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Sumário Pré História 4 Períodos da Pré-história 5 Paleolítico 5 Mesolítico 6 Neolítico 6 Idade dos Metais 6 Idade Antiga 7 Civilização Egípcia 8 Mesopotâmia 10 Fenícios 12 Hebreus 13 Persas 15 Grécia 16 Roma 23 Divisão e Invasões Bárbaras 29 Idade Média 31 Reinos Bárbaros 32 Império Romano do Oriente ou Império Bizantino 34 Império Islâmico 37 Sociedade Feudal 40 Baixa Idade Média 42 Idade Moderna 48 Renascimento 49 Reforma Protestante 53 Grandes Navegações 57 Mercantilismo 59 Absolutismo 61 A Revolução Inglesa do século XVII 62 Iluminismo 65 Revolução Industrial 69 Independência dos EUA 73 Idade Contemporânea 76 Revolução Francesa 77 Era Napoleônica (1799-1815) 82 Revoluções Liberais (1830-1848) 86 Idéias Socialistas 89 Guerra da Secessão nos EUA 91 Comuna de Paris 92 Unificações 92 Neocolonialismo ou Imperialismo 94 1ª Guerra Mundial 96 Revolução Russa 100 Crise de 1929 (Grande Depressão) 104 Regimes Totalitários 105 Segunda Guerra Mundial 110 Guerra Fria 115 Revolução Chinesa 117 Descolonização Afro Asiática 124 Oriente Médio e o conflito árabe-israelense 130 Nova Ordem Mundial 135 Ao contrário do significado da expressão que nomeia o período inicial da história humana, a Pré-História não se trata de um período a parte da História. Este termo foi elaborado por historiadores do século XIX, que acreditavam ser impossível julgar o passado por documen- tos que não fossem escritos. No entanto, o período pré-histórico, conta com um riquíssimo aparato documental que relata as descobertas e costumes do homem. Além disso, nos traz à tona uma série de questões de interesse atual, como a que se refere à relação do homem com a natureza. Pré- História é o período compreendido entre o aparecimento do ho- mem sobre a Terra (há aproximadamente 2,5 milhões de anos) e o surgi- mento da escrita, por volta do ano 4000 a. C. Esses mihões de anos ser- viram para a evolução das espécies humanas, sendo as primeiras espécies encontradas o Australopithecus e o Homo habilis. O Australopithecus possuía uma arcada dentária e um esqueleto idên- ticos aos do homem atual. Além disso já andavam sobre dois pés e possuía um cérebro pequeno. Já o Homo habilis foi o primeiro a fabricar e utilizar instrumentos para diversos fins, além de já ter domínio sobre o fogo. Parece ter sido o Homo erectus a última escala evolutiva até o homem atual. Foi ele quem primeiro abandonou a África, com seu nomadismo, es- palhando-se pelo mundo. Antes de chegar à espécie atual, o Homo sapiens, o homem passou por uma série de transformações, conforme atestam os fósseis encontrados do Ne- anderthal, na Alemanha, e do Cro-Magnon, na França. P ré H is tó ri a Professor Max Dantas 5 nas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históri- cos alcançaram melhores condições de sobrevivência median- te as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a intro- dução da caça e vegetais cozidos. Sem contar com técni- cas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Pra- ticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utiliza- vam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consu- mi-los, migravam para regi- ões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas ar- mas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madei- ra, marfim e pedra. Devi- do a essas características da cultura material do período, também costumamos cha- mar o Paleolítico de Perío- do da Pedra Lascada. Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolí- tico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das gran- des fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos infor- mações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas. No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transfor- mou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tor- naram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o pro- A Pré-história pode ser dividida em qua- tro períodos: o Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, o Mesolítico, o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida e a Idade dos Metais: Paleolítico - é caracterizado pelo uso de utensílios elaborados a partir da pedra lascada. Nesse momento, o ser humano era nômade, subsistindo a partir da coleta, da caça e da pes- ca. Constituía comunidades onde predominava a propriedade coletiva dos meios de produção. Mesolítico - é o período intermediário entre o neolítco e o paleolítco onde o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais se- gura. O domínio do fogo foi o maior exemplo disto. Outros dois grandes avanços foram o início do desenvolvimento agrí- cola e a domesticação dos animais. Neolítico - é marcado pelo processo de sedentarização da espécie humana. A partir do domínio sobre técnicas agrícolas e da criação de animais, formaram-se os primeiros núcleos ur- banos e deu-se a organização das tribos, que correspondem a formações sociais mais complexas. Idade dos Metais - foi o momento em que o ser huma- no, aperfeiçoando técnicas de metalurgia, conseguiu elaborar instrumentos de trabalho e armas. Com isso, alguns grupos passaram a deter a hegemonia sobre outros e as sociedades di- vidiram-se em classes sociais. Períodos da Pré-história Conhecido como o mais extenso período da história hu- mana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante va- riada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Despro- vido de técnicas sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevi- vência em meio às hostilidades impostas pela natureza. Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obriga- vam o homem do Neolítico a viver sob a proteção das caver- Paleolítico Vasilha pré histórica pintada Predras lascadas Arte rupestre do Paleolítico numa caverna da Espanha História Geral 6 cesso de fixação dos grupos humanos. Mesolítico Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida (8.000 a. C. a 4.000 a. C.) a prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis, sendo que, a agricultura e o consequen- te processo de sedentarização, juntamente, com a domestica- ção animal se tornaram práticas usuais entre os grupos hu- manos que se formaram nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados po- pulacionais. Essas significativas mudanças ocorridas ao longo desse período ficaram conhecidas como Revolução Neolítica, ou Revolução agrária, fator decisivo para a sobrevivência dos povos nesse período, segundo o arqueólogo Gordon Childe. Novas formas de organização social surgiam e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido for- madas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislum- brados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as pri- meiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações. Surge também o comércio, e com isso o dinheiro, que fa- cilita a troca de materiais, e que era na época, representado por sementes. Estas sementes, diferenciadas umas das outras, representavam cada tipo, cada valor. Uma aldeia, ao produzir mais do que o necessário e, para não perder grande parte da Neolítico produção que não iria ser utilizada, troca o excesso por peças de artesanato, roupas e outras utensílios com outras aldeias. Neste momento deixam de usar peles de animais como vestimenta, que dificultam a caça e muitas outras atividades pelo seu peso, e passam a usar roupas de tecido de lã,linho e algodão, mais confortáveis e leves. O omem também inventou a roda e desenvolveu meios de transportes como barcas de couro e carros puxados por força animal. Idade dos Metais Considerada a última fase do Neolítico (entre 5.000 a. C. a 4.000 a. C.), a Idade dos Metais marca o início da domina- ção dos metais por parte das primeiras sociedades sedentárias da Pré-História. Através do domínio de técnicas de fundição, o homem teve condições de criar instrumentos mais eficazes para o cultivo agrícola, derrubada de floretas e a prática da caça. Além disso, o domínio sobre os metais teve influência nas disputas entre as comunidades que competiam pelo con- trole das melhores pastagens e áreas férteis. Dessa maneira, as primeiras guerras e o processo de dominação de uma comu- nidade sobre outra contou com o desenvolvimento de armas de metal. O primeiro tipo de metal utilizado foi o cobre. Com o passar dos anos o estanho também foi utilizado como outro recurso na fabricação de armas e utensílios. Com a junção des- ses dois metais, por volta de 3000 a.C., tivemos o aparecimen- to do bronze. Só mais tarde é que se tem notícia da descoberta do ferro. Manipulado por comunidades da Ásia Menor, cerca de 1300 a.C., o ferro teve um lento processo de propagação. Isso se deu porque as técnicas de manipulação da liga de ferro eram de difícil aprendizado. Contando com sua utilização, observamos que a maior re- sistência dos produtos e materiais metálicos teve grande im- portância na consolidação das primeiras grandes civilizações do Mundo Antigo. Assim, o uso do metal pôde influenciar tanto na expansão, como no desaparecimento de determina- das civilizações Pedra polida do Neolítico Anotações O Mesolítico foi o período pré-histórico situado entre o Paleolítico e o Neolítico. O seu nome significa Idade Média da Pedra (do grego mesos=medio e lithos=pedra) por contra- posição ao Paleolítico (Idade Antiga da Pedra) e ao Neolítico (Idade Nova da Pedra). É marcado principalmente pelo fim das eras glaciais e ade- quação da temperatura da terra à prática da agricultura, o que facilita os assentamentos humanos, o homem descobre novos materiais e técnicas a serem utilizados na confecção das ferra- mentas de trabalho, como instrumentos de caça mais eficien- tes e avançados. Os materiais utilizados normalmente eram o sílex, os ossos e os chifres. É durante esse