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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Autores: Jorge Roberto Krieger
 Rudglai Beroni Blois 
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Rodrigo Koenig França 
 Revisão Gramatical: Profª Camila Thaisa Alves
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
345.05
K926d Krieger, Jorge Roberto
 Direito Processual Penal / Jorge Roberto Krieger 
 e Rudglai Beroni Blois Souza. Indaial : 
 Uniasselvi, 2012. 
 298. p.: il
	 	 	 Inclui	bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-545-1
 1. Direito processual penal.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Rudglai Beroni Blois Souza 
Possui	 habilitação	 profi	ssional	 plena	 de	
Magistério (1987) pelo Instituto Juvenal Miller. 
Graduada no Curso Superior de Letras Português 
- Licenciatura Plena - Habilitação Português e 
Literaturas e Língua Portuguesa pela Fundação 
Universidade do Rio Grande – FURG (Rio Grande – 
RS /1990). Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais 
pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (2005). 
Juíza Mediadora e Arbitral – Lei n° 9.307/96. Curso 
de Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da 
Vinci - UNIASSELVI. Pós-Graduada em Docência no 
Ensino Superior pelo Centro Universitário Leonardo 
da Vinci. Participou de vários Congressos, Cursos, 
Seminário, Simpósios durante sua caminhada 
acadêmica. 
Jorge Roberto Krieger
Possui graduação em Letras pela 
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 
(1990) e graduação em Direito pela Fundação 
Universidade Regional de Blumenau - FURB (1997). 
É especialista em direito processual pela FURB (2000) 
e mestre em Direito pela UFSC (2002). Tem experiência 
profi	ssional	e	docente	em	direito	penal,	processual	penal	
e prática penal. É professor universitário desde 1998 e 
da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) desde 2004. 
Autor de livro e artigos, bem como palestrante da área 
do direito penal.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Fundamentos	do	Processo	Penal	 ..................................... 11
 
CAPÍTULO 2
Lei	Processual	Penal	 .......................................................... 33
CAPÍTULO 3
Inquéríto		Policial	 ............................................................... 61
CAPÍTULO 4
Ação	Penal	 ......................................................................... 101
CAPÍTULO 5
Denúncia	e	Queixa	 .............................................................. 155
CAPÍTULO 6
Provas	Penais	 .................................................................... 173
CAPÍTULO 7
Prisão ................................................................................... 213
CAPÍTULO 8
Recursos	em	Geral	 ........................................................... 243
CAPÍTULO 9
Juizados	Criminais	Especiais	 ............................................ 277
7
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
São os homens e não as leis que precisam mudar.
Quando	os	homens		forem		bons,	melhores	serão	as	leis.
Quando	os		homens		forem		sábios,		as	leis,	por		
desnecessárias, deixarão de existir. Mas isto, será 
possível somente quando as leis estiverem escritas 
e atuantes no coração de cada um de nós.
 (Hermógenes)
Há que se dizer, o Ensino a Distância e sua operacionalidade se apresenta 
como uma alternativa desencadeadora na melhoria da qualidade de ensino, 
por possibilitar maior acesso à Educação. Dentre as vantagens apresentadas, 
Leobons (1984) destaca que o EAD pode alcançar um grande número de pessoas 
e grupos, se adapta ao ritmo de cada participante, é versátil, além de possibilitar 
o autodidatismo, como processo de conquista processual, desencadeado pelo 
próprio indivíduo que se redimensiona a partir dele e para ele. 
 
Isto posto, apresentamos a nossa proposta educativa: buscar a 
contextualização do processo ensino-aprendizagem como ação objetiva e 
sistemática, que é mais que a mera instrução, embora esta possa ser um dos 
componentes do ensino, pois enquanto a instrução visa à erudição, o ensino no 
sentido pleno busca a compreensão e a sabedoria de vida.
Neste viés, apresentamos o caderno de estudos da Disciplina de Direito 
Processual Penal, que tem como objetivo ensejar o aprendizado de Processo 
Penal a partir do paradigma Constitucional e análise crítica dos Institutos e 
o respeito por suas categorias jurídicas próprias. A ideia inicial deste estudo 
é proporcionar aos Bacharéis em Direito o conhecimento e a análise das 
particularidades relevantes e úteis do conteúdo da Disciplina. 
Ao priorizar o ensino-aprendizagem do pós-graduando, pensou-se em 
esclarecer alguns dos princípios norteadores do ensino, os quais objetivam dar 
fundamentação teórica a uma ação prática: o Espírito Democrático propicia 
ao pós-graduando e ao educador “ter vez e voz” dentro do processo educativo, 
desenvolvendo o espírito de cidadania e o ideal de realização, com audácia 
e esperança; a Simplicidade promove o encontro entre pós-graduando e 
educadores, pois por esta atitude e maneira de ser e de agir, barreiras de 
relacionamento e comunicação interpessoais são derrubadas, permitindo o acesso 
8
fácil à pessoa do outro como recurso pessoal, transparente, disponível; o Diálogo-
construtivo, usado como facilitador do relacionamento humano, esclarecedor 
de ideias; a Liberdade e o Respeito à Individualidade – respeito à liberdade 
de pensamento e expressão responsáveis, preparar o cidadão comprometido e 
crítico; o Espírito Crítico: favorecer uma consciência avaliativa de fatos, eventos 
ou situações concretas numa relação de integração como saber construído 
anteriormente nas diversas áreas do conhecimento humano; o Senso Crítico – 
capacidade de discernimento, de análise na recepção de fatos e ocorrências. Pelo 
senso	critico,	os	valores	são	classificados	e	as	prioridades	ordenadas	constituindo	
um impulso para a busca e alcance da verdade.
 
O que nos propusemos a realizar é escrever este caderno de estudos 
de forma didática, direta, para que aluno possa ler, compreender e estudar. 
Logo, permitimo-nos, como educadores da área de Direito, sair do vocabulário 
rebuscado para a linguagem direta, de forma que o aluno possa gostar da leitura 
não pelas expressões utilizadas, mas simplesmente por entender o assunto sem, 
contudo, perder a formalidade que o Direito anuncia.
Bom trabalho!
Lista de Abreviaturas,
Siglas, Símbolos e Expressões
§ Parágrafo, na legislação brasileira
Apud Citado por, conforme ou segundo (do latim )
CC Conflito de competência
Cciv/1916 Código Civil 1916 – Lei 3.071/1916 
Cciv/2002
Código Civil 2002 – Lei 10.406/2002 
CE
Constituição do Estado
CF Constituição Federal. O mesmo que CR (Constituição da República Fede-
rativa do Brasil)
CPC Código de Processo Civil – Lei 5.869/1973
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
COM Código Penal Militar – Decreto – Lei 1.001/1969
de lege ferenda da lei a ser criada (do latim)
de lege lata da lei já criada, em vigor (do latim)
des. Desembargador
des. fed. desembargador federal
DJ Diário da Justiça ou Diário Judiciário
EC Emenda Constitucional
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990
HC Habeas Corpus
inc. Inciso
LC Lei Complementar
LCP Lei da Contravenções Penais –Decreto – Lei 3.688/1941
Lei de Imprensa Lei 5.250/1967
LICC Lei de Introdução ao Código Civil – Decreto – Lei 4.657/1942
Ministério PúblicoMP
RE Recurso extraordinário
RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RT Revista dos Tribunais
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Supremo Tribunal de Justiça
STM Supremo Tribunal Militar
TACRIMSP Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo
TAMG Tribunal de Alçada Criminal de Minas Gerais (extinto)
TFR Tribunal Federal de Recursos (extinto)
TJ Tribunal de Justiça
TJM Tribunal de Justiça Militar
TRE Tribunal Regional Eleitoral
TRF Tribunal Regional Federal
v.
Volume (nas referências bibliográficas) ou versus (nas citações de juris-
prudência estadunidense), conforme o caso
CAPÍTULO 1
Fundamentos	do	Processo	Penal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender a importância do Direito Processual Penal como instrumento de 
garantia do cidadão;
	Ler,	 interpretar	 e	 pesquisar	 	 documentos	 	 e	 	 bibliografi	as	 	 diversas	 	 sobre	 o	
ordenamento Jurídico;
 Desenvolver a capacidade de pesquisa e análise na Legislação, doutrina e 
Jurisprudência;
 
	 Identifi	car	a	dinâmica	do	Processo	Penal	como	instrumento	do	jus puniendi do 
Estado e ao mesmo tempo instrumento de garantia.
13
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Contextualização
Falar em Direito Processual Penal suscita apresentar a mecânica e o 
funcionamento do Direito Penal e do Direito Processual Penal, utilizando como 
ferramentas questionamentos à luz da ética, do ordenamento jurídico pátrio e 
do	Direito	Comparado.		Além	disso,	faz-se	imprescindível	o	sentido	e	o	signifi	cado		
deste Instituto e, sobretudo, construir, a partir do referencial existente, um 
conceito próprio de processo penal, para alcançar os efeitos que ele produz 
sobre a formação dos direitos e garantias do cidadão brasileiro.
Neste capítulo, trataremos dos Fundamentos do Processo Penal com o 
intuito de proteger bens e interesses relevantes para a sociedade, dando ênfase ao 
Conceito de Processo, a Natureza Jurídica, Conteúdo, Conceito e Autonomia do 
Direito Processual Penal, apontando as Fontes das Normas Processuais Penais. 
Partindo deste pressuposto, daremos início à Disciplina através de estudos, 
discussões e debates acerca da temática que envolve este caderno.
 
