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Legislação Marítima, Aduaneira e Portuária livro

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Indaial – 2020
LegisLação MarítiMa, 
aduaneira e Portuária
Prof. José Geraldo Lamim
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. José Geraldo Lamim
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L231l
 Lamim, José Geraldo
 Legislação marítima, aduaneira e portuária. / José Geraldo 
Lamim. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 191 p.; il. 
 ISBN 978-65-5663-062-5
1. Legislação marítima. – Brasil. 2. Legislação portuária. – Brasil. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 382.0981
aPresentação
Prezado acadêmico! O comércio internacional brasileiro tem apresen-
tado números expressivos de crescimento e desenvolvimento nestes últimos 
anos, transformando o país não apenas em uma nação exportadora de com-
modities, mas também de uma ampla gama de produtos acabados, manufa-
turados, com tecnologia e design que vem conquistando novos mercados e 
novos consumidores mais exigentes.
Este crescimento no setor internacional, além de produtos, demanda 
também uma necessidade de mais profissionais preparados para atuar e auxi-
liar as empresas nesta tarefa, nem sempre tão simples, pois exige conhecimen-
tos e habilidades técnicas para proporcionar um assessoramento adequado às 
empresas e fazer que seus produtos sejam entregues aos mercados consumi-
dores internacionais com qualidade, agilidade e dentro das rígidas normas de 
transporte e legislação nacional e internacional.
Desta forma, caro acadêmico, na disciplina Legislação Marítima, Adu-
aneira e Portuária, estudaremos os principais conceitos da legislação nacional 
e internacional, bem como seus órgãos reguladores com a finalidade de pro-
porcionar os conhecimentos e habilidades necessárias para auxiliar as empre-
sas em sua tarefa de explorar novos mercados ou ainda aumentar a sua parti-
cipação de forma consistente nos países onde já possuem participação.
A Unidade 1 explorará os conhecimentos relativos aos conceitos ini-
ciais da Legislação Marítima, Aduaneira e Portuária, principalmente, a for-
ma como a estrutura de comércio exterior nacional está formalizada. Com o 
aumento da participação das empresas brasileiras no mercado internacional, 
conforme comentado anteriormente, essa estrutura também vem se modifi-
cando ao longo dos últimos anos para propiciar um maior controle e também 
segurança nas transações internacionais. O governo brasileiro através de sua 
equipe de comércio internacional, vem aprimorando e modernizando estes 
controles, através da informatização e também da reestruturação de seus ór-
gãos intervenientes no comercio internacional. Estudaremos detalhadamente 
cada um destes órgãos e seu papel em fomentar e auxiliar de forma segura e 
consistente as empresas que já têm sua participação internacional ou aquelas 
que estão iniciando seus estudos para começar a exportar. Veremos também 
os conhecimentos relativos à classificação fiscal das mercadorias, sua finalida-
de e particularidades, além de adquirir conhecimentos sobre contratos inter-
nacionais de compra e venda.
A partir da Unidade 2 e com os conhecimentos adquiridos anterior-
mente, apresentaremos uma etapa de grande importância para que os futu-
ros exportadores e importadores possam compreender melhor como funciona 
o controle aduaneiro exercido pelo Estado, bem como a sua importância no 
sentido de dar credibilidade e mais segurança as operações internacionais. 
Esta forma de controle foi estruturada de forma que todas as operações, in-
dependentemente de tipo, tamanho de empresa ou local onde ela efetua suas 
operações, tenham um controle efetivo do governo, evitando, desta forma, as 
operações irregulares que prejudicam a imagem não somente do país, mas 
da comunidade empresarial. Estudaremos também os Regimes Aduaneiros 
Especiais e como podem ser utilizados para redução de carga tributária e faci-
litação de algumas operações específicas, que podem proporcionar mais agi-
lidade e redução no custo final do produto importado ou exportado. Além 
destes regimes, os aspectos sobre valoração aduaneira que são considerados 
principalmente para o cálculo dos produtos importados e como o governo 
determina a sua classificação fiscal.
Na Unidade 3, nós trataremos especificamente da Legislação Marítima 
e Portuária. Estudaremos sobre a evolução histórica da exploração portuária 
e o importante papel de controle exercido pelo governo como regulador da 
infraestrutura aquaviária a qual interfere diretamente nas operações logísticas 
do comércio internacional. Os locais ou estruturas utilizadas na movimenta-
ção de produtos destinados ao mercado internacional tem um funcionamento 
e uma regulamentação própria e como envolve movimentação de produtos e 
divisas, requerem também um controle específico, mesmo porque, todos os 
países que participam do comércio internacional, seguem regras rígidas de 
controle definidas pelos organismos reguladores internacionais.
Boa leitura e bons estudos!
Prof. José Geraldo Lamim
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, 
 ADUANEIRA E PORTUÁRIA ................................................................................ 1
TÓPICO 1 — INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO 
 EXTERIOR BRASILEIRO ............................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO .............. 4
2.1 RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB) ...................................................................................... 5
 2.1.2 Controle governamental .......................................................................................................7
2.2 SECEX – SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................. 10
2.3 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL .............................................................................. 11
2.4 MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES – MRE ............................................................ 13
2.5 CAMEX – CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR ................................................................. 14
3 SISCOMEX .......................................................................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 24
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS ................................................ 27
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27
2 CONCEITO DE NOMENCLATURA ............................................................................................. 27
3 SISTEMA HARMÔNICO DE CODIFICAÇÃO/IDENTIFICAÇÃO DE MERCADORIAS 30
4 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OUTRAS ..................................... 34
4.1 NOMENCLATURA DE VALOR ADUANEIRO E ESTATÍSTICA (NVE) ............................ 36
4.2 NOMENCLATURA SIMPLIFICADA PARA A CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA .. 37
4.3 PENALIDADES RELATIVAS À DESCRIÇÃO INCOMPLETA OU 
 CLASSIFICAÇÃO INEXATA ...................................................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 45
TÓPICO 3 —CONTRATOS INTERNACIONAIS: GARANTIAS, CONTRATOS DE 
 COMPRA E VENDA .................................................................................................... 47
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47
2 GARANTIAS ...................................................................................................................................... 47
3 CONTRATOS DE COMPRA E VENDA ....................................................................................... 49
3.1 CONTRATO DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL .................................................. 50
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 52
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56
UNIDADE 2 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, 
 ADUANEIRA E PORTUÁRIA .............................................................................. 59
TÓPICO 1 — CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA .............................. 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 JURISDIÇÃO ADUANEIRA ........................................................................................................... 61
2.1 RECINTOS ALFANDEGADOS .................................................................................................. 64
 2.1.1 Porto Seco .............................................................................................................................. 67
 2.1.2 Controle aduaneiro de veículos ......................................................................................... 68
 2.1.3 Controle aduaneiro de mercadorias e despacho aduaneiro .......................................... 69
 2.1.4 Controle aduaneiro sobre importadores e exportadores ............................................... 70
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75
TÓPICO 2 — REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 ISENÇÃO DE IMPOSTOS .............................................................................................................. 78
3 IMUNIDADE ..................................................................................................................................... 79
4 ALÍQUOTA ZERO ............................................................................................................................. 80
5 EX-TARIFÁRIO .................................................................................................................................. 81
6 DRAWBACK ...................................................................................................................................... 82
6.1 DRAWBACK SUSPENSÃO ......................................................................................................... 83
6.2 DRAWBACK ISENÇÃO ............................................................................................................... 83
6.3 DRAWBACK RESTITUIÇÃO ...................................................................................................... 84
7 ENTREPOSTO ADUANEIRO ........................................................................................................ 84
7.1 OPERACIONALIZAÇÃO DO ENTREPOSTO ADUANEIRO .............................................. 85
8 ADMISSÃO TEMPORÁRIA ........................................................................................................... 85
9 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA ...................................................................................................... 86
10 TRÂNSITO ADUANEIRO ............................................................................................................. 87
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93
TÓPICO 3 —VALORAÇÃO ADUANEIRA ..................................................................................... 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95
2 HISTÓRICO ........................................................................................................................................ 95
3 PRINCÍPIOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ........................................................................ 101
4 MÉTODOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ........................................................................... 103
5 PARCELAS ACRESCIDAS AO VALOR ADUANEIRO .......................................................... 112
6 VALORES EXCLUÍDOS DO VALOR ADUANEIRO ............................................................... 113
7 NÃO APLICAÇÃO DO ACORDO DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ................................. 113
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................123
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124
UNIDADE 3 —LEGISLAÇÃO MARÍTIMA E PORTUÁRIA .................................................... 127
TÓPICO 1 —DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO ................................................. 129
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129
2 DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO ...................................................................... 130
 2.1 DOMÍNIO PÚBLICO AQUAVIÁRIO ................................................................................... 131
 2.2 NOÇÕES SOBRE PORTO ........................................................................................................ 132
 2.3 TERMINAIS PORTUÁRIOS ................................................................................................... 133
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141
TÓPICO 2 — A REGULAÇÃO DA INFRAESTRUTURA AQUAVIÁRIA .............................. 143
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143
2 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – ANTAQ ......................... 143
3 CAP (CONSELHO DE AUTORIDADE PORTUÁRIA) ............................................................ 148
4 ÓRGÃO GESTOR DE MAO DE OBRA – OGMO .................................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156
TÓPICO 3 — DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA PORTUÁRIA ............................................. 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157
2 A INFLUÊNCIA SINDICAL NA ATIVIDADE PORTUÁRIA ................................................ 157
3 FUNÇÕES DOS TRABALHADORES PORTUÁRIOS ............................................................ 170
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 173
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 177 
1
UNIDADE 1 —
CONCEITOS INICIAIS DE 
LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA 
E PORTUÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• conhecer quais são as instituições intervenientes no comércio exterior 
brasileiro;
• perceber o papel que as instituições desemprenham na cadeia de exporta-
ção e importação;
• entender como funciona o Sistema de Comércio Exterior – SISCOMEX e 
como a implementação mudou a forma como exportadores e importado-
res realizam suas operações;
•	 entender	como	funciona	o	sistema	de	Classificação	Fiscal	e	suas	implica-
ções na tributação dos produtos;
•	 identificar	quais	são	as	garantias,	direitos	e	deveres	inerentes	aos	Contra-
tos Internacionais.
