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REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2016. SENAI – Departamento Nacional © 2016. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT FICHA CATALOGRÁFICA FICHA CATALOGRÁFICA S491r Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Refrigeração e climatização residencial / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2015. 97 p. : il. ; 30 cm. - (Série refrigeração e climatização) Inclui índice e bibliografia ISBN 9 788550 500270 1. Refrigeração. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título. III. Série. CDU: 621.56 Lista de ilustrações Figura 1 - Refrigerador à base de gelo .....................................................................................................................17 Figura 2 - Circuito de refrigeração com compressão mecânica de vapor ...................................................18 Figura 3 - Diagrama P-h do ciclo de refrigeração ideal por compressão mecânica de vapor ..............19 Figura 4 - Refrigerador convencional .......................................................................................................................21 Figura 5 - Congelador de um refrigerador convencional sem a tecnologia frost free ............................21 Figura 6 - Refrigerador especial – duplex ................................................................................................................22 Figura 7 - Refrigerador especial – side by side. .......................................................................................................23 Figura 8 - Freezer horizontal ........................................................................................................................................23 Figura 9 - Bebedouro por pressão..............................................................................................................................24 Figura 10 - Bebedouro com garrafão ........................................................................................................................25 Figura 11 - Refresqueira/suqueira ..............................................................................................................................26 Figura 12 - ACJ – condicionador de ar tipo janela ...............................................................................................27 Figura 13 - Split-system tipo hi-wall .........................................................................................................................27 Figura 14 - Unidade condensadora de um climatizador de ar residencial. .................................................28 Figura 15 - Condensador de um sistema de refrigeração residencial ...........................................................29 Figura 16 - Filtro secador de um sistema de refrigeração residencial ...........................................................29 Figura 17 - Componentes internos de um compressor alternativo para refrigeração............................31 Figura 18 - Compressor de um sistema de refrigeração residencial ..............................................................31 Figura 19 - Relés de partida e dispositivos de proteção em compressores utilizados em sistemas de refrigeração domésticos .................................................................................................32 Figura 20 - Porta de sistema de refrigeração residencial que possui termostato eletrônico ...............34 Figura 21 - Exemplo de capacitor ...............................................................................................................................34 Figura 22 - Simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas. ..40 Figura 23 - Diagrama elétrico de um refrigerador residencial. ........................................................................42 Figura 24 - Diagrama elétrico de um refrigerador duplex residencial. .........................................................45 Figura 25 - Diagrama elétrico de um climatizador residencial. .......................................................................47 Figura 26 - Exemplo de borneira encontrada em sistemas de refrigeração e climatização residenciais ..................................................................................................................................................48 Figura 27 - Diferentes ambientes com conforto térmico adequado .............................................................52 Figura 28 - Chaves e ferramentas em geral ............................................................................................................65 Figura 29 - Nível de bolha .............................................................................................................................................65 Figura 30 - Furadeira elétrica tradicional .................................................................................................................66 Figura 31 - Cortador de tubos .....................................................................................................................................66 Figura 32 - Kit alargador de tubos ..............................................................................................................................67 Figura 33 - Kit para flangeamento .............................................................................................................................67 Figura 34 - Conexão flangeada ...................................................................................................................................68Figura 35 - Diferentes tipos de conjuntos de solda portáteis ..........................................................................68 Figura 36 - Manifold ........................................................................................................................................................69 Figura 37 - Bomba de vácuo ........................................................................................................................................70 Figura 38 - Vacuômetro digital ....................................................................................................................................70 Figura 39 - Multímetro digital ......................................................................................................................................71 Figura 40 - Botão seletor de grandezas a serem medidas .................................................................................71 Figura 41 - Termômetro do tipo penta .....................................................................................................................72 Figura 42 - Medidor de vazão ......................................................................................................................................73 Figura 43 - Orientações para integração entre unidade condensadora e evaporadora em sistemas de climatização residenciais ................................................................................................76 Figura 44 - Diferentes tubos isolados separadamente .......................................................................................77 Figura 45 - Orientações para instalação da mangueira de dreno em sistemas de climatização residenciais ........................................................................................................................78 Figura 46 - Exemplo de balança digital medindo a massa de um cilindro de fluido refrigerante ......80 Figura 47 - Exemplo de processo de brasagem ....................................................................................................86 Figura 48 - Trabalhador utilizando EPI: capacete, luvas e óculos de proteção. .........................................95 Figura 49 - Simbologia em mapas de riscos ...........................................................................................................96 Tabela 1 - Relação entre o volume do ambiente e calor absorvido ................................................................57 Tabela 2 - Relação entre área de janelas do ambiente e calor absorvido .....................................................57 Tabela 3 - Relação entre número de pessoas e calor gerado ............................................................................58 Tabela 4 - Relação entre área de porta e calor absorvido ...................................................................................58 Tabela 5 - Relação entre potência nominal e calor gerado ................................................................................59 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................13 2 Sistemas de refrigeração e climatização residencial .........................................................................................15 2.1 Histórico e princípios básicos .................................................................................................................16 2.2 Tipos de sistemas de refrigeração e climatização ...........................................................................20 2.2.1 Refrigeração residencial .........................................................................................................20 2.2.2 Climatização residencial .........................................................................................................26 