qual a farmacoterapia falha ! FONTE: FAUS DÁDER, 2008 Por isso, garantir que os medicamentos consigam os resultados clínicos desejados (positivos) e evitar o aparecimento de resultados clínicos não desejados (negativos) representa um ponto crítico do processo farmacoterapêutico. O Farmacêutico Clínico realizando Atenção Farmacêutica, irá contribuir para o alcance dos resultados esperados da Farmacoterapia. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 9 Terceiro Consenso de Granada (2007) » PRM – Problema relacionado com medicamento. » Aquelas situações que, no processo de uso de medicamentos, causam ou podem causar o aparecimento de um RNM. » RNM – Resultado negativo associado ao medicamento. » Resultado em saúde do paciente não adequado ao objetivo da farmacoterapia e associados ao uso ou falha no uso de medicamentos. Lista de PRM (FÓRUM de AF, 2006) » Administração errônea do medicamento; » Características pessoais; » Conservação inadequada; » Contra-indicação; » Dose, pauta, e/ou duração inadequada; » Duplicidade; » Erros de dispensação; » Erros de prescrição; » Não adesão; » Interações; » Outros problemas de saúde que afetam o tratamento; » Probabilidade de efeitos adversos; » Problemas de saúde insuficientemente tratados; » Outros. Classificação dos RNMs (Terceiro Concenso de Granada, 2007) » NECESSIDADE » Problema de saúde não tratado; » Efeito de medicamento não necessário. » EFETIVIDADE » Inefetividade não quantitativa (ATB, Não há resp. terapêutica); » Inefetividade quantitativa (Sub dose). » SEGURANÇA » Insegurança não quantitativa (RAM, Alergia, Interação); » Insegurança quantitativa (Dose tóxica, Nefropatia, Hepatopatia). FONTE: FAUS DÁDER, 2008 Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 10 Exemplo de utilização das classificações de PRM e RNM, na prática clínica Caso Clínico: Criança com problema cardíaco, edemaciada, peso seco 3,0Kg, em uso de furosemida. » Prescrição: 2,5 mg de furosemida a cada 6 horas. » transcrição (prescrição) do dia seguinte: Furosemida 2,5 ml a cada 6 horas. Obs.: Apresentação do medicamento: Furosemida solução 10 mg/ml frasco de 100 ml. Resumo do caso: Foi prescrito erroneamente em ml o que deveria ser prescrito sempre em mg, e com isso ocorreu um erro de medicação; a criança tomou 2,5 ml que significa 25 mg e não 2,5 mg como já vinha tomando. Criança apresentou diarréia e vômitos. 1- PRM: - Administração errônea do medicamento; - Dose errada do medicamento; - Erro de prescrição (transcrição); 2- RNM: - Segurança: Insegurança quantitativa: dose maior do que a necessária, causando efeito adverso. 1.4 Atenção Farmacêutica O termo “Atenção Farmacêutica” esta ligado ao Farmacêutico Clínico. Engloba todas as atividades realizadas pelo farmacêutico orientadas ao paciente, com o objetivo de conseguir o máximo benefício possível em termos de saúde (FAUS DÁDER, 2008). Atenção Farmacêutica no Brasil - Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (Brasília - DF/2002 - proposta) Objetivo: Estabelecer estratégia de Atenção Farmacêutica, apropriadas à realidade sanitária do país, possibilitando ainda, diferenciar e integrar os conceitos de Assistência Farmacêutica e de Atenção Farmacêutica. Atenção Farmacêutica em outros Países Minnesota – USA O conceito de “Atenção Farmacêutica” estabelecido por Hepler & Strand em 1990, é: “A missão principal do farmacêutico é prover a atenção farmacêutica, que é a provisão responsável de cuidados relacionados a medicamentos com o propósito de conseguir resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes”.Espanha (Consenso de Granada - 2001) Atenção Farmacêutica é a participação ativa do farmacêutico para a assistência ao paciente na dispensação e seguimento de um tratamento farmacoterapêutico, cooperando assim com o médico e outros profissionais de saúde a fim de conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida do paciente. Também envolve a implicação do farmacêutico em atividades que proporcionem boa saúde e previnam as doenças. Implantação da Atenção Farmacêutica Etapas Prévias para Execução de Ações de Atenção Farmacêutica » Convencimento de quem tem poder de mando. » Secretários de Saúde Estaduais e Municipais, diretores clínicos de hospitais, proprietários de redes de drogarias e farmácias; » Colocar o paciente como foco das ações; » Definição de projetos específicos de atenção farmacêutica. » por doenças, tipos de paciente, grupos de medicamentos. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 11 Etapas de Execução de Ações de Atenção Farmacêutica » Serviços Farmacêutico (aferição da PA, temperatura corpórea, glicemia capilar – RDC 44/09); » Intervenção Farmacêutica; » Acompanhamento/Seguimento Farmacoterapêutico. Etapas de Pós-Execução de Ações de Atenção Farmacêutica » Avaliação e monitoração de resultados; » Elaboração de relatórios; » Publicação científica dos resultados; » Reavaliação contínua das rotinas; » Propositura constante de novos projetos conforme a demanda. Atividades do Farmacêutico na Atenção Farmacêutica que veremos: » Dispensação de medicamentos e produtos para a saúde; » Indicação/Prescrição Farmacêutica; » Seguimento Farmacoterapêutico; » Educação Sanitária. 1.4.1 Dispensação de Medicamentos e Produtos para a Saúde Atuação clínica do Farmacêutico, afim de proporcionar ao paciente ou a seus cuidadores: » A entrega de medicamentos e/ou produtos para a saúde ; » Os serviços clínicos que acompanham a entrega do mesmo. Objetivo da Dispensação » Melhorar o processo de uso do medicamento e a utilização dos produtos para a saúde ; » Proteger o paciente de possíveis RNM, causados por PRM. Como? Entregando o medicamento e produtos para a saúde em condições ótimas e de acordo com as legislações vigentes. Como? Garantindo que o paciente possua as informações mínimas necessárias em relação o processo de uso do medicamento e a utilização dos produtos para a saúde. Como? » Protegendo o paciente frente ao possível aparecimento de RNM, detectando e corrigindo os PRMs. Processos clínicos da Dispensação » É um processo complexo que deve ser realizado pelo Farmacêutico ou sob a sua supervisão; » Está focado no paciente; » Deve ser realizado de maneira ágil e segura; » Deve ser uma prática rotineira do profissional farmacêutico; » Deve existir troca de informações entre o farmacêutico e o paciente; Procedimento Operacional Padrão (POP) na dispensação Importâncias da Dispensação: » Favorecem a eficácia e eficiência do processo; » Contribui para a agilidade, oportunidade e continuidade do serviço. Aspecto importantes. » Na elaboração do POP de dispensação deve-se assegurar o cumprimento de três requisitos básicos: 1º - Deve ser realizado por farmacêutico ou sob a sua supervisão; 2º - Verificar se o medicamento não é inadequado para o paciente; 3º - Assegurar que o paciente, pelo menos, conhece o objetivo e a forma de utilização do produto. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 12 Passos a seguir no POP de Dispensação » 1º - Procurar dispensar o medicamento ao usuário ou cuidador (falta de informações); » 2º - Investigar se está frente a uma primeira dispensação ou a uma dispensação repetida (uso contínuo). O POP deve proporcionar o cumprimento dos princípios básicos da dispensação! » Ausência de critérios farmacoterapêuticos ou clínicos que impossibilitem a dispensação: » Alergias; » Contra-indicações; » Teratogenia; » Duplicidade; » Interações. » Conhecimento e aceitação do processo de uso dos medicamentos pelo paciente; » Percepção do paciente sobre a efetividade e segurança do medicamento. Primeira Dispensação Objetivos da primeira dispensação » Ausência de critérios farmacoterapêuticos ou clínicos que sugiram que a entrega do medicamento não deva ser realizada; » Que o paciente possui e assume o conhecimento do processo de uso do medicamento (manipulação e utilização terapêutica); » Que o paciente conhece a forma de realizar a monitorização do tratamento. Fluxograma de Primeira Dispensação FONTE: FAUS DÁDER, 2008 Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 13 Dispensação repetida ou de uso contínuo Objetivo principal da dispensação repetida é avaliar a percepção do paciente sobre a efetividade e a segurança do tratamento. Fluxograma de Dispensação Repetida FONTE: FAUS DÁDER, 2008. Ato profissional, pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um medicamento que não necessita prescrição médica (Medicamento Isento de Prescrição - MIP). Objetivos da Indicação Farmacêutica » Aliviar ou resolver um problema de saúde “a pedido do paciente”; » Encaminhamento ao médico ou a outro profissional de saúde quando o referido problema necessite. » Aliviar ou resolver um problema de saúde “a pedido do paciente”; » Encaminhamento ao médico ou a outro profissional de saúde quando o referido problema necessite. 1.4.2 Indicação Farmacêutica Serviço que é prestado frente à demanda de um paciente ou usuário que chega à farmácia sem saber qual medicamento deve adquirir e solicita ao Farmacêutico o remédio mais adequado para um problema de saúde concreto, ou quando o Farmacêutico após uma anamnese do paciente, decide indicar um MIP. Normalmente a pergunta que o paciente faz ao farmacêutico na dragaria é... O que você tem para ...? Definição de Indicação Farmacêutica Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 14 » Preconizado pela OMS e legislações sanitárias brasileiras; » Poderia ser uma oportunidade de alívio para o sistema sanitário em atenção primária e serviços de urgência; » Inibição e/ou diminuição da automedicação. Aspectos legais da Indicação Farmacêutica no Brasil » Resolução - RDC nº 138, de 29 de maio de 2003 - Dispõe sobre o enquadramento na categoria de venda de medicamentos – OTCs. (MIPs – Medicamentos Isentos de Prescrição). » Resolução RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008. (Altera o Regulamento Técnico sobre as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias). » Resolução – RDC Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE 2009 - Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. » Consulta Pública nº 01/10 do CFF – Define, regulamenta e estabelece atribuições e competências do farmacêutico na prescrição farmacêutica e dá outras providências. Indicação de medicamentos manipulados segundo a RDC nº 87/2008. » A prescrição ou indicação, quando realizada pelo farmacêutico responsável, também deve obedecer aos critérios éticos e legais previstos. RDC nº 138 - Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (GITE) Grupos Terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações Antiacneicos tópicos Acne, acne vulgar, rosácea Restrições: Retinóides Antiácidos, Antieméticos, Eupépticos, Enzimas digestivas Acidez estomacal. Azia, Desconforto estomacal, Dor de estômago, Dispesia, Enjoo, Náusea, Vômito, Epigastralgia, Má digestão, Queimação Restrições: Metoclopramida, Bromoprida, Mebeverina, Inibidor da Bomba de Proton AntidiarreicosDiarréia, Desinteria Restrições: Loperamida infantil, Opiáceos Antiespasmódicos Cólica, Cólica menstrual, Dismenoréia, Desconforto pré-menstrual, Cólica biliar/renal/intestinal Restrições: Mebeverina Anti-histamínicos Alergia, Coceira/Prurido, Coriza, Rinite Alérgica, Urticária, Picada de inseto, Ardência, Ardor Restrições: Adrenérgicos, Corticóides que não a hidrocortisona de uso tópico Anti-seborréicos Caspa Anti-sépticos orais Aftas, Dor de garganta, Profilaxia das cáries Anti-sépticos ocular Restrições: Adrenérgicos, Corticóides Anti-sépticos da pele e mucosas Assaduras, Dermatite de fraldas Anti-séptico urinário Disúria, dor/ardor/desconforto para urinar Anti-séptico vaginal tópicos Higiene íntima, desodorizante Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 15 Grupos Terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações Aminoácidos, Vitaminas, Minerais Suplemento vitamínico e/ou mineral pós-cirúrgico/cicatrizante, suplemento vitamínico e/ou mineral como auxiliar nas anemias carenciais, suplemento vitamínico e/ou mineral em dietas restritivas e inadequadas, suplemento vitamínico e/ou mineral em doenças crônicas/convalescença, suplemento vitamínico e/ou mineral em idosos, suplemento vitamínico e/ou mineral em períodos de crescimento acelerado, suplemento vitamínico e/ou mineral na gestação e aleitamento, suplemento vitamínico e/ou mineral para recém-nascidos, lactentes e crianças em fase de crescimento, suplemento vitamínico e/ou mineral para prevenção do raquitismo, suplemento vitamínico e/ou mineral para a prevenção/tratamento auxiliar na desmineralização óssea pré e pós menopausal, suplemento vitamínico e minerais antioxidantes, suplemento vitamínico e/ ou mineral para prevenção de cegueira noturna/xeroftalmia, suplemento vitamínico como auxiliar do sistema imunológico Antiinflamatórios Lombalgia, Mialgia, Torcicolo, Dor articular, artralgia, Inflamação da garganta, Dor muscular, Dor na perna, Dor varicosa, Contusão Permitidos: Naproxeno, ibuprofeno, cetoprofeno Antiflebites Dor nas pernas, Dor varicosa, Sintomas de varizes Antifisético Eructação, Flatulência, Empachamento, Estufamento Anti-fúngico Micoses de pele, frieira, micoses de unha, pano branco Permitidos: Tópicos que não contenham princípios ativos de uso sistêmico Anti-hemorroidários Sintomas de hemorróidas Permitidos: Tópicos Antiparasitários orais Verminoses Permitidos: Mebendazol, levamizol. Antiparasitários tópicos Piolhos, sarna, escabiose, carrapatos Antitabágicos Alívio dos sintomas decorrente do abandono do hábito de fumar Restrições: Bupropiona Analgésicos, Antitérmicos Dor, Dor de dente, Dor de cabeça, Dor abdominal e pélvica, Enxaqueca, Sintomas da gripe, Sintomas do resfriados, Febre, Cefaléia Ceratolíticos Descamação, Esfoliação da pele, Calos, Verrugas Cicatrizantes Feridas, escaras, fissuras de pele e mucosas, rachaduras Colagogos, Coleréticos Distúrbios digestivos, Distúrbios hepáticos Descongestionantes nasais tópicos Congestão nasal, Obstrução nasal Restrições: vasoconstritores Emolientes cutâneos Hidratante Emoliente ocular Secura nos olhos, falta de lacrimejamento Expectorantes, Sedativos da tosse Tosse, Tosse seca, Tosse produtiva Laxantes, Catárticos Prisão de ventre, obstipação/constipação intestinal, intestino preso Rehidratante oral Hidratação oral Relaxantes musculares Torcicolo, Contratura muscular, Dor muscular Rubefaciantes Vermelhidão/rubor Tônico oral Estimulantes do apetite FONTE: ANVISA, 2003. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 16 Ponto da RDC 44/2009 relacionado a Indicação Farmacêutica. Da Declaração de Serviço Farmacêutico Art. 81. Após a prestação do serviço farmacêutico deve ser entregue ao usuário a Declaração de Serviço Farmacêutico. » I - atenção farmacêutica: » a) ...... » b) indicação de medicamento isento de prescrição e a respectiva posologia, quando houver; Definição de Prescrição Farmacêutica - Consulta Pública nº01/10 Ato praticado pelo farmacêutico devidamente inscrito no CRF de sua jurisdição, após a constatação de um transtorno menor ou nos limites da atenção básica à saúde, que consiste em definir e orientar sobre plantas medicinais, drogas vegetais nas suas diferentes formas farmacêuticas, alimentos, produtos para saúde, cosméticos, produtos dermatológicos e medicamentos de venda livre ou isentos de prescrição (MIP), a ser consumido pelo paciente, com respectiva dosagem e duração do tratamento. Este ato deve sempre ser expresso mediante a elaboração de uma declaração de serviço farmacêutico. Contexto sanitário da Indicação Farmacêutica: O autocuidado da saúde. » A OMS em 1998, em seu documento “O papel do farmacêutico no autocuidado e na automedicação”, apresenta as seguintes definições: Autocuidado » Tudo aquilo que as pessoas fazem por si mesmas, com o propósito de restabelecer e preservar a saúde ou prevenir e tratar doenças. » Higiene; » Nutrição; » Estilo de vida; » Fatores ambientais e sócio econômicos; » Automedicação. Automedicação É o uso dos medicamentos pelos indivíduos para tratar sintomas ou doenças auto-identificadas. Neste momento o farmacêutico deve agir e seguir o que a OMS e as legislações sanitárias preconizam e permitem. “O farmacêutico deverá ser capaz de ajudar o paciente a eleger a automedicação apropriada ou responsável, ou quando for necessário, encaminha-lo ao médico”. E quando temos uma “automedicação responsável”? Quando um indivíduo trata de sua doença com o uso de medicamentos autorizados, disponíveis sem necessidade de prescrição e que são seguros e eficazes quando empregados conforme indicação com o auxílio do farmacêutico. Aspectos importantes da Indicação Farmacêutica » Ser realizado por profissional farmacêutico; » Ser realizado a pedido do paciente ou após anamnese pelo farmacêutico; » Ser realizado afim de aliviar ou resolver um problema de saúde; » Não deve ser utilizado medicamentos que requerem prescrição médica; » Basear-se suas atuações e protocolos elaborados segundo a evidência científica disponível; » Deve-se realizar-se o registro documentado das atividades efetuadas, incluindo informes por escrito de encaminhamento ao médico e informação ao paciente também por escrito, caso necessário. Processo de Indicação/Prescrição Farmacêutica Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 17 FONTE: FAUS DÁDER, 2008. » Colaborando com o paciente e toda equipe de saúde; » Para alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Metodologia de Acompanhamento / Seguimento Farmacoterapêutico (SFT) Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico » Elaborado por pesquisadores da Universidade de Granada 1999 - Espanha; » Reconhecido internacionalmente, por isso esta sendo utilizado em dezenas de países, por centenas de farmacêuticos assistenciais em milhares de pacientes; » Procedimento operativo simples que permite realizar SFT em qualquer paciente, em qualquer âmbito assistencial, de forma sistematizada, continuada e documentada; 1.4.3 Acompanhamento / Seguimento Farmacoterapêutico (SFT) “O serviço profissional que tem como objetivo a detecção de PRM, para a prevenção e resolução de RNM. Compromisso que deve prever-se de forma continuada, sistematizada e documentada. Com a finalidade de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente”. Sobre o Acompanhamento Farmacoterapêutico » Prática profissional do farmacêutico; » O farmacêutico responsabiliza-se das necessidades do paciente relacionadas com os medicamentos; » Detecção de problemas relacionados ao medicamento (PRM); » Prevenção e resolução de resultados negativos associados ao medicamento(RNM); » De forma continuada, sistematizada e documentada; Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 18 » Permite registrar, monitorar e avaliar os efeitos da farmacoterapia que utiliza um paciente, através de formas simples e claras; » Fundamenta-se na obtenção de informações sobre os problemas de saúde e da farmacoterapia do paciente; » Permite elaborar a história farmacoterapêutica. Fases do Método Dáder FONTE: FAUS DÁDER, 2008 Entendendo as fases do Método Dáder Oferta de Serviço O Farmacêutico deve, explicar de forma clara, a prestação do seviço: » O que é, qual o objetivo, e quais são suas principais características. » Propósito será captar e incorporar o paciente ao SFT; » Oferecido quando se percebe alguma necessidade do paciente relacionada ao medicamento. Entrevista farmacêutica: primeira entrevista Consiste em obter a informação inicial do paciente e abrir a história farmacoterapêutica. Nesta fase, o paciente é quem fornece o maior nº de informações; São três etapas: » Preocupações e problemas de saúde (pergunta aberta); » Medicamentos (perguntas semi-abertas); » Revisão – “desde a cabeça até os pés”. Análise situacional (Estado de situação) Mostra, em forma de resumo, a relação dos problemas de saúde e dos medicamentos em uma data determinada. » “Foto do paciente”, ou seja, como o paciente está naquela data, quais são os problemas de saúde, tratados e não tratados; » Ajuda a ordenar as informações da 1º entrevista e continuar adequadamente o processo; » Possibilita estabelecer as suspeitas de PRM e RNM. Fase de Estudo Permite obter informações sobre os problemas de saúde e os medicamentos do paciente. Nela o Farmacêutico irá encontrar a melhor evidência científica, a partir de fontes relevantes, com rigor e centrada na situação clínica do paciente; Permite: » Avaliar a necessidade, a efetividade e a segurança do medicamento; » Elaborar plano de atuação; » Promover tomada de decisões clínicas baseadas na evidência científica. Fase de Avaliação Nesta fase faz-se a Identificação dos PRMs e RNMs que o paciente apresenta (também suspeitas); Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 19 » Processo sistemático, que começa pelas informações da análise situacional. Fase de intervenção (plano de atuação) O Farmacêutico irá elaborar e iniciar o plano de atuação com o paciente. » Finalidade: » Resolver ou prevenir os RNM; » Preservar ou melhorar os resultados positivos alcançados; » Assessorar ou instruir o paciente à conseguir um melhor cuidado e seguimento de seus problemas de saúde e um melhor uso do medicamento; » Contato com outros profissionais de saúde. Entrevistas farmacêuticas sucessivas Nesta fase, fecha o processo de SFT, tornado-se cíclico; » Informações sobre o resultado da intervenção; » Originam-se novas análises situacionais; » Pode detectar o aparecimento de novos problemas de saúde ou a incorporação de novos medicamentos. 