Atividade de Estudos: 
1)	 Para	 você,	 qual	 o	 signifi	cado	do	Direito	 	Processual	Penal?	Ao	 	
ouvir	 o	 nome	 deste	 Instituto,	 que	 relações	 você	 estabelece?	
Como	você	conceituaria	Direito	Processual	Penal?
 ____________________________________________________
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1414
 Direito Processual Penal 
Direito	de	Punir	
Uma das tarefas do Estado é regulamentar a conduta do cidadão 
brasileiro, através de Normas, sem as quais a vida em sociedade seria 
impossível.Portanto, regras são estabelecidas para regulamentar a 
convivência entre os indivíduos e as possíveis relações destes com 
o Estado, entidade dotada de poder soberano, sendo titular exclusivo 
do Direito de Punir. Há que se dizer que o Estado, por ter o dever de 
proteger os direitos mais essenciais da sociedade, apreende para 
si	 o	monopólio	 daquele	 direito.	 Verifi	ca-se,	 de	 um	 lado,	 o	 agente	 do	
crime, que pugna, por todos os meios de defesa em direitos admitidos, 
preservar o seu direito de liberdade, o jus libertatis.
Em síntese, observamos a seguinte situação – problema: o Estado apreende 
alguns valores como essenciais ao convívio dos seus indivíduos e, por sua vez, 
protege esses valores por meio de normas jurídicas de direito penal, em que sua 
transgressão ou ameaça é cominada a uma consequência, a sanção penal.
Quando	o	indivíduo	pratica	uma	conduta	descrita	no	tipo	penal	incriminador	
e não é acobertada por uma excludente de ilicitude, pratica um injusto penal. O 
Estado, então, que enxerga a norma que foi ofendida, passa a ter o interesse de 
punir o ofensor, direito de punir aquele que lesa um valor defendido - ente estatal.
Já o acusado ao ver seu direito de liberdade ameaçado, tendo 
interesse em se ver livre das consequências previstas pelo tipo penal 
incriminador, faz uso do seu jus libertatis. Entre o réu e o Estado surge 
um	confl	ito	de	interesses	qualifi	cados	pela	pretensão	punitiva	do	Estado	
e pela pretensão conferida pelo réu em defesa do jus libertatis. A este 
confl	ito	dá-se	o	nome	de lide ou litígio.
A lide ou litígio que se instaura entre estes deve se desenrolar 
por uma série de atos coordenados que caminham para a solução ou 
composição	do	confl	ito,	determinando	o	Estado-juiz	por	 sua	vez	qual	
direito deve imperar. A esse conjunto de atos coordenados dá-se o 
nome de processo.
O conceito de lide e de processo é único, haja vista que a jurisdição é uma, 
mas para efeitos de organização judiciária e para melhorar a persecução da 
justiça, se divide o litígio em cível e penal e o processo, por conseguinte, em cível 
e penal. Desta forma, o processo penal é a fórmula encontrada pelos Estados 
para comporem lides de natureza criminal. 
Segundo Mougenot (2011, p.33), “é certo que a presença do Estado enquanto 
entidade interfere cotidianamente na vida da sociedade, direcionando sua 
atuação, impondo restrições ao que os indivíduos podem ou não fazer, reprimindo 
Uma das tarefas 
do Estado é 
regulamentar a 
conduta do cidadão 
brasileiro, através 
de Normas, sem 
as quais a vida em 
sociedade seria 
impossível.
Já o acusado ao 
ver seu direito 
de liberdade 
ameaçado, tendo 
interesse em 
se ver livre das 
consequências 
previstas pelo tipo 
penal incriminador, 
faz uso do seu 
jus libertatis.
15
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
os infratores que afrontam bens ou interesses da Sociedade ou do 
próprio Estado”. 
Uma vez violada a Norma Penal, com ato concreto de conduta 
típica, e a consequente lesão a um interesse público, surge para o 
Estado o Direito de Punir - direito de concretizar a sanção prevista 
abstratamente na lei penal. 
Ensina	 Bonfi	m	 (2005)	 que,	 para	 valer	 o	 seu	 jus puniendi, o 
Estado deve utilizar-se de um instrumento que seja capaz de punir os 
culpados; de consentir que se desenvolva uma atividade voltada para 
o descobrimento da veracidade dos fatos; de assegurar ao acusado os 
meios de defesa necessários para opor-se à presunção estatal. 
HIEROS GAMOS: maior site jurídico do mundo. 
www.hg.org 
Vale	a	pena	refl	etir:				
Jus puniendi opõe-se inexoravelmente ao Jus libertatis do 
acusado	–	binômio	que	confi	rma	a	lide	penal.
Ao realizar a conduta proibida pela norma penal, aquele jus 
puniendi desce do plano abstrato para o concreto, eis que o Estado 
assume o dever de aplicar a pena ao autor da conduta proibida. 
Com o aparecimento do crime ou contravenção, surge a pretensão 
punitiva. A partir daí, o Estado exige que o interesse do criminoso 
em conservar sua liberdade se subordine ao seu, restringindo com a 
aplicação da pena o jus libertatis.
O direito de punir é genérico. Em um primeiro momento, 
direciona-se a todos. 
É abstrato e existe antes da prática do ilícito penal.Portanto, esse Direito de Punir, por ser diplomado pelo Estado, é genérico e 
impessoal,	pois	não	se	restringe	especifi	camente	contra	esta	ou	aquela	pessoa,	
mas destina-se à coletividade como um todo.
 Uma vez violada 
a Norma Penal, 
com ato concreto 
de conduta típica, 
e a consequente 
lesão a um interesse 
público, surge para 
o Estado o Direito 
de Punir – direito 
de concretizar a 
sanção prevista 
abstratamente na 
lei penal.
1616
 Direito Processual Penal 
O	ConFlito	de	Interesses	SurGe	
a	Partir	da	Lide	Penal	
O Estado tem a pretensão de punir o infrator, enquanto este 
oferecerá resistência a essa pretensão, exercitando sua defesa técnica 
(pelo	 advogado)	 e	 pessoal	 (autodefesa).	 Esse	 confl	ito	 de	 interesses	
caracteriza a lide penal que será solucionada por meio de atuação 
jurisdicional. Não existe a coação direta, mas sim a coação indireta ou 
processual, ou seja, se é exigida prévia cominação legal para o crime, 
igualmente se exigirá sentença condenatória para a imposição de pena.
A	 Jurisdição,	 por	 sua	 vez,	 só	 pode	 atuar	 e	 resolver	 o	 confl	ito	
por meio do processo, que funciona como garantia de sua legítima e 
regular	atuação.	É,	portanto,	um	dos	modos	de	solução	do	confl	ito	de	
interesses. Observa-se a presença da autotutela ou autodefesa, na 
qual o titular do direito impõe seu ponto de vista e a autocomposição. 
Este último ressurgiu com a lei nº 9.099/95, permitindo a transação e 
a suspensão condicional do processo. “O processo penal, em termos 
genéricos, é o conjunto de atos visando disciplinar a pena ao acusado” 
(CARNELUTTI, 1950, p. 78).
Informa-se que fazem parte do processo as pessoas interessadas, 
que	são	os	 sujeitos	em	confl	ito,	 e	a	pessoa	desinteressada,	que	é	o	
órgão jurisdicional.
Logo,	Processo	é	o	meio	pelo	qual	se	resolve	o	confl	ito	e	pelo	qual	
se exerce a jurisdição. Importante: só o juiz possui jurisdição – Poder 
do Estado em aplicação da pena. O processo também é o meio de 
exercício da ação penal.
Direito	Processual	Penal
Segundo o ensinamento de Cintra, Crinover e Dinamarco, “Direito 
Processual é o conjunto de normas e princípios que regem [...] o 
exercício conjugado da Jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo 
demandante e da defesa pelo demandado” (MALHEIROS, 1993, p.41).
Trazendo	 a	 defi	nição	 ao	 campo	 que	 realmente	 nos	 interessa,	
afi	rmamos	que	o	Direito	Processual	Penal	 é	o	 conjunto	de	princípios	
e normas da composição das lides penais por meio da aplicação do 
direito penal objetivo. 
Estado tem a 
pretensão de punir 
o infrator, enquanto 
este oferecerá 
resistência a 
essa pretensão, 
exercitando sua 
defesa técnica 
(pelo advogado) 
e pessoal 
(autodefesa).
Processo é o 
meio pelo qual se 
resolve o confl ito 
e pelo qual se 
exerce a jurisdição. 
Importante: só 
o juiz possui 
jurisdição – Poder 
do Estado em 
aplicação da 
pena. O processo 
também é o meio 
de exercício da 
ação penal.
O Direito 
Processual Penal 
é o conjunto de 
princípios e normas 
da composição das 
lides penais por 
meio da aplicação 
do direito penal 
objetivo.
 A Jurisdição, por 
sua vez, só pode 
atuar e resolver o 
confl ito por meio 
do processo, que 
funciona como 
garantia de sua 
legítima e regular 
atuação.
17
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Na	 defi	nição	 de	 José	 Frederico	 Marques,	 “é	 o	 conjunto	 de	 princípios	 e	
normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem como as 
atividades persecutórias da polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos em 
função	jurisdicional	e	respectivos	auxiliares”	(MARQUES,	2001,	p.	20).
Do conceito formulado pelos autores citados acima se infere que o Direito 
Processual Penal é o conjunto de normas (leis, por exemplo as previstas no 
CPP ) e princípios ( exemplo, o da ampla defesa), que regulam ou disciplinam 
a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal Objetivo 
(aquele que prevê o crime), a sistematização dos órgãos de jurisdição (juízes e 
tribunais)	e	respectivos	auxiliares	(escreventes,	ofi	ciais	de	justiça),	bem	
como a persecução penal como se aplica a pena (sentença); quem é o 
juiz competente (que vai decidir a lide) e como a persecução se dá em 
juízo (citação, defesa prévia...) - essas são questões disciplinadas pelo 
Direito Processual Penal. As sanções penais (as penas e as medidas 
de segurança) são objeto do Direito Penal. A aplicação do ramo penal 
é que pertence ao Direito Processual Penal.
Tomando por base as informações até aqui levantadas, pode-se 
defi	nir	o	Direito Processual Penal como o ramo jurídico que estuda 
o conjunto de princípios e normas acerca da aplicação jurisdicional 
do Direito Penal Material.
Por seu turno, o Direito Processual Penal abrange a aplicação do Direito 
Penal e a disciplina dos órgãos de Jurisdição e da persecução penal, 
tendo em vista, como descreve Mougenot (2011), que:
O processo penal é o instrumento do Estado 
para o exercício da jurisdição em matéria penal. 
O direito processual penal, portanto, pode ser 
defi	nido	 como	 o	 ramo	 do	 Direito	 Público	 que	
se ocupa da forma e do modo (i.e.: o processo) 
pelos quais os órgãos estatais encarregados 
da administração da Justiça concretizam a 
pretensão punitiva, por meio da persecução penal 
e consequente punição dos culpados. 
Como já foi dito anteriormente, a partir do momento em que o 
homem passou a conviver em sociedade, surgiu a necessidade de 
manter a ordem, de estabelecer uma forma de controle, para isso foi 
criado um sistema de coordenação e composição dos mais variados 
Não existe 
sociedade sem 
direito, o qual 
desempenha a 
função de ordenar as 
relações sociais.
E princípios 
(exemplo, o da 
ampla defesa), 
que regulam ou 
disciplinam a 
composição das
lides penais.
O processo penal 
é o instrumento 
do Estado para 
o exercício da 
jurisdição em 
matéria penal. 
Mougenot (2011).
1818
 Direito Processual Penal 
e controversos interesses que se erguem da vida em comunidade, objetivando 
a	 solução	 dos	 confl	itos	 desses	 interesses,	 que	 lhe	 são	 próprios,	 bem	 como	 a	
coordenação de todos os instrumentos disponíveis para a realização dos ideais 
coletivos e dos valores que persegue. 
Sem este controle não se dá o nascimento da convivência social, pois 
cada um dos integrantes da coletividade faria o que bem quisesse, invadindo e 
violando, os limites, a esfera de liberdade do outro. Há que se dizer, então, que 
não existe sociedade sem direito, o qual desempenha a função de ordenar as 
relações sociais. Seu objeto é o de regulamentar e harmonizar as faculdades 
naturais do ser humano em prol do convívio social em que estes estão inseridos. 
Direito Material é aquele que desempenha a função de ordenar 
as relações sociais. Seu objetivo é regulamentar e harmonizar as 
faculdades naturais do ser humano, em prol do melhor convívio social.
Insta	mencionar,	por	fi	m,	que	a	Jurisdição	só	pode	atuar	e	resolver	
o	 confl	ito	 através	 do	 processo,	 que	 funciona	 como	 garantia	 de	 sua	
legítima e regular atuação. É, portanto, um dos modos de solução 
do	 confl	ito	 de	 interesses.	 Observa-se	 a	 presença	 da	 autotutela	 ou	
autodefesa, em que o titular do direito impõe seu ponto de vista e a 
autocomposição. Este último item ressurgiu com a lei nº 9.099/95, 
permitindo a transação e a suspensão condicional do processo. “O 
processo penal, em termos genéricos, é o conjunto de atos visando 
disciplinar a pena ao acusado” (CARNELUTTI, 1950). 
 
