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STEWART CLEGG MARTIN KORNBERGER TYRONE PITSIS ADMINISTRAÇÃO E ORGANIZAÇÕES SEGUNDA EDIÇÃO Uma Introdução à Teoria e à Prática C623a Clegg, Stewart. Administração e organizações [recurso eletrônico] : uma introdução à teoria e à prática / Stewart Clegg, Martin Kornberger, Tyrone Pitsis ; tradução: [coordenação de] Patrícia Lessa Flores da Cunha... [et al.] ; revisão técnica: Alexandre Perucia. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2011. Editado também como livro impresso em 2011. ISBN 978-85-7780-830-4 1. Administração. I. Kornberger, Martin. II. Pitsis, Tyrone. III. Título. CDU 658 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 324 PARTE DOIS ADMINISTRAÇÃO DE PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS Comunicação interorganizacional para co- operação Cooperação interorganizacional e redes de contatos têm se tornado cada vez mais importante para as organizações. Assim como os seres humanos, as organi- zações constroem relacionamentos que, algu- mas vezes, terminam bem, mas, outras vezes, terminam de maneira áspera. Oliver (1990: 104) destacou seis razões pelas quais as orga- nizações podem cooperar com outras organi- zações: 1 Necessidade: a cooperação pode estar ba- seada no fato de uma organização traba- lhar juntamente com outra, a fim de satis- fazer exigências legais ou regulamentares. 2 Assimetria: a cooperação pode ser impul- sionada pelo desejo de controlar ambien- tes relevantes. Um fabricante de roupas pode trabalhar de maneira muito próxima com seus fornecedores, a fim de exercitar controle e poder sobre os mesmos. 3 Reciprocidade: os interesses de duas orga- nizações podem ser mais bem alcançados quando essas organizações unem suas for- ças e formam uma aliança, em que ambas se beneficiem, tal como ocorre em uma associação comercial. CAPÍTULO SETE ADMINISTRAÇÃO DA COMUNICAÇÃO 325 4 Eficiência: obviamente, essa motivação para cooperar está baseada na ideia de melho- ria de desempenho organizacional pela co- operação. 5 Estabilidade: organizações podem coope- rar, a fim de manter um nível de estabili- dade, que, de outra forma, não seria al- cançado. 6 Legitimidade: as organizações buscam co- operar, a fim de legitimar seu próprio ne- gócio. A Shell, por exemplo, trabalha jun- tamente com Greenpeace, que, obviamen- te, ajuda a Shell a produzir a imagem de uma empresa que se preocupa e é respon- sável. Para o crescimento de redes de relaciona- mento, confiança e consenso mútuo são deci- sivos. Isso só pode ser alcançado a partir da comunicação. Duas organizações trabalhan- do juntas necessitam muita coordenação, co- operação e negociação, as quais, muitas vezes, geram conflito e coerção, que podem se ma- nifestar na comunicação e não comunicação (Irwin e More, 1994). Redes de contato de sucesso contam com comunicação gerenciada, em que dois papéis são especialmente importantes. Primeiramen- te, o elo entre a organização e o meio externo (boundary spanner): essa figura representa e comunica as metas de uma organização em seu ambiente interno e para os demais am- bientes onde a organização se faz presente, adquirindo informações externas, o que é ne- cessário para a mesma. Em segundo lugar está o elemento de interligação (interlocker): essa figura, basicamente, é um membro de duas organizações e tem como papel reforçar a per- cepção externa do primeiro elemento (boun- dary spanner) com informações que este não saberia ou não compreenderia (como, por exemplo, rumores, comentários de um orga- nização) (ver também Capítulo 8). Comunicação com stakeholders Na comunica- ção com stakeholders, as organizações utilizam diferentes canais de distribuição (TV, mate- rial impresso, rádio, Internet e, em espe- cial, eventos organiza- dos) para comunicar o que oferecem. Na medida em que pro- dutos