Esta	 unidade	 está	 dividida	 em	 três	 tópicos.	 Ao	 final	 de	 cada	 um	 deles,	
você	encontrará	atividades	que	proporcionarão	auxílio	na	aprendizagem	e	
fixação	dos	conhecimentos	adquiridos.
TÓPICO 1 – INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO 
 EXTERIOR BRASILEIRO
TÓPICO	2	–	CLASSIFICAÇÃO	FISCAL	DE	MERCADORIAS
TÓPICO	3	–	CONTRATOS	INTERNACIONAIS:	GARANTIAS,
	 CONTRATOS	DE	COMPRA	E	VENDA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO 
COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
1 INTRODUÇÃO
A atividade de comércio internacional tem sido uma das responsáveis 
pelo crescimento econômico do país e também pela continuidade de várias em-
presas,	que	visualizaram,	na	atividade	internacional,	uma	grande	oportunidade	
para	enfrentar,	não	somente	as	crises	do	mercado	doméstico,	como	também	ex-
pandir	suas	atividades	e	solidificar	sua	posição	no	mercado.
Para	que	uma	empresa	possa	ingressar	nesse	mercado	com	segurança,	são	
imprescindíveis	um	planejamento	e	uma	preparação	adequada,	pois	o	comércio	
internacional,	difere	em	vários	aspectos	do	mercado	local.	São	muitas	particulari-
dades	e	controles	a	serem	observados	para	que	as	operações	internacionais	gerem	
não	somente	lucro,	mas	também	uma	satisfação	e	um	crescimento	contínuo	na	
atividade empresarial.
 
A atividade internacional vem apresentando números robustos em ter-
mos de crescimento das transações de compra e venda dos mais variados pro-
dutos.	Vale	ressaltar	que	a	evolução	dos	meios	de	comunicação,	principalmente,	
a	internet,	abriu	novas	portas	e	novos	leques	para	efetuar	essas	transações.	Con-
forme	Barbosa	(2004,	p.	16),	“o	principal	motivo	que	conduz	uma	empresa	a	se	
prepara	para	entrar	na	competição	global	seja	 justamente	o	de	melhorar	o	seu	
desempenho	geral	e	potencializar	o	seu	crescimento”.
 
Assim	 como	 no	 Brasil,	 os	 principais	 players	 do	 comércio	 internacional,	
adotam	rígidos	controles	para	controlar	o	fluxo	contínuo	financeiro	e	de	merca-
dorias	que	são	negociadas	todos	os	dias,	ininterruptamente.
Como estamos falando sobre comércio internacional como uma forma de 
estratégia das empresas para expansão de suas atividades, uma boa dica de leitura é o livro 
COMPETIÇÃO ON COMPETITION, Porter, Michael E. Capitulo 1.
DICAS
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
4
Nesta	primeira	unidade,	nós	estudaremos	mais	detidamente	a	estrutura	e	
os	órgãos	governamentais	envolvidos	nestes	controles.	É	de	fundamental	impor-
tância	conhecer	e	saber	a	qual	deles	se	reportar	para	verificar	as	particularidades	
dos	produtos	a	serem	importados	ou	exportados,	evitando-se,	desta	forma,	sur-
presas	desagradáveis	que	podem	encarecer	o	custo	da	operação	ou	até	inviabili-
zar	o	negócio.
Além	desses	órgãos,	estudaremos	também	o	sistema	de	classificação	de	
mercadorias	e	como	esta	classificação	influencia	diretamente	a	identificação	do	
produto e sua respectiva alíquota para tributação.
Complementando	os	conhecimentos	adquiridos,	teremos	também	a	opor-
tunidade de conhecer um pouco dos aspectos relacionados aos contratos interna-
cionais,	responsabilidades,	garantias	e	demais	aspectos	relacionados	à	compra	e	
venda de produtos para o mercado externo.
2 INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR 
BRASILEIRO
Conforme	 comentamos	 anteriormente,	 o	 nosso	país	 vem	passando	por	
profundas	mudanças	políticas	e	econômicas,	principalmente,	voltadas	ao	merca-
do	internacional.	Com	o	recrudescimento	do	mercado	doméstico,	muitas	empre-
sas	viram	no	mercado	internacional	grande	oportunidade	não	somente	para	con-
tinuar	atuando	no	mercado,	bem	como	expandir	sua	participação	e	conquistar	
novas	fronteiras.	Desta	forma,	a	empresa	consolida	sua	posição	e	adquire	novos	
conhecimentos	para	aproveitar	melhor	 sua	estrutura	e	diversificar	 sua	área	de	
atuação.
Para	tanto,	o	conhecimento	sobre	o	funcionamento	da	estrutura	interna-
cional	e	seus	respectivos	órgãos	é	imprescindível	para	o	sucesso	de	suas	opera-
ções.	O	objetivo	da	gestão	estratégica	de	uma	empresa	visaà	maximização	da	
rentabilidade	do	capital	investido	e	à	minimização	dos	riscos	(LUDOVICO,	2007).
A estrutura do comércio exterior brasileiro é descentralizada e formada 
por	uma	série	de	órgãos	encarregados	de	definir	as	políticas	e	diretrizes	para	o	
desenvolvimento	do	comércio	internacional.	Cada	um	dos	seus	órgãos	possui	um	
papel	bem	definido	e	tem	uma	atuação	bastante	presente	na	área	internacional.	
Assim,	importadores	e	exportadores	têm	acesso	à	informação	irrestrita	e	apoio	a	
questões	ligadas	às	áreas	especificas	em	que	atuam.
Veremos,	 a	 seguir,	 quais	 são	 esses	órgãos,	 suas	 atribuições,	 estrutura	 e	
como	podem	auxiliar	nas	tarefas	de	importação	ou	exportação	de	cada	empresa,	
independentemente	de	produto,	área	de	atuação,	tamanho	ou	outros	aspectos.
 
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
5
2.1 RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB)
A	Receita	Federal	do	Brasil,	além	de	exercer	um	papel	fundamental	no	co-
mércio	exterior	do	país,	tem	como	atribuição	principal	a	fiscalização	das	importa-
ções	e	exportações	de	mercadorias	e	também	dos	serviços,	arrecadando	os	impos-
tos e direitos aduaneiros incidentes sobre a entrada de mercadorias no País. Este 
órgão	está	presente	em	todo	o	território	nacional,	principalmente,	nos	locais	ou	re-
cintos	alfandegados,	de	que	trataremos	posteriormente,	auxiliando,	principalmen-
te,	no	controle	de	entrada	e	saída	de	todos	os	produtos	movimentados	no	território	
nacional.	Desta	forma,	o	órgão,	além	do	controle,	não	só	o	garante,	mas	também	a	
credibilidade necessária aos participantes da cadeia de comércio internacional.
Além	do	território	nacional,	a	Receita	Federal	brasileira	também	atua	em	
conjunto	com	outros	organismos	fiscalizados	internacionais	como	a	OMA	(Orga-
nização	Mundial	das	Aduanas)	desempenhando	um	papel	fundamental,	princi-
palmente,	no	combate	ao	contrabando	e	tráfico	de	drogas.
Esta	forma	de	cooperação	garante	ações	e	respostas	mais	rápidas	ao	com-
bate	dos	ilícitos	aduaneiros,	não	somente	às	questões	de	contrabando	e	drogas,	
mas	também	às	operações	de	evasão	de	divisas	que	lesam	o	Estado.
A	Receita	Federal	também	desempenha	um	importante	papel	na	adminis-
tração	dos	tributos	de	competência	da	União,	notadamente	sobre	aqueles	inciden-
tes	no	comércio	exterior,	foco	principal	de	nosso	estudo.	Tais	tributos	são	essenciais	
para	a	arrecadação	das	contribuições	sociais	do	Brasil,	tendo	em	vista	que	o	volume	
arrecadado	representa	uma	parcela	significativa	do	total	arrecadado	no	país.
Sua	atuação	também	alcança	o	poder	executivo	federal,	pois	tem	papel	na	
formulação	da	política	tributária	brasileira.	Quando	pensamos	em	Receita	Fede-
ral,	normalmente	imaginamos	apenas	apreensão	de	mercadorias,	contrabando	e	
tráfico	de	drogas,	entretanto,	a	Aduana	tem	um	papel	bem	mais	amplo,	inclusive	
no	combate	ao	descaminho,	pirataria,	fraude	comercial,	tráfico	de	pessoas	e	ani-
mais e vários outros atos ilícitos voltados ao comércio internacional.
Seguem	as	principais	competências	da	Receita	Federal	(RECEITA,	2019,	s.p.).
• controle e administração dos tributos incidentes no mercado doméstico e também dos 
impostos	devidos	no	comércio	exterior,	notadamente	nas	operações	de	importação;
• gerenciamento,	controle	e	execução	dos	processos	e	atividades	que	envolvem	a	
área	 estratégica	de	 arrecadação,	 lançamento	de	ofício,	 cobrança	 administrativa,	
fiscalização,	pesquisa	e	investigação	fiscal	e	controle	da	arrecadação	administrada	
pelo Estado;
• gerenciamento	e	execução	dos	serviços	específicos	de	administração,	fiscalização	e	
controle da área aduaneira e internacional;
• força	tarefa	para	repressão	aos	ilícitos	aduaneiros	como	descaminho,	contrabando,	
tráfico	de	drogas	e	pessoas	e,	dentro	do	limite	legal	da	sua	alçada	ou	área	de	atuação;
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
6
• levantamento	de	dados	para	a	preparação	e	o	e	julgamento,	em	primeira	instância,	
dos	processos	administrativos	de	determinação	e	exigência	de	créditos	tributários	
devidos a União;
• estudos constantes e atualizados de forma cada vez mais dinâmica e informatizada 
para	a	interpretação,	aplicação	e	elaboração	de	propostas	para	o	aperfeiçoamento	e	
modernização	da	legislação	tributária	e	aduaneira	federal;
• apoio	legal	e	administrativo	para	formulação	de	políticas	tributárias	e	aduaneiras	
para	direcionar	ações	gerenciais	da	área	governamental;
• formulação	 e	 apoio	 técnico	 e	 administrativo	para	dar	 subsídios	 à	 elaboração	do	
orçamento de receitas oriundas da arrecadação e benefícios tributários da União 
concedidos as empresas participantes das atividades de comercio nacional e 
internacional;
• aproximação	e	novas	formas	de	buscas	a	interação	e	integração	com	o	cidadão	por	
meio	dos	novos	e	diversos	canais	de	atendimento,	presencial	ou	a	distância	através	
da	web	e	aplicativos	voltados	as	empresas	e	aos	cidadãos	em	geral;
• apoio	às	ações	voltadas	para	a	educação	fiscal	para	o	exercício	da	cidadania	através	
de	palestras	e	material	divulgado	principalmente	via	web	para	qualquer	cidadão;
• participação	ativa	na	formulação	e	gestão	da	política	de	informações	econômico-fiscais;
• formulação	de	programas	específicos	para	a	promoção	da	integração	com	órgãos	
públicos	 e	 privados	 afins,	 melhorando	 e	 estreitando	 o	 seu	 relacionamento,	
mediante	 convênios	para	 troca	de	 informações,	 novos	métodos	 e	 técnicas	para	
uma	ação	fiscal	mais	eficiente,	bem	como	a	racionalização	de	atividades,	inclusive	
com	a	delegação	de	competência;
• participação	e	atuação	na	cooperação	internacional	e	na	negociação	e	implementação	
de acordos internacionais em matéria tributária e aduaneira através na participação 
de acordos de comércio internacional.
