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INTRODUÇÃO À CIRURGIA CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS Podemos definir cirurgias como a parte da medicina que se ocupa principalmente de lesões externas e dos processos manuais ou operações que conduzem à cura, bem como de intervenções que facilitam ou tornam possível o tratamento de lesões internas. Essas intervenções podem ter como finalidade o diagnóstico, a terapêutica ou a estética. Esses procedimentos podem ser classificados segundo: URGÊNCIA CIRÚRGICA São classificadas como: ELETIVAS São aquelas em que o tratamento proposto pode aguardar o momento mais propício para ser realizado, ou seja, pode ser programado. URGÊNCIA O tratamento cirúrgico deve ser realizado dentro de 24 a 48 horas. EMERGÊNCIA O paciente está em situação crítica e requer cuidado imediato, pois corre risco eminente de morte. RISCO CARDIOLÓGICO Relaciona-se com a probabilidade de perda de sangue e fluidos durante o procedimento, podemos classifica- los como: PEQUENO PORTE Pequena possibilidade de perda de sangue e fluidos. MÉDIO PORTE Quando há média probabilidade de perda sanguínea e fluidos. GRANDE PORTE Procedimento com grande possibilidade de perda de sangue e fluidos. TEMPO CIRÚRGICO O tempo previsto para a duração do procedimento cirúrgico classifica em cirurgias de: Porte I: Como tempo de duração de até 2 horas; Porte II: De 2 a 4 horas; Porte III: De 4 a 6 horas; Porte IV: Acima de 6 horas. POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO São classificadas em: LIMPAS • São cirurgias eletivas realizadas em tecidos estéreis sem processo infeccioso ou inflamatório no local. • Não ocorre penetração nos tratos respiratório, digestório ou urinário. POTENCIALMENTE CONTAMINADA • São aquelas realizadas em tecidos colonizados, de difícil descontaminação, sem processo infeccioso ou inflamatório. • Ocorre penetração nos tratos digestório, respiratório inferior ou superior, genito-urinário, cirurgias oculares e de vias biliares. CONTAMINADAS • Ocorrem em tecidos recentemente traumatizados, colonizados por flora bacteriana abundante, de descontaminação difícil. Não há supuração no local. • Consideram-se contaminadas as cirurgias realizadas no colón, reto e ânus; em tecidos com lesões cruentes e cirurgias de traumatismo crânio encefálicos abertos. INFECTADAS • São as realizadas em qualquer tecido, na presença de processo infeccioso local, tecido necrótico e corpos estranhos. FINALIDADE DO TRATAMENTO De acordo com a finalidade do tratamento são classificadas em: PALIATIVA Refere-se aos procedimentos que visam melhorar as condições do paciente, aliviando a dor, proporcionando melhor qualidade de vida, sem, contudo proporcionar a cura. RADICAL Ocorrem quando há a remoção parcial ou total de um órgão. RECONSTRUTIVA São realizadas com o objetivo de reconstruir o tecido lesado e a sua capacidade funcional.. DIAGNÓSTICA Quando a finalidade é realizar o diagnóstico ou mesmo confirma-lo. TRANSPLANTE Ocorre quando há substituição de estruturas ou órgãos deficientes. PLÁSTICA Tem por finalidade a estética ou a correção. • A cirurgia plástica reparadora tem como objetivo corrigir lesões deformantes, defeitos congênitos ou adquiridos. É considerada tão necessária quanto qualquer outra intervenção cirúrgica. • A cirurgia plástica estética é aquela realizada pelo paciente com o objetivo de realizar melhoras à sua aparência. TEMPOS DA CIRURGIA • São etapas, fases, que o cirurgião segue para realizar a técnica cirúrgica. • O instrumentador deve conhecer e acompanhar a evolução dos tempos cirúrgicos para agir no momento exato, passando ao cirurgião o material adequado. 1° TEMPO Preparo da área operatória ➢ Durante este tempo é feita a limpeza da área e a antissepsia. ➢ O instrumentador passa às mãos do cirurgião o material necessário (cheron com gaze, cuba com antisséptico). 2° TEMPO Delimitação da área operatória ➢ Para delimitar a área operatória usa-se campos esterilizados, presos com pinça backaus. 3° TEMPO Incisão cirúrgica ➢ É feito o corte na pele e/ou musculatura para que o cirurgião tenha acesso a área ou órgão a ser operado. 4° TEMPO Hemostasia ➢ Após o corte ou incisão é realizada a hemostasia com auxilio de pinças hemostáticas (Kelly, Crile, Kocher, Halsted, entre outras). 5° TEMPO Cirurgia propriamente dita ➢ É o tempo principal, onde ocorre isolamento do órgão, secção do órgão, revisão do órgão. ➢ São usados os instrumentos especiais, de acordo com o tipo de cirurgia e/ou especialidade. 6° TEMPO Sutura da incisão ➢ É o fechamento da incisão por planos em ordem: músculos, subcutâneo e por ultimo pele. 7° TEMPO Confecção do curativo Neste tempo ocorre a limpeza da área onde foi feita a incisão e colocação do curativo. CENTRO CIRÚRGICO • O Ambiente Cirúrgico, muitas vezes chamado de Centro Cirúrgico (CC), pode ser definido como o local onde são realizados os procedimentos anestésico-cirúrgicos, a recuperação pós-anestésica e operatória imediata. • Tem como objetivos prestar assistência de forma integral aos pacientes submetidos aos atos operatórios, favorecer a prática de ensino e o desenvolvimento de pesquisas. • É constituído de um conjunto de áreas e instalações que permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança e conforto tanto para o paciente quanto para as equipes que o assistem. • O ideal é que sua instalação seja em local isolado de corredores e áreas de livre circulação de pessoas, e que se crie um ambiente calmo e silencioso. • Deve estar localizado em uma área do hospital que