período que encon- tramos as primeiras manifestações do uso da cerâmica. Idade Antiga, foi o período que se estendeu desde a invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 a.C.) até a queda do Impé-rio Romano do Ocidente (476 d.C.). A passagem da Pré história para a história, se passa no momento em as organizações sociais e políticas desenvolvem o domínio da escrita e passam para um estado organizado Diversos povos se desenvolveram na Idade Antiga. As civili- zações de regadio - ou civilizações hidráulicas - (Egito, Mesopotâ- mia, China), as civilizações clássicas (Grécia e Roma), os Persas (primeiros a constituir um grande império), os Hebreus (primeira civilização monoteísta), os Fenícios (senhores do mar e do comér- cio), além dos Celtas, Etruscos, Eslavos, dos povos germanos (vi- sigodos, ostrogodos, anglos, saxões, etc) e outros. A Antiguidade foi uma era importantíssima, pois nessa épo- ca tivemos a formação de Estados organizados com certo grau de nacionalidade e territórios e organização mais complexas que as cidades que encontramos antes desse período da história. Algumas religiões que ainda existem no mundo moderno tiveram origem nessa época, entre elas o cristianismo, o budismo, confucionismo e judaísmo. Id ad e A nt ig a Tá bu a e fic ha s de b ar ro m es op ot âm ic as re gi st ra nd o re ce ita s e im po st os História Geral 8 O Egito é uma dádiva do Nilo, dis- se Heródoto, historiador grego. A de- pendência que esta civilização apresen- ta em relação ao Nilo é absoluta, pois seu vale abrange mais de 1500 Km. Este grande rio têm como ação natural as cheias e vazantes que depositam hú- mus ao longo de seu leito favorecendo a agricultura. A ocupação do vale por grupos au- tônomos deu-se durante o neolítico, pelas boas condições agrícolas da ter- ra. Estes grupos se organizavam em al- deias, que eram denominadas de No- mos, as quais eram coordenadas pelo nomarca na construção de trabalhos hi- dráulicos. EVOLUÇÃO HISTÓRICA A história política do Egito Antigo é tradicionalmente di- vidida em duas épocas: Pré-Dinástica (até 3200 a.C.): ausência de centralização política pois a população estava organizada em nomos (comu- nidades primitivas) independentes da autoridade central que era chefiada pelos nomarcas. Dois reinos Alto Egito (sul) e Baixo Egito (norte) surgiram por volta de 3500 a.C. em con- sequência da necessidade de se unir esforços para a constru- ção de obras hidráulicas. A unificação dos nomos se deu em meados do ano 3000 a.C., período em que se consolidaram a economia agrícola, a escrita e a técnica de trabalho com metais como cobre e ouro. Dinástica: forte centralização política. Menés, rei do Alto Egi- to, subjugou em 3200 a.C. o Baixo Egito. Pro- moveu a unificação política das duas ter- ras sob uma monarquia centralizada na imagem do faraó, dando início ao Antigo Império, Me- nés tornou-se o primei- ro faraó. Os nomarcas passaram a ser “gover- nadores” subordina- dos à autoridade fara- ônica. Política A forma de gover- Civilização Egípcia no desenvolvida pelos faraós é denominada como Monarquia teocrática. O governante (faraó) era soberano hereditário, absoluto e considerado uma encarnação di- vina. Era auxiliado pela burocracia estatal nos negócios de Estado, ha- vendo uma forte centralização do poder com anulação dos poderes locais devido à necessidade de con- jugação de esforços para as gran- des construções. O governo era proprietário das terras e cobrava impostos das comunidades camponesas (servi- dão coletiva). Os impostos podiam ser pagos via trabalho gratuito nas obras públicas ou com parte da produção. Antigo Império (3 200 a 2 000 a.C.): Tinha como capital a cidade de Ménfis. Os sucessores de Menés organizaram um sistema monárquico, despótico e altamente burocratizado de caráter teocrático. O rei-deus (te- ocracia) era supremo e todos os outros eram seus servos. Foi aproximadamente entre 2 700 e 2 600 a.C. que construíram as grandes pirâmides em Gisé (Quéops, Quéfren e Miqueri- nos). Depois dessas monumentais construções, os gastos para sua manutenção tornaram-se insustentáveis. Os faraós perde- ram o poder e com eles a centralização política, aumentando o poder aos nomarcas. O Egito passa, então, por um período in- termediário, onde a paz e a prosperidade foram coisas raras. Médio Império (2 000 a 1 580 a.C.) O faraó recupera o poder, Tebas é a nova capital (Vale dos Reis) e os faraós da XII dinastia ampliaram as obras de irrigação devolvendo a prosperidade ao Egito. Apesar dessa prosperidade, os Hicsos, oriundos da Ásia menor, com toda sua superioridade bélica invadem o Egito e reinam no delta por quase dois séculos, mantendo os faraós isolados em Te- bas. Nessa época também houve a invasão dos hebreus (se- Mapa do Antigo Egito Professor Max Dantas 9 mitas). Novo Império (1 580 a 1 100 a.C.) Após a expulsão dos hicsos em 1 580 a.C. por Amosis I, houve o despertar de um sentimento nacionalista e militarista que submeteu os hebreus à escravidão até 1 250 a.C. no epi- sódio conhecido como Êxodo. Foi o apogeu do Egito como maior império do mundo, Tutmés III (1 480 a 1 448 a.C.) deu ao império a maior expansão territorial, até o Eufrates e Ra- msés II (1 292 a 1 225 a.C.) derrotou os hititas na batalha do Kadesh, assegurando o domínio territorial sobre a Palestina e a Síria. As novas riquezas obtidas possibilitaram a construção de magníficos templos em Luxor e Karnak, conhecido como a morada dos deuses. Foi durante o novo império que houve a re- forma religio- sa monoteísta(1 350 a.C.), reali- zada por Ame- nófis IV (1 377 a 1 358 a.C.), que mudou seu nome para Akhenaton (aquele que agrada a Aton), anulada após sua morte. Baixo Império (1 100 à 525 a.C.): Após 1 100 a.C. ocorreu um lon- go período de decadência com con- quista de diversos povos, inclusive os Assírios em 622 a.C sob Assurbani- pal. Psamético I, governante da cida- de de Saís, liberta o país dos assírios, conhecido como Renascimento Saíta, dando início ao último período de in- dependência do Egito que posterior- mente (525 a.C.) foi conquistado pe- los persas sob Cambises virando uma mera província desses Sociedade No Egito Antigo observamos uma estrutura bastante rígi- da, na qual a possibilidade de ascensão era mínima entre seus integrantes, sendo as profissões cargos e funções transmitidas por hereditariedade. A sociedade estava assim dividida: *Faraó: governante máximo do Estado e adorado como uma divindade viva descendente de Amon-Rá. A função polí- tico-religiosa por ele ocupada imprimia uma natureza teocrá- tica ao governo egípcio. Para a população, a prosperidade ma- terial estava intimamente ligada às festas e rituais feitos em sua homenagem. * Sacerdotes: compunham um primeiro e restrito grupo social privilegiado. A função de mediadores entre os deu- ses e os homens lhes conce- dia enorme prestígio entre os demais membros da socieda- de egípcia. Responsáveis pelo equilíbrio das atividades reli- giosas, tomavam a tarefa de administrar todos os bens a serem ofertados pelos deu- ses. Dessa forma, acabavam acumulando uma expressiva quantidade de bens materiais ao longo de sua vida. * Membros da nobreza ou família real: eram originá- rios da família do Faraó, dos líderes do Exército e dos altos funcionários do governo. * Escribas: formavam um setor intermediário da socie- dade egípcia. Em razão de sua formação escolar privilegiada, em que apren- diam a escrita e a leitura dos h i e r ó g l i f o s , eram remune- rados para au- xiliarem no de- senvolvimento de várias ativi- dades comer- ciais e adminis- trativas. * Comerciantes: também tinham grande importância para o desenvolvimento da economia egípcia ao promoverem a circulação de riquezas entre seu povo e as demais civilizações vizinhas. Graças à sua ação, era possível o acesso a uma série de produtos, como a madeira, utilizada na construção de em- barcações e sarcófagos; o cobre e o estanho, metais úteis na fa- bricação de armamentos militares; e ervas, geralmente empre- gadas na medicina e nos processos de mumificação. *Soldados e artesãos: Compunham uma parcela menos privilegiada da sociedade egípcia. Os soldados viviam dos pro- dutos recebidos em troca dos serviços por eles prestados e, em alguns momentos da história egípcia, eram recrutados en- tre povos estrangeiros. Da mesma forma, os artesãos tinham uma vida bastante simples e trabalhavam nas construções e oficinas existentes no país. * Felás, escravos e camponeses: faziam parte de seg- mentos inferiores da sociedade egípcia. Em geral, estes escra- vos eram obtidos por meio das conquistas militares. Curio- samente, esses não viviam uma condição social radicalmente subalterna com relação aos seus donos. Mais tolerantes aos es- trangeiros que outros povos, os egípcios tinham o costume de zelar pela condição de vida dos escravos postos sob o seu do- Ramsés II Máscara mortuária de Tuntancamon Nefertiti História Geral 10 mínio. Os camponeses trabalhavam como servos nas terras do Estado e recebiam pouco pela função que exerciam. O papel da religião A vida dos egípcios estava marcada pela religião e seus deuses. Osíris ensinou a agricultura aos seres humanos mas acabou traído e morto pelo irmão e rival Seth. Isis, sua mu- lher, convenceu os outros deuses a trazer de volta Osíris para a Terra: era ele que julgava após a morte os egípcios. Ouvia a defesa de cada um e, depois de pesar o coração do indivíduo - para saber se estava mentindo ou não - decidia pela inocência ou culpabilidade. A crença na vida após a morte acompanhava o egípcio du- rante toda a sua existência. Desta forma, a construção de gran- des túmulos, onde estavam acumulado tesouros e objetos de uso pessoal do morto, servia para que depois da vida ele man- tivesse a mesma condição material. Segundo o