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Cartilha Sucessões

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUTORA 
Isabella Paranaguá 
Advogada no Escritório Cláudia Paranaguá Advocacia. Contencioso e consultivo; Doutora em Direito 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), bolsista CNpq; Mestre em Ciência 
Política pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), bolsista CAPES; pós-graduada em Direito 
Processual Civil (FMS) pelo LFG. Especialista em Direito de Família e Sucessões pelo Complexo 
Damásio de Ensino. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, seção Piauí (IBDFAM-
PI), 2013/2017. Presidente da Comissão de Direito das Famílias e Sucessões da Ordem dos 
Advogados do Brasil, seção Piauí (OAB-PI). Secretária da Comissão Nacional de Promoção da 
Igualdade do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFPAB). Professora de Direito 
na Uninove. Palestrante. 
 
Cláudia Paranaguá 
Advogada no Escritório Cláudia Paranaguá Advocacia. Contencioso e consultivo; Especialista em 
Direito Civil pela Escola Superior de Advocacia, seção Piauí. Especialista em Direito de Família e 
Sucessões pelo Complexo Damásio de Ensino. Membro fundadora do Instituto Brasileiro de Direito 
de Família, seção Piauí (IBDFAM-PI). Vice-Presidente da Comissão Nacional de Direito das Famílias 
e Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB Federal. Conselheira Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil, Conselho Federal da OAB. 
 
Sérgio Pereira Braga 
Doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, mestrado em 
Administração de Empresas pelo Centro Universitário FECAP, mestrado em Direito pela 
Universidade Nove de Julho, graduado em Direito pela Universidade São Judas Tadeu. Atualmente 
é diretor dos cursos de Direito da Associação Educacional Nove de Julho. Tem experiência na área 
de Direito, com ênfase em Direito Público, atuando principalmente nos seguintes temas: acesso à 
justiça; gestão da justiça; reforma do judiciário; eficiência; educação e cidadania. 
REALIZAÇÃO 2018 
COMISSÃO DE DIREITO DAS FAMÍLIAS E SUCESSÕES 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 5 
COMPOSIÇÃO DIRETORIA OAB-PI 2015/2018 ............................................................ 6 
COMPOSIÇÃO IBDFAM-PI 2016/2017 ......................................................................... 7 
COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO DE DIREITO DAS FAMÍLIAS E SUCESSÕES DA OAB-PI ..... 8 
CARTA PRESIDENTE OAB-PI ...................................................................................... 9 
CARTA VICE-PRESIDENTE OAB-PI ........................................................................... 10 
CARTA CONSELHEIRA FEDERAL OAB-PI E VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE 
DIREITO DE FAMÍLIA DA OAB FEDERAL ................................................................... 11 
OBJETIVO DA CARTILHA ......................................................................................... 12 
CARTILHA DAS SUCESSÕES .................................................................................... 13 
1. Fundamento, conceito e espécies de sucessão. ............................................... 13 
1.1 Abertura da sucessão. Transmissão e administração da herança. ................... 13 
2. Capacidade para suceder. Aceitação e renúncia da herança. Exclusão 
por indignidade. .................................................................................................. 14 
Aceitação e renúncia da herança ....................................................................... 15 
2.1 Consequências da renúncia: ........................................................................ 16 
3. Herança jacente e vacante. Petição de herança. .............................................. 17 
4. Sucessão legítima: ordem de vocação hereditária. ........................................... 18 
4.1 Sucessão do cônjuge .................................................................................. 20 
4.2 Direito sucessório na união estável e entre pessoas do mesmo sexo. ............. 22 
5. Herdeiros necessários. Direito de representação. ............................................. 24 
Cláusulas restritivas .......................................................................................... 25 
Cláusula de inalienabilidade: ............................................................................. 25 
Cláusula de impenhorabilidade .......................................................................... 26 
Fundamento jurídico ......................................................................................... 27 
Requisitos do direito de representação............................................................... 27 
 
4 
 
Efeitos da representação .................................................................................. 28 
a) Comum ou Ordinário .................................................................................... 30 
Especiais ou Extraordinários .............................................................................. 34 
O codicilo ........................................................................................................ 35 
Disposições testamentárias ............................................................................... 35 
Regras das Disposições Testamentárias ............................................................. 36 
I. Regras Permissivas são aquelas que permitem o testador de dispor 
de seu patrimônio. ........................................................................................... 36 
Condição Termo Encargo .................................................................................. 37 
II. Regras Proibitivas: ....................................................................................... 37 
III. Regras Restritivas ....................................................................................... 38 
Legado. ........................................................................................................... 39 
Direito de Acrescer. .......................................................................................... 40 
Requisitos ao Direito de Acrescer ...................................................................... 40 
Substituições testamentárias. ............................................................................ 43 
Revogação do testamento: ............................................................................... 43 
Formas de Revogação ...................................................................................... 43 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 54 
 
 
 
5 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 A Cartilha de Direito das Sucessões tem o objetivo de aproximar o cidadão de 
conceitos e informações sobre temas que envolvem a herança no Brasil, nos quais uma 
boa parte da sociedade não tem acesso de maneira sucinta e objetiva, haja vista ser 
considerado um direito mais enigmático. 
 Na sorte de poder desmistificar os assuntos de sucessão, para guiar o leitor, a 
cartilha aborda sobre todos os assuntos a respeito da herança de maneira mais enxuta, 
exatamente para atingir sua pretensão de informativo básico. A análise dos temas foi 
cuidadosamente dividida na disposição do sumário, fazendo com que o leitor consiga sanar 
suas dúvidas pela escolha das matérias pertinentes a ele. Além disso, a presente Cartilha 
também cumpre um papel social, de garantir à sociedade a sua aproximação com 
ordenamentos jurídicos muitas vezes difíceis de compreender. 
 Sendo assim, observa-se a Cartilha como de suma importânciapara os cidadãos 
se informarem dos seus direitos sucessórios, porém, ela não supre a orientação pelo 
profissional especializado na área; esta é sempre a melhor recomendação. Dessa maneira, 
frise-se que o advogado é essencial à justiça, sendo fundamental a consulta do cidadão 
junto a um procurador, seja ele público (defensores) ou privado. 
 
Isabella Paranaguá1 
 
 
1 Advogada; Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Direito de 
Família e Sucessões. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, seção Piauí (IBDFAM-PI), 2014-2017. Membro da 
Comissão de Direito das Famílias e Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Piauí (OAB-PI). Secretária da Comissão 
Nacional de Promoção da Igualdade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Professora e Palestrante. 
 
 
6 
 
 
 
COMPOSIÇÃO DIRETORIA OAB-PI 2015/2018 
 
Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Piauí 
Triênio 2015/2018 
 
Francisco Lucas Costa Veloso 
PRESIDENTE 
 
Lucas Nogueira do Rego Monteiro Villa Lages 
VICE-PRESIDENTE 
 
Leonardo Cerqueira e Carvalho 
SECRETÁRIO-GERAL 
 
Elida Fabrícia Oliveira Machado Franklin 
SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA 
 
Antônio Lucimar dos Santos Filho 
TESOUREIRO 
 
7 
 
 
 
COMPOSIÇÃO IBDFAM-PI 2016/2017 
 
Cláudia Paranaguá de Carvalho Drumond 
PRESIDENTE DO PIAUÍ 
 
Sheila de Andrade Ferreira 
VICE-PRESIDENTE 
 
Isabella Nogueira Paranaguá de Carvalho Drumond 
SECRETÁRIA-GERAL 
 
 
CONSELHO FISCAL: 
Ana Cecília Rosário Ribeira 
Marcelo de Jesus Monteiro Araújo 
Olímpio José Passos Galvão 
 
 
CONSELHO ADMINISTRATIVO: 
Verônica Rodrigues Sales 
Rosa Mendes Formiga 
Regina Coeli Santos Freitas 
 
 
8 
 
 
 
COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO DE DIREITO DAS FAMÍLIAS E 
SUCESSÕES DA OAB-PI 
 
Max Vinícius Fontenele Rocha 
PRESIDENTE 
 
Fernando Macau 
VICE-PRESIDENTE 
 
 
Alba Valéria Vilanova Oliveira 
SECRETÁRIA 
 
 
9 
 
 
 
CARTA PRESIDENTE OAB-PI 
 
 O conceito de família é cada vez mais plural. As espécies de família da sociedade 
pós-moderna não mais decorrem apenas do matrimônio. O artigo 226 da Constituição 
Federal se revela como um rol exemplificativo de tipos de família, que variam entre famílias 
informais, advindas de uma união estável, que pode ser entre pessoas do mesmo sexo ou 
não, famílias monoparentais, dentro outras mais diversas formas de relação familiar, tendo 
o afeto como o valor mais importante. 
 O impacto das novas famílias da contemporaneidade gera a necessidade de 
reformulação do código infraconstitucional que rege as questões de direito sucessório, 
visto que nosso Código Civil data de 2002 e foi concebido no final dos anos 1960. Assim, 
através das décadas, uma série de leis sobre as famílias foram aprovadas, ficando alguns 
dispositivos deste código defasados. Dessa forma, o estudo deste código deve ser feito 
criteriosamente, para que se procure uma interpretação mais moderna referente à área 
do Direito de Sucessão. 
 A proposta da presente Cartilha das Sucessões vem em boa hora, pois visa 
aproximar a sociedade em geral dos seus direitos hereditários. Com o objetivo de reunir, 
em linguagem de fácil acesso, o resumo das normas relacionadas ao tema, a Cartilha das 
Sucessões permite tornar a lei e a justiça mais próximas do cidadão, e conectada com a 
realidade familiar brasileira. 
 
