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Alice Bastos Lesão renal aguda Definição A injúria renal aguda (IRA) ou lesão renal aguda (LRA) consiste na redução abrupta da taxa de filtração glomerular (TFG), levando a uma retenção de escórias nitrogenadas e a uma desregulação do volume extracelular e eletrólitos; Levando a uma congestão sistêmica, distúrbios hidroeletrolíticos e distúrbio ácido-base; Para ver a injúria renal aguda, nós utilizamos duas grandes variáveis: creatinina sérica e débito urinário. Epidemiologia É uma condição bastante incidente no dia a dia do médico; A injúria renal aguda (IRA) ou lesão renal aguda (LRA) é uma síndrome frequente em pacientes admitidos no departamento de emergência, pacientes hospitalizados e em unidades críticas; A incidência é em torno de 10 a 15% em pacientes internados e 60% em pacientes internados em unidade de terapia intensiva (UTI); A IRA tem mortalidade geral de 33% e mortalidade de 50% em pacientes internados em UTI; O diagnóstico é complexo pela heterogeneidade das etiologias, da gravidade da apresentação e das comorbidades, e pela dificuldade em estabelecer uma definição de consenso. Etiologias e fisiopatologia A fisiopatologia da IRA é dependente de sua causa subjacente. Hipoperfusão renal A hipoperfusão renal ou IRA pré-renal é a principal causa da IRA, representando cerca de 55 a 60% dos casos; A hipoperfusão pode acontecer devido a diversas causas (ex.: hipovolemia, vasodilatação sistêmica, aumento da resistência vascular), ativando mecanismos adaptativos de autorregulação, sistema nervoso simpático e o sistema renina-angiotensina aldosterona (SRAA) para manter a taxa de filtração glomerular; Quando a hipoperfusão é mantida ou a resposta adaptativa é inadequada, a TFG é inicialmente diminuída sem dano parenquimatoso; Se a perfusão renal adequada não for restaurada, podem ocorrer danos nos órgãos, com necrose tubular aguda isquêmica; Na IRA pré-renal pode ocorrer ativação do sistema de coagulação e um processo inflamatório com leucócitos infiltrando o rim, lesão endotelial por citocinas, ativação de moléculas de adesão e vasoconstrição renal com apoptose de células renais; → Essas alterações também ocorrem em células tubulares com perda ou inversão de polaridade e perda de adesão da membrana, que pode levar posteriormente à chamada necrose tubular aguda. Sepse A sepse é o gatilho mais comum de lesão renal aguda em pacientes internados; A resposta à infecção leva à indução de óxido nítrico e óxido nítrico sintase com consequente vasodilatação, que por sua vez acarreta a diminuição do enchimento arterial e a ativação dos barorreceptores; As alterações circulatórias desencadeiam a ativação do sistema nervoso simpático, o que induz um aumento da renina-angiotensina-aldosterona e vasoconstrição renal; → Simultaneamente, a vasopressina arginina é liberada e contribui para retenção de água. Necrose tubular aguda por exposição a toxinas Drogas nefrotóxicas (ex.: antibióticos, meios de contraste) e toxinas endógenas (ex.: mioglobina, ácido úrico) são filtradas e concentradas (algumas delas também reabsorvidas ou secretadas) pelos néfrons e podem atingir níveis tóxicos para as células tubulares; Alice Bastos As toxinas podem ter um efeito citotóxico direto no epitélio tubular renal ou nas células endoteliais ou prejudicar a hemodinâmica intrarrenal com precipitação de metabólitos ou cristas, entre outros. Rabdomiólise Representa cerca de 5 a 10% dos casos de lesão renal aguda em UTI, principalmente em casos de trauma grave; A lesão renal pela rabdomiólise ocorre após trauma, overdose de narcóticos, embolia arterial ou uso de medicamentos que podem induzir grande lesão muscular. Síndrome cardiorrenal A síndrome cardiorrenal pode ser dividida em: → Tipo 1 (aguda): a insuficiência cardíaca (IC) aguda resulta em lesão renal aguda; → Tipo 2: disfunção cardíaca crônica causa doença renal crônica progressiva (DRC); → Tipo 3: agravamento abrupto e