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Coordenação Geral
Cleyson de Moraes Mello
Mauricio Jorge Pereira da Mota
Vanderlei Martins
Coordenação Acadêmica
João Eduardo de Alves Pereira
Vânia Siciliano Aieta
Vladimir Vitovsky
O Direito em Perspectiva
Prefácio
Ricardo Lodi Ribeiro
Apresentação
Carlos Eduardo Guerra de Moraes
Participação Especial
Boaventura de Souza Santos
 Autores
Editar
Juiz de Fora- MG
2015
Abel Fernandes Gomes
Adriana Fernandes Carneiro
Alberto Afonso Monteiro
Alexandre de Castro Catharina
Ana Mônica Anselmo de Amorim
Antônio Pereira Gaio Júnior
Boaventura de Sousa Santos
Carla Sendon Amejeiras Veloso
Carlos Alberto Lima de Almeida
Christiano Fragoso
Clara Maria C. Brum de Oliveira
Clayton Reis
Cleyson de Moraes Mello
Danielle Riegermann Ramos Damião
Douglas Estevam Silva
Estefânia de Oliveira Gonçalves
Eurico da Cunha Neto
Fernando Amiel Junior
Flávia Sanna Leal de Meirelles
Gleyce Anne Cardoso
Guilherme Sandoval Góes
Horácio Monteschio
Inês Lopes de Abreu Mendes de Toledo
Italo Godinho Silva
João Matheus Vianna Amiel
Julia Ribeiro Freihof
Larissa Domingues Dibe
Larissa Gabriela Cruz Botelho
Larissa Leal Elias Lamblet
Leonam Baesso da Silva Liziero
Maíra Batista de Lara
Marcella Alves Mascarenhas Nardelli
Mariana Petersen Alonso
Marta Rosa Vianna Amiel
Matheus Guarino Sant’Anna Lima de Almeida
Mauricio Mota
Max Peter Schulvater
Patrícia Silva Cardoso
Priscila Andrade Dias
Raquel Elena Rinaldi Maciel
Sônia Guerra
Tatiane Duarte dos Santos
Th iago Jordace
Ubirajara da Fonseca Neto
Vanderlei Martins
Vânia Siciliano Aieta
Vinicius Figueiredo Chaves
Vladimir Santos Vitovsky
Wellington Trotta
Yasmin Waetge
Conselho Editorial
Prof. Dr. Antonio Celso Alves Pereira (UERJ)
Profa. Dra. Bianca Tomaino (UERJ)
Prof. Dr. Bruno Lacerda (Membro Externo – UFJF – MG)
Prof. Dr. Cleyson de Moraes Mello (UERJ)
Prof. Dr. João Eduardo de Alves Pereira (UERJ)
Profa. Dra. Elena de Carvalho Gomes (Membro Externo – UFMG)
Prof. Dr. Nuno M. M. S. Coelho (Membro Externo – USP)
Profa. Dra. Núria Belloso Martín (Membro Externo – Univ. Burgos – Espanha)
Profa. Ms. Patrícia Ignácio da Rosa (Membro Externo IBC)
Profa. Dra. Th eresa Calvet de Magalhães (Membro Externo – UNIPAC – Juiz de Fora/MG)
Prof. Dr. Vanderlei Martins (UERJ)
Conselho Editorial – CALC - Centro Acadêmico Luiz Carpenter
Carolina Torres de Lima e Silva Michael Douglas Santos Teixeira
Douglas da Silva Oliveira Philippe da Silva Souto
Felipe do Valle Rodrigues Lima Rafael Francisco de Mendonça
Gabriel Martins Cruz de Aguiar Pereira Raphaela Ramos Webering
Gabriela Macedo Ferreira Sergio Cardoso Júnior
Isabela Almeida do Amaral Tayane Caruso do Valle
Loana Pessanha Saldanha Vinícius de Melo da Silva
Luis Felipe Rodrigues Paranhos Vitor Lourenço Rodrigues
Maíra De Luca Leal Wallace Moreira Ribeiro
Coordenação Geral 
Prof. Dr. Cleyson de Moraes Mello
Prof. Dr. Vanderlei Martins 
Prof. Dr. Mauricio Jorge Pereira da Mota
Coordenação Acadêmica
Prof. Dr. João Eduardo de Alves Pereira
Profa. Dra. Vãnia Siciliano Aieta
Prof. Dr. Vladimir Vitovsky
A editora e os coordenadores desta obra não se responsabilizam por informações e opiniões 
contidas nos artigos científi cos, que são de inteira responsabilidade dos seus autores. 
Dados internacionais de catalogação na publicação
O Direito em Perspectiva, Juiz de Fora: Editar Editora Associada Ltda, 
2015.
1. Direito – Fundamentos – Brasil.
 ISBN: 978-85-7851-110-4
Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os fi lhos dos homens
se abrigam à sombra das tuas asas. 
Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias; 
Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.
(Salmos 36: 7- 9) 
Coordenação Geral
Cleyson de Moraes Mello
Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UERJ; É professor da 
linha de pesquisa Direito da Cidade do PPGD da UERJ. É Diretor Adjunto da 
Faculdade de Direito de Valença – FAA/FDV. Professor Titular da Universidade 
Estácio de Sá. Professor Adjunto da Unisuam. Advogado; Membro do Instituto 
dos Advogados Brasileiros – IAB; Autor e coordenador de diversas obras jurídicas.
Vanderlei Martins
 Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de 
Janeiro/UFRJ (1985), Mestrado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1991), 
Doutorado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1995), Coordenador Acadêmico 
do PPDIR/Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Coordenador Executivo 
e Membro do Conselho Editorial do Cadernos de Pós-Graduação em Direito 
da Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Diretor do Curso de Direito 
da Universidade Santa Úrsula (1996/1999), Professor Adjunto da UNESA 
(1999/2008),  Professor Titular e Coordenador de Pesquisa da UNIESP/
SUESC (2000/2012), Coordenador de Pesquisa da UNIGRANRIO/Campus 
Silva Jardim (2000), atualmente Professor Adjunto da Faculdade de Direito da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em Regime de Dedicação Exclusiva. 
Atua na área de Ciências Sociais Aplicadas.
Mauricio Mota
Doutor em Direito Civil, Professor do Mestrado e Doutorado em Direito 
da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, 
Procurador do Estado do Rio de Janeiro, pareceristas e advogado no Rio de 
Janeiro. E-mail: mjmota1@gmail.com.
Coordenador Acadêmico
João Eduardo de Alves Pereira
 Geógrafo, com o registro 2007131366, CREA- RJ. Licenciado em Geografi a 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), Mestre em Geografi a pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e Doutor em Engenharia de 
Produção pela Coppe/Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). CREA- 
RJ. É Professor-Adjunto nas disciplinas Economia Política, Geografi a Política e 
Economia do Petróleo da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro (UERJ). É Professor-conteudista e responsável pela disciplina 
Geografi a da População Brasileira do Curso de Licenciatura em Geografi a 
(EAD) do Consórcio CEDERJ-UERJ-UAB. Na mesma instituição, é Professor 
dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Direito e colaborador do Curso de 
Mestrado em Geografi a. É Professor do Centro de Ensino Superior de Valença 
(CESVA), da Fundação Educacional Dom André Arcoverde (FAA) nos Cursos 
de Administração e Direito.
Vânia Siciliano Aieta
Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito 
da UERJ (PPGD-UERJ), na linha de Direito da Cidade. Doutora em Direito 
Constitucional pela PUC-SP em estágio pós-doutoral em Direito Político pela 
PUC-Rio, Mestrado em Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional pela 
PUC- Rio. Graduação em Direito pela UERJ. Líder dos grupos de pesquisa no 
CNPQ-UERJ Observatório do Direito Eleitoral, Hermenêutica Constitucional e 
Análise Transacional e Políticas Públicas e Direito da Infraestrutura; bem como do 
grupo de pesquisa internacional Constitutional Dimensions Of Political Parties 
And Political Rights. Presidente da Escola Superior de Direito Eleitoral (ESDEL). 
Editora-chefe da Revista BALLOT, projeto de extensão vinculado ao PPGD da 
UERJ, especializada em Direito Eleitoral Internacional. Publicou diversos livros e 
artigos no Brasil e no exterior. Foi palestrante no exterior em congresso promovido 
pela ONU apresentando o trabalho Womens Participation in the Struggle for 
Equality in Brazil, em Pequim, na China (1995), e na Noruega apresentando 
o trabalho Th e problem of fi nancing election campaigns under constitutional 
electoral law: raising funds and public accountability, em congresso promovido 
pela Th e International Association of Constitutional Law (2014). Apresentou 
trabalhos acadêmicos ainda em Coimbra, Porto (Portugal), Havana (Cuba), 
Bogotá (Colômbia) e Roma, Florença (Itália). Além de Editora-Geral da Revista 
BALLOT, faz parte do Conselho Executivo das Revistas de Direito da Cidade 
e Quaestio Iuris, da linha de Direito da Cidade no PPGD/ UERJ. Faz parte do 
Conselho Editorial da Revista Paraná Eleitoral, onde também é parecerista, assim 
como também é parecerista da Revista de Direito Constitucionale Internacional 
e da Revista de Meio Ambiente Digital e Sociedade de Informação. Conselheira 
Titular da Seccional da OAB-RJ. Membro do Instituto dos Advogados do 
Brasil (IAB), do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral (IBRADE), da 
Academia de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP). Faz parte do Instituto 
Latino-Americano de Estudos sobre Direito, Política e Democracia, do IBDC 
(Instituto Brasileiro de Direito Constitucional), da ABCD (Academia Brasileira 
dos Constitucionalistas Democratas) e da Th e International Association of 
Constitutional Law (IACL). Advogada especializada em Direito Eleitoral, é sócia 
da Siqueira Castro Advogados, coordenando nacionalmente o Setor Eleitoral e 
de Relações Governamentais. Realiza trabalho voluntário junto à obra social de 
Sua Majestade Rainha Silvia, da Suécia, colaborando com o Conselho Superior 
do Abrigo Rainha Silvia. Se comunica em inglês, francês, espanhol e italiano.