Para	que	a	Receita	Federal	possa	desempenhar	todos	os	papéis	acima,	é	
necessária	uma	estrutura	organizacional	bem	completa	e	definida	a	fim	de	es-
truturar	de	forma	adequada	todas	as	ações.	Segue	a	estrutura	organizacional	da	
Receita	Federal	do	Brasil:
DICAS
Assista ao vídeo intitulado: Receita Federal do Brasil – Vigilância aduaneira e 
repressão ao contrabando e descaminho. Acesse o link https://www.youtube.com/wat-
ch?v=Afr5Ab97lYQ.
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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Conforme	foi	possível	observar	a	Receita	Federal	tem	um	papel	prepon-
derante	na	fiscalização	e	arrecadação	do	país,	contribuindo	para	que	as	operações	
efetuadas	 tenham	credibilidade	 e	 segurança	para	 todos.	A	 seguir,	 falaremos	 a	
respeito	dos	aspectos	ligados	a	necessidade	de	controle	destas	operações.
2.1.2 Controle governamental
 
Conforme	observamos	até	aqui,	todas	as	operações	que	envolvem	a	troca	
de	mercadoria	alem	das	fronteiras	nacionais,	necessitam	de	um	controle	específi-
co	da	área	governamental,	independente	do	país	cuja	operação	está	sendo	efetu-
ada,	ou	ainda,	independentemente	se	for	exportação	ou	importação.
Ressaltamos	que	estes	controles	não	são	exclusivos	do	Brasil,	sendo	ado-
tados também em qualquer outro país do mundo. Existem várias razões que 
determinam qual tipo de controle a ser aplicado a cada tipo de operação. A in-
tervenção	 justifica-se	por	envolver	deveres,	obrigações	e	direitos	de	 cada	país,	
além da mera compra de um produto ou serviço quando é efetuado no mercado 
doméstico,	por	exemplo.
Nas	operações	internacionais,	cada	país	procura	zelar	não	somente	pelo	
controle	de	suas	fronteiras,	mas	também	por	outros	interesses	estratégicos	que	
gravitam	ao	redor	do	universo	das	compras	e	vendas	no	mercado	externo.
Segundo	Bizelli	(2006,	p.	15),	basicamente,	o	controle	destas	operações	é	
efetuado	levando-se	em	conta	os	seguintes	fatores:
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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a)	 Arrecadação	tributária:	o	II	é	o	responsável	pela	principal	fonte	de	
arrecadação	de	impostos	incidentes	sobre	as	importações,	onerando	a	
entrada	de	mercadorias	estrangeiras	em	território	nacional.
b)	 Prevenção	 da	 evasão	 de	 divisas:	 controle	 de	 preços	 para	 inibir	
ações	fraudulentas,	interposição	fraudulenta,	sub	faturamento,	super	
faturamento	e	outras	práticas	desleais	utilizadas	para	dificultar	a	ação	
da	fiscalização	do	Estado	com	o	intuito	de	burlar	as	leis	e	regras	do	
sistema	tributário	e	financeiro	nacional.
c)	 Equilíbrio	da	balança	comercial:	equalizar	o	equilíbrio	das	entradas	
e	saídas	de	mercadorias	e	 recursos	com	a	finalidade	de	promover	o	
desenvolvimento	 sustentável	da	nação,	 levando-se	 em	 consideração	
fatores	como	renovação	do	parque	industrial,	necessidades	industriais	
de compra de matérias-primas ou aquelas voltadas a execução de 
projetos	governamentais.
d)	Concorrência	 com	 similares	 estrangeiros:	 objetivo	de	 preservar	 a	
industria	nacional	e	o	pleno	emprego,	proporcionando	as	empresas,	
igualdade	 de	 condições	 para	 competir	 com	 produtos	 importados	
de baixissimo custo ou práticas desleais que mascaram os valores 
importados.
Nos	últimos	anos,	a	Receita	Federal	também	vem	se	preparando	para	de-
sempenhar	novos	papéis	na	sociedade,	com	o	aumento	das	operações	internacio-
nais,	novas	demandas	surgiram	no	cenário	econômico	nacional	e	 internacional	
e	como	um	órgão	de	extrema	importância	como	este,	existe	a	necessidade	de	se	
adaptar as novas demandas sociais e também se modernizar para exercer melhor 
o seu papel de controle.
O	 controle	 fiscal	 se	 pauta	 pelo	 controle	 da	 arrecadação	 tributária	
com	o	 objetivo	 de	 financiar	 o	 funcionamento	do	Estado.	O	 foco	do	
controle	fiscal	é	a	obtenção	de	receitas	públicas.	Considerando	então	
que	o	 controle	 aduaneiro	 e	 o	 controle	fiscal	 têm	objetivos	distintos,	
sendo	 as	 vezes,	 conflitantes,	 há	 aqueles	 que	 defendem	 a	 existência	
de	dois	órgãos,	retirando-se	da	Receita	Federal	o	controle	aduaneiro.	
Atualmente,	no	entanto,	prevalece	a	decisão	política	de	concentração	
dos	controles	em	uma	única	instituição	(LUZ,	2012,	p.	80).
Dessa	forma,	através	de	uma	modernização	constante,	não	somente	dos	
meios	informatizados	de	controle,	mas	também	de	várias	ações	voltadas	ao	pre-
paro	de	seus	profissionais,	a	RFB	vem	se	estruturando	também	para	combater	
novos	desafios	no	comércio	internacional,	tais	como:
- Aumento das ameaças transnacionais;
- Expansão do terrorismo mundial;
-	Aumento	do	crime	organizado;
-	Necessidade	de	maior	fiscalização	para	proteção	ambiental;
-	Ameaças	à	segurança	nacional	e	maior	proteção	as	áreas	de	fronteira.
Estes	são	apenas	alguns	dos	novos	desafios	da	Aduana	moderna	para	au-
xiliar	o	país	no	crescimento	e	desenvolvimento	 internacional,	sem,	no	entanto,	
tornar	as	operações	 lentas	demais,	atrapalhando	o	desempenho	das	empresas.	
Buscar	o	equilíbrio	entre	fiscalização	e	desenvolvimento	internacional	não	é	tão	
simples,	mas	 através	de	novas	 ações	 e	 investimentos	 em	 tecnologia,	 a	 aduana	
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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nacional	vem	se	preparando	adequadamente	para	estes	novos	desafios,	com	agi-
lidade	e	segurança	a	todos	os	envolvidos	na	cadeia	de	comércio	internacional.
Algumas	ações	que	 estão	 sendo	 tomadas	ao	 longo	destes	últimos	anos	
para auxiliar nas tarefas da Aduana:
- Modernização dos sistemas informatizados como o SISCOMEX importação e 
exportação;
- Participação mais ativa em acordos internacionais e de cooperação aduaneira 
mundial;
- Adesão a convenções internacionais;
-	Harmonização	e	simplificação	da	legislação	aduaneira;
-	Desenvolvimento	do	modelo	OEA	(Operador	Econômico	Autorizado)	através	
de critérios de reconhecimento mútuo internacional (análise de risco das 
operações);
-	Modernização	de	instalações,	veículos	e	equipamentos;
-	Aprimoramento	dos	requisitos	de	segurança	em	locais	alfandegados.
O	controle	governamental,	realizado	através	de	sua	estrutura	de	fiscali-
zação	é	fundamental	para	o	desenvolvimento	da	qualquer	nação,	pois,	através	
deste	controle,	é	que	o	Estado	não	somente	efetua	a	arrecadação	de	impostos,	mas	
também	regulamenta	toda	a	cadeia	envolvida	no	processo.
A	seguir,	estudaremos	a	respeito	de	outro	órgão	extremamente	importan-
te na área internacional.
NOTA
A Secretaria da Receita Federal do Brasil é um órgão específico, singular, 
subordinado ao Ministério da Economia, exercendo funções essenciais para que o Estado 
possa cumprir seus objetivos. É responsável pela administração dos tributos de com-
petência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre o comércio 
exterior, abrangendo parte significativa das contribuições sociais do País.
Também subsidia o Poder Executivo Federal na formulação da política tributária brasileira, 
previne e combate à sonegação fiscal, o contrabando, o descaminho, a pirataria, a fraude 
comercial, o tráfico de drogas e de animais em extinção e outros atos ilícitos relacionados 
ao comércio internacional.
FONTE: <http://receita.economia.gov.br/sobre/institucional>. Acesso em: 16 nov. 2019.
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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2.2 SECEX – SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR
A	SECEX	tem	como	principal	função	assessorar	e	dar	suporte	ao	MDIC	
(Ministério	do	Desenvolvimento,	Indústria	e	Comércio)	na	condução	das	políti-
cas	de	comércio	exterior,	nas	áreas	de	importação	e	exportação.	É	o	órgão	estraté-
gico	do	Ministério	tendo	como	papel	fundamental	a	gestão	do	controle	comercial.	
