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A brucelose é uma doença infectocontagiosa, considerada uma das principais causas de infertilidade em canídeos silvestres e domésticos. Há relatos da doença em cães causados por quatro das espécies do gênero Brucella, no entanto, a B. canis é que apresenta maior importância epidemiológica. Além disso, é também uma zoonose ocasional que se manifesta sob forma de febre, linfoadenopatia e dermatite, acometendo principalmente tratadores de animais, médicos veterinários, laboratoristas e demais profissionais que têm maior contato com animais e tecidos infectados. Como representa uma doença que gera grandes prejuízos para criadores de cães é fundamental que os clínicos veterinários saibam diagnosticar a doença e instituir um plano de controle e profilaxia adequado. A infecção da brucelose ocorre pelo contato direto com o microrganismo presente em secreções vaginais, sêmen, leite e urina de animais infectados. O contato venéreo e a ingestão de placenta ou fetos contaminados se destacam como formas de infecção. A transmissão também pode ocorrer de forma indireta por meio de fômites contaminados e inseminação artificial. As principais vias de infecção são as mucosas digestivas, genital e conjuntival. Os cães não são tão importantes na disseminação e manutenção da enfermidade quanto os animais de produção, entretanto, o diagnóstico e o manejo dos cães acometidos fazem parte do controle da doença. É observada maior prevalência em cães que atingiram maturidade sexual, que residem em zonas rurais (devido à proximidade com espécies de produção) e cães reprodutores de canis. Fêmeas não prenhes tendem a se manter como portadoras assintomáticas. O gênero Brucella é constituído por bactérias intracelulares facultativas, apresenta seis espécies sendo que há relatos de quatro delas causando doença em cães: B. melitensis, B. suis, B. abortus e B. canis. Cada espécie acomete um hospedeiro preferencial e apresentam características metabólicas, morfológicas e antigênicas diferentes. A B. Canis que é a de maior importância em cães, é um cocobacilo pequeno, gram negativo, aeróbico, imóvel, não esporulado e não encapsulado bastante sensível à luz, desinfetantes comuns e dessecação. Embora ocorra infecção sistêmica generalizada por B. Canis, os cães normalmente não apresentam sintomatologia clínica, com exceção dos machos que podem apresentar febre na ocorrência de epididimite, pois a inflamação ocasionada pela bactéria faz com que ocorra extravasamento de espermatozoides que induz a resposta imune exacerbada. Em alguns casos proprietários relatam pelos opacos, apatia e intolerância ao exercício. @naaramedvet INTRODUÇÃO EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA E CARACTERÍSTICAS Os sinais clínicos se manifestam nos animais que atingiram a maturidade sexual havendo incapacidade de concepção após acasalamento, aborto no terço final da gestação, secreção vaginal marrom ou cinza-esverdeada que continua por 1 a 6 semanas ou com menor frequência morte e reabsorção embrionária aos 20 dias de gestação. Em machos o principal sinal é o aumento de volume escrotal decorrente da inflamação e acúmulo de líquido serossanguinolento. Alguns animais apresentam dermatite escrotal induzida por lambedura e infecção secundária. A atrofia testicular uni ou bilateral pode ser observada em casos crônicos. As alterações não reprodutivas incluem linfadenomegalia difusa, discoespondilite, osteomielite, poliartrite, lesões oftálmicas e, mais raramente, meningoencefalite. O diagnóstico deve ser baseado no histórico, exame físico e exames complementares. O histórico de cruzamentos descontrolados, falhas reprodutivas (dificuldade de emprenhar, abortos e natimortos) e o contato com fetos e restos placentários de animais de produção contribuem para o direcionamento do diagnóstico. Apesar de inespecíficos, os sinais clínicos também auxiliam na determinação dos diagnósticos diferenciais. Os exames hematológicos e bioquímicos normalmente se mantém inalterados, sendo a hiperglobulinemia e a hipoalbuminemia concomitante os achados mais comuns nas infecções crônicas. O isolamento pode ser uma alternativa diagnóstica útil. Nos cães a bactéria pode ser isolada por meio da hemocultura, já que a bacteremia é prolongada. Nas cadelas o isolamento é realizado a partir da cultura de secreção vaginal pós-abortamento ou durante o estro. O exame radiográfico pode ser útil para o diagnóstico da discoespondilite em casos tardios. Os testes sorológicos são os mais utilizados para se chegar ao diagnóstico, no entanto, são frequentes os resultados falso-negativos nos casos iniciais sendo recomendada a realização do teste pelo menos duas vezes no intervalo de 30 dias. O tratamento da brucelose é dificultado pela localização intracelular da B. Canis, sendo frequentes os casos de recidiva e insucesso ao tratamento. Para se obter maior eficácia recomenda- se a terapia combinada de antimicrobianos. O protocolo mais eficaz inclui a associação de tetraciclinas e di-hidroestreptomicina, porém, devido a indisponibilidade desta última é pouco realizado. O protocolo mais utilizado é a associação de tetraciclinas com aminoglicosídeos (doxiclina e gentamicina). O acompanhamento se faz necessário devido à persistência do agente no cão e o potencial zoonótico da afecção, sendo o tutor alertado. Após o tratamento antimicrobiano, deve-se realizar testes de cultura bacteriana ou sorologia em intervalos de 3 meses até que se obtenha dois resultados negativos consecutivos. Para diminuir o risco de disseminação do agente os cães positivos devem ser eliminados da reprodução e esterilizados. Referências Bibliográficas GREENE, C.E.; CAMICHAEL, L. E..; Brucelose canina. In: GREENE, C. E. Doenças infecciosas em cães e gatos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. DIAGNÓSTICO TRATAMENTO MELO, S. K. M.; SILVA, E. R. R.; HUNK, M. M.; MANSO, H. E. C.; Brucelose canina: revisão da literaura. Ciência Veterinária Tropical, Recife, v. 16, n. 1/2/3, p. 7-17, jan/dez, 2013. SUZUKI, E. Y. Et al.; Brucelose canina: revisão da literatura. Revista científica eletrônica de medicina veterinária, Garça, jan. 2008. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arqui vos/arquivos_destaque/pxy8gviBx4chtx 1_2013-5-29-10-53-41.pdf>. Acesso em: 04 junho 2021.
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