ofereça a segurança necessária às técnicas assépticas, distante, portanto, dos condicionantes não ideais para sua instalação. • Recomenda-se que seja próximo às unidades de internação, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva. • De acordo com a organização hospitalar, podem fazer parte do bloco cirúrgico a Recuperação Pós-Anestésica e a Central de Materiais e Esterilização (CME). ÁREAS DO AMBIENTE CIRÚRGICO Por definição, o Centro Cirúrgico é dividido em três grandes áreas: NÃO RESTRITA • A equipe pode usar roupas comuns e circular sem limitações. SEMI RESTRITAS • Local que ocorre o processamento e estocagem de instrumentos e suprimentos. RESTRITAS • Incluem: Salas de cirurgias, lavabos, indicando-se o uso de equipamentos de proteção individual para acesso. Não se pode deixar de mencionar que em toda circulação nas áreas semi restritas e restritas faz-se necessário o uso de uniforme individual composta por: pijama (camisa curta e calça comprida), touca, gorro, propés e máscara. O vestuário não é estéril, mas é cuidadosamente lavado. Abaixo, estão descritas outras áreas que compõem o ambiente cirúrgico e suas funcionalidades para o desenvolvimento das atividades exercidas pelo CC. Principais Espaços Físicos de um Ambiente Cirúrgico Área Descrição Administração Área específica destinada à Chefia do CC, Serviço de Anestesia e Supervisão Geral de Enfermagem. Contígua a esse espaço é fundamental a existência de uma Secretaria. Área de estar Local para o acolhimento dos profissionais no intervalo entre as operações, oferecendo conforto, como, por exemplo, televisão e música ambiente. No local deve existir área específica para refeições. Este espaço nem sempre está presente dentro do CC. Área de transferência Local de transferência do paciente das macas de circulação habitual do hospital para as do CC. Almoxarifado Local destinado a guarda dos insumos utilizados nos procedimentos anestésicos e cirúrgicos. Câmara escura Agiliza o processo de revelação de filmes radiológicos. Cada vez menos frequentes dentro do CC pelo crescente uso da radiografia digitalizada. Depósito de materiais esterilizados (Arsenal) Destinado ao armazenamento e distribuição dos artigos estéreis e a guarda de materiaisde uso predominante, como o instrumental cirúrgico. Expurgo Ali deve estar instalado um sistema de drenagem para desprezo de secreções. Farmácia Local semelhante ao almoxarifado, destinado a guarda de medicamentos e materiais utilizados em meio cirúrgico. Lavabos Servem para a degermação da equipe cirúrgica antes da paramentação. Compõem as áreas restritas, junto à sala cirúrgica. Recepção pré-anestésica É contígua à área de transferência. Destina-se a acolher aos pacientes, que nela permanecem desde sua chegada ao CC até seu encaminhamento à sala cirúrgica, onde podem ser realizados os procedimentos preparatórios para o ato cirúrgico. Rouparia Área destinada ao armazenamento da roupa utilizada no CC, o que inclui uniformes de área restrita, lençóis e fronhas, dentre outros. Sala cirúrgica (S.O.) É a área destinada a realização de intervenções cirúrgicas e endoscópicas. O planejamento da sala deve atender às especificidades da instituição hospitalar: porte e tipo (geral ou especializado) de cirurgias a serem realizadas, vinculação (público ou privado), além de outras missões, como os hospitais de ensino e pesquisa. Ela deve ser ampla para que não haja incovenientes como esbarrões e dificuldades para se realizar manobras, possibilitando a livre circulação em torno da mesa cirúrgica. Sala de aula Local onde se discutem experiências clínicas, treinamentos e outras práticas de educação em serviço. Sala de gases medicinais Destinada ao armazenamento de torpedos de gases medicinais como oxigênio, ar comprimido, óxido nitroso, vácuo e nitrogênio. Sala de recuperação pós-anestésica Indicada à recuperação anestésica dos pacientes. Sala de registros Destinado à descrição dos procedimentos realizados, prescrições e todo tipo de documentação exigida pela instituição. Nem sempre presente no CC. Sala para acompanhantes de crianças e adolescentes Sala dentro da CC, onde os pais, acompanhantes ou responsáveis, após a indução anestésica, permanecem durante o ato anestésico- cirúrgico. Local nem sempre presente no CC. Sala para familiares Local onde familiares e amigos aguardam o transcorrer da operação. Sala para guarda de equipamentos Apropriada para a guarda de materiais como: microscópios, bisturis, monitores, entre outros. Ajuda a manter os corredores liberados para o trânsito de macas e profissionais. Permite a acomodação de equipamentos que não estão sendo utilizados em um dado momento. Sala para serviços auxiliares de diagnóstico Área equipada com instrumentos que auxiliam no diagnóstico anatomo-patológico. Secretaria Local que mantém contato com o restante do hospital. Ali são fornecidos informações sobre os pacientes e o andamento dos procedimentos, a estimativa para a liberação de uma sala cirúrgica e, frequentemente, onde são agendadas as operações. Vestiários para Pacientes (Masculino/feminino) Local onde é realizado o controle de entrada das pessoas autorizadas após vestirem a roupa privativa da unidade. Deve possuir chuveiros, sanitários e armários para guarda de roupas e objetos pessoais dos pacientes. Vestiário para profissionais Local de troca privativa da vestimenta. Deve possuir chuveiros, sanitários e armários para guarda de roupas e objetos pessoais do profissional do CC. ZONAS DO AMBIENTE CIRÚRGICO O Centro Cirúrgico é dividido em 3 zonas, de acordo