egiptólogo A. Abu Bakr, a “crença no além foi sem dúvida favorecida e influenciada pelas condições geográ- ficas do Egito, onde a aridez do solo e o clima quente assegu- ravam uma notável conservação dos corpos após a morte, o que deve ter estimulado fortemente a convicção de que a vida continuava no além-túmulo”. O politeísmo da religião egípcia foi brevemente interrom- pido pela instituição do monoteísmo pelo faraó Amenófis IV (1380-1362 a.C.) com o culto ao deus Aton. Além de razões religiosas, o faraó também pretendia diminuir os poderes dos sacerdotes, enriquecidos pelo pagamento de tributos, e que exerciam enorme influência política. Amenófis fundou uma nova capital em Tel - El - Armana, perseguiu os sacerdotes inimigos da reforma mas não conseguiu obter apoio popular. Após a sua morte foi restabelecido o politeísmo e a capital re- tornou para Tebas. Artesanato e cultura O artesanato era muito importante. Utilizaram o linho e o couro de animais, confeccionavam cerâmicas e durante lar- go tempo não houve separação entre agricultores e artesãos: como o ciclo agrícola era de seis meses (plantio e colheita), o restante do tempo era aproveitado nas atividades artesanais e na conservação dos canais de irrigação e dos reservatórios. O papiro era abundante às margens do Nilo. As fibras da planta foram usadas para fazer embarcações, redes e cor- das, mas acabou tendo enorme importância quando utilizado como matéria-prima para fazer papel. De acordo com o histo- riador J. Yoyotte, o “cultivo intensivo do papiro provavelmen- te contribuiu para o desaparecimento dos pântanos, refúgio dos pássaros, crocodilos e hipopótamos, que, na opinião dos próprios antigos, davam brilho à paisagem egípcia”. Aspectos econômicos A agricultura de regadio foi a principal ativida- de econômica no Antigo Egito. É chamada assim por estar di- retamente relacionada às obras hidráulicas. O Estado (Faraó) comandava as atividades produtivas uma vez que era detentor das terras. A população camponesa vivia numa estrutura re- pressiva de servidão coletiva (corvéia real) pagando impos- tos em produtos ou em trabalho ao faraó. Não havia especia- lizações produtivas regionais e o território era auto-suficiente com relação às matérias primas básicas. O Estado não se mo- netarizou e os objetos eram trocados por objetos. Os arte- sãos trabalhavam apenas para enfeitar os palácios e adornos pessoais. Mesopotâmia, do grego “entre rios” é uma região loca- lizada entre os rios Tigres e Eufrates, onde surgiram as pri- meiras cidades-Estado e atualmente se situa no território do Iraque. As grandes civilizações que surgiram na sua área, cres- cente fértil, se originaram pelas boas condições agrícolas da terra, que se dava quando a neve que cobria as montanhas da Armênia, degelava e inundava as planícies próximas aos rios Tigres e Eufrates, tornando estas terras férteis para o plantio. Vários povos antigos habitaram essa região entre os sécu- los V e I a.C. Entre estes povos, podemos destacar: babilôni- cos, assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. No geral, eram povos politeístas, pois acreditavam em vários deuses li- gados à natureza. No que se refere à política, tinham uma for- ma de organização baseada na centralização de poder, onde apenas uma pessoa ( imperador ou rei ) comandava tudo. A economia destes povos era baseada na agricultura e no co- mércio nômade de caravanas. Povos Mesopotâmicos Sumérios: Provavelmente se originaram na Ásia central por volta do ano 3500 a.C., fixaram-se ao sul da Mesopotâmia, na região em que os rios Tigres e Eufrates desembocam no Golfo Pérsico. Aí estabelecidos, desenvolveram técnicas hi- dráulicaspara armazenar a água que seria usada nos períodos de seca e para controlar as cheias dos dois grandes rios, evi- tando a destruição das plantações. Os sumérios desenvolveram um sistema de leis basea- dos nos costumes, foram habilíssimos nas práticas comerciais e criaram o sistema de escrita cuneiforme, assim chamado, porque escreviam em plaquetas de argila com um estilete em forma de cunha. Organizavam-se politicamente em cidades- Estados como Ur, Nipur e Lagash. Cidade-Estado é a co- munidade urbana soberana, ou seja, uma unidade política com características de Estado soberano. Cada uma dessas cidades era independente e governada por um Patesi, que exercia as funções de primeiro-sacerdo- te do deus local, governador, chefe militar e supervisor das obras hidráulicas. Acadianos: Um ponto fraco dos Sumérios foi às cons- Mesopotâmia Professor Max Dantas 11 tantes guerras pelo poder da região. Isso abriu caminho para os acádios se fortalecerem. Por volta de 2.550 a.C., começa as invasões acadianas às cidades sumérias. Comandados pelo rei Sargão I, as cidades sumérias foram conquistadas, ele con- seguiu unificar politicamente o centro e sul da Mesopotâmia, dando origem ao primeiro império mesopotâmico, que expan- diu desde o Golfo Pérsico até o norte da Mesopotâmia. Com essas expansões, Sargão I, tornou-se conhecido como “ o so- berano dos quatro cantos da terra”. Com essa união de povos ( do império acadiano mais a cultura sumeriana) , o resultado foi notado na escrita, com destaques para os registros da nova língua- semítica- junto com caracteres cuneiforme. Amoritas: Criaram o primeiro Império Babilônico, a par- tir da cidade de Babilônia, por isso são conhecidos como antigos babilônios. Hamurábi, o mais impor- tante rei da Babilônia, tor- nou-se famoso por ter ela- borado o primeiro código de leis escritas de que se tem notícia. As punições previstas pelos Código de Hamurábi variavam de acordo com condição so- cial da vítima e do infrator. Dele se extraiu a Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente...” Assírios: Depois da morte de Hamurábi, o esplen- dor da Babilônia não durou muito. Anos mais tarde toda a Mesopotâmia foi conquista- da pelos assírios, povo que vi- via nas regiões áridas e infér- teis do norte mesopotâmico, em cidades como Nínive e Assur. A crueldade era uma das principais características dos guerreiros assírios. Para eles a guerra era essencial, pois viviam do saque, da escravidão e dos impostos e tributos pagos pelos povos que submetiam. Nas conquistas militares houve alguns destaques: com Sargão II, os assírios conquistaram o reino de Israel. Com Tiglatfalasar, invadiram a cidade de Babilônia. Posteriormente, no reinado de Senaqueribe e de Assurbanipal, eles chegaram no apogeu, conquistando territórios entre o Golfo Pérsico até o Egito. Com Senaqueribe, citado até mesmo na Bíblia, a capital foi Nínive, e com Assurbanipal , foram feitas as últimas grandes conquistas onde inclui o Egito. Este rei , além de ter um espíri- to guerreiro era apreciador da ciência e da literatura, tanto que criou uma grande biblioteca em Nínive. Após a morte dele(631 a.C.) , o império enfraqueceu , isto porque os povos conquistados queriam ver- se livres do terror, provocando assim várias revoltas. Em 612 a.C., Nabopolas- sar, rei dos Caldeus ,junto com os Medos , destruíram Nínive e iniciaram o 2º império babilônico. Caldeus: Com os caldeus, A Babilônia recuperou seu res- plendor. No reinado de Nabucodonosor, o Novo Império Babilônico atingiu seu apogeu. Suas terras se estendiam por quase todo o Oriente Médio, limitando-se com o Egito. A Ba- bilônia enriqueceu-se e embelezou-se com grandes obras pu- blicas, como os até hoje famosos jardins suspensos construí- dos por Nabucodonosor, tornando-se a mais notável cidade do Oriente . Em 539 a.C. a Babilônia foi conquistado pelos exércitos dos persas. A vitória foi facilitada pelo apoio dos sa- cerdotes e comerciantes babilônicos, que se aliaram aos inva- sores em troca da manutenção de seus privilégios. Organização política Os pântanos da antiga Suméria (hoje sul do Iraque) foram o berço das cidades-estados do mundo. As cidades-estados pertenciam a um Deus, representado pelo rei. A autoridade do rei estendia-se a todas as cidades-estados. Ele era auxiliado por sacerdotes, funcionários e ministros. Legislava em nome das divindades, assegurava as práticas religiosas, zelava pela defesa de seus domínios, protegia e regu- lamentava a economia. Código de Hamurábi Touro alado Assírio Império Assírio Torre de Babel História Geral 12 O mais ilustre soberano da Mesopotâmia foi Hamurábi. Por volta de 1750 a.C., Hamurábi, um rei babilônico, conse- guiu conquistar toda a Mesopotâmia. Fundou um vasto Im- pério, ao qual impôs a mesma administração e as mesmas leis. Era uma legislação baseada na lei de Talião (olho por olho, dente por dente, braço por braço, etc.). É o famoso código de Hamurábi, o primeiro conjunto de leis escritas da História. Sociedade e Economia Independentemente dos povos que ocuparam a Meso- potâmia, podemos generalizar e dividir a sociedade, nos di- ferentes, em: classes privilegiadas (sacerdotes, nobres, militares e comerciantes) e não-privilegiadas (artesãos, camponeses e escravos). No topo dessa organização social estava o rei, considerado como representante de um determi- nado deus na Terra. As classes privilegiadas os altos cargos públicos e mono- polizavam o poder, a riqueza e o saber e viviam ricamente da exploração do trabalho das massas não-privilegiadas. Cabe destacar que os cargos e funções eram passadas de pais para filho, e a posição social era definida pelo nascimento, sendo assim podemos denominar esta sociedade como Imobilista e Hierarquizada. Na Mesopotâmia as terras cultiváveis pertenciam aos deu- ses; por isso a maior parte delas era propriedade dos templos e dos governantes. Essas terras eram entregue aos campone- ses para o cultivo de cevada, trigo, legumes, árvores frutíferas como a macieira, o pessegueiro, a ameixeira, a pereira e, prin- cipalmente, a tamareira. Pelo direito de cultivar o solo os cam- poneses eram obrigados a entregar aos sacerdotes parte do que produziam. Como grandes proprietários e grandes exploradores do trabalho dos camponeses, artesãos e escravos, os sacerdotes acumulavam grandes fortunas. Além de serem explorados em sua mão-de-obra pela elite latifundiária, os camponeses e os escravos eram obrigados a trabalhar coletivamente na constru- ção de obras hidráulicas e de obras públicas. Religião A religião mesopotâmica era politeísta e antropomórfi- ca. Cada cidade tinha seu deus, cultuando como todo pode- roso e imortal. Os principais deuses eram: Anu, deus do céu; Shamash, deus do Sol e da justiça; Ishtar, deusa do amor; e Marduk, criador do céu, da Terra, dos rios e dos homens. Além de politeístas, os mesopotâmicos acreditavam e gê- nios, demônios, advinhações e magias. Procuravam viver in- tensamente, pois achavam que os mortos permaneciam num mundo subterrâneo e sem esperanças de uma nova vida. Para eles a vida cotidiana e o futuro das pessoas podiam ser de- terminados pela posição dos astros no céu. Os sacerdotes se aproveitaram das crendices para divulgar a astrologia, elaborar os horóscopos e monopolizar as previsões diárias através da leitura dos astros. A Escrita A invenção da escrita é atribuída aos sumérios. Eles escre- viam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O tra- ço deixado por essas pontas tem a forma de cunha (V), daí o nome de “escrita cuneiforme”. Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos, enquanto no Egito se usava o papiro. Em 1986, foi descoberta por arqueólogos, perto de Bagdá, capital do Iraque, uma das mais antigas bibliotecas do mundo, datada do século X a.C. A biblioteca continha cerca de 150.000 tijolos de argila com inscrições sumerianas. A literatura carac- terizava-se pelos poemas religiosos e de aventura.A arquitetura O edifício característico da arquitetura suméria é o zigu- rate, depois muito copiado pelos povos que se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo. Nas obras arquitetônicas os mesopotâmicos usavam tijolos cozi- dos (pois a pedra era muito cara) e ladrilhos esmaltados. Pre- feriam construir palácios. As habitações de escravos e homens de condições mais humildes eram, às vezes, simples cubos de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeira e argila comprimida. As casas simples não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim. Os fenícios localizavam-se na porção norte da Palestina, onde hoje se encontra atualmente o Líbano. Os povos origi- nários dessa civilização são os semitas que, saindo do litoral norte do Mar Vermelho, fixaram-se na Palestina realizando o cultivo de cereais, videiras e oliveiras. Além da agricultura, a pesca e o artesanato também eram outras atividades por eles desenvolvidas. A proximidade com o mar e o início das trocas agrícolas com os egípcios deu condições para que o comércio marítimo destacasse-se como um dos mais fortes setores da economia fenícia. Ao longo da faixa litorânea por eles ocupada surgiram diversas cidades-Estado, como Arad, Biblos, Tiro, Sídon e Ugarit. Em cada uma dessas cidades um governo autônomo era responsável pelas questões políticas e administrativas. O poder político exercido no interior das cidades fenícias costumava ser assumido por representantes de sua elite marí- timo-comercial. Tal prática definia o regime político da fení- cia como uma talassocracia, ou seja, um governo comandado por homens ligados ao mar. Em meados de 1500 a.C. a ativi- dade comercial fenícia intensificou-se consideravelmente fa- zendo com que surgisse o interesse pela dominação de outros povos comerciantes. No ano de 1400 a.C.os fenícios dominaram as rotas co- Fenícios Professor Max Dantas 13 merciais, ante- riormente con- troladas pelos cretenses, que li- gavam a região da Palestina ao litoral sul do Me- diterrâneo. Na trajetória da ci- vilização fenícia, diferentes cida- des imprimiam sua hegemonia comercial na re- gião. Por volta de 100 a.C. – após o auge dos cen- tros urbanos de Ugarit, Sídon e Biblos – a cida- de de Tiro expandiu sua rede comercial sob as ilhas da Costa Palestina chegando até mesmo a contar com o apoio dos he- breus. Com a posterior expansão e a concorrência dos gregos, os comerciantes de Tiro buscaram o comércio com regiões do Norte da África e da Península Ibérica. Todo esse desenvolvimento mercantil observado entre os fenícios influenciou o domínio e a criação de técnicas e saberes vinculados ao intenso trânsito dos fenícios. A astronomia foi um campo desenvolvido em função das técnicas de navegação necessárias à prática comercial. Além disso, o alfabeto fonético deu origem às línguas clássicas que assentaram as bases do al- fabeto ocidental contemporâneo. No campo religioso, os fenícios incorporaram o predomi- nante politeísmo das sociedades antigas. Baal era o deus asso- ciado ao sol e às chuvas. Aliyan, seu filho, era a divindade das fontes. Astartéia era uma deusa vinculada à riqueza e à fecun- didade. Durantes seus rituais, feitos ao ar livre, os fenícios cos- tumavam oferecer o sacrifício de animais e homens. Hebreus A civilização hebraica é proveniente da Palestina, região localizada entre o deserto da Arábia, Síria e Líbano. Próxima ao mar Mediterrâneo e cortada pelo rio Jordão, a Palestina fi- cou conhecida como um dos principais entrepostos comer- ciais do mundo antigo. Sendo uma região habitada por dife- rentes povos, a Palestina é o grande palco da histórica rixa entre árabes e palestinos. Os hebreus organizaram sua população em diversos clãs patriarcais seminômades. Esses grupos familiares se dedica- vam principalmente à criação de gado ao longo dos oásis espa- lhados no deserto da Arábia. A história dos hebreus se inicia a dois mil anos antes de Cristo e convive com outras grandes civilizações expansionistas do mesmo período. A história he- braica se concentra nos textos bíblicos do Antigo Testamento, que relatam o cotidiano, os hábitos e as crenças dos judeus. Influenciados por um pensamento fortemente religioso, o povo hebreu fundou uma crença monoteísta focada na ado- ração do deus Iaweh. Seguindo a liderança de homens desig- nados por Iaweh, os hebreus se julgavam uma nação santifica- da que deveria manter e expandir a sua população. Por conta disso, as famílias eram bastante extensas e as mulheres tinham como função primordial tratar da criação de seus filhos. Os homens detinham papéis de liderança na administração das tri- bos e as mulheres eram preparadas para o casamento. O escravismo era uma prática comum na sociedade he- braica. Parte da própria população poderia vir a ser escraviza- da por conta de algum tipo de acordo ou punição religiosa. Os demais escravos eram provenientes das conquistas militares. A condição dos escravos era bastante relativa, sendo que os prin- cípios da lei religiosa permitiam que os mesmos pudessem se casar; converterem-se à fé judaica; ou estabelecer algum tipo de propriedade. A história da política hebraica é dividida em três fases: Fase dos Patriarcas: Os hebreus eram dirigidos por patriarcas, estes eram líde- res políticos, que eram encarados como o “pai” da comunida- de. O primeiro grande líder, ou patriarca hebreu foi Abraão, segundo o antigo testamento. Abraão era mesopotâmico, ori- ginário de Ur, da Caldéia. Abraão conduziu os hebreus de Ur, rumo a Palestina( ter- ra prometida). Chegaram por volta de 2000 a. C., viveram na Palestina por quase três séculos. Durante esse tempo, Abraão fundou uma cultura religiosa monoteísta. Eles saíram de Ur em direção a terra prometida confiando na promessa de seu único Deus Jeová em levá-los a uma terra que emana ‘leite e mel’. Depois de Abraão, a liderança foi passando de pai para filho. De Abraão foi para Isaque e depois para Jacó. Este úl- timo teve um destaque interessante, pois Jacó teve seu nome mudado para Israel e tornou-se pai de doze filhos, que deram Alfabeto Fenício Ruínas de uma cidade fenícia entre os séculos IV e III a.C. História Geral 14 origem as doze tribos de Israel. Os hebreus tiveram conflitos com vizinhos e uma terrível seca que asso- lou a Palestina, obrigando-os a emi- grar para o Egito, onde permane- ceram por mais de 400 anos. Eram perseguidos e escravizados pelos fara- ós. Somente a idéia de libertação con- solou um povo abatido e escravizado. Essa idéia veio por meio de Moisés. Os hebreus liderados por ele fugiram do Egito. Essa fuga é conhecida como “Êxodo”. Segundo a Bíblia, na volta do hebreus à Palestina que Moisés re- cebeu as tábuas contendo os dez man- damentos de Deus, no monte Sinai. Podemos ver no êxodo, do relato bí- blico algumas particularidades, como a ocasião em que o Deus dos hebreus, Jeová, abriu o mar Vermelho. Eles fu- giram do Egito, perambularam 40 anos no deserto e por fim retornaram à palestina. Durante esse período, Moisés não chegou a entrar na Pa- lestina, por isso quem os conduziu até lá foi Josué, sucessor de Moisés. Mas para readquirirem a Palestina, os hebreus ti- veram que travar intensas lutas com os cananeus e posterior- mente com os filisteus, povos que ocuparam a região. Foram quase 2 séculos de lutas e nesse período os hebreus foram go- vernados pelos juízes. Fase dos Juízes: Esta fase se inicia quando Moisés morre e Josué conduz os hebreus a Palestina. A região estava habitada por vários po- vos, e como os hebreus estavam divididos em doze tribos, eles escolheram vários juízes para comandá-los na luta com os po- vos pela posse das terras. Os juízes desempenhavam o papel de chefes militares, políticos e religiosos que lhe davam pode- res, pois eram considerados enviados por Deus, paraliderar a luta. Josué foi o primeiro juiz e iniciou a tomada da Palestina onde conquistou Jericó. Em 1030 a.C. entregaram o comando a um só rei para diminuir desavenças