1.4.4 Educação Sanitária: Princípios de Prevenção de Doenças Uma das principais tarefas da Atenção Farmacêutica é a prevenção de doenças que começa desde a primeira consulta farmacêutica e é acompanhada pelo farmacêutico em todas as fases do acompanhamento farmacoterapêutico do paciente. Os objetivos primários de prevenção em medicina são: » prolongar a vida, » diminuir morbidade, e » melhorar a qualidade de vida com os recursos disponíveis. Trabalhando em parceria com os pacientes, o farmacêuticos e outros profissionais de saúde podem desempenhar um papel importantíssimo na educação dos seus pacientes, gerenciando o acesso a triagem e intervenção, e interpretar as recomendações de promoção a saúde. Embora as evidências demonstrem que os serviços de prevenção são capazes de prolongar a vida dos pacientes e diminuir os custos médicos-hospitalares, os médicos e farmacêuticos freqüentemente não integram estas atividades preventivas em suas práticas. Definições Prevenção Primária Quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença numa população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos. Inclui varias formas de promoção a saúde e vacinação. Prevenção Secundária Quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença numa população reduzindo sua evolução e duração. Tem o objetivo de detectar a doença precocemente, por exemplo o uso de mamografias para detectar o câncer de mama pré-clínico. Prevenção Terciária Quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. Prevenção de episódios recorrentes de uma doença existente, que é definida como o cuidado que tem como objetivo melhorar o curso de uma doença estabelecida. Estratégias de Prevenção Adotando uma abordagem baseada em evidências (medicina baseada em evidências) para o desenvolvimento de políticas de práticas preventivas é um passo essencial para assegurar o que realmente faz diferença, separando as boas intervenções das inócuas. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 20 O Farmacêutico Clínico pode definir Estratégias de Prevenção Primária » Atuação nos riscos modificáveis. » Prevenção de doenças; Prevenção Primária Modificação do Risco » Mais de 2 milhões de mortes que ocorrem nos E.U.A a cada ano, mais da metade é devida a causas previníveis. » Estilo de vida e comportamento são as vias principais nas causas de morbidade e mortalidade para adultos (P.Ex.: doenças cardíacas coronárias, câncer, e seqüelas). Principais Riscos Modificáveis que o Farmacêutico Pode Atuar - Tabaco » O principal risco modificável. » Responsável por mais de 400.000 mortes a cada ano e um custo social anual superior a US$50 bilhões, o abuso do tabaco conduz a uma fração substancial de morbidade e mortalidade cardiovascular, câncer, e pulmonar. » Redução do fumo nos E.U.A. de um porcentual de 40 para 25 % nos últimos 30 anos, mudando efetivamente o comportamento dos pacientes. » Por causa das propriedades aditivas da Nicotina, prevenir a iniciação ao abuso do tabaco é a intervenção de escolha. » Muitos fumantes adultos adquiriram seu hábitos como adolescentes. O aconselhamento sobre os riscos do tabaco e os métodos para abandoná-lo são as principais armas para o sucesso. Como cerca de 70% dos fumantes (nos E.U.A) entra em contato com profissionais de saúde, o encontro com o farmacêutico propicia a oportunidade de ser explicado as implicações no hábito do tabaco. Os questionamentos que o farmacêutico pode fazer ao paciente é o seguinte: » “O que você sabe sobre as conseqüências a saúde do uso do tabaco?” » “Você está pronto para abandonar o hábito” » “O que você deve fazer para parar de fumar” Estas perguntas aproximam o paciente e o encorajam a participar do processo. » Estabeleça uma data para a parada, » Estabeleça as datas de visita do paciente ou retorno telefônico durante o período inicial de parada, » Forneça literatura especializada ao paciente. Alerta!!!!!! O acompanhamento médico é fundamental neste processo. - Álcool e Drogas de Abuso O uso do álcool e drogas ocasionam mais de 100.000 mortes anualmente. - Dieta Muitas evidências sugerem que a modificação da ingestão calórica, tanto qualitativa como quantitativa, podem resultar em uma redução da morbidade e mortalidade para doenças cardiovasculares, câncer, e diabetes. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 21 O excesso de peso é um fator de risco independente para doenças coronarianas, em adiçãoa sua contribuição na incidência de diabetes, hiperlipidemia, e hipertensão. A recomendação é evitar o excesso de gorduras saturadas e sacarose, e passar a consumir carboidratos complexos e fibras. Restrição dietética de sódio pode apresentar bons resultados em hipertensos sal-sensíveis, embora o resultado da restrição na população sadia não seja conhecida. O papel do farmacêutico neste sentido é de fazer o aconselhamento dietético, sempre tendo a participação de um profissional de nutrição para estabelecer os objetivos e formular a dieta adequada para cada um. - Atividade Física A contrapartida para diminuir a ingesta calórica é aumentar o gasto energético do organismo. A atividade física sozinha não controla a obesidade, porém a mudança de hábito de vida sedentário pode diminuir a incidência de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, e osteoporose. É estimado que a atividade física apresenta uma redução de até 35% em doenças coronarianas, e mesmo exercícios leves são preferidos a não fazer exercícios. - Comportamento Sexual Devido aos riscos substanciais de doenças infecciosas e gravidez indesejada, os pacientes devem ser alertados sobre os riscos de fazer sexo sem proteção, e sobre os métodos contraceptivos existentes juntamente com o profissional médico. - Riscos Ambientais O farmacêutico durante a consulta farmacêutica deve elaborar os riscos ambientais ao qual o paciente está submetido, considerando o aspecto físico, social e ocupacional dos seus pacientes. Deve ser tomada uma completa história do paciente focando sua residência, trabalho, vizinhança, hobbies. Os pacientes devem ser orientados sobre a exposição solar e os riscos do câncer de pele e encorajados a usar filtros solares. Os riscos de traumatismos advindos de acidentes de trânsito também devem ser informadas aos pacientes assim como o aconselhamento sobre hábitos seguros de condução de veículos, como o uso de cinto de segurança e capacete em motociclistas. Riscos de incêndio e queimaduras devem ser alertados aos pacientes, e medicamentos em casa no caso de ter crianças na residência. Uso de arma de fogo e guarda delas em residências também deve ser desestimulada. - Imunização Cerca de 70.000 mortes nos E.U.A anualmente são devidas a gripe, infecções pneumococcicas, e hepatite B. