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Fundamentos em Imunohematologia

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Fundamentos em Imuno-hematologia
Seção VI
Dos exames de qualificação do sangue
do doador
➡Testes imuno-hematológicos
Módulos de imuno-hematologia
● Noções de imuno-hematologia
● Sistema ABO
● Sistema Rh
● Outros sistemas de grupos
sanguíneos
● Teste de antiglobulina humana
● Testes pré-transfusionais
obrigatórios
● Doença hematológica do feto e
do recém nascido
● Anemia hemolítica autoimune
(AHAI)
O que é imuno-hematologia?
A imuno-hematologia eritrocitária é
uma ciência que estuda os grupos
sanguíneos mediante a análise dos mais
diversos ANTÍGENOS
ERITROCITÁRIOS de seus
correspondentes ANTICORPOS
SÉRICOS.
Na superfície das hemácias estão
presentes diversas moléculas que
podem ser identificadas e induzir a
formação de anticorpos.
Imuno-hematologia: Conjunto de
ciências.
Genética: produção e quantificação dos
antígenos.
Imunologia: interação com o sis. imune.
Hematologia: produção das hemácias.
Biologia Molecular: reconhecimento e
identificação.
ISBT é quem aceita as classificações
sugeridas e faz a centralização.
Por exemplo, sis. ABO tem 4 antígenos
(a, b, ab, o).
As numerações são atribuídas pela
ISBT de acordo com a descoberta do
sistema. Em 2015 existiam 35 sistemas,
em 2021 temos 43; esses Ag podem ter
sido descobertos ou reclassificados.
Tabelas do site da ISBT onde podemos
ver a numeração, sigla e antígenos que
fazem parte dos sistemas.
Outros sistemas de grupos sanguíneos
● Maior importância na prática
transfusional
● Relevância clínica
● Estudos de antígenos e
respectivos anticorpos.
Antigrama de identificação de
anticorpos.
E como ocorria a descoberta de um
novo antígeno?
● Primeiras provas cruzadas
(anti-A, anti-B). Cruzavam
sangues diferentes e uns se
aglutinavam e outros não.
● Imunização de animais (M, N,
LW, P1).
● DHFRN (anti-D, anti-K e
anti-Jka)
E atualmente?
Surgimento de novas técnicas!
● Hemaglutinação direta
● Teste da antiglobulina humana
indireta*
● Western blot
● Produção de anticorpos
monoclonais
● Genotipagem
Descoberta dos sistemas de grupos
sanguíneos. Em 1945 teve o
desenvolvimento do teste de Coombs
indireto (tornou o processo mais
barato).
Representação dos antígenos
eritrocitários conforme suas funções
biológicas
Os sistemas têm funções diferentes na
superfície, membrana e interior das
hemácias. Por ex., no Rh se tem
proteínas externas (que serão
reconhecidas) e está ligado a função
estrutural da hemácia. Dos carboidratos
temos o sistema ABO, Lewis, Glob...
Variabilidade genética
Importante para garantir a produção de
uma extensa variedade de antígenos.
Nem todo mundo tem todos os tipos de
antígenos. Isso se deve a:
● Grande variedade de genes
● Produção de diferentes proteínas
● Infinitas combinações de
antígenos
Garantindo a:
● Diversidade antigênica
É importante estudar a interação Ag-Ac
(mais forte em determinados grupos
sanguíneos). Quando ocorre a
exposição a um Ag estranho que pode
gerar uma resposta que, sendo humoral,
iniciará a produção de anticorpos. Isso
pode levar o indivíduo a óbito (no caso
de transfusões incompatíveis, já que
somente 100mL podem desencadear
esse processo).
Noções de Imuno-hematologia
Antígenos:
Substâncias capazes de serem
reconhecidas pelo organismo (sis.
imune), como não próprias. Ag nem
sempre são imunógenos.
Quando são capazes de induzir uma
resposta imune: imunógenos. Todo
imunógeno é um antígeno.