internas e como estraté- gia para vencer seus vizinhos. Fase dos Reis: Os filisteus ainda representavam uma ameaça aos he- breus, visto que lutavam pelo completo controle do território da Palestina. Isso fez com que os hebreus instituíssem a mo- narquia, para que assim centralizassem o poder e tivessem mais força para enfrentar os adversários. O primeiro rei hebreu foi Saul, da tribo de Benjamim. Ele, porém não obteve sucesso em enfrentar os inimigos. Ao ver que não conseguiria derrotar seus adversários, ele e seu escudeiro se suicidam. Já no século XI a. C. , Davi, sucessor de Saul, conseguiu mostrar eficiên- cia nos combates militares. Venceu os inimigos, tornou a nação hebrai- ca forte e estabilizada. Tinham um exército brilhante e Jerusalém se tornou a capital. Davi conseguiu o grande feito de expandir os domí- nios do reino. Seu filho, Salomão, o sucedeu em 966 a. C., este ficou conhecido na história pela imensa fortuna e sa- bedoria que adquiriu. Tornou-se rei muito jovem, segundo a Bíblia, sua primeira esposa foi à filha de faraó, mas depois dela chegou a ter 700 esposas e 300 concubinas. Ampliou a participação no comércio, cons- truiu várias obras públicas, como o famoso templo de Jerusalém, dedi- cado a Jeová. A crise política atingiu seu auge em 935 a.C., momento em que o rei Salomão faleceu. A disputa entre as tribos causou a separação dos hebreus em dois diferentes Estados. O Reino de Judá, formado pelas tribos de Benjamim e Judá, foi contro- lado por Roboão, filho do rei Salomão. As dez tribos restantes formaram o Reino de Israel, dominado por Jeroboão, com capital em Samaria. Dessa maneira, a civilização hebraica se di- vidiu entre judeus e israelitas. O episódio da divisão política dos territórios abriu por- tas para que outras civilizações viessem a dominar os hebreus. Em 721 a.C., os assírios conquistaram o Reino de Israel pro- movendo a assimilação dos valores da cultura de seus domina- dores. O Reino de Judá ainda conseguiu manter sua unidade até que, em 596 a.C., o rei babilônico Nabucodonosor liderou a capturas dos judeus para a Mesopotâmia. O conhecido Cativeiro Babilônico, que durou meio sé- culo, foi interrompido quando o rei persa Ciro I conquistou a Babilônia e libertou os judeus. A libertação judaica foi inter- pretada como uma oportunidade de se reconquistar a região Palestina. Dessa forma, os judeus buscaram recompor o anti- go Reino de Judá. O retorno do povo hebreu à sua terra natal foi seguido por outros processos de dominação. Em 332 a.C., o império macedônico formado por Alexandre, o Grande, dominou a palestina. No século I a. C., os romanos conquistaram os judeus de- pois de subjugar os territórios anteriormente controlados pe- los macedônicos. A dominação romana contou com grande agitação política entre os grupos judeus que não se conforma- vam com a falta de autonomia política de seu povo. Os inten- sos conflitos resultaram na violenta destruição da cidade de Jerusalém no ano de 70 d. C.. Depois de destruírem a capital judaica, o povo judeu foi proibido de retornar à Palestina. Esse episódio, conhecido como Diáspora, fez com que Rota do Êxodo Hebreu Professor Max Dantas 15 Durante a Antiguidade, a região da Mesopotâmia foi mar- cada por um grande número de conflitos. Entre essas guerras destacamos a dominação dos persas sobre o Império Babilôni- co, em 539 a.C.. Sob a liderança do rei Ciro, os exércitos per- sas empreenderam a formação de um grande Estado centra- lizado que dominou toda a região mesopotâmica. Depois de unificar a população, os persas inicialmente ampliaram as fron- teiras em direção à Lídia e às cidades gregas da Ásia menor. A estabilidade das conquistas de Ciro foi possível median- te uma política de respeito aos costumes das populações con- quistadas. Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continui- dade ao processo de ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C., conquistou o Egito – na Batalha de Peleusa – e ane- xou os territórios da Líbia. A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa sem nenhum herdei- ro direto. Depois de ser realizada uma reu- nião entre os princi- pais chefes das gran- des famílias persas, Persas Dario I foi eleito o novo imperador persa. Em seu governo foram observadas diversas reformas políticas que fortaleceram a autoridade do imperador. Aproveitando da forte cultura mili- tarista do povo persa, Dario I ampliou ainda mais os limites de seu reino ao conquistar as planícies do rio Indo e a Trácia. Essa sequência de conquistas militares só foi interrompida em 490 a.C., quando os gregos venceram a Batalha de Maratona. A grande extensão dos domínios persas era um grande en- trave para a administração imperial. Dessa forma, o rei Dario I promoveu um processo de descentralização administrativa ao dividir os territórios em unidades menores chamadas de satra- pias. Em cada uma delas um sátrapa (uma espécie de gover- nante local) era responsável pela arrecadação de impostos e o desenvolvimento das atividades econômicas. Para fiscalizar os sátrapas o rei contava com o apoio de funcionários públicos que serviam como “olhos e ouvidos” do rei. Além de contar com essas medidas de cunho político, o Império Persa garantiu sua hegemonia por meio da construção de diversas estradas. Ao mesmo tempo em que a rede de estra- das garantia um melhor deslocamento aos exércitos, também servia de apoio no desenvolvimento das atividades comer- ciais. As trocas comer- ciais, a partir do governo de Dario I, passaram por um breve período de mo- netarização com a cria- ção de uma nova moeda, o dárico. A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter eminentemente politeísta. No entanto, en- tre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa entre os persas. O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas en- contradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Ao invés disso, acreditava que o posicionamento religioso do in- divíduo consistia na escolha entre o bem e o mal (manique- ísmo). Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser melhor compreendida no Zend Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro. Segunda essa obra, Ahura-Mazda era a divin- dade representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando o poder das trevas. Sem contar com um grande número de seguidores, o zoroastrismo ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia os judeus ficassem dispersos em pequenas comunidades ao re- dor do mundo. Ao longo desses séculos, os judeus se preo- cuparam em manter os traços de sua cultura e religiosidade. No século XIX, diversos judeus iniciaram um movimento de criação de um Estado judeu na região da Palestina. No ano de 1948, a Organização das Nações Unidas apoiou a criação des- se novo país. As justificativas políticas e históricas que sustentaram a criação do Estado de Israel sofreram grande oposição das populações árabes palestinas que habitavam o local durante todo esse tempo. Os diversos conflitos entre árabes e israelen- ses se estendem até os dias atuais. Império Persa Este relevo em pedra representa Dario I, o Grande Mosaico representando o exército persa Anotações História Geral 16 A civilização grega começou a se formar a 2.000 a. C., na península Balcânica, entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâ- neo, e entrou em declínio no século II a. C., quando o territó- rio foi ocupado pelos romanos. Entre os povos que migraram para essa região, merecem destaque os pioneiros: os aqueus, os jônicos, os dóricos e os eólios —; todos indo-arianos provenientes da Europa Oriental. As populações invasoras são em geral conhecidas como “helênicas”, pois sua organização de clãs fundamentava-se, noque concerne à mística, na crença de que descendiam do deus Heleno. A última das invasões foi a dos dóricos, já em fins do segundo milênio a.C.. A história da Grécia pode ser dividida em cinco períodos: * Pré-Homérico (1600 - 1200 a.C.) — Período anterior a formação do homem grego e da chegada cretense e fenícia. Nessa época, estavam se desenvolvendo as civilizações Cre- tense ou Minóica (ilha de Creta) e a Micênica (continental). Homérico (1200 - 800 a.C.) — Quando acorre a chega- da de Homero, que foi considerado marco na história por suas obras, Odisséia e Ilíada. Período que iniciou a ruralização e comunidade gentílica (comunidade na qual um ajuda o outro na produção e colheita). Só plantavam o que iriam consumir (quando a terra não estava fértil saíam em busca de terra). Arcaico (800-500 a.C.) — Formação da pólis; coloni- zação grega; aparecimento do alfabeto fonético, da arte e da literatura além de progresso econômico com a expansão da divisão do trabalho do comércio, da indústria e processo de urbanização. É neste período que os vários modelos das pó- lis constituem-se, definindo assim a estrutura interna de cada cidade-estado. Clássico (500-338 a.C.) — O período de esplendor da civilização grega, ainda que discutível. As duas cidades con- sideradas mais importantes desse período foram Esparta e Atenas, além disso, outras cidades muito importantes foram Tebas, Corinto e Siracusa. Neste momento a História da Grécia é marcada por uma série de conflitos externos (Guer- ras Médicas) e interno (Guerra do Peloponeso). Grécia Helenístico (338-146 a.C.) — Crise da pólis grega, inva- são macedônica, expansão militar e cultural helenística, a civi- lização grega se espalha pelo Mediterrâneo e se funde a outras culturas. Período Pré-Homérico (séc. XX a séc. XII a. C.) Este período é caracterizado pela civilização cretense, que pode ser considerada berço da civilização grega. Segundo pesquisas arqueológicas, os cretenses teriam se desenvolvido por volta de 5000 a.C exercendo o controle absoluto do co- mercio marítimo na região, formando