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Alex Lima 2 Urgências não traumáticas em urologia · Escroto Agudo - Grande mensagem da aula -> preservar testículo; - Definição: síndrome de dor e edema testicular com potencial tratamento cirúrgico, por ser agudo é de origem recente. - Apresenta algumas semelhanças com o abdômen agudo: · Semiologia orienta diagnóstico e a conduta; · Exames de imagem são complementares e não substituem o julgamento clínico; · Uma pequena taxa de exploração negativa é aceitável diante de um diagnóstico clínico crítico. - Anatomia básica: o cordão espermático sai da cavidade abdominal durante o período embrionário junto com o testículo através do anel inguinal interno, percorre o canal inguinal e se estabelece na bolsa testicular (testículo, epidídimo, apêndices testicular e do epidídimo, ducto deferente, elementos vasculares e túnicas); - Causas de dor e edema escrotal · As vasculares são bem importantes e devem ser reconhecidas de forma precoce: · Torção testicular; · Torção do apêndice testicular ou do epidídimo; · Infarto testicular devido a outras causas (injúria do cordão espermático, trombose...) · Traumáticas são prevalente e geralmente ocorrem por práticas esportivas: · Ruptura da túnica albugínea (precisar ser operado, pois pode provocar processo inflamatório intenso); · Hematoma intratesticular por contusão testicular (tratamento conservador); · Hematocele; · Causas inflamatórias: · Púrpura de Henoch-Schonlein e outras vasculites (comum em crianças) · Epididimite aguda que pode evoluir para uma orquiepididimite e até mesmo para abscesso intratesticular e do escroto (principal DD com torção testicular) -> dor e edema com assimetria de um lado em relação ao outro //tem fatores etiológicos diferentes de acordo com a faixa etária, jovens sexualmente ativos mais comum infecção uretral e idosos geralmente secundária a infecção urinária); · Gangrena de Fournier (fasciíte necrosante do períneo e da bolsa testicular) -> doença de alta mortalidade, evolui de forma muito rápida (1 cm3/h), deve ser operado rapidamente // pode iniciar com patologias proctológicas como fistulas perianais ou patologias urológicas da bolsa testicular; · Hérnia inguinoescrotal -> pode causar aumento testicular e dor; · Tumor testicular -> pode causar aumento testicular e dor; OBS: na grande maioria das vezes uma USG de bolsa testicular faz o DD de todas essas situações; · Torção Testicular - Principal causa de perda testicular nos Estados Unidos; - Incidência < 25 anos: 1:4000; - Acomete mais o testículo esquerdo; - Período perinatal: 70% antes do nascimento e 30% após o nascimento; - Salvamento testicular depende do tempo entre o início da dor e detorção (fluxo reestabelecido): até 6h – 100% // >12h – 20% // >24h – 0%; - detorção precoce -> estruturas preservadas; - detorção tardia -> todas as estruturas comprometidas, hialinização da luz tubular, até tem função hormonal pois as células de Leydig são mais resistentes a isquemia mas as células do túbulo seminífero não são; - Etiologia: falha nos fatores de fixação // normal – apenas a parte externa do testículo não tem fixação // testículo em badalo de sino – falha na fixação – permite que o testículo rode em torno do próprio eixo – congestão venosa seguida de isquemia arterial. // influência genética é desconhecida // indivíduos que tiveram criptoquidia e o testículo desceu espontaneamente tem uma predisposição maior // geralmente acontece após a gonadarca – na fase adulta as chances diminuem muito. - Quadro clínico: · Dor e edema escrotal de início súbito (sem comemorativo anterior); · Crianças e adolescentes, mas adultos e idosos não devem ser negligenciados; · Testículo alto e horizontalizado; · Abolição do reflexo cremastérico (o cremaster já se encontra bem contraído) · Sinal de Prenm negativo (alívio da dor ao elevar o testículo seria sinal positivo); · Ausência de sinais sistêmicos e sintomas urogenitais. - Conduta: · Ultrassonografia com doppler – para fechar diagnóstico; · Nem sempre está disponível, nessa situação a cirurgia imediata está indicada; · Detorção sem cirurgia teoricamente é possível, mas mesmo se for realizada ainda vai ser preciso fazer a cirurgia para realizar a fixação; · Cirurgia -> exploração escrotal: · Detorção e aquecimento do testículo acometido -> se o testículo voltar a vascularizar bem – orquidopexia // se não voltar -> orquiectomia; · No testículo contralateral -> realizar orquidopexia; · Se presença de apêndices que possam dar problema no futuro – retirar. · Priapismo - Ereção prolongada sem conotação sexual - Considerado tempo de risco > 4 horas; - Pico de incidência bimodal: 5-10 anos – associada a patologias hematológicas – ex.: anemia falciforme (67%) // 20-50 anos – idiopática (33%) – farmacológica (25%) – anemia falciforme (20%) – algumas drogas ilícitas como cocaína e heroína; - Fisiopatologia: · Fisiologia normal: Pênis flácido tem um baixo fluxo arterial, portanto não enchem os sinusoides dos corpos cavernosos que permite um fluxo elevado de drenagem através das veias emissárias -> durante a ereção há um aumento do fluxo arterial e uma dilatação dos sinusoides dos corpos cavernosos que vão ocluir as veias emissárias e vão diminuir o fluxo venoso de drenagem permitindo que o pênis fique ereto; · Fenômenos venooclusivos ou hiperfluxo arterial -> pode evoluir com priapismo; - Classificação Obs.: Síndrome compartimental: fica um ambiente inóspito com acidose celular que pode levar a morte e fibrose dos corpos cavernosos. - Como diferenciar -> realizando gasometria arterial do corpo cavernoso: - Para avaliar o paciente importante saber: · História clínica: · Tempo de ereção; · Dor; · Trauma de pélvis, períneo; · Episódio anterior de priapismo e tratamento; · Função erétil prévia; · Utilização de medicamentos e drogas; · Doenças hematológicas. · Definir a presença de fluxo arterial peniano: · Aspiração e inspeção (sangue vermelho); · Gasometria do aspirado, praticamente indispensável; · Doppler peniano, muito bom para acompanhamento; · RMN para priapismo de alto fluxo. · Priapismo Isquêmico ou de baixo fluxo: - Oclusão do fluxo venoso e diminuição do fluxo arterial; - Similar a uma síndrome compartimental; - Ambiente intracavernoso inóspito (alterações tempo-dependente, hipóxia, hipercarbia e acidose); - Dor e rigidez do corpo cavernoso; - Glande e corpo esponjoso preservados; - Este tipo de priapismo é uma emergência; - Tratamento: · Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (taxa de recuperação da ereção): · <12h -> 100%; · 12-24h -> 78%; · 24-36h -> 44%; · >36h -> 0%. · Descompressão aspirativa do corpo cavernoso até a oxigenação dos corpos cavernosos, pode ser feita a utilização de soro no sistema de drenagem: (primeiro gráfico – paciente sem priapismo presença de fluxo arterial // segundo gráfico – paciente com priapismo ausência de fluxo arterial); · Se não reverter o priapismo pode ser feita a administração de agentes adrenérgicos: etilefrina, efedrina, noradrenalina e adrenalina (sempre bem diluído para não causar necrose peniana); · Se após essas manobras não consegue reestabelecer o fluxo -> criar uma comunicação para que ocorra da drenagem do corpo cavernoso para o esponjoso da glande -> comunicação através de um shut distal: (caso não melhore com as técnicas anteriores). · Se o shunt distal não funcionar -> fazer um shunt proximal, comunicando o corpo cavernoso com o corpo esponjoso da crura peniana: · Indicações: falha em todos os tratamentos anteriores e tempo de priapismo > 36h -> prótese peniana: · Priapismo de Alto fluxo ou não isquêmico - Tratamento: · Observação -> alguns pacientes melhoram; · Identificar a má formação arteriovenosa e tratar: · USG com doppler na região da crura; · RNM: identifica as MAVs // identifica eventuais trombos associados; · Arteriografia peniana: abordagem diagnóstica e terapêutica com embolização.