A	SECEX	normatiza,	supervisiona,	orienta,	planeja,	controla	e	avalia	as	ativida-
des de comércio exterior. Suas ações estão alinhadas com as normas e diretrizes 
da	Camex	(Câmara	de	Comércio	Exterior	e	do	MDIC.	Entre	os	seus	principais	
objetivos,	podemos	destacar	(SISCOMEX,	2019):
1. Sugerir	medidas	de	políticas	fiscais	e	cambiais,	de	financiamento,	de	seguro,	
de	transporte	e	fretes	e	de	promoção	comercial,	ou	seja,	apresentar	sugestões	
para incrementar e facilitar a participação de empresas brasileiras no comércio 
internacional.
2. Participar	das	negociações	e	representar	o	governo	brasileiro	em	acordos	ou	
convênios	 internacionais	 relacionados	 ao	 comércio	 exterior,	 defendendo	 os	
interesses	comerciais	do	país	nestas	negociações.
3. Planejar e elaborar novas propostas de políticas de comércio exterior e 
estabelecer	 não	 somente	 as	 normas,	 bem	 como	 as	 diretrizes	 e	 instrumentos	
legais	necessárias	a	sua	implementação.
4. Após	 a	 etapa	 de	 planejamento,	 auxiliar	 a	 implementar	 os	 mecanismos	 de	
defesa comercial e apoiar os exportadores que são submetidos a processos 
de	 investigação	 de	 defesa	 comercial	 no	 exterior,	 auxiliando	 juridicamente	 e	
representando	o	governo	nestas	demandas.
Conforme	 se	 encontra	 estruturado	 nos	 órgãos	 de	 gestão	 do	 comércio	
exterior	 nacional,	 é	 possível	 identificar	 que	 a	 SECEX	 é	 um	 dos	 principais	
órgãos	 ligados	 ao	 Ministério	 do	 Desenvolvimento,	 Indústria	 e	 Comércio,	
desempenhando	um	papel	preponderante	no	gerenciamento	e	monitoramento	
do	 comércio	 internacional,	 ou	 seja,	 é	 um	órgão	que	 está	 à	 frente	das	decisões	
e	políticas	voltadas	à	área	 internacional.	A	estrutura	organizacional	da	SECEX	
está	 dividida,	 basicamente	 em	 quatro	 departamentos	 de	 apoio	 e	 controle:	
ECEX,	DEINT,	DECOM e DEPLA.
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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Analisando	melhor	cada	um	dos	órgãos	acima,	teremos:	
a) DECEX (Departamento de Comércio Exterior) – Concentra e centraliza toda 
a	 parte	 operacional	 da	 SECEX.	 Tem	 como	 função	 principal,	 a	 elaboração	 e	
implementação	 dos	 dispositivos	 legais,	 inerentes	 ao	 aspecto	 comercialdas	
diversas	fases,	do	comércio	exterior	brasileiro.	Suas	atribuições,	entre	outras,	
contemplam	o	licenciamento	de	mercadorias	importação	e	exportação,	além	da	
gestão	do	Sistema	Brasileiro	de	Comércio	Exterior	(SISCOMEX).
b) DEINT (Departamento de Negociações Internacionais) – Orienta e coordena 
os	trabalhos	de	negociações	e	participações	internacionais	brasileiras	a	qual	o	
Brasil participa.
c) DECOM (Departamento de Defesa Comercial) – Efetua o monitoramento das 
operações	efetuadas	pelas	empresas	participantes	do	mercado	 internacional,	
principalmente	 aquelas	 voltadas	 a	 importação	 e	 que	 podem	 configurar	
em	 operações	 prejudiciais	 não	 somente	 as	 empresas	 brasileiras,	 bem	 como	
aos	 seus	 produtos.	 O	 DECOM	 também	 fica	 encarregado	 de	 monitorar	 os	
processos contra empresas nacionais que podem ser iniciados na comunidade 
internacional	por	práticas	 ilícitas.	Desta	 forma,	este	órgão	 fornece	o	 suporte	
necessário,	assistência	e	assessoria	jurídica	quando	necessário.
d) DEPLA (Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio 
Exterior)	–	O	DEPLA	é	um	órgão	encarregado	de	incentivar	e	promover	a	criação	
de ações que possam desenvolver o cenário de comércio exterior nacional 
através	de	programas	específicos	para	a	área	internacional.	Este	departamento	
é	 responsável	pela	 coleta,	 análise	 e	 sistematização	dos	dados	 e	 informações	
estatísticas.	A	partir	da	análise	destes	dados,	 são	apresentadas	as	propostas	
objetivando	a	formulação	de	políticas	específicas	para	o	desenvolvimento	de	
do comércio exterior brasileiro.
Conforme	observamos	acima,	o	Secex	é	um	braço	 importante	do	MDIC,	
auxiliando	isoladamente	ou	em	conjunto	com	outros	órgãos	a	formular,	controlar	
e sinalizar com novas políticas voltadas ao desenvolvimento da área internacional.
O	próximo	integrante	da	estrutura	de	comércio	exterior	nacional	monitora	
especificamente	assuntos	ligados	à	área	financeira	internacional.	A	seguir,	vamos	
aprender um pouco sobre o papel do BACEN.
2.3 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL
Conforme	descrito	no	site	do	Bacen	 (BACEN,	2019),	o	Banco	Central	do	
Brasil	foi	criado	pela	Lei	nº	4.595,	de	31	de	dezembro	de	1964.	É	o	principal	órgão	
executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e também responsável 
por	garantir	o	poder	de	compra	da	moeda	nacional,	proporcionando	 liquidez	e	
segurança	e	tranquilidade	aos	mercados	financeiros.	Seus	principais	objetivos	são:	
-	Se	propõe	a	zelar	e	resguardar	pela	adequada	liquidez	da	economia	nacional.
-	Controlar	e	manter	as	reservas	internacionais	em	nível	adequado,	servindo	como	
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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base	de	decisões	estratégicas	governamentais	na	área	econômico-financeira.	
-	Traçar	estratégias	adequadas	para	estimular	a	população	visando	à	formação	de	
uma cultura poupadora.
-	Monitorar	constantemente	e	preservar	a	estabilidade	do	sistema	financeiro,	bem	
como aperfeiçoar frequentemente este sistema.
Dentre	suas	várias	atribuições,	podemos	destacar:	
- Controlar e emitir papel-moeda e moeda metálica.
- Coordenar e executar os serviços do meio circulante. 
- Administrar e receber recolhimentos compulsórios e voluntários das institui-
ções	financeiras	e	bancárias.
-	Operacionalizar	as	operações	de	redesconto,	além	de	empréstimos	as	institui-
ções	financeiras	que	estejam	em	dificuldade	momentânea.	
-	Controlar	e	regulamentar	a	execução	dos	serviços	de	compensação	de	cheques	
e	outros	papéis	utilizados	no	meio	financeiro.
- Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais.
- Coordenar e exercer o controle de crédito. 
-	Possui	autonomia	para	exercer	a	fiscalização	das	instituições	financeiras,	assim	
como	impor	sansões	em	caso	de	descumprimento	das	regras	do	sistema	finan-
ceiro nacional. 
-	Análise	e	autorização	ou	não	para	o	funcionamento	das	instituições	financeiras.	
-	Determina	 as	 condições	para	 o	 exercício	de	quaisquer	 cargos	de	direção	nas	
instituições	financeiras,	através	de	uma	análise	detalhada	do	perfil	dos	gestores	
candidatos	a	estes	cargos.	
-	Exerce	uma	espécie	de	vigilância	sobre	as	possíveis	interferências	de	outras	em-
presas	nos	mercados	financeiros	e	de	capitais.			
-	Monitora	e	controlar	o	fluxo	de	capitais	estrangeiros	no	país	com	o	intuito	de	
evitar	grandes	flutuações	neste	mercado.
 
A	sede	do	BACEN	está	localizada	em	Brasília,	capital	do	País,	além	de	pos-
suir	 representações	nas	capitais	dos	Estados	do	Rio	Grande	do	Sul,	Paraná,	São	
Paulo,	Rio	de	Janeiro,	Minas	Gerais,	Bahia,	Pernambuco,	Ceará	e	Pará.
Conforme	descrito	acima,	o	Banco	Central	tem	um	papel	fundamental	no	
controle	monetário	do	País,	sua	atuação	tem	ampla	e	total	influência	no	mercado	
financeiro	nacional,	além	de	ser	responsável	por	manter	estável	e	controlar	toda	a	
economia	nacional.	Este	órgão	também	tem	como	função	promover	o	desenvol-
vimento econômico e sustentável através de esforços para melhor distribuição de 
renda na nação.
Resumidamente	falando,	caro	acadêmico,	o	Banco	Central	tem	amplos	po-
deres	no	sistema	financeiro	e	tem	a	responsabilidade	de	colocar	em	prática	todas	
as determinações baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e desta forma pode 
interferir	de	maneira	controlada	no	sistema	financeiro	nacional.
Finalmente,	o	BACEN	tem	papel	preponderante	no	mercado	cambial,	pro-
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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porcionando estabilidade relativa as taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de 
pagamentos.	Pode	comprar	e	vender	moeda	estrangeira	e	 realizar	operações	de	
crédito	no	exterior,	atuando	principalmente	em	períodos	de	crise	quando	o	dólar	
pode	apresentar	uma	alta	significativa	e	através	da	atuação	do	Bacen,	nestes	perío-
dos,	é	possível	frear	uma	possível	escalada	de	aumentos	da	moeda	americana.
NOTA
Novas notas e moedas são colocadas em circulação de acordo com o cresci-
mento do meio circulante (do dinheiro vivo) no país, acompanhando a evolução da econo-
mia, dos preços, as mudanças no comportamento da população e o aumento do volume 
de saques. Além disso, é preciso substituir as cédulas e moedas que são inutilizadas por se 
encontrarem muito desgastadas ou avariadas.
FONTE: <https://bit.ly/32rKLHV>. Acesso em: 16 nov. 2019.
Seguindo	com	o	estudo	dos	órgãos	participantes	da	cadeia	de	comércio	
exterior	brasileiro,	falaremos,	a	seguir,	sobre	o	Ministério	das	relações	Exteriores	
e seu papel no apoio aos exportadores e importadores.