2.3 Componentes ..............................................................................................................................................28 2.3.1 Mecânicos ....................................................................................................................................28 2.3.2 Eletromecânicos ........................................................................................................................30 2.3.3 Eletroeletrônicos ......................................................................................................................33 3 Diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais .........................................39 3.1 Simbologia ....................................................................................................................................................40 3.2 Exemplos de diagramas elétricos..........................................................................................................41 4 Noções sobre conforto térmico e carga térmica ................................................................................................51 4.1 Conforto térmico .........................................................................................................................................52 4.1.1 Metabolismo humano .............................................................................................................52 4.1.2 Formas de transmissão de calor do corpo humano .....................................................53 4.2 Carga térmica ..............................................................................................................................................54 4.2.1 Cargas externas .........................................................................................................................54 4.2.2 Cargas internas ..........................................................................................................................55 4.2.3 Cálculo simplificado e seleção de equipamentos .........................................................55 5 Instalação e manutenção ............................................................................................................................................63 5.1 Instalação .......................................................................................................................................................64 5.1.1 Ferramentas e equipamentos .............................................................................................64 5.1.2 Sistemas de refrigeração residencial .................................................................................73 5.1.3 Sistemas de climatização residencial .................................................................................75 5.2 Falhas e testes elétricos ............................................................................................................................82 5.3 Manutenção ..................................................................................................................................................84 5.4 Planejamento da manutenção ...............................................................................................................89 5.4.1 Definição de manutenção .....................................................................................................89 5.4.2 Manutenção preventiva .........................................................................................................90 5.4.3 Manutenção corretiva .............................................................................................................91 5.5 Segurança no trabalho..............................................................................................................................94 Referências ...........................................................................................................................................................................93Minicurrículo dos autores ..............................................................................................................................................95 Índice .....................................................................................................................................................................................97 1 Seja bem-vindo ao estudo da Unidade Curricular de Refrigeração e Climatização Residencial. A partir de agora, você irá desenvolver capacidades técnicas relacionadas ao funcionamento, instalação, operação e manutenção de sistemas de refrigeração e climatização residencial e expandir capacidades sociais, organizativas e metodológicas de acordo com normas técnicas, ambientais de saúde e segurança no trabalho. Inicialmente, serão discutidos temas relacionados aos conceitos básicos em refrigeração e climatização residencial, de forma que você compreenda os assuntos que nortearão os próximos capítulos. Posteriormente, informações e orientações acerca da interpretação de diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais serão trazidas, enfatizando que são fundamentais para o entendimento rápido e funcional dos sistemas em questão. Na sequência, questões sobre conforto e carga térmica serão levantadas, para proporcionar que você exercite a habilidade de cálculo, inferindo a carga térmica em determinados ambientes residenciais para possibilitar a escolha do sistema de climatização adequado. O último capítulo traz conceitos e orientações sobre os principais aspectos relacionados à instalação dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais mais representativos do mercado, inteirando-se sobre as ferramentas e equipamentos mais utilizados para tal atividade, além de explanações sobre o planejamento de manutenção para determinados sistemas. E ainda, serão abordadas questões relativas à segurança no trabalho. Portanto, com o aproveitamento dos estudos, você terá conhecimento amplo sobre os aspectos básicos relativos à instalação de sistemas de refrigeração e climatização residenciais, assim como das questões relativas à manutenção desses sistemas e da segurança no trabalho. Bons estudos! Introdução 2 Dentre os diversos setores da indústria que mais influenciam o cotidiano de uma sociedade, dois que se destacam: são a refrigeração e a climatização residencial. Por isso, é ideal manter- -se atento à quantidade de informações relacionadas ao tema, pois estas contribuirão para a formação do profissional que tenciona atuar nessa área de sistemática expansão. Os sistemas de refrigeração e climatização estão presentes na maioria das residências com acesso à rede elétrica, seja para armazenamento e condicionamento de alimentos (refrigeradores) ou climatização de ambientes (condicionadores de ar). Pesquisas (IBGE, 2013) mostram que, no biênio 2012/2013, 97,2% dos 57.492.895 domicílios particulares brasileiros possuíam, ao menos, um refrigerador. Dessa maneira, percebe-se o enorme mercado relacionado à área de produção, comércio, instalação e manutenção de sistemas de refrigeração residencial. O objetivo geral deste estudo é que você, ao final dele, seja capaz de identificar, analisar e realizar diversas atividades relacionadas à refrigeração e climatização residencial. No entanto, para se atingir o objetivo geral, deve-se atender a alguns objetivos específicos previstos e contidos neste capítulo, de forma a apropriar-se de um breve histórico e dos conceitos iniciais sobre os diferentes tipos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais, imprescindíveis para a compreensão funcional do sistema. Portanto, ao concluir os estudos deste capítulo, você estará capacitado a: a) consultar normas, manuais técnicos e catálogos de fabricantes; b) identificar sistemas elétricos de refrigeração e climatização residencial; c) identificar os diferentes tipos de sistemas aplicados em refrigeração e climatização residencial e seus componentes mecânicos; d) identificar a sequência de funcionamento dos diferentes componentes da instalação de sistemas de refrigeração e climatização residencial; e) identificar componentes eletroeletrônicos de sistemas de climatização e refrigeração residencial; f ) identificar componentes eletromecânicos de sistemas de climatização e refrigeração residencial. Bons estudos! Sistemas de Refrigeração e Climatização Residencial REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL16 2.1 HISTÓRICO E PRINCÍPIOS BÁSICOS Durante muito tempo, a utilização de gelo foi a solução encontrada para se manter refrigerados ambientes ou alimentos perecíveis, visto que sem o acondicionamento ideal, eles se deterioravam facilmente. Historicamente, para a conservação de alimentos, utilizava-se recipientes de materiais isolantes para manter a temperatura desejada em seu interior; acondicionava-se o alimento na vasilha, e este era coberto com gelo. Prática semelhante a que é utilizada atualmente com as caixas térmicas, que são úteis para transporte em curtas distâncias de alimentos ou bebidas refrigeradas. No entanto, para a contínua refrigeração do que se deseja acondicionar no recipiente, também é necessária contínua reposição do gelo, que ao absorver o calor do produto, derrete. Até meados da primeira metade do século XIX, a reposição desse gelo era feita apenas com gelo formado naturalmente (ALTHOUSE, A. D.; TURNQUIST, C. H.; BRACCIANO, 