Francisco Lucas Costa Veloso 
 
 
10 
 
 
 
CARTA VICE-PRESIDENTE OAB-PI 
 
 A presente cartilha é de fundamental importância para a sociedade, pois objetiva 
aproximar cidadãos a respeito dos assuntos que envolvem as suas famílias, 
especificamente, no tocante ao direito sucessório. 
 A forma didática e de fácil linguagem possibilitam a melhor compreensão pela 
sociedade dos direitos advindos da morte de um familiar próximo. Assim, a objetividade 
da Cartilha permitirá com que a solidariedade entre operadores do Direito e a comunidade 
reinem. 
 Certo de que, este trabalho atingirá a meta pretendida, qual seja, ser utilizado 
pelas pessoas como instrumento de orientação no exercício dos seus direitos civis 
sucessórios e como contribuição para o bem estar social, parabenizo a iniciativa da autora 
e seus colaboradores, pelo excelente trabalho em equipe. 
 
Lucas Nogueira do Rego Monteiro Villa Lages 
 
 
11 
 
 
 
CARTA CONSELHEIRA FEDERAL OAB-PI E VICE-PRESIDENTE 
DA COMISSÃO DE DIREITO DE FAMÍLIA DA OAB FEDERAL 
 
 O homem é um animal gregário, sendo a família seu habitat natural, seu primeiro 
lugar de encontro com experiências humanas. Tendo em vista seu dinamismo ao longo 
das décadas, no mundo pós-moderno adquiriu novas feições. 
 A importância desta Cartilha reside no seu esforço em tratar o Direito Sucessório 
de forma singular, como uma matéria própria do Direito Civil, e não como um mero 
complemento doutrinário do Direito das Famílias. O enigmático Direito Sucessório 
apresenta uma disposição jurídica totalmente peculiar, sendo, portanto, de suma 
importância trazermos ao público em geral conhecimentos legais muitas vezes difíceis de 
captar ou de difícil acesso para o homem comum. 
 Assim é que a razão desta Cartilha está diretamente ligada à formação política do 
homem e ao modo como ele vive e se porta em sociedade. Os direitos oriundos da herança 
estão elencados em um livro próprio de Direito Sucessório, e merecem atenção redobrada 
exatamente porque são mais densos. 
 Esta cartilha, assim, preza por esclarecer as dúvidas mais frequentes dos 
cidadãos sobre o direito de suceder outrem. Temas importantes como inventário, partilha, 
aceitação, renúncia, legado, espécies de testamento, legítima, inconstitucionalidade do 
art. 1.790 do CC, dentre outros, são alguns dos temas abordados nesta Cartilha, com 
clareza e riqueza de conteúdo, sendo possível a sua utilização para equilibrar as relações 
familiares que já estão no estágio sucessório. 
 
Cláudia Paranaguá. 
 
 
12 
 
 
 
OBJETIVO DA CARTILHA 
 
 Proporcionar à comunidade o conhecimento dos seus direitos sucessórios. 
 Criar uma meta de trabalho para os integrantes da Comissão de Direito das Famílias 
e Sucessões da OAB-PI e do Instituto Brasileiro de Direito de Família- seção Piauí. 
 Divulgar, com a ajuda das diretorias das respectivas instituições a cartilha em sua 
região. 
 A comissão e o @ibdfampi ficarão responsáveis por fornecer subsídio técnico para 
que a meta do projeto seja alcançada. Sendo assim, manterão um grupo de 
atuação na capital piauiense, com trabalhos voltados à finalidade e objetivos 
específicos desta Comissão e Instituto. 
 Os Assessores também contribuirão de forma incisiva para que haja o intercâmbio 
de trabalhos realizados pela Comissão e o Instituto, no âmbito de sua atuação. 
Trata-se de um trabalho de equipe envolvendo as Subsecções e Seccional da OAB-
PI, visando a divulgação do Direito das Sucessões. 
 Objetiva-se de maneira geral um maior entrosamento entre o Judiciário e a 
população, para que todos tenham conhecimento dos seus direitos hereditários. 
 
 
 
13 
 
 
 
CARTILHA DAS SUCESSÕES 
 
1. Fundamento, conceito e espécies de sucessão. 
 O tipo de sucessão tratado nesta Cartilha diz respeito àquela em que há a 
substituição em decorrência da morte de alguém. O Direito das Sucessões determina a 
transmissão do patrimônio e das obrigações (ativos e negativos) do morto aos seus 
herdeiros. 
 O ato de suceder em razão do evento morte, nesse sentido,tem como 
fundamento o fortalecimento da família (direito de herança: art. 5º, xxx, Constituição 
Federal), o sentimento de equidade (art. 227, §6º, CF: paridade de direitos entre todos 
os filhos, havidos ou não do casamento, assim como por adoção; art. 229, Constituição 
Federal: princípio da solidariedade, dever de assistência dos pais aos filhos e extensão) e 
o aspecto econômico (art. 5º, XXII, CF: direito de propriedade- garantia fundamental. 
 
1.1 Abertura da sucessão. Transmissão e administração da herança. 
 Na hora da morte ocorre automaticamente a transmissão da herança para os 
sucessores, que podem ser legítimos e/ou testamentários. (Art. 1.784, CC). Isso porque 
não pode existir patrimônio sem titular, e para dar continuidade às relações jurídicas, o 
legislador do Código Civil trata desse momento como uma ficção jurídica. 
 A herança compreende o conjunto de ativos e passivos do morto. É o próprio 
morto quem transmite ao herdeiro o domínio e a posse do que lhe pertencia. 
 Existem dois tipos de morte da pessoa natural: a real e a presumida. 
 A morte real da pessoa humana é verificada através do atestado de óbito, feito o 
exame cadavérico pelo médico legista, o qual vai atestar a paralisação da atividade 
cerebral, respiratória e circulatória. 
 O Atestado de óbito- laudo médico-estão descrito no art. 77 da Lei de Registros 
Públicos (LEI 6015/73), sendo que, recentemente, houve uma alteração pela lei 
13.484/17, que tornou o dispensável laudo médico. 
 Já a morte presumida, é aquela em que não existe corpo para averiguação da 
causa da morte. São aquelas mortes em catástrofes ou casos de perigo de vida. Para essas 
situações, a Lei de Registros Públicos (lei 6015/73) informa que deve ser feito um 
 
14 
 
“Procedimento de Justificação”, para que seja declarada a morte através de sentença 
judicial. É o juiz quem vai dar a data provável da morte presumida. 
 A morte do ausente é tratada de forma especial pelo Código Civil. O ausente é 
aquela pessoa que desapareceu sem deixar representante legal. Para este haverá 
sucessão específica, de acordo com os ditames do artigo 38 do CC/02. Sua morte também 
é presumida. 
 Outra situação específica é a comoriência, que tem por conceito a presunção de 
morte simultânea de duas ou mais pessoas, em regra, na mesma ocasião, em razão do 
mesmo evento, sendo elas reciprocamente herdeiras. Neste caso, não haverá 
transferência de Direitos, sendo que um não será herdeiro do outro. 
 
2. Capacidade para suceder. Aceitação e renúncia da herança. Exclusão por 
indignidade. 
 São dois os pressupostos da sucessão: 
i) Falecimento de alguém (real ou presumido) 
ii) Herdeiro 
 
Capacidade para suceder 
 As pessoas chamadas a suceder o morto são as nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão. 
 São, portanto, beneficiadas, tanto as pessoas naturais quanto as jurídicas (de 
direito público ou privado). 
 Já o nascituro, que é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre 
materno, possui expectativa de direito. A eficácia da herança para ele dependerá do seu 
nascimento com vida, observadas as regras do artigo 1.800 do Código Civil, como por 
exemplo, o prazo de espera de dois anos após a abertura da sucessão, para que o herdeiro 
esperado seja concebido, senão, os bens reservados a ele, salvo disposição em contrário 
do testador, caberão aos herdeiros legítimos. 
 Para que herde, o sucessor (legítimo e/ou testamentário) precisa estar vivo no 
momento da morte do autor da herança. Caso contrário, o testamento feito para pessoa 
já falecida será considerado caduco. 
 Estão excluídos da possibilidade de herdar os animas de estimação, as entidades 
místicas e as coisas inanimadas. Por exemplo, não poderá ser registrado no Brasil o 
testamento que beneficia cachorros, gatos, santos, anjos. 
 
