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Sabrina Angheben │ Gastroenterologia PATOLOGIAS DO FÍGADO E DO TRATO BILIAR CONCEITOS GERAIS ● Colestase - Consiste em qualquer impedimento do fluxo da bile, causando o acúmulo da substância na via biliar - Pode ser intra-hepática ou extra-hepática HEPATITES VIRAIS - Refere-se à doença ocasionada pelos vírus A, B, C, D e E CLASSIFICAÇÃO - Aguda - Até 6 meses - Pode ocorrer por todos os vírus da hepatite aguda - Crônica >6 meses - Causado pelos vírus B, C e D - Fulminante - É o quadro de encefalopatia hepática que surge nas primeiras 8 semanas do quadro de hepatite viral por insuficiência hepática aguda grave - Causada por todos os vírus de hepatite - A evolução para cronicidade ou hepatite fulminante depende da resposta imunológica do hospedeiro - Quanto mais agressiva a resposta do sistema imune, maior a probabilidade de evolução fulminante - A incapacidade do sistema imune em eliminar o vírus permite a cronificação ● Fases clínicas - Nem todos os pacientes passam por essas fases - Prodrômica→ síndrome viral - Febre, astenia, mal-estar, cefaleia e sintomas TGI - Aumento AST/ALT - Ocorre pelo surgimento dos anticorpos do vírus específico - Ictérica - Melhoras dos sintomas prodrômicos - Icterícia - Pode ocorrer acolia fecal e colúria - Pico AST/ALT - Convalescência - Melhora clínica e laboratorial FISIOPATOLOGIA - Período de incubação varia conforma agente viral ALTERAÇÕES LABORATORIAIS NA HEPATITE - Hemograma - Linfocitose - Aumento aminotransferases (>10x limite superior) - Bilirrubinas aumentadas às custas de bilirrubina direta - Dificuldade para excreção de bilirrubina pela inflamação do hepatócito - Portanto, ela é refluída pelo sangue causando colúria - A bilirrubina não alcança o intestino para ser transformada, causando acolia - Em casos crônicos mais agressivos pode-se aumentar também bilirrubina indireta - Fosfatase alcalina - É uma proteína sintetizada pelo fígado, porém não é específica do fígado - Pode estar aumentada - GGT aumentada - TAP - Comumente está normal - Aumentado em caso de insuficiência hepática - É relacionado com o fator VII ● Hepatite A - Transmissão fecal-oral - Mais comum em crianças - Não cronifica - Raramente evolui para hepatite fulminante - Anti-HAV IgM marca o início dos sintomas prodrômicos - A produção de Anti-HAV IgG ocorre em 3 meses - O pico de viremia ocorre no período de incubação, portanto não é necessário isolar o paciente - Formas clínicas - Assintomática (maioria) - Sintomática (<10%) - Colestática - Ocorre icterícia por mais de 3 meses - Não significa pior prognóstico - Recidivante - Fulminante (0,4%) - Alta mortalidade ● Hepatite E - Pouco frequente no Brasil - Estrutura semelhante ao vírus da hepatite A - Transmissão fecal-oral - Não cronifica - Raramente fulmina - Maior risco nas mulheres grávidas ● Hepatite D - Mais endêmico na região norte do país - Transmissão parenteral - É um vírus incompleto - Precisa do vírus B para poder replicar → utiliza o envoltório HbS - Ocorre co-infecção (simultâneo) ou superinfecção (portador do vírus B que adquiri o D) ● Hepatite B - Único DNA dos vírus da hepatite - HbE indica fase de replicação - HbC indica infecção - HbS pode indicar vacinação ou infecção - Transmissão sexual, vertical e percutânea - A clínica inicia com a produção de Anti-HbC IgM - AntiHbS configura a cura da doença - Janela imunológica - Entre a queda do HBsAg e o anti-HBsAg - Paciente com Anti-HBc IgM + e AntiHBs - - Sorologia - HBsAg - Infecção ativa - AntiHbC IgM e IgG - Contato com o vírus - IgG marca fase tardia pré-cura ou cronificação - AntiHBe - Fase não replicativa - A fase crônica pode ser replicativa ou não - Anti HBs - Cura ou vacinação ● Hepatite C - Transmissão por sangue e secreção - O mais comum é o genótipo tipo 1 - História natural - 80% cronifica - 30% evolui para cirrose - 1-10% evolui para carcinoma celular - Diagnóstico de fase ativa é feito por PCR DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Esteatose hepática - Sinais e sintoma - Maioria assintomático - Hepatomegalia discreta - Laboratorio - Normal ou aumento discreto de AST, ALT e GGT - Tratamento - Orientações dietéticas Hepatite alcoólica - Patogenia - Ocorre indução da CYP450 pela ativação crônica pelo consumo do álcool → induz formação de EROS - Radicais livres gerados pela oxidação do álcool - Altera