primário da função renal devido, por exemplo, a isquemia renal ou glomerulonefrite, causa disfunção cardíaca aguda, que pode se manifestar por IC; → Tipo 4: a DRC primária contribui para a disfunção cardíaca, que pode se manifestar por doença coronariana, IC ou arritmia; → Tipo 5 (secundário): distúrbios sistêmicos agudos ou crônicos (ex.: sepse ou diabetes mellitus) que causam disfunção cardíaca e renal; A piora aguda da função cardíaca pode levar à hipoperfusão renal por meio da redução do volume circulante efetivo ou do aumento da pressão venosa central; Em pacientes com disfunção cardíaca, muitas vezes a lesão renal aguda é sobreposta à doença renal crônica, sendo frequentemente desencadeada por uma descompensação aguda de insuficiência cardíaca. Síndrome hepatorrenal É o desenvolvimento de injúria renal aguda em pacientes com cirrose e ascite, nos quais outras causas de falência renal foram excluídas; Na síndrome hepatorrenal, a lesão renal aguda parece ocorrer sem alterações histopatológicas renais, sendo essencialmente funcional; Ocorre intensa vasoconstrição renal associada a substancial ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona, sugerindo que eventos neuro-hormonais levam ao seu desenvolvimento; → Acredita-se que a diminuição da pressão arterial sistêmica secundária à vasodilatação esplâncnica é um evento chave nessa ativação. Cirurgia de grande porte A lesão renal nesses casos é multifatorial, pois envolve: → Perdas de sangue; → Aumento de perdas insensíveis; → Extravasamento de urina para o terceiro espaço, entre outras causas; Os efeitos sistêmicos dos medicamentos anestésicos (vasodilatação periférica, depressão do miocárdio) são considerados a principal causa de LRA em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte; O aumento do nível de citocinas circulantes e de espécies reativas de oxigênio contribui para a lesão renal. LRA associado a cirurgia cardíaca A fisiopatologia da LRA associada à cirurgia cardíaca é pouco compreendida, mas acredita-se que é multifatorial; Os principais fatores presumidamente incluem: → Baixo débito cardíaco pós-operatório; → Congestão; → Fatores de risco pré-operatórios; → Condições predisponentes como DRC e diabetes; A diminuição da perfusão e do fornecimento de oxigênio durante a circulação extracorpórea possui papel importante. Hipertensão intra-abdominal O aumento da pressão intra-abdominal, usualmente acima de 15 mmHg, leva a uma diminuição da perfusão renal devido à vasoconstrição das artérias renais e, sobretudo, à redução da drenagem venosa Alice Bastos (compressão das veias renais), bem como ao aumento da pressão hidrostática espacial de Bowman; A inflamação sistêmica, devido à perfusão visceral prejudicada e à produção pelo rim de mediadores inflamatórios, contribui para a lesão renal. Achados clínicos A IRA costuma ser assintomática; → As manifestações clínicas só aparecem em fase tardia, quando o paciente se encontra em estágio avançado dela; É importante lembrar que o rim é um órgão de funcionamento sistêmicos, interagindo com os outros sistemas do organismo; → Assim, os pacientes com IRA apresentam sintomas renais e extra-renais; → São esses sintomas extra-renais que ajudam, durante a anamnese e exame físico, a identificação da patologia de base dessa lesão renal; Por conta do mau funcionamento das diversas atividades renais, as manifestações clínicas principais do paciente com IRA são: → Alterações hidroeletrolíticas: relacionada com o déficit da filtração e reabsorção de eletrólitos e água; → Distúrbio ácido-base: por conta da participação do néfron no equilíbrio ácido- base; → Uremia: relacionada a azotemias graves. Alterações hidroeletrolíticas Com a lesão do rim, sua função de filtrar e reabsorver água eeletrolíticos são perturbadas, ou seja, há menos filtração dessas substâncias e, consequentemente, menos reabsorção; Com a retenção de sódio na circulação, é gerada uma hipernatremia e, consequentemente há uma