15 
 
 Segundo o artigo 1.801 do CC/02, não possuem legitimação para ser herdeiros 
testamentários ou legatários: 
 a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, bem como do seu cônjuge 
ou companheiro, e de seus ascendentes e irmãos; 
 as testemunhas do testamento; 
 o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa, estiver separado 
de fato do cônjuge há mais de cinco anos; 
 o tabelião, civil ou militar, ou do comandante ou escrivão, perante quem 
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
 Muito se pergunta a respeito do marido ou esposa que falecem, deixando também 
uma relação extraconjugal. Nesses casos, em síntese, pode-se chegar às seguintes 
conclusões: 
a) o filho desse relacionamento extraconjugal terá direito à herança; 
b) caso não haja união estável, a(o) amante não tem direito à herança; 
c) caso tenha existido a união estável, a (o) companheira(o) tem direito à 
meação (parte do patrimônio que cabe aos companheiros) e também 
direito à herança, mas somente no tocante aos bens adquiridos/comprados 
durante esta união. 
d) problema do direito: legislação é omissa em relação à pessoa (marido ou 
esposa) que possui duas famílias (paralelas). 
 
Aceitação e renúncia da herança 
 Para que o herdeiro participe do processo de inventário do autor da herança ele 
precisa primeiro aceitá-la, se quiser. Sendo assim, a aceitação da herança é o ato pelo 
qual o herdeiro concorda com a transmissão dos bens e negativos do de cujus (morto), 
ocorrida por lei com abertura da sucessão, confirmando-a. 
 Essa fase é indispensável para o referido processo. Porém, se em determinado 
caso o sucessor não aceitar ser herdeiro, por qualquer motivo válido, a transmissão da 
herança não será verificada, uma vez que ocorrerá a sua renúncia. 
 
 
16 
 
 A aceitação é ordinária, informal. Aqui o herdeiro pode se manifestar em prazo 
certo, por meio da intimação, ou pode aceitar a qualquer momento, desde que respeite o 
prazo prescricional de dez anos. 
 A renúncia é exceção. Deve ser expressa e constar obrigatoriamente em 
instrumento público ou termo judicial, lançado nos autos do inventário (art.1.806 CC); 
 
2.1 Consequências da renúncia: 
 O herdeiro que renuncia a herança é tratado como se jamais tivesse sido 
chamado, tendo como consequência, o acréscimo da sua parte renunciada à dos herdeiros 
da mesma classe. Neste caso, não existe possibilidade de representação, por exemplo, o 
neto ser herdeiro de filho que renunciou a herança do pai, pois ninguém pode “suceder 
herdeiro renunciante” (art. 1.811, CC). 
 A renúncia é irretratável (art. 1.812 cc), pois retroage à data da abertura da 
sucessão, presumindo-se que os outros herdeiros por ela beneficiados tenham herdado 
na referida data. 
 
Exclusão por indignidade. 
 A indignidade e a deserdação são punições civis aplicáveis àqueles que atentam 
contra o autor da herança, seja contra a vida, contra a honra e/ou contra a liberdade de 
testar. Indigno e deserdado são considerados incompatíveis com a herança. Em ambos 
os casos há privação dos direitos sucessórios. 
 Vejamos em um quadro a diferença entre os dois institutos: 
 
INDIGNIDADE DESERDAÇÃO 
As causas de indignidade estão previstas no art. 
1.814 do Código Civil de 2002 
As causas de deserdação são as mesmas de 
indignidade (CC, art. 1.814) e também as previstas 
nos arts. 1.962 e 1.963 do CC. 
Pode atingir todos os sucessores, legítimos e 
testamentários, inclusive legatários 
é utilizada pelo testador para afastar de sua 
sucessão os herdeiros necessários 
A indignidade é ato reconhecido mediante uma ação 
de indignidade, prevista no art. 1.185 do Código Civil 
 
A deserdação se manifesta por ato de vontade do 
autor da herança por meio do testamento, logo, 
somente o autor daherança pode deserdar 
É postulada por terceiros interessados em ação 
própria 
É o autor da herança quem pune o responsável, em 
testamento, desde que fundada em motivo legal (art. 
1.814, 1.962 e 1.963 cc) 
Pode o de cujus reabilitar o indigno 
 
 
17 
 
Vejamos os artigos sobre o tema: 
 Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários : 
 I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou 
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, 
ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o 
autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou 
companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o 
autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam 
a deserdação dos descendentes por seus ascendentes : 
 I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com 
o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 
 Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação 
dos ascendentes pelos descendentes: 
 I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher ou 
companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da 
neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. 
 
3. Herança jacente e vacante. Petição de herança. 
 Herança jacente é herança sem dono atual, pois não há herdeiro certo ou 
determinado ou não se sabe a existência dele; representa um estado transitório limitado 
por natureza. É o estado da herança que não se sabe se será aceita ou repudiada. 
 Esse tipo de herança não tem personalidade, assim como o espólio, que por sua 
vez, possui outro conceito. O espólio é o conjunto de bens deixados pelo de cujus desde 
a abertura da sucessão (morte) até a partilha (divisão dos bens entre os herdeiros que 
aceitaram a herança). Diferente da herança jacente, no espólio, todos os herdeiros 
(legítimos e/ou testamentários) são conhecidos. 
 Na herança vacante serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, 
praticadas todas as diligências, não aparecerem herdeiros (Art. 1.820 CC). Esse 
procedimento segue as regras do Novo Código de Processo Civil/2015, artigo 741 e 
seguintes. 
 
18 
 
 A herança só é considerada vacante através de uma sentença declaratória de 
vacância, em seguida, ocorre a incorporação dos bens ao patrimônio público, de forma 
definitiva. 
 REGRA: Tal declaração não prejudicará os herdeiros que legalmente se 
habilitarem, mas, decorridos cinco anos da sucessão, os bens arrecadados passarão ao 
domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, 
incorporando-se ao domínio da União quando situados em território Federal (Art. 1.822 
CC). EXCEÇÃO: Ficarão excluídos da sucessão os colaterais que não se habilitarem até a 
declaração de vacância, conforme o P. único do Art. 1.822 CC. 
 Meio de reclamar: ação direta- ordinária de petição de herança (ART. 743, 
p.2, NCPC). 
 A petição de herança é a ação que compete ao sucessor preterido, para o fim 
de ser reconhecido o seu direito sucessório e obter, em consequência, a restituição da 
herança, no todo ou em parte, de quem a possua, na qualidade de herdeiro, ou mesmo 
sem título. A petição de herança é o meio de o herdeiro excluído do inventário e partilha 
obter a restituição da herança. 
 A procedência da ação, decretada em sentença transitada em julgado, gera o 
reconhecimento da ineficácia da partilha em relação ao autor da ação, dispensada a 
sua anulação. 
 Com o reconhecimento da qualidade hereditária do autor da herança: 
 1. Nulidade da partilha da herança 
 2. Retificação da partilha realizada anteriormente 
 Pode atingir o herdeiro aparente, o simples possuidor e o terceiro adquirente. 
 Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo 
menor. 
 
4. Sucessão legítima: ordem de vocação hereditária. 
 A sucessão acontece por lei ou disposição de última vontade. A primeira é 
chamada de sucessão legítima (obrigatória) e a segunda é feita na forma de testamento. 
 Por um princípio francês chamado saisine, entende-se que a ordem de vocação 
hereditária é uma ficção jurídica criada para obrigatoriamente deixar os bens do morto 
para os seus sucessores, e na falta deles, para o patrimônio público. 
 
19 
 
 Se a pessoa morre sem deixar testamento, toda a herança (ativos e negativos) 
vai para os herdeiros legítimos (art. 1.788, CC), numa sequência entendida como 
preferencial. Igual efeito acontecerá se o testamento caducar ou for julgado nulo. 
 São herdeiros necessários os descendente, os ascendente e o cônjuge. São 
herdeiros facultativos os colaterais. Todo herdeiro necessário é herdeiro legítimo, mas 
nem todo herdeiro legítimo é necessário, pois o colateral não o é. 
 O artigo da ordem de vocação hereditária é o 1.829 do Código Civil. Vejamos: 
 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso 
Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) 
I aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se 
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da 
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares; 
II aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III ao cônjuge sobrevivente; 
IV aos colaterais. 
 
