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Reações transfusionais Profa. Alessandra Barone Reações hemolíticas transfusionais • RHT – Definida como a diminuição da sobrevida da hemácia após transfusão de sangue devido a incompatibilidade imunológica entre o doador e receptor RHTs • As reações hemolíticas transfusionais podem ser classificadas quanto ao início: – Imediata: acorrem durante ou algumas horas após a transfusão – Tardia: ocorrem dias ou semanas após a transfusão RHTs • Imediatas: – Imune: reação febril não hemolítica, reação hemolítica aguda imune, reação alérgica, lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI) – Não imune: “contaminação bacteriana”, reação hipotensiva relacionada à transfusão, sobrecarga circulatória associada a transfusão, reação hemolítica aguda não imune, embolia aérea, hipotermia, distúrbios metabólicos, dispneia associada à transfusão e dor aguda relacionada à transfusão . RHTs • Tardia – Imune: Reação hemolítica tardia, Aloimunização eritrocitária/aparecimento de anticorpos irregulares, aloimunização HLA, Doença do enxerto contra o hospedeiro pós-transfusional (DECH) e Púrpura pós transfusional (PPT) – Não imune: Transmissão de doenças infecciosas RHTs • Podem ser classificadas quanto ao local: – Intravascular : • Ocorre no interior dos vasos sanguíneos • Mediadas por ac que ativam o sistema complemento com formação do MAC • Presença de hemoglobinemia e hemoglobinúria RHTs – Extravascular : • Ocorre preferencialmente no baço e fígado • Mediados por ac que não ativam completamente o sistema complemento • Fixação de ac e C3b na membrana • Fagocitose realizada por macrófagos do SMF. • Aumento da bilirrubina indireta RHTI RHTT Extravascular Mediadas por fagócitos Intravascular mediadas por complemento ABO Rh RHTs • A gravidade da RHT pode variar com quadros assintomáticos, causar hemólise moderada, ou cursar para hemólise grave e maciça • Os principais determinantes da gravidade e do início do processo são: – natureza dos anticorpos envolvidos (IgG versus IgM) – subclasse de IgG – densidade de antígenos – titulação de anticorpos – volume de hemocomponente transfundido Subclasse % Passagem para placenta Fixação de complemento Fixação a fagócitos IgG1 70 + ++ + IgG2 16 + + 0 IgG3 10 + +++ + IgG4 4 + 0 0 Subclasses de IgG IgG1 IgM IgA IgE Reação hemolítica imediata • Por ABO: – Ocorre dentro de 24 horas após a transfusão – Reação hemolítica grave com alto índice de mortalidade. – Devido a erros de identificação de amostras – Antígenos presentes nas hemácias do doador são reconhecidos por anticorpos do receptor ou anticorpos do doador reconhecem as hemácias do receptor – Possibilidade de desenvolvimento de CIVD pela liberação de estroma celular com ativação do fator XII. Reação hemolítica imediata • Principal classe de anticorpos envolvidos : IgM • Mecanismos de destruição eritrocitária: extravascular e intravascular • Intravascular: – Mediados por complexos imunes ag/ac e sistema complemento – Dependem da quantidade e da proximidade dos sítios de ligação com antígenos – Classe e subclasse do anticorpo Reação hemolítica imediata • Mecanismos : – Ligação dos anticorpos e ativação da via clássica do SC. – Ligação da C1 ao anticorpo • IgM, IgG3, IgG1 e IgG2 – Pelo menos dois sítios de ligação devem interagir com a C1 C5 é clivado e o fragmento C5b fica ligado a membrana C5 liga-se a C6,C7,C8. A ligação de C9 ao complexo produz o MAC – complexo de ataque a membrana, promovendo a lise celular. MAC Reação hemolítica imediata • A hemólise intravascular pode ocorrer após a transfusão de apenas 10 mL de hemocomponente. • 200mL de hemácias podem ser hemolisadas em 1 hora, com possibilidade de redução da hemoglobina sérica total a 5g/dL em poucas horas. Reação hemolítica imediata • Hemólise: – Liberação de hemoglobina no plasma – Ligação da hemoglobina livre com haptoglobina e α2-glicoproteína – Saturação dos transportadores – Eliminação de dímeros de Hb na urina – Sistema tubular não reabsorve toda hemoglobina – Presença de hemoglobina na urina: hemoglobinúria Hemólise intravascular Reação hemolítica imediata • Ativação de mastócitos e liberação de histamina e serotonina – Vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar: edema e hipotensão • Ativação da cascata de coagulação: CIVD Reação hemolítica imediata • Sinais e