Vladimir Santos Vitovsky
Doutorando da Universidade de Coimbra, no Programa de Doutoramento 
" Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI" (2008-2013), 
organizado em conjunto pelas Faculdades de Direito e Economia, orientando do 
Professor Dr. Boaventura de Sousa Santos, mestre em Direito pela Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro (1997-1999), graduado em Direito pela 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991-1996), graduado em Economia 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991-1994). Juiz Federal Titular 
da 9ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro. Professor. Desenvolve 
atividades de ensino e pesquisa na área de Direito, com ênfase em Administração 
da Justiça, atuando principalmente nos seguintes temas: Noções Gerais de 
Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Execução Fiscal, Direito 
Civil e Empresarial, Propriedade Intelectual, Acesso à justiça, Poder Judiciário e 
Justiça Federal, Direito constitucional internacional.
Autores
Abel Fernandes Gomes
Mestre em Direito pela UERJ; Especialista em Direito Penal pela UnB e 
Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da Segunda Região.
Adriana Fernandes Carneiro
Acadêmica da Faculdade de Direito da UERJ.
Alberto Afonso Monteiro
Master of Laws (LL.M.) from Columbia University in 2015. Law Degree from 
UERJ in 2008. UERJ researcher of the Research Groups in CNPQ “Public 
Policy and Infrastructure Law ” and “ Electoral Law’s Observatory.
Alexandre de Castro Catharina
Doutor em Sociologia pelo IUPERJ/UCAM. Mestre em Ciências Jurídicas e 
Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Especialista em Direito Processual 
Civil pela Universidade Estácio de Sá. Advogado. Professor de Direito Processual 
Civil (graduação e Pós- graduação) da Universidade Estácio de Sá. Membro 
efetivo do Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP. Coordenador do 
Curso de Direito do Campus Nova América, UNESA/RJ.
Ana Mônica Anselmo de Amorim
Mestre em Direito Constitucional, área de concentração em Direitos Humanos 
pela UFRN (2011). Especialista em direitos humanos pela UERN (2009). 
Especialista em Direito e Jurisdição pela UNP (2003). Docente da Graduação 
e do Curso de Especialização de Direitos Humanos da UERN. Coordenadora 
do Núcleo de Prática Jurídica da FVJ. Defensora Pública de Entrância Final do 
Estado do Ceará.
Antônio Pereira Gaio Júnior
Pós-Doutor em Direito (Universidade de Coimbra/PT). Pós-Doutor em 
Democracia e Direitos Humanos (Ius Gentium Conimbrigae/ Faculdade de 
Direito da Universidade de Coimbra-PT). Doutor em Direito (UGF). Mestre 
em Direito (UGF). Pós-Graduado em Direito Processual (UGF). Professor 
Adjunto da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ. Membro 
do Instituto Iberoamericano de Direito Processual-IIDP. Membro do Instituto 
Brasileiro de Direito Processual – IBDP. Membro da International Bar Association 
– IBA. Membro Efetivo da Comissão Permanente de Direito Processual Civil do 
IAB-Nacional. Advogado, Consultor Jurídico e Parecerista. www.gaiojr.adv.br
10
Boaventura de Souza Santos
Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de 
Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade 
de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É 
igualmente Director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; 
Coordenador Científi co do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
Carla Sendon Amejeiras Veloso
Estudante de mestrado do programa PPGD/UCP. E-mail: carlaameijeira@
gmail.com.
Carlos Alberto Lima de Almeida
Doutor (2012) e Mestre (2005) em Política Social pela UFF. Mestre em Educação pela 
UNIVERSO (2003). Especialista em prevenção às drogas e escola pela UFF (2004). 
Especialista em Direito Processual Civil pela UNESA (1997). Graduação em Direito 
pela Faculdade de Direito Candido Mendes – Centro (1990). Professor Permanente 
do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Direito da Universidade Estácio de 
Sá. Coordenador Adjunto da Área de Ciências Sociais da Universidade Estácio de Sá. 
Coordenador de Iniciação Científi ca e Pesquisa do Curso de Direito da Universidade 
Estácio de Sá no Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador do Núcleo de Estudos sobre 
Direito, Cidadania, Processo e Discurso. Professor auxiliar I da Universidade Estácio 
de Sá. Pesquisador do Grupo Política Social e Pobreza, da Escola de Serviço Social 
da UFF. Conselheiro Titular da 16ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil 
– Seccional do Estado do Rio de Janeiro (OAB Niterói). Advogado desde 1991. 
E-mail: carlosalberto.limadealmeida@gmail.com.
Christiano Fragoso
Professor Adjunto de Direito Penal da Faculdade de Direito da UERJ.
Clara Maria C. Brum de Oliveira
Advogada e Professora de Filosofi a do Direito na Universidade Estácio de 
Sá. Mestre em Filosofi a/UERJ; Especialista em Filosofi a/UERJ; Especialista 
em Mediacão Pedagógica em EAD/PUC-Rio; bacharel em Direito/UNESA, 
bacharel e licenciada em Filosofi a/UERJ e bacharel em Comunicação Social/
FACHA.
Clayton Reis
Magistrado aposentado do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Pós-Doutor em 
Direito pela Universidade de Lisboa. Doutor e Mestre pela UFPR. Especialista em 
Responsabilidade Civil pela UEM. Professor do Curso do Programa de mestrado 
em direito do CESUMAR. Professor Titular da UNICURITIBA e Adjunto da 
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ e da ESCOLA DA MAGISTRATURA 
DO PARANÁ. Membro da Academia Paranaense de letras Jurídicas.
11
Cleyson de Moraes Mello
Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UERJ; É professor da linha de 
pesquisa Direito da Cidade do PPGD da UERJ. É Diretor Adjunto da Faculdade 
de Direito de Valença – FAA/FDV. Professor Titular da Universidade Estácio 
de Sá. Professor Adjunto da Unisuam. Advogado; Membro do Instituto dos 
Advogados Brasileiros – IAB; Autor e coordenador de diversas obras jurídicas.
Danielle Riegermann Ramos Damião
Doutorado em andamento em Função Social do Direito - FADISP (2015). 
Mestrado em Direito pela Universidade de Marília (2012). Especialização 
em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Estácio de Sá (2003). 
Graduação em Direito pela Universidade Estácio de Sá (2002). Autora várias 
obras jurídicas. Atualmente é professora da ESMARN (Escola da Magistratura 
do Estado do RN) e da Faculdade São Luís. É membro dos conselhos editoriais 
das revistas “Direito e Liberdade” e da “Atualidades Jurídicas” Acumula vasta 
experiência na docência superior (graduação e pós-graduação). Assessora Jurídica 
da FUNEP - Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão. É advogada e 
consultora jurídica.
Douglas Estevam Silva
Graduando da Faculdade de Direito da UERJ. Membros do Grupo de Pesquisa 
Institucional em Teoria do Direito - Hermenêutica Filosófi ca nas Decisões 
Judiciais, coordenado pelo Professor Cleyson de Moraes Mello, Professor 
Adjunto da UERJ.
Estefânia de Oliveira Gonçalves
Advogada, docente da Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Direito 
Público pela Unesa e mestranda em Hermenêutica e Direitos Fundamentais pelaUNIPAC, em Juiz de Fora/MG.
Eurico da Cunha Neto
Delegado de Polícia Civil em Minas Gerais. Especialista em Ciências Penais pela 
Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.
Fernando Amiel Junior
Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas – FGV-RJ. 
Flávia Sanna Leal de Meirelles
Mestre em Direito Penal pela UERJ, professora de Direito Penal da Escola de 
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), professora de Direito Penal 
e Processo Penal da Faculdade de Direito de Valença/RJ, Professora de Direito 
Penal da UFRJ, Advogada.
12
Gleyce Anne Cardoso
Estudante de mestrado do programa PPGD/UCP. E-mail: Gleyce_cardoso@
hotmail.com.
Guilherme Sandoval Góes
Doutor e Mestre em Direito pela UERJ. Coordenador e Professor do Curso de 
Pós-Graduação em Direito Público do Campus Tom Jobim da UNESA. Professor 
de Direito Constitucional e de Direito Eleitoral da EMERJ. Professor Emérito 
da ECEME. Professor Convidado do Curso de Pós-Graduação do Direito da 
Criança e do Adolescente da UERJ. Professor Convidado do Programa de 
Mestrado da UNIFA. Coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Gênero, Etnia, 
Raça e Exclusão Social da EMERJ. Conselheiro Nacional e Representante da Cruz 
Vermelha Brasileira na Comissão Nacional para a Difusão e Implementação do 
Direito Internacional Humanitário no Brasil. Chefe da Divisão de Geopolítica e 
Relações Internacionais da ESG.
Horácio Monteschio
Doutorando pela Faculdade Autônoma de São Paulo – FADISP. Mestre em Ciências 
Jurídicas pelo Unicesumar. Especialista em Direito Público e Direito Processual 
Civil pelo IBEJ; Direito Tributário pela UFSC; Direito Administrativo pelo IRFB; 
Direito contemporâneo pela Escola da Magistratura do Estado do Paraná. Integrante 
da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/PR. Membro do IPRADE – Instituto 
Paranaense de Direito Eleitoral. Professor das Faculdades OPET, ex-Secretário de 
Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná; ex-Secretário 
Municipal de Assuntos Metropolitanos de Curitiba, advogado militante.
Inês Lopes de Abreu Mendes de Toledo
Mestranda em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis – UCP. 
Italo Godinho Silva
Graduando da Faculdade de Direito da UERJ. Membros do Grupo de Pesquisa 
Institucional em Teoria do Direito - Hermenêutica Filosófi ca nas Decisões Judiciais, 
coordenado pelo Professor Cleyson de Moraes Mello, Professor Adjunto da UERJ.
João Matheus Vianna Amiel
Graduado pela Universidade Candido Mendes – UCAM.
Julia Ribeiro Freihof
Acadêmica da Faculdade de Direito da UERJ.
Larissa Domingues Dibe
Graduada em Direito pela UFF. Pós-graduanda em Direito Financeiro e Tributário 
pela UFF.
13
Larissa Gabriela Cruz Botelho
Mestranda em Direito Penal pela UERJ, Advogada.
Larissa Leal Elias Lamblet
Acadêmica da Faculdade de Direito da UERJ.