2.4 MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES – MRE
Promove	 as	 exportações	 brasileiras,	 mantendo	 um	 cadastro	 de	 expor-
tadores	brasileiros	e	 importadores	estrangeiros,	encarregando-se	dos	estudos	e	
pesquisas	sobre	mercados	externos	e	 intercâmbio	comercial	brasileiro.	Divulga	
oportunidades	 comerciais	para	o	Brasil,	 organiza	 feiras	 e	promove	a	vinda	ao	
nosso	país	de	importadores	estrangeiros.
I-	Assuntos	ligados	à	Política	internacional;
II-	 Relações	 diplomáticas	 Além	 das	 atribuições	 acima,	 o	 MRE	 responsável	
por	 estabelecer	 e	 manter	 relações	 diplomáticas	 com	 Estados	 e	 organismos	
internacionais.
De	acordo	com	Artigo	33	do	Decreto	nº	4118/02,	(MRE,	2019), as áreas de 
competência	do	Ministério	das	Relações	Exteriores	 são	 as	 seguintes e serviços 
consulares	inerentes	à	atividade	internacional:	
III-	 Atuar	 de	 forma	 a	 promover	 novos	 negócios	 através	 da	 participação	 nas	
negociações	 comerciais,	 econômicas,	 técnicas	 e	 culturais	 com	 governos	 e	
entidades	estrangeiras	em	qualquer	região	do	mundo.
IV-	Participar	ativamente	de	Programas	de	cooperação	internacional	que	facilitam	
as	negociações	e	fomentam	negócios.
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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V-	Prestar	um	papel	de	amplo	apoio	a	delegações,	missões	empresariais,	comi-
tivas	e	 representações	brasileiras	em	agências	e	organismos	 internacionais	e	
multilaterais.
O	Ministério	 das	Relações	 Exteriores,	 apesar	 de	 não	 possuir	 um	papel	
muito	amplo	dentro	dosdemais	órgãos	da	cadeia	internacional,	presta	um	gran-
de	serviço	de	apoio	às	empresas	que	queiram	participar	do	comércio	internacio-
nal,	quer	seja	através	do	suporte	a	feiras	e	outras	ou	ainda	estreitando	os	laços	
comerciais e promovendo a aproximação com outras nações.
A	seguir,	 iremos	discorrer	sobre	outro	órgão	extremamente	 importante	
na	cadeia	de	comércio	 internacional,	o	CAMEX,	 sua	 importância	e	atuação	no	
controle	e	regulamentação	desta	atividade.
2.5 CAMEX – CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR
A	Câmara	 de	Comércio	 Exterior	 –	Camex,	 do	Ministério	 da	 Economia	
–	 tem	como	principal	 	objetivo	a	 regulamentação,	 formulação,	a	adoção,	a	 im-
plementação e a coordenação de políticas e de atividades relativas ao comércio 
exterior	de	bens	e	serviços,	incluído	a	área	de	turismo	internacional,	com	vistas	a	
promover	o	comércio	exterior,	os	investimentos	e	a	competitividade	internacional	
do	País.	Segundo	a	Lei	nº	13.844,	de	2019	e	o		Decreto	nº	4.732,	de	2003	(CAMEX	
2019).	Este	órgão	tem	uma	atuação	relevante	em	toda	a	cadeira	de	comércio	exte-
rior	como	veremos	a	seguir,	inclusive	no	que	tange	aos	assuntos	ligados	à	tribu-
tação	dos	produtos	importados,	o	que	influencia	diretamente	no	funcionamento	
das	empresas	brasileiras,	mesmo	aquelas	que	não	têm	sua	atividade	diretamente	
ligada	ao	comércio	exterior.
A	Câmara	de	Comércio	Exterior	é	formada	por	diversos	órgão	que	tem	um	
papel	bastante	definido	dentro	desta	estrutura	comercial	internacional	e	prestam	
suporte	administrativo	nas	mais	variadas	áreas	do	comércio	exterior.	“Segundo	
o	art.	5	do	Decreto	nº	1386/85,	que	lançou	a	Camex,	a	criação,	por	parte	dos	Ór-
gãos	da	Administração	Federal,	de	qualquer	exigência	administrativa,	registros,	
controles	diretos	ou	indiretos	sobre	as	operações	de	comércio	exterior	fica	sujeita	
à	prévia	aprovação	da	Câmara	de	Comércio	Exterior”	(VAZQUEZ,	2002,	p.	25).	
De	acordo	 com	a	Resolução	nº	 7,	de	 22	de	 fevereiro	de	 2018	 (CAMEX,	
2019)	a	Câmara	de	Comércio	Exterior	é	composta	pelos	seguintes	órgãos:
• Conselho	de	Ministros	da	Camex	(órgão	deliberador	e	que	formaliza	as	decisões.
• Comitê	executivo	de	gestão,	denominado	de	Gecex.
• Secretaria	Executiva	para	apoio	aos	demais	órgãos.
• Conselho consultivo do setor privado ou Conex.
• Comitê	de	financiamento	e	garantia	das	exportações	–	Cofig,	o	qual	viabiliza	o	
acesso ao crédito para os exportadores.
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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• Comitê	nacional	de	 facilitação	de	 comercio	–	Confac,	 implementando	novas	
políticas	e	soluções	para	a	viabilidade	dos	negócios	internacionais.
• Comitê	nacional	de	 investimentos	 –	Coninv,	para	 captar	 recursos	que	 serão	
posteriormente utilizados no desenvolvimento de novos projetos.
• Comitê nacional de promoção comercial – Copcom que atua nas diversas áreas 
internacionais para a promoção do comércio exterior.
Quanto	 a	 sua	 atuação,	 abrangência	 e	 importância,	 veremos	 a	 seguir	 as	
principais	atribuições	deste	órgão:
I-	 coordenar	e	definir	a	pauta	relativa	as	diretrizes	e	procedimentos	para	imple-
mentação de uma política de comércio exterior que promova a devida inser-
ção do país na economia e comércio internacional;
II-	 promover	a	coordenação	e	orientação	entre	os	diversos	órgão,	conforme	já	vimos	
anteriormente,	que	possuam	as	competências	necessárias	para	atuar	nas	diversas	
áreas internacionais;
III-	dentro	de	sua	participação	nas	atividades	de	exportação	e	importação,	divulgar	e	
organizar	as	diretrizes	e	orientações	sobre	normas	e	procedimentos,	para	diversos	
temas	estritamente	ligados	a	área	internacional,	dentro,	é	claro,	de	suas	restrições	
legais	(disponível	em	Resolução	nº	7,	de	22	de	fevereiro	de	2018 (CAMEX,	2019):
• Promover	a	racionalização,	divulgação	e	simplificação	de	procedimentos,	exi-
gências	e	controles	administrativos	incidentes	sobre	importações	e	exportações.
• Conceder a habilitação e credenciamento formal de empresas para a prática de 
comércio exterior.
• Definir	os	conceitos	fundamentais	inerentes	a	exportação	e	importação.
• Promover	de	forma	harmônica	a	classificação	e	padronização	de	produtos.
• Promover	ações	regulamentares	sobre	a	marcação	e	rotulagem	de	mercadorias.
• Definir	as	regras	de	origem	e	procedência	de	mercadorias,	as	quais	impactam	
diretamente	na	sua	carga	tributária.
IV- a Camex também atua fortemente no estabelecimento das diretrizes para as 
negociações	de	acordos	e	convênios	relativos	ao	comércio	exterior	de	natureza	
bilateral,	 regional	 ou	 multilateral.	 Tais	 acordos	 irão	 refletir	 posteriormente	
não	 somente	 nas	 empresas	 internacionais,	 mas	 também	 nas	 nacionais	 que	
indiretamente participam da atividade de comércio exterior;
V-	 promover	 e	 orientar	 a	 política	 aduaneira,	 observada	 a	 competência	 e	 as	
restrições	especificas	do	Ministério	da	Fazenda;
VI- formular e orientar sobre as diretrizes básicas da política tarifária na 
importação e exportação;
VII-	 estabelecer	 diretrizes	 e	medida	 dirigidas	 à	 simplificação	 e	 racionalização	 do	
comércio	exterior,	Inclusive,	promovendo	a	utilização	de	sistemas	informatizados;
VIII-	 implementar	 e	 estabelecer	 normas,	 diretrizes	 e	 procedimentos	 para	
investigações	relativas	a	práticas	desleais	de	comércio	exterior	auxiliando	as	
empresas em demandas judiciais;
IX-	 promover	 e	 facilitar	 as	 	 diretrizes	 para	 a	 política	 de	 financiamento	 das	
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
16
exportações	 de	 bens	 e	 serviços,	 bem	 como	 para	 a	 cobertura	 dos	 riscos	 de	
operações	a	prazo,	inclusive	as	relativas	ao	seguro	de	crédito	às	exportações.
 
Tais	normas	auxiliam	bastante,	principalmente,	as	novas	empresas	parti-
cipantes deste mercado.
X-	estabelecer,	coordenar	e	fixar	as	normas	necessárias	para	pôr	em	prática		as	
políticas de promoção de mercadorias e de serviços no exterior e de informação 
comercial;
XI- participar e também opinar e orientar sobre política de frete e transportes 
internacionais,	 portuários,	 aeroportuários	 e	 de	 fronteiras,	 visando	 à	 sua	
adaptação aos objetivos da política de comércio exterior e ao aprimoramento 
da concorrência. Este assunto vem sendo discutido amplamente no sentido de 
reduzir	os	custos	logísticos	da	cadeia	de	comércio	exterior	nacional;
XII-	 promover	 e	 orientar	 novas	 políticas	 de	 incentivo	 à	melhoria	 dos	 serviços	
aeroportuários,	 de	 transporte	 e	 de	 turismo,	 com	 vistas	 ao	 incremento	 das	
exportações e da prestação desses serviços a usuários oriundos do exterior.
Para	melhor	entendimento	e	fixação	do	conteúdo,	seguem	as	principais	
atribuições	deste	órgão:
-	 Elaborar	 e	 sugerir	 novas	 políticas	 a	 serem	 utilizadas	 na	 área	 de	 comércio	
internacional,	 bem	 como	 analisar	 e	 emitir	 pareceres	 a	 respeito	 das	 normas	
aplicáveis	e	legislação	pertinentes	a	areal	de	comércio	exterior	nacional.