com o nível de contaminação: zona de proteção, zona limpa e zona estéril. Em cada zona, os indivíduos devem estar vestidos de acordo com as vestimentas e materiais de proteção adequados. ZONA DE PROTEÇÃO • Consiste nos locais destinados à entrada ou saída de pessoal ou material no centro cirúrgico. • Tem como objetivo proteger o ambiente cirúrgico contra a entrada de objetos e materiais contaminados e evitar a disseminação de germes a partir dessas mesmas fontes. • É composta por: vestiário, área de transferência, expurgo e corredor externo. • Os profissionais vestem os pijamas cirúrgicos, a touca/gorro e propés. ZONA LIMPA • É composta por vários setores de serviços auxiliares ao ato cirúrgico, como conforto médico, sala da enfermagem, sala de espera dos pacientes em pré-operatório, sala de recuperação anestésica, sala de materiais, serviços auxiliares (como a radiologia) e lavabos. • Nessa zona deve ocorrer a colocação da máscara cirúrgica para entrar na zona estéril. ZONA ESTÉRIL (OU ASSÉPTICA) • É considerada a região com menor grau de contaminação e onde é obrigatório o uso da máscara. • Nessa zona a equipe cirúrgica irá colocar o avental cirúrgico e as luvas. • Consiste, basicamente, nas salas de cirurgia, no corredor de acesso e nos lavabos (utilizado para lavagem de mãos, antebraços e cotovelos antes da paramentação). EQUIPE CIRÚRGICA A equipe cirúrgica é composta, na prática, por cirurgiões, auxiliares ou assistentes e instrumentadores(as). Entretanto, o papel do anestesista, do enfermeiro assistencial e dos circulantes é indispensável na dinâmica cirúrgica. Em uma equipe, cada profissional tem suas funções e responsabilidades bem definidas, durante a cirurgia. Todos devem estar habilitados para as atividades que venham a exercer. É necessário que compreendam suas funções para que não haja sobreposição ou ausência de ações. Os profissionais devem buscar trabalhar de maneira integrada, para qual o profissionalismo e a eficiência do ato cirúrgico sempre prevaleçam. CIRURGIÃO • É o responsável integral do ato operatório. • Ele deve manter o controle, a ordem e a harmonia na cirurgia, bem como a notificação dos procedimentos realizados durante a cirurgia. AUXILIAR DO CIRURGIÃO • Pode colaborar ao facilitar o proceder cirúrgico, como: cortar fios, segurar e enxugar estruturas, dissecar acessos, fazer preparação pré e peri-operatório, orientar a posição correta do paciente para a cirurgia e colaborar com o instrumentador e o circulante. ANESTESISTA • Deve procurar a melhor via e forma para realizar a anestesia do paciente. • Deve estar atento a todas as intercorrências que interfiram no estado geral do paciente durante a aplicação, a ação e após efeito do anestésico. ENFERMEIRO ASSISTENCIAL • É o responsável pelos procedimentos técnicos mais complexos como: a realização de cateterismos, gavage, entre outros procedimentos que são de sua competência. • É prevista a presença de pelo menos um enfermeiro assistencial para cada 04 salas operatórias. ENFERMEIRO CIRCULANTE • Deve atender às necessidades da equipe. • Nunca podendo sair da sala cirúrgica (exceto quando outro circulante o substitua dentro da sala). • Deve fazer a correta notificação do material usado durante toda a cirurgia, bem como a anotação dos eventos ocorridos na sala. INSTRUMENTADOR • Auxilia a cirurgia ao dinamizar o processo de instrumentação cirúrgica. • Deve ser atento, ágil, organizado, respeitoso e perspicaz. • Entre suas diversas funções, merecem destaque as que se encontram abaixo relacionadas: o Verificar com o chefe do CC a confirmação da internação e operação do paciente, os exames pré- operatórios e para que sala esteja escalada. o Escolher o material específico para a cirurgia. o Se não familiarizado com o cirurgião, perguntar antecipadamente sobre os fios que serão utilizados para dinamizar a cirurgia. o Usar técnica de escovação correta, avental esterilizado e calçar as luvas. o Dispor o material da cirurgia na mesa de forma organizada, evitando contaminá-lo. o Verificar a necessidade de substituição de material ou sua carência. o Auxiliar na colocação dos campos que delimitam a área operatória, entregando-os ao assistente e ao cirurgião. o Entregar os instrumentos ao solicitador de forma correta, evitando contaminação ou acidentes. o Conservar o campo operatório sempre limpo e, em ordem, para evitar transtornos. o No caso de cirurgias em que são retirados materiais para exames, responsabilizar-sepor eles até que sejam encaminhados ao setor competente. o Ter o controle do material e instrumental durante toda a cirurgia, prestando-se atenção em toda e qualquer manobra do cirurgião (contar compressas grandes, pequenas e gazes antes e ao término de cada procedimento cirúrgico). o Evitar o desperdício de materiais, porém dispor sempre do necessário para evitar complicações durante o ato cirúrgico. o Ao final da cirurgia, separar o instrumental dos materiais perfurocortantes, evitando, dessa maneira, acidentes. o Antecipar os pedidos do cirurgião, evitando o atraso no tempo operatório. Isto se consegue conhecendo o instrumental, o tempo cirúrgico e prestando atenção ao desenrolar da cirurgia, a fim de estar sempre um passo à frente do cirurgião. o Atenção, iniciativa e rapidez durante todo o tempo, mantendo sempre uma técnica perfeita. AUXILIAR DO CME (CENTRAL DE MATERIAL DE ESTERILIZAÇÃO) • É o responsável por tarefas como processamento, limpeza, preparo, esterilização, estocagem e distribuição dos materiais utilizados na sala operatória. AUXILIAR DE LIMPEZA DO CC • É o profissional que teoricamente passa por um processo de capacitação, no qual adquire conhecimento técnico e respaldo para exercer a função que desempenha. • Através da permanente atualização desenvolve o embasamento necessário para as boas práticas dos processos de limpeza e controle das infecções dentro do CC. Vale ressaltar que o sucesso da atividade exercida no CC depende da integração de toda sua equipe. Portanto é de relevante importância que aqui sejam mencionados os profissionais que trabalham por trás dos bastidores, contribuindo na redução da possibilidade de transmissão de agentes infectantes, através das boas práticas em higiene e limpeza, tanto do ambiente físico, quanto dos instrumentais e equipamentos utilizados nos procedimentos cirúrgicos. DISPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA • A disposição adotada pela equipe cirúrgica é um importante fator para a sistematização dos movimentos e manobras cirúrgicas. • É indicado que, em cirurgia supra-umbilical, o cirurgião esteja à direita do operado, primeiro auxiliar e instrumentador em espaço contralateral. A mesa do instrumentador deve estar próximo aos pés do operado e mesa do auxiliar, se houver necessidade, às costas do auxiliar. • Já em cirurgias infraumbilical, o posicionamento é inverso da equipe cirúrgica, mantendo as relações anteriores. Legenda: Cirurgião à direita. Auxiliar e instrumentador em contralateral. TÉCNICA DE ASSEPSIA E ANTISSEPSIA “Sépsis” significa putrefação a presença de elementos patogênicos num organismo, especialmente aqueles que provocam pus. Um bom sinônimo é infecção. A– privação/negação Anti – oposição/ ação contrária ASSEPSIA É o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de micro-organismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção. A assepsia é a limpeza que ocorre preventivamente. Trata-se de uma higienização prévia, cujo objetivo é evitar a entrada de organismos ou elementos que possam prejudicar determinado organismo ou ambiente. ANTISSEPSIA É o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microrganismos ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou desinfetantes. A descontaminação de tecidos vivos depende da coordenação de dois processos: degermação e antissepsia. 1. Degermação É a remoção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação, penetração, emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais da pele, também chamada flora transitória, mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou flora residente. DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO EM PACIENTES 1) Higienizar as mãos conforme protocolo de higienização das mãos da CCIH; 2) Reunir o material; 3) Orientar o paciente sobre o procedimento; 4) Abrir a embalagem da escova de degermação; 5) Calçar as luvas de procedimento; 6) Degermar a pele com a escova de clorexidina iniciando pelo local da incisão cirúrgica, em movimento unidirecional nas regiões de abdômen (no caso de cirurgias abdominais), na região pélvica e região vulvar (no caso de cirurgias ginecológicas), em seguida, raiz da coxa até terço inferior da coxa sentido proximal para distal; 7) Secar com compressa estéril observando o mesmo sentido da degermação; 8) Recolher o material e desprezar em local adequado; 9) Higienizar as mãos; 10) Registrar o procedimento na ficha Peri operatória e na evolução do paciente no transoperatório. Observações: • Caso não haja escova embebida com Clorexidina, embeber a escova seca de degermação na clorexidina degermante a 2%; • Em mucosas, utilizar clorexidina aquosa; • Não fazer vai e vem com a escova de degermação, o movimento deverá ser movimento de realizado no mesmo sentido; • Nos casos de alergia à clorexidina realizar a degermação com PVPI degermante; 2. Antissepsia É a destruição de micro-organismos existentes nas camadas superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade, hipoalergenico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Os detergentes sintéticos não-iônicos praticamente são destituídos de ação germicida. Sabões e detergentes sintéticos aniônicos exercem ação bactericida contra microorganismos muito frágeis como o Pneumococo, porém, são inativos para Stafilococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e outras bactérias Gram negativas. Consequentemente, sabões e detergentes sintéticos (não iônicos e aniônicos) devem ser classificados como degermantes, e não como antissépticos. • ANTISSÉPTICOS Um antisséptico adequado deve exercer a atividade gemicida sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. Muitos testes in vitro foram propostos para avaliar a ação de antissepticos, mas a avaliação definitiva desses germicidas só pode feita mediante testes in vivo. Os agentes que melhor satisfazem as exigências para aplicação em tecidos vivos são os iodos, a cloro-hexidina, o álcool e o hexaclorofeno. 