e serviços tor- nam-se mais e mais refinados e, simultaneamente, mais semelhan- tes e substituíveis, as organizações buscam ma- neiras diferenciadas de se posicionar no mer- cado. RP, comunicação de marketing, geren- ciamento de reputação e marca são os meios organizacionais para a diferenciação. Eles co- municam o que uma organização representa – promovendo não somente seus produtos, mas, também, seus valores centrais e sua iden- tidade. Uma vez que produtos e serviços mudam rapidamente, e a diferença entre produtos ori- ginais e genéricos está cada vez mais difícil de ser reconhecida (pense no mercado de refri- gerantes do tipo “cola”, com todas as suas marcas genéricas baratas), as empresas tentam desenvolver uma identidade singular, criada pela comunicação, incluindo missão, design corporativo (cartões de visita, papéis, envelo- pes, etc.), pontos de venda, logotipos e outras atividades, tais como patrocínios. O fabricante de bebidas Red Bull, por exemplo, o maior produtor mundial de bebidas energéticas, que vende mais de um bilhão de latas por ano, promove muito a bebida em eventos de espor- tes radicais (www.redbull.com). A meta é criar a imagem de uma organização que vai além das características de seu produto. Mais preci- samente, os produtos devem ser promovidos por meio dessa imagem. Comunicação como marketing Em função de ser uma disciplina bem desen- volvida por seus próprios méritos, as pessoas do marketing não necessariamente concordam com que essa área seja parte de uma comuni- cação organizacional. Contudo, a atividade Comunicação com stake- holders diz respeito à co- municação entre uma or- ganização e outros im- por tantes segmentos (investidores/apoiado- res), como a mídia, gru- pos comunitários, sindi- catos, políticos, etc. 326 PARTE DOIS ADMINISTRAÇÃO DE PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS central do marketing – promover produtos, serviços e, por exten- são, a identidade de uma organização – é, na verdade, um exercí- cio de comunicação. Por trás das palavras “satisfazer clientes re- quer lucratividade”, esconde-se, no entanto, uma tarefa complexa e grande quantidade de pesquisa. A EasyJet, por exemplo, descobriu que as pessoas queriam voar a preços mais baratos, abrindo mão de serviços de bordo. A Body Shop descobriu que cosméticos produ- zidos de maneira ética e ambientalmente res- ponsável e de maneira sustentável, não testa- dos em animais, satisfaziam as necessidades de uma ampla base de consumidores. Uma vez identificadas, tais necessidades tornam-se o ponto de partida para realização da estratégia. Os passos iniciais são realizados dentro da empresa, a partir de algumas mentes estraté- gicas. O próximo passo é comunicar essa es- tratégia a clientes e stakeholders. Isso significa fazer as pessoas entenderem por que você ofe- rece o que oferece e por que elas devem com- prar seus produtos ou serviços. Você tem que comunicar sua proposta de venda singular a possíveis clientes. Marketing é exatamente essa comunicação. Uma ótima comunicação desen- volve-se em cinco etapas (Kotler, 2000: 552): MINICASO Comunicação da Nike Considere o exemplo da Nike. As pessoas com- pram tênis Nike, não somente em função de sua qualidade, mas também por causa do estilo atlé- tico que esses produtos promovem, do estilo de vida que as pessoas associam a eles e da dificil- mente alcançável, mas tremendamente valiosa, identidade que a Nike oferece a seus clientes; ou seja, se Shaq O’Neal ou Michael Jordan usam Nike, você também gostaria de usar, não é? Há, no en- tanto, um lado obscuro na história da Nike – não uma história de excelência, mas de exploração, de trabalho suado e de vermes na comida do refeitó- rio. Às vezes, o que é comunicado corporativamen- te não é o que é comunicado organizacionalmen- te. A breve versão da história, conforme