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Democracia e liberdade - questões a partir de Karl Popper e Mill

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Democracia e liberdades: 
 
"Um princípio muito simples, que se destina a reger em absoluto a interação da sociedade com o indivíduo 
no que diz respeito à coação e controlo, quer os meios usados sejam a força física, na forma de punições 
legais, quer a coerção moral da opinião pública. É o princípio de que o único fim para o qual as pessoas têm 
justificação, individual ou coletivamente, para interferir na liberdade de ação de outro, é a autoproteção. É 
o princípio de que o único fim em função do qual o poder pode ser corretamente exercido sobre qualquer 
membro de uma comunidade civilizada, contra a sua vontade, é o de prevenir dano a outros. (MILL, p. 26, 
2011)". 
 
O filósofo Karl Popper definiu o 'paradoxo da tolerância' em 1945 no volume 1 do livro The Open Society and 
Its Enemies: "A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Devemos-nos, então, reservar, 
em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante." 
 
Sendo assim, 
1) Que sentidos tem a palavra liberdade? 
2) A democracia pressupõe liberdades, mas existem limites para as liberdades individuais? 
3) Em que momento justificamos limitar as liberdades individuais? 
 
Primeiramente, é importante destacar que os conceitos de Democracia e de Liberdade, desde sua gênese 
na Grécia Antiga, sofreram algumas modificações. Por exemplo: A democracia da antiguidade era de forma 
direta, já nos dias atuais ela é indireta/representativa; a liberdade individual costumava ser irrestrita e 
absoluta, mas nos anos após as guerras no século XX, esse não era mais o caso. 
Pode-se fazer uma distinção entre o que se convencionou chamar de liberdade “negativa” e “positiva”: 
em seu sentido negativo, liberdade significa a ausência de restrições/interferência, já o sentido positivo 
significa a posse de direitos, implicando o estabelecimento de um amplo âmbito de direitos civis, políticos e 
sociais. Outro sentido da palavra é o do direito de escolha pelo indivíduo de seu modo de agir, 
independentemente de qualquer determinação externa. A liberdade de pensamento, em seu sentido estrito, 
é inalienável. Voltaire ilustra essa liberdade: "Não estou de acordo com o que você diz, mas lutarei até o fim 
para que você tenha o direito de dizê-lo." 
No sentido político, a liberdade civil ou individual é o exercício da cidadania dentro dos limites da lei e 
com respeito aos direitos dos outros. Portanto, o âmbito da liberdade individual deve ser determinado, não 
voltado para o Estado, mas voltado para os interesses e necessidades de toda a sociedade, sem excluir aas 
minorias. Então, quando as ações ou omissões de um indivíduo podem causar danos a comunidades ou 
grupos sociais, o Estado pode impor restrições. Nenhuma liberdade individual é absoluta, nem pode ser 
analisada isoladamente. Quando se relaciona com as muitas liberdades de muitas pessoas, todas as 
liberdades devem ser consideradas. 
Costuma-se dizer que a liberdade de um termina onde começa a liberdade de outro. Contudo, esse 
conceito está parcialmente superado, porque podem existir liberdades simultâneas, sem que a liberdade de 
um signifique restringir a do outro. O que efetivamente limita a liberdade, levando em conta que não existem 
liberdades absolutas, são os direitos de personalidade do outro. As liberdades se limitam na medida em que 
seja necessário, para que os direitos de expressão de personalidades de uns não prejudiquem os direitos de 
personalidade de outros. Essa limitação pode se fazer por autocontrole, ou por controle externo.

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