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StuDocu is not sponsored or endorsed by any college or university Insuficiência Renal Aguda Dispnéia, dor torácica edemas (Universidade de Fortaleza) StuDocu is not sponsored or endorsed by any college or university Insuficiência Renal Aguda Dispnéia, dor torácica edemas (Universidade de Fortaleza) Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-de-fortaleza/dispneia-dor-toracica-edemas/lecture-notes/insuficiencia-renal-aguda/4510948/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-de-fortaleza/dispneia-dor-toracica-edemas/3401612?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-de-fortaleza/dispneia-dor-toracica-edemas/lecture-notes/insuficiencia-renal-aguda/4510948/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-de-fortaleza/dispneia-dor-toracica-edemas/3401612?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda GT 7 – IRA 1. Definir IRA e conhecer fatores de risco. OK 2. Entender a fisiopatologia e classificá-la. OK 3. Elucidar o quadro clínico de IRA. OK 4. Compreender o diagnóstico de IRA (exames). OK 5. Entender as complicações de IRA. OK 6. Elucidar o tratamento de IRA. OK 7. Conhecer as indicações de diálise. RESOLUÇÃO 1. DEFINIÇÃO - IRA, também chamada de Lesão Renal Aguda, é definida como redução súbita (horas ou dias) da TFG e/ou volume urinário, consequentemente, da função renal, com acúmulo de corpos nitrogenados (uréia e creatinina), distúrbios do equilíbrio ácido-base e alterações hidroeletrolíticas. - ADQI elaborou os critérios RIFLE para a padronização da definição de IRA: - A IRA é agora definida como um aumento de creatinina em 0,3 mg/dL ou mais dentro de 48 horas de observação, ou 1,5 vez ou mais em relação ao valor basal, conhecido ou presumidamente ocorrido dentro de sete dias; ou uma redução no volume de urina abaixo de 0,5 mL/kg/h por 6 horas. - Também foram propostos critérios de estadiamento desenvolvidos baseados na magnitude do aumento da creatinina sérica e mudanças no volume do débito urinário em uma semana: Estadiamento Composto da IRA pelo Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO) Estágio Creatinina sérica Débito urinário 1 1,5 a 1,9 x basal OU aumento ≥ 0,3 mg/dL (≥ 26 µmol/L) < 0,5 mL/kg/h por 6-12 h 2 2 a 2,9 × basal < 0,5 mL/kg/h por ≥12 h 3 3 x basal OU aumento na basal ≥ 4 mg/dL (≥ 352 µmol/L) OU Início de terapia renal substitutiva (diálise) OU, em pacientes mais jovens que 18 anos, queda na TFGe para < 35 mL/min/1,73 m2 < 0,3 mL/kg/h por ≥24 h OU Anúria por ≥ 12 h Tabela 71-2 Estadiamento composto da IRA pelo KDIGO. IRA, Injúria renal aguda; TFGe, taxa de filtração glomerular estimada. Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda FATORES DE RISCO - Nos pacientes de UTI, varia de 5-20%. Estes casos geralmente possuem etiologia multifatorial, sendo a sepse grave ou o choque séptico a causa principal em mais da metade dos pct: • IRA ocorre em 19% dos pacientes com sepse; • Em 23% daqueles com sepse grave; • 51% dos com choque séptico. - Nos EUA, a IRA está presente em 1,9% dos pacientes hospitalizados e é comum sobretudo em pacientes criticamente doentes. A severidade da IRA aumenta na UTI, com 5% a 6% dos pacientes requerendo terapia de substituição renal, e nos EUA a incidência de pacientes com IRA, que requerem diálise, está crescendo a uma taxa de 10% anualmente. - No ambiente hospitalar, uremia pré-renal e necrose tubular aguda (NTA) perfazem a maioria dos casos de IRA, quase sempre no contexto de IRA superposta à doença renal crônica (DRC), denominada “lesão renal aguda em doença renal crônica”. 2. CLASSIFICAÇÃO E FISIOPATOLOGIA - As causas de insuficiência renal são classificadas de acordo com a porção anatômica mais afetada. A função renal pode ser dividida em etapas: 1. Sangue das artérias renais e suas subdivisões que chegam aos glomérulos. 2. Os glomérulos produzem o ultrafiltrado, normalmente sem proteínas ou elementos figurados do sangue. 