retenção de água, causando uma sobrecarga do volume intravascular; → Essa sobrecarga pode ser percebida por meio de HAS leve, edema cerebral, edema agudo de pulmão, aumento da pressão venosa jugular, edema periférico; Com a diluição do sódio, o paciente pode repercutir com hiponatremia e, quando agudizada, pode resultar em edema cerebral, crises convulsivas, cefaleia, confusão e estupor, coma (distúrbios neurológicos); O paciente também pode apresentar hipercalemia, hiperfosfatemia e hipercalcemia. Distúrbio ácido-base Pacientes com IRA tendem a apresentar uma acidose metabólica, que se instala no organismo quando há retenção de metabólitos proteicos ácidos por conta da falha da filtração; Em casos graves, o paciente com acidose metabólica apresenta náuseas e vômitos, letargia e hiperpneia. Uremia (síndrome urêmica aguda) Esse termo não se refere a concentração de ureia no corpo, mas sim do quadro sindrômico que o paciente apresente quando suas concentrações de metabólitos nitrogenados dialisáveis (de caráter tóxico) estão em alta; Por conta do caráter sistêmico dessa síndrome, o paciente vai repercutir com diversos distúrbios nos sistemas ao longo de seu organismo; Manifestações neurológicas: confusão mental, irritabilidade, delirium, convulsão, coma, hiperreflexia tendinosa, mioclonia, flapping e sinal de Babinski bilateral, formando um quadro de encefalopatia urêmica; Manifestações cardiovasculares: pericardite urêmica (por conta da inflamação causada pela azotemia), tamponamento cardíaco (retenção de líquido na cavidade pericárdica) e arritmia; Manifestações pulmonares: por conta da retenção de líquido, o paciente pode apresentar edema agudo de pulmão e congestões, além de pleurite (por conta da toxicidade dos metabólitos); Manifestações digestivas: as primeiras manifestações são náuseas, vômitos, anorexia e inflamação da mucosa, podendo levar a distúrbios na motilidade gastrointestinal; Manifestações hematológicas: trombocitopenia leve, disfunção plaquetária e anormalidade nos fatores de coagulação, pois pacientes urêmicos possuem menor capacidade de adesão e agregação plaquetária; Alice Bastos → O paciente também pode apresentar anemia normocrômica e normocítica leve, atribuída a produção ineficiente de eritropoetina pelo rim; Alguns desses sintomas, principalmente os mais leves, podem já aparecer quando a ureia se encontra > 120 mg/dL; → Caso a ureia seja > 380 mg/dL, o paciente apresenta sintomas mais graves, pelo alto índica de toxicidade. Avaliação inicial A história clínica e o exame físico cuidadosos são importantes na avaliação de pacientes com suspeita de IRA; → Geralmente reduzem as possibilidades do diagnóstico diferencial da etiologia da LRA; A revisão cuidadosa de todos os fármacos utilizados é fundamental à investigação dos pacientes com LRA; → Além de frequentemente serem nefrotóxicas e, assim, causarem LRA, as doses dos fármacos administrados devem ser ajustadas com base na redução da função renal; A gravidez deve levar à investigação de pré-eclâmpsia como fator fisiopatológico contribuinte para a LRA; Alguns fatores de risco conhecidos devem ser lembrados no atendimento: → Doença renal crônica; → Insuficiência cardíaca; → Cirrose hepática; → Doença pulmonar crônica; → Diabetes; → Doenças autoimunes como LES (uma história de doença autoimune deve levar em consideração uma possível relação entre a LRA e o agravamento dessa doença); Foi desenvolvido um escore que identifica pacientes de alto risco para IRA, conhecido como Renal Angina Index, importante para predizer desenvolvimento e gravidade da IRA. Renal Angina Index: Escore ≥ 6 pontos prediz evolução com injúria renal aguda estágio 2 e 3 dentro de 1 semana após admissão na UTI com AUC (área abaixo da curva) 0,76. Exames complementares Exames laboratoriais Exames laboratoriais são importantes para reconhecer e confirmar a IRA, avaliar progressivamente a evolução da função renal e adicionar em termos de diagnóstico diferencial; Exame