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 22 2 ERROS DE MEDICAÇÃO 2.1 Conceitos importantes para estudarmos Erros de Medicação Reação adversa a medicamento (RAM) É uma resposta nociva e não intencional ao uso de medicamento e que ocorre em doses normalmente utilizadas em seres humanos para a profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doenças. (OMS, 1972) É definido pela OMS como “todo efeito prejudicial e não desejado que se apresenta depois da administração de um medicamento com doses normalmente utilizadas no ser humano para a profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade ou com objetivo de modificar uma função biológica”. Eventos adversos relacionados a medicamentos São considerados como qualquer dano ou injúria causado ao paciente pela intervenção médica relacionada aos medicamentos. A American Society of Healthy-System Pharmacists define-os como qualquer injúria ou dano, advindo de medicamentos, provocados pelo uso ou falta do uso quando necessário. A presença do dano é, portanto, condição necessária para a caracterização do evento adverso. O evento pode ser devido a vários fatores relacionados com o tratamento: » dose do medicamento incorreta, » dose omitida, » via de administração não especificada, » horário de administração incorreto e outros. Deve-se lembrar que uma superdose de medicamento não pode ser considerada como uma reação adversa de acordo com a definição, mas pode ser considerado um evento adverso. Desta forma um Erro de Prescrição, apesar de não ser uma Reação Adversa pode ser chamado de Evento Adverso. Erro de medicação Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode ou não lesar o paciente, e não importa se o medicamento se encontra sob o controle de profissionais de saúde, do paciente ou do consumidor. O erro pode estar relacionado à: » prática profissional, » produtos usados na área de saúde, » procedimentos, » problemas de comunicação, » prescrição, » rótulos, » embalagens, » nomes, » preparação, » dispensação, » distribuição, » administração, » educação, » monitoramento e » uso de medicamentos. Diferenças entre erros de medicação e reações adversas Os eventos adversos preveníveis e potenciais relacionados a medicamentos são produzidos por erros de medicação, e a possibilidade de prevenção é uma das diferenças marcantes entre as reações adversas e os erros de medicação. A reação adversa a medicamento é considerada como um evento inevitável, ainda que se conheça a sua possibilidade de ocorrência, e os erros de medicação são, por definição, preveníveis. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 23 Relação entre acidentes com medicamentos, acontecimentos adversos por medicamentos (AAM), reações adversas a medicamentos (RAM) e erros de medicação (Otero MJ, Domínguez-Gil A. Acontecimientos adversos por medicamentos: una patología emergente. Farm Hosp 2000; 24:258-66). Importante - Um erro pode ocorrer por: » Imperícia; » Negligência ; » Imprudência. Imperícia » Agir com inaptidão; » Falta de qualificação técnica, teórica ou prática; » Ausência de conhecimentos elementares e básicos da profissão. Erro de prescrição Erro de decisão ou de redação, não intencional, que pode reduzir a probabilidade do tratamento ser efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente, quando comparado com as praticas clínicas estabelecidas e aceitas. Erro de dispensação A discrepância entre a ordem escrita na prescrição médica e o atendimento dessa ordem. O atendimento de uma prescrição incorreta é também considerado erro de dispensação. Ex. Erros cometidos por funcionários da farmácia (farmacêuticos, inclusive) quando realizam a dispensação de medicamentos para as unidades de internação ou ao usuário e/ou cuidador. Erro de administração Qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos mediante prescrição médica, não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas do fabricante do produto. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 24 Negligência » Falta de cuidado; » Falta de atenção; » Inércia e passividade; Imprudência » Agir perigosamente; » Falta de moderação ou precaução; » Violação das regras ou leis. Conceito dos cinco “C” » Dose correta » Medicamento correto » Administrada ao paciente correto » Através da via correta » No momento correto As falhas em um ou mais dos cinco “C”, produzem erros! 2.2 Trabalhos relevantes sobre erros de medicação Na década de 90 foram publicados quatro trabalhos que demonstraram a importância do tema e incentivaram todos os farmacêuticos hospitalares do mundo a se preocuparem com o assunto. 1º) Em 1991 Harvard Medical Practice Study, primeiro estudo relevante, com 30.195 pacientes de hospitais do Estado de Nova York. » 3,7% dos pacientes hospitalizados sofreram efeitos indesejados derivados das atuações médicas durante sua permanência hospitalar, dos quais 19,4% foram causados por medicamentos. » 45% dos casos detectados foram considerados previníveis, ou seja, causados por erros. 2º Estudo: 1995 o ADE Prevention Study, realizado nos hospitais Brigham Women’s e Massachusets General Hospital de Boston. » 6,5%dos pacientes hospitalizados sofreram um acontecimento adverso por medicamentos durante sua estadia e que aproximadamente um terço deles (28%) eram consequência de erros de medicação. » Estes acontecimentos adversos aumentavam o custo médio em 4.700 dólares por paciente e representavam um custo de 2,8 milhões de dólares para um hospital de 700 leitos. 3º Estudo: 1999 Committee on Quality of Health Care in America do Institute of Medicine (IOM) » Erros assistenciais ocasionam entre 44.000 e 98.000 mortes ao ano nos E.U.A. » Mortalidade maior que a causada pelos acidentes de trânsito, câncer de mama ou AIDS. » Neste estudo verificou-se que os erros de medicação são os de maior magnitude e os mais conhecidos e destaca que ocasionam mais de 7.000 mortes Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 25 anuais, superando as causadas por acidentes de trabalho. » São responsáveis por uma em cada 854 mortes em pacientes hospitalizados e de uma em cada 131 mortes em pacientes não hospitalizados. 4º Estudo: Institute for Safe Medication Practices (ISMP-Espanha) » Erros de medicação podem motivar 4,7% das entradas em serviços médicos, com um custo médio por leito próximo a 3.000 Euros. » Podem causar acontecimentos adversos em 1,4% dos pacientes hospitalizados. » Outro estudo realizado recentemente em Barcelona demonstrou que os erros de medicação são responsáveis por 5,3% das entradas hospitalares. 