Leonam Baesso da Silva Liziero
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ Universidade Candido 
Mendes – UCAM - Diretor de Patrimônio MT-Par S.A - Advogado – OAB/SP 
nº308.089
Maíra Batista de Lara
Mestre em Direito Penal pela UERJ, Advogada.
Marcella Alves Mascarenhas Nardelli
Doutoranda em Direito Processual pela Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro. Professora Assistente de Direito Processual Penal na Universidade 
Federal de Juiz de Fora-MG. 
Mariana Petersen Alonso
Acadêmica da Faculdade de Direito da UERJ.
Marta Rosa Vianna Amiel
Pós-Graduação Lato Sensu em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho – 
OAB/UFRJ. 
Matheus Guarino Sant’Anna Lima de Almeida
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científi ca da 
UFF. Bacharelando em Direito pela UFF. Aluno integrante do Laboratório 
Fluminense de Estudos Processuais LAFEP/FD-UFF. Pesquisador em formação 
(graduando) do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de 
Estudos Comparados em Administração Institucional de Confl itos (INCT-
InEAC). E-mail: matheus_almeida@id.uff .br.
Mauricio Mota
Doutor em Direito Civil, Professor do Mestrado e Doutorado em Direito da 
Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, 
Procurador do Estado do Rio de Janeiro, pareceristas e advogado no Rio de 
Janeiro. E-mail: mjmota1@gmail.com.
Max Peter Schulvater
Graduando da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro. Participa dos grupos de pesquisa no CNPQ-UERJ Observatório do 
Direito Eleitoral e Hermenêutica Constitucional e Análise Transacional. 
14
Patrícia Silva Cardoso
Professora de Direito Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), 
doutoranda em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) 
e pela Università di Roma – La Sapienza.
Priscila Andrade Dias
Acadêmica da Faculdade de Direito da UERJ.
Raquel Elena Rinaldi Maciel
A autora é advogada, bacharel em direito pela UFRJ,e mestra da linha de pesquisa 
“Teoria e fi losofi a do Direito” pela UERJ. Email: Raquel.rinaldi@yahoo.com.br
Sônia Guerra
Mestre em Direito. Professor Adjunta da Unisuam. Advogada.
Tatiane Duarte dos Santos
Advogada e Professora das Universidades Castelo Branco (UCB) e do Grande 
Rio (UNIGRANRIO), Mestre em Direito.
Th iago Jordace
Doutorando e Mestre em Direito pela UERJ, professor das Pós-Graduações do 
IBMEC e Curso Fórum, advogado.
Ubirajara da Fonseca Neto
Doutorando (UNESA/2015). Mestre em Direito Processual (UNESA). Pós-
graduado (especialista) em Direito Civil e Processual Civil (UFF). Professor de 
Teoria Geral do Processo e Direito Processual Civil da Universidade Estácio de 
Sá (Cursos de Graduação e Pós-graduação). Professor de Metodologia, Didática 
e Direito Processual Civil da EMERJ (Curso regular e Cursos de Pós-graduação). 
Foi professor do IBMEC (Curso de Graduação), Professor (concursado) da UFRJ 
e da UCAM/Centro. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil 
- IBDP. Advogado. Autor e Co-autor de obras jurídicas. Coordenador Adjunto 
de um dos Cursos de Direito da Unesa/RJ.
Vanderlei Martins
Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/
UFRJ (1985), Mestrado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1991), Doutorado 
em Ciências pela COPPE/UFRJ (1995), Coordenador Acadêmico do PPDIR/
Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Coordenador Executivo e 
Membro do Conselho Editorial do Cadernos de Pós-graduação em Direito 
da Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Diretor do Curso de Direito 
da Universidade Santa Úrsula (1996/1999), Professor Adjunto da UNESA 
15
(1999/2008),  Professor Titular e Coordenador de Pesquisa da UNIESP/
SUESC (2000/2012), Coordenador de Pesquisa da UNIGRANRIO/Campus 
Silva Jardim (2000), atualmente Professor Adjunto da Faculdade de Direito da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em Regime de Dedicação Exclusiva. 
Atua na área de Ciências Sociais Aplicadas.
Vânia Siciliano Aieta
Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito 
da UERJ (PPGD-UERJ), na linha de Direito da Cidade. Doutora em Direito 
Constitucional pela PUC-SP em estágio pós-doutoral em Direito Político pela 
PUC-Rio, Mestrado em Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional pela 
PUC- Rio. Graduação em Direito pela UERJ. Líder dos grupos de pesquisa no 
CNPQ-UERJ Observatório do Direito Eleitoral, Hermenêutica Constitucional e 
Análise Transacional e Políticas Públicas e Direito da Infraestrutura; bem como 
do grupo de pesquisa internacional Constitutional Dimensions Of Political 
Parties And Political Rights. Presidente da Escola Superior de Direito Eleitoral 
(ESDEL). Editora-chefe da Revista BALLOT, projeto de extensão vinculado 
ao PPGD da UERJ, especializada em Direito Eleitoral Internacional. Publicou 
diversos livros e artigos no Brasil e no exterior. Foi palestrante no exterior 
em congresso promovido pela ONU apresentando o trabalho Womens 
Participation in the Struggle for Equality in Brazil, em Pequim, na China 
(1995), e na Noruega apresentando o trabalho Th e problem of fi nancing 
election campaigns under constitutional electoral law: raising funds and public 
accountability, em congresso promovido pelaTh e International Association 
of Constitutional Law (2014). Apresentou trabalhos acadêmicos ainda em 
Coimbra, Porto (Portugal), Havana (Cuba), Bogotá (Colômbia) e Roma, 
Florença (Itália). Além de Editora- Geral da Revista BALLOT, faz parte do 
Conselho Executivo das Revistas de Direito da Cidade e Quaestio Iuris, da 
linha de Direito da Cidade no PPGD/ UERJ. Faz parte do Conselho Editorial 
da Revista Paraná Eleitoral, onde também é parecerista, assim como também 
é parecerista da Revista de Direito Constitucional e Internacional e da Revista 
de Meio Ambiente Digital e Sociedade de Informação. Conselheira Titular da 
Seccional da OAB-RJ. Membro do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), 
do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral (IBRADE), da Academia de Direito 
Eleitoral e Político (ABRADEP). Faz parte do Instituto Latino-Americano 
de Estudos sobre Direito, Política e Democracia, do IBDC (Instituto 
Brasileiro de Direito Constitucional), da ABCD (Academia Brasileira dos 
Constitucionalistas Democratas) e da Th e International Association of 
Constitutional Law (IACL). Advogada especializada em Direito Eleitoral, 
é sócia da Siqueira Castro Advogados, coordenando nacionalmente o Setor 
Eleitoral e de Relações Governamentais. Realiza trabalho voluntário junto à 
obra social de Sua Majestade Rainha Silvia, da Suécia, colaborando com o 
Conselho Superior do Abrigo Rainha Silvia. Se comunica em inglês, francês, 
espanhol e italiano.
16
Vinicius Figueiredo Chaves
Doutorando em Direito pela UERJ, na linha de pesquisa Empresa e Atividades 
Econômicas. Mestre em Direito Público pela UNESA. Pós-graduado em Direito 
Empresarial pela FGV, com extensão em Direito Societário e Mercado de 
Capitais.
Vladimir Santos Vitovsky
Doutorando da Universidade de Coimbra, no Programa de Doutoramento 
" Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI" (2008-2013), 
organizado em conjunto pelas Faculdades de Direito e Economia, orientando do 
Professor Dr. Boaventura de Sousa Santos, mestre em Direito pela Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro (1997-1999), graduado em Direito pela 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991-1996), graduado em Economia 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991-1994). Juiz Federal Titular 
da 9ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro. Professor. Desenvolve 
atividades de ensino e pesquisa na área de Direito, com ênfase em Administração 
da Justiça, atuando principalmente nos seguintes temas: Noções Gerais de 
Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Execução Fiscal, Direito 
Civil e Empresarial, Propriedade Intelectual, Acesso à justiça, Poder Judiciário e 
Justiça Federal, Direito constitucional internacional.
Wellington Trotta
Graduação em Direito (UGF) e Filosofi a (UERJ), Mestrado em Ciência Política 
(IFCS-UFRJ), Doutorado (IFCS-UFRJ) e Pós-Doc. (IFCS-UFRJ). Atualmente 
leciona Filosofi a na UNESA, além de ser responsável pelo Núcleo de Pesquisa de 
Ciências Jurídicas e Sociais da UNESA – Cabo Frio.
Yasmin Waetge
Graduanda em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.
Sumário
Prefácio 21
Ricardo Lodi Ribeiro
Apresentação 23
Carlos Eduardo Guerra de Moraes
Para uma Revolução Democrática da Justiça 25
Boaventura de Sousa Santos
O acesso à justiça em Boaventura de Sousa Santos 47
Vladimir Santos Vitovsky
La nueva División de Poderes Frente a la Judicialización de 
la Política en el Area de la Salud: El control judicial de las 
políticas públicas de la salud en el universo de la 
discrecionalidad del Poder ejecutivo 59
Vânia Siciliano Aieta e Max Peter Schulvater
A Responsabilidade Civil do Parecerista Público 77
Mauricio Mota
Anticorruption in Brazil: how brazilian companies should 
deal with requirements of the FCPA and of the 
brazilian anticorruption ACT 85
Alberto Afonso Monteiro
Ação monitória e seus contornos no NCPC. 