de urina I: → Costuma ser útil na investigação etiológica; → Numa lesão inicial reversível, observa-se elevação da densidade urinária e redução do pH e ausência de elementos celulares e cilindros; → Conforme a IRA progride, identificam-se proteinúria, hematúria e cilindros, quando mais compatível com IRA intrínseca; → Quando maior que 2 g/24 h, a proteinúria tem origem glomerular provável; Microscopia urinária: → É relevante na identificação de células, cilindros e cristais; → Ao se detectar sangue na urinálise e ausência de hemácias à microscopia, sugere-se diagnóstico de nefropatia por pigmento (mioglobina, hemoglobina); → Cilindros granulosos são frequentemente associados a necrose tubular aguda (NTA), mas não são específicos; → Os cilindros céreos costumam se associar a lesão tubular avançada; → Pielonefrite costuma se apresentar como numerosos leucócitos, porém nefrite intersticial aguda (NIA) também se caracteriza por esse achado, inclusive com cilindros leucocitários; O sódio urinário, fração excretória de sódio (FENa) e de ureia (FEUr) são ferramentas complementares frequentemente utilizadas na diferenciação entre IRA pré-renal e NTA; → Uma FENa < 1% é sugestiva de IRA pré-renal, enquanto valores > 2% indicam NTA; Alice Bastos → A FEUr possui a vantagem de não ser afetada pelo uso de diuréticos e valores menores ou iguais a 35% são compatíveis com IRA pré- renal; A creatinina sérica é habitualmente solicitada com a ureia; → Uma relação ureina/creatinina > 40 é sugestiva de IRA pré-renal e de melhor prognósticos; → Diversos fatores interferem nos níveis séricos de ureia, como nutrição (ingesta de proteínas e catabolismo), sangramento gastrointestinal e corticosteroide (elevam a ureia) e hepatopatia avançada (reduzem). Exames de imagem A ultrassonografia (USG) renal com Doppler é um exame de grande utilizada na avaliação da IRA; → Alterações parenquimatosas renais podem ser facilmente distinguidas pelo ultrassom, com o achado de aumento da ecogenicidade; → Outra utilidade da USG é na IRA pós-renal; A utilização do Doppler é útil ao se avaliar a velocidade de fluxo sanguíneo por meio do índice de resistividade; → Quanto maior esse índice, maior a resistência ao fluxo de sangue durante a diástole; → Níveis elevados do índice de resistividade são encontrados em obstrução, sepse, síndrome hepatorrenal e outras condições e se correlacionam com pior prognóstico; → IRA pré-renal e glomerulopatias não afetam esse índice. Critérios diagnósticos Para o diagnóstico da IRA, foram criados critérios de diagnóstico; O critério mais recente e mais usado é o KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcome), o qual mescla os dois critérios utilizados anteriormente (RIFLE + AKIN); O KDIGO propõe que, para ser diagnosticado com injúria renal aguda, o paciente precisa apresentar UM dos seguintes TRÊS critérios: → Aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dl em 48h; OU → Aumento relativo ≥ 1,5 vez a creatinina basal sabida ou presumidamente ocorrida na última semana; OU → Redução do débito urinário < 0,5 mL/kg/hora por um período maior que 6 horas. Critérios de estadiamento O KDIGO também possui critérios para o estadiamento da IRA, ajudando a determinar o quão grave é seu estado; O KDIGO estabelece a existência de três estágios, em que o paciente precisa apresentar APENAS 1 dos critérios de estadiamento para ser diagnosticado nesse estágio; Estágio 1: → Aumento da creatinina sérica 1,5 a 1,9 vezes o valor de base; → Aumentoda creatinina > 0,3 mg/dl; → Débito urinário < 0,5 ml/kg/h por 6-12 horas; Estágio 2: → Aumento da creatinina sérica em 2 a 2,9 vezes o valor de base; → Débito urinário < 0,5 ml/kg/h > 12 horas; Estágio 3: → Aumento da creatinina 3 vezes o valor de base; → Aumento da creatinina > 0,4 mg/dl; → Débito urinário < 0,3 ml/kg/h por > 24 horas; → Anúria > 12 horas; → Início de terapia de substituição renal; → Redução da TFG < 35 ml/min nos pacientes com menos de 18 