assim um império co- mercial marítimo. Creta mantinha intenso comércio com sociedades da Me- sopotâmia e com a Grécia primitiva, herdou dos fenícios o modelo político (Talassocracia). Os reis de Creta eram cha- mados de Minos, por isso os cretenses são também chamados de Civilização Minóica. Cnossos era a capital de Creta Suas cidades eram planejadas, com a arquitetura moderna saneamento e a canalização de água que caracterizavam uma sociedade urbana. Creta ao contrário das sociedades orientais apresentava uma vida marcada por atividades públicas: festas, touradas, uma vida urbana e confortável. A economia era centrada no comércio marítimo, no arte- sanato, na metalurgia do cobre e do bronze. Em 1400 a.C Creta foi invadida pelos Aqueus, povo pri- mitivo que habitava a Grécia, dando origem a uma nova socie- dade batizada Creto-Micênica, ocorre nesse momento a tran- sição do matriacarlismo para o patriarcalismo imposto pelos Aqueus. Os Aqueus impuseram sua autoridade pela força, marcan- do um retrocesso e muitos aspectos da sociedade cretense fo- ram suprimidos pelos dominadores. Em 1200 a.C a sociedade Creto-Micênica foi arrasada pelo avanço dos Dórios vindos da Ásia, com armas de ferro e há- beis guerreiros. Eles saquearam e destruíram as cidades creten- ses, alem de escravizar os sobreviventes, que não haviam fugi- do da região (Primeira Diáspora Grega). Período Homérico (séc. XII a séc. VII a. C.) Esse período ganha esse nome devido ao poeta Homero que é autor dos poemas épicos Ilíada- sobre a guerra de Tróia e Odisséia que descreve as aventuras do herói Ulisses, maiores fontes históricas da época. Os grupos familiares refugiados da primeira diáspora grega, oriundos de um mesmo descendente se uniram em torno da chamada comunidade gentílica ou ge- nos. Nesse tipo de organização social, a família se mobiliza- va em torno da exploração extensiva das atividades agrícolas. Cada comunidade contava com um pater, patriarca da família incumbido de tratar das questões religiosas, judiciárias e admi- nistrativas. O trabalho nos genos era exercido coletivamente. As ta- Mapa da Grécia Antiga Professor Max Dantas 17 refas estavam sob a responsabilidade de qualquer um de seus membros e a produção agrícola era dividida igualitariamente. Artesãos ou escravos foram utilizados em casos excepcionais, onde os integrantes do genos não atendiam a certas demandas. Mesmo contando com vários traços igualitários, as comunida- des gentílicas se diferenciavam pelo prestigio social do indivi- duo em função da proximidade de seu parentesco para com o pater. Quanto mais próximo da família do pater, maior presti- gio conferido. Ao longo dos anos, as comunidades gentílicas sofreram grandes transformações. As técnicas agrícolas pouco elabora- das passaram a não atender ao aumento populacional dos ge- nos. Os amplos laços coletivos das comunidades gentílicas co- meçavam a ruir. As famílias restringiram o número de parentes por elas abrigado. O pater e seus parentes próximos passaram a defender o direito de posse sob a terra e as riquezas. Os des- cendentes diretos do pater conseguiram, nessa divisão, a pro- priedade das terras mais férteis. Essa experiência trouxe uma diferenciação entre os indi- víduos e a formação de uma aristocracia rural consolidada em torno do controle das terras cultiváveis. Os chamados eupá- tridas (“bem nascidos”) contavam com seu poder político para assim controlarem as armas de guerra, as instituições po- líticas e religiosas da época. Nesse processo de apropriação de riquezas uma aristocracia firmou-se no cenário grego exercen- do o domínio sob o instrumento de poder da época. Em con- trapartida, os Gorgois ou agricultores ficaram com as piores terras e os Thetas que eram pequenos agricultores marginali- zados ou não possuíam terras, e no decorrer do tempo, muitos acabaram virando escravos. A fragmentação dos genos vai, de fato, colocar a Grécia a frente de outras práticas e costumes. Ao mesmo tempo, o apa- recimento das classes e desigualdades sociais será responsável por um duplo processo: a dispersão de populações para outras áreas da Península Balcânica e da Ásia menor; e a formação de instituições políticas oligárquicas controladas pela aristocracia rural. Todo esse conjunto de mudanças encerra o período ho- mérico e abre portas para o surgimento das primeiras cidades- Estado gregas. Período Arcaico ( séc. VII – séc. VI . C) No período arcaico é onde observamos o processo final das transformações sofridas pelas comunidades gentílicas gre- gas. Deixando de adotar o uso coletivo da terra, começava a aparecer dentro dos genos uma classe de proprietários de terra (propriedade privada). Em sua grande maioria, essa classe aris- tocrática esteve intimamente ligada aos pater, o líder patriarcal presente em cada uma dessas comunidades. Essa nova classe social, também conhecida como eupátri- das (filhos do pai ou bem-nascidos) formou um restrito gru- po de proprietários de terra que irão mobilizar-se em busca da manutenção de suas posses. Os genos passavam a reunir-se em fratrias e tribos controladas pela dominação da nova aristocra- cia grega. Nessa época, além da hegemonia política dos eupá- tridas, notamos que o aumento da população causou um gran- de problema com relação ao acesso às terras produtivas. As populações excluídas no processo de apropriação das terras se viram obrigadas a buscar outras regiões onde fosse possível buscar melhores condições de vida. A migração des- sas populações gregas para regiões marcou a chamada Segun- da Diáspora Grega. Ocorrida em 750 a.C., essa diáspora am- pliou os territórios do mundo grego e criou uma importante rede de comércio de gêneros agrícolas entre as comunidades gregas. A consolidação do poder político nas mãos da aristocracia junto com a ampliação das atividades econômicas deu condi- ções para o aparecimento de um novo espaçode representa- ção sócio-política na Grécia: a cidade-estado. As cidades-esta- do consistiam em núcleos urbanos onde importantes decisões políticas e o trânsito de mercadorias acontecia. Com sua consolidação temos o surgimento de diferen- tes cidades-Estado compostas por práticas sociais, políticas e culturais distintas entre si. De tal maneira, o que observamos dentro do mundo grego será uma configuração política des- centralizada. As diferenças de organização no mundo grego serão notadas com grande destaque quando estudamos, por exemplo, as diferenças entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas. As cidades gregas O Período Arcaíco da história grega caracterizou-se pela formação e desenvolvimento das cidades-Estado. Formaram- se aproximadamente 160 cidades em território grego e, a prin- cípio a característica mais marcante foi a soberania de cada uma delas. A cidade soberana é aquela que possui seu próprio governo, leis e não possui nenhuma estrutura política acima dela. A cidade funciona como se fosse um pequeno país. Tra- tar da Grécia Antiga neste período significa portanto conhecer o desenvolvimento das cidades. Não havia na Antiguidade um Estado Grego ou um go- verno grego, mas apesar disso podermos nos referir a uma cultura, religião ou a um povo grego; grande parte das cida- des formaram-se com elementos étnicos semelhantes: Jônios, Aqueus e Eólios além disso formaram-se dentro de um mes- mo contexto histórico, quando da crise da sistema gentílico e tiveram um desenvolvimento semelhante Esparta Esparta foi fundada pelos invasores dórios dominando os primitivos aqueus da região do Peloponeso, os dórios vindos da Ásia traziam armas de ferro e grande preparo militar, o que lhes garantia o domínio sobre nativos da região. Até o ano 800 a.C. Esparta seguiu o mesmo sistema de or- ganização e funcionamento das demais cidades gregas, porém a s guerras entre Esparta e Messênia alteraram definitivamen- te o funcionamento de Esparta. Os messenios foram derrota- História Geral 18 dos e reduzidos a escravidão (Hilotas), mas jamais aceitaram tal humilhação, revoltando-se permanentemente, isso levou os dóricos a viverem em estado de guerra constante. No final do século VI a.C., depois da conquista da Mes- sênia, o Estado espartano completou sua organização, trans- formando-se em verdadeiro “acampamento militar”. As Instituições sócio-políticas espartanas foram atribuídas a um legislador lendário, Licurgo, que teria recebido as instruções do deus Apolo. Várias das instituições atribuídas a Licurgo já existiam desde há muito, mas adaptaram-se aos novos tempos, servindo para manter o corpo de cidadãos como uma mino- ria dominante, que se sobrepunha e explorava uma população camponesa numerosa. A educação dos espartanos visava a fazer de cada indi- víduo um soldado. O recém-nascido que apresentasse defei- to para a vida militar era morto por ordem do Estado. Quando os me- ninos alcançavam os setes anos de idade, tornavam-se recrutas e pas- savam a fazer parte de uma peque- na tropa que, sob as ordens de um monitor, praticavam diariamente exercícios atléticos e ginástica. Aos dezoito anos, o indivíduo passava por uma prova, onde deveria passar alguns dias na floresta sobrevivendo de coletas e caças, esta, se chamava de Criptia. Aos vinte anos, o jovem ingressa- va no exército, aos trinta, podia casar-se e participar da Ápela. A vida militar só findava quando o homem espartano chegava aos 60 anos de idade. Todos, mesmo os monarcas, antes des- sa idade, eram obrigados a tomar parte nos exércitos militares, que, periodicamente, se levavam a efeito em tempos de paz. A cultura intelectual foi quase nula em Esparta limitan- do-se ao ensino de poesias sagradas, a cantos de guerra e a uma eloquência particular que devia expressar muitas coisas em poucas palavras. Organização Social de Esparta Esparciatas - Descendentes dos