Breves considerações 99
Antônio Pereira Gaio Júnior
Sobre a Responsabilidade Ética na Convivência Contemporânea 109
Vanderlei Martins
O Direito e a rosa: a questão do fundamento 125
Cleyson de Moraes Mello
Imunidades jurídico-internacionais e poder punitivo 135
Christiano Fragoso
Responsabilidade penal pela omissão de compliance 147
Abel Fernandes Gomes
Os novos horizontes jurídicos que podem nortear a interpretação
sobre os princípios da liberdade de expressão e a liberdade religiosa, 
em face do ataque terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo 159
Clayton Reis e Horácio Monteschio
A efi cácia metajurisdicional das Normas Constitucionais 175
Guilherme Sandoval Góes
Refl exões teórico-metodológicas para o estudo da utilização 
de categorias relacionadas à raça na doutrina jurídica brasileira 191
Carlos Alberto Lima de Almeida e Matheus Guarino Sant’Anna Lima 
de Almeida
Ensaios acerca de problemas conceituais em que o Estado 
é a ilusão ideológica 207
Wellington Trotta
Direitos Fundamentais dos Estados: o Estado como 
titular de Direitos Fundamentais em decorrência de sua 
condição de sujeito de Direito Internacional 223
Leonam Baesso da Silva Liziero
Elementos para (re) construção da Teoria Geral da decisão 
judicial no Processo Civil Brasileiro 235
Alexandre de Castro Catharina
Conceito de Eutanásia 247
Th iago Jordace
Breves notas sobre a pesquisa jurídica no Brasil 259
Patrícia Silva Cardoso e Tatiane Duarte dos Santos
A Audiência Pública como instrumento regulatório do 
Mercado de Capitais Brasileiro 269
Larissa Domingues Dibe e Vinicius Figueiredo Chaves
O Tribunal do Júri e os Fundamentos da Democracia Deliberativa 283 
Marcella Alves Mascarenhas Nardelli e Eurico da Cunha Neto
A infl uência do Novo Código de Processo Civil Brasileiro 
(Lei 13.105/2015) no cumprimento de sentença de obrigação 
de pagar em sede de juizados especiais (não fazendários) 297
Ubirajara da Fonseca Neto
A efetivação do acesso à Justiça por intermédio da atuação 
da Corte Interamericana de Direitos Humanos 311
Ana Mônica Anselmo de Amorim e Danielle Riegermann Ramos 
Damião
John Rawls: como é possível uma sociedade justa? 
Quais os princípios que regulam uma concepção de justiça? 327
Clara Maria C. Brum de Oliveira
Terrorismo: da difi culdade de conceituação à necessidade 
de repressão 337
Flávia Sanna Leal de Meirelles, Larissa Gabriela Cruz Botelho e 
Maíra Batista de Lara
O Reconhecimento sob a Perspectiva de Axel Honneth 
e Nancy Fraser 353
Raquel Elena Rinaldi Maciel
Transparência na administração pública 367
Sônia Guerra
Trabalho análogo ao escravo: sua defi nição à luz dos 
Direitos Humanos 379
Gleyce Anne Cardosoe e Carla Sendon Amejeiras Veloso
O confl ito dos princípios da ampla defesa e da soberania do
Tribunal do júri e aplicação da Teoria dos Princípios pelo STF 391
Estefânia de Oliveira Gonçalves
Sobre as decisões do Tribunal Penal Internacional e 
suas limitações aparentes 403
Inês Lopes de Abreu Mendes de Toledo e Carla Sendon Ameijeiras 
Veloso 
Possibilidade de indenização em caso de abandono afetivo 415
Fernando Amiel Junior, Marta Rosa Vianna Amiel e João Matheus 
Vianna Amiel
Aspectos da nacionalidade estrangeira e brasileira 435
Adriana Fernandes Carneiro
Ponderação de Direitos Fundamentais: caso Gloria Trevi 445
Julia Ribeiro Freihof, Larissa Leal Elias Lamblet, Mariana Petersen 
Alonso e Priscila Andrade Dias
Linguagem, Hermenêutica e a necessidade de 
revisitar Heidegger 455
Douglas Estevam Silva e Italo Godinho Silva
A teoria da vontade e a confi ança aplicada na interpretação 
dos negócios jurídicos 465
Yasmin Waetge
Prefácio
Caro Leitor,
Tenho a honra e a satisfação de prefaciar a presente obra intitulada “O 
Direito em Perspectiva”, livro coletivo resultado dos esforços de pesquisa de 
professores e alunos do PPGD da UERJ, bem como integrantes do corpo 
docente de outras Instituições de Ensino Superior. 
A edição do presente livro expressa a preocupação da Faculdade de Direito 
e do PPGD da UERJ no sentido de oferecerem um espaço para a discussão e o 
diálogo interdisciplinares, fato que permite ao leitor o contato com diferentessaberes e diferentes posições doutrinárias.
A obra foi coordenada pelos Professores Cleyson de Moraes Mello, 
Mauricio Jorge Pereira da Mota e Vanderlei Martins e espelha o resultado de 
pesquisas jurídicas cuidadosas e situadas nas preocupações contemporâneas e 
constitucionalizadas da Ciência do Direito.
Por fi m, sugiro ao leitor, uma apreensão refl exiva do conteúdo dos 
textos através da relação entre Direito e Filosofi a, entre a lei e a articulação de 
seus elementos discursivos de justifi cação. Pareceu-me ser esta relação a linha 
condutora implícita entre todos os artigos independentemente das temáticas 
trabalhadas.
Convidamos todos à leitura.
Dezembro de 2015.
Ricardo Lodi Ribeiro
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito da UERJ
Apresentação
A Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro fez 
80 anos em 11 de maio de 2015. Ao longo dessa profícua trajetória, formou 
operadores do Direito que, como Ministros, juristas, advogados, membros do 
Ministério Público, procuradores, magistrados e defensores públicos, atuaram e 
continuam a atuar, com sucesso, em todas as esferas que conformam a estrutura 
jurídica do nosso país.
A Faculdade de Direito da UERJ oferece ensino de graduação, pós- 
graduação, pesquisa e extensão de alta qualidade, na medida em que dispõe de 
infraestrutura acadêmica sempre atualizada e, especialmente, de quadro docente 
composto, em sua maioria, por doutores em direito.
A Faculdade de Direito da UERJ estimula a pesquisa e o espírito crítico 
investigativo dos professores e alunos conduzido pelo raciocínio refl exivo, 
fundamental para a ciência e para a formação plena do futuro bacharel.
Esta obra integra as comemorações dos 80 anos da Faculdade de Direito 
e foi organizada pelos Professores Cleyson de Moraes Mello, Mauricio Jorge 
Pereira da Mota e Vanderlei Martins.
É, portanto, com imenso prazer que entregamos à comunidade jurídica 
brasileira a presente obra O Direito em Perspectiva.
Dezembro de 2015.
Carlos Eduardo Guerra de Moraes
Diretor da Faculdade de Direito da UERJ
 Para uma Revolução Democrática 
da Justiça
Boaventura de Sousa Santos1
Refundar o ensino e a formação profi ssional
O Ensino do Direito e a formação profissional
Passo a referir outra transformação do judiciário com vista a levar a bom 
termo a revolução democrática da justiça: o ensino do Direito e a formação. A 
legitimidade do poder judicial e as garantias de independência e de autonomia 
das magistraturas judicial e do Ministério público jogam-se, num plano no seu 
recrutamento e formação. Estes vectores são progressivamente visitados por 
diversos estudos sociojurídicos, que o analisam em duas vertentes, que embora, 
distintas, são indissociáveis: por um lado, a preocupação da construção de um 
corpo profi ssional heterogêneo que surja como um espelho de diversidade de 
conhecimento e da própria diversidade, capaz de acompanhar e impulsionar 
a transformação do sistema judicial (Santos e Gomes coords), 2001b; Santos 
(coord), 2006b; Nelken, 2004); por outro, a garantia da independência 
das magistraturas face ao poder político e a concomitante necessidade de 
assegurar a construção de um corpo profi ssional emancipado e autorefl exivo, 
cujos mecanismos de consolidação de conhecimento não se resumam à mera 
reprodução da aprendizagem empírica feita durante o período de estágio 
(Épineuse: 2008; Lúcio, 2000; Carmo, 2001).
Ao longo deste livro tenho vindo a argumentar que as funções que o 
sistema judicial está a ser chamado a desempenhar e o contexto social, político 
e cultural em que os vai desempenhar estão em transformação. A despolitização 
da regularização social, o aumento das desigualdades sociais, a globalização das 
sociedades são realidades que criam um novo contexto a exigir novas funções 
à prática jurídica. É, por isso, que o ensino do direito e a formação, e muito 
especialmente a formação permanente, assume uma importância central, não 
só no aumento da efi cácia do sistema judicial como, fundamentalmente, na sua 
transformação.
O principal desafio que se coloca neste contexto é que todo o sistema 
da justiça, incluindo o sistema de ensino e formação, não foi criado para 
responder a um novo tipo de sociedade e a um novo tipo de função. O 
1 Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra 
e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-
Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Director 
do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Coordenador Científi co do 
Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
26
sistema foi criado, não para um processo de inovação, de ruptura, mas para 
um processo de continuidade e quando muito, para fazer melhor o que 
sempre tinha feito.
Estou convencido de que, para a concretização do projeto político-jurídico 
de refundação democrática da justiça, é necessário mudar completamente o 
ensino e a formação de todos os operadores de direito: funcionários, membros 
do Ministério público, defensores públicos, juízes e advogados. É necessária uma 
revolução, uma revolução que será também epistemológica que permita passar 
da monocultura da ciência jurídica para uma ecologia de saberes jurídicos?
Em relação aos profi ssionais, distingue-se entre a formação inicial e a formação 
permanente. Muitas vezes descurada no passado, a formação permanente assume 
hoje um papel fundamental, não só para actualização de conhecimentos, mas como 
instrumento de aplicação efi caz de reformas legais em curso. O pressuposto é que 
se não houver uma formação específi ca, a lei obviamente não será bem aplicada.
No âmbito de Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, além 
dos estudos que tiveram por objecto imediato precisamente a formação de 
magistrados, a necessidade de mais formação e de uma formação diferenciada 
foi reiteradamente reivindicada. Nestes estudos, a urgência de uma formação 
diferenciada é sentida, essencialmente, em três dimensões distintas:2 na relação 
directa entre formação especializada e colocação de magistrados;3 na área da 
gestão e métodos de trabalho; e4 na preparação das reformas legais.
A necessidade de adopção de políticas de colocação de magistrados 
judiciais e do Ministério Público nos juízos especializados de acordo com a sua 
própria formação especializada é repetidamente invocada em diversos estudos, 
com especial atenção nas áreas relacionadas com a infância e juventude. Veja-
se, a título de exemplo, em 2010, o estudo Entre a lei e a prática – subsídios 
para uma reforma da lei Tutelar Educativa, no Âmbito do qual se reforça a 
ideia da necessidade de se investir na formação especializada dos magistrados 
judiciais a exercer funções nos tribunais ou nos juízosde família e menores, com 
programas de formação em direito tutelar educativo, sociologia, psicologia, 
direitos humanos, etc., por forma a contactarem com perspectivas que permitam 
compreender o confl ito enquanto fenômeno social e os potenciais impactos e 
consequências das decisões proferidas5. Por seu turno, as carências de formação 
na área da gestão e métodos de trabalho são crescentemente sentidas e reportadas 
em vários estudos do Observatório Permanente da Justiça, constituindo um dos 
bloqueios organizacionais mais perniciosos na efi ciência da administração da 
justiça. A exigência de investimento nesta área é exponenciada pelas alterações 
na organização judiciária em curso.