Natureza	Jurídica	
Para que se possa compreender a natureza jurídica do Direito 
Processual Penal, há que se informar que as normas do Direito são 
divididas em normas de Direito Público e de Direito Privado.
No âmbito do Direito Público enquadram-se as normas nas 
quais prepondera a especial presença do poder estatal, ao passo que 
o Direito Privado constitui-se das normas que regulam as relações entre 
os particulares, nas quais predomina o interesseda ordem privada.
A Jurisdição 
só pode atuar 
e resolver o 
confl ito através 
do processo, que 
funciona como 
garantia de sua 
legítima e regular 
atuação.
As normas do 
Direito são divididas 
em normas de 
Direito Público e de 
Direito Privado.
19
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Portanto, o Direito Processual Penal é Público porque só o Estado 
possui o direito de punir, constituindo-se em exercício da soberania. O 
processo	tem	por	fi	nalidade	propiciar	a	solução	jurisdicional	do	confl	ito	
de interesses entre o Estado e o infrator. Como decorrência, tem-se 
uma sequência de atos que compreendem a formulação da acusação, 
a produção das provas, o exercício de defesa e o julgamento da lide. 
O processo compreende:
a) o procedimento – sequência ordenada de atos interdependentes, 
direcionados	à	preparação	de	um	provimento	fi	nal.	Na	verdade,	é	
a sequência de atos procedimentais até a sentença;
b)	 relação	jurídica	e	processual	que	se	confi	gura		entre	os	sujeitos	do	
processo, titularizando inúmeras posições jurídicas, expressáveis 
em direitos, obrigações, faculdades, ônus e sujeições processuais.
 
De acordo com o artigo 394 do Código Processo Penal, com a redação 
determinada pela lei n. 11.719, de 20 de junho de 2008, o procedimento será 
comum ou especial. O procedimento comum divide-se em ordinário – crime cuja 
sanção máxima conferida for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de 
liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; sumário – crime 
cuja sanção máxima conferida seja inferior a quatro anos de pena privativa de 
liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; sumaríssimo – 
infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da Lei nº. 9.099/95, ainda 
que haja previsão de procedimento especial. Enquadram-se nesse conceito as 
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não supere dois anos (com 
a	respectiva	redação	determinada	pela	Lei	n.	11.313,	de	28/06/2006).	Verifi	ca-se	
que a distinção entre os procedimentos ordinários e sumários dar-se-á em função 
da pena máxima conferida à infração penal e não mais em benefício de esta ser 
apenada com reclusão ou detenção. 
Poucas diferenças restaram entre os ritos ordinários e sumários. Ambos 
passaram a evidenciar o princípio da celeridade processual ( cf. art. 8º da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, aprovada pelo Decreto 
Legislativo n. 27, de 25/09/1992, promulgada pelo Decreto n. 678 /06/11/1992, e 
art. 5º, LXXVIII da Carta Magna de 1988), com a primazia de aprimoramento da 
colheita	da	prova,	de	onde	surgiram	alguns	refl	exos:	
1- Concentração dos atos processuais em audiência única; 2- Imediatidade; 
3- Identidade física do juiz. 4- Deste breve aporte, a de se dizer, também nos 
processos de Competência do Tribunal do Júri em que o procedimento observará 
as disposições estabelecidas nos art. 406 a 497 do CPP, com a respectiva redação 
determinada pela Lei n. 11.689 de 9/06/2008.
O Direito Processual 
Penal é Público 
porque só o Estado 
possui o direito de 
punir, constituindo-
se em exercício 
da soberania. O 
processo tem por 
fi nalidade propiciar a 
solução jurisdicional 
do confl ito de 
interesses entre o 
Estado e o infrator.
2020
 Direito Processual Penal 
A relação jurídica do processo se estabelece entre os chamados 
sujeitos processuais, atribuindo a cada cidadão direitos, obrigações, 
faculdades, ônus e sujeições. Nesta relação processual aplicam-se 
os chamados princípios constitucionais do processo, garantindo às 
partes: direitos, como o contraditório, a publicidade, o de ser julgado 
pelo juiz natural da causa, a ampla defesa.
Sobre processo, procedimento e relação jurídica, informa-se, 
outrossim, que oportunamente tais assuntos serão tratados de forma 
mais pormenorizada. O direito processual é autônomo porque possui 
objeto e métodos próprios. Logo, o objeto é o processo penal e, por sua 
vez, o método é o técnico-jurídico, abrangendo a exegese, a dogmática 
e a crítica.
Não se discute a autonomia do Direito Processual Penal, porquanto possui 
objeto, normas e princípios próprios, características mestras que fazem um 
ramo possuir a própria identidade dentro da dogmática jurídica. Só se fala em 
Direito Processual Penal se, quando e por conta da existência do Direito Penal, 
não menos certo é que este último não teria qualquer aspecto de funcionalidade 
enquanto não pudesse ser efetivamente aplicado aos casos concretos levados à 
composição pelo Estado-Juiz.
Via de consequência de tudo que foi exposto, vê-se o Direito 
Processual Penal como ser autônomo do direito material, que nesse 
caso é o direito penal. A autonomia se faz presente pela existência 
de um CPP e pela constatação de que os princípios reguladores do 
Processo Penal não têm ponto de contato com os princípios que 
norteiam	a	defi	nição	de	crime.			
Portanto,	pode–se	e	deve-se	afi	rmar		que	ambos	se	completam.	
E que o Direito Processual Penal é instrumento do Direito Penal, 
contudo mantém sua autonomia.
O direito processual 
é autônomo porque 
possui objeto e 
métodos próprios.
Direito Processual 
Penal como ser 
autônomo do direito 
material, que nesse 
caso é o direito 
penal.
21
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Fontes	das	Normas	Processuais	
Penais	
“Fonte” deriva do latim – fontanus, fons, fontis – nascente. Nesse 
sentido, fonte é o lugar de onde o direito provém ou os modos de sua 
exteriorização, as formas de elaboração. 
Por utilizarmos as expressões norma e lei, faz-se necessário diferenciá-las. 
Norma é o comando ou ordem processual penal. Lei é a forma 
mais comum de exteriorização da norma.
Em face dos preceitos delineados, vislumbra-se que, no Direito Processual 
Penal, as fontes são divididas em Fontes Materiais e Fontes Formais. 
 