membrana celular do hepatócito e diminuição da função - Álcool altera os microtúbulos, mitocôndrias e membranas celulares de forma direta - Acetaldeído induz a peroxidação lipídica e diminui a função do citoesqueleto da membrana - O álcool induz ataque imunológico a neo-antígenos hepáticos - Achados histopatológicos - Esteatose - Balonização dos hepatócitos - Neutrófilos ao redor dos lóbulos hepáticos - Corpúsculos de Mallory - Fibrose perivenular e sinusoidal ● Esteatose de longa duração + hepatite viral Cirrose - É uma hepatite crônica irreversível caracterizada por fibrose → insuficiência hepatocelular crônica - Desarranjo estrutural - Perda de função - Formação de nódulos e regeneração - Classificação - Compensada - Descompensada - Regeneração hepática - O fígado consegue regenerar e reestruturar em caso de agressão aguda - Lesão crônica leva à perda da capacidade de regeneração estrutural - As células estreladas deixam de armazenar a vitamina A e começam a sintetizar colágeno - O colágeno irá preencher o espaço de Disse, causando a faixas de fibrose - Forma uma barreira entre o hepatócito e o sinusóide, dificultando a nutrição - Formam-se nódulos de regeneração (regeneração anárquica) - A regeneração repetida pode evoluir para displasia e carcinoma - Tamanho do fígado - Aumentado, nodular e endurecido no início - Com a evolução torna-se atrofiado - Etiologias - Alcoolismo - Hepatite B e C - Hepatite autoimune - Doenças metabólicas - Hemocromatose - Doença de Wilson - Deficiência de alfa-1-antitripsina - Cirrose criptogênica - Manifestações - Estigmas periféricos - Ginecomastia - Aranhas vasculares - Eritema palmar - Atrofia testicular - Consumo muscular periférico - Contratura de Dupuytren - Espessamento com fibrose na face palmar - Aumento das parótidas - Alteração laboratorial - AST e ALT - No início estarão bem aumentados - Doença mais avançada podem estar normais - Predomínio de AST (relação >2) - Fígado não consegue disponibilizar a piridoxina (B6) para sintetizar ALT - Fosfatase alcalina e Gama GT (canaliculares) - Ambas aumentadas indicam colestase - Hipergamaglobulinemia - Pelo aumento de pressão no sistema porta - Os antígenos bacterianos não passam pelo fígado, seguindo direto para a circulação sistêmica - Ativa a produção de anticorpos - Bilirrubina (indireta) - Pelo prejuízo da função hepatocelular - A diminuição de hepatócitos diminui a conjugação - Hipoalbuminemia - Alargamento do tempo de protrombina - Menor produção dos fatores de coagulação ( fatores II, VII, IX e X) - O fator VII é avaliado pelo tempo de protrombina, principalmente Hipertensão portal - Varizes Esôfago - Hemorróidas - Circulação colateral - Esplenomegalia - Ascite - Colestase ● Fisiopatologia - Ocorre inversão do fluxo pela impossibilidade de passar pela veia porta e alcançar o fígado - 4 pontos de comunicação entre veia cava e a porta são acometidos pela inversão - Vasos retroperitoneais - Sistema ázigo - Plexos hemorroidários - Vasos epigástricos - Veias umbilicais tornam-se obliteradas, formando a cabeça de medusa - O paciente, pela inversão de fluxo, pode fazer - Hemorroida - Esplenomegalia - Varizes esofágicas - Cabeça de medusa Insuficiência hepática - Hiperestrogenismo → relação com aromatase (testosterona em estrógeno) - Ginecomastia - Atrofia testicular - Rarefação de pelos - Eritema palmar - Telangiectasia - Desaparece com dígito-pressão, enquanto a vasculite não - Coagulopatia - Hipoalbuminemia - Encefalopatia hepática- Ocorre pelo acúmulo de amônia - Sd. Hepatopulmonar - Consiste na produção exacerbada de NO pelo acúmulo de toxina no endotélio - Causa vasodilatação, especialmente nos capilares pulmonares - Diminui a troca gasosa pulmonar - Sd. Hepatorenal - Ocorre pela vasodilatação e menor fluxo renal - Evolui para insuficiência renal ANATOMIA DO TRATO BILIAR - É constituída pela vesícula biliar, ducto hepático direito e esquerdo, ducto hepático comum, ducto cístico e colédoco. ● Vesícula - Fundo - Corpo - Transição ou colo - Ducto cístico (converge com hepático comum) - O conteúdo da vesícula desemboca no lúmen duodenal ● Triângulo hepatocístico de - Formado por ducto cístico, ducto hepático comum e borda inferior do lobo direito do fígado - Local onde passa a artéria cística, importante para colecistectomia ● Bile - Lecitina, água, eletrólitos, colesterol, bilirrubina e sais biliares - Os