Dórios eram os donos das melhores terras, classe privilegiada, que não trabalhava, de- dicava-se ao militarismo e a política, ficando o trabalho a car- go dos escravos. Periecos - Homens livres, sem direitos políticos, viviam na periferia da cidade, dedicavam-se ao artesanato, comércio e pagavam tributos ao estado. Metecos - Estrangeiros sem direitos e constantemente vi- giados pelos espartanos. Hilotas- servos propriedades do estado, que os cediam para o trabalho nas terras dos Espartanos, eram prisioneiros de guerra, sem nenhum direito. Esparta manteve a estrutura rígida de suas instituições até o final da historia da Grécia Antiga, manteve uma Oligarquia Agrária no poder e jamais evoluiu para outro sistema político. Características da Sociedade Espartana -Militarista -Conservadora -Isolacionista -Agrária e Oligárquica Instituições: Diarquia: dois reis, com autoridade militar e religiosa. Eforato: cinco juízes encarregados da administração em todos os níveis. Gerúsia: órgão formado por vinte e oito anciãos que le- gislavam e decidiam todos os assuntos importantes da cidade. Era considerado o órgão mais importante de Esparta. Apela: assembléia dos esparciatas acima dos trinta anos, que elegiam os éforos e propunham as leis. Atenas Fundada pelos Jônios, que se submeteram os primitivos habitantes da Ática, os Aqueus. A evolução de Atenas, próxi- ma ao mar Egeu, se caracterizou em muitos aspectos seme- lhantes as demais cidades gregas da época, porem no ano de 800 a.C, ocorreram mudanças em toda Grécia, que levaram Atenas a seguir um caminho único e original dentro do mun- do grego. Atenas passou a exercer a hegemonia política sobre as de- mais tribos Jônicas da região estabelecendo o conceito de co- munidade (Sinecismo). A sociedade ateniense dividia-se nos seguintes grupos so- ciais, sendo que os eupátridas formavam a aristocracia ru- ral, dona das melhores terras que, diferente de Esparta, eram consideradas propriedade individual, e que monopolizavam o poder político, tanto no período monárquico, como durante o arcontado (rei, chefe militar e administrador) forma aris- tocrática de governo, quando mantiveram a grande maioria da população marginalizada das discussões políticas. Os georgóis formavam uma segunda camada social, com- posta a princípio por pequenos proprietários rurais, que traba- lhavam com seus familiares e produziam para a subsistência. Muitos desses homens foram reduzidos à condição de servos e de escravos, juntamente com mulher e filhos e podiam inclu- sive serem vendidos ao estrangeiro. Os demiurgos formavam a terceira camada social, eram artesãos e viviam do próprio trabalho, porém normalmente em uma situação de pobreza. Havia ainda os metecos, estran- geiros, normalmente comerciantes e sem direitos políticos. Os thetas formavam a camada inferior, eram trabalhadores bra- çais, camponeses, marginalizados econômica e politicamente. A produção de excedente, fez com que a situação dessa cama- da se deteriorasse, pois em Atenas desenvolveu-se a escravi- dão por dívida. A concentração fundiária, a cunhagem de moeda e a co- lonização do Egeu, e a marginalização de georgóis e thetas fo- ram os fatores responsáveis pelo acirramento da luta de classes, processo que determinou a criação da democracia na cidade. A passagem do arcontado para a democracia foi fruto, portanto da luta contra os privilégios da minoria eupátrida, sendo que esse processo completou-se cerca de um século depois. Os confrontos políticos possibilitaram o surgimento de lí- Professor Max Dantas 19 deres que tentaram golpes como forma de ascensão política. Como essas lutas ameaçavam não só o poder político dos eu- pátridas, mas inclusive a propriedade, a aristocracia foi forçada a ceder às exigências de concessão de leis escritas, nomeando o arconte Drácon para redigir um código de leis. Essas refor- mas porém mantiveram a escravidão por dívida e os privilé- gios da elite, fatos que determinaram a continuidade dos con- frontos, até a eleição de Sólon para o arcontado. As reformas promovidas por esse legisladorforam maiores: abolição da escravidão por dívidas, a libertação de todos os devedo- res escravizados o favorecimento a produção artesanal e ao comércio e a instituição de uma nova forma de parti- cipação política, baseada na riqueza, denominada Timo- cracia. Essas reformas desagradaram tanto a elite que perdeu pri- vilégios, como os thetas que obtiveram poucas conquistas, acirrando ainda mais a luta de classes, favorecendo o adven- to da Tirania. Tirano é o nome dado aos go- vernantes que chegaram ao poder através de golpes e exercem um go- verno pessoal. Considera-se que a tirania acabou sendo responsá- vel por abrir caminho para o sur- gimento da democracia, pois o ti- rano para poder manter o poder, teve que atrair as camadas popula- res, dando-lhes maior organização e consistência e ao mesmo tempo enfraqueceu a elite, perseguida, sendo que vários aris- tocratas tiveram propriedades confiscadas ou foram expulsos da cidade. No entanto, a transição para a democracia não foi um pro- cesso natural. Os tiranos foram derrubados pela elite, que in- clusive contou com o apoio de Esparta. No entanto a situação de Atenas caracterizava-se pela decadência: declínio da produ- ção, marginalização dos thetas, conquista persa sobre as colô- nias da Ásia Menor e a presença dos espartanos em apoio a elite. Foi neste contexto que ocorreu uma grande revolta lide- rada por Clístenes, acabou com a tirania e instituiu a demo- cracia na cidade. Características da Sociedade Ateniense -Intelectualizada -Cosmopolita -Educação abrangente -Economia Agrária e Marítima Comercial As reformas de Clístenes tiveram como objetivo eliminar o controle da aristocracia sobre o poder político. A cidadania foi concedida a um número maior de indivíduos, porém ain- da restrita a uma minoria: Homens, livres, maiores de18 anos, nascidos em Atenas e filhos de pais ateniense. Instituiu o Os- tracismo, processo que permitia a expulsão de um cidadão da cidade por um período de dez anos, sendo que o nome de pessoas consideradas nocivas a cidade eram escritas em um pedaço de argila A Democracia Ateniense era uma democracia escravis- ta, o trabalho escravo continuava a ser a base da vida econô- mica e sua exploração tendeu a aumentar. Organização Social de Atenas Eupátridas – Cidadãos, grandes proprietários de terras, filho de pai Ateniense. Georgois – Pequenos agricultores. Demiurgos - artesãos, comerciantes. Metecos - estrangeiros geralmente ligados ao comercio Thetas - Homens sem terras Escravos - Prisioneiros de guerra, ou comprados em mer- cados do Oriente Instituições Bule - Conselho de 400 homens mais ricos de Atenas in- dependente da origem da riqueza, assim os ricos comerciantes passaram a ter poderes políticos. Eclésia - assembléia popular, que garantia direitos de par- ticipação política a todos os homens gregos livres. Fim da escravidão por dividas Hilieu - tribunal de justiça aberto a todos os cidadãos Estrategos: dez representantes do Executivo Período Clássico (séc. V a. C. -séc. IV a. C.) O Período Clássico da História Grega é normalmente de- nominado “Período das Hegemonias”, na prática foi o perío- do em que desenvolveu-se o imperialismo das duas maiores cidades gregas; primeiro Atenas, depois Esparta. A ascensão de Atenas Desde o século VII a. C. Atenas conheceu grande desen- volvimento econômico, ampliando suas relações comerciais a partir do Porto do Pireu, e a escravidão na produção agríco- la. Como consequência a luta de classes tornou-se mais acir- rada, forçando mudanças políticas, que determinaram a perda do monopólio político pela aristocracia; até a criação da demo- cracia, que beneficiou as camadas populares, mas em especial os mercadores, pequenos proprietários e artesãos. A manutenção da escravidão na cidade foi fundamental tanto para o desenvolvimento da economia, como para a con- solidação da democracia, possibilitando uma situação política mais equilibrada, na medida em que as camadas populares ti- veram algumas de suas reivindicações atendidas. Ao preservar Parthenon História Geral 20 o trabalho escravo, a elite econômica tinha grande disponibi- lidade de seu tempo para participar das Assembléias e das de- mais atividades políticas. Na estrutura política, a democracia criou uma nova arma: o ostracismo. Outro fator fundamental para o desenvolvimento de Ate- nas foi sua liderança na guerra contra os persas, comandan- do a Confederação de Delos desde 478 a.C. Na verdade foi durante as Guerras Médicas que se constituiu o imperialismo da cidade, que havia sido a primeira a lutar contra o expansio- nismo persa e foi responsável por promover a grande aliança das cidades gregas. Em princípio a Confederação de Delos era uma aliança militar, onde as cidades participantes forneceriam soldados, mantimentos e riquezas, formando o “Tesouro de Delos”. A liderança militar ateniense e o controle sobre as ri- quezas destinadas à guerra, aumentou a produção na cidade, gerou empregos, equilibrou a economia e desta forma criou condições de impor seu domínio à demais cidades gregas, si- tuação vista como necessária para manter o desenvolvimento até então alcançado O Século de Péricles Péricles governou Atenas durante trinta anos (461 - 431 a.C.). Representava o Partido Popular e tornou-se ardoroso defensor da democracia escravista. Durante seu governo instituiu a remuneração para os ocu- pantes de cargos públicos, assim como para marinheiros e sol- dados, realizou várias obras gerando empregos e estimulou o desenvolvimento intelectual e artístico, principalmente o tea- tro, marcado pelo antropocentrismo, característica fundamen- tal da cultura grega, em suas tragédias ou comédias a preo- cupação era retratar a vida humana, buscando