1- Para a desinfecção das mãos temos • Soluções antissépticas com detergentes (degermantes) e se destinam à degermação da pele, removendo detritos e impurezas e realizando anti-sepsia parcial. Como exemplos citam: - Solução detergente de PVPI a 10% (1% de iodo ativo) - Solução detergente de clorhexidina a 4 %, com 4% de álcool etílico. • Solução alcoólica para anti-sepsia das mãos: - Solução de álcool iodado a 0,5 ou 1 % (álcool etílico a 70%, com ou sem 2 % de glicerina) - Álcool etílico a 70%, com ou sem 2% de glicerina. OUTROS TERMOS IMPORTANTES DESINFECÇÃO Eliminação de microrganismos, exceto esporulados, de materiais ou artigos inanimados, através de processo físico ou químico, com auxílio de desinfetantes. Desinfetante – Diminui a quantidade de organismos em superfícies. ESTERILIZAÇÃO Destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, através de processo químico ou físico. FLORA TRANSITÓRIA A flora transitória fica localizada na superfície da pele e é formada por microrganismos que adquirimos no contacto com o ambiente, quer este seja animado ou inanimado. Qualquer tipo de microrganismo pode ser encontrado transitoriamente nas mãos, apesar de ser mais comum encontrar bacilos Gram Negativos (ex. Escherichia coli e Pseudomonas spp.) e cocos Gram Positivos (ex. Staphylococcus aureus) – os agentes bacterianos mais frequentemente causadores de infeções associadas aos cuidados de saúde. Têm um curto tempo de sobrevida, um elevado potencial patogénicoe são facilmente transmitidos por contacto. A lavagem das mãos com água e sabão neutro remove-os com facilidade. FLORA RESIDENTE A flora residente existe normalmente na epiderme onde se multiplica, tendo funções importantes na prevenção da colonização com a flora transitória. Esta flora é constituída principalmente por bacilos e cocos Gram positivos e anaeróbios. Raramente é patogénica, a não ser quando introduzida traumaticamente nos tecidos ultrapassando as barreiras naturais, pelo que tem pouco significado nos procedimentos clínicos de rotina. Estes microrganismos não são facilmente removidos pela ação mecânica da lavagem das mãos sendo necessário recorrer à ação química de um antissético associado, ou não, ao agente de lavagem. QUANDO HIGIENIZAR AS MÃOS E PRINCÍPIOS A higiene das mãos deve ser realizada de acordo com o modelo conceitual dos “Cinco Momentos” proposto pela OMS, aos quais correspondem as indicações em que é obrigatória a higiene das mãos na prática clínica. Os “Cincos Momentos” para a higiene das mãos são: 1. Antes de contato com um paciente; 2. Antes da realização de procedimentos assépticos; 3. Após risco de exposição a fluidos corporais; 4. Após contato com um paciente; 5. Após contato com as áreas próximas ao paciente. Princípios Gerais: I – Manter as unhas naturais, curtas, limpas e isentas de verniz, extensões ou artefactos; II – Remover adornos como: relógios, pulseiras, anéis ou alianças; III – Proteger soluções de continuidade ou outras lesões com pensos impermeáveis; IV – Expor os antebraços, mantendo as extremidades das mangas nos braços a uma altura adequada; V – Aplicar regularmente creme dermoprotetor que não interfira com a atividade antissética nem afete a integridade das luvas. PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA Para entrar no ambiente do centro cirúrgico, todos os membros devem estar vestidos com a roupa específica do hospital, o pijama cirúrgico. O pijama deve ser colocado logo que o indivíduo entrar na zona de proteção, no vestiário, assim como a touca/ gorro e propés. A máscara e o óculos de proteção são colocados na zona limpa, antes da antissepsia das mãos e antebraços. A máscara deve envolver o nariz e a boca. A assepsia das mãos e antebraços, chamada também de escovação, consiste no preparo fundamental para todos aqueles que irão participar da cirurgia, pois remove a flora bacteriana transitória e parte da flora permanente da pele. Funciona como assepsia porque é uma medida profilática de contaminação. A escovação deve ser feita com a escova e solução degermante, iniciando nas mãos e terminando em punhos e antebraços, com duração de cerca de 5 minutos. A sequência da assepsia das mãos deve ser a seguinte: ponta dos dedos e unhas – faces medial e lateral de todos os dedos e interdigitais - palma das mãos – dorso das mãos – punhos – antebraços e cotovelos. Após a escovação, retirar todo o produto com água corrente no sentido distal para proximal e, ao final, permanecer com os antebraços e mãos voltados para cima, evitando contaminação pelo escorrimento da água para as mãos. PRÁTICA: Passo-a-passo: 1. Abrir a torneira e enxaguar as mãos, antebraços e cotovelos; 2. Recolher, com as mãos em concha, o antisséptico (PVPI a 10% ou Clorexidina a 4%) e espalhar nas mãos, antebraços e cotovelos. No caso de esponjas impregnadas com o antisséptico, pressione a parte da esponja contra a pele e espalhe por todas as partes; 3. Iniciar sequência de escovação em uma das mãos seguindo a ordem: pontas dos dedos e unhas → regiões interdigitais → palma da mão → dorso da mão; 4. Repetir o passo 3 na outra mão; 5. Escovar 20 vezes a face flexora e depois mais 20 vezes a face extensora de um antebraços; 6. Repetir o passo 5 no outro antebraço; 7. Finalizada a escovação, despeje a escova no lavabo; 8. Enxague os dedos, depois as mãos, deixando que a água caia por último nos antebraços que devem estar afastados do tronco, de forma que a água escorra para os cotovelos, procurando manter as mãos em plano mais elevado; 9. Feche a torneira com o cotovelo, joelho, pé ou apenas se afaste, a depender do mecanismo de acionamento da torneira do lavabo em questão. 10. Enxugar as mãos em toalhas ou compressas estéreis, com movimentos compressivos, iniciando pelas mãos e seguindo pelos antebraços e cotovelos, atentando para utilizar as diferentes dobras da toalha/compressa para regiões distintas. 