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MANIFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES IRRADIADOS Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Campus de Jequié Disciplina: Radiologia Discente: Mateus de Souza e Souza Revisão da Biologia de Radiação A radiobiologia é o estudo dos efeitos da radiação ionizante nos seres vivos. Fatores dependentes do tempo, local e variação celular de cada indivíduo A radioproteção é de grande importância nos procedimentos Mecanismos de ação: Mecanismo direto, quando a radiação interage diretamente com as moléculas importantes Mecanismo indireto, quando a radiação quebra a molécula da água, formando assim radicais livres que podem atacar outras moléculas importantes. No tratamento oncológico a radioterapia age através da incidência de radiações sobre a massa tumoral. APLICABILIDADE DA RADIOLOGIA NA ODONTOLOGIA Na imaginologia é possível identificar certas doenças e/ou anormalidades e elaborar planos de tratamento apropriados. INTRODUÇÃO NEOPLASIA MALIGNA, O QUE É? As neoplasias são a segunda causa de morte por doença no mundo. É caracterizada pela proliferação descontrolada e anormal de células devido a alterações no DNA ou a hábitos de vida, podendo essas células se espalharem pelo corpo e comprometer o organismo de maneira geral. As neoplasias malignas de cabeça e pescoço correspondem a 3% de todos os tipos de câncer. Podem se originar nas seguintes estruturas anatômicas: Cavidade oral Seios da face As três porções da faringe As três porções da laringe Glandulas salivares Glandula tireóide Entre as condutas terapêuticas para o tratamento de neoplasias localizadas na região de cabeça e pescoço, destaca-se a radioterapia. Após a descoberta dos raios-X, em 1895, pelo alemão Wilhelm Conrad Röntgen, o uso clínico dos raios como um meio de tratamento do câncer foi feito pela primeira vez em 1899. A radioterapia consiste em aplicar radiação no local do tumor, diminuindo o seu tamanho e evitando o espalhamento para outras regiões. Embora esta modalidade terapêutica seja altamente efetiva, pode provocar, devido a toxicidade aos tecidos sadios adjacentes a neoplasia, o aparecimento de efeitos colaterais. EFEITOS COLATERAIS DA RADIOTERAPIA Os efeitos colaterais da radioterapia irão depender de: Idade Volume da área irradiada Dose total Quantidade de radiação administrada Local irradiado Fracionamento Condições clínicas do paciente Tratamentos associados As manifestações orais são efeitos colaterais sofridos por pacientes irradiados, dividem-se em efeitos agudos e efeitos tardios. AS MANIFESTAÇÕES ORAIS MAIS FREQUENTES SÃO: MUCOSITE XEROSTOMIA OSTEORADIONECROSE TRISMO CÁRIE DE RADIAÇÃO CANDIDOSE BUCAL MUCOSITE - A mucosite oral é a manifestação mais frequente decorrente da terapia antineoplásica não-cirúrgica - Os sintomas da mucosite ocorrem entre 7 a 10 dias de tratamento - As características clínicas dessa complicação oral são a inflamação e ulceração de regiões da mucosa bucal - Quando a mucosa é agredida, ocorre uma predisposição a infecções fúngicas, virais e bacterianas - O tratamento da mucosite é realizado com a prescrição de analgésicos e anestésicos locais, e também o tratamento com laserterapia é indicado e atua como adicional importante no tratamento XEROSTOMIA O que é? Descrita como uma sensação de boca seca, desencadeada pela diminuição de produção de saliva decorrente da radioterapia. Produção diária média de saliva é de 500 ml/24 h. A xerostomia se inicia após duas semanas de tratamento radioterápico, sendo considerada um efeito colateral agudo. A xerostomia pode causar efeitos colaterais tardios como a cárie de radiação. Dificulta a mastigação e a preparação do bolo alimentar, e assim, a ingestão e até mesmo a fala do paciente. Tratamento Medicamentoso e Saliva Artificial Tratamento da Xerostomia Recomendações ao paciente Ingestão de água (8 a 12 copos/dia) Bebidas sem açúcar Gomas de mascar Não fumar ou ingerir bebidas alcóolicas Evitar café, refrigerantes, chás e alimentos muito salgados Soluções, spray, géis e gotas que se adaptam às mais diversas necessidades dos pacientes. Existem diversas fórmulas para a manipulação da saliva artificial. Seu preparo é indicado quando não há disponibilidade da aquisição diretamente de laboratórios. OSTEORADIONECROSE - A osteoradionecrosis acomete cerca de 40% dos pacientes irradiados em região de cabeça e pescoço - As células ósseas e a vascularização tornam-se irreversivelmente lesadas, com conseqüente desvitalização do tecido ósseo - O diagnóstico è baseado no quadro clínico do osso cronicamente exposto, que exibe infecção crônica, dolorosa e necrose, seguindo de deformidade permanente. - O tratamento da osteorradionecrose depende de sua extensão e baseia-se em uma combinação de medidas conservadoras e ressecção cirúrgica. - A osteorradionecrose desenvolve-se com maior prevalência na mandíbula que na maxila TRISMO - O trismo apresenta-se como uma sequela tardia da radioterapia - Causa limitação da abertura bucal, e consequentemente dificulta a higienização oral, alimentação, fonação, tratamento odontológico, e ocasiona desconforto agudo - Afeta 75% dos pacientes radioterápicos - A causa mais comum é a exposição à radiação ionizante - Radioterapeutas buscam formas de proteger parte do tecido muscular da irradiação e