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P á g i n a | 1 DOCUMENTOS MÉDICOs LEGAIS Um documento, no campo da medicina legal, é definido como toda anotação escrita capaz de representar uma manifestação do pensamento, com caráter representativo de um fato a ser avaliado em juízo. Eles podem ser notificações, atestados, prontuários, relatórios e pareceres médicos. São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes de um fato profissional, por necessidade social ou sanitária, como acidentes de trabalho, doenças infectocontagiosas, crimes de ação pública que tiverem conhecimento e não exponham o cliente a procedimento criminal e a morte encefálica. Para realizá-las, médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados deverão fazer a comunicação obrigatória à autoridade de saúde sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação do diagnóstico da doença, agravo ou evento de saúde pública. Preza por resguardar as informações do paciente, protegendo sua intimidade e evitando que informações pessoais cheguem ao conhecimento de terceiros sem que haja consentimento. Entretanto, no caso de uma notificação, esse princípio pode ser quebrado, uma vez que essa informação diga respeito ao interesse coletivo ou quando coloca em risco terceiros ou a sociedade. Dessa forma, o ato de comunicar a doença de notificação compulsória não fere as regras éticas. Porém, o dever do médico deve restringe- se em comunicar o fato à autoridade sanitária, estando o mesmo impedido de encaminhar o prontuário do paciente com a notificação. Diz respeito à omissão de notificação de doença: Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Trata-se de uma declaração escrita de um fato médico e suas possíveis consequências, visando confirmar a veracidade de um ato médico realizado e resumir o resultado de um exame feito em um paciente. Ele é diferente do boletim médico e da declaração de comparecimento. O boletim médico é um documento que aborda uma breve notícia, relatando a condição clínica de um paciente. O atestado é uma declaração acerca de um ato médico. A declaração de comparecimento é um documento que pode ser preenchido tanto pelo médico, como por um funcionário administrativo. É feito a pedido do paciente e justifica as horas não trabalhadas, em decorrência de um atendimento médico e/ou realização de exames. De acordo com a Resolução CFM nº 1.851/2008, quando o atestado for solicitado para fins de perícia médica, deverá ser observado o diagnóstico, os resultados dos exames complementares, a conduta terapêutica, o prognóstico, as consequências à saúde do paciente e o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação. Ainda, o médico deve se identificar como emissor, por meio da assinatura e carimbo ou número de registro no CRM. Na resolução do CFM nº 1.658/2002, consta no Art. 3º que na elaboração do atestado médico não se deve colocar o diagnóstico, nem mesmo o CID, quando não expressamente autorizado pelo paciente. P á g i n a | 2 Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. Diz respeito a ser proibido ao médico expedir documento médico sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou seja, um médico não pode emitir um laudo, fazer um relatório sem ter de fato realizado a perícia, configurando o crime de falsa perícia. Art. 81. atestar como forma de obter vantagem. Ao médico, é vedado atestar algo como forma de se obter vantagem, podendo ser atestado apenas a realidade daquilo que consta ao exame. Art. 82. Usar formulários institucionais para atestar, prescrever e solicitar exames ou procedimentos fora da instituição a que pertençam tais formulários. Diz respeito a ser proibido ao médico utilizar formulário de uma determinada instituições para atender indivíduos de outra instituição/lugar. O relatório é um instrumento de descrição minuciosa de todos os fatos de natureza médica e suas consequências, requisitado por autoridade competente a peritos oficiais ou, onde não houver, a peritos nomeados, devendo este particular possuir diploma de curso superior. É composto das seguintes partes: – Preâmbulo – Quesitos – Histórico – Descrição – Discussão – Conclusão – Resposta aos quesitos. São espécies de relatórios, diferindo em como são elaborados. O laudo será elaborado diretamente pelo perito, como resultado de uma perícia com valor probatório para um procedimento judicial. Já o auto, é ditado diretamente ao escrivão, na presença de testemunhas, sendo este o mais sintético dos documentos. o Cabeçalho: identificação sobre o periciando, informações do perito, local, data. o Preâmbulo: informações gerais do laudo, como objeto da perícia, datas e dados da autoridade judicial que solicitou o laudo, em texto cursivo. o Quesitos: perguntas relacionadas ao ato médico investigado. o Histórico: breve relato da perícia médica. Compatível com a anamnese na medicina assistencial, podendo ser informada pelo periciando ou outros. o Descritivo: detalhamento de todas as etapas da perícia, métodos e exames realizados. o Discussão: análises técnicas e científicas por meio de interpretações de dados, diagnósticos e prognósticos. o Conclusões: desfecho do laudo com a exposição de resultados da perícia. o Assinatura do perito. É um relatório que visa o estudo de fatos que já foram definidos, configurando uma segunda opinião sobre determinado tema. Apresenta a mesma estrutura do relatório médico-legal, todavia não se é possível a irrepetibilidade da descrição do laudo, visto que a análise do parecer é baseada em um fato de já ocorreu. A Discussão e Conclusão são as partes mais importantes do Parecer, pois visam dar nova interpretação ao laudo. O parecerista pode ser um técnico que é contratado por uma das partes para dar sua opinião sobre o fato ocorrido (pericia deducendi).