compreender tudo o que cercava o ser humano, na sua história e em seu co- tidiano. Todo o desenvolvimento da cidade estava baseado na ex- ploração do trabalho escravo e no expansionismo sobre as de- mais cidades gregas, obrigando-as a manter a Confederação de Delos, mesmo após o final da guerra (448 a.C.), quando os persas já haviam sido derrotados. Para o líder ateniense, as ci- dades deveriam se reunir em um congresso para tratar de as- suntos comuns, como a reconstrução de templos ou o comba- te à pirataria. No entanto esse ideal não foi concretizado, pois as intensas lutas existentes serviram para reforçar a histórica separação das cidades, culminando com a Guerra do Pelopo- neso, envolvendo praticamente todas as cidades gregas, polari- zadas entre Atenas e Esparta. Guerras Médicas ou Guerras Greco-Pérsicas (490- 479 a. C.) Durante sua expansão em direção ao Ocidente, o podero- so Império Persa conquistou diversas colônias gregas na Ásia Menor, entre elas a importante cidade de Mileto. Essas colô- nias, lideradas por Mileto e contando com a ajuda de Atenas, tentaram, em vão, libertar-se do domínio persa, promovendo uma revolta. Foi o que bastou para Dário I, rei dos persas, lançar seu poderoso exército sobre a Grécia Continental, dando início às Guerras Médicas ou Guerras Greco-Pérsicas. A causa principal desses conflitos foi a disputa entre gregos e persas pela supremacia marítimo-comercial no Mundo Antigo. Nesse primeiro confronto, para surpresa de todos, 10 mil gregos, li- derados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o de- sembarque de 50 mil persas, vencendo-os na Batalha de Ma- ratona, no ano de 490 a.C. Os persas, entretanto não desistiram. Dez anos depois voltaram a atacar as cidades gregas. Essas, por sua vez, esque- ceram as divergências internas e uniram-se, conseguindo com isso vencer os persas nas batalhas de Salamina (480 a.C.) e Platéia (479 a.C.) Conscientes de que os persas poderiam voltar a qualquer momento, várias cidades lideradas por Atenas formaram a Liga de Delos, cuja sede ficava na ilha de Delos. Ficou acerta- do que cada uma dessas cidades deveria contribuir com navios, soldados e dinheiro. Atenas, porém, aproveitou-se do fato de ser a responsável pelo dinheiroda Confederação e passou a usá-lo em benefício próprio. Com isso, impulsionou sua indústria, seu comércio e modernizou-se, ingressando numa fase de grande prosperida- de, e impondo sua hegemonia ao mundo grego. Guerra do Peloponeso (431 a 403 a. C.) A rivalidade econômica e política entre Atenas e Espar- ta e as cidades aliadas desencadeou a guerra do Peloponeso, trazendo destruição, conflitos sociais e empobrecimento das pólis. Em Atenas, a guerra prolongada arruinou os pequenos camponeses que foram obrigados a abandonar as terras e a se refugiarem na área urbana. A vitória de Esparta trouxe a insta- lação de oligarquias em toda a Grécia. Terminada a Guerra do Peloponeso, o período entre 403 e 362 a.C. foi marcado pela hegemonia de Esparta, seguida pela supremacia de Tebas. O desgaste das cidades com o longo período de guerras facilitou a conquista da Grécia por Felipe da Macedônia em 338 a.C., na batalha de Queronéia. Fe- lipe foi sucedido por seu filho Alexandre (336/323 a.C.), que fundou o Império Macedônico, englobando a Grécia, a Pérsia, a Mesopotâmia e o Egito. Chegava ao fim o mais brilhante pe- ríodo da Grécia antiga. Passando a integrar o Império de Alexandre, os quadros políticos, econômico e social da Grécia foram completamente alterados. Entretanto, a cultura grega, sob o domínio da Mace- dônia e, mais tarde, de Roma, difundiu-se por terras distantes, aproximando-se das culturas do Oriente, o que deu origem ao período helenístico. Período Helenístico (séc. IV – séc. II a. C.) A partir do ano 350 a.C., uma nova civilização começou a ascender politicamente e militarmente no Mundo Antigo. A Professor Max Dantas 21 Macedônia, sob o domínio do rei Felipe II, iniciou um proces- so de expansão territorial que rompeu com a hegemonia do mundo grego. Tal invasão só foi possível devido às constan- tes disputas internas que levaram a enfraquecer o poderio mi- litar grego. Seguindo os passos do pai, o rei Alexandre, o Grande, continuou a expandir os domínios macedônicos até a Ásia Me- nor, chegando até a Índia. Esse vasto domínio de territórios controlados por Alexandre foi responsável por formar o cha- mado mundo helenístico. Essa região não só definia os limites do império macedônico, mas também indicava um conjunto de hábitos e práticas culturais institucionalizadas pelo gover- no alexandrino. Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento des- sas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística. Uma das mais significati- vas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade de Alexandria, no Egito. Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma imensa biblioteca com um acervo su- perior a 500 mil obras. Outro hábito implementado pelo impe- rador era a promoção do casamento de seus oficiais e funcio- nários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou singularizar o seu império transformando seu reina- do em um campo de interpenetrações culturais. Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do im- pério foi perdida. Não deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de esfa- celamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A dinastia selêucida dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e os selêucidas controlaram a Ásia. A divisão político-territorial enfraqueceu a unidade manti- da nos tempos de Alexandre. Durante o século II a.C., os ro- manos iniciaram seu processo de expansão territorial, resultan- do na dominação do antigo Império Macedônico. A Cultura Helenística A cultura helenística resultou da fusão da cultura grega com a cultura oriental, promovida pela expansão do império Macedônico com Alexandre. A Grécia não era mais o centro cultural do mundo. Os principais centros da cultura helenística foram Alexandria, no Egito, Antioquia, na Turquia, e Pérgamo, na Ásia Menor. As principais contribuições para a formação do mundo ocidental ocorreram: Artes: se a arte grega caracteriza-se pelo equilíbrio, pela leveza e pelo humanismo, as artes helenísticas perderam aque- las características e passaram a ser dominadas pelo realismo exagerado e pelo sensacionalismo. Os artistas helenísticos não se preocupavam com o belo, mas sim com o grandioso e lu- xuoso. Os maiores exemplos disso são o Farol de Alexandria, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, e o Grande Altar de Zeus, em Pérgamo, com suas estátuas gi- gantescas de deuses, animais ferozes e monstros empenhados em violentos combates. Houve, no entanto, pequenas exceções. Alguns esculto- res helenísticos criaram obras de singular beleza, tão singelas quanto as esculturas da época anterior, como as estátuas de Vênus de Milo e Vitória de Samotrácia. A arquitetura caracterizou-se pela construção de luxuo- sos palácios e templos e pela origem de um novo estilo de co- lunas: o estilo coríntio. Filosofia: as mais importantes doutrinas filosóficas hele- nísticas foram o estoicismo, criado por Zenon, e o epicuris- mo, criado por Epicuro. Os estócios afirmavam que o homem não é senhor do seu destino, só encontrando a felicidade na aceitação do destino que lhe está reservado. Negavam a existência de diferenças so- ciais e pregavam que todos os homens são irmãos, pois são fi- lhos do mesmo deus. Os epicuristas, afirmavam que a alma é matéria, que o uni- verso age por si só e que as questões humanas não sofrem in- tervenção dos deuses. Além disso, os epicuristas faziam a apologia dos prazeres. Não apenas dos prazeres gastronômicos e sexuais, mas tam- bém dos prazeres intelectuais. Diziam que o mais alto prazer consiste na serenidade da alma, na ausência completa da dor física e moral. Literatura: o destaque especial cabe ao teatro, com Me- nandro, autor de várias comédias sem cunho social e político, onde o tema dominante era o amor romântico que culminava com um casamento feliz. Na poesia bucólica, autores como Teócrito celebravam a vida simples e os prazeres do povo do campo. Ciências: os conhecimentos científicos alcançaram tal ní- vel de desenvolvimento, principalmente no campo da astro- nomia e da matemática, que fizeram com que as ciências he- lenísticas fossem as mais desenvolvidas da História, durante História Geral 22 várias séculos. Os grandes nomes deste período foram: Euclides: que desenvolveu de maneira extraordinária os conhecimentos de geometria; Arquimedes: descobridor da lei da alavanca e da hidros- tática. Inventou o parafuso tubular para bombear água, a héli- ce, as lentes convexas e criou um planetário. Para defender sua cidade, cercada pelos romanos, construiu máquinas poderosas como catapultas, que atiravam pedras enormes sobre os inimi- gos; com um sistema de espelhos, que concentrava os raios so- lares, conseguiu incendiar vários navios romanos; Hiparco: estabeleceu os fundamentos da trigonometria, inventou o astrolábio e a representação do globo terrestre; Eratótenes: calculou a circunferência da Terra com uma margem de erro extremamente pequena; Aristarco: criador da teoria heliocêntrica, isto é, a teoria de que a Terra e os outros planetas giram em torno do Sol, que não foi aceita na época. Foi o resultado da fusão da cultura oriental e helenística realizada por meio das conquistas de Alexandre Magno, difun- dindo a cultura em Alexandria, Pérgamo, Rodes, Antioquia e Siracusa, e findando-se com a conquista do mundo antigo, re- alizado por Roma. Teatro Ésquilo - pai da tragédia grega com as peças: os persas, Os sete contra Tebas e Prometeu Acorrentado. Sófocles- Édipo - Rei, Antígona e Electra. Aristófanes - criador das comedias;