 O chamamento dos herdeiros ocorrerá por classes, sendo que o mais próximo 
excluirá o mais remoto (arts. 1.833, 1.836, 1.840 do CC/02). Dentro de uma classe a 
preferência estabelece-se pelo grau, sempre o mais próximo excluindo o mais remoto. 
 A primeira classe é a dos descendentes, que podem ou não concorrer com o 
cônjuge sobrevivente, a depender do regime de bens do casamento ou união estável. 
 São contemplados todos os descendentes, porém, os mais próximos em grau 
excluem os mais remotos, salvo os chamados por direito de representação, art. 1.833 CC; 
os filhos sucedem por cabeça (ou direito próprio), e os outros descendentes, por cabeça 
ou por estirpe (representação), conforme se achem ou não no mesmo grau, art. 1.835 
CC. 
 Os descendentes da mesma classe tem os mesmos direitos à sucessão de seus 
ascendentes (art. 1.834,CC); deve-se ater ao princípio da igualdade entre os filhos : art. 
1.596, CC, e a sua capacidade para suceder- tempo da abertura da sucessão. 
 
 
20 
 
 Segundo o art. 1.846, CC, pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a 
metade dos bens da herança, constituindo a legítima. 
 
4.1 Sucessão do cônjuge 
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA QUE O CÔNJUGE ASSUMA 
SEU PAPEL NA ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA. 
 
 
 O cônjuge sobrevivente deixa de herdar em concorrência com os descendentes: 
I. Se judicialmente separado do de cujus; 
II. Se, separado de fato há mais de 2 anos, não provar que a convivência 
se tornou insuportável sem culpa sua (1.830,CC) 
III. Se casado pelo regime da comunhão universal de bens 
IV. Se, casado pelo regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares. 
V. Se casado pelo regime da separação obrigatória de bens 
 
 Há de se observar que com o advento da Emenda Constitucional 66/2010 
(Emenda do Divórcio) acabou o prazo para ingressar com separação judicial no país, 
instituiu o divórcio como única forma de dissolverem vida um matrimônio, bem como 
excluiu definitivamente a discussão da culpa pelo fim do casamento, revelando-se o 
referido artigo anacrônico para os dias atuais no tocante à comprovação de culpa. 
 O cônjuge sobrevivente somente concorrerá com os descendentes: 
a) quando casado no regime da separação convencional; 
b) quando casado no regime da comunhão parcial e o de cujus possuía bens 
particulares; 
c) quando casado no regime da participação final dos aquestos. 
 
CC, Art.1830: 
a) o cônjuge não pode estar separado judicialmente, nem divorciado. 
b) o cônjuge não pode estar separado de fato, h. mais de 2 anos. A separação de fato 
por mais de 2 anos possibilita o divórcio e, então, como regra, o cônjuge sobrevivente 
não será herdeiro. A lei prevê, entretanto, uma exceção sem sua culpa. 
estiver separado de fato há mais de 2 anos, poderá o cônjuge ser herdeiro, se 
provar que a convivência se tornou imposs.vel sem sua culpa. 
 
 
 
 
21 
 
 Em concorrência com os descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos 
que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da 
herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer, art. 1.832, CC. 
 Existe uma divergência doutrinária ferrenha sobre a incidência dessa quarta parte, 
se será sobre todos os filhos ou somente os filhos comuns. Para Giselda Hironaka, por 
exemplo, deve ser de acordo com a primeira justificativa, pois deve-se privilegiar o cônjuge 
que ficou viúvo(a). Por outro lado, para Eduardo de Oliveira Leite, seria injusto incidir o 
cálculo sobre filhos que não são da viúva, acreditando este doutrinador que a quarta parte 
deve incidir somente sobre os filhos comuns do de cujus e cônjuge sobrevivente. 
 Não havendo herdeiros da classe dos descendentes, são chamados à sucessão os 
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, art. 1.836 CC; o cônjuge 
concorrerá com o ascendente em todos os regimes de bens. 
 O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na 
ascendente, art. 1.852, CC. Concorrendo com ascendentes em primeiro grau, ao cônjuge 
tocará um terço da herança; caber-lhe-á metade desta se houver um só ascendente, ou 
se maior for aquele grau, art. 1.837, cc. 
 Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao 
cônjuge sobrevivente (art.1.838 CC), desde que, ao tempo da morte do outro cônjuge, 
não estavam separados judicialmente, nem separados de fato havia mais de dois anos 
salvo, prova, nesse caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente, art. 1.830 CC; o cônjuge, sendo herdeiro necessário, não pode ser excluído 
a sucessão por testamento deixado pelo de cujus, art. 1.850 CC. 
 Figuram em quarto lugar na ordem da vocação hereditária e serão chamados a 
suceder se não houver cônjuge sobrevivente, art. 1.839 CC; é importante antecipar que o 
artigo 1.790 do CC, que tratava da sucessão do companheiro, foi julgado inconstitucional 
em maio de 2017, sendo assim, não existe mais a regra da sucessão do companheiro em 
concorrência com os colaterais, cabendo à este 1/3 da herança. 
 Entre os colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de 
representação concedido aos filhos de irmãos, art. 1.840 CC. 
 Não sobrevindo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou 
tendo ele renunciado à herança, está se devolve ao município ou ao distrito federal quando 
localizados na respectiva circunscrição, ou, à união, quando situada em território federal, 
art. 1.844 CC; o poder público não é herdeiro, não lhe sendo, por isso, reconhecido o 
 
22 
 
direito de saisine, pois ele apenas recolhe na falta de herdeiros; não havendo herdeiros, 
a herança torna-se jacente, transformando-se posteriormente em vacante, passando 
então os bens ao domínio público, art. 1.822 CC /art. 738 e seguintes. 
 
4.2 Direito sucessório na união estável e entre pessoas do mesmo sexo. 
 Segundo o art. 1.723, CC, é reconhecida como entidade familiar a união estável 
entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e 
estabelecida com o objetivo de constituição de família. Ou seja, para viver em união 
estável não é exigido coabitação, procriação, solenidade, tampouco requisito temporal. 
Basta preencher o disposto no artigo mencionado. 
 Vale ressaltar que todos os regimes de bens que dispostos para o casamento 
(comunhão parcial de bens, comunhão universal, participação final de aquestos, separação 
legal de bens e separação convencional) também vigem para a união estável, sendo o da 
parcial o regime padrão no Brasil, em caso de união estável sem contrato de convivência 
e, via de regra, de casamento sem pacto antenupcial. 
 Com a histórica decisão do Supremo Tribunal Federal, dos dias 04 e 05 de 
maio de 2011, a união duradoura, pública e contínua entre pessoas do mesmo gênero 
(união homoafetiva) foi reconhecida como entidade familiar, em “reconhecimento que 
é de ser feito segundo as mesmas regras e consequências da união estável heteroafetiva” 
(adpf 132 e da adi 4277). 
 Sendo assim, a união estável pode ser feita por um casal formado por 
parceiros do mesmo sexo. Solicitá-la é forma de garantir que os dois tenham segurança 
judicial e proteção em âmbito patrimonial. 
 Ainda, a Resolução Nº 175 de 14/05/2013 do Conselho Nacional de Justiça, dispõe 
sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em 
casamento, entre pessoas de mesmo sexo, sendo permitido, a partir de então, também o 
casamento homoafetivo. 
 A união estável era chamada no Código Civil anterior, de 1916, concubinato puro, 
enquanto quem vivia relação extraconjugal era chamado de concubino impuro (amantes). 
No extinto Código Civil a união estável não era reconhecida como entidade familiar, isso 
só foi possível a partir da Constituição Federal de 1988, conhecida como constituição 
cidadã. A atual carta maior do país, portanto, colocou no seu art. 266 a união estável 
 
23 
 
como mais uma espécie de família, deixando assim de ser chamada com o tom pejorativo 
do concubinato. 
 Com relação ao direito sucessório do companheiro, também houve uma 
atualização pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com o julgamento dos temas 498 e 809, 
em maio de 2017, levando à inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil, 
exatamente o artigo que tratava de forma diferenciada a sucessão do companheiro em 
relação à sucessão do cônjuge. 
 A vantagem da decisão do STF foi a resolução da grande instabilidade jurídica 
sucessória verificada no Brasil desde a vigência do Código Civil de 2002, colocando fim a 
debates sobre a inconstitucionalidade ou não do art. 1.790 do Código Civil, que punha o 
companheiro sobrevivente em posição desprestigiada com relação ao cônjuge 
sobrevivente. 
 Nesse diapasão, o que vale para os dias atuais é o entendimento da corrente 
vencedora no STF, que lutou pela equiparação entre cônjuge e companheiro para fins 
sucessórios. Nesse caso, a partir de maio de 2017 passa o companheiro a fazer parte do 
rol de herdeiros necessários, figurando no art. 1.829, CC, que trata da ordem de vocação 
hereditária. 
 