3. Os túbulos manipulam o ultrafiltrado por meio da reabsorção e da secreção de solutos e/ou água. 4. O fluido tubular final, a urina, deixa os rins através da pelve renal, do ureter, da bexiga e da uretra. - A doença renal pode ser causada por qualquer processo capaz de interferir em uma das estruturas e/ou funções citadas anteriormente. Dessa maneira, classifica- se a IRA em três categorias: a) IRA Pré-Renal (mais comum) - Ocorre como uma resposta fisiológica do rim à diminuição na perfusão sanguínea renal, seja por hipovolemia absoluta (p. ex., sangramentos, diarreia) ou hipovolemia relativa (p. ex., sepse, insuficiência cardíaca, hepatopatia). - Em resposta as alterações na pressão de perfusão renal, ocorre a autorregulação do fluxo sanguíneo renal e da filtração glomerular mediante mecanismos neuro-humorais que levam à vasodilatação das arteríolas aferentes e à vasoconstrição das eferentes. Alterações na perfusão renal que suplantem a autorregulação e/ou o uso de drogas que interfiram nesse mecanismo (como AINEs e IECA) culminam com a redução da filtração glomerular e consequente IRA pré- renal. - Principais causas: Hipovolemia (Hemorragia, Perdas gastrintestinais, Terceiro espaço: queimaduras, peritonite, tecido traumatizado, excesso de diuréticos, Uso abusivo de diuréticos); Insuficiência cardíaca (Insuficiência cardíaca congestiva, Infarto agudo do miocárdio, Tamponamento pericárdio, Embolia pulmonar); Vasoldilatação periférica (Bacteremia, Medicações anti-hipertensiva); Resistência vascular renal aumentada (Anestesia; Cirurgias; Síndrome hepatorrenal); Obstrução vascular renal bilateral (Embolia, Trombose). Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 b) IRA Renal - A IRA renal pode ter origem isquêmica ou nefrotóxica. A principal causa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica e/ou tóxica), que, em conjunto com a IRA pré-renal, é responsável por aproximadamente 75% dos casos de IRA. - A Patogênese envolve alterações do endotélio (com consequente vasoconstrição) e da estrutura e composição bioquímica das células tubulares, resultando em alteração de sua função e morte celular, tanto por necrose quanto apoptose. Uma vez instalada resulta em descamação do epitélio tubular, obstrução intraluminal e vazamento transtubular do filtrado glomerular. Todo esse processo está associado a recrutamento e ativação de células inflamatórias. A recuperação da função renal requer a depuração das células tubulares inviáveis e de debris, além de regeneração e reparo das células viáveis. - Outras causas: nefrites túbulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites e necrose cortical (hemorragias ginecológicas, peçonhas). c) IRA Pós-Renal - A IRA pós-renal (após a formação do filtrado glomerular) é classificada como: C1. Intra-renal (obstrução do fluxo do fluido tubular) - A precipitação intratubular de cristais insolúveis ou proteínas leva à obstrução intratubular,aumentando a pressão intratubular que se opõe à pressão hidrostática glomerular com consequente ↓ da pressão de ultrafiltração e ↓ na filtração glomerular. C2. Extra-renal - De forma semelhante, a obstrução das vias urinárias em qualquer nível extra-renal (pelve, ureteres, bexiga e uretra) pode levar a IRA pós-renal. É importante lembrar que, no caso de obstrução de pelve ou ureter, somente ocorre IRA quando a obstrução é bilateral ou quando ocorre em rim único funcionante. A reversibilidade da IRA pós-renal depende da duração e da intensidade da obstrução, o que aponta para a necessidade de tratamento rápido. - Causas: Secundárias a obstrução intra ou extra-renal por cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. - Falência renal de causa obstrutiva pós-renal é diagnosticada, na maioria das vezes, por dilatação do trato urinário na US renal. Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda FISIOPATOLOGIA - A homeostasia do corpo depende de forma crucial da função renal. Os rins são particularmente suscetíveis aos efeitos tóxicos de muitas substâncias e/ou medicamentos, uma vez que muitos destes compostos têm suas concentrações aumentadas à medida que o filtrado glomerular é reabsorvido pelos túbulos. - Com certa freqüência, a lesão aguda está superimposta a um quadro de insuficiência renal crônica, sendo IRA cada vez mais reconhecida como um importante fator precipitante da doença renal crônica terminal. - Quando a lesão está relacionada a deprivação de oxigênio ou nefrotoxicidade, acontece uma série de respostas das células epiteliais. A lesão resulta em uma perda rápida da integridade do citoesqueleto e da polaridade celular. Ocorre perda da borda em escova, perda da polaridade com deslocamento das moléculas de adesão e de outras proteínas de membrana, tais como a Na+K+ATPase e beta integrinas, bem como apoptose e necrose. - Segue-se descamação de células viáveis e inviáveis, originando regiões onde a membrana basal representa a única barreira entre o filtrado e o interstício peritubular, ocorrendo “vazamento” desse filtrado, especialmente quando a pressão intratubular encontra-se aumentada devido a obstruções decorrentes de debris celulares que interagem com proteínas dentro da luz tubular. - Todo este processo resulta na geração de mediadores inflamatórios e vasoativos, ocasionando piora da vasoconstrição e inflamação. A inflamação representa um ponto fundamental na fisiopatologia da AKI. Os rins podem se recuperar de insultos isquêmicos ou tóxicos, porém, atualmente, reconhecem-se efeitos deletérios a longo prazo, mesmo com períodos curtos de isquemia. - As células remanescentes, que permaneceram aderidas, passam por um processo de reparo com potencial para recuperar a função renal normal. A existência de uma população de stem cells ou células progenitoras tem sido objeto de estudo. O processo de recuperação consiste em uma seqüência de eventos que inclui a disseminação celular e a migração para cobrir as áreas expostas de membrana basal, a dediferenciação celular e a proliferação para restaurar a integridade funcional do néfron. Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 3. QUADRO CLÍNICO - Pacientes com doença renal podem ter uma variedade de apresentações clínicas. Alguns têm sinais ou sintomas diretamente relacionados aos rins (p. ex., hematúria) ou aos sintomas extra- renais associados (edema, hipertensão, sinais de uremia). Muitos pacientes, entretanto, são assintomáticos. a) Alterações Hidroeletrolíticas - Sódio e água: hiponatremia é uma complicação frequente da IRA, sendo, em geral, decorrente do aumento relativo ou absoluto de água livre. A hipernatremia é menos comum, podendo ser encontrada em quadros de perdas de fluidos hipotônicos (sucção nasogástrica, diarréia, diabetes insipidus), aumento de perdas insensíveis (grandes queimados) ou administração de fluidos hipertônicos. A avaliação do volume intravascular, através de cateteres centrais com simples medidas da PVC (pressão venosa central) ou medidas hemodinâmicas mais completas pelo cateter de Swan-Ganz, às vezes, é necessária para melhor manipulação dessas alterações. - Potássio: a hipercalemia é o distúrbio eletrolítico mais grave. Sua cardiotoxicidade, entretanto, não se correlaciona estritamente com a magnitude do nível sérico, podendo ser agravada por acidose, hipocalcemia e interações medicamentosas. A forma mais rápida de avaliação desse quadro é por intermédio de eletrocardiograma. As principais alterações são representadas por onda T pontiaguda e simétrica, alargamento do complexo QRS, achatamento ou desaparecimento da onda P, arritmias ventriculares e fibrilação ventricular. b) Equilíbrio Ácido-básico - A acidose metabólica ocorre como resultado do acúmulo de fosfatos, sulfatos e ácidos orgânicos e também da incapacidade do rim em regenerar bicarbonato e excretar ácidos. Pode causar alterações do sistema nervoso central com rebaixamento do nível de consciência, depressão miocárdica e resposta inadequada a aminas vasoativas. c) Uremia - Síndrome composta por distúrbios neurológicos (irritabilidade, sonolência, confusão mental, convulsões, coma), cardiovasculares (pericardite, tamponamento pericárdico, arritmias), pulmonares (congestão pulmonar, pneumonias, pleurite), digestivas (inapetência, náuseas, vômitos, gastrite, úlceras pépticas e enterocolites), hematológicos (anemia, alterações da função de linfócitos e neutrófilos e defeitos plaquetários, predispondo a infecções e hemorragias). Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda 4. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES Avaliação clínica - A avaliação clínica começa pela obtenção de dados da história do paciente, trazendo informações a respeito de doenças preexistentes: diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, hepatopatias etc. Segue- se a pesquisa de acometimentos agudos, como infecções, desidratação, descompensações hemodinâmicas (choque séptico e/ou cardiogênico), uso de medicações (nefrotóxicas ou com potencial para desencadear reações de hipersensibilidade) e investigação sobre possível uropatia obstrutiva. Avaliação laboratorial - Creatinina e taxa de filtração glomerular: para que ocorra aumento dos níveis de creatinina, a taxa de filtração glomerular deve estar reduzida em torno de 70%. Desse modo, a creatinina sérica não constitui parâmetro fidedigno nas disfunções renais precoces, sendo o clearance de creatinina mais adequado. É importante lembrar que aumentos muito rápidos de creatinina sérica podem ser decorrentes de rabdomiólise. clearance de creatinina (mL/min) = U x V/P em que, U: creatinina urinária; P: creatinina plasmática; V: volume minuto (volume urinário/tempo). - Uréia: principal produto do catabolismo protéico e primariamente excretada pelos rins. Quando existe diminuição do fluxo sangüíneo renal, a reabsorção tubular de uréia pode atingir valores ao redor de 90%. Entretanto, há situações em que ocorre aumento dos níveis de uréia sem uma correlação direta com a função renal: sangramento gastrintestinal, uso de corticosteróides, estados de hipercatabolismo e aumento de ingestão protéica. - Eletrólitos plasmáticos: 1) sódio: hipo ou hipernatremia, com maior incidência do primeiro; 2) potássio: hipercalemia; 3) fósforo: usualmente ocorre hiperfosfatemia em torno de 5 a 8 mg/dL, podendo existir níveis superiores na presença de grande destruição tecidual; 4) cálcio: hipocalcemia, sendo rara a ocorrência de hipercalcemia; 5) magnésio: hipermagnesemia geralmente assintomática.Essas anormalidades devem ser rapidamente determinadas e monitoradas, fazendo parte do diagnóstico e do tratamento dos quadros de IRA. - Índices urinários: nos anos de 1950, sugeriu-se que a avaliação do sedimento urinário poderia ser útil no diagnóstico diferencial entre azotemia pré-renal e NTA. No entanto, o índice com maior grau de acurácia nessa diferenciação parece ser a fração de excreção de sódio – tipicamente menor do que 1% na IRA pré-renal (indicativa de retenção de sódio) e cerca de 3% na NTA. Existem, entretanto, condições em que essa distinção não é acurada, como NTA superimposta a quadros crônicos de hipoperfusão renal (cirrose, insuficiência cardíaca congestiva) e uso prévio de diuréticos de alça (aumento da perda de sódio). Recentemente, um outro índice urinário passou a ocupar uma posição de destaque no diagnóstico diferencial entre IRA pré-renal e NTA: a fração de excreção de uréia. Esse índice teria um melhor desempenho, principalmente nos casos em que houvesse uso de diuréticos, sendo seu valor menor do que 35% nos quadros de pré-renal e maior do que 35% na NTA. Fração de excreção de sódio = UNa+ x PCr/PNa+ x UCr Fração de excreção de uréia = Uuréia x PCr /Puréia x UCr Em que UNa+ = sódio urinário; PCr = creatinina plasmática; PNa+ = sódio plasmático; UCr = creatinina urinária; Uuréia = uréia urinária; Puréia = uréia plasmática. Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 - Sedimento urinário: 1) pH: tende a ser maior nos quadros pré-renais; 2) densidade: nos quadros de IRA, ocorre perda da capacidade de diluição e concentração; 3) glicosúria: pode representar dano tubular intenso na ausência de hiperglicemia; 4) sangue: a excreção de mioglobina, como vista na rabdomiólise, e a excreção de hemoglobina, como em certos casos de anemias hemolíticas, são responsáveis por testes positivos; 5) proteinúria: quando mínima, pode caracterizar quadros pré-renais e obstrutivos; nefrites intersticiais podem ser responsáveis por valores ao redor de 2 g/dia; 6) leucocitúria: nas pielonefrites; 7) eosinofilúria: nefrite intersticial aguda; 8) cristalúria: em casos de lise tumoral intensa e toxicidade de sulfas. - Relação creatinina urinária/creatinina plasmática: outra maneira de estimar a reabsorção tubular de água. A concentração de creatinina no filtrado é igual ao plasma e aumenta progressivamente à medida que a água, mas não a creatinina, é reabsorvida; a secreção de creatinina também pode ter uma contribuição modesta para a elevação do índice. Pacientes com doença pré-renal geralmente têm uma relação acima de 40, indicando que mais de 39/40 ou 97,5% da água filtrada foi reabsorvida. A reabsorção de água é menos eficiente na NTA, ficando o índice abaixo de 20, refletindo a reabsorção de menos de 19/20 ou 95% da água filtrada. Imagem - O procedimento mais simples é a ultra-sonografia que traz informações a respeito do tamanho renal, das características do parênquima (ecogenicidade), da presença de hidronefrose. Na suspeita de doenças vasculares, a realização de ultra-sonografia com Doppler pode trazer informações dos fluxos em veias e artérias renais. - É importante ressaltar que os exames contrastados devem ser evitados na vigência de quadro de IRA. Até pouco tempo, preconizava-se, caso fosse fundamental um exame de imagem com contraste, a realização de ressonância magnética com gadolíneo. Entretanto, estudos mostram que em pacientes com clearance de creatinina < 30 mL/min, o gadolínio não deve ser utilizado, pois pode desencadear uma síndrome grave caracterizada por fibrose pulmonar, cardíaca, cutânea ou renal, denominada fibrose sistêmica nefrogênica que, geralmente, é fatal e ainda sem tratamento. Biópsia Renal - A biópsia renal está indicada quando a causa da IRA permanece desconhecida, suspeita-se de doenças sistêmicas ou manifestações clínicas extra-renais, proteinúria maciça ou persistente, hipertensão arterial grave na ausência de hipervolemia, oligúria prolongada por mais de 4 semanas, anúria na ausência de uropatia obstrutiva, suspeita de necrose cortical ou de nefrite intersticial por agentes necessários ao tratamento do paciente. Novos Biomarcadores de Lesão Renal Aguda - Na prática clínica, IRA é tipicamente diagnosticada por intermédio de medidas de creatinina. Infelizmente, a creatinina não representa um indicador adequado durante alterações agudas da função renal: sua concentração não muda até que mais de 50% da função renal esteja comprometida. - Os biomarcadores devem ser capazes de discernir os subtipos de IRA (pré-renal, renal e pós- renal), identificar as possíveis etiologias (isquemia, toxinas, sepse), predizer a gravidade da lesão (estratificação de risco e prognóstico para guiar terapia) e monitorar o curso da IRA e a resposta ao tratamento. - Neutrophil Gelatinase-Associated Lipocalin (NGAL): identificada como uma proteína de 25 kDa ligada a gelatinase de neutrófilos. É expressa em baixos níveis por vários tecidos humanos (rins, pulmões, estômago e cólon) e principalmente pelo epitélio lesado; por exemplo, as concentrações de NGAL estão elevadas no soro de pacientes com infecções bacterianas agudas e na secreção Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda traqueal de pacientes com asma ou doença pulmonar obstrutiva. Recentemente, NGAL mostrou- se um marcador precoce após lesão renal isquêmica ou nefrotóxica em modelos animais de AKI. - Cistatina C: proteína sintetizada e liberada para o sangue por todas as células nucleadas em ritmo constante, sendo livremente filtrada pelos glomérulos e completamente reabsorvida pelo túbulo proximal, sem ser secretada. Uma vez que os níveis séricos de cistatina C não são afetados pela idade, pelo sexo, pela raça ou pela massa muscular, mostra-se melhor marcador da filtração glomerular do que a creatinina. - Kidney