2004). Com a utilização de gelo natural, sua obtenção ficava restrita a regiões naturalmente propensas a esse fenômeno (continuamente ou em períodos específicos do ano), ou seja, países tropicais, como o Brasil, não teriam essa possibilidade. Mesmo em locais onde há formação natural do gelo, a sua retirada e transporte também eram um problema, visto que, especialmente naquela época, os meios de transporte não dispunham de técnicas e materiais otimizados para o isolamento do material, e por isso, grande parte do gelo retirado já chegava derretido ao seu destino. Com essa problemática relativa à obtenção do gelo de forma natural, pensou-se em formas de obtê- -lo de maneira artificial (produzir). Foram então desenvolvidas centrais de produção de gelo artificial em alguns países, com destaque para os Estados Unidos da América e Alemanha, de diferentes maneiras. Até o início do século XX, essas centrais de produção de gelo artificial se desenvolveram, melhoraram o rendimento de seus processos e condições de trabalho de seus operários. No entanto, continuavam esbarrando no problema do transporte da produção do gelo artificial da central até o usuário (SILVA, 2003). Muito conhecida por suas engenhosidades em diferentes áreas do conhecimento, a civilização egípcia também mostrou habilidade para enfrentar os problemas relativos à refrigeração e climatização, em especial, devido a sua localização geográfica, na qual não havia qualquer possibilidade de formação natural de gelo. Para amenizar os problemas, eram utilizados recipientes de material poroso, como o barro, preenchidos com água, de forma que parte do líquido passava pela porosidade do material e evaporava para o ambiente, refrescando o espaço e realizando sua climatização. CURIOSI DADES Apesar de todos os problemas relacionados, foi com a utilização de gelo (natural ou artificial) que se esboçou o primeiro conceito de refrigerador convencional semelhante ao que se conhece hoje, utilizando gelo dentro de um ambiente isolado, de maneira que o derretimento (mudança de fase) absorvesse calor dos alimentos acomodados e prolongasse seu bom estado por mais tempo. O gelo derretido escorria através de um dreno para fora do refrigerador. 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 17 Na figura a seguir, é possível observar a disposição desse primeiro conceito de refrigerador semelhante ao convencional que se conhece atualmente. Gelo Dreno Água Figura 1 - Refrigerador à base de gelo Fonte: do Autor (2016) Na primeira metadedo século XX, com o avanço das tecnologias disponíveis, se consolidou o desenvolvimento de fluidos refrigerantes e, dessa forma, a utilização do gelo foi substituída por sistemas de refrigeração e climatização que utilizam em seus circuitos os fluidos refrigerantes. De maneira resumida, é através das mudanças de fase do fluido refrigerante ao longo dos circuitos de refrigeração e climatização que há a retirada de calor do ambiente que se deseja refrigerar ou climatizar, sendo esse um dos principais meios utilizados atualmente para proporcionar refrigeração e climatização residencial. Em sites de fabricantes de sistemas de refrigeração e climatização residenciais você encontra mais informações sobre os fluidos refrigerantes, como histórico de desenvolvimento, tipos mais utilizados, características, cuidados relativos ao transporte e armazenamento, entre outros esclarecimentos. Disponível em: <http:// www.clubedarefrigeracao.com.br/downloads/fluidos-refrigerantes. SAIBA MAIS É válido ressaltar que ao longo deste livro serão explicados alguns cuidados relativos ao manuseio e à utilização dos fluidos refrigerantes. Assim, os sistemas de refrigeração e climatização que passaram a ser desenvolvidos e comercializados com a utilização de fluidos refrigerantes em seus circuitos ficaram conhecidos como sistemas de compressão mecânica de vapor (DOSSAT, 2004). Como já citado anteriormente, é através das mudanças de fase do fluido refrigerante que ocorre a transferência de energia térmica na forma de calor, do ambiente que se deseja resfriar para outro ambiente com maior temperatura, de forma a rejeitar esse calor. Ro si m er i L ik es (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL18 Para que essa transferência de energia térmica ocorra e o ambiente desejado seja refrigerado ou climatizado, é necessária a utilização de circuitos de refrigeração. De maneira simplificada, os circuitos de refrigeração podem ser compreendidos como uma sequência de equipamentos e dispositivos que atuam de forma conjunta transferindo calor (energia térmica) de um ambiente com determinada temperatura para outro submetido a uma temperatura maior (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). Com essa explicação, percebe-se que esse é o comportamento inverso da transferência natural de calor, onde a temperatura de um determinado ambiente diminuiria com a transferência de calor deste para outro ambiente com uma temperatura menor. Portanto, para que essa transferência de calor ocorra, há a necessidade de uma fonte externa de energia para que o circuito de refrigeração opere e as transferências de calor sejam realizadas. Fique atento, pois mais adiante será apresentada essa fonte externa de energia. Basicamente, os circuitos de refrigeração com compressão mecânica de vapor são compostos por cinco elementos: compressor, condensador, dispositivo de expansão, evaporador e tubulação (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002), como esquematizado na figura a seguir. Ambiente quente Ambiente frio Alta pressão Alta pressão CompressorDispositivo de expansão Baixa pressão Evaporador Baixa pressão Condensador Qr Qa Pel 12 3 4 Legenda: Pel potência elétrica Qr calor rejeitado Qa calor absorvido 1 descarga do compressor 2 saída do condensador 3 entrada do evaporador 4 sucção do compressor Figura 2 - Circuito de refrigeração com compressão mecânica de vapor Fonte: do Autor (2016) Ro si m er i L ik es (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 19 Outra maneira de demonstrar os mesmos pontos é através do diagrama P-h (Pressão-Entalpia1), que pode ser observado na figura a seguir. 2 h P 3 4 1 Qr Qa Win Legenda: Qr calor rejeitado para o meio Qa calor absorvido do espaço a ser refrigerado Win trabalho realizado pelo compressor sobre o �uido 4-1 compressão isoentrópica em um compressor 1-2 rejeição de calor à pressão constante em um condensador 2-3 expansão isoentálpica em dispositivo de expansão 3-4 absorção de calor à pressão constante em um evaporador P pressão h entalpia Figura 3 - Diagrama P-h do ciclo de refrigeração ideal por compressão mecânica de vapor Fonte: adaptado de Çengel; Boles (2013) Você pôde analisar o ciclo de refrigeração, ponto a ponto, na sequência de etapas demonstradas nas figuras anteriores. Você estudará uma descrição mais completa dos componentes relacionados aos sistemas de refrigeração e climatização e seus circuitos, mais adiante, neste capítulo. No ponto 1 o fluido refrigerante encontra-se no estado de vapor superaquecido devido à passagem pelo compressor e, por consequência, compressão. Ao atravessar o condensador (trocador de calor a alta temperatura), o fluido refrigerante transfere energia na forma de calor para um meio externo, que está em uma temperatura mais baixa em relação a ele e, com isso, seu estado físico começa a ser alterado para uma mistura em estado saturado (vapor/líquido), ponto 2. Ao passar pelo dispositivo de expansão, a pressão e a temperatura da mistura em estado saturado (vapor/líquido) é diminuída pela restrição de passagem, no ponto 3. 1 É a grandeza termodinâmica de estado de um conjunto que pode ser definida como o conteúdo energético global de um siste- ma, ou seja, a soma da energia química e da energia térmica. Ro si m er i L ik es (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL20 Após o ponto 3, o fluido refrigerante, no estado saturado (vapor/líquido), em baixa pressão, atravessa o evaporador (trocador de calor a baixa temperatura) e retira/absorve calor do ambiente a ser resfriado. Dessa maneira, o refrigerante, por ter absorvido a energia térmica do ambiente, passa do estado saturado (vapor/líquido) para apenas vapor e continua em baixa pressão. No ponto 4, o fluido se encontra nas condições ideais para ser aspirado e comprimido novamente pelo compressor. O ciclo, então, é repetido continuamente, conforme a necessidade. Devido à diferença de temperatura proporcionada pelas mudanças de estado de líquido e vapor, o calor é retirado do ambiente que se deseja resfriar e, por consequência, ocorre a queda de temperatura do mesmo. As temperaturas de evaporação e de condensação de um circuito de refrigeração dependem do tipo e da quantidade de fluido refrigerante utilizado e dos níveis de pressão praticados ao longo do circuito, conforme a necessidade de cada aplicação específica. Com o conteúdo estudado até aqui, foi possível conhecer o histórico dos sistemas de refrigeração e climatização, assim como entender os princípios básicos de funcionamento de um sistema de refrigeração, em especial do sistema por compressão mecânica de vapor, que é um dos mais utilizados atualmente, tanto para refrigeração, quanto para climatização residencial. A partir de agora, você irá conhecer os diferentes sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Acompanhe. 