- Tem poderes para alterar as alíquotas do I.I. e I.P.I.
-	 Estabelece	 as	 diretrizes	 para	 investigações	 relativas	 a	 práticas	 desleais	 de	
comércio exterior.
-	Avalia	o	impacto	das	medidas	cambiais,	monetárias	e	fiscais	sobre	o	comércio	
exterior.
-	Responsável	pela	concessão	de	áreas	de	livre	comércio,	zonas	francas	e	ZPEs.
Conforme	 exposto	 acima,	 a	Camex	 tem	um	vasto	 leque	de	 atuação	 no	
mercado	internacional,	sua	atuação,	principalmente,	no	que	concerne	às	alíquo-
tas	de	importação,	influencia	sobremaneira	no	custo	dos	produtos	importados	e	
torna-se	também	determinante	para	a	proteção	de	algumas	atividades	industriais	
do nosso país.
Seguindo	nossos	estudos,	a	partir	deste	próximo	item,	falaremos	a	respei-
to	dos	diversos	órgãos	anuentes	da	cadeia	de	comércio	exterior	brasileira.
3 SISCOMEX
O	 Sistema	 Integrado	 de	 Comércio	 Exterior	 (SISCOMEX)	 foi	 instituído	
através	pelo	Decreto	n°	660,	de	25	de	setembro	de	1992.	Este	sistema	representa	
toda	a	sistemática	administrativa	do	comércio	exterior	brasileiro,	através	da	inte-
gração	e	gerenciamentodas	atividades	afins	da	Secretaria	de	Comércio	Exterior	
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
17
(SECEX),	da	Secretaria	da	Receita	Federal	(SRF)	e	do	Banco	Central	do	Brasil	(BA-
CEN),	no	registro,	monitoramento	e	controle	das	diferentes	etapas	das	operações	
de	exportação	(MDIC,	2019).
 
A	partir	 de	 1993,	 com	a	 criação	deste	 sistema,	 todas	 as	 etapas	do	pro-
cessamento	administrativo	relativas	às	exportações	foram	informatizadas,	regu-
lamentadas	 e	 padronizadas.	 Todas	 as	 operações,	 sem	 exceção,	 passaram	a	 ser	
registradas	e	monitoradas	via	Sistema	e	analisadas	"online"	em	tempo	real,	pelos	
diversos	órgãos	gestores	e	anuentes	que	atuam	em	comércio	exterior,	 tanto	os	
chamados	órgãos	"gestores"	(SECEX,	SRF	e	BACEN)	como	os	órgãos	"anuentes",	
que	atuam	apenas	em	algumas	operações	específicas	(MAPA,	IBAMA,	Ministério	
da	Saúde,	Departamento	da	Polícia	Federal,	Comando	do	Exército	etc.).	
Durante	 a	 criação	 e	desenvolvimento	do	 SISCOMEX,	 foram	unificados	
todos	os	conceitos,	descrições	de	produtos,	os	códigos	e	nomenclaturas	(NCM),	
tornando	 viável	 a	 adoção	 de	 um	fluxo	 único	 e	 sistematizado	 de	 informações.	
Concebido	totalmente	de	forma	informatizada,	que	permite	a	eliminação	de	di-
versos	documentos	utilizados	no	processamento	das	operações,	tornando	todo	o	
processo	muito	mais	ágil	e	uniforme.
Principal	 ferramenta	do	 governo	 brasileiro	 para	 controlar	 as	 opera-
ções	de	comércio	exterior,	o	SISCOMEX	é	um	sistema	informatizado	
dedicado ao processamento da documentação relativa a importações 
e	exportações.	O	sistema	interliga	Receita	Federal	e	todas	as	unidades	
aduaneiras	do	país	com	o	Serpro,	o	Banco	Central,	agências	bancárias	
que	operam	em	cambio,	Exportadores,	 Importadores,	Despachantes	
Aduaneiros,	Aeroportos,	Portos	e	Terminais	retro	portuários	alfande-
gados	(RODRIGUES,	2015,	p.	246).
O	Sistema	passa	por	atualizações	constantes,	 tornando-o	cada	vez	mais	
ágil,	moderno	e	proporcionando	uma	integração	total	entre	os	seus	participantes.	
A	partir	de	2014,	o	SISCOMEX	é	parte	integrante	do	Portal	Único	de	Comércio	
Exterior,	onde	foram	reunidos	todos	os	sistemas	utilizados	no	comércio	exterior	
brasileiro,	facilitando	e	simplificando	sobremaneira	o	acesso	a	todos	os	sistemas	
pelos seus usuários.
Relacionamos,	a	seguir,	os	principais	usuários	do	Siscomex/Exportação/
Importação: 
a)	Todos	os	importadores,	exportadores	depositários	e	transportadores,	através	
de	seus	empregados	ou	representantes	 legais	devidamente	credenciados	via	
sistema. 
b)	A	SECEX	–	Secretaria	de	Comércio	Exterior,	a	RFB	–	Receita	Federal	do	Brasil	
e	todos	os	demais	órgãos	anuentes,	por	meio	de	seus	servidores	devidamente	
cadastrados	no	Sistema	 e	 identificados	 através	de	 seu	número	de	matrícula	
funcional,	identificando	com	precisão	o	servidor	cadastrado.
c)	Todas	as	Instituições	Financeiras,	credenciadas	pelo	BACEN	e	autorizadas	a	
elaborar	Licença	de	Importação,	por	meio	de	seus	funcionários.	
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
18
d)	O	Banco	Central	do	Brasil	 e	 todas	 as	 Instituições	Financeiras	 autorizadas	 a	
operar	 em	 câmbio,	 mediante	 acesso	 aos	 dados	 transferidos	 para	 o	 sistema	
SISBACEN.
Na	ilustração,	a	seguir,	é	possível	sintetizar	a	integração	entre	o	portal	e	
seus	diversos	órgãos	usuários.
FIGURA 1 – ÓRGÃOS PARTICIPANTES DO SISCOMEX
FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019.
Todos os usuários do Sistema devem habilitar-se para acessar as infor-
mações	necessárias	ao	desempenho	de	suas	atividades,	mediante	identificação,	
através	de	certificação	digital	e	especificação	de	nível	de	acesso	de	dados.
O	acesso	ao	Siscomex	é	permitido	apenas	aos	usuários	credenciados,	ob-
servados	a	legislação	do	órgão	concedente	e	os	limites	das	funções	por	ele	admi-
nistradas.	Sua	utilização	é	totalmente	monitorada,	garantindo	segurança	e	confia-
bilidade nas informações inseridas no sistema.
Após	o	desenvolvimento	e	consolidação	do	sistema	na	exportação,	o	go-
verno brasileiro deu início ao desenvolvimento do sistema de importação ou 
Siscomex	Importação,	o	qual	por	 ter	uma	base	de	dados	mais	ampla	do	que	o	
sistema	de	exportação,	foi	lançado	somente	no	ano	de	2012	com	uma	versão	to-
talmente disponível via Web. 
Após	a	migração	não	somente	dos	sistemas	de	exportação	e	importação	
para	o	acesso	via	Web,	houve	uma	grande	facilitação	ao	seu	acesso,	proporcio-
nando	por	exemplo,	que	as	empresas	importadoras,	exportadores	e	seus	repre-
sentantes	legais	pudessem	efetuar	todos	os	procedimentos	e	registros	burocráti-
cos,	além	de	possibilitar	o	total	acompanhamento	de	todas	as	fases	do	processo,	
desde	o	seu	registro,	parametrização	e	desembaraço	através	da	internet,	de	forma	
totalmente	gratuita. 
Atualmente,	o	SISCOMEX	Importação	também	é	parte	integrante	do	por-
tal	único	de	comércio	exterior	conforme	comentado	anteriormente.	Outra	grande	
funcionalidade	deste	Sistema	é	com	relação	ao	acesso,	pode	ser	efetuado	a	partir	
de	qualquer	ponto	conectado	via	internet,	sem	qualquer	custo	ao	usuário	e	a	ha-
bilitação	de	empresas	e	seus	representantes	legais	pode	ser	feita	diretamente	no	
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
19
sistema	mediante	cadastro	e	aprovação	junto	à	Secretaria	da	Receita	Federal.
Após	a	empresa	possuir	o	acesso,	pode	ser	efetuado	ou	habilitado	ao	sis-
tema	pela	pessoa	física	responsável	por	pessoa	jurídica,	para	prática	de	atos	de	
exportação	ou	de	importação	no	SISCOMEX.	Conforme	a	legislação	nacional,	não	
existe	a	obrigatoriedade	de	utilização	da	figura	do	Despachante	Aduaneiro	para	
a	prática	de	todos	os	trâmites	legais	relacionados	às	etapas	do	despacho,	entre-
tanto,	como	estes	profissionais	atuam	de	forma	a	auxiliar	as	empresas	na	área	bu-
rocrática	relacionada	aos	procedimentos	aduaneiros,	o	SISCOMEX	também	per-
mite	que	estes	representantes	sejam	legalmente	credenciados	através	do	Sistema.
O	Sistema	basicamente	funciona	com	uma	grande	base	de	dados	nacio-
nais,	 reunindo	um	único	fluxo	de	 informações,	 tornando-o	uma	potente	 ferra-
menta	 tecnológica,	 facilitando	e	otimizando	as	 tarefas	de	 controle	 e	monitora-
mento	das	operações	internacionais	pelos	órgãos	governamentais.
A	adoção	deste	programa	trouxe	um	enorme	benefício	aos	seus	usuários	
promovendo	uma	ampla	desburocratização,	aliada	à	segurança	e	confiabilidade	
dos	dados	inseridos	no	programa.	Com	a	criação	do	sistema,	além	do	controle	
efetivo	de	 todas	 as	 operações,	 também	ficou	disponível	 a	 todos	os	órgãos	um	
grande	banco	de	dados	gerenciais,	que	podem	ser	utilizados	na	determinação	e	
execução de políticas individualizadas para cada setor da economia.