Por último, os estudos têm ainda demonstrado a ausência de uma 
coordenação adequada entre a entrada em vigor das reformas legais e a formação 
dos vários operadores judiciários nessas matérias. As constantes alterações 
2 Ver Santos, 2000a.
3 Sobre o conceito de ecologia de saberes ver Santos, 2006a: 127-154.
4 Ver Santos e Gomes (coords), 2010a.
5 Ver Santos e Gomes (coords), 2010c.
Para uma Revolução Democrática da Justiça
27
legislativas e os curtos períodos de vacatio legis são parcialmente responsáveispor essa situação. A título de exemplo, veja-se o os resultados do projecto de 
investigação A Justiça Penal – uma reforma em avaliação, no qual mais uma vez 
se apontou a falta de formação dos aspectos dos operadores judiciários (não só 
dos magistrados) como um bloqueio à aplicação mais efi ciente da reforma penal 
e à efi ciência e qualidade do sistema e justiça penal6, ou ainda do projecto de 
investigação. A Acção Executiva em Avaliação – uma proposta de reforma, no qual 
se defendia a criação de um plano de formação e de divulgação das alterações 
legislativas, como via essencial, não só para a efi cácia dos procedimentos, mas 
também para evitar procedimentos muito heterogêneos, alguns dentro do 
mesmo tribunal e os efeitos perversos que daí decorrem, bem como para ajudar 
a compreender os objectivos da reforma, mudando práticas e rotinas instaladas7.
Temos que formar os profi ssionais para a complexidade, para os novos 
desafi os, para os novos riscos. As novas gerações vão viver numa sociedade que, como 
eu dizia, combina uma aspiração democrática muito forte com uma consciência da 
desigualdade social bastante sólida. E, mais do que isso, uma consciência complexa, 
feita da dupla aspiração de igualdade e de respeito da diferença.
O relatório do projecto “Sistema Judicial e Racismo” do Centro de Estudios 
de Justicia de las Américas, por exemplo, refere que as instituições do movimento 
negro brasileiro apontam para uma carência de formação sobre o racismo entre 
os operadores do sistema judicial. Para a grande maioria prevalece o senso 
comum da democracia racial do Gilberto Freyre8. Não há racismo, por outras 
palavras. E, portanto, assumem nas suas sentenças, o preconceito racial de se 
julgarem sem preconceito racial. Impõe-se uma outra formação que mostre que 
a sociedade brasileira, como qualquer outra sociedade envolvida historicamente 
no colonialismo (como colônia ou como colonizadora), é uma sociedade racista 
e que o racismo tem de ser reconhecido para poder ser abolido. É de saudar que 
184 anos depois da independência a sociedade brasileira chegue à conclusão de 
que a independência não foi do colonialismo e que, pelo contrário, ele continuou 
sob várias formas de colonialismo interno. O PROUNI9, as acções afi rmativas, 
6 Ver Santos e Gomes (coords), 2009a.
7 Ver Santos e Gomes (coords), 2007c.
8 Ver Sistema judicial y racismo contra afrodescendentes: Brasil, Colombia, Perú y República Dominicana: 
observacionesfi nales y recomendaciones. Centro de Estudos de Justicia de La Américas, 2004.
9 O PROUNI, Programa Universidade para Todos, está instituído na Lei nº 11.096/2005, 
de 13 de Janeiro, e consiste num programa de concessão de bolsas de estudos integrais 
ou parciais para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específi ca, 
em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fi ns lucrativos. As políticas 
de acção afi rmativa têm enfrentado muita resistência a incidência do debate no tema 
convencional da contraposição entre o acesso e a meritocracia mas também em temas 
novos como o método de reserva de vagas e as difi culdades em aplicar o critério racial 
numa sociedade altamente miscigenada. Já as medidas adotadas no âmbito do PROUNI 
têm estado envolvidas no debate entre a defesa da universidade como bem público e a 
mercantilização do ensino, sendo criticadas por não terem atacado de frente o problema 
da restrição de acesso à universidade pública, no Brasil, maioritariamente reponsáveis 
pelo ensino superior de qualidade. Neste texto, chamo a atenção para essas medidas por 
representarem um esforço meritório em combater o tradicional elitismo da universidade, 
Boaventura de Sousa Santos
28
a política de quotas, são os marcos da passagem histórica da pós-independência 
para o pós-colonialismo.
Desenhei um retrato-robot do magistrado que contrapus um novo perfi l e 
a formação que deve ser dada em função desse perfi l10. Ao desenhá-lo, certamente 
vou cometer injustiças contra muitos magistrados. Trata-se, contudo, apenas de 
um retrato robot que, naturalmente, não tem que retratar todas as situações 
gerais. E, de maneira nenhuma, retrata situações particulares. Qual é, então, a 
grande característica deste retrato? Domina uma cultura normativista, técnico-
burocrática, assente em três grandes ideias: a autonomia do direito, a ideia de 
que o direito é um fenômeno totalmente diferente de todo o resto que ocorre 
na sociedade e é autônomo em relação a essa sociedade; uma concepção restrita 
do que é esse direito ou do que são os autos aos quais o direito se aplica; e uma 
concepção burocrática ou administrativa dos processos.
Este é, digamos assim, o pano de fundo desta cultura normativista, técnico, 
técnico-burocrática. Manifesta-se de múltiplas formas:
Prioridade do direito civil e penal. Na tradição da dogmática jurídica, a 
autonomia do direito construiu-se, fundamentalmente, em relação ao direito 
civil e ao direito penal, os dois grandes ramos do direito nas faculdades. São ainda 
hoje as formas de direito que garantem, quase como num espelho, a imagem de 
autonomia do direito. Noutros ramos do direito (direito da família, do trabalho, 
ambiental, etc.) não vemos essa autonomia. A ideia de autonomia determina o 
modo de interpretar e aplicar o direito.
Cultura generalista. A segunda manifestação é a prioridade da formação 
generalista, caracterizada, basicamente, pela ideia de que só o magistrado, por 
ser magistrado, tem competência para resolver litígios, e de que, pela mesma 
razão, tem competência para resolver todos os litígios. Se a lei é o único factorna 
resolução dos litígios e o magistrado o seu intérprete fi dedigno, uma vez que 
a lei é geral e universal, a competência do magistrado também deve ser geral e 
universal. A ideia de que énecessária uma competência genérica para resolver os 
litígios está ainda hoje muito enraizada.
Desresponsabilidade sistêmica. A terceira manifestação sustenta que 
a autonomia do direito é a autonomia dos seus aplicadores, o que leva a uma 
certadesresponsabilização perante os maus resultados do desempenho do sistema 
judicial. Manifesta-se através de três sintomas fundamentais. O primeiro dá-se 
sempre que um problema no sistema nunca é visto como problema “nosso”, é 
sempre dos outros, do outro corpo, da outra instância. Transfere-se a culpa para 
fora do subsistema de que se faz parte. O segundo sintoma aparece quando os maus 
resultados são fragmentados no interior do sistema ou dos subsistemas, alienando o 
todo da responsabilidade dos partes, é o que se vê quando, com a mesma estrutura 
burocrática, no mesmo tribunal, verifi cam-se, em secções diferentes, desempenhos 
muito distintos. O terceiro sintoma, por sua vez, refl ecte-se nas difi culdades de 
forçando uma mudança de paradigma de um conhecimento universitário para um 
conhecimento pluriversitário, ver Santos, 2004.
10 Ver Santos, 2000e.
Para uma Revolução Democrática da Justiça
29
que sejam impostos consequências aos maus procedimentos, o que se manifesta 
no baixíssimo nível de acção disciplinar efectiva.
O privilégio do poder. A quarta manifestação da cultura judicial dominante é 
que, apesar de esta ser técnico-burocrática, não consegue ver os agentes do poder 
em geral como cidadãos com iguais direitos e deveres. É uma cultura autoritária 
que faz com que o poder político tenha, necessária e “compreensivelmente”, 
alguns privilégios junto da justiça. Isso signifi ca medo de julgar os poderosos, 
medo de tratar e de investigar os poderosos como cidadãos. Trata-se uma cultura 
difusa nos agentes judiciais e que se manifesta de diversas formas.
Refúgio burocrático. A quinta manifestação desta cultura é a preferência 
por tudo o que é institucional, burocraticamente formatado. São os seguintes 
os sintomas mais evidentes desta manifestação: uma gestão burocrática dos 
processos, privilegiando-se a circulação à decisão – o chamado andamento 
aparente dos processos; a preferência por decisões processuais,em detrimento 
de decisões substantivas; a aversão a medidas alternativas, por exemplo, penas 
alternativas, por não estarem formatadas burocraticamente.
Sociedade longe. A sexta manifestação desta cultura normativista técnico-
burocrática é ser, em geral, competente a interpretar o direito e incompetente 
a interpretar a realidade. Ou seja, conhece bem o direito e a sua relação com os 
autos, mas não conhece a relação dos autos com a realidade. Não sabe espremer 
os processos até que eles destilem a sociedade, as violações de direitos humanos, 
as pessoas a sofrerem, as vidas injustiçadas. Como interpreta mal a realidade, 
o magistrado é presa fácil de ideias dominantes. Aliás, segundo a cultura 
dominante, o magistrado não deve ter sequer ideias próprias, deve é aplicar a lei. 
Obviamente que não tendo ideias próprias tem que ter algumas ideias, mesmo 
que pense que não as tem. São as ideias dominantes que, nas nossas sociedades, 
tendem a ser as ideias de uma classe política muito pequena e de formadores 
de opinião, também muito pequena, dada a grande concentração dos meios de 
comunicação social. E é aí que se cria um senso comum muito restrito a partir 
do qual se analisa a realidade. Este senso comum é ainda enviesado pela suposta 
cientifi cidade do direito que, ao contribuir para sua despolitização, cria a fi cção 
de uma prática jurídica pura e descomprometida11.