11. Tomar cuidado para, durante a lavagem das mãos e até estar completamente paramentado, manter sempre as mãos em um nível acima dos cotovelos. http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/ccih/higienizacao_cirurgica_das_maos.pdf Após realizar a escovação, os membros da equipe entram na sala de cirurgia para se paramentar, ao adentrar à sala de cirurgia a equipe te fornecerá o LAP cirúrgico: pacote que conterá as suas vestimentas, os campos estéreis e a compressa para enxugar as mãos. Onde haverá a colocação do avental cirúrgico e luva estéril. A partir deste momento, é essencial o cuidado para não tocar ou esbarrar em materiais contaminados, como portas, mesas ou pessoas presentes na sala. O circulante irá abrir o pacote estéril, onde estarão o avental cirúrgico, uma compressa para secar as mãos e uma luva estéril de acordo com o tamanho solicitado. A secagem da mão deve ser feita inicialmente de um lado da mão e antebraço, seguido de dobra da compressa e secagem do outro braço, da seguinte forma: 1. Com a compressa aberta, enxugar uma mão com um lado da compressa e a outra mão com o outro lado da compressa, de maneira a remover todo o excesso de água. 2. Deslizar a compressa de uma mão para o antebraço em movimento rotatório. 3. Dobrar a compressa, utilizando apenas uma mão, deixando a porção que foi utilizada no primeiro antebraço para dentro. 4. Trocar de mão e deslizar a compressa pelo outro antebraço em movimento rotatório. 5. Desprezar as compressas com as mãos erguidas. A colocação do avental cirúrgico é realizada logo após a secagem das mãos e deve ser realizada da seguin- te forma: segurar o avental pela face interna, deixar cair a parte inferior e introduzir os dois braços nas man- gas. A circulante da sala irá amarrar o avental pela face posterior. https://www.passeidireto.com/arquivo/4289988/paramentacao-cirurgica As luvas estéreis devem ser colocadas atentando para tocar com a mão apenas a parte interna da luva (que irá ficar em contato com a sua pele), o tecido da parte externa será apenas tocado pela parte externa da outra luva. PRÁTICA: Passo-a-passo colocação das luvas estéreis: 1. Abrir o estojo sem tocar as luvas e verificar se estão corretamente posicionadas, ou seja, se não estão trocadas de posição (Imagens A e B). 2. Segurar com uma das mãos a superfície interna rebatida de uma das luvas, localizar e direcionar corretamente os dedos e introduzir completamente a respectiva mão, com cuidado para não tocar com sua face externa na outra mão ainda não calçada (Imagens C e D). 3. Pegar a luva restante pela sua porção externa, logo abaixo da dobra rebatida, pela sua face palmar e calçar a mesma pela técnica anterior (Imagem E). 4. Com a mão contrária, rebater uma das luvas pelo lado externo até a metade da mão e apoiá-la sobre o 3° e 4° quirodáctilos flexionados e então posicionar o punho do avental sob o 3° e 4° (Imagens F e G). 5. Finalizar o processo fazendo o mesmo com a luva oposta (Imagens H e I). https://www.sanarsaude.com/images/d/Sanarflix-Ebook_Manual-do-Interno-Exemplar.pdf CIRURGIA SEGURA Cirurgia Segura contempla medidas adotadas para redução do risco de eventos (danos ao paciente) que podem acontecer antes, durante e após as cirurgias. O resultado esperado é mais segurança ao paciente com menos chance de erros assistenciais. 1. A equipe iráoperar o paciente certo e no local certo; 2. A equipe usará métodos embasados cientificamente para prevenir danos na administração de anestésicos; 3. A equipe reconhecerá efetivamente e se preparará para o risco de perda de via aérea ou de função respiratória; 4. A equipe reconhecerá efetivamente e se preparará para o risco de perda sanguínea elevada; 5. A equipe evitará a indução de uma reação alérgica ou adversa de drogas (medicamentos) para os quais o risco ao paciente é conhecido; 6. A equipe usará métodos conhecidos para minimizar o risco de infecção de sítio cirúrgico; 7. A equipe impedirá a retenção inadvertida de instrumentos ou compressas em feridas cirúrgicas; 8. A equipe garantirá e identificará com precisão todos os espécimes cirúrgicos 9. A equipe comunicará e trocará informações críticas para a condução segura da cirurgia; 10. Hospitais e sistemas de saúde pública estabelecerão vigilância de rotina da capacidade de cirúrgica, dos volumes e resultados. Nesse programa da OMS para garantir a segurança em cirurgias e contemplar os 10 itens acima, devemos verificar itens essenciais do processo cirúrgico. O objetivo é garantir que o procedimento seja realizado conforme planejado, atendendo aos “5 Certos”: paciente, procedimento, lateralidade (demarcação do lado e membro a ser operado), posicionamento e equipamentos. O TIME OUT é uma prática baseada em evidências que visa a prevenção de cirurgias, procedimentos e exames invasivos errados, no paciente errado e/ou no local errado. O TIME OUT deve ser feito na sala em que a cirurgia, procedimento ou exame invasivo será realizado, antes do seu início. Para garantirmos os “5 Certos”: • Paciente certo: checagem da identificação do paciente quanto ao nome completo e número do prontuário; • Procedimento certo: checagem no prontuário do procedimento agendado; • Local certo: local da cirurgia demarcado de acordo com o procedimento agendado; • Equipamentos, materiais e medicamentos: certos em sala, conforme estabelecido pela equipe médica; • Documentação certa: anamnese, exame físico, avaliação pré-anestésica e consentimentos preenchidos; exames complementares relevantes para o procedimento em sala. Existem várias políticas, protocolos e boas práticas que devem ser seguidos para garantir a Cirurgia Segura, entre eles se destacam: • Identificação correta do paciente; • Comunicação efetiva; • Uso seguro de medicamentos; • Prevenção do risco de infecções; • Prevenção do risco de queda; • Prevenção de flebite; • Prevenção de úlcera por