relatado por David Boje, em seu website, é a seguinte: Enquanto clientes e pessoas que assistem esportes associam a Nike a atletas rápidos e poderosos, não é surpresa que nem todos que estejam associados à empresa sejam uma Marion Jones ou um Tiger Woods. Na verdade, alguns trabalhadores de fábrica da Nike consideram que as atividades do dia a dia, sem contar o esporte, são desafios as- sustadores. Quandovocê trabalha 60 horas por semana, produzindo tênis em uma fábri- ca na Ásia ou na América Latina, e seus ami- gos de empresa desaparecem quando pe- dem um aumento, não é tão fácil ser um es- pectador de esportes. Dois exemplos bási- cos: na Kukdong, uma empresa parceira da Nike no México, mulheres ... reivindicaram salários mais justos, ausência de vermes na comida e um sindicato próprio. Essas mu- lheres foram agredidas fisicamente, sofren- do escoriações e pancadas, por reivindica- rem direitos humanos básicos, que você e eu temos como certos. É uma história fre- quente: jovens garotas iniciam uma viagem de aventuras mágica, seduzidas por anún- cios de parceiros da Nike por melhores em- pregos, apenas para descobrir que o que mais valorizam é viver sem medo. Quando histórias como essa se tornaram públi- cas, a Nike agiu rapidamente, a fim de garantir que sua imagem não fosse muito prejudicada. Atualmente, muitas empresas que possuem fá- bricas em países em desenvolvimento cooperam com ONGs e possuem inspetores para fazer suas organizações parceiras se comportarem de ma- neira ética. ••••• O quão eficazes foram as estratégias de co- municação da Nike? Utilize a web para verifi- car os prós e contras das estratégias de co- municação da Nike. A definição mais curta de marketing é a de satisfa- zer as necessidades do cliente de modo lucrativo. CAPÍTULO SETE ADMINISTRAÇÃO DA COMUNICAÇÃO 327 1 Identificar o público-alvo: se você quer ven- der roupas, precisa identificar para quem quer vendê-las. Você pode ter como alvo homens, mulheres ou crianças. Mas essas categorias não são precisas o suficiente. Se você decide ter como alvo mulheres, tem de considerar diferentes subgrupos, como mulheres na faixa dos 14-18 anos que an- dam na moda, dos 18-24 anos que são mais independentes, mulheres de negócios na faixa dos 25-35 anos, etc. Cada público é um mercado-alvo. 2 Definir objetivos de comunicação: uma vez conhecido o seu público, você precisa de- finir o objetivo da sua comunicação: você quer que seu público conheça a sua mar- ca? Ou quer que ele venha para sua liqui- dação no próximo sábado? 3 Projetar a mensagem: dependendo do pú- blico e do objetivo, a mensagem irá di- vergir significativamente. Se você quer criar uma imagem de marca forte entre os homens apaixonados por esportes, pode decidir patrocinar futebol. Mas se você quer que as pessoas estejam presen- tes na sua liquidação, no sábado, você pro- vavelmente terá de preparar uma mensa- gem diferente! 4 Selecionar canais de comunicação: canais de comunicação incluem tradicionalmente TV, rádio e anúncios impressos; além dis- so, existem novos canais, como Internet, e-mail, SMS, blogs, etc. 5 Mensurar os resultados do processo de co- municação: finalmente, uma vez decidi- do como comunicar sua mensagem, você deve mensurar a eficácia de sua campa- nha. Campanhas online são muito po- pulares, pois é muito fácil mensurar quantos usuários específicos visitaram um site; outras atividades de comunica- ção, tais como patrocínios, são muito difíceis de quantificar: o quanto o pa- trocínio de grandes eventos esportivos muda a imagem da marca de um patro- cinador é uma questão muito difícil de responder. O marketing é uma parte da comunicação organizacional. Inclui publicidade, promoção de vendas, RP, venda pessoal e marketing di- reto. Geralmente, passa mensagens por canais de comunicação e distribuição utilizados para expor produtos (a mensagem mais forte de organizações de áreas como varejo) e canais de venda (p. ex., bancos que facilitam transa- ções). O mix de marketing é a combinação de ferramentas de marketing que uma organiza- ção utiliza para atingir suas metas. McCarthy (ver Kotler, 2000) distinguiu quatro impor- tantes categorias: produtos, preço, promoção e praça. Essas categorias formam o kit de ins- trumentos para as ferramentas de marketing e de comunicação. Conforme sugere o guru do marketing Philip Kotler: A comunicação da empresa vai além da plata- forma de comunicação específica ... A mode- lagem e o preço do produto, a cor e o formato da embalagem, a vestimenta e o comportamen- to do vendedor, a decoração do lugar e os for- mulários timbrados – todos comunicam algu- ma coisa aos compradores. Todo contato de marca passa algo, uma impressão que pode for- talecer ou enfraquecer a visão de um cliente com relação à empresa. Todo o mix de marke- ting precisa estar integrado, a fim de passar uma mensagem consistente e um posicionamento estratégico (2000: 550). O conceito de marketing integrado tornou-se mais importante, na medida em que as orga- nizações se tornaram cada vez mais voltadas para o cliente e menos centradas no produto. Por exemplo, tarifas aéreas baratas, equipes prestativas, ausência de atrasos e aeronaves lim- pas descrevem um serviço desenvolvido em torno de necessidades de cliente. Mas, para conseguir isso, você precisa integrar finanças, recursos humanos, equipe de limpeza e admi- nistração de aeroporto. A tarefa é ter a certeza de que a organização, como um todo, incluin- do seus fornecedores e sua rede de parceiros, realiza e comunica os serviços oferecidos. 328 PARTE DOIS ADMINISTRAÇÃO DE PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS A pesquisa de marketing é, geralmente, mais reativa do que pró-ativa. Akio Morita, fundador da Sony, afirma que a Sony não aten- de a mercados – ela os cria. O Walkman, por exemplo, provavelmente nunca teria sido pro- duzido se a Sony tivesse feito pesquisa de mer- cado comum. Um produto que é novo e ino- vador surpreende o cliente e cria novas neces- sidades, em vez de satisfazer velhas necessida- des. Como toda análise, a pesquisa de merca- do explica o comportamento passado e, na melhor das hipóteses, captura realidades atuais, mas inferir futuras tendências a partir do pre- sente pode ser perigoso. O Walkman, o iPod ou os blocos de anotações Post-it são exem- plos perfeitos de coisas que ninguém precisa- va, pela simples razão de que as pessoas não sabiam como usá-las ou não se davam conta do papel que esses itens poderiam ter na vida diária. O marketing moderno trabalha de manei- ra muito próxima dos clientes, tentando des- cobrir quais são suas necessidades e tentando oferecer soluções. Precisam ser criadas ligações fortes entre o cliente e a empresa. Clientes são menos manipulados e mais envolvidos, comu- nicando e compartilhando conhecimento. Fi- nalmente, marketing nada mais é que o esta- belecimento de um relacionamento entre a organização e seus clientes (McKenna, 1991: 68). A comunicação é o que nutre essa rela- ção, expressando o valor de seus produtos e serviços, a experiência que criam e, por fim, a personalidade da empresa. Em vez de comunicar os benefícios de um determinado produto, em um mercado satu- rado de mensagens semelhantes, as organiza- ções tentam, cada vez mais, criar uma ima- gem forte, duradoura e poderosa nas mentes de seus clientes em potencial. Isso permite às organizações dissociar seus produtos de sua imagem e estabelecerem-se como uma marca forte. Por exemplo, apesar de você poder não saber que roupas a Benetton vende no mo- mento, certamente sabe o que a Benetton signi- fica em termos de seu engajamento ético: Be- netton é uma marca. Comunicação como marca Olins (2000) e Hatch e Schultz (2001) iden- tificaram várias razões pelas quais criar uma marca é tão importante e fundamental para o IMAGEM 7.10 A ci- dade de Ho Chi Minh (anteriormente co- nhecida como Sai- gon, no Vietnã) à noite. Quantos des- ses luminosos são anúncios de publici- dade, promovendo produtos e serviços? Isso mostra que o marketing faz parte de nossas vidas, si- tuação tida como normal em nosso ambiente urbano! CAPÍTULO SETE ADMINISTRAÇÃO DA COMUNICAÇÃO 329 sucesso. Primeira- mente, uma marca torna a escolha mais fácil. Você provavel- mente conhece o sen- timento de estar pa- rado em frente de uma prateleira de su- permercado e de sen- tir-se completamente sobrecarregado com as informações e escolhas que precisa fazer. As economias de mercado criam alternativas que são paralisantesquando você se confronta com muitos produtos intercambiáveis, com peque- nas variações na embalagem e na informação do produto. Marcas fortes eliminam a sua ne- cessidade de ter de fazer comparações, tornan- do, assim, a escolha fácil – e, de alguma for- ma, redundante. Assim, criar uma marca é a pro- jeção consciente de uma imagem sólida própria que uma organização procura comunicar. Em segundo lugar, marcas dão consistên- cia e continuidade à vida de seu cliente. Pense naqueles milhares de produtos em um super- mercado: em vez de verificar todos os 50 ti- pos diferentes de creme dental, você precisa apenas escolher aquele com o qual está fami- liarizado. Resumindo, as marcas nos ajudam a economizar tempo e esforço, tornando as escolhas mais fáceis. Em terceiro lugar, as marcas nos ajudam a constituir nossa própria identidade e nos oferecem recursos para dizer aos outros quem somos (ou, no mínimo, o que tentamos ser). Pense em roupas. Vestir um terno Hugo Boss, óculos de sol criados pela Porsche e um Rolex diz muito sobre quem você deseja ser. O mesmo vale para moda e estilo das ruas; eles oferecem uma fonte de identi- dade. Contudo, os ícones podem ser bem di- ferentes. Por exemplo, veja se você pode iden- tificar, na Imagem 7.11, algumas das imagens comercializadas na seleção de camisetas pen- duradas no mercado e imagine o tipo de cons- trução de identidade que poderia ser associa- do com quem as usa. Em quarto lugar, marcas corporativas re- duzem custos. Em vez de comercializar cada produto separadamente, promover a marca economiza dinheiro. Veja a Sony. Independen- temente de ser uma TV, um aparelho de som ou um jogo, as pessoas associam o nome da marca Sony à qualidade. Em empresas adquiridas a partir de fu- são ou aquisição, é difícil impor novas iden- tidades e manter clientes atrelados a antigas marcas. Quando as empresas investem em negócios de risco e fracassam, a imagem negativa pode influenciar a marca e o negó- cio principal. Isso parece ter ocorrido com a empresa australiana AMP, que fez algu- mas aquisições quando foi convertida em uma sociedade com fins lucrativos, no final dos anos 1990. Por fim, ter uma marca for- te significa ser vulnerável; as pessoas olham muito de perto o que a Nike ou a Shell es- tão fazendo e, em função dessa visibilidade, qualquer mensagem negativa sobre elas é capaz de transitar rapidamente pelos jornais ou websites. Na melhor das hipóteses, as marcas tornam-se signos universais, como Coca-Cola, a marca mais reconhecida do mundo (ver Imagem 7.12). A empresa de consultoria Interbrand di- vulga todo ano um relatório das marcas mais valiosas do mundo. Em 2006, a lista foi lide- rada pela Coca-Cola, com um valor de marca de mais de US$ 65 bilhões. No caso da Coca- Cola, a marca abstrata vale mais que todo o patrimônio físico da empresa junto! Abaixo está a lista das dez marcas mais importantes do mundo: 1 Coca-Cola $ 67,5 bilhões (EUA) 2 Microsoft $ 59,9 bilhões (EUA) 3 IBM $ 53,4 bilhões (EUA) 4 General Electric $ 50 bilhões (EUA) 5 Intel $ 35,6 bilhões (EUA) 6 Nokia $ 26,5 bilhões (Finlândia) 7 Disney $ 26,4 bilhões (EUA) 8 McDonald’s $ 26 bilhões (EUA) 9 Toyota $ 24,8 bilhões (Japão) 10 Malboro $ 21,1 bilhões (EUA) Fonte: Interbrand Uma definição simples descreve uma marca como a imagem de uma organização, que é cria- da por meio de um pro- jeto (p. ex.: nome, publi- cidade, logotipo, etc.), seu comportamento (p. ex.: funcionários) e seus produtos e serviços. 