Independência como auto-sufi ciência. Finalmente, a última característica 
da cultura judicial dominante é confundir independência com individualismo 
11 Neste sentido, merece ser salientada a caracterização do senso comum teórico dos 
juristas segundo Warat. “A epistemologia tradicional procura resolver, idealmente, as 
relações confl itantes entre a teoria e a práxis jurídica, ignorando, fundamentalmente, o 
valor político do conhecimento na práxis. Propõe um saber que seja puro como teoria 
e, como isso, facilita que a dita proposta seja ideologicamente recuperada, servindo 
agora para que os juristascontaminem a práxis de pureza, criando a ilusão de uma 
actividadeprofi ssionl pura. Assim, os critérios de purifi cação metodológica ganham um 
novo sentido: de uma crença vinculada a uma actividade profi ssional. Os juristas de 
ofício, apoiados na ideia de um conhecimento apolitizado, acreditam que o advogado 
é um manipulador das leis, descompromissados politicamente, um técnico neutro das 
normas”. (Warat, 1982:52).
Boaventura de Sousa Santos
30
auto-sufi ciente. Signifi ca, basicamente, uma aversão enorme ao trabalho de 
equipa; uma ausência de gestão por objectivos no tribunal; uma oposição 
militante à colaboração interdisciplinar; e uma ideia de auto-sufi ciência que não 
permite aprender com os outros saberes.
A necessária revolução nas Faculdades de Direito
O paradigma jurídico-dogmático que domina o ensino nas faculdades 
de direito não tem conseguido ver que na sociedade circulam várias formas de 
poder, de direito e de conhecimentos que vão muito além do que cabe nos seus 
postulados. Com a tentativa de eliminação de qualquer elemento extra-normativo, 
as faculdades de direito acabaram por criar uma cultura de extrema indiferença 
ou exterioridade do direito diante das mudanças experimentadas pela sociedade. 
Enquanto locais de circulação dos postulados da dogmática jurídica, têm estado 
distantes das preocupações sociais e têm servido, em regra, para a formação de 
profi ssionais sem um maior comprometimento com os problemas sociais.
Esta cultura dominante, técnico-burocrática, tem uma grande continuidade 
histórica nos nossos países. Para a substituição por uma outra, técnico-
democrática, em que a competência técnica e a independência judicial estejam 
ao serviço dos imperativos constitucionais de construção de uma sociedade mais 
democrática e mais justa, é necessário começar por uma revolução nas faculdades 
de direito. Tal tarefa será extremamente difícil, dados os poderosos interesses em 
jogo para que ela não ocorra.
Tem-se assistido a uma expansão enorme no número de faculdades de 
direito, principalmente privadas. A quantidade aqui não quer dizer qualidade, 
já que muitas instituições centraram as suas actividades apenas no ensino e, 
mesmo assim, um ensino marcado por uma prática pedagógica tradicional 
e tecnicista. Muitos cursos não têm investimento na formação pedagógica 
dos professores e não implementaram o tripé ensino, pesquisa e extensão de 
maneira satisfatória.
Quanto ao ensino, os cursos de direito estão muito marcados por uma 
prática educacional que Paulo Freire denominou de “Educação Bancária”, 
em que os alunos são “depósitos” nos quais os professores vão debitando as 
informações, que, por seu turno, devem ser memorizadas e arquivadas12. O 
aluno é um receptor passivo das informações e deverá repeti-las literalmente, 
como fora de demonstrar que “apreendeu” o conteúdo.
Em regra, o ensino jurídico até hoje praticado parte do pressuposto de 
que o conhecimento do sistema jurídico é sufi ciente para a obtenção de êxito 
no processo de ensino-aprendizagem. A necessária leitura cruzada entre o 
ordenamento jurídico e as práticas e problemas sociais é ignorada, encerrando-
se o conhecimento jurídico e, consequentemente, o aluno, no mundo das leis e 
dos códigos. As pesquisas no direito estão ainda muito centradas na descrição de 
institutos, sem a devida contextualização social.
12 Ver Freire, 1987:59.
Para uma Revolução Democrática da Justiça
31
A subversão deste quadro passa pelo investimento em propostas como 
a de pesquisa-acção, onde a defi nição e execução participativa de projectos de 
pesquisa e ensino envolve a comunidade e esta pode se benefi ciar dos estudos.13
Por estar muito centrada numa visão compensatória para com a 
comunidade circundante, a extensão nos cursos de direito também deve ser 
repensada. As actividades têm como foco, em regra, o oferecimento de palestras 
e atendimentos jurídicos, desarticulados com a realidade e as necessidades dos 
grupos sociais e afunilados numa aplicação técnica da ciência jurídica14. Uma 
extensão emancipatória assenta numa ecologia de saberes jurídicos, no diálogo 
entre o conhecimento jurídico popular e científi co, e numa aplicação edifi cante 
da ciência jurídica, em que aquele que aplica está existencial, ética e socialmente 
comprometido com o impacto de sua actividade.15
No entanto, tal formação não pode estar restrita ao estudo das normas que 
tratam dos direitos humanos, deve antes estabelecer uma relação dialógica com 
as lutas jurídicas e sociais pela cidadania e pelo reconhecimento de direitos. Uma 
aula de direitos humanos precisa ter múltiplas vozes, ou seja, dos professores 
(encarregado de organizar tal espaço), dos alunos (não como meros ouvintes, 
mas sujeitos activos) e, invariavelmente, de integrantes dos mais variados 
movimentos e organizações sociais. É de se lamentar que muitas faculdades, 
marcadas por um fascínio do apartheid social16, transformaram-se em castelo 
neofeudais, onde só podem entrar aqueles que fazem parte de seu corpo discente 
e docente. De maneira fl agrante, as faculdades de direito têm-se mostrado 
herméticas ao diálogo com os grupos sociais, bem como com outras áreas do 
saber, científi co ou não. Têm sido espaços marcados, predominantemente, pela 
ignorância ignorante, daqueles que não temo conhecimento do que ignoram, e 
menos pela douta ignorância, a ignorância daqueles que sabem que ignoram o 
que ignoram17 18.
13 Ver Santos, 2004:75.
14 Eis algumas das características da aplicação técnica da ciência: quem aplica o conhecimento 
está fora da situação existencial em que incide a aplicação e não é afectado por ela; a 
aplicação assume como única a defi nição da realidade dada pelo grupo dominante, 
escamoteia os eventuais confl itos e silencia as defi nições alternativas. Ver Santos, 1996:19.
15 Ver características da aplicação edifi cante da ciência em Santos, 1996:20.
16 Ver Santos, 2003.
17 Ver Santos, 2008:25. A ideia de douta ignorância tem suas raízes nos estudos deNicolau 
de Cusa. Assim: “A designação douta ignorância pode parecer contraditória, pois o que é 
douto é, por defi nição, não ignorante. A contradição é, contudo, aparente já que ignorar 
de maneira douta exige um processo de conhecimento laborioso sobre as limitações do 
que sabemos”.
18 Mas o processo políticoneste domínio parece ir contra a ignorância ignorante. 
 A lei nº 12.990, de 2014, estabelece um percentual de 20% para negros nos concursos 
públicos federais do Executivo. O CNJ e o CNMP ainda apreciam, sem qualquer 
conclusão, a inclusão de acções afi rmativas nos concursos para judiciário e Ministério 
Público; quanto a este último, existe parecer de comissão contra o racismo institucional 
no sentido da constitucionalidade. Qual será o impacto destas medidas nos planos de 
estudos das Faculdades de Direito.
Boaventura de Sousa Santos
32
A transformação nos cursos de direito passa também pela formação dos 
professores, uma vez que q maioria nunca teve acesso a qualquer preparação 
pedagógica. Um professor sem qualquer preparação pedagógica e sem qualquer 
refl exão crítica acerca de sua acção docente torna-se um improvisador ou, melhor 
dos casos, um especialista de ensino antidialógico, contratado para proferir 
alguns discursos semanais, que deverão ser repetidos fi elmente em provas e 
trabalhos. Esta antipedagogia asfi xiante subjaz ainda hoje à grande parte do 
ensino jurídico, não se podendo esperar dela qualquer preparação para práticas 
exigentes de cidadania e de democracia. Cabe resgatar a contribuição de Paulo 
Freire quando argumenta que nenhuma educação é neutra e que, conscientes ou 
não disso, os educadores desenvolvem suas actividades, contribuindo, em maior 
ou menor grau, para a libertação dos indivíduos ou para a sua domesticação.
É verdade que algumas faculdades de direito têm vindo a renovar-se e 
a modernizar-se mas paradoxalmente tal renovação e modernização tende a 
ocorrer ao nível das pós-graduações. Ou seja, não atinge a esmagadora maioria 
dos estudantes e, em todo o caso, será impotente para inverter vários anos de 
deformação jurídica. Onde, por exemplo, pouca ou nenhuma atenção foi dada aos 
direitos humanos, onde o direito das águas foi ensinado sem qualquer referência 
ao direito das bacias hidrográfi cas, ou onde sobre o direito de propriedade se 
ensinou apenas a velha lição individualista do código civil.
Vale a pena referir algumas experiências ensaiadas no ensino jurídico 
brasileiro que não se pode desperdiçar ou negligenciar. Em primeiro lugar, o 
país reúne uma massa de juristas notavelmente críticos, que há mais de vinte 
anos têm apontado os limites e défi cits na formação de novos operadores do 
direito, sendo José Eduardo Faria, José Gerado de Sousa Júnior, Joaquim Falcão, 
MiracyGustin Barbosa, Roberto Lyra Filho, Antônio Carlos Wolkmer e Luis 
Alberto Warat apenas alguns de seus maiores expoentes. Em segundo lugar, o 
país tem vivenciado na última década um processo de reforma do ensino jurídico 
que absorveu boa parte dessa produção crítica e que teve na edição de novas 
directrizes curriculares para os cursos jurídicos um dos seus resultados mais 
signifi cativos19.