pressão; • Extubação acidental; • Transporte seguro inter e intra hospital Lembrando que alguns desses protocolos atendem ao paciente pós cirúrgico, pois o Programa de Cirurgia Segura contempla o antes, durante e pós cirurgia (incluindo alta do centro cirúrgico). A Gestão da Qualidade na área da saúde deve assegurar que esses procedimentos estejam aplicados, mensurados e tratados com o objetivo de melhorias contínuas voltados à segurança do paciente. TEMPOS CIRÚRGICOS Para que se entre em detalhes quanto ao uso dos instrumentais cirúrgicos, é necessário o conhecimento quanto aos tempos cirúrgicos usados no decorrer de uma intervenção. DIÉRESE • Neste tempo cirúrgico há a abertura de tecidos do corpo por planos. https://qualidadeparasaude.com.br/?utm_source=blogdaqualidade&utm_medium=qualidade-na-saude-programa-de-cirurgia-segura • Neste momento são usadas lâminas de bisturi, serra, tesoura, rugina, cisalha, costótomo, bisturi elétrico, osteótomo e/ou gioiva. • As principais manobras realizadas neste tempo, são: Incisão, secção, divulsão, punção, dilatação e/ou serração. • Encontra-se presente em todo e qualquer ato operatório. HEMOSTASIA • É o processo que consiste em impedir, deter ou prevenir o sangramento, podendo ser feito simultâneo ou individualmente por meio de: Pinçamento, garroteamento, ação farmacológica, parada circulatória com hipotermia ou oclusão endovenosa Ligadura, cauterização, sutura, obturação, tamponamento e/ou rampeamento. • Este tempo cirúrgico ultrapassa os limites do ato operatório, pois é de suma importância na evolução normal da ferida, pois evita infecção e deiscência da cicatriz, afastando, assim, a reoperação para drenagem de hematomas e abscessos. • Pode se dividir em: 1. Hemostasia temporária a. Compressão: Digital ou por gaze & compressa. b. Impedimento ou diminuição do aporte sanguíneo: Pinçamento do vaso sangrante; aplicação de garrote, manguito pneumático ou faixa de Esmarch; utilização de posicionamentos antivhemorrágicos; clampeamento de tronco vascular, por instrumentos ou por ligaduras falsas; oclusão endovascular com cateter tipo Fogarty. c. Medicamentosa : Uso de vasoconstríctores locais; hipotensão arterial controlada. 2. Hemostasia definitiva a. Ligadura com fios cirúrgicos (individualizada ou em massa, por transfixação ou não); b. Clampeamento com clipes (individualizado ou em massa); c. Coagulação térmica: Eletrocoagulação, fotocoagulação; d. Obturação tópica: Cera óssea; e. Coagulação tópica: Adesivo, cola ou selante de tibrina; celulose oxidada; esponja gelatinosa; f. Tamponamento por compressas. 3. Preventiva 4. Corretiva EXÉRESE (CIRURGIA PROPRIAMENTE DITA): • Neste momento é realizado o procedimento de fixação, reparação ou extirpação de alguma parte do organismo. • Possui caráter curativo, paliativo, estético/corretivo e diagnóstico. SÍNTESE • Neste momento será realizada a aproximação final dos tecidos por planos seccionados, desde o foco da cirurgia até o tecido cutâneo. • O objetivo da síntese é a manutenção da contiguidade dos tecidos, facilitando as fases iniciais do processo de cicatrização, a fim de que a continuidade tecidual possa ser restabelecida. • Neste tempo cirúrgico, utilizam-se agulhas, fios, porta agulhas, pinças e grampos. MESA INSTRUMENTAL Existem alguns tipos de mesas instrumentais, dois deles é a Mesa de Mayo e a mesa padrão. A mesa de Mayo é uma mesa auxiliar, muito útil para anestesistas e auxiliares que precisam se movimentar. Feita em inox, com altura ajustável e rodas deslizantes, ela serve como apoio para materiais mais leves, como seringas e agulhas. Além disso, a mesa de Mayo será indispensável para a elaboração do curativo pós- cirúrgico, antes de transferir o paciente para o quarto. A mesa padrão é a mesa em que você poderá montar a sua mesa cirúrgica. Ela possui um tampo reto de algodão, sem barras laterais, o que facilita na hora da passagem dos instrumentos. Os modelos mais utilizados são, geralmente, feitos em aço inox, com rodas deslizantes, o que ajuda na passagem de materiais para cirurgiões auxiliares ou mudanças de posição na sala cirúrgica. A mesa de instrumentos cirúrgicos deve ser organizada em local estéril, através da colocação de campos cirúrgicos. A montagem da mesa é em formato de “U”, sendo que o “U” é sempre voltado para o paciente. Os instrumentos, de forma geral, ficam dispostos de acordo com o tipo de cirurgia e os tempos cirúrgicos: 1º: Diérese, 2º Preensão, 3º: Hemostasia, 4º: Exposição, 5º: Especiais, 6º: Síntese. O primeiro tempo cirúrgico (diérese) fica sempre próximo à mesa cirúrgica e perto do instrumentador. Se a mesa instrumental ficar à esquerda da mesa cirúrgica: iniciar arrumação do instrumental da direita para a esquerda; e se mesa instrumental ficar à direita da mesa cirúrgica: iniciar arrumação da esquerda para a direita. https://sutura.com.br/ordem-de-utilizacao-dos-instrumentais-na-mesa-cirurgica-nao-fique-perdido/ INSTRUMENTAL CIRÚRGICO Divide-se em quadrantes, de acordo com o tempo cirúrgico. 1° Quadrante: Diérese: bisturis e tesouras • Bisturi Função: realizar a incisão cirúrgica Características: Formado por cabo e lâmina. Tamanho do cabo: A. Nº 3, lâmina de 9 a 17 B. Nº 4, lâmina de 18 a 50 TesourasFunção: seccionar, dissecar, divulsionar e desbridar tecidos. Cortar fios e gaze. Tipos de pontas das tesouras: retas (utilizadas em superfície e corte de fios); curvas (para profundidade – maior visibilidade – preferência dos cirurgiões); agudas (cortes precisos e delicados – NÃO USAR EM CAVIDADES); e rombas (uso em cavidades). Ex.: Mayo e Metzenbaum. 