2.2 TIPOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO Neste item, serão mostrados os diferentes sistemas de refrigeração e climatização residenciais, de maneira que será possibilitada, ao final desse estudo, a identificação de cada um deles. 2.2.1 REFRIGERAÇÃO RESIDENCIAL Para melhor compreensão, serão abordados de forma separada, os principais sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Portanto, na sequência, conheça os principais sistemas de refrigeração residencial. Refrigerador convencional: é o modelo mais tradicional e possui apenas uma porta. Geralmente é o modelo mais barato de cada fabricante e dispõe de congelador acoplado na parte superior do próprio gabinete interno. Normalmente, o degelo nesse tipo de refrigerador é realizado pelo usuário, de maneira manual, ou seja, com a consequente formação de gelo no congelador devido à condensação da umidade, se faz necessário desligar o mesmo e aguardar o derretimento do material formado. 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 21Figura 4 - Refrigerador convencional Fonte: Thinkstock (2016) Refrigerador frost free – “livre de gelo”: os refrigeradores providos dessa tecnologia realizam de forma automática e periódica o degelo das camadas formadas. Assim como no refrigerador convencional, o gelo é formado nas paredes e no próprio evaporador com a diferença que, neste caso, de tempos em tempos é acionada uma resistência de degelo para derreter todo o material formado. Dessa forma, não há acúmulo e o líquido resultante do derretimento é drenado para uma bandeja alocada sobre o compressor que, pelo aquecimento decorrente da operação, propicia a evaporação do líquido. No entanto, toda essa praticidade nos refrigeradores frost free leva a maior custo de produção e consumo elétrico, se comparados com os refrigeradores convencionais. Observe, na figura a seguir, um congelador sem a tecnologia frost free. Figura 5 - Congelador de um refrigerador convencional sem a tecnologia frost free Fonte: Thinkstock (2016) To m as z T ro ja no w sk i ( 20 16 ) Ph on la m ai Ph ot o (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL22 Refrigeradores especiais: são modelos, geralmente com a tecnologia frost free, adaptados para alguma necessidade em específico, tais como: a) duplex: são aqueles que possuem duas portas, sendo a inferior destinada ao gabinete do refrigerador e a superior ao freezer. Indicados para quem necessita de um freezer separado do refrigerador, mas não tem espaço ou não deseja adquirir um aparelho separado, exclusivo para o congelamento. Quando comparados com os refrigeradores convencionais, apresentam maior consumo de energia elétrica; Figura 6 - Refrigerador especial – duplex Fonte: Thinkstock (2016) b) side by side – “lado a lado”: geralmente possui maior espaço disponível para acomodação de alimentos que os outros tipos de refrigeradores, para ambos os compartimentos (geralmente a porta mais larga é o refrigerador e a mais fina é o freezer). Indicado para pessoas que precisam de maior espaço para armazenar alimentos, sem abrir mão de questões estéticas, pois o design desse tipo de refrigerador é mais elaborado, ou nas situações em que não há espaço para duas unidades (um refrigerador e um freezer). Quando comparados com os refrigeradores convencionais, apresentam maior consumo elétrico, mas geralmente, apresentam facilidades como reservatório para retirada de água gelada e/ou cubos de gelo na porta; A bs tr ac td es ig nl ab s (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 23 Figura 7 - Refrigerador especial – side by side. Fonte: Thinkstock (2016) c) freezer vertical: semelhante externamente a um refrigerador convencional, o freezer vertical é indicado para quem precisa de maior espaço para manter produtos congelados e que não foi atendido com os espaços fornecidos, por exemplo, por um refrigerador duplex ou side by side. Também indicado para os alimentos que devem ser mantidos a menores temperaturas (na faixa de -20°C), as quais não são alcançadas nos congeladores dos refrigeradores convencionais (na faixa de -6°C). Ainda, permite rápido congelamento dos alimentos, pois as placas frias podem ficar em contato direto com os produtos; d) freezer horizontal: semelhante ao freezer vertical, no entanto, não possui prateleiras, de forma que há maior espaço útil para o armazenamento de alimentos. Figura 8 - Freezer horizontal Fonte: Thinkstock (2016) G ra ss et to (2 01 6) Pp ar t ( 20 16 ) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL24 FIQUE ALERTA Muitas vezes utilizados para definir o mesmo dispositivo de refrigeração, congelador e freezer são equipamentos diferentes. O congelador é aquele que está disponível nos refrigeradores convencionais de uma porta, mantendo temperatura na faixa de -6°C. Os freezers são aqueles que possuem unidade própria (freezer vertical ou horizontal) ou são separados nos refrigeradores especiais, como os duplex ou side by side. É importante destacar que os freezers mantêm temperaturas na faixa de -20°C, portanto, apresentam vantagem quando se precisa congelar determinados alimentos por maiores períodos. Bebedouros: são equipamentos destinados a fornecer líquidos, geralmente água potável, resfriados a temperatura ideal determinada para o consumo. No caso dos bebedouros residenciais, há três principais tipos. a) Pressão: são aqueles que esguicham o líquido desejado para o consumidor, ou seja, não há, a princípio, necessidade de utilização de algum tipo de recipiente para retirada do líquido e são conectados a uma fonte externa, por exemplo, uma torneira que forneça água continuamente. Possuem diferentes tamanhos de reservatórios para manter o líquido acondicionado na temperatura ideal, para adequar-se às necessidades de diferentes residências, seja ao número de pessoas que o utilizam ou à frequência/intensidade de uso. Permitem ajuste de temperatura e são dotados de circuito de refrigeração básico com compressão mecânica de vapor, para refrigeração dos líquidos internos, filtrando as impurezas do produto que será disponibilizado. Figura 9 - Bebedouro por pressão Fonte: Thinkstock (2016) b) Garrafão: disponibiliza o líquido desejado na temperatura escolhida e possui circuito de refrigeração básico com compressão mecânica de vapor para arrefecimento. Há a necessidade da troca dos garrafões conforme o consumo e, geralmente, possui torneiras para facilitar a retirada do líquido com copos ou garrafas. Ju pi te rim ag es (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 25 Figura 10 - Bebedouro com garrafão Fonte: Thinkstock (2016) c) Pastilhas Peltier: também conhecidos como bebedouros eletrônicos, não possuem circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor e sim pastilhas termoelétricas do tipo Peltier em lugar do compressor. O efeito Peltier permite que a energia na forma calor seja retirada do líquido que se deseja resfriar e que a mesma seja transferida e dissipada através de um dissipador de calor, que geralmente está acoplado a um cooler2. É indicado para situações onde o consumo não é elevado, visto que sua capacidade de refrigeração é substancialmente menor se comparada aos bebedouros que se utilizam de circuitos de refrigeração com compressor. Por outro lado, geralmente, são mais baratos e sua alimentação também é feita através de garrafões. Fabricador de gelo em cubo: equipamento utilizado para rápida produção de cubos de gelo. Geralmente, possui circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor, utiliza um reservatório de água para preparar o líquido e deixá-lo nas condições ideais para ser transformado em gelo e outro para acomodar e manter o gelo já produzido. Refresqueiras/ suqueiras: são dispositivos destinados a manter determinados líquidos, de alta ou baixa densidade, na temperatura ideal de consumo. Há diferentes modelos, desde os mais simples, que não possuem circuito de refrigeração e se utilizam de reservatórios separados na utilização de gelo para o mantenimento da temperatura ideal do líquido, até os mais sofisticados, que além de possuírem circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor, dispõem de pás de plástico que se movimentam para manter o líquido misturado, quando necessário. 