QUADRO ATUALIZADO DA CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DO CÔNJUGE E DO 
COMPANHEIRO (A): 
VÁLIDO PARA CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL 
 
REGIMES MEAÇÃO 
CÔNJUGE/COMPANHEIRO 
HERDA NOS BENS 
PARTICULARES? 
CÔNJUGE/COMPANHEIRO 
HERDA NOS BENS COMUNS? 
COMUNHÃO UNIVERSAL SIM NÃO NÃO 
COMUNHÃO PARCIAL SIM SIM, por força do art. 1829, I, 
CC. 
 
NÃO 
PARTICIPAÇÃO FINAL 
DE AQUESTOS 
SIM SIM NÃO 
SEPARAÇÃO 
OBRIGATÓRIA DE BES 
NÃO NÃO NÃO 
SEPARAÇÃOCONVENCIONAL DE 
BENS 
NÃO SIM NÃO 
 
 
 
 
24 
 
5. Herdeiros necessários. Direito de representação. 
 Para os herdeiros necessários existe proteção contra excessos da liberdade 
testamentária, proteção contra liberdades de atos inter vivos: doação direta, indireta, 
simulada e o negocio mixtum cum donatione 
 Quem são os herdeiros necessários? 
a) descendente (filho, neto, bisneto, etc)- sucessível 
b) ascendentes (pai, avô, bisavô, etc)- sucessível 
 
 É todo parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou 
deserdação, bem como o cônjuge (cc, art. 1.845) 
 Possuem direito à legítima: metade dos bens do testador, ou metade da sua 
meação; a outra metade (porção ou quota disponível), pode ser deixada livremente pelo 
morto (testamento); se não existe descendente, ascendente ou cônjuge, o testador 
desfruta de plena liberdade, podendo transmitir todo o seu patrimônio a quem desejar, 
exceto à pessoas não legitimadas a adquirir por testamento (arts. 1.798 e 1.801, CC) 
 Consideração: a adoção do sistema da liberdade limitada de testar não garante 
aos herdeiros necessários a certeza de que, efetivamente, herdarão uma quota parte do 
acervo defunto; 
 Art. 1.847 CC: CALCULA-SE A LEGÍTIMA SOBRE O VALOR DOS BENS 
EXISTENTES NA ABERTURA DA SUCESSÃO, ABATIDAS AS DÍVIDAS E AS DESPESAS DO 
FUNERAL, ADICIONANDO-SE, EM SEGUIDA, O VALOR DOS BENS SUJEITOS A COLAÇÃO. 
 EM RESUMO: 
1. Falecido o autor da herança, 
2. Pagas as suas dívidas e as despesas de funeral, 
3. Divide-se o patrimônio em duas partes iguais. 
3.1 uma delas constitui a quota disponível 
3.2 à outra adicionam-se o valor das doações recebidas do de cujus pelos 
seus descendentes, e que estes não tenham sido dispensados de 
conferir, e ter-se-á a legítima dos herdeiros necessários. 
 
 Art. 1.849, CC: o herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte 
disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. Possibilidades: 
a) herdeiro universal legítimo necessário e herdeiro universal testamentário; 
 
25 
 
b) herdeiro universal legítimo necessário e legatário; 
 
 Apesar de ser defesa a inclusão do cônjuge casado em regime de 
separação obrigatória de bens, como herdeiro necessário, é certo que 
poderá ser eleito como herdeiro testamentário, tendo em vista que não há 
vedação legal que o coíba a ser destinatário da metade disponível da herança 
do de cujus. 
 
Cláusulas restritivas 
 art. 2.014: pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os 
quinhões hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor 
dos bens não corresponder às quotas estabelecidas. 
 art. 2.018: é válida a partilha feita por ascendentes, por ato entre vivos ou de 
última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários. 
ø detalhe: universal de bens 
 
 art. 1.848: salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o 
testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de 
incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. 
 Existe, ainda, a proibição de conversão dos bens da legítima em outros de espécie 
diversa (art. 1.848, p.1, CC) 
 
Cláusula de inalienabilidade: 
 - excepcionalidade, somente se justa causa for declarada em testamento; 
 STJ: a cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, disposta no testamento 
em favor da herdeira necessária, desaparece com o seu falecimento. A cláusula pode 
apenas atingir os bens integrantes da legítima enquanto estiver vivo o herdeiro, passando 
livres e desembaraçados aos herdeiros deste. com a morte do herdeiro necessário 
(cc/1916, art. 1.721; CC/02, arts. 1.846 e 1.829), que recebeu bens clausulados em 
testamento, os bens passam aos herdeiros deste, livres e desembaraçados (CC/02 art. 
1.848). Resp 80.480-SP 
 
 
 
26 
 
Cláusula de impenhorabilidade 
 - objetivo: impedir a constrição judicial em execução, por dívidas contraídas pelo 
herdeiro, restringindo a atuação dos credores; 
 - frutos e rendimentos: não são atingidos 
 - sub-rogação de vínculos 
 - art. 1.848, p.2: mediante autorização judicial e havendo justa causa 
 - juiz autoriza venda de imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade, 
utilizando-se o produto na aquisição de outro imóvel de igual valor, ao qual serão 
transferidos os referidos ônus. 
 - art. 725, do Novo Código de Processo Civil: 
 Se processará na forma estabelecida para os procedimentos especiais de 
jurisdição voluntária o pedido de sub-rogação. 
 Pode o testador, ainda, subtrair ao usufruto paterno os bens deixados, bem como 
excluí-los da administração do genitor (art. 1.693, iii) 
 
Sucessão: por direito próprio ou por representação: 
a) por direito próprio: herdeiro mais próximo, parentesco ou condição de 
cônjuge ou companheiro; 
b) por representação: quando chamado a suceder em lugar do parente 
mais próximo do autor da herança, porém premorto, ausente ou incapaz 
de suceder; 
 benefício da lei; 
 diferente da sucessão por transmissão: 
– Na representação o herdeiro ocupa o lugar do representado, e assim 
sucede; 
– Na transmissão há dois chamamentos ou dupla transmissão, passando a 
herança ao herdeiro do sucedendo. 
 vocação direta ou indireta 
 Na linha reta descendente, se, p. ex., um dos filhos do autor da herança é pré-
morto, seus descendentes poderão representá-lo na sucessão, recebendo a cota que 
àquele caberia (art. 1851 do CC). 
 
 
27 
 
 Nesse caso, herdam por representação (estirpe). A lei, portanto, admite em 
situações como essa, que herdeiros da mesma classe e de graus distintos percebam a 
herança simultaneamente. 
 Para a aplicação do instituto é necessário que o representando seja pré-morto 
em relação ao autor da herança ou, ao menos, que tenham ambos morrido no 
mesmo instante (comoriência). 
 Na linha colateral (também chamada de transversal), o direito de representação 
defere-se apenas ao filho de irmão. Nos demais casos não há representação. É 
importante notar que, na linha reta, defere-se o direito de herdar por estirpe aos 
descendentes (expressão genérica), enquanto na colateral apenas ao filho do irmão 
(espécie restrita de descendente). Se um herdeiro renuncia à herança, é como se 
nunca tivesse existido. Logo, seus descendentes não podem representá-lo. Apenas 
herdam por direito próprio se não houver outros sucessores do mesmo grau do 
renunciante. 
 
Fundamento jurídico 
 – Restrita à sucessão legítima 
 – Substituição vulgar no testamento: pode este estipular, no testamento, que os 
bens deixados passem, por pré-morte do beneficiário a seus herdeiros legítimos. 
 – art. 1.851: dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes 
do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. 
 – art. 1.854: os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o 
representado, se vivo fosse. 
 
Requisitos do direito de representação 
a) que o representado tenha falecido antes do representante, salvo as hipóteses 
de ausência, indignidade e deserdação. 
b) que o representante seja descendente do representado. 
 linha reta: o filho substitui o pai na sucessão do avô, e assim por diante. 
 linha colateral: o filho substitui o pai, na sucessão de um tio, em 
concorrência com outros tios. 
 art. 1.852: o direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas 
nunca na ascendente. 
 
28 
 
c) que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no 
momento da abertura da sucessão. 
d) que não haja solução de continuidade no encadeamento dos graus entrerepresentante e representado- não pode o neto saltar sobre o pai vivo a fim 
de representá-lo na herança do avô, salvo em caso de ausência, indignidade 
ou deserdação; 
e) que reste, no mínimo, um filho do de cujus ou, na linha colateral, um irmão 
do falecido. Isso porque se todos os filhos do falecido já morreram ou todos 
os irmãos deste, os netos, no primeiro caso, e os sobrinhos, no segundo, 
herdam por direito próprio. 
 
Efeitos da representação 
 direito sucessório a pessoas que não sucederiam 
 o quinhão hereditário partir-se-á entre os representantes 
 o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra 
 obrigação de os netos, representando seus pais, levarem à colação de doações que 
estes receberam do avô, cujos bens estão sendo inventariados (CC, art. 2009). 
 