2° Quadrante: Preensão: Pinças de dissecção Função: Preensão - consiste em agarrar e manipular tecidos. Tipos de pinças de dissecção: https://www.mobiloc.com.br/moveis-hospitalares/mesa-de-mayo • Pinça de dissecção do tipo anatômico ou sem dente. Chamada de pinça atraumática. Possui es- trias transversais na parte interna das pontas (face preensora). Pon- tas lisas. Usada para preensão de tecidos delicados, vasos, paredes de vasos, etc. • Pinça de dissecção do tipo dente de rato. Chamada de pinça traumática. Possui dente em sua ponta. Usada para manipulação de tecidos mais resistentes (pele e aponeurose). 3° Quadrante: Hemostasia: pinças hemostáticas Pinças hemostáticas: são pinças de preensão contínua, usadas para coibir ou prevenir sangramento, tempora riamente. Possuem cremalheiras que as mantêm presas entre duas garras estriadas. Podem ser retas, curvas, com ou sem dentes, com estrias lon- gitudinais ou transversais, totais ou parciais. Disposição das pinças hemostáticas: são dispostas na seguinte ordem: Halsted, Kelly, Crile, Kocher (pode estar neste quadrante ou no de especiais), Rochester. 4° Quadrante: Exposição: Afastadores Os afastadores são os instrumentos que conferem ao cirurgião uma melhor visão do campo operatório, expondo-o, afastando as bordas de incisão e estruturas vizinhas. Quando bem manipulados facilitam mui- to o ato operatório. Os afastadores possuem formas e tamanhos variados e sua escolha depende da necessidade cirúrgica (espessura do tecido a ser operado, local, profundidade). Eles são divididos em dois tipos principais: Afastadores dinâmicos ou manuais: são aqueles que exigem um manuseio (tração) contínuo. Permitem mudança de posição a todo o momento. Exemplos: Farabeut, Válvula Supra-púbica, Doyen, Volkman, Langenbeck, Espátulas maleáveis. 5° Quadrante: Especiais Os instrumentos que compõem esse quadrante dependem da especialida- de cirúrgica: gastrointestinal, neuro- lógica, torácica, urogenital, oftálmica, ortopédica, cardiovascular, ginecoló- gico-obstétrica, neurológica e otorri- nolaringológica. Sua arrumação, em- punhadura e passagem ao cirurgião seguem as mesmas regras que as vistas para as tesouras. 6° Quadrante: Síntese: Porta-agullhas, fios, e agulhas. A síntese é a etapa final do ato cirúrgico, na qual ocorre a união das bor- das com a finalidade de recompor os tecidos. • Porta-agulhas: possui na sua ponta um sulco, que o diferencia das pinças de Hemostasia, e estrias transversais. Pode ser de modelos principais: A. Porta-agulhas de Hegar: pos- sui duas argolas na extremidade das hastes o que permite que sua empunhadura seja igual à de uma pinça hemostática (polegar em uma argola anular em outra argola, indi- cador estabilizando). É o porta-agulha que possuímos na monitoria. B. Porta-agulhas de Mathieu: possui hastes livres, sem argolas. Ideal para suturas na superfície. Geralmente utilizado por cirurgiões-dentista. Exemplos de Instrumentos em Neurocirurgia: • Afastador Adson • Microdissector • Cureta Simon Reta • Micro tesoura Jacobson • Pinça Love Reta • Cinzel Killian • Gancho Frizier • Espéculo Killian ARRUMAÇÃO DOS CAMPOS ESTÉREIS O LAP cirúrgico além do avental também contém os campos estéreis. Após estar devidamente paramentado e após a degermação de todo o local da realização do procedimento, pelo auxiliar, você poderá ser designado para a colocação destes campos. Após a devida colocação dos campos estéreis deveremos fixá-los com as piças hemostáticas pequenas. • 1º Cada auxiliar se posicionará nas regiões ao lado do paciente. • 2º O auxiliar A, utilizando uma pinça traumática, deve pinçar a interseção entre os campos ipsilateralmente a ele. O auxiliar B, localizado contralateralmente, eleva a aba que estava rebatida, permitindo a visualização da região inferior para que o auxiliar A “abrace” a região pinçada com a Backhaus, com sua curvatura voltada para baixo, fixando adequadamente o local. DISPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA Depois de tudo feito, posicionado deve-se organizar o devido posicionamento da equipe (que pode estar disposta de duas maneiras): Cirurgia Supramesocólica: O cirurgião fica à direita do paciente, para utilizar a sua mão dominante para explorar estruturas localizadas no andar superior do abdome. Cirurgia Inframesocólica: O cirurgião fica à esquerda do paciente, para utilizar a sua mão dominante para explorar estruturas localizadas no andar inferior do abdome. RELAÇÃO DE CIRURGIAS NEUROLÓGICAS Livro Residente em Neurocirurgia Livro Residente em Neurocirurgia Livro Residente em Neurocirurgia REFERÊNCIAS • ANVISA. Manual de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Limpeza e desinfecção de superfícies. 2010. • ANVISA. Higienização das mãos. 2009. Site: (www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf) • CIRINO, L. M. I. Manual de Técnica Cirúrgica para a Graduação. • GOFFI, F. S. et al; Técnica Cirúrgica – Bases Anatômicas, Fisiopatológicas e Técnicas da cirurgia. Editora: Atheneu, 4ª edição, 2007. • SILVA, D. C.; ALVIM, N. A. T. Ambiente do Centro Cirúrgico e os elementos que o integram: implicações para os cuidados de enfermagem. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 63, n. 3, p. 427- 434, June 2010 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 71672010000300013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 Mar. 2021. • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Práticas Recomendadas SOBECC. 6 ed. São Paulo: SOBECC, 2013.
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