conseqüentemente prevenir ou minimizar o trismo CÁRIE DE RADIAÇÃO É o resultado da: Diminuição do fluxo salivar Manutenção da oferta de carboidratos cariogênicos Deficiência de higiene bucal Alterações na viscosidade e pH salivar A cárie de radiação é uma complicação tardia da radioterapia, sendo um processo agressivo e destrutivo. A cárie de radiação pode surgir a partir da 3 a 12 semanas após a incidência da radiação. O tratamento consiste no restabelecimento do fluxo salivar, seja com saliva artificial ou sialogogos (pilocarpina e cevimelina). CANDIDOSE ORAL A Candidíase é uma infecção fúngica produzida pelos microrganismos Candida sp. Patogênicos → defesa do indivíduo estão comprometidos Caracterizadas por placas ou nódulos brancos, de consistência variável, podendo as suas bordas apresentarem eritematosas assintomáticas ou pode haver queixa de queimadura e dor moderada ou severa quando as lesões estão associadas a ulcerações Lesões associadas à candida Glossite Romboide Mediana Estomatite Protética Queílite Angular COMPLICAÇÕES SECUNDÁRIAS Disfagias Causadas por complicações orais como a mucosite e a redução do fluxo salivar , caracterizada como eventos adversos secundários. Disgeusias Ocorre em função da atrofia gradativa das papilas gustativas e aumento da viscosidade da saliva. ALTERAÇÃO DO LIGAMENTO PERIODONTAL Quando submetido ao tratamento radioterápico, o paciente sofre modificações histológicas e morfológicas no ligamento periodontal devido à radiação; Com os efeitos da radiação, o ligamento periodontal torna-se fraco e desestruturado; Facilidade para a ocorrência de infecções oportunistas. INFECÇÕES OPORTUNISTAS Infecções fúngicas, bacterianas ou virais podem acometer pacientes debilitados devido ao tratamento antineoplásico As infecção bacterianas Se apresentam como dor, lesões na gengiva e mucosa e febre acima de 38ºC As infecções virais Causam manifestações intra e extrabucais como: Eritema lesões ulceradas que acometem o palato, comissuras labiais ou abaixo no nariz, principalmente nas infecções causadas por herpes simples e herpes zoster Manifestações das infecções oportunistas Infecções fúngicas O acometimento mais comum é a candidíase O tratamento odontológico previamente à RT, é considerado a principal maneira de prevenção de infecções orais oportunistas CASO CLÍNICO Paciente do gênero masculino, 48 anos. Em tratamento de radioterapia e quimioterapia na região de cabeça e pescoço, para tratar um Carcinomaescamocelular (CEC). Realizou 35 aplicações com dose diária de 2 Gy em suas sessões, chegando a um total de 70 Gy. A queixa principal do paciente foi a dificuldade de engolir (disfagia) e sensação de boca seca (xerostomia), e uma posterior infecção por candidíase oral IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO ODONTÓLOGO NA RADIOTERAPIA A busca por oferecer melhor qualidade de vida ao paciente oncológico está em um tratamento multidisciplinar. O acompanhamento odontológico faz-se necessário, pois este pode diminuir ou precaver os efeitos colaterais manifestados na cavidade oral decorrentes da radioterapia ou quimioterapia. Proporcionar condição satisfatória ao paciente oncológico, prevenindo, aliviando e tratando os desconfortos causados pelas manifestações bucais, adquiridas no tratamento oncológico. MANEJO ODONTOLÓGICO CONTRA AS MANIFESTAÇÕES ORAIS Orientação de higiene oral rigorosa Instruções de dieta com baixo potencial cariogênico Raspagem e alisamento radicular Remoção de aparelhos ortodônticos e próteses Exodontias em dentes comprometidos Indicação de bochecho de clorexidina 0,12% Exames radiográficos Radiografias panorâmicas, interproximais e periapicais REVISANDO... You can enter a subtitle here if you need it REFERENCIAS NEVILLE, B.W.. Patologia Oral e Maxilofacial. Guanabara Koogan. 1ª ed. Rio de Janeiro, 1998. FISCHER, K; CLARO, A.C.E. Manifestações Bucais Em Pacientes Irradiados Na Região De Cabeça E Pescoço. DE OLIVEIRA, V.D.P; AIRES, D.M.P . Complicações Bucais Da Radioterapia No Tratamento Do Câncer De Cabeça E Pescoço. REFACER v 7. , n. 1, 2018. ISSN – 2317-1367. GIAFFERIS, R.B.L; SOARES, .A.V.J; SANTOS, .S.DA.S ;CHICRALA, G.M. Estratégias Terapêuticas Disponíveis Para Xerostomia E Hipossalivação Em Pacientes Irradiados De Cabeça E Pescoço: Manual Para Profissionais Da Saúde.Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 54, n. 1, p. 45-58, out./dez. 2017 COSTA, K.L.M; CARPES, A.C; MENDES, A.T; PIARDI, C.C. Eventos Adversos Da Quimioterapia E Radioterapia De Cabeça E Pescoço Na Cavidade Oral. Geração de conhecimento nas ciências médicas: impactos científicos e sociais, Capítulo IX. ARANTES, B. R. ., LOIOLA, T. R. ., GARCIA, N. G. ., & FAVRETTO, C. O. (2020). MANIFESTAÇÕES BUCAIS EM PACIENTE SUBMETIDO À QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA NA REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO – RELATO DE CASO CLÍNICO. REVISTA SAÚDE MULTIDISCIPLINAR, 8(2). ecuperado de http://revistas.famp.edu.br/revistasaudemultidisciplinar/article/view/127 https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/129283/2/420335.pdf Salgado, Nuno. "A radioterapia no tratamento oncológico: prática clínica e sensibilidade cultural." Interações: Sociedade e as novas modernidades 22 (2012). OBRIGADA PELA ATENÇÃO !
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