sais biliares solubilizam o colesterol - Caminho - Produzida no hepatócito - Escoa pelos canalículos e segue por ductos - Deixa o fígado pelo ducto hepático (dir ou esq) - Alcança ducto hepático comum - Como o esfíncter está fechada, ela volta e alcança o ducto cístico - É armazenada na vesícula biliar - Ou seja, o enchimento é retrógrado - Em jejum, o ducto colédoco distal mantém-se fechado pelo esfíncter de Odis - A vesícula reabsorve grande parte da água da bile - Torna o líquido concentrado - Quando o alimento passa pelo duodeno, algumas células produzem CCK - Realiza contração da vesícula biliar - Relaxa o esfíncter de Odi Icterícia por obstrução - A bile reflui para a corrente circulatória, portanto, é reabsorvida a bilirrubina direta - Icterícia - Acolia e colúria - Prurido da icterícia obstrutiva por regurgitar os ácidos e sais biliares - Etiologias - Coledocolitíase - Câncer de cabeça de pâncreas comprimindo o colédoco distal - Colangiocarcinoma TERMOS - Colelitíase ou colecistolitíase - É a presença do cálculo na vesícula biliar - Colecistite aguda - Inflamação da vesícula - Coledocolitíase - Litíase no colédoco - Colangite - Refere-se à obstrução e inflamação das vias biliares - Ocorre tríade de Charcot - Icterícia - Dor abdominal - Febre com calafrio - Pêntade de reynold - - O canal comum, ampola de Vater e ampola hepatopancreática é formada pelo ducto colédoco + ducto pancreático - Possui fibras musculares, denominadas esfíncter de Odi FORMAÇÃO DE CÁLCULOS BILIARES ● Patogenia - Comumente é formado dentro da vesícula e migram para os canais - Processos - Saturação - Nucleação - Agregação - Tipos - Colesterol - Amarelos - É o mais comum - Pigmentados - Pretos - Marrom ou castanho - É formado no colédoco - Fatores de risco cálculos de colesterol - Hipercolesterolemia - Dismotilidade - Estase da bile e maior absorção de água e sais - Ocorre no jejum prolongado, nutrição parenteral, pacientes diabéticos e etc - Ocorre pelo baixo estímulo para CCK. - Multíparas, gestantes, uso de ACO e mulheres - Obesidade e emagrecimento rápido - Aumento da excreção de colesterol na bile - Uso de fibrato - Drogas utilizadas para diminuir triglicerídeos, aumentando a [] na bile - Doença de Crohn e ressecção ileal - Os sais biliares que caem no intestino são reabsorvidos no jejuno (circulação entero-hepática) - Essas doenças acometem a absorção de sais no íleo - Fator de risco cálculos de bilirrubinato de cálcio (pretos) - Anemia hemolítica crônica - Fator de risco cálculos marrom ou castanho - Estreitamento do colédoco - Parasitas na via biliar COLELITÍASE e COLECISTITE CRÔNICA CALCULOSA - Presença de cálculos na vesícula biliar - O contato crônico das pedras com a parede causam uma inflamação constante, sem clínica - Com o tempo, a parede se torna mais escleroatrófica - Casos sintomáticos - Cólica biliar - O cálculo impacta transitoriamente no ducto cístico - Dor hipocôndrio direito associada com alimentação gordurosa (50%) - Pode referir para ombro e ponta da escápula - Náusea e êmese - Atinge ápice de 4 horas e resolve - O cálculo pode impactar e evoluir para colecistite aguda - Tratamento - Analgesia - AINES - Antiespasmódico - Solicitar USG - Indicar colecistectomia COLECISTITE AGUDA - Ocorre por cálculo impactado no ducto cístico de forma definitiva - Pode ter história de colelitíase - Clínica - Cólica biliar - Dor contínua - A dor ocorre pela impactação + transformação de lecitina em iso-lecitina, que causa inflamação - 85% evoluem para infecção - Febre + leucocitose - Sinal de Murphy - Tratamento - Colecistectomia - Risco de perfuração pela impactação e infecção - Colecistite aguda não calculosa - Ocorrer por estase biliar - Pós Operatório - Traumas ou queimaduras severas - Sepse - Falência de múltiplos órgãos - Nutrição parenteral prolongada COLEDOCOLITÍASE - Presença de cálculo no colédoco - Maioria dos casos ocorre pela migração da colelitíase - Suspeitar - Pacientes mais velhos com dor em cólica no hipocôndrio direito (cólica biliar) - Geralmente com história de colelitíase - Clínica - Icterícia - Bilirrubina >4, especialmente a direta - História de dor em cólica em hipocôndrio direito - Icterícia flutuante - Conforme a rotação do cálculo, pode haver uma liberação de bile para o duodeno - RM com contraste → identifica cálculo - Tratamento -
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