2.3 FARMACÊUTICO HOSPITALAR Deve estar preparado para gerenciar os riscos, para que os erros, sejam minimizados, beneficiando à todos! PORTARIA Nº 4.283, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010 - Aprova as diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. » Gerenciamento de risco: aplicação sistemática de políticas de gestão, procedimentos e práticas na análise, avaliação, controle e monitoramento de risco. ESTA AÇÃO AUMENTA A SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS MEDICAMENTOS EM UMA INSTITUIÇÃO 2.4 FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO DOS ERROS DE MEDICAÇÃO » Analisar os erros de medicação como erros do sistema e não de pessoas; » Criar uma cultura de segurança não punitiva que permita o aprendizado com os erros; » Aprender com o problema! Estar preparado! » Para gerenciar os riscos! » Cultura de gestão de riscos! REFLEXÃO: Caso das Enfermeiras de Denver (EUA) Em Outubro de 1996, um EM ocorrido em um hospital de Denver ocasionou a morte de um recém nascido devido a administração por via intravenosa de uma dose dez vezes superior a prescrita de penicilina-benzatina. Como consequência, três enfermeiras foram levadas a julgamento por “homicídio por negligência” Verificou-se que ao longo do processo de prescrição, dispensação e administração do medicamento, que havia conduzido a este trágico acontecimento adverso, foram produzidos várias falhas do sistema. » As falhas foram às seguintes: » medicamento não necessário, » prescrição ilegível, » falta de verificação da prescrição pelo farmacêutico, » falha na rotulagem pelo laboratório farmacêutico, » inexperiência do pessoal da farmácia hospitalar e da enfermagem. Resultado do processo: Absolvição das acusadas (devido à falha ser do sistema e não de uma única pessoa). Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 26 Morte absurda e evitável de menina de 12 anos Em São Paulo, uma menina de 12 anos, Stephanie, morreu porque aplicaram na sua veia 50 ml de vaselina líquida. Ela estava recebendo hidratação venosa em um hospital da Santa Casa e o frasco de vaselina líquida foi confundido por uma auxiliar de enfermagem com o frasco de soro fisiológico. Os frascos, pelas fotografias publicadas nos jornais, são em tudo idênticos. *Foto: Reprodução / TV Globo 2.5 Estratégias de Prevenção As estratégias de prevenção dos EM se baseiam fundamentalmente no desenvolvimento de sistemas de utilização de medicamentos seguros, a prova de erros. É necessário revisar o sistema, envolver a equipe e implantar processos como os sugeridos a seguir. PROCESSO PESSOAS IMPLICADAS 1. Seleção e gestão 1.1. Estabelecer um Guia Farmacoterapêutico 1.2. Estabelecer um procedimento para a provisão de medicamentos não incluidos no Guia Farmacoterapêutico Comitê interdisciplinar (incluindo clínicos e gestores) 2. Prescrição 2.1. Avaliar a necessidade e selecionar o medicamento correto 2.2. Individualizar o regime terapêutico 2.3. Estabelecer a resposta terapêutica desejada Médico 3. Validação 3.1. Revisar e validar a prescrição Farmacêutico 4. Preparação e dispensação 4.1. Adquirir e armazenar os medicamentos 4.2. Processar a prescrição 4.3. Elaborar/preparar os medicamentos 4.4. Dispensar os medicamentos com regularidade Farmacêutico 5. Administração 5.1. Administrar o medicamento correto ao paciente correto 5.2. Administrar a medicação no momento indicado 5.3. Informar o paciente sobre a medicação Enfermeira 6. Seguimento 6.1. Monitorar e documentar a resposta do paciente 6.2. Identificar e notificar as reações adversas e os erros de medicação6.3. Reavaliar a seleção do medicamento, dose, frequência e duração do tratamento Todos os profissionaisde saúde e o pacienteou seus familiares Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 27 2.6 ANÁLISE DE ERROS DE MEDICAÇÃO: Gerenciamento de Risco - Segurança ao Paciente no Circuito do Medicamento ANÁLISE DE ERROS DE MEDICAÇÃO » Cadeia de origem dos EM » Gravidade dos EM » Tipos de EM » Causa dos EM 2.6.1 Cadeia de origem de EM Importância: Conhecer a cadeia terapêutica facilita a localização dos processos onde ocorre o maior número de EM, facilitando a implantação de medidas preventivas. Segundo levantamento da Farmacopéia Americana (USP) de 1999: » administração – 40% » transcrição – 21% » dispensação – 17% (United States Pharmacopeia. Summary of the 1999 information submitted to MedMARxsm, a national database for hospital medication error reporting.) Quando se analisa os EM que causam efeitos adversos, os erros de prescrição são mais frequentes. Processo da cadeia terapêutica onde se originam os EM causadores de efeitos adversos em pacientes hospitalizados 2.6.2 Gravidade dos EM Importância: A determinação da gravidade do EM, tem a intensão de facilitar o estabelecimento das prioridades de ação. Gravidade dos EM: Sistema proposto por Hartwig et al: Classificação » 9 categorias de A a I » 4 níveis » erro potencial ou não erro » erro sem danos » erro com danos » erro mortal Gravidade dos EM: Versão mais atual de classificação - 2001: A classificação continua parecida O que mudou? » Algumas definições » As nove categorias de gravidade têm o mesmo peso, sendo igualmente importante a notificação de erros que provocam danos, daqueles que não provocam Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 28 Categoría Definición Error potencial o no error Categoría A Circunstancias o incidentes con capacidad de causar error Error sin daño1 Categoría B El error se produjo, pero no alcanzó al paciente2 Categoría C El error alcanzó al paciente, pero no le causó daño Categoría D El error alcanzó al paciente y no le causó daño, pero precisó monitoración 3 y/o intervención para comprobar que no había sufrido daño Error con daño Categoría E El error contribuyó o causó daño temporal al paciente y precisó intervención4 Categoría F El error contribuyó o causó daño temporal al paciente y precisó o prolongó la hospitalización Categoría G El error contribuyó o causó daño permanente al paciente Categoría H El error comprometió la vida del paciente y se precisó intervención paramantener su vida5 Error mortal Categoría I El error contribuyó o causó la muerte del paciente 1 Daño: alteración temporal o permanente de estructuras o funciones físicas, emocionales o psicológicas y/o el dolor resultante de ellas que precise intervención. 2 Un “error por omisión” alcanza al paciente. 3 Monitorización: observación o registro de datos relevantes fisiológicos o psicológicos. 4 Intervención: cualquer cambio realizado en la terapia o tratamiento médico o quirúrgico. 