Requisitos para imunogenicidade (ser
imunógeno):
● Natureza química
● Peso molecular (>10.000 Da)
● Complexidade molecular
● Conformação
● Carga
● Via de administração
(dependendo da via eu posso ou
não ter uma resposta
satisfatória).
Epítopo:
● Determinante antigênico.
● Porção específica que é
reconhecida pelo anticorpo.
Hapteno: Haptenos são pequenas
moléculas que jamais poderiam induzir
uma resposta imune quando
administradas sozinhas, mas que podem
quando acopladas a uma molécula
carreadora.
Imunogenicidade:
A natureza dos antígenos eritrocitários
justifica as diferenças de
imunogenicidade entre os grupos
sanguíneos. Uns antígenos são mais
imunogênicos que outros (Ag D é o
mais imunogênico dentre os outros).
Anticorpos:
São proteínas (imunoglobulinas)
produzidas pelos plasmócitos (linfócito
B ativado) em resposta a um imunógeno
ou antígeno.
Porção Fab (variável - reconhece Ag) e
Fc (cristalizada - geralmente ligada a
célula imune) .
Função das imunoglobulinas:
● Ligação ao antígeno
● Opsoninas (facilita fagocitose)
● Fixação de complemento (ativa
cascata)
● Neutralização de substâncias
tóxicas
Classificação dos anticorpos
Quanto a exposição:
● Naturais: anti-A; anti-B;
anti-A,B. Espera-se ter esses Ac
sem necessidade de exposição
anterior a algum Ag estranho.
● Imunes: anti-D; anti-K; anti-c;
anti-C; anti-Fya; anti-Jka.
Necessária exposição para
produção desses Ac (p.ex.
transfusão ou parto).
Quanto a temperatura de reação:
● Frios: anti-A; anti-B; anti-A,B
(IgM). Reagem melhor a Tº
mais baixas (p.ex. IgM reage
melhor em 2 a 8ºC, podendo
reagir bem até 25ºC).
● Quentes: anti-D; anti-K; anti-c;
anti-C; anti-Fya; anti-Jka
(geralmente classe IgG).
Reagem melhor a 37ºC.
Quanto a capacidade de aglutinação:
● Completos ou aglutinantes:
capazes de aglutinar em solução
salina, são geralmente IgM.
● Incompletos ou não
aglutinantes: fixam-se às
hemácias sem conseguir
aglutiná-las, são geralmente
IgG.
Quanto ao antígeno:
● Autoanticorpo: ac do soro de
indivíduos que reagem com seus
próprios antígenos (p.ex.
doenças autoimunes).
● Aloanticorpo: ac que reagem
com antígenos da mesma
espécie pertencentes a
indivíduos geneticamente
diferentes (p.ex. indivíduos
expostos a sangues com Rh
diferentes do seu).
Quanto à origem:
● Monoclonais: c produzidos por
um único clone de linfócito B.
Possuem uma única
especificidade.
● Policlonais: ac produzidos por
vários clones de linfócitos B.
Possuem várias especificidades.
Classe das imunoglobulinas
IgA - secreções.
IgD e IgM - superfície das células que
reconhecem os Ag.
IgE - ligados a mastócitos, eosinófilos.
Anticorpos importantes em
hemoterapia
IgG:
● São, clinicamente, mais
significativos (devido Tº de
ação).
● São capazes de destruir
hemácias transfundidas
antígeno-positiva.
● Normalmente produzidos em
decorrência de transfusões
incompatíveis
● Reagem a 37ºC (ac “quente”)
● Importante na DHFRN (doença
hemolítica do feto e recém
nascido)
● Existem 4 classes de IgG (1, 2,
3, 4).
● O número de ligações dissulfeto
entre as 2 cadeias pesadas na
região da dobradiça constitui a
principal diferença entre as
subclasses.
Anticorpos Rh são, principalmente, das
subclasses IgG1 e IgG3.
Anti-K é, principalmente, da subclasse
IgG1.