A literatura sobre esse processo de reforma é relativamente escassa, mas 
altamente convergente20. Ela revela o protagonismo da Comissão do Ensino 
Jurídico da OAB e da então Comissão de Especialista de Ensino do Direito 
do Ministério da Educação (MEC), que se traduziu num diálogo criativo com 
personagens da academia e numa série de seminários com toda a comunidade 
directamente envolvida na produção do saber jurídico (profi ssionais, estudantes, 
professores e gestores de instituições de ensino). Desse debate amplo foram 
tirados os principais elementos da Portaria nº 1.886, de 30 de Dezembro de 1994, 
que instituiu as já mencionadas novas directrizes curriculares, posteriormente 
resgatadas pela Resolução nº 09, de 29 de Setembro de 200421.
19 A refl exão sobre a reforma do ensino jurídico no Brasil foi muito enriquecida coma 
contribuição de Fábio Sá e Silva, a quem agradeço.
20 Ver Souza Júnior, 2002, Félix, 2001 e Sá e Silva, 2007.
21 É preciso ressaltar que entre a edição da Portaria 1.886, de 30 de Dezembro de 1994, 
Para uma Revolução Democrática da Justiça
33
Sendo impossível descrever por completo todas as alterações 
proporcionadas pelas novas directrizes, é sufi ciente mencionar a introdução da 
interdisciplinaridade (com a presença de várias matérias no eixo fundamental de 
formação, no intuito de estabelecer um diálogo com factores que infl uenciam 
e são infl uenciados pelo direito, tais como a fi losofi a, a economia, a ciência 
política a sociologia entre outras); a integração entre ensino, pesquisa e extensão 
(o que confere ao ensino do direito um status verdadeiramente universitário); e a 
integração entre teoria e prática (entendida para além da prática forense).
Para auxiliar a implementação dessa agenda de princípios, foram ainda 
criados diversos instrumentos de ensino-aprendizagem, como o cumprimento de 
carga horária específi ca de estágio no núcleo de prática jurídica (uma denominação 
utilizada exactamente para contra contrastar com os antigos escritórios-modelo, 
concentrados na redacção de peças processuais); cumprimento de carga mínima 
de actividade complementares (que abrem ao aluno a oportunidade de defi nir 
os termos de sua própria formação, na sua aquisição autônoma de capacidades 
intelectuais e profi ssionais); e o trabalho de curso como requisito obrigatório 
para a graduação (a ser cumprido pela elaboração de monografi as ou outras 
formas de relatórios de investigação, que buscam incentivar a problematização 
em torno de temas, ao invés da mera compilação de textos e conceitos).
Essa breve referência à história e aos resultados objectivos do processo 
de reforma do ensino direito serve apenas para demonstrar que as amplas 
transformações nas faculdades de direito reivindicadas no âmbito de uma 
revolução democrática da justiça são, não apenas viáveis, mas também 
correspondem com os marcos político-pedagógicos que devem ser observados 
para a formação de bacharéis no Brasil. A questão que fi ca em aberto, no 
entanto, é por que, apesar de todas essas oportunidades, as escolas de direito 
no Brasil permanecem incapazes de dar o salto necessário para um modelo 
educacional socialmente mais comprometido e epistemologicamente mais 
sofi sticado.
e a homologação da Resolução nº 09, de 29 de Setembro de 2004, as novas directrizes 
curriculares estiveram ameaçadas duplamente. Primeiro, o Ministério da Educação 
postergou por várias vezes o início da sua vigência. Depois sobreveio a mudança no 
arranjo institucional do MEC, que deslocou para o Conselho Nacional de Educação a 
prerrogativa de editar directrizes curriculares. Desse processo resultou a elaboração de um 
novo texto (Parecer nº 146/02) anulando e, em alguns casos, retrocedendo nos avanços 
obtidos por meio da Portaria nº 1.886/94. Como exemplo de anulação esteve o fi m 
da obrigatoriedade na apresentação de uma monografi a de fi nal de curso e do estágio 
curricular realizado na própria instituição, factores importantes na ruptura com a lógica 
dominante do ensino do direito, tal como adiante referirei. Como exemplo de retrocesso, 
esteve a possibilidade de que o curso jurídico pudesse ser concluído em até três anos, 
uma possibilidade perturbadora para um segmento da educação superior que vem sendo 
objecto de tanta desconfi ança. Esse descompasso entre o Conselho Nacional de Educação 
e o processo (social) de reforma do ensino jurídico, afi nal só veio a ser reparado depois 
de um processo extremamente tortuoso, marcado pela impugnação judicial do Parecer nº 
146/02 e por uma posterior negociação mediada pela Associação Brasileira de Ensino do 
Direito (ABEDI).
Boaventura de Sousa Santos
34
Certamente será possível creditar essa inércia à passividade de professor, 
às barreiras organizacionais existentes tanto nas instituições privadas quanto nas 
públicas22,às razões de mercado ou mesmo à falta de interesse dos alunos, muitos 
dos quais estão a buscar o diploma em direito como um elemento suplementar 
de suas carreiras ou como requisito de habilitação para o desejado concurso 
público. Mas há também uma parcela de responsabilidade que deve ser assumida 
pela crítica sociológica ou sócio jurídica, a qual poderia envolver-se na tarefa de 
descobrir e promover alternativas ao modelo pedagógico hegemônico, operando 
nos moldes de uma autêntica sociologia das emergências. Em Portugal, a 
realidade não é muito diversa.
Nesse sentido, a revolução democrática da justiça deve passar pela 
construção de um novo campo de trabalho e estudos sobre a crise e a reforma do 
ensino do direito, cujo carácter mais exploratório e propositivo (embora nem por 
isso menos rigoroso) virá a ser precioso para a ampliação dos limites do possível 
nas escolas e estímulo dos actoresefectivamente interessados na sua renovação23.
Esta questão torna-se ainda mais pertinente quando se observa que 
existem, afi nal, experiências que resistem ao modelo hegemônico e construindo 
uma nova possibilidade de formação. Vejam-se os exemplos dos projectos “Polos 
de cidadania”, animados por Miracy Gustin Barbosa, na Universidade Federal 
de Minas Gerais, e “O Direito achado na Rua”, desenvolvido há mais de vinte 
anos na Universidade de Brasília sob a direcção de José Geraldo Sousa Júnior 
e a inspiração de Roberto Lyra Filho24. Em Portugal, veja-se o programa de 
doutoramento “Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI”, da Universidade 
de Coimbra que procura uma análise interdisciplinar do direito combinando 
as racionalidades da ciência jurídica e das restantes ciências sociais, fundado e 
coordenado durante vários anos, por José Joaquim Canotilho e por mim. No 
entanto, muitas dessas iniciativas positivas não têm sido socializadas e fi cam 
restritas à própria instituição. Esse isolamento colabora para que continue forte 
a ideia de que só há forma de conhecimento e de aprendizagem.
É necessário partir da ideia de que a dogmática jurídica é apenas um dos 
saberes jurídicos que vigoram na sociedade e de que todos merecem ser estudados 
nas faculdades para que possa avaliar do seu relativo valor. As novas faculdades 
de direito deverão pautar os seus programas pela ecologia dos saberes jurídicos25. 
A título de ilustração, não posso esquecer um episódio que se passou com uma 
assistente minha num projecto de investigação que realizei na Colômbia26. Era 
indígena e frequentava o primeiro ano da Faculdade de Direito da Universidade 
22 Sobre essas barreiras organizacionais, ver Santos, 2004.
23 Um estudo recente prosseguindo esses mesmos objectivos pode ser encontrado em Sá e 
Silva que sob a designação de uma “metodologia do ensino do direito” reclama a criação 
de “um campo complexo de pensamento e actuação que nos habilitaria a observar, analisar 
e sistematizar práticas pedagógicas transgressoras, como contributo para a ampliação dos 
limites do que fazer das instituições de ensino superior” (2007:39-40).
24 Sousa Júnior, 1987.
25 Sobre a ecologia de saberes ver Santos, 2006a: 127-154.
26 Ver Santos e García-Villegas, 2001.
Para uma Revolução Democrática da Justiça
35
Nacional da Colômbia em Bogotá. Numa aula de direito civil, em que o 
professor leccionava que a terra é um objecto de propriedade, que se compra e 
se vende, ela pediu para falar e disse: “mas, professor, na minha comunidade não 
é assim, nós não podemos possuir terra porque nós somos parte da terra, a terra 
não nos pertence, nós é que pertencemos à terra”. Ao que o professor respondeu 
rispidamente: “eu sou aqui a ensinar o código civil, não me interessavam outras 
concepções’. Ela chegou ao meu gabinete a chorar porque o conhecimento 
jurídico ofi cial que ela estava a aprender estava a torná-la ignorante a respeito 
do seu próprio direito indígena. Ao aprender o direito ofi cial, estava a esquecer 
activamente o direito indígena, e, portanto, o processo de conhecimento era 
também um processo de desconhecimento.
Penso que a educação jurídica deve ser uma educação intercultural, 
interdisciplinar e profundamente imbuída da ideia de responsabilidade 
cidadã pois só assim poderá combater os três pilares da cultura normativa 
técnico-burocrática a que fi z referência: a ideia da autonomia do direito, do 
excepcionalismo do direito e da concepção tecno-burocrática dos processos.
As Escolas da Magistratura
A criação de uma cultura jurídica democrática passa pela transformação 
das faculdades de direito, mas passa também pela transformação dos modelos de 
recrutamento e formação.
Na maioria dos países da Europa continental, o método de recrutamento 
e selecção de magistrados mais comum é o concurso público aberto a jovens 
licenciados em direito, sem experiência profi ssional, composto por provas de 
conhecimentos teóricos e técnicos, para acesso a uma fase inicial de formação 
(Oberto, 2003). Como referem Guarnieri e Pederzoli (1996), o modelo europeu 
continental, que denominam de modelo burocrático, assenta na concepção 
clássica do juiz enquanto técnico do direito, cuja legitimação advém apenas da 
sua experiência e das suas competências jurídicas. Nos sistemas continentais, a 
escolha com base no mérito é considerada como a melhor forma de assegurar 
uma seleção de qualidade e de garantir a independência da classe. A forma 
organizacional encontrada para a formação inicial de magistrados é, nos 
vários países da Europa, distinta, oscilando entre uma preparação organizada 
puramente pelos órgãos de gestão e governação das magistraturas (veja-se o caso 
de Itália), uma formação integrada entre os vários profi ssionais do direito (cujo 
caso mais emblemático é o da Alemanha) ou a institucionalização de uma escola 
de formação vocacionada para as magistraturas, normalmente dotada de alguma 
autonomia, quer do poder executivo, quer do poder judicial (como é o caso de 
França e de Portugal).