A origem das normas jurídicas pode ser vista sob dois aspectos, 
daí é que se origina a dicotomia entre fontes maturais e fontes 
formais. As fontes materiais – também chamadas de fontes 
de produção ou substanciais – dizem respeito à origem 
dos conteúdos que compõem o direito, enquanto que as 
fontes formais de revelação ou de cognição relacionam-
se à forma pela qual esses conteúdos se manifestam por 
intermédio de normas jurídicas (MOUGENOT, 2011,p.40, 
grifos nossos.).
A principal fonte de produção do Direito Processual Penal é 
o	 Estado.	 Contemplando	 o	 ponto	 de	 vista	 cientifi	co,	 teríamos	 de	
considerar fontes de produção também todos aqueles que praticam 
atos jurídicos processuais penais. Exemplo: os órgãos jurisdicionais 
também são fonte de produção e a jurisprudência, por conseguinte, é 
fonte formal. 
•	 Quem	é	o	Estado?	
•	 Quem	pode	legislar	sobre	o	direito	processual?	
• A Lei complementar Federal pode autorizar os Estados membros 
A principal fonte de 
produção do Direito 
Processual Penal 
é o Estado.
2222
 Direito Processual Penal 
o	direito	processual	penal,	em	questões	específi	cas?	
• A União, os Estados-membros e o Distrito Federal têm competência 
concorrente		para	legislar,	sob	custas	dos	serviços	forenses?	
Didaticamente, a fonte material ou de produção é aquela que 
cria o direito e, por sua vez, fonte formal ou de cognição é a forma de 
expressão da norma jurídica processual, isto é, aquela que revela o 
direito.
a) Fontes Materiais, de Produção ou Substanciais
Menciona-se, neste sentido, como fonte material a que cria o 
Direito. No Direito Processual, a União é a única fonte material, dotada 
de	poder	para	a	criação	de	normas	que	a	disciplinam	(art.	22,	І	da	CF).	
Porém, a competência da União é privativa – e não exclusiva – de modo 
que poderá a lei estadual versar, através de lei complementar, sobre questões 
referentes à matéria processual penal.
Já sobre a matéria de procedimento, a competência é concorrente 
entre	 a	 União	 os	 Estados	 e	 DistritoFederal	 (art.	 24,	 XІ,	 da	 CF);	 competência	
concorrente	em	matéria	penitenciária	(art.	24,І,	da	CF),	delimitando	organização	
e	 funcionamento	 de	 presídios;	 custas	 dos	 serviços	 forenses	 (	 art.	 24,	 ІV),	
determinado preços de fotocópias, custas na ação penal privada. Além da criação, 
funcionamento e processo dos juizados especiais criminais (art.24, X, da CF).
Quem	produz,	concretamente,	o	direito	processual	penal?			
Via de regra, é a lei federal. Cabe somente à União – a 
elaboração pelo Congresso Nacional e sanção do Presidente da 
República a elaboração da lei. 
Para Guardar:
Quem	pode	fazer	a	lei	processual	penal?	
1. Só a União, se for Direito Processual Penal.
Didaticamente, 
a fonte material 
ou de produção é 
aquela que cria o 
direito e, por sua 
vez, fonte formal 
ou de cognição é a 
forma de expressão 
da norma jurídica 
processual.
23
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
2. A União, os Estados e o Distrito Federal, se for procedimento, 
direito penitenciário, custas e juizados especiais criminais. 
b) Fontes Formais, de Cognição ou de Revelação
As fontes formais do direito são os meios que expressam as normas jurídicas. 
Por isso, são chamadas de fontes de revelação. A lei, em sentido mais amplo, é 
fonte formal imediata.
O	direito	 processual	 penal	 compõe-se	 de	 normas	 relativas	 específi	cas	 no	
que tange ao processo penal. Essas normas expressam-se através de diferentes 
tipos de dispositivos legais. Portanto, não só a lei, mas a Constituição Federal 
traz em seu interior disposições que regem o processo judicial, constituindo 
processo penal.
Cumpre salientar que a parcela mais substancial das normas de direito 
processual penal introduzida no ordenamento por meio de leis ordinárias, 
produzidas pelo poder Legislativo, é o Código de Processo Penal (Decreto 
lei nº 3689, de 3/10/1941), o diploma principal a reger a matéria, sendo assim 
classifi	cado	como	fonte	primária.
Como fontes secundárias encontram-se as inúmeras leis 
extravagantes que possuem conteúdo processual penal. Ao lado 
destas leis ordinárias, aparecem ainda os tratados, convenções 
e regras de direito internacional, destacando-se a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, as Constituições Estaduais e em 
especial a nossa Carta Magna de 1988, com suas normas de natureza 
processual penal e de índole garantista. Isto posto, vislumbra-se da 
lição de Mongenot:
 
 [...] assim como fontes secundárias: na Lei n. 9.099/95, que 
cria e disciplina os Juizados dos Especiais e Criminais; na Lei 
n. 7.210/84, que disciplina a execução penal (determinando 
a forma de cumprimento das decisões judiciais de conteúdo 
penal), e em diversos outros dispositivos, que integram o 
conjunto de normas de direito processual penal, mas que, 
por localizarem-se em sede formal diversa (ou seja, por 
serem veiculadas por fontes formais separadas do Código 
de Processo Penal), são denominadas leis extravagantes. 
Ainda como fontes secundárias, encontram-se as inúmeras 
outras leis extravagantes que possuem conteúdo processual 
penal,	 estabelecendo	 procedimentos	 especiais,	 fi	xando	 a	
organização e a estrutura dos órgãos judiciais e regulando 
a execução penal. Ao lado dessas leis ordinárias aparecem 
ainda os tratados, convenções e regras de direito internacional, 
expressamente admitidas pela Constituição Federal ( art. 5º, 
 Como fontes 
secundárias 
encontram-se 
as inúmeras leis 
extravagantes que 
possuem conteúdo 
processual penal.
2424
 Direito Processual Penal 
§ 2º), com destaque para a Convenção Americana de Direitos 
Humanos, as Constituições estaduais e mesmo a Constituição 
Federal de 1988, como suas normas de natureza processual 
penal e de índole garantista (MOUGENOT, 2011, p. 41). 
 
	 Em	 contrapartida,	 Tourinho	 Filho	 (	 2010)	 classifi	ca	 como	 fonte	 primária	
não o Código de processo penal, mas as leis no sentido amplo. As fontes 
secundárias para ele são o direito externo, a doutrina, legislações passadas de 
importância histórica.
Elenca-se, ademais, que no tocante às fontes formais mediatas, 
temos como regra os costumes, a analogia, os princípios gerais do 
direito – previstos no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil - bem 
como a doutrina, a jurisprudência e o direito comparado.
Insta mencionar que é possível localizar a fonte formal na própria 
lei, nos tratados e convenções e nos próprios princípios gerais do direito. 
Embora ditos como fonte formal, os costumes são mais localizáveis 
como forma de interpretação da norma e não propriamente como fonte. 
 
Fonte Material se refere a quem produz a norma processual 
penal (União) e Fonte Formal quer dizer de onde vem a norma.
 Como já vimos anteriormente, as Fontes dividem-se:
 
Figura 1 - Divisão das Fontes
Fonte: Os autores.
É possível localizar 
a fonte formal 
na própria lei, 
nos tratados e 
convenções e nos 
próprios princípios 
gerais do direito.
FONTES
MATERIAIS
UNIÃO
PROCESSO 
PENAL
LEI,
TRATADOS,
CONVENÇÕES
COSTUMES,
PRINCÍPIOS GERAIS 
DO DIREITO,
JURISPRUDÊNCIA
FORMAIS
IMEDIATAS MEDIATAS
25
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Neste sentido, assinala Feitoza (2008), a fonte formal pode ser: 
• Imediata: a lei, (sentido amplo). Exemplo: Constituição Federal, lei 
complementar, lei ordinária, resoluções, decretos legislativos 
(incorporando as normas de tratados e convenções internacionais). 
 
Tratado é o termo genérico que abrange expressões como 
acordos, protocolos, pactos, declarações, convenções, ajustes, 
concordatas, convênios. 
 