5 Intervención necesaria para mantener la vida del paciente: Incluye el suporte vital cardiovascular y respiratorio (desfibrilación, intubación, etc). Quadro 1: Tipos de erros de medicação 1. Medicamento errado 1.1 Prescrição inadequada do medicamento 1.1.1 medicamento não indicado/não apropriado para o diagnóstico que se pretende tratar 1.1.2 história prévia de alergia ou reação adversa similar 1.1.3 medicamento inadequado para o paciente por causa da idade, situação clínica, etc. 1.1.4 medicamento contra-indicado 1.1.5 interação medicamento-medicamento 1.1.6 interação medicamento-alimento 1.1.7 duplicidade terapêutica 1.1.8 medicamento desnecessário 1.2 Transcrição/dispensação/administração de um medicamento diferente do prescrito 2. Omissão de dose ou medicamento 2.1 falta de prescrição de um medicamento necessário 2.2 omissão na transcrição 2.3 omissão na dispensação 2.4 omissão na administração 3. Dose errada 3.1 dose maior 3.2 dose menor 3.3 dose extra 4. Frequência de administração errada 5. Forma farmacêutica errada 6. Erro de preparo, manipulação e/ou acondicionamento 7. Técnica e administração errada 8. Via de administração errada Categorias de gravidade dos erros de prescrição registrados pelo programa MedMARxSM durante o ano de 1999 (n= 6.224) - USP 2.6.3 Tipos de EM Classificação: segue a natureza dos EM: definida na Espanha – 2000 » Classificação: 15 tipos Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 29 Quadro 1: Tipos de erros de medicação 9. Velocidade de administração errada 10. Horário errado de administração 11. Paciente errado 12. Duração do tratamento errada 12.1 duração maior 12.2 duração menor 13. Monitorização insuficiente do tratamento 13.1 falta de revisão clínica 13.2 falta de controles analíticos 14. Medicamento deteriorado 15. Falta de adesão do paciente 16. Outros tipos 17. Não se aplica fonte: OTERO et al., 2008. É importante lembrar que em qualquer classificação mencionada os diferentes tipos de erros são mutuamente excludentes, devido a complexidade. Isto implica que o número de tipos pode ser maior que os erros analisados. Tipos de erros de medicação registrados no MedMARxSM (sistema de notificação de erros composta de mais de 600 hospitais americanos) durante o ano de 1999 (n=6.188) Tipos de erros de medicação registrados pelo grupo de trabalho Ruiz-Jarabo em 2000 - Espanha (n=453) Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 30 Falhas do Sistema x Falhas profissionais??? Estudo de Leape et al.: 3 perguntas: » Qual foi o erro? – permite conhecer o tipo do EM » Por que ocorreu o erro? – permite identificar a causa mais próxima » Por que se produziu a causa do erro? – permite encontrar as falhas no sistema que geraram o EM Principais causas: » falta de conhecimento sobre o medicamento – 22% » falta de informação sobre o paciente – 14% Principais falhas: » incorreta difusão de informação sobre medicamentos (principalmente para médicos) – 29% » inadequada disponibilidade de informação sobre o paciente – 18% Em resumo, os principais EM são: » Medicamento errado » Doses incorretas » Omissão de medicamentos » Isto mostra que os problemas nos distintos países são similares 2.6.4 Causas dos EM A determinação das causas dos erros ajudam na prevenção dos mesmos. As causas dos erros são muito complexas, pois na maioria dos casos são multifatoriais e multidisciplinares. A relação entre o tipo de EM x causas de EM, também é complexa » um tipo de erro pode atribuir várias causas » uma causa pode estar vinculada a vários tipos de EM Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 31 Causas dos EM – Segundo National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention – NCCMERP Causas mais freqüentes observadas são: » Falta de informação sobre o paciente » Falta de informação sobre os medicamentos » Problemas de interpretação da prescrição médica » Problemas de etiquetamento, envase e denominação dos medicamentos » Sistema de armazenamento, preparação e dispensação de medicamentos deficiente » Problemas com os sistemas de administração de medicamentos » Falta de medidas de segurança de uso dos medicamentos » Falta de informação aos pacientes sobre os medicamentos Causas de erros de medicação registrados pelo grupo de trabalho Ruiz-Jarabo 2000 (n=502) 2.7 Prevenção de Erros de Medicação em Hospitais Os erros de medicação podem ser cometidos por pessoal experiente ou não, incluindo farmacêuticos, médicos, residentes e enfermeiros. A incidência de ocorrência é indeterminada tendo em vista as variáveis e dificuldades de padronização de metodologias. Muitos erros de medicação são indetectáveis. Os resultados podem muitas vezes ser mínimas ou inexistentes, porém muitas situações podem causar séria morbidade e mortalidade de pacientes. Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 32 Erro de administração Situação: O enfermeiro não acompanha a administração de uma quimioterapia, e o medicamento que pode ser um líquido vesicante, pode extravasar. Extravasamento » Consiste na saída do fármaco do vaso sanguíneo, para os tecidos próximos ao local da punção. » Os principais sinais são: Inchaço, edema e dor. » Principais causas: » Inexperiência do pessoal que administra; » Fragilidade capilar (pacientes idosos); » Radioterapia prévia na região de punção Erro de Prescrição Situação: o médico prescreveu um medicamento teratogênico, mesmo sabendo do risco para mulheres em idade fértil, sem fazer maiores investigações e orientações. Dano permanente! Exemplo de drogas consideradas comprovadamente teratogênicas em humanos: » Inibidores da ECA (ex. Captopril); Antineoplasicos; Antitireioideanos; Barbituratos; Carbamazepina; Etanol (em altas doses); Fenitoina; Iodetos e Iodo radioativo; Lítio; Misoprostol; Retinoides; Talidomida; Tetraciclina; Valproato de sódio; Vitamina A (>18.000 UI/dia) e Warfarina. » Medicamentos sem nenhum efeito adverso conhecido para a Gravidez - (nenhuma droga é absolutamente sem risco durante a gravidez. Estas Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 33 drogas parecem ter um mínimo risco quando usadas conscientemente sob supervisão médica.); » Acetaminofeno; Analgésicos narcóticos; Cefalosporinas; Corticosteroides; Eritromicina; Fenotiazinas; Hormônios tireoidianos; Penicilinas e Polivitaminicos. 2.8 Recomendações para prevenção de erros de medicação 1) Utilizar padronização de medicamentos de acordo com Comissão de Farmácia e Terapêutica; 2) Investimento em seleção, treinamento, supervisão e avaliação de pessoal; 3) Evitar acúmulo de tarefas e horas-extras; 4) Ambiente da manipulação agradável, evitando interrupções e conversas desnecessárias; 5) Linhas de autoridade e áreas de responsabilidade claramente definidas para prescrição, dispensação e administração de medicamentos; 6) Facilitar a comunicação técnica entre farmacêuticos, médicos e enfermeiros (evitar entraves burocráticos e administrativos para comunicar problemas); 7) Sistema de verificação farmacêutica de 100%das prescrições médicas (através de prontuário, cópia carbonada ou prescrição eletrônica); 8) Realização de Estudos de Utilização de Medicamentos (EUM) que colaborem para reconhecer o perfil de prescrição, cumprimento de protocolos clínicos; 9) Programas de seguimento farmacoterapêutico de pacientes em uso de fármacos mais comumente associados a RAM (antibióticos, antineoplásicos, cardiovasculares) e formas injetáveis (K, psicotrópicos, lidocaína, procainamida, Mg, insulina, etc.); 10) Elaboração de um programa de notificação e monitoração de erros de medicação para identificar e eliminar as causas e prevenir sua recorrência; 11) O farmacêutico na hora da dispensação deve ter acesso aos dados clínicos do paciente (prescrição, alergias, hipersensibilidades, diagnóstico, interações potenciais, terapias duplicadas, dados