2 Geralmente se refere ao sistema de arrefecimento de determinado dispositivo, neste caso, usualmente se utiliza uma ventoinha e o próprio ar como meio de retirar calor do mecanismo que se deseja resfriar. N er th uz (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL26 Figura 11 - Refresqueira/suqueira Fonte: Thinkstock (2016) 2.2.2 CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL Uma das definições mais aceitas de climatização a expõe como um conjunto de meios e artifícios para permitir manter e monitorar, em um ambiente fechado, as condições adequadas/desejadas de umidade, temperatura, qualidade e movimentação do ar. Atualmente, com o avanço das tecnologias disponíveis no âmbito da climatização residenciale maior acesso à compra de produtos que dependem dessas tecnologias, o número destes equipamentos cresce a cada dia nos lares brasileiros. Na sequência, serão mostrados os principais produtos utilizados atualmente para climatização residencial. a) ACJ – condicionador de ar tipo janela: antigamente, era o modelo mais vendido e utilizado em residências. Deve ser instalado em uma abertura na parede compatível com suas dimensões. Ocasionalmente, por restrições de espaço, também podem ser instalados em aberturas feitas em janelas, porém, este tipo de instalação não é a recomendado, pois amplifica as vibrações provenientes do conjunto do ACJ. Possui em uma mesma unidade (corpo) todos os elementos básicos do circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor, e por essa razão, são relativamente mais ruidosos se comparados aos tipos atuais de climatizadores residenciais (tipo split). Os modelos mais recentes dos ACJ dispõem de controle digital de temperaturas e controle remoto. G au tie r W ill au m e (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 27 Figura 12 - ACJ – condicionador de ar tipo janela Fonte: Thinkstock (2016) b) Split-system tipo Hi-wall: são os modelos mais atuais, modernos do ponto de vista tecnológico, com novas soluções que proporcionam maior economia de energia elétrica, como é o caso dos modelos inverter que utilizam compressores de velocidade variável, e do ponto de vista estético são mais discretos e elegantes. Ao contrário dos ACJ, os chamados split possuem duas unidades de trabalho, a evaporadora e a condensadora. A unidade evaporada é aquela que fica dentro do ambiente a ser climatizado e é a responsável por retirar calor; já a unidade condensadora é responsável por realizar a dissipação do calor retirado para o ambiente externo, ficando, então, instalada externamente ao ambiente a ser climatizado. As duas unidades são conectadas por tubulações, nas quais passam o fluido refrigerante e o lubrificante (óleo), além das conexões elétricas. Novamente, quando comparados aos ACJ, os splits são mais eficientes por possuírem unidades separadas, visto que, dessa forma, a operação de uma, não interfere diretamente no funcionamento da outra, do ponto de vista das trocas térmicas. Além disso, devido a unidade condensadora localizar-se externamente, junto ao compressor e outros componentes ruidosos, o nível de barulho é consideravelmente mais baixo no ambiente a ser climatizado. Figura 13 - Split-system tipo Hi-wall Fonte: Thinkstock (2016) Ju pi te rim ag es (2 01 6) N ic om en ije s (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL28 A seguir, serão estudados os principais componentes de sistemas de refrigeração e climatização residenciais. 2.3 COMPONENTES Nesta seção, serão mostrados os principais componentes de um sistema de refrigeração e climatização residencial. O conteúdo está organizado de forma que seu estudo possibilitará apreensão mais detalhada da função de cada componente. Continue atento e se aproprie de mais este conhecimento. 2.3.1 MECÂNICOS Os sistemas de refrigeração e climatização residenciais são compostos por componentes mecânicos, eletromecânicos e eletroeletrônicos. Neste item, serão abordados os componentes mecânicos. a) Condensador: existem três principais tipos de condensadores aplicados em refrigeração e climatização: resfriados a ar, a água e por processo evaporativo. No caso da refrigeração doméstica, o que é amplamente utilizado é o tipo resfriado a ar. Neste tipo de condensador, o refrigerante, depois de ter sua temperatura aumentada devido à compressão, inicia o processo de condensação, rejeitando calor através de uma superfície com aletas3, para o ar ambiente, naturalmente ou através de convecção forçada, com a utilização de ventoinhas (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). No caso dos refrigeradores residenciais, utiliza-se condensadores do tipo arame-sobre-tubo. Figura 14 - Unidade condensadora de um climatizador de ar residencial. Fonte: Thinkstock (2016) 3 Superfícies adicionadas à tubulação para otimizar a transferência de calor e aumentar a eficiência do circuito de refrigeração ou climatização. Si ric ha i_ ra ks ue (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 29 Figura 15 - Condensador de um sistema de refrigeração residencial Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015) b) Filtro secador: são utilizados para reter umidade e eventuais partículas sólidas nos circuitos de refrigeração e climatização. Essas partículas podem inutilizar o sistema, causando desde entupimentos em determinadas partes do circuito até danos permanentes ao compressor. Já a umidade pode ser algum resquício do processo de realização de vácuo no circuito, de maneira que pode levar, por exemplo, à formação de corrosão ou ao entupimento do dispositivo de expansão. O filtro secador geralmente é feito de aço ou ferro e é constituído, na entrada, de uma tela grossa e na saída, de uma tela mais fina, que funcionam como uma espécie de peneira; além de matérias dessecantes utilizadas para absorver umidade. Observe um exemplo desse equipamento na imagem a seguir: Figura 16 - Filtro secador de um sistema de refrigeração residencial Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015) Ad ai r T ei xe ira (2 01 6) Ad ai r T ei xe ira (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL30 c) Dispositivo de expansão: o dispositivo geralmente empregado em refrigeradores e climatizadores residenciais é o tubo capilar (DOSSAT, 2004; STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). Simples, do ponto de vista geométrico, nada mais é do que um tubo de cobre de pequeno diâmetro interno. Esse dispositivo é responsável pela atividade fundamental do funcionamento do circuito de refrigeração ou climatização: ele separa as linhas de alta e baixa pressão no circuito. Isso permite que o fluido refrigerante esteja nas condições ideais para passar pelo evaporador e retirar energia na forma de calor do ambiente que se tenciona resfriar. d) Evaporador: pode ser definido como o agente direto de resfriamento, constituindo a interface entre o ambiente a ser refrigerado e o próprio circuito de refrigeração (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). A maioria dos evaporadores resfria ar ou líquidos, como água ou salmouras, que são, na prática, os agentes de resfriamento no processo (DOSSAT, 2004; STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). Assim como os condensadores, no caso da refrigeração e climatização residencial, o tipo de evaporador mais comumente utilizado resfria o ar e utiliza-se do fluido refrigerante do circuito de refrigeração em seus tubos ou serpentinas (SAIZ JABARDO, 2002). Em função do baixo coeficiente de transferência de calor por convecção, nas situações em que o ar é utilizado como meio, os tubos devem ser dotados de aletas para atenuar essa deficiência (INCROPERA; DEWITT, 2008; STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). 2.3.2 ELETROMECÂNICOS Os sistemas de refrigeração e climatização residenciais são compostos por componentes mecânicos, eletromecânicos e eletroeletrônicos. Como já foram abordados os componentes mecânicos, neste item, serão explorados os componentes eletromecânicos. a) Compressor: é o principal componente dos circuitos de refrigeração (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). É o dispositivo responsável pela entrega da energia externa necessária ao sistema, para que o fluido refrigerante circule e realize as trocas de calor necessárias à refrigeração do ambiente. Em outras palavras, o compressor tem por função o aumento da pressão do fluido na fase de vapor (levando-o de um estado de baixa para alta pressão). Isso acontece através da realização de trabalho sobre o fluido, que proporciona aumento de sua temperatura como efeito indesejado. Tal diferença de pressão provoca a movimentação do fluido através da tubulação do circuito (DOSSAT, 2004). Em refrigeração e climatização são utilizados praticamente todos os tipos de compressores: alternativos,rotativos de parafuso e de palhetas e centrífugos. No entanto, os tipos mais comuns de compressores em aplicações de até 1 MW (MW = megawatt = 106 watt) são os alternativos e os rotativos (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 31 Para a refrigeração doméstica, são utilizados compressores alternativos (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). A lubrificação das partes móveis do compressor alternativo é realizada por óleo de lubrificação, no qual o fluido refrigerante é solúvel. Já para a climatização residencial, geralmente são utilizados compressores do tipo rotativo de palhetas, que apresentam menores níveis de vibração quando comparados aos do tipo alternativo, e dessa forma, são mais indicados para situações onde o baixo nível de ruído é importante, por exemplo, no caso dos condicionadores de ar residenciais (STOECKER; JONES, 1985). Observe, na figura a seguir, um exemplo de compressor alternativo: Figura 17 - Componentes internos de um compressor alternativo para refrigeração. Fonte: adaptado de HENKLEIN (2006). Na internet, você encontra mais informações sobre os princípios de funcionamento dos compressores, em especial do tipo alternativo. Disponível em: <http://embraco. com/Default.aspx?tabid=71>. E para saber mais sobre a tecnologia Inverter, muito utilizada nos modelos atuais de climatizadores de ar residenciais, acesse: <http:// www.fujitsu-general.com/br/products/tecnologiainverter.html>. SAIBA MAIS Figura 18 - Compressor de um sistema de refrigeração residencial Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015) A nd re ss a Vi ei ra (2 01 6) Ad ai r T ei xe ira (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL32 b) Relés de partida: é o dispositivo responsável por permitir a partida no compressor, ligando e desligando o enrolamento auxiliar do mesmo. À medida que a corrente elétrica aumenta de intensidade, cria-se um campo magnético no relé que proporciona o fechamento de seus contatos, permitindo que seja energizada a bobina auxiliar do compressor, que é responsável pela partida do mesmo. Após o início