A palavra Tratado é utilizada para acordos solenes, enquanto 
Convenção é o tratado que cria normas gerais. Logo, há autores 
que reservam o termo tratado para atos jurídicos considerados mais 
importantes, de natureza política, destinados a ter longa duração, 
utilizando para as demais situações, de natureza não-política, a 
palavra convenção. 
O Tratado, por sua vez, pode ser considerado como um ato de 
consentimento recíproco de duas ou mais nações para constituir, 
regular,	modifi	car,	alterar	ou	extinguir	um	vinculo	de	Direito	ou	um	ato	
jurídico, em que dois ou mais Estados concordam sobre a criação, 
modifi	cação	ou	extinção	de	um	direito.	
• Mediata: costumes, princípios gerais do direito e regras de direito 
internacional. Costume é o conjunto de normas de comportamento às quais 
as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante, pela convicção de 
sua obrigatoriedade jurídica, o que vem distingui-la do hábito, porque quanto a 
este não há convicção de sua obrigatoriedade jurídica. 
De acordo com Feitoza ( 2008), os costumes se dividem em: 
Figura 2 - Costumes
Fonte: Os autores, baseados em Feitoza (2008).
A palavra Tratado 
é utilizada para 
acordos solenes, 
enquanto 
Convenção é o 
tratado que cria 
normas gerais.
Ato de 
consentimento 
recíproco de duas 
ou mais nações para 
constituir, regular, 
modifi car, alterar ou 
extinguir um vinculo 
de Direito ou um 
ato jurídico.
COSTUME
Contra Legem
É o que se forma em 
sentido contrário ao da 
lei, isto é, consiste na 
inaplicabilidade da lei.
Secundum 
Legem
É o costume que está 
previsto na própria lei, 
reconhece sua efi cácia 
obrigatória.
Praeter Legem
É aquele que tem como 
objetivo suprir a lei nos 
casos omissos, preen-
cher as lacunas da lei 
– artigo 4º da LICC.
2626
 Direito Processual Penal 
Princípios também são fontes do direito. Por ser um vocábulo com uma 
imensa	variedade	de	signifi	cações,	podemos	dizer	que	princípios	do	direito	são	
normas de caráter geral que se constituem em diretrizes do ordenamento jurídico. 
Os princípios possuem uma dimensão de peso (importância). 
Para Robert Alexy, as normas se dividem em regras e princípios, não 
existindo somente uma diferença gradual, mas também qualitativa.
O ponto decisivo para distinção entre regrase princípios é que 
os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado 
na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas 
reais e existentes. Portanto os princípios são mandados de 
otimização, que estão caracterizados pelo fato de podem 
ser cumpridos em diferente grau e que a medida devida de 
seu cumprimento não somente depende das possibilidades 
reais senão das jurídicas. O âmbito das possibilidades é 
determinado pelos princípios e regras opostos. Ao contrário, 
as regras, são normas que somente podem ser cumpridas ou 
não. Se uma regra é válida, então deve fazer exatamente o que 
ela exige, nem mais nem menos. Portanto, as regras contêm 
determinações no âmbito do fática e juridicamente possível. 
Isto	 signifi	ca	 que	 a	 diferença	 entre	 regras	 e	 princípios	 é	
qualitativa e não de grau. Toda norma é uma regra ou principio 
(ALEXY, Teoria de los derechos fundamentales, 2001, p. 86 ).
Jurisprudência é a decisão reiterada dos juízes e tribunais em 
um mesmo sentido. Há divergência sobre a aceitação desta como 
fonte formal: de um lado, a mesma não cria o direito que emana da 
lei ( BITENCOURT, Tratado de Direito Penal, 2010 ) e de outro, que o 
juiz na prática cria o direito penal, ou seja, compete ao juiz explicitar 
as lacunas deixadas pelo legislador (GOMES, Direito Penal, 2009 ) . 
Observa-se que a questão ganha ainda mais força com as chamadas 
Súmulas vinculantes do STF, que têm como características em seu corpo a 
imperatividade – acolhida de forma obrigatória, e a coercibilidade – no caso de 
não observação, cabe reclamação ao STF.
TRATADOS: são acordos assinados entre países em assuntos 
de natureza política, incluindo os crimes.
CONVENÇÕES: também são acordos, entretanto, assinados 
por vários países.
Jurisprudência é a 
decisão reiterada 
dos juízes e 
tribunais em um 
mesmo sentido.
27
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
Compete ao Presidente da República privativamente celebrar 
o tratado ( art.84, VIII, da CF ), competindo ao Congresso sua 
resolução	 defi	nitiva	 (	 art.	 49,	 I	 ),	 transformando-o	 em	 decreto.	 É	
exemplo de Convenção que se tornou norma processual penal a 
Convenção Americana dos Direitos Humanos – Pacto de São José 
da Costa Rica , sendo que o Governo depositou a Carta de Adesão 
em 25/9/1992 e, em 6/11/1992, promulgou-a através do Decreto n. 
678 de 1992.
Atividade de Estudos: 
1) Complete as lacunas: 
a) Compete ao__________ privativamente celebrar o Tratado, ( 
art.84, VIII,da CF ), competindo ao _________________sua 
resolução	defi	nitiva	(art.49,І	),	transformando-o	em	__________.
b) É exemplo de Convenção que se tornou norma processual penal 
a ______________________ (Pacto de ________________), em 
que o governo depositou a Carta de Adesão em 25/9/1992 e em 
______________, promulgou-a através do_______________ nº 
_______.
c)	Discute-se	também	sobre	o	fi	m	da	_________________________.
2) A Emenda Constitucional nº 45/2004 instituiu a súmula vinculante 
como fonte jurídica formal e, portanto, os órgãos jurisdicionais 
são	 fontes	 jurídicas	 de	 produção	 não	 apenas	 cientifi	camente,	
mas também do ponto de vista jurídico-dogmático. 
 Conceitue Súmula: 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
2828
 Direito Processual Penal 
3)	Defi	na	Tratado	e	Convenção.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 
AS DUAS FACES DE UM CRIME – 
Direção de Gregory Hoblit – 1996 (EUA).
Atores: Richard Gere, Laura Linney, John Mahoney e Alfre 
Woodard.
Em Chicago, um arcebispo (Stanley Anderson) é assassinado 
com 78 facadas. O crime choca a opinião pública e tudo indica que 
o assassino pode ser um jovem de 19 anos (Edward Norton) que foi 
preso com as roupas cobertas de sangue da vítima. Todavia, um ex-
promotor (Richard Gere), que se tornou um advogado bem sucedido 
se propõe a defendê-lo – tendo um motivo para isto: adora ser 
coberto pela mídia, além de ter uma incrível necessidade de vencer.
O SOL É PARA TODOS – 
Direção de Robert Mulligan – 1962 (EUA). 
Na pequena cidade sulista de Maycomb - Alabama, Atticus 
é	um	advogado	muito	 simples	 que	 vive	 com	seus	dois	 fi	lhos.	Eles	
já aprenderam com o pai os princípios da Justiça, do respeito e da 
igualdade. As duas crianças promovem cenas de pura sensibilidade, 
além	de	grande	valor	e	signifi	cação	para	uma	melhor	convivência.		A	
relação	entre	pai	e	fi	lhos	é	harmoniosa,	 terna	e	solidifi	cada,	 já	que	
Atticus é pai e mãe ao mesmo tempo.
Quando	 aceita	 defender	 o	 negro	 Tom	 Robinson,	 acusado	 de	
estuprar uma moça branca, Atticus passa a sofrer o ódio e o racismo 
de alguns habitantes da cidade. Ao mesmo tempo em que leva o 
caso	adiante,	 tenta	proteger	os	 fi	lhos	dos	mesmos	sentimentos	de	
29
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
que é vitima. No dia do julgamento, Atticus prova a inocência do réu, 
evidenciando a hipocrisia e o cinismo de tal acusação de caráter 
preconceituoso, uma vez que jamais ele deveria ter sido levado 
a julgamento, visto a falta de provas evidenciais. Ainda assim o 
veredicto não envereda pelos caminhos da justiça e o desfecho da 
história é surpreendente.
Fonte:		Disponível	em:	<www.interfi	lmes.com/fi	lme_13178_	as.duas.
faces.de.um.crime.html>. Acesso em: 10 de nov. de 2011. 
AlGumas	ConsideraçÕes
Neste primeiro capítulo, estudamos os Fundamentos do Processo Penal com 
o intuito de proteger bens e interesses relevantes para a sociedade. Compreendeu-
se que dos bens ou interesses tutelados pelo Estado, quando violados, afetam as 
condições de vida em sociedade. Podemos inserir como exemplos neste contexto 
o direito à vida, à honra à integridade física.
Assim sendo, uma das tarefas do Estado é regulamentar a conduta do 
cidadão brasileiro, por meio da aplicação de normas, as quais são estabelecidas 
para regulamentar a convivência entre os indivíduos e as possíveis relações 
deste com o Estado, entidade dotada de poder soberano, sendo titular exclusivo 
do direito de punir. 
Importante lembrar que o Direito Constitucional é fundamental para a 
compreensão e análise e interpretação do Direito Processual. O domínio 
conceitual e dos referentes basilares possibilitam uma melhor desenvoltura na 
temática, simples e empolgante como o próprio direito material. Saber de onde 
vem,	qual	a	fi	nalidade,	quais	os	princípios	orientadores	faz	toda	a	diferença	para	o	
desenvolvimento do raciocínio jurídico pertinente à ciência em estudo.
ReFerÊncias
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Trad. Castelhama 
Ernesto Garzón Valdés. Revisão Ruth Zimmerling. 2. Reimpr. Madrid: Centro de 
Estudios Políticos y Constitucionales. 2001.
ALVIM, ARRUDA. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo, Revista dos 
Tribunais, 1977.
3030
 Direito Processual Penal 
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 
2010.
BONFIM, Edilson Mongenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2011.
______ Processo Penal 1- Dos Fundamentos a Sentença. São Paulo: Saraiva, 
2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
CristinaVaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
Ofi cial da União]. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940. Disponível em: < 
https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm>. Acesso em 28 
de fevereiro de 2012. 
BRASIL. Decreto lei nº 3.689 de 3 de outubro de 1941. Código de Processo 
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<https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Decreto Legislativo nº 27 de 25 de setembro de 1992. Autoriza a 
Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República a 
concluir Acordo de Composição Amistosa com vistas ao encerramento dos 
casos nº 12.426 e 12.427 em trâmite perante a Comissão Internacional de 
Direitos Humanos. [Diário Ofi cial da União]. Brasília, 25 de setembro de 1992. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Decreto nº 678 de 06 de novembro de 1992. Promulga a Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José as Costa Rica), de 22 de 
novembro de 1969[Diário Ofi cial da União]. Brasília, 6 de novembro de 1992. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. [Diário Ofi cial da União]. 
Brasília, 26 de setembro de 1995. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. 
Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.313 de 28 de junho de 2006. Altera os arts. 60 e 61 da Lei nº 
9.099, de 26 de setembro de 1995, e o art. 2º da Lei nº 10.259, de 12 julho de 
2001, pertinentes à competência dos Juizados Especiais Criminais, no âmbito 
31
FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL Capítulo 1 
da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Diário Ofi cial da União]. Brasília, 28 
de junho de 2006. Disponível em: <htt ps://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.689 de 9 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao 
Tribunal do Júri, e dá outras providências. [Diário Ofi cial da União]. Brasília, 9 
de junho de 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.719 de 20 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos 
à suspensão do processo emendatio libeli, mutatio libeli e aos procedimentos 
[Diário Ofi cial da União]. Brasília 20 de junho de 2008. Disponível em: <https://
www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
CARNELUTTI, Francesco. Lecciones sobre el processo penal. Buenos Aires: 
Ediciones Jurídicas Europa- América, Bosch y Cia. Editores 1950.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do Processo. 8 ed. São 
Paulo: Malheiros, 2000.z. São Paulo: Malheiros, 2003.
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal, Parte Geral. São Paulo: Editora Revista dos 
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ISHIDA, Válter Kenji. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2010.
JESUS. Damásio E. de. Código penal anotado. 12. ed. São Paulo: Saraiva. 
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LEOBONS, Solange G. P. Delegação, descentralização, diversifi cação: 
pontos básicos para otimizar-se a rádio educativa. Série Estudos e 
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MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2006.
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PACHECO, Denilson Feitoza. Reforma Processual Penal: uma abordagem 
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 Direito Processual Penal 
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
VENOSA, Silvio de Salvo. Novo Código Civil: Texto Comparado – Código Civil 
de 2002 e Código Civil de 1916. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004 
 