6. Sucessão testamentária. Capacidade para testar. Capacidade para adquirir 
por testamento. 
 É a transmissão hereditária por ato de última vontade, revestido de solenidade 
requerida por lei. 
 
 Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade 
dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 
 § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no 
testamento. 
 § 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, 
ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. 
 
Capacidade Testamentária Ativa (ART. 1860 e SS CC) 
 O testamento para que seja válido é mister tenha o testador capacidade 
testamentária. A lei exige no momento da feitura do testamento, que regula a 
 
29 
 
capacidade testamentária ativa e a forma do ato de última vontade. EXEMPLO era menor 
no momento da sucessão. 
 
Capacidade Testamentária Passiva a lei no tempo da abertura da sucessão. 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem 
pleno discernimento. 
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o 
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 
 
6.1 Características e espécies de testamento. Codicilo. 
Características do Testamento: 
 É um ato PERSONALÍSSIMO: O titular desse direito pode exerce-lo, acima de 
16 anos, desde que tenham pleno discernimento. É nula a cláusula de testamento 
conjuntivo (Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou 
correspectivo.), dois indivíduos deixando cédulas de testamento, pois fere a característica 
do testamento, seja ele recíproco (concessões mutuas), cor respectivo (quando há o 
sentimento de retribuição) ou simultâneo (quando duas pessoas elaboram um 
testamento). 
 É um ato REVOGÁVEL (Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo 
ser mudado a qualquer tempo.) A qualquer tempo pode ser revogado, seja particular ou 
público um pode revogar o outro. É nula a cláusula revocatória ou derrogatória, aquela 
que impossibilita a revogação do testamento, só anula a cláusula. 
 É um ato UNILATERAL, feito por uma pessoa. 
 TEM EFICÁCIA CAUSA MORTIS, produz efeitos somente após a morte, e as 
disposições patrimoniais tem eficácia imediata. Ex. Reconhecimento de filho, aplicação 
imediata, depois que reconheceu é irrevogável. 
A caducidade, a invalidade e a revogação só atingirá as cláusulas patrimoniais (existência, 
validade e eficácia). 
 É um ato SOLENE, exige uma forma prescrita em lei, sob pena de nulidade. Só 
existe testamento escrito, com uma única exceção o testamento nuncupativo (d viva voz) 
militar. 
 
 
30 
 
Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou 
feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. 
Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou 
convalescer do ferimento. 
 É um ato GRATUITO as deixas testamentárias não podem ter viés oneroso, não 
visa à obtenção de vantagens para o testador. 
 Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade 
do testamento, contado o prazo da data do seu registro 
 
ESPÉCIES DE TESTAMENTO 
 
a) Comum ou Ordinário Art. 1.862. São testamentos ordinários: 
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. *Não há nenhum fato que impeça a vontade de testar. 
b) Especiais ou Extraordinários: Marítimo, Aeronáutico e Militar. 
 Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou 
correspectivo. 
 
a) Comum ou Ordinário 
I) O testamento público 
a) art. 1.864 a 1.867; 
b) tabelião do registro de notas (lei 8. 935/94, tem competência 
c) exclusiva para este ato); 
d) maior credibilidade e seriedade, além de um rigor formal; 
e) publicidade/oficialidade do ato; 
f) privacidade do testador até a sua morte; 
g) exigências: duas testemunhas e registro em livro próprio 
h) procedimento do testamento público 
 O testador dita para o oficial sua última vontade 
 A lavratura pode ser por escrito ou mecanicamente 
 Atualmente também admitida a forma digitada 
 Seguindo-se é efetuada a leitura desse registro pelo tabelião, ou pelo próprio 
testador, em voz alta e perante esse grupo anteriormente citado 
 
31 
 
 - Depois o documento é assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo 
oficial. 
 
 Local elaboração: 
 o próprio tabelionato 
 em geral obedecido o de domicílio do testador, nada obsta, entretanto, que 
o testador escolha o tabelionato de outra cidade, se assim o preferir. 
 em casos excepcionais, dadas as condições e circunstâncias, por exemplo, a 
internação do testador em um hospital, pode ser efetuado no local onde se 
encontra o paciente, sendo isso registrado no documento, observada, ainda, 
nesta situação, a área de jurisdição do notário, para não tornar o ato nulo. 
 
 Brasileiros residentes no exterior: 
a) Poderão fazê-lo perante o agente consular, conforme art. 18 da Lindb-Lei de 
introdução às normas do Direito brasileiro. 
b) No que diz respeito às testemunhas, as restrições resumem-se aos 
interessados diretos, ou seja, os ascendentes, descendentes, os irmãos e o 
cônjuge do testador. 
c) Não se excluem de efetuar testamento público os analfabetos e os 
incapacitados auditivos e os visuais, mas há regras especiais para esses casos, 
previstas nos art. 1.865, 1.866 e 1.867. 
 
II) O testamento cerrado 
 secreto, documento fechado, escrito pelo testador, ou por alguém a seu 
mando, e assinado por aquele; 
 previsão: art. 1.868 a 1.875 do CC; 
 a escrita pode ser de punho, ou mecânica, ou por digitação, no caso dessas 
duas últimas, devem ser todas as folhas numeradas e assinadas pelo testador. 
 o documento deve ser levado ao tabelião, que diante de duas testemunhas, 
lavra o termo de aprovação, registrado logo após a última linha do testamento, 
que vai assinado por ele, pelas testemunhas e pelo testador. 
 se o testamento não foi lavrado pelo testador, mas por alguém a seu rogo, 
essa pessoa não pode ser incluída como beneficiária, mesmo que por meio de 
 
32 
 
interposta pessoa (ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro 
do mesmo). 
 art. 1.872 prevê que não poderão dispor de seus bens os que não souberem 
ou não puderem ler, estão impedidos de testar por meio cerrado os analfabetos 
e os incapacitados de visão, porque não poderão ver ou ler a transcrição, para 
se certificarem se o que foi ditado está registrado por aquele quem, à seu rogo, 
redigiu o documento, já o surdo-mudo, se tiver condições de escrever o seu, e 
afirmá-lo perante ao escrivão e duas testemunhas, mediante ratificação porescrito que aquele documento foi de sua lavra. 
 A abertura do documento, naturalmente ocorre após a morte do autor, e se 
dará pelo juiz, diante da pessoa que o apresentou e do escrivão. feitas as 
verificações de autenticidade, mandará o juiz, ouvido o Ministério Público, 
registrar, arquivar e cumprir o testamento, conforme art. 1.875. 
 
III) O testamento particular 
 privado ou hológrafo (de holos, inteiro e graphein, escrever); 
 art. 1.876, cc, e seguintes 
 
Característica principal: 
 a necessidade de ser redigido de próprio punho pelo testador, não obstante, 
admite-se sua feitura por processo mecânico (datilografado), ou, na esteira da 
modernidade, ser digitado (naturalmente que deve ser impresso, porquanto o 
documento tem de ser assinado em todas as folhas pelo testador). 
 o testamento não pode conter rasuras ou espaços em branco se efetuado por 
meio de processo mecânico ou digitado, no caso de ser redigido de próprio, as 
eventuais emendas ou rasuras deverão ser ressalvadas pelo testador. 
 
 Validade do testamento particular: 
a) transcrição da vontade e a leitura desse texto pelo testador diante de, pelo 
menos, três testemunhas idôneas e capazes (podendo ter mais), o que 
facilitará a validação no futuro, porque, a critério do juiz, presente apenas uma 
das testemunhas, poderá esse testamento ser considerado válido, as quais 
também assinarão o documento, após a leitura. 
 
33 
 
b) redação por meio mecânico/digitado, a ação deve ter sido do próprio testador 
(há opiniões divergentes nos doutrinadores a esse respeito, dada a 
impossibilidade de comprovar se foi ou não “datilografado” ou “digitalizado” 
pelo autor, tornando-se portanto irrelevante, diante da confirmação das 
testemunhas, que o ato foi lido pelo testador), o documento não poderá conter 
rasuras ou espaços em branco, todas as folhas deverão estar devidamente 
rubricadas pelo testador, e pelas testemunhas, para ter validade. 
 Trata-se do meio testamentário mais simples de ser implementado, todavia, é 
considerado um ato imperfeito até que seja convalidado perante a justiça, assim, quando 
sobrevinda a morte do testador, é necessário, para que tenha força legal, a publicação em 
juízo, a citação dos herdeiros do “de cujus”, e chamamento das testemunhas para 
confirmar o testamento, só assim o juiz considerará eficaz a vontade expressa no 
documento, conforme preconiza os arts. 1.877 e 1.878. 
 