Entre	as	vantagens	do	sistema,	podemos	citar:
a)	Harmonização	de	conceitos	e	uniformização	de	códigos	e	nomenclaturas;
b)	Ampliação	dos	pontos	de	atendimento;
c)	Eliminação	de	coexistências	de	controles	e	sistemas	paralelos	de	coleta	de	dados;
d)	Simplificação	e	padronização	de	documentos;
e)	Diminuição	significativa	do	volume	de	documentos;
f)	Agilidade	na	coleta	e	processamento	de	informações	por	meio	eletrônico;	
g)	Redução	de	custos	administrativos	para	todos	os	envolvidos	no	Sistema.
Nas	ilustrações	a	seguir,	de	forma	resumida,	é	possível	demonstrar	clara-
mente como houve um enorme avanço em todos os procedimentos relacionados 
à	área	de	comércio	exterior	do	nosso	país.
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
20
FIGURA 2 – CENÁRIO ANTERIOR AO SISCOMEX
FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019.
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
21
FIGURA 3 – CENÁRIO ATUAL DO SISCOMEX INTEGRADO COM PORTAL ÚNICO
FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019.
NOTA
O SISCOMEX é um instrumento administrativo que integra as atividades de re-
gistro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo 
único, computadorizado, de informações, integrando asatividades da SECEX, BACEN e SRF.
FONTE: <https://bit.ly/3hddMv0>. Acesso em: 16 nov. 2019.
 
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
22
COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL
SAMIR KEEDI
O comércio exterior brasileiro, como todos sabem, tem sido uma gangorra permanente. Ao 
longo dos anos e décadas, nós o vemos crescer e se reduzir. Tanto em valores absolutos 
quanto em percentuais relativos à nossa economia e ao comércio mundial.
Considerando os últimos quase 70 anos, desde 1950, impressiona as variações que temos 
apresentado. Já tivemos abertura econômica, que é a relação do comércio exterior com o 
Produto Interno Bruto (PIB), de 26,5% em 1954, a maior da história. A partir de então houve 
uma queda contínua e célere até 1967. Em que atingimos nosso fundo do poço com 9,9%.
Tomando um PIB de US$ 100,00 como exemplo, isso significa que em 1954 nosso comér-
cio exterior apresentou nas duas mãos, exportação mais importação, o valor total de US$ 
26,50. Em 1967 esse valor desceu a US$ 9,90.
A partir de 1968 retomamos o crescimento, com algumas variações de subida e descida. 
Em 1984 atingimos um novo pico com US$ 21,60. Então nova queda contínua até US$ 11,10 
em 1990, em que praticamente houve uma estagnação até 2000, final do milênio. Em 2004 
novo pico, com valor de US$ 23,80. Desde então temos uma estabilização com média em 
torno de quase US$ 20,00. Em 2016 ficamos em US$ 17,90. Em 2017 ficou parecido.
Em relação ao comércio exterior mundial, não tivemos coisa muito diferente. Em 1951 
apresentamos média de 2,3% das transações internacionais. Em 1965 participamos com 
apenas ínfimos 7,6% do que o mundo transacionou. Desde então, tivemos médias desde 
0,8% até 1,45% em 2011. Hoje estamos em torno de 1,0%.
Assim, grosso modo, podemos cravar que nosso histórico de comércio exterior é de cerca 
de 20% do nosso PIB e, aproximadamente, 1,1% do mundial. Muito pouco para um país com 
nossas potencialidades. Considerando tudo que temos, deveríamos estar próximos à China. 
Que no final dos anos 1970, quando mudou seu sistema econômico e abraçou o capitalis-
mo e o comércio exterior, era menor que o nosso, e atingiu 11% do comércio mundial. Hoje 
somos 10% do que eles são.
No mínimo, para sermos coerentes conosco, teríamos que ter um comex de cerca de 3%. 
Que é mais ou menos o que representamos para o mundo em termos de economia, po-
pulação e território.
E, pior de tudo, o que explica isso nem é um mistério que deve ser estudado. É apenas a 
desconsideração com aquilo que é a melhor forma de desenvolvimento de um país. Qual-
quer um. Quando se volta ao comércio exterior, encontra-se lá fora um mercado mais de 
30 vezes o nosso. Tanto considerando a população efetiva, nominal, quanto consumidora 
de fato.
Claro que não é tudo, mas, isso explica boa parte do nosso fracasso econômico. Ter aten-
ção apenas com nosso mercado interno. Que é diminuto, talvez uns 15%-20% da nossa 
população. Não mais que isso considerando todas as condições que temos para consumo. 
Enorme desemprego, apenas 15% da nossa população com carteira assinada, bolsa-esmo-
la, média salarial no país de pouco mais de R$ 2.000,00 etc.
Assim Brasil, governo, empresas, precisamos, antes tarde do que nunca, acordar para o co-
mércio exterior. Olhá-lo com o carinho que merece, e que já fez desenvolver dezenas de 
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
23
países. A relação de desenvolvimento dos países com o comércio exterior é direta. Quem 
o pratica se desenvolve, quem não o faz fica a ver navios.
Mas, claro, não depende apenas de termos mercadorias, de serem boas e adequadas ao 
mercado externo, ter bom preço etc. O comércio exterior é feito de muito mais coisas do 
que isso.
Temos que cuidar da nossa infraestrutura e matriz de transporte, que são horríveis, das 
piores da Via Láctea, considerando as condições que temos e pelo nosso nível de desen-
volvimento e de sermos considerados um país emergente (sic).
Também reduzirmos nossa carga tributária, que faz nossos produtos serem mais caros. 
Como exemplo, na média geral, nossa produção de mercadorias é 23% mais cara que a dos 
EUA. Incompreensível, quando sabemos que eles têm uma renda per capita de quase US$ 
60,000.00 enquanto a nossa patina em torno de US$ 9,000.00.
Em especial nossos profissionais, que se percebe que pouco sabem. Pouco se estuda, pou-
co se lê, acreditando que conhecimento cai do céu com a chuva. Não, não cai, é preciso 
ler, estudar, aprender, analisar, saber como as coisas funcionam.
Para pararmos de ter que dizer que nosso COMEX não está preparado quanto a profis-
sionais. Que uma minoria, bem minoria, sabe exatamente o que está fazendo, se ajusta a 
qualquer situação de desconforto e vai em frente. E uma maioria absoluta apenas faz, e a 
coisa vai até o primeiro obstáculo. Aí para tudo. E é bom que pare, pois, se for alguém com 
parcos conhecimentos, tiver atitude, e resolver ir em frente, arrisca-se a estragar tudo e 
quebrar uma empresa.
Precisamos que o Brasil, governo, empresas, profissionais entendam que o desenvolvimen-
to primário só ocorre com o comércio exterior. Atingindo-se então um bom resultado, 
qualidade e barateamento dos produtos pela economia de escala, chegando a um bom 
PIB e renda per capita, emprego suficiente, aí sim, o mercado interno terá condições de 
alavancar o desenvolvimento.
FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/3jcTIec>. Acesso em: 11 dez. 2019.
24
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 O	comércio	internacional	tornou-se	uma	grande	fonte	de	oportunidades	para	as	
empresas	nacionais,	principalmente,	para	diversificar	seu	mercado	de	atuação	e	
também driblar os ciclos de crise econômica e recessão que vivemos em nosso país.
•	 Para	se	habilitar	a	atuar	no	mercado	internacional,	as	empresas	precisam	se	pre-
parar	não	somente	em	termos	de	produção	e	gerenciamento	do	negócio,	mas	tam-
bém,	conhecer	como	funciona	a	estrutura	atual	do	comércio	exterior	brasileiro.
•	 As	instituições	intervenientes	que	atuam	na	fiscalização	e	controle	das	operações	
de	compra	e	venda	no	mercado	internacional,	desempenham	um	importante	pa-
pel	principalmente	no	que	diz	respeito	à	arrecadação	e	controle	do	Estado	e	tem	
uma	estrutura	muito	bem	estruturada	para	auxiliar	não	somente	o	Estado,	mas	
também	aos	exportadores	e	importadores	em	todas	as	fases	do	negócio.
•	 O	comércio	internacional	brasileiro	possui,	além	de	uma	estrutura	formada	por	
diversos	órgãos	oficiais,	uma	série	de	programas	que	facilitam	a	atividade,	um	
deles	e	o	mais	representativo,	o	SISCOMEX,	é	o	programa	principal	que	reúne	
todos os participantes da cadeia de comércio exterior.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1	 No	mês	 de	março,	 o	 governo	 decidiu	 reduzir	 a	 alíquota	 do	 Imposto	 de	
Importação	da	pauta	de	alguns	produtos	provenientes	dos	Estados	Unidos	
para	incentivar	o	intercâmbio	entre	os	países.	Antes	de	tomar	tal	decisão,	
uma	 equipe	 governamental	 analisou	 os	 impactos	 econômicos	 desta	
redução.	Qual	é	o	órgão	governamental	encarregado	deste	tipo	de	estudo?
a)	(	 )	 IRF.
b)	(	 )	 SECEX.
c)	(	 )	 GECEX.
d)	(	 )	 ANVISA.
e)	(	 )	 CAMEX.
2	 Conforme	estudado,	existe	uma	série	de	controles	e	normas	editados	por	
vários	órgãos	oficiais	que	regulamentam	as	operações	de	comércio	exterior	
no	Brasil.	O	mais	abrangente	de	todos,	a	Aduana,	tem	por	missão	principal	
a	fiscalização	e	o	controle	das	cargas	importadas	e	exportadas	através	do	
território	 nacional.	 Dentre	 as	 suas	 atribuições,	 o	 fiscal	 da	Aduana	 deve	
observar	e	conferir	se	a	classificação	tarifária	está	de	acordo	com	o	produto	
importado,	sua	tributação	e	outros	aspectos	como	se	o	produto	está	sujeito	
ao licenciamento prévio de importação.
Com	relação	ao	 licenciamento	prévio,	qual	é	o	órgão	que	tem	por	objetivo,	
definir	quais	os	produtos	necessitam	de	licenciamento	para	que	sua	importação	
seja devidamente autorizada:
a)	(	 )	 A	IRF,	pois	ela	também	legisla	sobre	esta	matéria.
b)	(	 )	 O	MDIC,	poiso	licenciamento	é	uma	mera	orientação	para	entrada	de	
produtos no país.
c)	(	 )	 O	DECEX	é	o	único	responsável	pela	análise	e	elaboração	da	listagem	
dos produtos sujeitos ao licenciamento de mercadorias importadas.
d)	(	 )	 É	papel	da	CAMEX	definir	sobre	as	normas	relativas	à	classificação	fiscal.
e)	(	 )	 Pode	ser	a	ANVISA	pois	ela	diz	respeito	também	a	produtos	importados	
para consumo humano e animal.