CAPÍTULO 2
Lei	Processual	Penal
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Examinar a doutrina, a legislação e a jurisprudência, conforme os preceitos 
teóricos;
	Aprender	os	conceitos	e	defi	nições,	visando	aplicá-los	na	prática;
	Descobrir	e	criar	seu	próprio	tempo	refl	exivo,	com	intuito	de	absorver	o	cabedal	
teórico do curso;
 Empregar o uso da tecnologia e métodos variados para a compreensão e 
aplicação do Direito e Processo Penal;
	Ler,	 compreender	 e	 interpretar	 textos	 jurídicos,	 documentos	 e	 bibliografi	as	
diversas sobre o Ordenamento Jurídico.
35
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
Contextualização
No capítulo anterior, enfatizou-se que o Direito Processual Penal objetiva 
apresentar a mecânica e o funcionamento do Direito Penal e do próprio Direito 
Processual Penal, o que exige o desenvolvimento de questionamentos éticos, do 
ordenamento jurídico pátrio e até mesmo utilizando o Direito Comparado. 
Ressaltou-se	a	importância	de		compreender	o			sentido		e		o		signifi	cado		deste		
Instituto,	 construindo	 um	 conceito	 próprio	 de	 processo	 penal	 e	 refl	etindo	 sobre		
os efeitos que ele produz sobre a formação dos direitos e garantias do cidadão 
brasileiro.
Neste segundo capítulo, o objetivo é analisar os aspectos legais e 
doutrinários relacionados ao Direito Processual Penal no que se refere à Aplicação 
e		Interpretação		da		Lei	Processual	Penal,	Efi	cácia	da	Lei	Processual	Penal,	além	
de fazer breves considerações sobre os Sistemas Processuais Penais, Norma 
Processual no Tempo e no Espaço. 
As informações até aqui sintetizadas abrem as portas para novas caminhadas 
e dão sentido ao trabalho cuja documentação pretende ser um referencial para 
servir de marco a todos quantos atuam ou buscam o Direito Processual Penal. O 
ato	de	ensinar	é	um	referencial	defi	nidor,	mas	não	defi	nitivo,	pois	a	educação	é	
um processo dinâmico que não permite paradas e estagnações. O compromisso 
com a educação e o ato de ensinar – Direito – é uma das matérias primas para a 
construção de uma sociedade mais justa.
Aplicação	da	Lei	Processual	Penal
A princípio, e de acordo com a constituição de 1988, ninguém 
será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o processo com 
a decisão transitado e julgado. Portanto, todas as medidas cautelares, 
inclusive as prisões, sejam estas preventivas, temporárias, decorrentes 
de	 sentença	 de	 pronúncia	 para	 apelar	 e	 a	 prisão	 em	 fl	agrante,	 são	
constitucionais.
Por sua vez, o artigo 1º do CPP determina que as regras 
processuais penais gerais serão utilizadas somente dentro do 
território nacional, independente das regras do direito penal da 
extraterritorialidade. Logo, em território estrangeiro poderá ser aplicada a lei 
penal, se compatível, porém jamais será aplicada a lei processual.
A princípio, e de 
acordo com a 
constituição de 
1988, ninguém 
será privado de 
sua liberdade ou 
de seus bens sem 
o processo com a 
decisão transitado 
e julgado.
3636
 Direito Processual Penal 
Isto posto, cumpre dizer que os incisos do art. 1° do CPP têm referência em 
matéria de competência. As pessoas citadas no inciso II e a justiça nos demais, 
por sua vez, serão tratadas a partir do artigo 69 do CPP.
O objetivo do art. 1° do CPP é determinar que as regras 
processuais gerais serão utilizadas somente dentro território nacional, 
independentemente das regras de direito penal da extraterritorialidade, 
pois em território estrangeiro poderá ser aplicada a lei penal, se 
compatível, porém a lei penal jamais será aplicada à lei processual.
Ademais, foi adotado o principio da aplicabilidade imediata. Desta 
forma, todas as leis processuais terão aplicação imediata logo que 
entram em vigor.
De acordo com a doutrina, a lei processual que trouxermatéria penal (Lei 
Processual Mista) também deverá observar as regras do direito material. Portanto, 
será	necessário	verifi	car	sempre	se	o	procedimento	benefi	cia	ou	prejudica	o	réu.	
Prejudicando, somente terá aplicação nos novos processos, permanecendo os 
anteriores até o encerramento.
Assinalamos o art. 3° e 4° do CPP, em que a lei processual penal admitirá 
interpretação extensiva e analógica, bem como o suplemento dos princípios 
gerais do direito. O art. 3° do CPP determina que poderão ser utilizados todos os 
demais meios de interpretação e aplicação analógica, para que a persecução – 
investigação e ação penal tenham aplicação imediata.
HermenÊutica	no	Brasil
O mundo é marcado por incertezas, crises, mudanças, inquietações e 
apreensões. A educação, em sentido geral e neste cenário, não foge ao todo e 
vive momentos difíceis. 
Numa breve análise de nosso tempo, encontramos traços de grande destaque a 
marcá-lo,	como	acelerados	avanços	tecnológicos	e	científi	cos	na	produção	humana,	
maiores e mais numerosos que no restante da história universal do homem. 
O conhecimento se desenvolve vertiginosamente graças à crescente e 
múltipla edição de livros e à produção de textos, à informática e aos meios de 
comunicação que colaboram para que a transmissão e a construção do saber 
ocorram num volume e rapidez cada vez maiores.
O principio da 
aplicabilidade 
imediata. Desta 
forma, todas as leis 
processuais terão 
aplicação imediata 
logo que entram 
em vigor.
37
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
O	 mundo	 moderno	 não	 mais	 se	 espanta	 com	 a	 infi	nidade	 de	
hipóteses	 para	 interpretação	 de	 fi	lmes,	 composições	 musicais,	 de	
obras	científi	cas	e	literárias	e	até	de	sonhos.
Se fôssemos traçar linhas de comparação entre as 
versões da Hermenêutica jurídica, teríamos a de cunho 
histórico e teórico, passando em pauta as questões tradicionais 
de contextualização histórica, conceito, objeto, autonomia, natureza 
jurídica, interpretação e analogia. E outra de cunho totalmente 
crítico, fundamentando-se na relação de dogmática do direito e sua 
concretude histórica e social. 
 
É impossível padronizar a conduta de um intérprete predisposto a iniciar a 
solução de um problema com suas próprias expectativas ideológicas e o clima de 
liberdade ocasionalmente desfrutado.
Vê-se que a palavra interpretação não é exclusiva dos estudiosos em direito. 
Ao contrário, é empregada com frequência nos vários ramos do conhecimento e 
na vida comum de cada indivíduo. 
Há sempre alguém que produz o pensamento de seus pares, de seus 
companheiros. E os homens parecem gostar da interpretação, porque esta mexe 
com o raciocínio, quebra a monotonia, empolga, transcende...
Interpretar é explicar, é precisar, é revelar o sentido. 
Interpretar não implica, necessariamente, no fato de se 
tornar claro, mas requer a revelação do conteúdo, balizado pelo 
alcance da lei, independentemente até de vontade do legislador 
ou	do	signifi	cado	literal	do	texto.
A interpretação do texto legal é parte importante do processo de 
aplicação	do	direito.	Pode	ser	defi	nida	como	a	atividade	pela	qual	o	
jurista “traz à compreensão o sentido de um texto que se lhe torna 
A atividade pela 
qual o jurista “traz 
à compreensão 
o sentido de um 
texto que se lhe 
torna problemático” 
(LARENZ, 
Metodologia da 
ciência do direito, 
p. 439).
O mundo moderno 
não mais se espanta 
com a infi nidade 
de hipóteses para 
interpretação de 
fi lmes, composições 
musicais, de obras 
científi cas e literárias 
e até de sonhos.
3838
 Direito Processual Penal 
problemático” (LARENZ, Metodologia da ciência do direito, p. 439). Tem por 
desígnio	extrair	o	exato	signifi	cado	de	uma	norma,	servindo	também	para	decidir	
confl	itos	normativos	surgidos	da	contradição	entre	os	preceitos	legais.
O sistema legal brasileiro funda-se essencialmente em normas positivadas. 
Logo, a Constituição, as leis, decretos e outros dispositivos normativos são 
elaborados pelo Estado.
Conforme observação de Mougenot (2010, p.114): 
O ordenamento jurídico brasileiro encontra-se consubstanciado 
em um extenso conjunto de textos legais. Para aqueles que 
aplicam o direito, seja julgando, seja demandando perante os 
órgãos de Estado, portanto, torna-se imprescindível proceder 
à interpretação destes textos legais, de modo a deles extrair as 
normas jurídicas aplicáveis aos casos concretos. A atividade 
interpretativa, portanto, precede a aplicação legal. 
Interpretação é atividade que consiste em extrair da norma seu 
exato	 alcance	 e	 real	 signifi	cado.	 Deve	 buscar	 a	 vontade	 da	 lei,	
não importando a vontade de quem a fez (LICC, art. 5º).
A interpretação é objeto da hermenêutica e consiste em extrair o 
conteúdo e o sentido de uma norma, de modo que possa ser aplicado 
ao caso concreto. O interprete está vinculado ao texto, não lhe cabendo 
acrescentar ou subtrair qualquer elemento ao material interpretado.
 