de funcionamento do compressor a intensidade da corrente diminui e, dessa forma, o relé abre seus contatos e a bobina auxiliar é desenergizada. c) Dispositivos de proteção: no caso dos compressores, também chamado de protetor térmico, tem como função desligar/desenergizar o compressor caso ocorra um aumento súbito de sua corrente elétrica ou quando a temperatura do mesmo se elevar a patamares não recomendáveis. Geralmente acoplado à carcaça externa do compressor, junto ao relé de partida, funciona com a utilização de duas chapas metálicas que, quando aquecidas a níveis não desejáveis, perdem contato por possuírem diferentes coeficientes de dilatação térmica, de maneira a interromper a continuidade na alimentação do compressor e, por consequência, desligá-lo. Figura 19 - Relés de partida e dispositivos de proteção em compressores utilizados em sistemas de refrigeração domésticos Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015) d) Termostato mecânico: de concepção semelhante ao protetor térmico na questão das chapas metálicas, neste caso, o aumento da temperatura dentro do gabinete do sistema de refrigeração dilata o material das chapas metálicas, de modo a permitir o fechamento do contato, fazendo com que corrente passe pelo circuito e energize o compressor. Assim que é atingida a temperatura desejada, as placas perdem contato e o compressor é desenergizado. Ad ai r T ei xe ira (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 33 e) Pressostatos: podem ser definidos como interruptores elétricos orientados pela pressão e ser utilizados como dispositivos de controle ou proteção. Em outras palavras, são sensíveis a subpressões ou sobrepressões, que podem ter seus limites regulados através de um conjunto parafuso e mola. Quando um limite de pressão é ultrapassado, abre-se o contanto elétrico e ocorre o desarme da alimentação do equipamento. Há possibilidade de modelos com rearme manual e automático. f ) Chave seletora: basicamente, tem como função selecionar o contato que deve ser fechado dentre os diversos componentes elétricos. g) Válvulas solenoides: são modelos de válvulas acionadas eletricamente, utilizadas nos circuitos de refrigeradores e climatizadores residenciais. Há modelos que quando acionados permitem a passagem. Já outros, bloqueiam, quando energizados. h) Timers de degelo: são os responsáveis, nos refrigeradores com tecnologia frost free, por controlar o tempo de atuação da resistência de degelo, que é incumbida de derreter o gelo que se forma no evaporador e locais adjacentes, por consequência. i) Motoventilador: componente que tem como função auxiliar a movimentação de ar nos compartimentos dos refrigeradores, além de potencializar o processo de descongelamento automático, para refrigeradores com tecnologia frost free. 2.3.3 ELETROELETRÔNICOS Como já mencionado, os sistemas de refrigeração e climatização residenciais são compostos por componentes mecânicos, eletromecânicos e eletroeletrônicos. Já foram abordados os componentes mecânicos e eletromecânicos. Neste item, serão analisados os componentes eletroeletrônicos. a) Termostato eletrônico: tem o mesmo objetivo do termostato mecânico, ou seja, permitir que a corrente energize, quando necessário, o compressor. Nestes casos, a medição de temperatura é realizada por sensores elétricos, que enviam o sinal da medição para um circuito eletrônico, que é responsável por permitir ou não a passagem de corrente para o compressor. Possibilitam melhor controle da temperatura se comparados com os modelos mecânicos, além de possibilitarem mais funcionalidades, como a indicação em um display digital da temperatura interna do gabinete do sistema de refrigeração. REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL34 Figura 20 - Porta de sistema de refrigeração residencial que possui termostato eletrônico Fonte: Thinkstock (2016) b) Capacitores: são componentes capazes de armazenar cargas elétricas para auxiliar na partida ou no funcionamento dos compressores utilizados nos sistemas de refrigeração e climatização residenciais. É válido ressaltar que há modelos de compressores que utilizam tanto o capacitor de partida quanto o de funcionamento, já outros utilizam apenas um deles e, por fim, há modelos que não utilizam nenhum dos dois tipos de capacitores. Figura 21 - Exemplo de capacitor Fonte: Thinkstock (2016) A BB Ph ot o (2 01 6) Br av is si m oS (2 01 6) 2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL 35 CASOS E RELATOS Choques sem sentido A pequena empresa de instalação e manutenção de sistemas de refrigeração e climatização residenciais em que Marcos trabalhava sempre realizou bons serviços, no entanto, Marcos, durante as intervenções, sempre levava choques elétricos ao entrar em contato com os capacitores, mesmo quando eles estavam desconectados do sistema ou de conexões elétricas. Ele não conseguia entender o porquê. Só depois de muitos choques resolveu pesquisar e soube que os capacitores armazenam cargas elétricas que podem causar descargas e choques, mesmo quando desconectados de uma fonte. Depois desta descoberta, ele começou a tomar mais cuidado e seguir orientações para que acidentes não ocorressem mais. Depois dessas experiências, Marcos percebeu que é importante ter bastante conhecimento antes de executar qualquer trabalho com componentes que utilizam energia elétrica, para dessa forma, diminuir os riscos de acidentes e danos aos equipamentos envolvidos. c) CPU (Unidade Central de Processamento) de refrigeradores e condicionadores de ar: é a placa eletrônica que administra o funcionamento de sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Neste componente está a maior parte da eletrônica embarcada no sistema, de modo que equipamentos mais modernos tendem a ter mais funções, o que leva a CPUs mais complexas.RECAPITULANDO Ao longo deste capítulo, foram abordados assuntos iniciais relativos aos conceitos básicos de refrigeração e climatização residencial, que incluem desde o histórico dos sistemas, com destaque para o desenvolvimento de soluções com a utilização dos fluidos refrigerantes; a evolução das técnicas utilizando circuitos com compressão mecânica de vapor; os diferentes tipos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais até seus principais componentes. REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL36 Com esses conhecimentos, ficará mais fácil e intuitivo reconhecer, em campo, os diferentes sistemas em funcionamento, e desta forma, aplicar os procedimentos necessários, que serão estudados mais a frente, individualmente, visando respeitar suas peculiaridades. O mesmo ocorre com os diferentes tipos de componentes que, quanto mais cedo identificados, mais cedo possibilitarão ações relativas à detecção de falhas e procedimentos de testes, por exemplo, assunto que também será estudado mais à frente. Agora, você se encontra apto a explorar, no capítulo seguinte, os temas relacionados ao entendimento dos diagramas elétricos dos principais sistemas de refrigeração e climatização residenciais estudados até agora, desde sua simbologia até a assimilação dos diagramas como um todo. Continue sempre atento e bons estudos! 3 Um fator muito importante para o profissional da área entender o funcionamento de um sistema de refrigeração ou climatização residencial é a interpretação de seus diagramas elétricos. Não apenas para compreender suas conexões ou componentes, mas também para diagnosticar eventuais problemas e efetuar a manutenção e a substituição de peças defeituosas. Este capítulo tratará dos aspectos relacionados à simbologia utilizada, propondo-se a mostrar e explicar exemplos de diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Portanto, ao concluir os estudos deste capítulo você estará capacitado a: a) interpretar esquemas elétricos de sistemas de climatização e refrigeração residencial; b) interpretar diagramas de sistemas de refrigeração e climatização residencial. Continue atento! Muitos conhecimentos estão por vir. Bons estudos! Diagramas Elétricos de Sistemas de Refrigeração e Climatização Residenciais REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL40 3.1 SIMBOLOGIA O conceito de diagrama pode ser definido como uma representação visual simplificada de algo que se queira mostrar de maneira rápida e objetiva, a fim de facilitar a leitura e a compreensão. No caso dos diagramas elétricos não é diferente, eles são utilizados para mostrar, de maneira clara e objetiva, as conexões e os componentes elétricos utilizados em determinado sistema. Nesses diagramas elétricos, são utilizados símbolos gráficos que substituem, por exemplo, a necessidade de se desenhar cada componente do circuito com o aspecto real, o que seria uma tarefa árdua tanto para a confecção dos diagramas quanto para o usuário/leitor, que precisaria interpretar um diagrama maior e, por consequência, mais complexo. A simbologia utilizada nesses diagramas deve ser a mais padronizada possível para que, sabendo interpretar um tipo de diagrama elétrico de um refrigerador ou climatizador residencial de determinado fabricante, se consiga, consequentemente, interpretar os diagramas de qualquer outro fabricante. Além disso, com a padronização da simbologia utilizada, pode-se também facilitar a interpretação de diagramas de produtos fabricados em outros países. O que geralmente acontece é que, dentro das próprias normas que regulamentam a simbologia a ser utilizada em cada país, há diferenças na representação até de componentes básicos, como resistores e capacitores, como mostrado na figura a seguir. SIGNIFICADO ABNT DIN ANSI JIS IEC COMPONENTES DE CIRCUITO Resistor (a) (b) (c) Resistor com derivações Indutor, enrolamento, bobina Indutor com derivações Capacitor Capacitor com derivações Capacitor eletrolítico + + + + + + Figura 22 - Simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas. Fonte: adaptado de SENAI (1996). 