Injury Molecule-1 (KIM-1): proteína transmembrana com expressão aumentada em células tubulares proximais dediferenciadas após isquemia ou nefrotoxicidade em modelos animais de IRA. Representa um marcador promissor e mais específico para lesões isquêmicas e nefrotóxicas, sendo pouco influenciado por doença renal crônica ou infecções do trato urinário. - Interleucina-18 (IL-18): citocina pró-inflamatória que é induzida e clivada no túbulo proximal, sendo subsequentemente detectada na urina após isquemia em modelos animais. Os níveis urinários de IL-18 apresentam sensibilidade e especificidade > 90% no diagnóstico de IRA estabelecida. 5. COMPLICAÇÕES Infecções - São as causas mais freqüentes de complicações nos pacientes com IRA, principalmente nos casos de pós-operatório. São também as causas mais freqüentes de óbito. As infecções mais comuns são as pulmonares, urinárias e sepse (80%, 60% e 30% respectivamente). Os cateteres venosos, arteriais e vesicais, bem como os acessos vasculares para tratamento dialítico se tornam as portas de entrada mais freqüente dos agentes infecciosos. Complicações cirúrgicas - Pacientes que desenvolvem IRA após a cirurgia têm alta incidência de complicações, geralmente, difíceis de se diagnosticar; ocorrem em 33% dos casos e têm 83% de mortalidade. Complicações gastrointestinais - O sangramento gastrointestinal não é tão freqüente, se o paciente estiver bem dialisado. Os bloqueadores de se creção gástrica têm sua utilidade na profilaxia desses sangramentos. Freqüentemente, os pacientes estão anoréticos e podem apresentar náuseas e vômitos. Outras complicações - Insuficiência cardíaca por retenção de líquidos, confusão mental, convulsões, etc. - Utilização de drogas - Deve-se considerar que, tanto em casos de IRA oligúrica e não oligúrica, a depuração da creatinina está geralmente abaixo de 10 ml/min e a correção das dosagens deve ser feitade acordo com esse parâmetro, evitando-se a utilização dos valores da creatinina sérica para cálculos do ajuste de drogas. 7. TRATAMENTO - O tratamento da insuficiência renal baseia-se fundamentalmente na correção do fator desencadeante. Em relação ao tratamento conservador (não-dialítico), serão abordados os seguintes agentes farmacológicos: Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 Diuréticos - Altas doses de diuréticos, principalmente de alça, são freqüentemente administradas em pacientes com IRA na tentativa de converter a insuficiência renal oligúrica em não-oligúrica. Entre os pacientes com IRA estabelecida, um grande número de estudos mostra que os diuréticos são capazes de manter débito urinário adequado, porém sem impacto na recuperação renal e/ou sobrevida do paciente. Assim, os diuréticos não devem ser utilizados por tempo prolongado; Dopamina - A despeito do aumento da natriurese, dopamina em baixas doses não é eficaz no tratamento da IRA estabelecida. Assim, não se deve usar dopamina nessa situação; Fenoldopam - Os resultados ainda são inconclusivos; Peptídeo natriurético atrial (ANP) - Estudo recente demonstrou a eficácia de baixas doses de ANP na preservação da função renal em pacientes submetidos à correção de aneurisma de aorta abdominal18. Tratamento dialítico da IRA - Encontram-se à disposição a hemodiálise intermitente (HC, hemodiálise convencional), a diálise peritoneal e os métodos hemodialíticos contínuos. Azotemia Pré-Renal: O tratamento visa à otimização do fluxo sanguíneo renal. Drogas do tipo AINE ou inibidores da ECA/Ant. Angio II devem ser suspensas! A reposição de cristaloides é o tratamento inicial de escolha para os estados hipovolêmicos, qualquer que seja a causa ou o tipo de fluido perdido (vômito, diarreia, poliúria, suor, terceiro espaço ou sangue). A despeito de controvérsias persistentes, nunca foi demonstrada uma superioridade das soluções coloides no tratamento agudo da hipovolemia. Na realidade, o uso excessivo deste tipo de solução pode acarretar mais danos do que benefícios (ex.: discrasia sanguínea), além de elevar os custos do tratamento. Azotemia