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Rebeca Woset PIGMENTAÇÕES PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS Podem ser: (1) derivadas da hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina, hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico); (2) melanina; (3) ácido homogentísico; (4) lipofuscina. PIGMENTAÇÕES DE HEMOGLOBINA PIGAMENTOS BILIARES O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), um pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. Aumento na produção de Bb ou defeito hepático na remoção do pigmento da circulação resultam na elevação de seu nível no sangue (hiperbilirrubinemia) e em um sinal clínico muito importante, a icterícia, que se caracteriza por deposição do pigmento na pele, esclera e mucosas. Além disso, o aumento na excreção de Bb na bile por doenças hemolíticas crônicas favorece a formação de cálculos pigmentares, constituídos principalmente por bilirrubinato de cálcio. O conhecimento do metabolismo da Bb é importante para se compreender a etiopatogênese das hiperbilirrubinemias. A produção e a excreção da Bb podem ser divididas em: (1) formação da Bb; (2) transporte no sangue; (3) captação e transporte nos hepatócitos; (4) conjugação com o ácido glicurônico; (5) excreção nas vias biliares. HEMOSSIDERINA A ferritina é formada pela associação da apoferritina com o ferro. A apoferritina é formada por dois tipos de subunidades, denominadas cadeias H (de heavy = pesado) e L (de light = leve), que formam um envoltório globular que circunda uma cavidade capaz de armazenar até 4.500 moléculas de ferro. A cadeia H possui um sítio capaz de se ligar ao ferro, com atividade enzimática ferroxidase, a qual converte o ferro do estado ferroso (Fe2+) para o estado férrico (Fe3+), menos tóxico para as células. A cadeia L contribui para a incorporação do metal no centro da estrutura proteica e para a mineralização do ferro, além de estabilizar a armazenagem deste por longos períodos. Além de armazenar ferro, a ferritina mantém esse metal sequestrado em forma oxidada, controlando sua atividade pró-oxidante formadora de radicais livres de oxigênio. Ferritina está no citoplasma em forma de micelas. Quando há excesso de ferro, micelas de ferritina se agregam e formam a hemossiderina. A hemossiderina aparece como grânulos intracitoplasmáticos grosseiros, castanho-escuros ou amarelo-dourados. A deposição excessiva de hemossiderina nos tecidos (hemossiderose) pode ser localizada ou sistêmica. Hemossiderose localizada é encontrada em hemorragias, em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos 24 a 48 h após o início do sangramento. A transformação de hemácias em hemossiderina na área de hemorragia pode ser evidenciada macroscopicamente nas contusões cutâneas, um a três dias depois de sua ocorrência. Logo após um traumatismo, a hemorragia aparece como uma área vermelho-azulada ou negro-azulada, devido à hemoglobina desoxigenada. Com o início da degradação da hemoglobina e formação de biliverdina e Bb, a pele adquire tonalidade verde- azulada a amarelada e, finalmente, com a formação de hemossiderina, cor ferruginosa ou amarelo-dourada. A cor ferruginosa ou amarelo- dourada pela deposição de hemossiderina e hematoidina pode ser vista também em hemorragias em outros órgãos. Hemossiderose sistêmica ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas e após transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e, mais esparsamente, nos da derme, pâncreas e rins. A longo prazo, pode haver Rebeca Woset PIGMENTAÇÕES deposição de hemossiderina no fígado, pâncreas, coração e glândulas endócrinas. MELANINA Existem dois tipos de melanina: a eumelanina, insolúvel, de cor castanha a negra, com ação fotoprotetora e antioxidante, e a feomelanina, solúvel em solução alcalina, de cor amarela a vermelha, igualmente com efeito antioxidante. A melanina é sintetizada pelos melanócitos. biossíntese da melanina (melanogênese) inicia-se a partir da tirosina. LIPOFUSCINA Lipofuscina aparece como grânulos intracitoplasmáticos, pardo-amarelados, autofluorescentes. A lipofuscina contém principalmente proteínas e lipídeos na proporção de 30 a 70% e 20 a 50%, respectivamente, que formam polímeros não degradáveis originados da degradação oxidativa de várias macromoléculas celulares (proteínas glicadas, com ligações cruzadas entre as moléculas, fosfolipídeos, ácidos graxos, colesterol e metais). Parece que a lipofuscina seja formada por peroxidação de material previamente autofagocitado e acumulado em lisossomos. Lipofuscina acumula-se com o passar do tempo, em razão de que os processos responsáveis por sua formação e em acúmulo (autofagia e produção de moléculas de oxigênio reativas) ocorrem ao longo da vida. Com o avançar da idade, a lipofuscina deposita-se especialmente em células pós-mitóticas como neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas e epitélio pigmentar da retina. Os órgãos afetados pelo acúmulo de lipofuscina sofrem redução volumétrica e ponderal e adquirem coloração parda.
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