sintomas: – Dor no tórax, no local de infusão, abdome e/ou flancos, hipotensão grave, febre e hemoglobinúria. – O quadro pode evoluir para insuficiência renal aguda por vasoconstrição causada por liberação de catecolaminas, hipotensão sistêmica e formação de trombos intravasculares (CIVD) . – Sinais e sintomas podem ser mascarados em pacientes anestesiados Procedimentos • Interromper o processo transfusional • O banco de sangue deve ser imediatamente comunicado • Testes de compatibilidade devem ser repetidos • Verificação da presença de anticorpos ligados – Coombs direto • Amostras de urina e sangue devem ser coletadas para análise. • Estimular a diurese e aumentar o fluxo renal • PFC e crioprecipitado (se fibrinogênio < 100 mg/dL) deverão ser usados em casos de sangramento de risco Reação hemolítica tardia • Extravascular – Ocorre entre 2 e 21dias – Ocorre devido à produção de anticorpos antieritrocitários (exceto ABO) em em pacientes previamente sensibilizados: gestação ou transfusões anteriores – Indução da produção de aloanticorpos – Após nova exposição, ocorre a produção de resposta secundária com produção de altos níveis de ac. – Ocorre principalmente por incompatibilidade Rh, Kell, Duffy, Kidd, etc. Reação hemolítica tardia • Hemólise extravascular: – Lise celular mediada por fagócitos – Os anticorpos opsonizam as hemácias do doador – Ocorre fixação de moléculas do sistema complemento (C3b) na membrana do eritrócito – Reconhecimento celular através dos receptores C3b e receptores para porção Fc nos macrófagos dos sistema monofagocítico (baço e fígado) – Fagocitose e hemólise Reação hemolítica tardia Reação hemolítica tardia • Sintomas de febre, icterícia, diminuição da hemoglobina ou aproveitamento transfusional inadequado. RHT • Análise laboratorial indicativa de hemólise: – Diminuição dos índices de GV, Hb e Ht – Aumento de bilirrubina indireta e urobilinogênio urinário – RHT tardia – Hemoglobinúria: RHT imediata – Haptoglobina reduzida: imediata – Aumento de LDH – Teste de coombs direto positivo Reação febril não hemolítica • É a reação adversa mais comum • Aumento de pelo menos 1 grau da temperatura (>38ºC) durante ou após a transfusão de sangue • Ocasionada por: – presença de citocinas liberadas por leucócitos residuais – pela interação de anticorpos anti HLA no paciente com Ag do doador, ativando o sistema complemento e liberando pirógenos. Reação Alérgica • Reação de hipersensibilidade em decorrência da transfusão de sangue. • Necessidade de sensibilização prévia • Resultante da reação antígeno-anticorpo, sendo os antígenos representados por substâncias solúveis no plasma do doador contra ac do receptor produzidos previamente. – Quadro clínico RA leve e moderada: caracterizado por pápulas pruriginosas e/ou vermelhidão da pele. – A RA grave – Anafilática: pode iniciar após infusão de poucos mililitros do componente, com sintomas sistêmicos discretos no início, podendo progredir com perda de consciência, choque e, em casos raros, morte TRALI • Lesão pulmonar aguda associada à transfusão (transfusion- related acute lung injury, TRALI) • Ocorre em até 6 horas após a transfusão • Considerada uma séria complicação relacionada à transfusão de hemocomponentes que contêm plasma – Anticorpos anti-HLA e anti-HNA do doador são infundidos passivamente durante a transfusão do hemocomponente e reagem com leucócitos do receptor. – Doadoras multíparas TRALI • Ativação de neutrófilos do receptor, com consequente liberação de citocinas, ocasionando lesão endotelial, aumento da permeabilidade vascular e extravasamento capilar. • Edema e insuficiência pulmonar. Reação do enxerto versus hospedeiro • Complicação geralmente fatal associada à proliferação clonal de linfócitos T do doador em receptor imunossuprimido. • Linfócitos T do doador desencadeiam resposta imunológica contra as células do receptor. • Profilaxia através da irradiação dos hemocomponentes por raios gama. Doença Hemolítica do Recém nascido - DHRN DHRN • Anemia hemolítica ocasionada pela incompatibilidade sanguínea materno-fetal pela presença de anticorpos imunes maternos capazes de atravessar a barreira placentária causando destruição dos eritrócitos fetais. DHRN • Fatores que predispõem a DHRN – Classe e subclasse dos anticorpos – • IgG para tipo sanguíneo O – Características dos anticorpos : IgG anti -AB , anti- Rh, anti- Kell, etc – Sensibilização materna prévia DHRN • Fatores que limitam a imunização materna: – barreira placentária – produção de esteróides maternos que diminuem resposta imune primária – Trocas de sangue entre o feto e a mãe insuficiente para imunizações - 0,2 mL DHRN por ac do Sistema ABO • Ocorre entre mãe e filhos com sistema sanguíneo ABO incompatíveis. • Mães de tipo sanguíneo O possuem maior chance de transferirem seus anticorpos para seus filhos do que mães do tipo A ou B (IgG) • DHRN causadas por ABO são relativamente raras DHRN por ac do Sistema ABO • Mecanismos de proteção contra processos hemolíticos: – Antígenos ABO não são totalmente desenvolvidos no período intra-uterino – Quantidade de sítios antigênicos em menor quantidade – Presença de antígenos ABO tissulares e solúveis – Predominância de IgG materna de subclasse IgG2 Subclasse % Passagem para placenta Fixação de complemento Fixação a fagócitos IgG1 70 + ++ + IgG2 16 + + 0 IgG3 10 + +++ + IgG4 4 + 0 0 Subclasses de IgG Disponível em http://www.jbc.org/content/283/23/16194.full DHRN por ac anti - Rh • Imunização materna pela presença de antígenos D,C e E: – transfusão sanguínea – Gestação de filho Rh + • Antígeno D altamente imunogênico • Necessidade de pequena quantidade de hemácias: 1 ml • Produção de anticorpos maternos de classe IgG (IgG1 e IgG3) DHRN por ac anti - Rh • Segunda gestação de filho Rh+ : – Passagem dos anticorpos anti-D para circulação fetal – Hemólise de hemácias fetais Rh+ DHRN por ac anti - Rh • DHRN em primeira gestação: – Mãe previamente sensibilizada por transfusão sanguínea • DHRN em segunda gestação: – Mãe sensibilizada por primeira gestação com filho Rh+ – Presença de ac maternos na circulação fetal a partir da 6 ª semana de gestação. Fisiopatologia DHRN • Intrauterina: – Hemólise extravascular • Hemácias sensibilizadas são fagocitadas por macrófagos esplênicos • Bilirrubina processada pelo fígado materno – Aumento da eritropoese hepática fetal – Circulação portal comprometida e deficiência na síntese de albumina Fisiopatologia DHRN – Redução da pressão coloidosmótica do plasma – Hidropsia fetal • Feto hidrópico sobrevive apenas 1 semana sem tratamento – Hipóxia tecidual – Falência cardíaca Hidropsia Fetal • . Foto extraída do site : http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-59072006000200013&lng=pt&nrm=iss Fisiopatologia DHRN • Extrauterina – Hemólise – Anemia – Aumento da bilirrubina – Icterícia – Kernicterus • Sonolência, vômito, espasmos musculares no pescoço e costas que provocam curvatura para trás. • Movimento do globo ocular para cima, convulsões e morte. Tratamento • Correção da anemia – Transfusões intra-uterinas (TIU) de concentrados de hemácias O Rh negativo nos casos graves para prevenção de quadros de hidropsia fetal e morte • Realizada através da veia umbilical – cordocentese • Não indicada antes da 20ª semana http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRxqFQoTCNixosn-gckCFcOUkAodObkPZg&url=http://www.hospitalinfantilsabara.org.br/saude-da-crianca/informacoes-sobre-doencas/abc-saude-infantil/c/circulacao-fetal/&psig=AFQjCNGIguR9JBQ0vHchOMEbSv2S1aTcyA&ust=1447111944822796 Tratamento • Exsanguíneo transfusão: parcial ou completa – anemia – hidropsia – hepatoesplenomegalia – níveis de bilirrubina igual ou acima de 20mg/dL – níveis de Hb menores de 11 mg/dL – para remoção de ac maternos e glóbulos vermelhos sensibilizados Tratamento • Fototerapia – Utilizada para formas ictéricas leves com finalidade fotoxidação da bilirrubina – neutralização da toxicidade – Produção de isômeros atóxicos que são eliminados pelas fezes e urina Prevenção da DHRN • Imunização da mãe Rh negativa através de vacinas comerciais – Rhogam, – Matergam – KamRhO DHRN por ac anti - Rh • Imunização por imunoglobulina anti-D – Administração de IgG anti-Rh para mãe Rh- que gera filho Rh+ – Ac da classe IgG – Finalidade de evitar a produção de ac anti-D materno durante a gestação ou após o parto. – Administração em até 72 horas após o parto Testes laboratoriais e Diagnóstico • Coleta do sangue de cordão umbilical para: – Fenotipagem ABO/Rh – Dosagem de bilirrubina: hiperbilirrubinemia – Contagem de reticulócitos: reticulocitose – TAD positivo – Eluição dos ac para confirmação da especificidade – Hemograma
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