Salienta-se, ainda, que o Código de Processo Penal, por ser fonte 
primária do Direito Processual Penal, não é exclusivo. Existem em 
nosso ordenamento infrações que escapam à sua incidência. Algumas 
dessas exceções são encontradas no próprio art. 1º do CPP.
Por sua vez, o processo e o julgamento de determinados crimes de 
responsabilidade, são excluídos da competência do Poder Judiciário, 
sendo transferidos ao Poder Legislativo, os quais exercem o que se 
denomina “jurisdição política”. 
A Justiça Militar tem competência para processar e julgar crimes 
militares. Integra-se neste rol a Justiça Militar Federal e a Justiça 
Militar Estadual.
A interpretação é 
objeto da herme-
nêutica e consiste 
em extrair o con-
teúdo e o sentido 
de uma norma, de 
modo que possa ser 
aplicado ao caso 
concreto. O interpre-
te está vinculado ao 
texto, não lhe ca-
bendo acrescentar 
ou subtrair qualquer 
elemento ao mate-
rial interpretado.
A Justiça Militar tem 
competência para 
processar e julgar 
crimes militares. 
Integra-se neste 
rol a Justiça Militar 
Federal e a Justiça 
Militar Estadual.
39
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
Porém, quando houver em outras leis a previsão de procedimentos especiais, 
aplica-se subsidiariamente o dispositivo no Código de Processo Penal, como 
sustenta Mougenot (2011, p. 120 ).
Em alguns desses casos, serão diversos também os órgãos 
encarregados do exercício da jurisdição. O processamento e 
o julgamento de determinados crimes de responsabilidade, por 
exemplo, são excluídos da competência do Poder Judiciário, 
sendo transferidos ao Poder Legislativo, que exerce o que se 
denomina “jurisdição política”. Já os crimes militares estão sob 
a jurisdição da Justiça Militar, integrada pela Justiça Militar 
Federal e pela Justiça Militar Estadual.
Cumpre ressaltar que não mais existe no Brasil o Tribunal 
de Segurança Nacional, previsto no art. 122, nº 17, da 
Constituição de 1937 e extinto pela Lei Constitucional nº14/45.
Quanto	à	Lei	de	Imprensa,	o	Supremo	Tribunal	Federal		(	STF	),	no	que	se	
refere ao julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
( ADPF ) nº 130, declarou por maioria como não recepcionada pela Constituição 
Federal de 1988 o conjunto de dispositivos da Lei Federal nº 5.250/67 – chamada 
de Lei de Imprensa. Conforme Mougenot (2011,p.120), cumpre ressaltar que não 
mais subsiste a restrição prevista no art. 1º, V, passando-se a incidir à legislação 
comum – Código Civil, Penal, Processo Civil e Processo Penal – as causas 
decorrentes das relações de imprensa. 
Por seu turno, descreve Tourinho Filho ( 2005 ), embora haja 
omissão na enumeração das ressalvas feitas pelo art. 1º do CPP, 
podemos dizer ser este inaplicável às infrações eleitorais e às que 
lhe forem conexas.
Mesmo que o art. 364 do Código Eleitoral faça a ressalva quanto à 
possibilidade da aplicação subsidiária do CPP, logo quando houver, em outras 
leis, a previsão de procedimentos especiais, aplicar-se-á subsidiariamenteo 
disposto no Código de Processo Penal – art.1º, parágrafo único.
No que se refere ainda à interpretação das normas jurídicas, enquadram-se 
em um contexto:
a) Linguístico: a linguagem legislativa, por ser uma subclasse da linguagem 
vulgar, ostenta peculiaridades semânticas. Tanto a linguagem leiga quanto 
o vocabulário legal estão cheios de indeterminações os quais possibilitam 
variadas	compreensões	de	seus	signifi	cados	pelo	intérprete;
4040
 Direito Processual Penal 
b) Sistêmico: por integrar um sistema, a norma jurídica não pode ser 
contraditória ou incoerente com o conjunto em que está inserida.
c) Funcional: a atividade do intérprete consiste em perquirir de onde proveio a 
norma a ser interpretada.
Há que se dizer, ainda, sobre duas teorias que têm como objetivo elucidar a 
fi	nalidade	da	interpretação:	
a) Teoria subjetivista ou da vontade: busca-se a mens legislatoris (a mente 
do legislador). O intérprete deverá sempre buscar o conteúdo da vontade 
histórica e psicológica do legislador.
b) Teoria subjetivista: busca-se a mens legis (intenção consubstanciada na 
própria lei). A atividade interpretativa deve estar voltada para o descobrimento 
do sentido que é inerente à própria lei que, com o passar do tempo, adquire 
vida própria, regulando muitas vezes fatos não previstos ou nem sequer 
previsíveis quando de sua elaboração. 
 
 
Métodos	de	Interpretação	na	FiGura	
de	MouGenot:
a) Gramatical, literal ou sintática:	 busca	 o	 signifi	cado	 comum,	 geral,	 dos	
termos e frases que compõem a lei, constata-se que a linguagem do direito, 
apesar de técnica, não se encontra desvinculada da linguagem comum. Leva-
se em conta o sentido literal das palavras. 
b) Lógico:	 o	 sentido	 de	 cada	 termo	 é	 dado	 não	 só	 pelos	 seus	 signifi	cados	
isolados, mas pelas funções que desempenham em relação aos termos a ele 
associados.
c) Sistemático: este método supõe que o preceito legal é parte integrante de 
regulação mais ampla. Tal preceito deve ser tomado em um sentido que esteja 
em concordância com outra disposição, conferindo compatibilidade com a 
regulação à qual pertence em última análise com o ordenamento jurídico.
d) Teleológico:	exige	que	se	interprete	a	lei	de	forma	que	esta	atinja	a	fi	nalidade	
a que se destina. Implica buscar, a partir de texto da lei, um sentido que, 
aplicado	aos	casos	concretos,	 resulte	no	alcance	dos	fi	ns	a	que	se	destina	
a lei interpretada. A atividade de interpretação deverá permitir que a norma 
alcance o resultado para o qual foi idealizado.
41
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
e) Histórico: Método Hermenêutico que busca o sentido do texto legal por 
meio da investigação das circunstâncias históricas nas quais determinado 
preceito legal foi concebido e positivado. Busca-se conhecer os precedentes 
normativos, os processos legislativos, as discussões que cercaram a 
elaboração do dispositivo interpretado, tudo de forma a reconstruir o contexto 
histórico de sua criação.
f) Método comparado: diz respeito principalmente à matéria de 
direitos e garantias fundamentais, referendadas por tratados e 
pactos internacionais e cuja a matéria é preocupação mundial. 
É utilizado quando se dá uma abertura ao exterior dos textos 
constitucionais para indagar o sentido dos direitos fundamentais 
próprios de toda Constituição. 
g) Progressivo ou Evolutivo: deve ter por princípio a preservação 
da norma jurídica. Dispositivos que por razões históricas passem 
a	 conter	 referências	 a	 conceitos	 que	 tenham	 signifi	cado	 diverso	
do original devem ser interpretados com razoabilidade, de modo 
a adaptar-se o sentido original às circunstancias atuais. Expressões como 
chefe de polícia ou Tribunal de Apelação, presentes no Código de Processo 
Penal, passam a ser entendidas como Secretário da Segurança Pública e 
Tribunais de Segundo Grau, entidades que atualmente exercem as funções e 
atribuições que originalmente cabiam àquelas mencionadas no texto legal.
h) Interpretação conforme a Constituição: é um critério 
hermenêutico, também denominado Princípio do Constitucionalismo 
ou Princípio da Conformidade. Trata-se, na verdade, de uma 
especifi	cação	do	método	sistemático	acima	mencionado	em	vista	
da estruturação hierarquizada do ordenamento jurídico. Segundo 
o Princípio da Hierarquia das Normas jurídicas, o da legislação 
infraconstitucional, para ter validade, deve estar em harmonia 
com as normas e princípios estabelecidos na Lei Maior. Nas 
ocasiões em que se reconhecer num mesmo preceito legal a 
possibilidade de existirem duas ou mais interpretações diferentes, 
deverá o intérprete fazer prevalecer aquela que não viole o texto 
constitucional ou que com ele melhor se harmonize.
Conforme	o	resultado	alcançado	por	meio	da	interpretação,	esta	classifi	ca-se	
como:
 
