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Maria Paula Menossi Medicina - UNIMAR Anatomia do sistema respiratório Porção condutora: cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos terminais Porção respiratória: bronquíolos respiratórios, ducto alveolar, saco alveolar, alvéolos. FUNÇÕES: Trocas gasosas Função endócrina Reserva sanguínea Defesa Filtração FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO Ocorre 4 eventos durante o processo fisiológico da respiração: 1. ventilação pulmonar 2. difusão de oxigênio e gás carbônico 3. perfusão 4. regulação da ventilação É o movimento do ar para dentro dos alvéolos. Ventilação = inspiração + expiração Inspiração Ocorre quando a pressão do ar dentro dos pulmões é inferior do ar na atmosfera a pressão do ar no interior dos pulmões diminui devido ao aumento do volume da caixa torácica Etapas da inspiração: Contração do diafragma aumento do volume torácico expansão dos pulmões diminuição da pressão intrapulmonar entrada de ar nos pulmões ++É um processo ativo, pois envolve a contração dos principais músculos inspiratórios Expiração Ocorre quando a pressão do ar nos pulmões é maior do que na atmosfera Etapas da expiração: Diafragma relaxa diminuição do volume torácico retração elástica dos pulmões aumento da pressão intrapulmonar saída de ar dos pulmões ++É um processo passivo, o pulmão, por ser um órgão composto por fibras elásticas tende a voltar a sua forma “normal”. Músculos da respiração: Inspiração: intercostais externos, esternocleidomastóide, serrátil anterior, escaleno Expiração: intercostais internos e reto abdominal. Complacência pulmonar É definida como a capacidade do pulmão em ajustar seu volume (expansão ou contração) para cada mudança na pressão transpulmonar. A complacência depende das forças elásticas do tecido pulmonar e das forças elásticas causadas pela tensão superficial. ++ caso dos tabagistas crônicos: há maior complacência pulmonar resultantes da perda de elasticidade Alvéolos São as estruturas funcionais do sistema respiratório – realizam as trocas gasosas. A perda do recolhimento elástico e a evidência histológica de dano das fibras elásticas (Fe) implicam necessariamente em degradação de elastina como um fator chave na patogênese do enfisema. Os alvéolos são revestidos interiormente por água. As moléculas de H2O são atraídas umas pelas outras, esse movimento tenta mover o ar para fora dos alvéolos, fazendo com que eles tentem colapsar. a força gerada pelas moléculas de água é denominada força elástica de tensão superficial. E, o que impede o colabamento dos alvéolos? Os alvéolos adquirem estabilidade devido a 3 fatores: interdependência alveolar, tecido fibroso e surfactante. Surfactante – é um fosfolipídio secretado pelos pneumócitos tipo II, sua função é reduzir a tensão superficial dentro do alvéolo. Tecido fibroso – os ductos e alvéolos são revestidos por tecido fibroso que agem como suporte, para estabilizar os alvéolos. Interdependência alveolar – os alvéolos são grudados uns aos outros, de forma que eles compartilham o mesmo septo alveolar, isso impede que o colabamento em forças opostas. Lei de Laplace: diz que a pressão de colapso gerada nos alvéolos é inversamente proporcional ao raio, ou seja, alvéolos menores têm uma maior tendência a entrarem em colapso. Pressão = 2x tensão superficial / raio Espaços mortos pulmonares São locais onde não ocorre trocas gasosas Espaço morto anatômico: locais onde não ocorre trocas gasosas por não ter alvéolos, como nas vias aéreas superiores (traqueia, brônquios, bronquíolos terminais) tem ar, mas não tem alvéolo. Espaço morto alveolar: os alvéolos são ventilados, mas não são perfundidos. Espaço morto fisiológico: soma do espaço morto anatômico + espaço morto alveolar. Volumes e capacidades pulmonares Volumes Volume corrente: volume de ar inspirado e expirado em uma respiração normal (500mL) Volume de reserva inspiratório (VRI): volume de ar que pode ser inspirado em uma inspiração forçada (3000mL) Volume de reserva expiratório (VRE): quantidade de ar que pode ser expirado por expiração forçada (1100mL) Volume residual: volume de ar que permanece nos pulmões depois de uma expiração forçada. Capacidades: Capacidade inspiratória: volume corrente + VRI Capacidade residual funcional: VRE + VR. Quantidade de ar que permanece nos pulmões depois de uma expiração normal Capacidade vital: volume total + VRI + VRE. Quantidade de ar expirada um uma expiração máxima depois de uma inspiração forçada. Capacidade pulmonar total: volume máximo que o pulmão consegue expandir (5800mL) Difusão dos gases através dos alvéolos – hematose O oxigênio se difunde dos alvéolos para o sangue pulmonar O dióxido de carbono se difunde do sangue pulmonar para os alvéolos A difusão dos gases respiratórios é proporcional à pressão causada por cada gás individualmente Composição do ar Ar atmosférico A pressão depende da altitude: Quanto maior a altitude menor a coluna de ar exercida sobre a região, ou seja, menor pressão dos gases e concentração, dos mesmos. O ar atmosférico seco é umidificado na porção condutora antes de atingir os alvéolos Ar alveolar O ar alveolar é parcialmente substituído pelo ar atmosférico em cada respiração A difusão dos gases ocorre através da membrana respiratória Composição da membrana: Camada de surfactante Epitélio alveolar (pavimentoso simples) Membrana basal epitelial Espaço intersticial entre epitélio alveolar e capilar Membrana basal do capilar Endotélio do capilar Difusão de O2 e CO2 Oxigênio A pressão parcial de oxigênio nos alvéolos é de 104mmHg, já no capilar é de 40 mmHg, portanto, a diferença de pressão que faz com que o oxigênio se difunda para o capilar é de 64mmHg. A utilização de O2 pode aumentar 20x durante o exercício físico, devido: Aumento da capacidade de difusão Fator de segurança de tempo em trânsito] Transporte de O2 no sangue Como o oxigênio é transportado? 97% de O2 é transportado através da hemoglobina 3% de O2 é transportado pelo plasma Quanto maior a pressão parcial de O2 maior a quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina. Fatores que diminuem a afinidade do O2 pela hemoglobina Aumento da quantidade de H+ no sangue (elevação do pH) – acidose Aumento da temperatura Aumento da PCO2 (pressão parcial de gás carbônico) A curva de dissociação oxigênio-hemoglobina sofre um desvio para a direita na presença dos fatores acima, esse desvio para a direita mostra que houve diminuição da afinidade do oxigênio pela hemoglobina, ou seja, o oxigênio se desliga da hemoglobina para ser utilizada nos tecidos. Cada molécula de hemoglobina pode se ligar a 4 moléculas de oxigênio, depois que uma molécula de oxigênio realizar essa ligação, a afinidade da hemoglobina a segunda molécula de O2 aumenta e assim por diante. ++por que intoxicação por monóxido de carbono é tão perigosa? Devido à grande afinidade do CO com a hemoglobina. O monóxido de carbono tem 250x mais afinidade com a hemoglobina e se liga no mesmo ponto em que a molécula de oxigênio, o que torna a hemoglobina indisponível para o transporte de oxigênio. Para reverter a intoxicação deve-se utilizar tratamento com oxigênio puro (100%), a fim de aumentar a pressão parcial de O2 e permitir que o oxigênio volte a se ligar na hemoglobina. Gás carbônico O dióxido de carbono consegue difundir-se 20x mais rápido que o oxigênio através da membrana respiratória. Transporte de CO2 no sangue Transporte na forma de íons bicarbonato – 70% O dióxido de carbono é dissolvidona água, no interior das hemácias, e forma o ácido carbônico (H2CO3). Essa reação é catalisada nas hemácias pela enzima anidrase carbônica que converte o ácido em íons bicarbonato e íons de hidrogênio (H+) Transporte em combinação com a hemoglobina – 23% O gás carbônico se liga com a hemoglobina é forma a carbo-hemoglobina (HbCO2). Essa combinação é facilmente rompida nos alvéolos, local onde a pressão parcial de dióxido de carbono é baixa. Transporte no estado dissolvido – 7% Dissolvido no plasma Consiste no transporte de oxigênio e dióxido de carbono para os tecidos periféricos. Ventilação-perfusão alveolar Efeito Bohr Representa a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio em função do pH. Quando a quantidade de CO2 (HCO3 - e H+) estiver elevada o oxigênio se desliga com maior facilidade da hemoglobina. Efeito Haldane Se refere à tendência CO2 em deixar o sangue. Quando ocorre aumento da quantidade de O2 ligada à hemoglobina que impede que essa se ligue ao CO2, isso promove a