O sistema de recrutamento e seleção de magistrados instituído em 
1979, concomitantemente com a criação do Centro de Estudos Judiciais 
(CEJ)27,constituiu uma verdadeira ruptura com o passado, tendo presidido a tal 
27 Segundo Carmo, 2004, “a criação do Centro de Estudos Judiciários foi uma aposta 
Boaventura de Sousa Santos
36
mudança duas preocupações fundamentais: (a) garantir, a jusante, a adequada 
independência do poder judicial face, essencialmente, ao poder político e, a 
montante, entre os próprios profi ssionais; (b) construir um corpo profi ssional 
capaz de acompanhar e responder à transformação do sistema judicial e da 
sociedade. A busca por alcançar aqueles dois objectivos sofreu, no entanto, 
recuos, que infl uenciaram, não só a actual composição dos corpos profi ssionais 
da magistratura judicial e do Ministério Público, mas também os diferentes 
ajustamentos que se foram delineando ao longo dos tempos.
Identifi co três problemas estruturais na evolução do modelo de 
recrutamento e formação de magistrados instituído com a criação do Centrode 
Estudos Judiciários. O primeiro reporta-se à constante criação de regimes 
excepcionais de acesso às magistraturas e de formação de magistrados. Ao longo 
dos anos, foram sendo criados inúmeros mecanismos de acesso especial às 
magistraturas e de formação de magistrados. Ao longo dos anos, foram sendo 
criados inúmeros mecanismos de acesso especial às magistraturas, com diferentes 
bases de recrutamento e diferentes requisitos de formação inicial28. Estes regimes 
excepcionais, de tão frequentes, tornam-se regra e traduzem-se na própria 
negação do sistema, criando um sistema paralelo de acesso às magistraturas.
O segundo problema refere-se à constante instabilidade institucional em que 
o Centro de Estudos Judiciários tem vivido. O modelo de autonomia concebido 
legalmente tem como principal objectivo preservar a sua independência, quer 
face ao poder executivo, quer ao poder judicial. No entanto, o CEJ tem sido 
clinicamente abalado por difi culdades de relacionamentocom aqueles dois 
poderes, que não têm permitido a construção de um modelo de formação 
diferenciado.
O terceiro problema, intimamente relacionado com este, prende-se com 
a reprodução por esta escola de formação dos erros das faculdades de direito. 
Apesar de orientada para a decisão e da progressiva integração no seu plano de 
estudos de matérias de outras áreas do saber, a formação do Centro de Estudos 
Judiciários continua baseada na ideia de autonomia do direito29. Já propus que 
nas ideias de construção de um processo próprio de formação de magistrados, não 
restrito às áreas técnicas do direito; de institucionalização dessa formação; de formação 
conjunta de juízes e procuradores, e de recrutamento de jovens licenciados para ambas as 
magistraturas”.
28 Veja-se o Decreto-Lei 264/81, de 3 de Setembro, e a Lei nº 7-A/2003, de 9 de Maio, que 
permitiram a criação de cursos especiais de formação quer para magistrados judiciais, quer 
para magistrados do Ministério Público; o Decreto-Lei nº 179/2000, de 9 de Agosto, que 
permitiu a criação de cursos especiais para magistrados judiciais; e a Lei nº 47/86, de 15 de 
Outubro, o Decreto-Lei nº 23/92, de 21 de Fevereiro e a Lei nº 95/2009, de 2 de Setembro, 
que autorizam a criação de cursos especiais para magistrado do Magistério Público.
29 No plano de estudos em curso (ano de 2010/2011), está prevista, pela primeira vez, o 
tratamento de algumas matérias (violência doméstica, acidentes de viação, abusos sexuais e 
exploração e exploração sexual de menores e insolvência) de forma integrada, procurando 
abarcar as várias perspectivas do direito e de outras áreas do saber sobre uma determinada 
realidade social. Esta poderá ser uma iniciativa positiva que é necessário avaliar.
Para uma Revolução Democrática da Justiça
37
nestas escolas só 50% dos professores sejam juristas. Todos os outros devem 
vir de outras formações. Proponho, aliás, que para algumas áreas do exercício 
judicial, na seja necessária uma formação jurídica de base. Por exemplo, na área 
de família e menores poderão ser mais importantes outras formações de base que 
depois serão complementadas com formação jurídica.
A organização judiciária espartilha os casos da vida em parcelas, de acordo 
com as distintas possibilidades de enquadramento jurídico do problema. Por 
exemplo, nos casos de violência doméstica a revitimização é induzida pelo 
próprio sistema judicial, que obriga a vítima à repetição da sua história no 
processo-crime depois no processo de divórcio e depois na acção de regulação das 
responsabilidades parentais. Precisamos de magistrados que vejam determinado 
processo em toda a sua dimensão social e jurídica e que não o tratem como 
uma fatia daquilo que ele é. O desafi o que se coloca aos magistrados – e aqui 
o Ministério Público assume uma posição privilegiada – é compreender os 
fenômenos sociais existentes por trás do papel do processo.
Por outro lado, prevalece, hoje, ainda entre nós a ideia que o magistrado 
que se forma na faculdade de direito está formado para toda a vida. É um erro. 
A formação da faculdade é uma formação genérica deve ser complementada 
com formações especializadas. Por exemplo, o combate à criminalidade 
complexa ou os contratos internacionais exigem conhecimentos contabilísticos, 
conhecimentos econômicos extremamente complicados que não são adquiridos 
nas faculdades de direito. Estes conhecimentos exigem uma formação de outra 
natureza, que poderá decorrer de acordos entre o sistema judiciário e outras 
organizações da sociedade. Por exemplo, na formação dos magistrados, os 
estágios não podem ser feitos apenas em tribunais ou prisões. Devem, também, 
realizarem-se em fábricas, ONGs, movimentos sociais, em suma, em diferentes 
organizações sociais para que a sociedade possa pulsar dentro dos processos que 
aqueles magistrados irão, no futuro, analisar.
A interdisciplinaridade é importante para que o juiz possa decidir 
adequadamente as novas questões complexas, que exigem mais conhecimentos 
de outras áreas do que jurídicos. A formação de equipas auxiliares dos juízes não é 
tratada com a atenção que merece. Os profi ssionais das diversas áreas que actuam 
junto aos processos judiciais ganham a cada dia mais destaque e relevância nas 
decisões. As escolas de magistratura, os juízes e tribunais devem estar atentos a esta 
realidade. Um bom exemplo do adequado tratamento aos auxiliares dos juízes é 
acontratação de quadros de profi ssionais (como, por exemplo, contabilistas) para 
o auxílio na solução das peculiaridades dos processos judiciais.
A questão da adequação do sistema de recrutamento e formação às mutações 
socioeconômicas e ao novo contexto de exercício de funções do poder judicial 
tem sido colocada ao modelo adoptado no Brasil. A necessidade de introdução de 
reformas no sistema de recrutamento e formação dos magistrados foi concretizada, 
em parte, com a consagração da reforma constitucional do judiciário (Emenda 
Constitucional nº 45). Esta emenda modifi cou o sistema de ingresso na carreira 
da magistratura, introduzindo a exigência de três anos de actividade jurídica. Por 
Boaventura de Sousa Santos
38
outro lado, constituiu como etapa obrigatória do processo de vitalicianamento a 
participação em curso ofi cial ou reconhecimento pela Escola Nacional de Formação 
e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Para a aferição do merecimento de 
progressão na carreira estabeleceu, ainda, a frequência e aproveitamento em cursos 
ofi ciais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
Estas mutações em termos das exigências de recrutamento e progressão 
na carreira efectivaram-se com a criação da Escola Nacional de Formação e 
Aperfeiçoamento de Magistrados no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. 
Entre outros objectivos, a ENFAM actua na autorização e fi scalização dos cursos 
ofi ciais para ingresso, vitaliciamento e promoção na carreira da magistratura, 
defi nição das diretrizes básicas para a formação e o aperfeiçoamento de magistrados 
e apoio, inclusivamente fi nanceiro, às escolas da magistratura estaduais e federais 
na realização de cursos de formação e de aperfeiçoamento. 
As principais críticas que o modelo de formação tem recebido são, 
por um lado, a da inexistência de um sistema unifi cado de recrutamento e 
formação de magistrados. O actual sistema assenta em experiências particulares 
desenvolvidas no âmbito dos estados. Daí a importância da efectividade do 
papel de coordenação do sistema de formação a ser realizada pela ENFAM30. 
Por outro lado, questiona-se a composição dos órgãos directivos destas escolas, 
sendo certo que “um tipo de recrutamento e de socialização sob o controle do 
poder judiciário produza o resultado da uniformidade, da observância de linhas 
hierárquicas defi nidas, da conformação de um corpus burocrático auto-referido 
e de um tipo de ethos que venha a produzir o juiz como funcionário especial”31.
Os Tribunais e a Transformação Social
A organização judicial estruturada de forma piramidal controlada no vértice 
por um pequeno grupo de juízes de alto escalão,onde o prestígio e a infl uência 
social do juiz dependem de sua posição na hierarquia profi ssional, acaba por 
condicionar o ethos profi ssional dominante e fortalecer o espírito corporativista, 
o que, na prática, contribui para um isolamento social do judiciário.
No Brasil, tal como em Portugal depois de 1974, a passagem da ditadura 
para a democracia não implicou debates, e tão pouco pressões políticas que 
exigissem mudanças muito profundas na estrutura organizacional dos tribunais. 
Isto conduziu a um reforço da independência judicial em relação aos outros 
poderes sem a correlata discussão sobre os mecanismos de controle democrático 
da magistratura. Por outro lado, não foi questionada a independência interna, 
preservando-se um modelo burocrático de organização, com subordinação dos 
juízes à cúpula, dentro de uma estrutura em que os magistrados se concentram 
nas suas carreiras individuais e mantêm um distanciamento

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