laboratoriais, gravidez, dados demográficos, etc.); 12) O farmacêutico deve manter disponíveis o perfil farmacoterapêutico dos pacientes internados e ambulatoriais que recebem cuidados no hospital; 13) A farmácia deve ser responsável por todas a etapas de dispensação e controle do uso de medicamentos no hospital; 14) Funcionamento da farmácia 24 horas é recomendado, e todas as prescrições passarem por triagem farmacêutica; 15) A CFT deve padronizar o maior número possível de protocolos farmacoterapêuticos (fármacos X indicação, quantidade, dosagem, tempo de tratamento, via) e limitar o uso dos medicamentos “se necessário”; 16) O sistema de dispensação que proporciona uma menor probabilidade de ocorrência de erros de medicação e a dose-unitária e deve ser adotado no maior número de unidades de internação possível; 17) Exceto em situações de emergência todos os medicamentos estéreis e não estéreis devem ser preparados pela farmácia individualmente para cada paciente; 18) Os estoques periféricos em poder da enfermagem devem ser os menores possíveis (e quando necessários armazenado em dispensadores automatizados); 19) As áreas de estocagem devem ser constantemente vistoriadas pela farmácia para verificar integridade das embalagens, rotulagem e condições de armazenagem dos medicamentos; 20) O Gerente da farmácia deve assegurar que todos os medicamentos adquiridos tenham alta qualidade e procedência garantida; 21) Evitar a entrada no hospital de medicamentos trazidos pelo paciente; 22) Medicamentos descontinuados ou não usados devem retornar imediatamente a farmácia; 23) Utilização de sistemas automatizados e código de barras auxiliam a evitar os erros; 24) A estruturação de um Centro de Informações de Medicamentos (CIM) auxilia no processo de tomada de decisão; 25) Padronização de horários de medicamentos (12/12, 8/8, de manhã, etc) deve ser realizada e fornecido treinamento a todos; Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 34 26) Evitar a prescrição de medicamentos não padronizados; 27) Formação de um grupo de estudos de análise dos erros e com o objetivo de traçar programas de redução dos mesmos (este grupo pode estar ligado a CFT); e 28) A farmácia deve organizar eventos educacionais com o objetivo de mostrar os dados sobre erros e como implantar as ferramentas para evitar sua ocorrência. 2.9 Sugestão de Implantação de Gestão de Erros de Medicação Infraestrutura » Comitê multidisciplinar para uso correto de medicamentos » Medidas de prevenção dos EM 2.9.1 Comitê multidisciplinar para uso correto de medicamentos » Estebelecer um programa de detecção, notificação e análise de erros de medicação e efeitos adversos de medicamentos; » Implantar no hospital medidas gerais, de eficácia provada, dirigida a prevenir dos EM e melhorar a segurança dos medicamentos; » Promover no hospital uma cultura de segurança não punitiva; » Formar os profissionais sobre as causas dos erros de medicamentos e sobre as medidas gerais de prevenção; » Estabelecer os procedimentos para casos de EM, incluindo procedimentos para informação do paciente e para assessorar os profissionais. 2.9.2 Medidas de prevenção dos erros 1) Estratégias gerais dirigidas ao redesenho do sistema » proporcionar liderança a nível organizacional e executivo; » considerar as limitações humanas ao desenhar os processos; » promover o funcionamento de equipes efetivas; » antecipar o inesperado; » criar um ambiente de apredizagem. 2) Procedimentos, práticas e medidas seguras específicas centradas na melhoria do processo » Adoção de uma atitude focada na melhoria do sistema; » Recomendações para aplicar a curto prazo; » Recomendações para aplicar a longo prazo. Recomendación Recomendado por 1. Adoptar una cultura de seguridad enfocada a la mejora del sistema AHA, ASHP, GAO, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA, NQF 2. Estandarizar la prescripción médica AHA, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, NQF 3. Estandarizar otros procedimientos: horarios de administración, límites de dosis, envasado y etiquetado, almacenamiento, etc. AHA, GAO, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, NQF 4. Estandarizar los equipos de infusión AHA, IHI, IOM, ISMP, NQF 5. Suministrar los medicamentos intravenosos de alto riesgo preparados desde el Servicio de Farmacia AHA, IOM, ISMP, JCAHO, MHA 6. Desarrollar protocolos de uso y procedimientos especiales para manejar los medicamentos de alto riesgo AHA, GAO, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA, NQF 7. Asegurar la disponibilidad continuada de asistencia farmacéutica AHA, ASHP, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA, NQF 8. Incorporar un farmacéutico clínico al equipo asistencial AHA, ASHP, IHI, IOM, ISMP, GAO, NQF Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 35 Recomendación Recomendado por 9. Hacer accesible la información más relevante sobre el paciente en todas las unidades asistenciales IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA 10. Asegurar la disponibilidad de información actualizada sobre medicamentos AHA, ASHP, GAO, IHI, ISMP, JCAHO, MHA 11. Educar a los pacientes sobre su tratamiento AHA, ASHP, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA, NQF 12. Establecer un sistema de distribuición de medicamentos en dosis unitarias AHA, ASHP, GAO, IHI, IOM, ISMP, JCAHO, MHA, NQF 13. Estabelecer la prescripción eletrónica y a ser posible la prescripción asistida AHA, ASHP, GAO, IHI, IOM, ISMP, MHA, NQF 14. Implementar nuevas tecnologias que permitan mejorar los procesos de dispensación y administración AHA, ASHP, GAO, IOM, ISMP, MHA Etapas de implantação » Etapa de sensibilização » Criação de um comitê de trabalho » Procedimento: Notificação e Avaliação » Registro e exportação de dados » Medidas de prevenção (planos de melhoria) » Informação e seguimento de resultados Circuito do processo de notificação, avaliação, registro e controle de EM 2.10 PROGRAMA DE NOTIFICAÇÃO Implantação de um programa de notificação O programa tem que ser identificado como um objetivo de qualidade » É importante o apoio institucional » É importante a conscientização e apoio de todos os envolvidos Fundamentos da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação 36 2.11 Monitorando e Gerenciando os Erros de Medicação A dificuldade em detectar os erros tem sido reconhecido como uma das barreiras para estudar o problema efetivamente. Algumas técnicas disponíveis incluem: a) Notificação por médicos, enfermeiros, farmacêuticos; b) Notificação anônima; e c) Auditoria médica, de enfermagem ou farmacêutica Gerenciando os erros de medicação A classificação do potencial de risco de morte do paciente por erros de medicação devem ser estabelecidas pela CFT. » Classificações: – LESAR,R.S. et al (JAMA,1990) e a de HARTWIG, S.C. et al (AJHP, 1991) - esta última já vimos. » Classificação de LESAR: 1) Clinicamente significante: potencialmente grave ou fatal 2) Menor: riscos menores ao
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