3	 Assinale	a	correta	sequência	de	V	ou	F.	Podemos	firmar	que	a	Aduana:	
(	 )	 É	um	departamento	subordinado	ao	Ministério	da	Fazenda.
(	 )	 É	uma	instituição	voltada	para	o	recolhimento	de	impostos	e	fiscalização.
(	 )	 A	 Aduana	 ou	 alfândega	 é	 a	 instituição	 que	 controla	 e	 administra	 o	
fluxo	internacional	de	cargas	e	mercadorias.	
(	 )	 É	um	órgão	governamental	encarregado	de	analisar	se	é	possível	ou	não	
aumentar ou diminuir as alíquotas de impostos.
AUTOATIVIDADE
26
(	 )	 Podemos	afirmar	que	a	Aduana	é	apenas	um	órgão	executivo,	pois	cuida	
apenas	da	parte	burocrática	do	comércio	exterior.	A	etapa	de	fiscalização	
das	mercadorias	é	efetuada	apenas	pelos	demais	órgãos	anuentes.
a)	(	 )	V	–	F	–	V	–	F	–	F.
b)	(	 )	V	–	V	–	V	–	F	–	F.
c)	(	 )	V	–	F	–	V	–	V	–	F.
d)	(	 )	F	–	F	–	V	–	F	–	V.	
e)	(	 )	F	–	V	–	V	–	F	–	F.
4	 O	controle	exercido	pelos	órgãos	competentes	ocorre	em	todo	o	território	
nacional,	notadamente,	nos	locais	onde	existe	a	circulação	de	mercadorias,	
pessoas e veículos destinados ou provenientes do exterior. Nestes 
locais,	 denominados	Recintos	Alfandegados,	 caso	uma	empresa	 efetue	 a	
importação	de	uma	mercadoria	cuja	entrada	no	país	é	legalmente	permitida,	
entretanto,	 se	 esta	 mercadoria	 for	 declarada	 com	 valores	 inferiores	 aos	
praticados	no	mercado	internacional,	podemos	concluir	que:
a)	(	 )	A	 operação	 acima	 seria	 caracterizada	 como	 crime	 de	 contrabando,	
sujeita	apenas	à	multa	sobre	o	valor	da	mercadoria.
b)	(	 )	Neste	 caso	 a	 empresa	 estava	 utilizando	 de	 artifícios	 ilegais	 para	
promover	a	lavagem	de	dinheiro.
c)	(	 )	A	 empresa	 utilizou	 de	 expediente	 irregular	 para	 violar	 o	 regime	 de	
cotas de importação.
d)	(	 )	Podemos	afirmar	que	a	empresa	cometeu	crime	de	Descaminho.
e)	(	 )	Sem	 sombra	 de	 dúvida,	 esta	 operação	 é	 equiparada	 a	 sonegação	 de	
mercadoria.
TÓPICO 2 —
27
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS
1 INTRODUÇÃO
A	atividade	de	compra,	venda,	troca	de	mercadorias,	bens	e	serviços	vem	
aumentando	consideravelmente	todos	os	anos	e	praticamente	em	todas	as	regiões	
do planeta. 
O	advento	da	globalização	somado	a	rápida	evolução	dos	meios	de	co-
municação	e	novas	tecnologias	desenvolvidas	na	área	de	comércio	internacional,	
impulsionavam	de	forma	significativa	esse	incremento	do	comércio	mundial.
Aliado	a	este	crescimento	do	mercado	 internacional,	as	empresas	 também	
evoluíram,	desenvolveram	novas	formas	de	fabricar	os	seus	produtos,	além	de	diver-
sificar	o	leque	de	mercadorias	para	atingir	o	seu	consumidor	onde	quer	que	ele	esteja.
Obviamente,	o	aumento	da	produção	e	comercialização	nacional	e	inter-
nacional,	trouxe	também	alguns	problemas	na	correta	identificação	destes	produ-
tos	e	serviços.	Além	das	novidades	de	produtos,	também	tivemos	a	criação	de	no-
vos	materiais	que	compõem	as	mercadorias,	além	da	fragmentação	da	produção.
Hoje	é	comum	termos	produtos	fabricados	em	países	diferentes,	total	ou	
parcial para posteriormente serem comercializados em mercados distintos.
Estas novas formas de produzir e comercializar trouxe também a neces-
sidade	por	parte	dos	países	de	encontrar	maneiras	mais	práticas	e	eficientes	de	
identificar	e	catalogar	esses	produtos,	tornando	mais	prático,	rápido	e	fácil	sua	
correta	identificação,	principalmente	para	fins	tributários,	principalmente	para	o	
devido recolhimento dos impostos e taxas incidentes sobre a importação.
Desta	 forma,	 abordaremos	 no	 tópico	 a	 seguir	 os	 aspectos	 relacionados	
a	classificação	fiscal	de	mercadorias,	sua	 importância,	bem	como	os	métodos	e	
critérios	utilizados	para	o	 correto	 enquadramento	fiscal,	 evitando-se	penalida-
des	dos	órgãos	oficiais	envolvidos	nas	operações	de	comércio	internacional,	bem	
como	o	recolhimento	de	multas,	atrasos	no	desembaraço	alfandegário	entre	ou-
tros	prejuízos	decorrentes	do	desconhecimento	relativo	a	classificação	fiscal.
2 CONCEITO DE NOMENCLATURA
A	nomenclatura	de	mercadoria,	como	veremos	detalhadamente	a	seguir,	
representou	um	grande	avanço	para	a	verificação,	controle	e	tributação	das	mer-
cadorias	importadas.	Considerando-se	que	existe	uma	gama	enorme	de	mercado-
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
rias produzidas em todos os países do mundo é humanamente impossível iden-
tificar	cada	uma	delas	se	não	houver	uma	forma	lógica	e	ordenada	de	catalogar	
todo	este	universo	de	produtos,	inclusive,	levando-se	em	consideração	as		dife-
renças	de	materiais	utilizados	na	fabricação,	finalidades,	entre	outros	aspectos,	
que podem diferenciar um mesmo produto de outro.
Em	princípio,	a	única	forma	lógica	que	poderia	ser	utilizada,	seria	uma	
espécie	de	 classificação	em	ordem	alfabética,	 listando	produto	por	produto.	A	
partir	de	então,	como	continuidade,	haveria	a	necessidade	de	definir	qual	tipo	de	
carga	tributária	seria	determinada	a	eles.
Considerando	que	todas	as	mercadorias	existentes	no	mundo	podem,	sem	
tese,	ser	importadas	pelo	nosso	país,	cabe	ao	governo	brasileiro	a	definição	das	alí-
quotas do imposto de importação para cada espécie deles. O normal é que cada bem 
tenha	uma	alíquota	respectiva,	mas	nada	impede	que	um	país	defina	uma	única	alí-
quota	para	a	importação	de	todo	e	qualquer	tipo	de	produto	(LUZ,	2012,	p.	296).
Vale	ressaltar	que	a	questão	relativa	às	alíquotas	cobradas	na	importação	
dos	produtos,	pode	variar	de	país	para	país,	inclusive,	alguns	adotam	um	sistema	
de cobrança ou taxa única independentemente do tipo de produto.
Retornando	ao	parágrafo	anterior,	se	imaginarmos	rapidamente,	teríamos	
uma	 lista	gigantesca	de	produtos	 em	cada	 letra	do	alfabeto,	 o	que	dificultaria	
sobremaneira	a	sua	localização,	assim	como,	com	relação	às	alíquotas,	teríamos	
uma	grande	dificuldade	para	identificá-las	de	forma	rápida	e	segura.
Dessa	forma,	surgiu	a	ideia	de	classificar	por	capítulos,	seções	ou	grupos	
de produtos e enquadrar os diferentes tipos de produtos nestes capítulos. Na 
Figura	8,	temos	um	exemplo	de	uma	mercadoria	constante	da	seção	VII	da	Tarifa	
Externa	Comum,	cuja	consulta	foi		efetuada	através	de	um	sistema	próprio	desti-
nado	a	empresas	que	atuam	na	área	de	comércio	exterior,	ou	seja,	temos	capítu-
los	para	grupos	de	produtos	os	quais	são	posteriormente	subdivididos	conforme	
veremos posteriormente.
Existem	muitas	vantagens	para	este	tipo	de	classificação,	por	exemplo,	o	se-
tor	tributário	do	governo	poderia	instituir	uma	alíquota	única	para	todos	os	produtos	
deste	grupo	ou,	de	acordo	com	os	interesses	comerciais	do	país,	pode	pormenorizar	
ou	seja,	criar	alíquotas	diferentes	para	alguns	produtos	do	mesmo	capítulo	que	gera-
riam	impostos	maiores	ou	menores	dependendo	da	estratégia	governamental.
Por	intermédio	desse	sistema,	é	possível	não	apenas	identificar	e	des-
crever as mercadorias (levando-se em consideração suas características 
genéricas	até	o	maior	nível	de	detalhamento	possível),	mas	sobretudo	
referenciá-las	em	todos	os	aspectos	inerentes	ao	comércio	exterior,	ou	
seja,	fiscais,	cambiais,	comerciais,	tributários,	estatísticos	e	até	mesmo	
políticos,	oferecendo	condições	para	o	desenvolvimento	das	relações	
de	comércio	entre	as	nações	(FARO;	FARO,	2007,	p.	28).
TÓPICO 2 —
29
Se	o	país	possui	um	acordo	de	cooperação	econômica	com	determinada	nação,	
podem-se	cobrar	percentuais	mais	baixos	de	um	país	e	mais	elevados	de	outro,	criando	
um maior vínculo comercial com determinadas nações ou blocos econômicos.
Dentro	da	classificação	normal	de	cada	produto,	também	é	detalhada	a	
forma	de	medida	 estatística	 oficial	 ou	 a	 comercializada	pelas	 empresas,

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