Dúvida frequente: Se escrito de próprio punho, no que difere do testamento 
cerrado? 
 Na verdade, entre eles há enormes diferenças, a começar pelo quesito da 
participação das testemunhas e no ato da validação. 
 No caso do particular, as testemunhas assinam após a leitura do inteiro teor do 
testamento, e são de, no mínimo três, a validação se dá pela publicação em juízo e o 
chamamento das testemunhas para confirmá-lo; 
 Já no cerrado, as testemunhas são duas; não é dado o conhecimento do conteúdo 
para elas, por razões já citadas, mas apenas leitura da declaração do tabelião de que o 
testamento está aprovado, perante a presença dessas testemunhas, a validação deste se 
dá pela assinatura do tabelião no auto de aprovação, juntamente à assinatura das duas 
testemunhas e do testador. qualquer pessoa capaz e que saiba praticar a escrita pode 
testar por instrumento particular, assim como ser testemunha, desta forma, excluem-se 
dessas práticas os analfabetos, os surdos-mudos, os mudos e os cegos, dada a exigência 
de que o testador leia o testamento perante as testemunhas e estes tenham a condição 
atestar que o que está sendo lido é o que está escrito e de assinar o documento, todavia, 
há doutrinadores que divergem, pois ao cego, no caso de testador, poderia ser dada a 
capacidade por meio de utilização da escrita especial para essa necessidade, assim como 
 
34 
 
a leitura e aferição dessa por outras pessoas que tenham conhecimento específico, quanto 
aos surdos-mudos e mudos, há alternativas que podem ser utilizadas e aceitas em juízo. 
 
Especiais ou Extraordinários 
IV) Testamento marítimo (inciso I do artigo 1.886, CC); 
 
V) Testamento aeronáutico, que está previsto no inciso II do artigo 1.886, 
CC) 
 o marítimo, segundo a doutrina, praticamente não é aplicado hoje em dia. 
 as regras para esses dois testamentos são bastante semelhantes, consiste no 
testamento feito a bordo de navios ou aeronaves de guerra, ou mercantes, 
também de transporte, durante as viagens, portanto não podem ser feitos em 
caso de navio ancorado ou aeronave em solo, diante de perigo e iminente 
possibilidade de o navio vir a afundar ou a aeronave cair, pode alguém, como 
manifestação de última vontade, no caso de navio será diante do comandante e 
de duas testemunhas, obedecidas a regras do testamento público ou particular 
cerrado, testamento será registrado no diário de bordo, sendo em aeronave, o 
comandante irá designar alguém para registrar as ordens do testador. 
 Dadas as circunstâncias excepcionais, o juiz poderá admitir o testamento sem 
testemunhas (art. 1.979), o comandante ficará com a guarda do documento. Caducam 
esses testamentos em 90 dias, não morrendo o testador na viagem, ou nesse período, 
conforme art. 1.891. 
 
VI) O testamento militar 
 art. 1.893 a 1.896. 
 esse testamento somente pode ser efetuado em situação de guerra, por militares 
e pessoal envolvido a serviço das forças armadas, e no impedimento do testador 
de efetuar o testamento nas condições normais. 
 são admitidas três formas: 
a) na similitude do testamento público, na presença do comandante ou oficial 
graduado; 
b) do testamento particular ou do cerrado, diante de duas testemunhas, de um 
auditor, ou de um oficial ou alguém que lhe faça às vezes; 
 
35 
 
c) à maneira nuncupativa, como previsto no art. 1.896, é uma forma verbal, 
efetuado em campo de batalha ou feridas, diante de duas testemunhas, as 
quais tem a incumbência de transcrever essas instruções posteriormente, 
assinar o documento e apresentá-las ao auditor. 
 
 Assim como no caso do marítimo e no aeronáutico, se o testador não morrer 
de imediato ou em 90 dias depois de efetuado o testamento, este caduca, salvo se for 
revestido das formalidades previstas no art. 1.894, ou seja, anotação do auditor e 
subscrição de duas testemunhas (art. 1.895). 
 
O codicilo 
 Arts. 1.881 a 1.885 do código civil 
 “Ato de última vontade, pelo qual alguém faz disposições especiais sobre seu 
enterro, dá pequenas esmolas, lega móveis, roupas e joias de uso pessoal, não 
muito valiosas, nomeia ou substitui testamenteiros”. 
 No direito ancião, dizia-se também da alteração ou anulação de um testamento, 
por disposições adicionais a ele, ou também, pela importância menor de seu 
conteúdo, de um “pequeno testamento” ou “quase um testamento”, mas 
evidentemente que não é um testamento. 
 Atualmente está praticamente em desuso, embora mantido na revisão do código 
civil publicada em 2002. 
 
6.2. Disposições testamentárias. Legado. Direito de Acrescer. 
 
Disposições testamentárias 
 Também chamado de Cláusulas Testamentárias. São as disposições do conteúdo 
patrimonial contidas num testamento, ou seja, são os benefícios econômicos depois da 
morte, devem ser interpretadas autônoma e independentemente a última vontade do 
testador. 
 Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio 
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação 
principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação 
principal. 
 
36 
 
 Conversão substancial do Negócio Jurídico. 
 Art.170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, 
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, 
se houvessem previsto a nulidade. 
 
Regras das Disposições Testamentárias 
1) Regras Permissivas 
1.1 Condição ou Encargo; 
1.2 Admissibilidade de cláusula indicando beneficiário determinado ou 
determinável 
1.3 Admissibilidade de Indicação de beneficiário sob motivo determinado 
2) Regras Proibitivas 
3) Regras Restritivas 
 
I. Regras Permissivas são aquelas que permitem o testador de dispor de seu 
patrimônio. 
A. Admissibilidade de cláusulas sob condição, evento futuro e incerto ou encargo. 
 
 Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente 
da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e 
incerto. 
 Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias 
 A.1 Só se permite cláusula a termo (evento futuro e incerto) quando se tratar 
de legado. Caso contrário se estaria criando uma modalidade de propriedade resolúvel, 
a qual só se estabelece mediante lei. 
 A.2 Quando o encargo for expresso sob forma de condição, o eventual 
descumprimento pode impedir a aquisição de direitos; 
 A.3 Enquanto a condição não for cumprida, não recebera a herança, o Código 
Civil permite a antecipação da entrega da herança sob condição, desde que se oferte 
uma garantia (Caução muciana). 
 
 
37 
 
Condição Termo Encargo 
 - Não há aquisição; - Há aquisição, art. 131, Legado - Há aquisição, art. 136 
 - Não há exercício. - Não há exercício - Há exercício 
 Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do 
direito. 
 Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do 
direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, 
como condição suspensiva. 
 
B. Admissibilidade de cláusula indicando o beneficiário determinado ou determinável; 
 
C. Admissibilidade de indicação de beneficiário sob motivo determinado. 
 É importante para que no futuro a vontade do testador não seja questionada, 
se o motivo for falso será anulada. 
 Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como 
razão determinante. 
 
II. Regras Proibitivas: 
 A consequência se o testador colocar uma regra proibitiva será a nula. 
1. Cláusula a Termo, não pode testar a Termo; 
2. Cláusula conjuntiva, seja ela recíproca, simultânea ou correspectiva; 
3. Cláusula derrogatória, impede a revogação do testamento; 
4. Vedação de Cláusula Captatória, ou seja, a captação de alguma vantagem, 
pois restringe a liberdade de testar; 
5. Cláusula com nomeação de pessoa indeterminada ou indeterminável; 
6. Cláusula transferindo a terceiro a indicação do beneficiário ou do objeto do 
testamento, o testamento é um ato personalíssimo, exceção art. 1901, CC; 
7. Cláusula nomeando pessoas incapazes para receber cotas testamentárias. 
 
 
 
 
38 
 
 Art. 1.900. É nula a disposição: 
I. que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que 
este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de 
terceiro; 
II. que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa 
averiguar; 
III. que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua 
identidade a terceiro; 
IV. que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do 
legado; 
V. que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. 
 EXCEÇÃO: Art. 1.901. Valerá a disposição: 
I. em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre 
duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma 
família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele 
designado; 
II. em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da 
moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de 
outrem determinar o valor do legado. 
 
III. Regras Restritivas 
1. Inalienabilidade; 
 É possível gravar a legítima com cláusula Restritiva? R. Para parte da doutrina 
sim, desde que haja um justo motivo, e que este motivo precisa está declarado na cédula 
testamentária. Para outra parte da doutrina não é possível pois é um direito 
constitucional e não pode sofrer limitação por terceiros. 
 Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não 
pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de 
incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. 
 § 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima 
em outros de espécie diversa. 
 
39 
 
 § 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados 
os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados 
nos ônus dos primeiros. 
 