330 PARTE DOIS ADMINISTRAÇÃO DE PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS IMAGEM 7.11 Rostos nas camisetas. Uma marca expressa o que é uma organi- zação e quem ela é. Não é apenas uma ques- tão de aparência – onde uma embalagem ele- gante promove um produto cujos custos reais são uma fração do preço de venda, ou envolve velhas ideias em novas embalagens –, mas uma questão de formas de comunicar o conteúdo da empresa. Pense na Vodka Absolut. Sua ima- gem como uma empresa jovem, sofisticada e chique não deriva de seu produto, mas seus produtos são desenvolvidos em função de seu estilo. Vodca é vodca, alguém poderia dizer, mas a Absolut transformou seu produto em uma marca singular, reconhecível e de suces- so, como um ícone que inspira pessoas. Ela é brilhante, peculiar, iconoclasta e bacana. Como afirma Holt (2003), ícones são mitos encapsulados que dão vida a produtos. A Nike, por exemplo, não está apenas no negócio de venda de tênis – o que é, meramente, um veí- culo para uma história –, pois seus produtos contêm o mito da conquista individual atra- vés da perseverança. Nesse jogo, os produtos são apenas um meio para revelar o mito cor- porativo e oferecer uma história que os clien- tes apreciam. Criar uma marca tem a ver com interagir com o público e comunicar com sua organi- zação, seus valores e sua contribuição à socie- dade. A Benetton, além de lançar campanhas IMAGEM 7.12 Você quer uma Coca assim? CAPÍTULO SETE ADMINISTRAÇÃO DA COMUNICAÇÃO 331 que a tornaram uma das empresas mais reco- nhecidas do mundo, conta com uma revista chamada Color, dedicada a questões como es- cravidão, prisões e refugiados. A Color é tra- duzida para muitas línguas e vendida em mais de 60 países. Analisa temas e faz as pes- soas se conscientizarem de problemas mar- ginalizados. Fazendo isso, a Benetton posi- ciona-se, não apenas como fabricante de roupas, mas também como uma organiza- ção socialmente responsável, preocupada com questões sociais. Criar uma marca de sucesso envolve clientes e cria um relacionamento entre esses clientes e a empresa A The Body Shop é um excelente exemplo de criação de marca. Anita Roddick, fundadora da The Body Shop, criou uma identidade de marca forte, em torno da noção de uma filosofia de lu- cros com princípios. A empresa protesta contra a testagem em animais, ajuda países do Tercei- ro Mundo, apoia o movimento das mulheres, para mencionar apenas algumas de suas muitas ati- vidades (Joachimsthaler e Aaker, 1997). Isso ex- pressa claramente os valores da empresa e mo- tiva, de maneira consistente e simultânea, os membros da equipe. A Benetton, por outro lado, teve problemas com sua estratégia de marca. Quando a Benetton começou a fazer anúncios usando imagens de pessoas soropositivas em seus outdoors e levantou outras questões polê- micas, sem dúvida, criou consciência de marca, mas falhou ao ligar essa consciência ao seu ne- gócio – vender roupas. Ao contrário, alienou o mercado-alvo e os varejistas (Joachimsthaler e Aaker, 1997). MOMENTO PARA EXERCITAR Pense em uma marca que você tenha comprado e gostado. Quais foram as razões? Liste-as. Agora, pense em uma marca que você comprou e não gostou. Quais foram as razões? Liste-as. Compare suas anotações com as de seus cole- gas. Vocês identificaram marcas e pontos positi- vos e negativos similares? Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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