3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS 41 Perceba que a figura exemplifica o fato já mencionado anteriormente, de que mesmo nas principais agências reguladoras de normas ao redor do mundo, como a alemã DIN (Deutsche Industrie Normen) ou a japonesa JIS (Japonese Industrial Standards), há diferenças até em componentes de utilização básica. A título de informação, a ANSI (American National Standards Institute) é estadunidense e a IEC (International Electrotechnical Commission) é uma comissão eletrotécnica internacional. No Brasil é adotada e utilizada simbologia própria regulada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). No entanto, a simbologia relativa aos componentes elétricos é baseada em normas europeias. De forma que, quando comparada com a norma americana, há algumas diferenças, como pôde ser visto na figura Simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas. CURIOSI DADES Vale ainda destacar que com a criação constante de novos componentes em circuitos elétricos e seus respectivos diagramas, por vezes, não há ainda uma simbologia definida para determinados itens ou orientação de alguma norma relacionada, o que gera a criação de um novo símbolo, mesmo que ainda não normalizado, associado ao nome do componente, para facilitar sua leitura e interpretação. Para mais informações sobre as normas e orientações nas mais diversas áreas, consulte o site da ABNT: <http://www.abnt.org.br/>. SAIBA MAIS Na sequência, serão estudados os exemplos de diagramas elétricos. Acompanhe. 3.2 EXEMPLOS DE DIAGRAMAS ELÉTRICOS Os diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais geralmente acompanham o produto, seja junto ao manual de instruções ou colados no equipamento, para facilitar e otimizar futuras intervenções, tanto para questões relativas à manutenção quanto para ajustes de maneira geral. Em muitas oportunidades, o que se percebe é que os fabricantes não utilizam estritamente as normas relativas às simbologias dos componentes elétricos, mas usam símbolos adaptados para o entendimento rápido do leitor. Percebe-se que os símbolos sugeridos estão associados a nomes, letras ou números relacionados a tabelas com o nome do componente. Observa-se, então, que os fabricantes não utilizam uma simbologia “propriamente padrão” e sim um conjunto de símbolos amplamente aceito e entendido pelos profissionais e aficionados da área. REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL42 Depois do contato com estas informações, você pode iniciar o estudo para interpretação de diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais. A figura, a seguir, mostra o diagrama elétrico de um refrigerador. Observe com atenção. 5/ 4D 6 B 10 C/ E Q 10 P O PC IO N A L O PT IO N A L O PT IO N N EL 3 9 10 K 2 3 3 10 10 7 o N M 10 2 A CN 1: 2 5 1 CN 2: 1 2 3 4 F 2 2 3 3 H J D IA G RA M A E LÉ TR IC O /W IR IN G D IA G RA M /S CH EM A E LE TR IQ U E/ ES Q U EM A E LÉ TR IC O N º C or /c ol or /c ou le ur 1 P re to /b la ck /n oi r/ ne gr o 2 V er m el ho /r ed /r ou ge /r oj o 3 B ra nc o/ w hi te /b la nc /b la nc o 4 A m ar el o/ ye llo w /ja un e/ am ar ill o 5 V er de /g re en /v er t 6 M ar ro m /b ro w n/ m ar ro n 7 L ar an ja /o ra ng e/ an ar an ja do 8 R os a/ pi nk /r os e/ ro sa do 9 C in za /g re y/ gr is 10 A zu l/b lu e/ bl eu 11 V io le ta /v io le t/ vi ol et te N O M IN A L RA TE D N O M IN A LE M ÍN IM O M IN IM U M M ÁX IM O M AX IM U M 12 7V 22 0V 22 0V /2 30 V 22 0V /2 40 V 23 0V (IN D IA ) 10 4V 19 8V 19 8V 19 8V 16 0V 14 0V 242V 25 3V 26 4V 26 0V A E OPCIONAL OPTIONAL OPTIONNEL A B C D E F Co rd ão d e al im en ta çã o po w er c or d Ca bl e de b ra nc he m en t Ca bl e de a lim en ta ci on Pr ot et or té rm ic o O ve rlo ad p ro te ct or Pr ot ec te ur th er m iq ue Pr ot ec to r t er m ic o Re lé Re la y Re la is Co m pr es so r Co m pr es or Co m pr es se ur PT C Pl ac a el et rô ni ca El et ro ni c bo ar d Pl aq ue e le tr on iq ue Pl ac a el ec tr on ic a H J M N O Se ns or te m p. d eg el o D es fr os t t em p. s en so r Se ns or te m p. d eg iv ra ge Se ns or te m p. d es hi el o M ot or v en til ad or fr e. Fr ee ze r f an m ot or M ot eu r v en til at eu r f re . Se ns or te m p. re fr. Re fr. te m p. s en so r Te rm of us ív el Th er m of us e Te rm of us ib le Re si st ên ci a de ge lo D ef ro st h ea te r Re si st an ce D eg iv ra ge Re si st en ci a de sh ie lo P K Q Lâ m pa da re fr ig er ad or Re fr ig er at or la m p La m pe re fr ig er at eu r La m pa ra re fr. Ca pa ci to r m ar ch a Co nd es at eu r m ar ch e Ru nn in g ca pa ci to r In te ru pt or es Sw itc he s Figura 23 - Diagrama elétrico de um refrigerador residencial. Fonte: adaptado de Consul (2015) A nd re ss a Vi ei ra (2 01 6) 3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS 43 A figura anterior mostra um diagrama típico de um refrigerador residencial e o seu entendimento orientará a compreensão de qualquer outro diagrama elétrico de refrigeradores residenciais. Para facilitar a interpretação, primeiramente serão explicadas as informações gerais do diagrama elétrico analisado: a) as letras junto a cada componente do circuito indicam seus nomes, que constam na figura na parte inferior; b) os números junto a cada fio indicam a cor do mesmo, para auxiliar na identificação de defeitos e na substituição de materiais defeituosos. A cor que representa cada número conta na figura na parte inferior; c) há uma tabela no centro indicando as tolerâncias aceitas para diferentes tensões nominais de operação do refrigerador. Por exemplo, se o aparelho tiver sua alimentação nominal em 220 V, seu circuito poderá suportar variações provenientes da rede elétrica, sem danos causados, de 198 V até 242 V; d) observe que existem três tabelas com letras maiúsculas na na parte inferior da figura, que denominam o tipo de componente representado; e) há outra tabela no centro da figura indicando possíveis variações ou opcionais no circuito. No caso da figura em questão, existe a possibilidade de variação em relação ao tipo do cordão de alimentação – A ou PTC1 (Positive Temperature Coefficient) – E; f ) ao lado do compressor – D há a numeração 5/4 e ela indica o aterramento, conforme as normas, utilizando um fio verde – 5 e outro amarelo – 4; g) percebe-se a possibilidade ou não de utilização do capacitor – Q, também conhecido como capacitor de partida. É utilizado em compressores que usam motores elétricos que necessitam de alto torque de partida, seja para vencer a inércia ou para alguma aplicação em específico, definida pelo projeto do motor. Para melhor entendimento da função do PTC, compreenda que com o aumento da temperatura, há uma variação também positiva no valor de sua resistência. Portanto, ele é utilizado para permitir ou não a passagem de corrente para a bobina auxiliar do compressor, pois a partir de determinada temperatura, ele aumenta rapidamente sua resistência, interrompendo a passagem da corrente. De posse dessas informações, você pode agora saber sobre a identificação das representações das letras e sobre sua função no diagrama elétrico do refrigerador residencial analisado: a) a placa eletrônica – F é a responsável por centralizar e controlar (controle definido pelo projeto da própria placa e componentes nela utilizados) os sinais elétricos, podendo ser os provenientes do sensor de temperatura de degelo – H, do sensor de temperatura do refrigerador – J (CN2) ou das fases da rede elétrica e posterior energização dos circuitos com o ventilador – M e resistência de degelo – O, ambos no CN1; 1 PTC – (coeficiente de temperatura positivo) é um termistor sensível à temperatura. REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL44 b) os números utilizados na placa eletrônica – F, tanto no CN1 quanto no CN2, são apenas para indicar a posição do fio nos conectores (CN) da placa, também, por vezes, chamado de borneira; c) observa-se que com o fechamento do contato do interruptor – K ocorre a energização da lâmpada do refrigerador – P, a mesma fecha o circuito com a rede elétrica e é ligada. Em outras palavras, quando a porta do refrigerador é aberta, fecha-se o contato do interruptor – K e acende-se a lâm- pada do refrigerador – P. Por outro lado, assim que a porta do refrigerador é fechada, abre-se o contato do interruptor – K, e na sequência, apaga-se a lâmpada do refrigerador – P; d) como são utilizados o sensor de temperatura de degelo – H e a resistência de degelo – O, conclui- -se que esse é um refrigerador residencial que dispõe de tecnologia frost free, o que possibilita, de tempos em tempos, que o refrigerador realize o degelo, de forma automática, do material formado próximo às paredes do congelador; e) o sensor de temperatura do refrigerador – J conectado à placa eletrônica – F indica que o modelo em questão se utiliza de um termostato eletrônico no lugar dos mais antigos termostatos mecânicos; f ) há ainda um termofusível – N junto ao circuito da resistência de degelo, que por motivos de segurança, a partir de determinada temperatura, abre o circuito, desenergizando a resistência de degelo – O. Na ocorrência, por exemplo, de que o sensor de temperatura de degelo – H apresente algum defeito durante um ciclo, o circuito é aberto, evitando o contínuo funcionamento da resistência de degelo – O, que poderia levar a altas temperaturas e danos ao produto, ou até, apresentar risco à segurança; g) percebe-se também que o circuito de alimentação do ventilador – M, quando energizado, também energiza o circuito do compressor – D. Assim, a operação do compressor – D ocorre junto com a do ventilador – M, de forma que o mesmo auxilia na distribuição de ar nos compartimentos, favorecendo a eficiência do sistema de refrigeração. FIQUE ALERTA A má interpretação do diagrama elétrico de um sistema de refrigeração ou climatização residencial pode atrasar a realização de um reparo ou ajuste e até mesmo levar a danos permanentes em algum componente. Portanto, a leitura e a interpretação sem pressa dos diagramas elétricos dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais são atividades imprescindíveis para o sucesso do trabalho. Com o conhecimento adquirido é possível interpretar outros diagramas elétricos de diferentes sistemas de refrigeração e climatização residenciais. 