acidificação do sangue (aumento de H+). Os íons de hidrogênio se ligam aos íons bicarbonato formam ácido carbônico que se dissocia em H20 e CO2. Com o aumento da quantidade de CO2 no sangue ocorre maior eliminação de CO2 para os alvéolos, para igualar as pressões desse gás. Um alvéolo é ventilado quando ele recebe ar da atmosfera, mas nem todo alvéolo ventilado é capaz de realizar trocas gasosas. Para que a hematose ocorra o alvéolo também precisa ser perfundido, ou seja, precisa de um capilar próximo. Razões entre ventilação/perfusão: V/Q = 0 significa que não há ventilação alveolar (0/100= 0) V/Q = infinito não há fluxo de sangue para realizar hematose (100/0=infinito) V/Q = 1 ventilação e perfusão estão normais (100/100=1) Efeito Shunt: acontece quando essa relação está desequilibrada e a perfusão excede a ventilação, causando hipoxemia, que é a insuficiência de oxigênio no sangue. ZONAS PULMONARES Zona 1 Mais próxima ao ápice - ausência de fluxo sanguíneo em todas as partes do ciclo cardíaco Pressão alveolar > pressão da artéria pulmonar V>Q, portanto não há fluxo sanguíneo – espaço morto anatômico Zona 2 Zona média do pulmão – fluxo sanguíneo intermitente Pressão artéria alveolar > p. alveolar > p. veias pulmonares Fluxo alveolar intermitente depende da diferença arterial-alveolar Zona 3 Base do pulmão – fluxo sanguíneo contínuo Pressão arterial e venosa > pressão alveolar Os capilares permanecem abertos e o fluxo é determinado pela diferença de pressão arterio-venosa. O objetivo da respiração é manter as concentrações fisiológicas de oxigênio, dióxido de carbono e ions hidrogênio nos tecidos. Para que isso ocorra o sistema respiratório possui dois centros de controle da respiração: centro respiratório central e quimiorreceptores periféricos Centro respiratório central Recebe estímulos neurais (Feedback dos músculos) e humorais (Alteração dos níveis de CO2 no sangue. Grupo respiratório dorsal: responsável pelo ritmo básico da respiração. Emite potenciais de ação inspiratórios. Recebe a entrada de quimiorreceptores periféricos. Centro pneumotáxico: limita a inspiração transmitindo inibidores para o grupo respiratório. Grupo respiratório ventral: atua na inspiração e na expiração. O centro respiratório responde ao aumento nos níveis de CO2 e H + Os neurônios presentes na área quimiossensível são excitados pelos íons H+, porém esses íons (presentes na corrente sanguínea) não atravessam facilmente a membrana hematoencefálica. Reflexo de Hering-Breuer Ativado por receptores nas paredes dos bronquíolos quando há hiperinsuflação dos pulmões. Esses receptores enviam sinais para o centro respiratório dorsal para impedir a inspiração exacerbada. Então, como os quimiorreceptores são ativados pelos íons de hidrogênio? os íons H+ presentes no cérebro são provenientes do dióxido de carbono. O CO2 atravessa facilmente a barreira hematoencefálica e se difunde por todo o cérebro. Lá ele reage com a água formando o H2CO3 (ácido carbônico) que irá se dissociar em íons bicarbonato e íons de hidrogênio (H+). Assim, os íons de hidrogênio estimulam diretamente o centro respiratório, aumentando a força dos sinais inspiratórios e expiratórios. A estimulação do centro respiratório proveniente do aumento da concentração de CO2 tem efeito apenas a curto prazo, após 1 ou 2 dias o grau de excitação diminui. Isso acontece pois os rins aumentam a quantidade de íons bicarbonato (HCO3 -) no sangue, que atravessam e barreira hematoencefálica e neutralizam os íons H+ que se encontram perto dos neurônios respiratórios. Quimiorreceptores periféricos Estão localizados fora do sistema nervoso central. Respondem à diminuição da pressão parcial de oxigênio. Os dois quimiorreceptores associados com o controle da respiração são: corpos carotídeos e corpos aórticos. A diminuição na quantidade de oxigênio inspirada, leva à diminuição da PCO2 parcial excitando os quimiorreceptores carotídeos e aórticos que, através de suas fibras nervosas aferentes, transmitem sinais nervosos ao centro respiratório. Esses sinais estimulam o centro respiratório aumento a respiração, a fim de aumentar a quantidade de oxigênio no sangue. Referência: Maria Paula Menossi Medicina – UNIMAR
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