anos. Tratamento A abordagem aos pacientes que apresentam risco de desenvolver ou que já desenvolveram LRA depende da etiologia subjacente; O que temos que fazer é cessar a causa da patologia de base e garantir suporte metabólico ao paciente, corrigindo as complicações sistêmicas resultantes dessa lesão renal; Independente da etiologia, todos os pacientes necessitam do mesmo suporte metabólico, corrigindo as alterações hidroeletrolíticas, a acidose metabólica e a uremia; Alice Bastos As medidas simples do manejo são: → Verificar fatores reversíveis que possam causar ou contribuir para a perpetuação da IRA, como hipovolemia, hipotensão, baixo débito cardíaco, sepse, obstrução hipertensão intra- abdominal e drogas nefrotóxicas; → Lembrar dos agentes nefrotóxicos mais comuns: contraste iodado, AINES, antimicrobianos; • Sempre que possível, essas medicações devem ser evitadas em pacientes com suspeita ou risco de IRA; → Suporte nutricional: dieta hipossódica e pobre em potássio provavelmente é adequada para a maioria dos pacientes; → Ajustar dose de medicamentos conforme função renal. Otimização volêmica e hemodinâmica Não existem diretrizes que definem especificamente como deve ser feito o manejo volêmico e hemodinâmico de pacientes com IRA, pois basicamente esse manejo depende da apresentação causal; Os guidelines recomendam que seja feito o uso de cristaloides isotônicos; A IRA limita a capacidade dos rins de manter o equilíbrio eletrolítico e acidobásico. Na condição de oligúria, esse equilíbrio é mais difícil de ser atingido, o que justifica a necessidade de monitorização frequente de eletrólitos principalmente com o intuito de evitar hipercalemia grave. A hipercalemia deve ser prontamente tratada se K+ > 6,0 mEq/L; → pacientes com IRA grave e alterações eletrocardiográficas têm indicação de cálcio e outras terapias para diminuir o K + e necessitam de terapia de substituição renal; Hipocalcemia e hiperfosfatemia são comuns na IRA; → Sugere-se o tratamento da hiperfosfatemia > 6 mg/dL; → Quelantes a base de cálcio ou outros quelantes (Sevelamer) podem ser utilizados para esse fim, além de restrição de fósforo na dieta; → A reposição de cálcio deve ser evitada ao máximo devido ao risco de precipitação de fosfato de cálcio, sobretudo em níveis alarmantes de fósforo (maiores que 8 a 10 mg/dL). Terapia de substituição renal A decisão de indicar terapia de substituição renal ou diálise depende de fatores como nível de K + , volemia, estado ácido básico, valores de ureia e creatinina, evolução da doença e complicações associadas à IRA; A acidose metabólica é uma complicação comum, resultado da combinação do acúmulo de ácidos não voláteis (lactato, fosfato, ácidos metabólicos não excretados) e do uso de soluções ricas em cloro; → A TSR é extremamente eficaz na sua correção e algumas evidências apontam, inclusive, para superioridade de modalidade contínua sobre a intermitente no que concerne à duração do efeito; Não há um limite de pH, bicarbonato ou excesso de bases (base excess) estabelecido para se iniciar a diálise, porém como o pH < 7,1 se associa a disfunções miocárdica e metabólicas, considera-se a intervenção antes que a acidemia atinja esses valores; Quanto à hipercalemia, da mesma maneira, não há um limite estabelecido acima do qual se indica TSR; → Considera-se improvável miocardiotoxicidade em níveis menores que 6,5 mEq/L, porém, sabe-se que a excreção de potássio pela diurese é pouco efetiva na IRA; → Assim, a indicação de diálise não deve ser adiada caso as medidas iniciais para hipercalemia tenham pouca resposta; Independentemente das evidências atuais, a terapia contínua parece ser mais adequada em alguns casos: edema cerebral (redução lenta e gradual da osmolaridade plasmática), estados de hipercatabolismo, necessidade de controle fino da ultrafiltração, insuficiência cardíaca (benefício teórico do menor risco de alterações hemodinâmicas).
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