2. Impenhorabilidade, não pode ser objeto de penhora; 
 Art. 833. São impenhoráveis: 
 I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à 
execução; 
 
3. Incomunicabilidade; 
 Tem o objetivo de impedir que os bens integrem a comunhão estabelecida pelo 
casamento. Os bens assim clausulados formarão patrimônio exclusivo do cônjuge ou 
passarão a compô-lo se já o possui. 
 OBSERVAÇÃO: Essas cláusulas são absolutas? R. Não, porque o juiz poderá 
levantar ou sub-rogar quando houver justo motivo. 
 OBS. 2. Será o juiz da vara de registros públicos através de um procedimento 
de jurisdição voluntária; 
 OBS. 3. O testador poderá estabelecer o tempo da cláusula. Ex. 20 anos de 
duração. No silêncio do testador o tempo será da vida do beneficiário (vitalício) 
 Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de 
liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. 
 Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua 
alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante 
autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os 
quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. 
 
Legado. 
 Legado é a disposição testamentária de última vontade que nomeia o legatário 
para um bem ou para um conjunto de bens certos e determinados dentro da herança, 
não sendo ele um herdeiro. O testador ou legante tem o à liberdade de escolha. Legado 
não é sinônimo de unidade e sim de singularidade, é um bem ou um conjunto de bens 
individualizados. O Legatário tem a certeza do direito que lhe resulta dessa nomeação, 
desde a abertura da sucessão. Assim, bem como pondera Maria Helena Diniz: 
 
40 
 
 “... O legado requer a presença de 3 pessoas: a) o testador (legante), que é o 
que outorga o legado; b) o legatário, que adquire ao legado. Qualquer pessoa, parente 
ou estranha, natural ou jurídica, civil ou comercial, pode ser contemplada com o legado. 
Como o beneficiário não precisa ser necessariamente pessoa diversa do herdeiro, se o 
legado for distribuído ao herdeiro legitimo denominar-se-á legado precípuo ou 
prelegado, reunindo-se numa só pessoa as qualidades de legatário e herdeiro, de modo 
que o prelegatário recebe o prelegado além dos bens que constituem sua herança, 
podendo até recebê-lo antes da partilha, se o disponente assim o determinar; c) o 
onerado, sobre quem recai o ônus do legado ou a quem compete prestar o legado. O 
testador pode indicar a pessoa que deverá fazer cumprir o legado. O legatário poderá 
pedir o legado a todosos herdeiros instituídos, e, não os havendo, aos legatários, se o 
disponente não houver indicado aquele (herdeiro ou legatário) que deverá executá-lo, 
hipótese em que todos os herdeiros ou legatários instituídos serão responsáveis na 
proporção do que herdarem, uma vez que não haverá responsabilidade solidária.”[1] 
 Portanto, se o testador deixar três itens e se por acaso for toda herança do 
mesmo, aqui não se fala em legado e sim em herança. 
 
Direito de Acrescer. 
 Quando um testamento beneficia duas ou mais pessoas e uma delas não quer 
ou não pode aceitar a herança, ocorrerá o direito de Acrescer, salvo o direito do 
substituto. Somente naqueles casos em a porcentagem for total para todos. Ex. 60% 
para A, B e C. 
 
Requisitos ao Direito de Acrescer 
 A existência de cláusula conjuntiva, quando não ocorre a especificação da cota 
para cada um; 
 Nomeação de duas ou mais pessoas; 
 Um dos beneficiários não quer, ou, não pode receber a herança; 
 Inexistência de substituto. 
 
 OBSERVAÇÃO: Na falta de um dos requisitos não haverá direito de acrescer. A 
parte não acrescida retornará ao o monte. 
 
41 
 
 Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, 
forem conjuntamente chamados à herança em quinhões não determinados, e 
qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos co-
herdeiros, salvo o direito do substituto. 
 Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando nomeados 
conjuntamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do 
legado não puder ser dividido sem risco de desvalorização. 
 Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas condições do artigo 
antecedente, morrer antes do testador; se renunciar a herança ou legado, ou destes for 
excluído, e, se a condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o seu 
quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co-herdeiros ou co-legatários 
conjuntos. 
 Parágrafo único. Os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu o quinhão 
daquele que não quis ou não pôde suceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos 
que o oneravam. 
 Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos 
herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado. 
 Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a 
quota do que faltar acresce ao herdeiro ou ao legatário incumbido de satisfazer esse 
legado, ou a todos os herdeiros, na proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu 
da herança. 
 Art. 1.945. Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá-lo separadamente da 
herança ou legado que lhe caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos especiais 
impostos pelo testador; nesse caso, uma vez repudiado, reverte o acréscimo para a 
pessoa a favor de quem os encargos foram instituídos. 
 Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a 
parte da que faltar acresce aos co-legatários. 
 Parágrafo único. Se não houver conjunção entre os co-legatários, ou se, apesar 
de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto, consolidar-se-ão na propriedade 
as quotas dos que faltarem, à medida que eles forem faltando. 
 
 
 
 
42 
 
6.3. Nulidade e Anulabilidade dos testamentos. 
 Segundo preleciona a festejada doutrinadora Giselda Hironaka, a nulidade do 
testamento: absoluta (nulo) ou relativa (anulável): 
 Nulidade – “Como qualquer outro negócio jurídico, o testamento poderá 
ser inquinado de tais vícios, relativamente ao seu plano de validade, que 
impeçam definitivamente a produção dos efeitos pretendidos pelo 
testador, decorrentes de sua derradeira declaração de vontade”. (Giselda 
Hironaka) 
o Prazo para impugnar a validade – 5 anos a contar da data de seu 
registro. 
 
 Nulidade absoluta = testamento nulo: 
1. Incapacidade do testador 
2. Impossibilidade ou ilicitude do objeto 
3. Inobservância da forma prescrita em lei 
4. Designação expressa em lei 
5. Ter sido elaborado sob condição captatória 
6. Referir-se a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar 
7. Beneficiar pessoa incerta, deixando a determinação de sua identidade a cargo 
de terceiro 
8. Deixar ao arbítrio de terceiro ao fixação do valor do legado 
 
 Nulidade relativa = testamento anulável: alegada por terceiro interessado e 
acatada pelo magistrado – efeitos a partir da sentença e apenas em relação aos 
que alegaram a anulabilidade 
1. Erro substancial na designação de herdeiro, de legatário, ou da própria coisa 
legada; 
2. Dolo capaz de induzir o testador em erro, ou de mantê-lo sob o erro em que se 
encontrava; 
3. Coação contra o testador, impedindo-o de livremente testar 
4. Simulação, cometida pelo testador. Com a intenção de violar norma jurídica 
5. Fraude (reconhecimento de dívidas inexistentes pelo testador, com o intuito de 
enganar seus credores, futuros credores do espólio 
 
43 
 
 
6.4 Substituições testamentárias. Revogação do testamento. Rompimento do 
testamento. 
Substituições testamentárias. 
 Por ato de ultima vontade a lei confere o direito de dispor de seus bens à pessoa 
capaz, respeitando a legítima dos herdeiros necessários. Surgindo assim o instituto das 
substituições, que permite ao testador que transmita seus bens a um primeiro beneficiário 
ao decorrer de um tempo transmitira a um substituto. Admite-se a designação de 
substitutos tanto para herdeiros instituídos como para legatários. 
 De acordo com o art. 1947 do Código Civil: 
 “O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, 
para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legao, 
presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o 
testador só a uma se refira. “ 
 A substituição hereditária é uma instituição que se subordina a outra, dependendo 
de um fato futuro e incerto. 
 
Revogação do testamento: 
 Da Revogação Testamentária 
 É o ato pelo qual se manifesta a vontade consciente do testador, com o 
propósito de torná-lo ineficaz. 
 Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e 
forma como pode ser feito. 
 OBS.: Cláusula de Irrevogabilidade (não é possível) pois a liberdade de testar é 
de ordem pública e não admite limitações. 
 EXCEÇÃO: Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento 
é irrevogável e será feito: 
 III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
 
Formas de Revogação 
 Art. 1.970. A revogação do testamento pode ser total ou parcial. 
1. Quanto à sua extensão: 
 1.1 Total: quando se retira de forma completa a eficácia do testamento; 
 
44 
 
 1.2 Parcial: quando atinge somente algumas cláusulas, permanecendo 
incólume as demais. 
 Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula 
revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo que não for contrário ao posterior. 
 
2. Quanto à sua forma utilizada: 
 2.1 Expressa: quando a manifestação do testador é inequívoca (não há 
duvida); 
 2.2 Tácita: quando acontecer há incompatibilidade entre as disposições 
testamentárias. 
 Art. 1.972. O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto 
ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado. 
 Quando ocorrer a dilaceração o abertura do testamento cerrado, pelo testador 
ou por outrem, com seu consentimento. 
 2.3 Presumida 
 Revogação por testamento ineficaz 
 Art. 1.971. A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o testamento, que 
a encerra, vier a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia

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