a) Extensiva: quando o alcance do preceito legal é ampliado, atribui-se à norma 
um sentido que não estava explícito no legal. Um exemplo de tal ampliação é 
o que acontece no artigo 33 do CPP, que faz menção somente à queixa.
Nas ocasiões em 
que se reconhecer 
num mesmo preceito 
legal a possibilidade 
de existirem duas ou 
mais interpretações 
diferentes, deverá 
o intérprete fazer 
prevalecer aquela 
que não viole o texto 
constitucional ou 
que com ele melhor 
se harmonize.
É utilizado 
quando se dá 
uma abertura ao 
exterior dos textos 
constitucionais 
para indagar o 
sentido dos direitos 
fundamentais 
próprios de toda 
Constituição.
4242
 Direito Processual Penal 
b) Restritiva: a Interpretação Restritiva diminui o alcance do texto, pois 
apresenta	 em	 fase	 de	 sua	 linguagem	 excessiva.	 Quando	 restringe	 o	 limite	
da norma, o artigo 174, IV, do CPP, menciona que, na colheita dos padrões 
gráfi	cos,	“a	autoridade	mandará	que	a	pessoa	escreva	o	que	lhe	for	ditado”.	
A	 interpretação	 literal	 seria	 que	 todos	 devem	 fornecer	 o	 material	 gráfi	co.	
Contudo, realizando uma interpretação restritiva, compatível com o principio 
da não autoincriminação. Isto é, a autoridade não pode obrigar, somente 
poderá	convidar	a	pessoa		a	fornecer	o	material	gráfi	co.
c) Declarativa: se coloca exatamente entre as duas mencionadas, e por isso 
mesmo não estende nem restringe a aplicação do texto. O legislador consignou 
o que desejou consignar, que o sentido encontrado condiz precisamente com 
a fórmula empregada. Dá à lei o seu sentido literal, sem restrição ou extensão. 
Um exemplo é quando alguém pratica o crime de furto: é aquele que se 
enquadra no tipo, nem mais, nem menos.
Há que se dizer que existem lacunas na norma, que são preenchidas 
pelos recursos complementares. Os instrumentos para complementação são os 
previstos no art. 3º do CPP, ou seja, a analogia e princípios gerais de direito. O 
costume, não mencionado no referido art. 3º, está previsto no art.4º da Lei de 
Introdução ao Código Civil.
 
O Costume e os princípios gerais do direito são inicialmente 
fontes e não institutos de integração da norma, porém podem ser 
usados como forma de preenchimento da lacuna do ordenamento 
jurídico processual penal por expressa permissão da Lei. O costume 
como elemento integrador, muitas vezes utilizado na práxis forense 
como forma de adaptação da lei processual ao procedimento, 
signifi	ca	que,	 sobrevinda	nova	 lei,	 sua	adaptação	ao	procedimento	
muitas vezes se dará consoante sua utilização prática.
AnaloGia		
É a autointegração da lei, isto é, aplica o regramento a uma 
hipótese semelhante não prevista por lei. Segundo Mougenot (2010, 
p.114), “analogia é o processo de integração da norma jurídica escrita 
por meio do qual, diante do silêncio da lei sob determinada situação, se 
utiliza outro preceito legal que rege situação semelhante”.
Mougenot (2010, 
p.114), “analogia 
é o processode 
integração da 
norma jurídica 
escrita por meio 
do qual, diante 
do silêncio da lei 
sob determinada 
situação, se utiliza 
outro preceito legal 
que rege situação 
semelhante”.
43
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
O art.3º do CPP determina que a lei processual admitirá interpretação 
analógica. Vê-se que tanto a interpretação analógica quanto o emprego da 
analogia são legalmente permitidos.
 
Porém, há diferenças entre ambos.
A analogia não é fonte imediata do Direito Processual Penal. É 
forma de autointegração da lei. Ela consiste em aplicar o regramento a 
uma hipótese semelhante não prevista em lei. E, como se diz, é forma 
de integração da lei penal.
Destacam-se: 
a) Analogia legal: quando existe um preceito legal que rege um caso 
semelhante a ser aplicado a um caso previsto na lei.
Temos como exemplo o art. 28 do CPP utilizado para o caso do juiz discordar 
do arquivamento do Promotor de Justiça. E se no caso de falta de proposta de 
transação	ou	de	suspensão	condicional	do	Processo?	Em	razão	da	soberania	do	
MP, para proposta de benefícios, tem-se que, não havendo proposta, o juiz deve 
remeter os autos ao Procurador Geral da Justiça.
Base legal: na falta de disposição legal, em hipótese semelhante, por 
analogia, utilizar-se-á o art.28 do CPP e encaminhar-se-ão os autos ao Procurador 
Geral de Justiça.
b) Analogia Jurídica: quando há aplicação do preceito consagrado pela doutrina, 
jurisprudência e princípios gerais do direito ocorrem quando o princípio para 
o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico 
considerado em seu conjunto. Em muito se aproxima à aplicação de um 
princípio a uma hipótese sem referência a uma norma. Temos como exemplo: 
o juiz criminal vê-se diante do pedido de restituição de um veículo com 
adulteração	 de	 chassis,	 porém	 sem	 possibilidade	 de	 ver	 a	 identifi	cação	 do	
chassi original. Não há prova da adulteração pelo agente criminoso e nem 
prova da receptação. Nesse caso, não há documentação do veículo e, 
baseando-se no princípio da prevalência do interesse do réu, em razão da 
lacuna da lei e nada havendo para disciplinar o caso mesmo que por analogia, 
deve o juiz criminal liberar o veículo, utilizando-se da analogia jurídica.
Atividade de Estudos: 
1)	 Refl	ita	sobre	o	assunto	 Interpretação	Analógica	e,	com	base	no	
exemplo dado (art. 28 do CPP), pesquise outros exemplos e 
transcreva-os abaixo.
A analogia não é 
fonte imediata do 
Direito Processual 
Penal. É forma de 
autointegração 
da lei.
4444
 Direito Processual Penal 
 ____________________________________________________
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 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
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2) Analogia jurídica – aplica-se o preceito consagrado pela doutrina, 
jurisprudência e Princípios Gerais do Direito.Tal analogia se 
aproxima da aplicação de um princípio a uma hipótese sem 
referência	a	uma	norma.	Exemplifi	que.
 ____________________________________________________
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Figura 3 - Analogia Jurídica 
Fonte: Os autores. 
Dos conceitos delineados, observa-se que haverá casos em que 
o ordenamento não traz previsão ou, em outros prevê explicitamente. 
Assim, existem determinadas situações em que se coloca o aplicador 
da lei diante do que se convencionou chamar lacuna da lei. Vê-se que 
há lacuna sempre que inexista uma norma aplicável ao fato concreto. 
Nesses casos, a aplicação da lei deverá ser precedida pela atividade 
de integração.
Vê-se que há 
lacuna sempre que 
inexista uma norma 
aplicável ao fato 
concreto. Nesses 
casos, a aplicação 
da lei deverá 
ser precedida 
pela atividade de 
integração.
Analogia jurídica Princípio Constante do Processo Penal
45
LEI PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 
O conceito de Analogia, segundo Mougenot (2010), é um 
processo de integração da norma jurídica escrita por meio do qual, 
diante do silêncio da lei sobre determinada situação, se utiliza outro 
preceito legal que rege situação semelhante.
A analogia consiste na aplicação de uma norma a um caso nela 
não previsto. Não é, portanto, método de interpretação, mas sim de 
integração.
A interpretação analógica é método hermenêutico, interpretativo, 
que se aplica àqueles dispositivos legais que trazem um rol de 
fórmulas	que	explicam	ou	exemplifi	cam.	Dos	casos	citados	do	 texto	
legal, é possível inferir - por meio do raciocínio indutivo, uma regra 
genérica,	 que	 permitirá	 identifi	car	 casos	 implicitamente	 previstos	 no	
preceito normativo. O artigo 2º da lei nº 12.037/2009 prevê, nos incisos de I a V, 
um	rol	de	documentos	que	servem	para	atestar	a	identifi	cação	civil	das	pessoas,	
eximindo-as,	portanto,	da	identifi	cação	criminal	(art.	1º	do	mesmo	diploma	legal).		
O	 inciso	 VI	 do	 artigo	 dispõe,	 no	 entanto,	 que	 a	 identifi	cação	 cível	 poderá	 ser	
atestada por outro documento público.
O artigo 3º do código de processo penal prevê a adoção, em 
caráter	 suplementar,	 dos	princípios	gerais	do	direito,	 a	 fi	m	de	suprir	
as lacunas da lei. Estes são regras gerais que se podem inferir da 
apreciação do ordenamento jurídico estatal como um todo. É, pois, 
o ato de aplicar à lacuna uma regra que coaduna com o sistema, 
resolvendo o caso concreto de forma harmônica com as normas 
destinada a outros casos. 
Os princípios gerais conferem coesão e unidade ao sistema 
jurídico, retirando seu fundamento da própria ideia de direito. Sua 
utilização terá, assim, natureza integrativa. 
Atividade de Estudos: 
1) Diferencie Analogia Legal de Analogia Jurídica.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
Os princípios gerais 
conferem coesão e 
unidade ao sistema 
jurídico, retirando 
seu fundamento 
da própria ideia 
de direito. Sua 
utilização terá, 
assim, natureza 
integrativa. 
 A analogia consiste 
na aplicação de 
uma norma a um 
caso nela não 
previsto. Não é, 
portanto, método de 
interpretação, mas 
sim de integração.
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 Direito Processual Penal 
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2) Complete as sentenças a seguir:
a) ______________________________é o meio pela qual se deve 
interpretar	a	lei,	a	fi	m	de	que	se	tenha	dela	o	exato	sentido	ou	o	
fi	el	pensamento	do	_________________________.
b) De acordo com o art. 5º da

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