Antisoros anti-Jka (kidd) são
principalmente IgG3 (importantes na
DHFRN).
IgM:
● Anticorpos naturais.
● Interferem na detecção de
anticorpos IgG (por ser muito
grande).
IgM monomérica (DTT ou
2-mercaptoetanol). IgM é “tratada” para
ser desmembrada e conseguir a
identificação de IgG.
● Reagem a Tº ambiente (TA- ac
“frios”)
● Amplitude térmica
● Anticorpos do grupo ABO,
MNS, Lewis.
IgA:
● ⅓ dos anticorpos ABO são do
tipo IgA
● Anti-IgA pode ser formado após
transfusão de plasma em
pacientes deficientes de IgA
● Podem ser encontrados em
pacientes com AHAI (anemia
hemolítica autoimune).
Sistema complemento
MAC - complexo de ataque a
membrana.
O sis. complemento vai participar da
lise celular (MAC), que independente
da via vai formar poros na membrana
das hemácias. Hemólise intravascular.
Tem a função também de opsonização
(frações C3b e C4b). Função de
marcação de fagocitose. Hemólise
extravascular.
Interação Antígeno-Anticorpo
Reversível e pode ser entendida como
uma interação de macromoléculas com
seus ligantes em geral. Importante já
que pode-se fazer a separação da
ligação para trabalhar com o Ac e/ou
hemácia dessensibilizada.
Exibe alto grau de complementaridade
química e estrutural, com interação das
suas superfícies.
Essas interações específicas podem ser
desfeitas por altas concentrações de sal,
pH extremo, temperatura, detergente e
etc.
Vários tipos de interação (ligação de
hidrogênio, ligaçãoiônica, ligação
hidrofóbica, forças de van deer Waals).
● Especificidade
● Reversibilidade
● Afinidade
● Avidez
A avidez (força da ligação) depende da
afinidade do Ac, quanto mais
específica, mais forte a ligação
(maturação da resposta imune).
Potencial Zeta
As reações de aglutinação para detecção
de anticorpos IgM são facilmente
realizadas em meio salino.
Porém a detecção da maioria dos
anticorpos IgG necessita de meios de
enriquecimento com objetivo de
produzir o potencial zeta!
Ele é a diferença de potencial entre a
nuvem de cátions atraídos pelas cargas
elétricas negativas da membrana
eritrocitária e o meio. Geralmente esse
meio é salino, contendo íons sódio (íon
de carga positiva). A superfície das
hemácias é negativa, a nuvem de
cátions (carga positiva) que se forma
nessa superfície causa uma repulsão
com a nuvem de cátions das hemácias
vizinhas (cargas iguais se repelem,
cargas diferentes se atraem). A
diferença dessas cargas é o potencial
zeta.
Por isso, em meio salino as hemácias
não vão aglutinar.
Quanto menos negativa a hemácia,
menos cátions estão ao seu redor, então
diminui-se a distâncias entre as
hemácias.
Quanto mais negativas as hemácias,
mais cátions se tem e maior é a
repulsão.
Para alterar o potencial zeta, pode-se
alterar a constante dielétrica do meio,
carga elétrica negativa das hemácias ou
a força iônica do meio. Para aglutinar
eu devo diminuir o potencial zeta.
Abaixo do potencial zeta crítico:
aglutinação.
Para aglutinar eu posso ligar um Ac a
hemácia que vai neutralizar as cargas
negativas.
Potencializadores: enzimas,
macromoléculas, LISS.
O IgM é uma molécula grande que
quando se liga a hemácia baixa a carga
da mesma, diminuindo a nuvem de
cátions que repele as hemácias
causando aglutinação.
O IgG é uma molécula menor, com
carga menor que quando se liga a
hemácia não consegue promover a
aglutinação por não baixar o potencial
zeta até seu ponto crítico. Precisa usar
de outro artifício para aglutinar.
Meios de enriquecimento e
potencializadores
Para causar aglutinação ⤴

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