Pós-Renal: Uma obstrução uretral por hiperplasia prostática pode ser prontamente tratada pela inserção do cateter de Foley. Se não for possível ultrapassar a obstrução uretral com o cateter, deve-se proceder à cistostomia. Se a obstrução for ureteral e houver hidronefrose, um cateter duplo J pode ser inserido no ureter por via transuretral (baixa) ou transpiélica (alta). Se a obstrução ureteral não puder ser vencida, uma nefrostomia percutânea estará indicada. Na presença de cálculos obstrutivos, os mesmos devem ser removidos. Azotemia Renal (especificamente NTA, causa mais comum): O principal objetivo a ser buscado é a otimização da volemia e do estado hemodinâmico do paciente. A lesão renal pode piorar caso a isquemia renal persista... Até o presente momento, não há nenhum tratamento específico que comprovadamente acelere a recuperação do parênquima renal uma vez instalada a NTA!!! Dopamina em dose “renal” - NÃO FAZER!!! - Apesar de doses de dopamina entre 2-3 mcg/ kg/min (doses “dopaminérgicas”) terem efeito vasodilatador renal e natriurético, seu uso na NTA oligúrica já foi proscrito da prática médica... O motivo é a comprovada inexistência de benefício, pelo contrário: esta é uma droga potencialmente arritmogênica, mesmo em doses baixas, e seu uso na NTA, além de não alterar o curso natural da lesão renal, pode induzir arritmias fatais... Diuréticos de alça (Furosemida) - CONTROVERSO !! Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda - Nenhum estudo demonstrou de forma incontestável o benefício dos diuréticos na NTA oligúrica, no que diz respeito à mortalidade e história natural (duração da IRA, necessidade de diálise). Contudo, os diuréticos têm sido utilizados com frequência nestes pacientes com o intuito de tratar a hipervolemia e facilitar a manipulação do balanço hídrico, ao transformar uma IRA oligúrica em IRA não oligúrica, quando administrados nas primeiras 24-48h do início da NTA isquêmica. O diurético de escolha é a furosemida. A dose de ataque máxima é de 100-200 mg (5-10 ampolas). A dose de manutenção deve ser prescrita somente naqueles que respondem ao diurético, de modo a evitar o uso desnecessário de uma droga potencialmente ototóxica. A dose é 0,3-0,6 mg/kg/h, feita, de preferência por infusão contínua em bomba infusora. A infusão contínua traz menos chance de lesão auditiva do que a posologia intermitente... Suporte Nutricional - É de crucial importância na terapia da IRA grave. Pacientes com NTA geralmente se encontram em estado crítico, hipercatabólico, com elevada produção endógena de escórias nitrogenadas. Um suporte nutricional adequado visa reduzir o hipercatabolismo, devendo-se fornecer um aporte energético total entre 25-30 kcal/kg/dia. A maior parte dessas calorias é dada sob a forma de carboidratos, e deve-se dar preferência às proteínas de alto “valor biológico” (aquelas cujos aminoácidos são mais incorporados ao organismo do paciente, sem desvio para a síntese de escórias nitrogenadas). A quantidade de proteínas na dieta deve variar entre 0,8-1,0 g/kg/dia (paciente em tratamento conservador, não dialítico), podendo chegar a 1,0-1,7 g/kg/dia em pacientes mais graves que já estejam em hemodiálise (é preciso aumentar o aporte proteico pois há perda pela diálise). A dieta deve ter ainda restrição de sódio, potássio e fosfato. A fim de atingir as metas nutricionais preconizadas, alguns pacientes necessitam de nutrição parenteral (exclusiva ou associada à dieta enteral), o que demanda a infusão de um volume expressivo de líquidos. Neste caso, costuma-se equilibrar o balanço hídrico com o acréscimo da ultrafiltração (retirada de água) no procedimento dialítico. Controle Hidroeletrolítico e Acidobásico - A reposição hídrica deve contar com o volume oferecido na dieta. No paciente oligoanúrico, o somatório dos líquidos administrados deve ser igual às perdas insensíveis (600-1000 ml/24h). Não deve haver reposição de potássio nos pacientes francamente oligúricos. Os distúrbios eletrolíticos ameaçadores à vida devem ser prontamente tratados. A