3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS 45 Observe, na figura a seguir, o diagrama elétrico de outro refrigerador residencial. D IA G RA M A E LÉ TR IC O /W IR IN G D IA G RA M /S CH EM A E LE TR IQ U E/ ES Q U EM A E LÉ TR IC O N º C or /c ol or /c ou le ur 1 P re to /b la ck /n oi r/ ne gr o 2 V er m el ho /r ed /r ou ge /r oj o 3 B ra nc o/ w hi te /b la nc /b la nc o 4 A m ar el o/ ye llo w /ja un e/ am ar ill o 5 V er de /g re en /v er t 6 M ar ro m /b ro w n/ m ar ro n 7 L ar an ja /o ra ng e/ an ar an ja do 8 R os a/ pi nk /r os e/ ro sa do 9 C in za /g re y/ gr is 10 A zu l/b lu e/ bl eu 11 V io le ta /v io le t/ vi ol et te 5 /4 C /E /R 6 10 Q B D O P C IO N A L O P T IO N A L O P T IO N N E L 3 1 0 1 06 1 2 3 4 1 2 33 6 2 5 1 4 O P C IO N A L O P T IO N A L O P T IO N N E L R 1 0 6 A L 1 8 1 0 3 N O F C N 1 : CN2: 2 ( 2 2 0 -2 4 0 V ) 3 ( 1 2 7 V ) M 1 0 1 0 9 6 P 6 9 C N 3 : C N 4 : 1 2 3 1 2 3 G H I J 9 P OPCIONAL OPTIONAL OPTIONNEL 2 2 6 6 3 3 7 K N O M IN A L RA TE D N O M IN A LE M IN IM O M IN IM U M M ÁX IM O M AX IM U M 12 7V 22 0V 22 0V /2 30 V 22 0V /2 40 V 23 0V (IN D IA ) 10 4V 19 8V 19 8V 19 8V 16 0V 14 0V 24 2V 25 3V 26 4V 26 0V A E OPCIONAL OPTIONAL OPTIONNEL TS D R A B C D E F G Co rd ão d e al im en ta çã o po w er c or d Ca bl e de b ra nc he m en t Ca bl e de a lim en ta ci on Pr ot et or té rm ic o O ve rlo ad p ro te ct or Pr ot ec te ur th er m iq ue Pr ot ec to r t er m ic o Re le Re la y Re la is Co m pr es so r Co m pr es or Co m pr es se ur PT C Pl ac a el et rô ni ca El et ro ni c bo ar d Pl aq ue e le tr on iq ue Pl ac a el ec tr on ic a Pl ac a in te rf ac e In te rf ac e bo ar d H I Se ns or te m p. d eg el o D ef ro st te m p. s en so r Se ns or te m p. d eg iv ra ge Se ns or te m p. d es hi el o Se ns or te m p. fr ee ze r Fr ee ze r t em p. s en so r Se ns or te m p. re fr. Re fr. te m p. s en so r In te rr up to r d up lo D ou bl e pi n sw itc h M ot or v en til ad or re fr. Re fr. fa n m ot or M ot eu r v en til at eu s re fr. M ot or v en til ad or fr e. Fr ee ze r f an m ot or M ot eu r v en til at eu r f re . Th er m of us iv el Th er m of us e Te rm of us íb le J K L M N O P Re si st en ci a de ge lo D ef ro st h ea te r Re si st an ce d eg iv ra ge Re si st en ci a de sh ie lo Ca pa ci to r m ar ch a Co nd en sa te ur m ar ch e Ru nn in g ca pa ci to r Lâ m pa da re fr ig er ad or Re fr ig er at or la m p La m pe re fr ig er at eu r La m pa ra re fr. Re si st en ci a de ge lo D ef ro st h ea te r Re si st an ce d eg iv ra ge Re si st en ci a de sh ie lo Q R 7 6 5 1 0 4 8 1 2 3 9 Figura 24 - Diagrama elétrico de um refrigerador duplex residencial. Fonte: adaptado Brastemp (2015a). REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL46 Apesar de aparentemente o diagrama anterior ser semelhante ao apresentado na figura Diagrama elétrico de um refrigerador residencial, há algumas diferenças sutis que, se corretamente interpretadas, facilitam sua identificação, tais como: a) assim como o modelo do diagrama elétrico apresentado na figura Diagrama elétrico de um refrigerador residencial, o refrigerador agora analisado possui a tecnologia frost free, que é identificada, pela presença do sensor de temperatura de degelo – H. No entanto, diferentemente do modelo do diagrama anterior, esse possui um sensor de temperatura do freezer – I, o que indica que o refrigerador em questão é do tipo duplex, ou seja, possui duas portas externas, sendo uma para o compartimento do refrigerador e outra para o freezer; b) outra maneira de se identificar o duplex é a partir da existência de interruptor duplo – K, um para o compartimento do refrigerador e outro para o compartimento do freezer; c) observa-se também a possibilidade de utilização de uma segunda lâmpada do refrigerador – P, geralmente utilizada no compartimento do freezer; d) há também, quando comparada com a utilizada no modelo anteriormente apresentando, uma placa eletrônica – F, mais complexa e com mais conectores; e) adicionalmente, há a chamada placa interface – G, característica que indica que, neste modelo de refrigerador em questão, há um display na porta que permite a programação de alguma função ou a verificação de alguma variável. Dessa maneira, percebe-se que com o entendimento e a correta interpretação do primeiro diagrama, a mesma tarefa para o segundo se torna mais fácil. Como já explicado, a simbologia muda ligeiramente conforme o fabricante ou tipo de sistema, mas com o entendimento de um modelo de diagrama elétrico, muito provavelmente, pode-se entender, sem maiores problemas ou dificuldades, grande parte dos outros. CASOS E RELATOS O técnico desatento Joel era um experiente técnico em refrigeração e sempre consertou diversos tipos de refrigeradores residenciais, mas nunca deu muito valor para a interpretação de seus diagramas elétricos. 3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS 47 Com a chegada de novos modelos de refrigeradores, mais modernos e com mais componentes, Joel continuava a não dar o valor devido aos diagramas, até que em determinado serviço, ele trocou alguns fios e a lâmpada do compartimento do freezer acendia apenas quando se abria a porta do compartimento do refrigerador e vice-versa. Pode parecer pouca coisa, mas perdeu-se um tempo precioso para reparar o equívoco, principalmente porque o cliente só percebeu o ocorrido depois que o técnico saiu de sua residência. A partir desta situação, Joel nunca mais deixou de verificar os diagramas elétricos dos sistemas com que trabalhava. Diversos diagramas elétricos de diferentes sistemas podem ser corretamente interpretados sem maiores dificuldades, como o diagrama elétrico de um sistema de climatização residencial que pode ser analisado na figura a seguir. MV MC VM S RC BR AZ AZ CAPACITOR DE PARTIDA MOTOR COMPRESSOR MOTOR VENTILADOR AM VM AZ TERMINAL INTERMEDIÁRIO AZ BR AM/VD BORNEIRA PARA UNIDADE INTERNA N 2 A M /V D A M /V D BBY09BB e BBY12BB WI0328780 DIAGRAMA ELÉTRICO BR BRANCO AZ AZUL MR MARROM PR PRETO LJ LARANJA VM VERMELHO AM/VD AMARELO/VERDE Figura 25 - Diagrama elétrico de um climatizador residencial. Fonte: adaptado de Brastemp (2015b). No diagrama atual, percebe-se que no lugar de números para identificar as cores dos fios são utilizadas abreviações como VM para vermelho e AZ para azul. Além disso, emprega-se do termo borneira para identificar o conector elétrico, que mostra as conexões que devem ser feitas junto à unidade interna, também chamada de unidade evaporadora. A nd re ss a Vi ei ra (2 01 6) REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL48 Como há uma unidade interna, por consequência, há também a unidade externa, chamada de unidade condensadora e os seus componentes, como o compressor e o ventilador, estão mostrados no diagrama da figura anterior. Analisando essas informações, obtidas através da interpretação do diagrama, pode-se concluir que o climatizador residencial é um modelo de split-system tipo hi-wall. Figura 26 - Exemplo de borneira encontrada em sistemas de refrigeração e climatização residenciais Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015) Revise os conteúdos estudados neste capítulo, lendo o recapitulando a seguir. RECAPITULANDO Neste capítulo, foram conhecidos os conceitos sobre a interpretação de diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Passando pela definição de um diagrama elétrico e sua fundamental importância para o entendimento rápido e funcional de um sistema de refrigeração ou climatização residencial, além de aspectos relacionados à simbologia utilizada nos mesmos e questões sobre sua padronização. Ad ai r T ei xe ira (2 01 6) 3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS 49 Primeiramente, você pôde estudar exemplos de diferentes diagramas elétricos de modelos de sistemas de refrigeração residenciais e suas peculiaridades, os quais permitem, com a correta interpretação, a rápida identificação e o entendimento do sistema, a possibilidade de rastrear um defeito ou falha e realizar seu reparo e manutenção de maneira muito mais ágil e intuitiva. Posteriormente, foi mostrado o diagrama elétrico de um sistema de climatização residencial, o qual, assim como os diagramas dos sistemas de refrigeração residenciais,
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