hipercalemia grave com alteração eletrocardiográfica deve ser tratada com gluconato ou cloreto de cálcio (efeito cardioprotetor) e glicoinsulinoterapia (10 U de insulina + 100 ml de glicose a 50%). O efeito da glicoinsulina é transitório (4-6h). O bicarbonato de sódio pode ser administrado na dose de 50 mEq para ajudar na correção da hipercalemia e da acidose (se pH < 7,20, manter HCO3 > 15 mEq/L). Muito cuidado ao infundir bicarbonato de sódio no paciente com hipocalcemia grave (pelo risco de tetania) e muito hipervolêmico (pelo risco de edema pulmonar). A hiperfosfatemia grave pode ser abordada com quelantes enterais de fosfato, como hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio ou, de preferência, sevelamer. Para a correção da hiponatremia é necessária a restrição de água livre. 7. INDICAÇÕES DE DIÁLISE - Os métodos dialíticos são empregados para reduzir a circulação de compostos azotêmicos, promover equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico e combater a hipervolemia. Os métodos dialíticos utilizados na IRA devem aliar duas características: (1) eficácia; e (2) tolerabilidade hemodinâmica. - A Hemodiálise Intermitente é o método de escolha nos pacientes hemodinamicamente estáveis, pois, durante o método (3-4h), a retirada abrupta de líquido pode agravar a má perfusão de Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 pacientes críticos hemodinamicamente instáveis. Nestes últimos devemos indicar: (a) diálise peritoneal contínua; e (b) hemodiafiltração venovenosa contínua.Se o paciente já estiver em hemodiálise e fizer hipotensão aguda podemos associar aminas vasopressoras até o término do procedimento (ex.: drip de noradrenalina). - A Diálise Peritoneal Contínua é um excelente método naqueles sem doença abdominal ou peritoneal e que não possuem estado hipercatabólico predominante, hipercalemia grave ou hipervolemia grave (a hemodiálise é mais eficaz para corrigir tais distúrbios, por eliminar mais líquido, mais eletrólitos e pequenos solutos). A diálise peritoneal é bem tolerada em pacientes hemodinamicamente instáveis e é um método especialmente eficaz em crianças (queem geral têm um peritônio mais saudável). - A Hemodiafiltração Venovenosa Contínua é considerada um excelente método para diálise de pacientes com hemodinâmica instável. Os métodos hemodialíticos contínuos baseiam- se na utilização de um fluxo mais baixo (100 ml/min em vez de 300-400 ml/min) e por mais tempo (8- 24h). Com isso, a retirada de líquido ocorre de forma mais lenta e gradual, tendo menos repercussão hemodinâmica. - Existem situações onde o tratamento dialítico (hemodiálise, diálise peritoneal e hemofiltração) é emergencial por haver um risco iminente para a vida do paciente. Entretanto, a melhor conduta é prevenir a necessidade de diálise de urgência pela prática da indicação precoce de diálise antes do surgimento do quadro de uremia franca e/ou de complicações clínicas, metabólicas e eletrolíticas. - As principais indicações dialíticas são: Hiperpotassemia – acima de 5,5 meq/L com alterações ao ECG ou maior que 6,5 meq/L; Hipervolemia: edema periférico, derrames pleural e pericárdico, ascite, hipertensão arterial e ICC; Uremia: sistema nervoso central (sonolência, tremores, coma e convulsões) sistema cardiovascular (pericardite e tamponamento pericárdico), pulmões (congestão pulmonar e pleurite), aparelho digestivo (náuseas, vômitos e hemorragias digestivas); Acidose metabólica grave; Outras: hipo ou hipernatremia, hipo ou hipercalcemia, hiperuricemia, hipermagnesemia, hemorragias devido a distúrbios plaquetários, ICC refratária, hipotermia e intoxicação exógena. REFERÊNCIAS 1. USP. Clínica Médica: volume 3. Capitulo 6 – IRA. 2. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia. IRA. 2007. 3. Costa, J. et al. IRA. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NEFROLÓGICAS. Nº 36: 307-324, abr./dez. 2003 Downloaded by Luiza Eduarda (luizalgoees@gmail.com) lOMoARcPSD|6439632 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=insuficiencia-renal-aguda