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Sintese Unidade 3 Orlando

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“A teoria da atividade na perspectiva de A. N. Leontiev”.
 A proposta desse trabalho é relatarmos sobre a teoria da atividade na perspectiva de Alexei A. Leontiev, e para um início dessa atividade vamos relatar um breve histórico sobre o autor.
1- Histórico sobre o autor Alexei A. Leontiev: 
 Alexei Nikolaivitch Leontiev nasceu em 1903, em Moscovo. Ingressou na Faculdade Histórica-Filológica, onde se lecionava Psicologia, entrando, assim, em contato com esta área. Em 1924, termina os estudos na então chamada Faculdade de Ciências e, passou a trabalhar com Kornilov na tentativa de desenvolver uma psicologia baseada na filosofia do marxismo-leninismo, seu talento apareceu nos primeiros experimentos realizados sobre reações afetivas. Mas a direção principal de seu trabalho tomou forma quando começou a trabalhar de forma próxima com Vygotsky.
 Na segunda metade da década de 1920, em conjunto com Luria, desenvolveu uma teoria da origem sócio- histórica das funções psiquicas superiores, as funções especialmente humanas, em resposta ao behaviorismo e o foco no mecanismo estímulo-resposta com explicação do comportamento humano. Foi devido ao seu trabalho que o departamento se tornou uma Faculdade independente em 1966.
 Suas investigações o levaram a defender a natureza sócio-histórica do psiquismo humano e a partir daí a teoria marxista do desenvolvimento social se tornou, para ele, indispensável. Finalmente um pequeno livro muito importante que apareceu em Moscou em meados de 1974, que reuni os trabalhos e reflexões nos últimos anos de vida sob o título Atividade. Consciência. Personalidade. Neste, Leontiev fala, entre outras coisas, da psicologia Soviética, que foi o caminho de uma luta incessante orientada para a assimilação criadora do Marxismo-leoninismo.
 Assim, Leontiev propõe uma análise em vários níveis aquando da apreciação dos processos humanos. O nível mais alto é o da atividade e dos motivos que a direcionam. A nível intermédio, estão as ações e os objetivos que lhe estão associados, e num nível inferior estão as operações que servem como meio para atingir as metas.
Para compreender e facilitar o desenvolvimento, temos de estudar todos os sistemas de atividade, os seus objetos e motivos, e não isoladamente em ações ou competências.
Alguns textos disponíveis que falam sobre as contribuições de Leontiev são:
*1972: Atividade e Consciência.
*1974: Atividade, Consciência e Personalidade.
*1979: Sobre o Desenvolvimento criativo de Vygotsky.
* Livro o Desenvolvimento do psiquismo.
 Nesse próximo modulo falaremos sobre o trabalho realizado por Leontiev com a utilização da teoria da atividade em seus diversos campos que abrange a parte da psicologia, sociologia, filosofia, e da educação; explanando sobre o processo ensino aprendizagem e como a contribuição de autores como Vygotsky e Luria auxiliaram para os estudos de Leontiev.
  2 - Os componentes da atividade: necessidades, motivos, objetivos, ações, procedimentos
 A teoria da atividade surgiu no campo da psicologia, com os trabalhos de Vygotsky, Leontiev e Luria. Ela pode ser considerada um desdobramento do esforço pela construção de uma psicologia sócio-histórico-cultural fundamentada na filosofia Marxista. A teoria da atividade surgiu no campo da psicologia, com os trabalhos de Vygotsky, Leontiev e Luria. Ela pode ser considerada um desdobramento do esforço por construção de uma psicologia sócio-histórica cultural fundamentada na filosofia marxista. 
 Embora a denominação “teoria da atividade” tenha surgido mais especificamente a partir dos trabalhos de Leontiev, muitos autores acabaram por adotar essa denominação também para se referirem aos trabalhos de Vygotsky, Luria e outros integrantes dessa escola da psicologia. Atualmente essa teoria apresenta claramente um caráter multidisciplinar, abarcando campos como a educação, a antropologia, a sociologia do trabalho, a lingüística, a filosofia
 Luria (1981, p. 16) explica que as formas superiores da atividade consciente são sempre baseados em certos mecanismos externos, apoios ou artifícios historicamente gerados, que atuam como “ elementos essenciais no estabelecimento de conexões funcionais entre partes individuais do cérebro, e que por meio de sua ajuda áreas do cérebro que eram previamente independentes tornam-se os componentes de um sistema funcional único.
 A principal característica que diferencia a regulação da atividade consciente humana é que esta ocorre com a íntima participação da fala. Nesse sentido, Engels (1986, p. 272) afirma que a fala e o trabalho “formam os dois estímulos principais sob cuja influência o cérebro do macaco foi-se transformando gradualmente em cérebro humano, que apesar de toda semelhança, supera-o consideravelmente em tamanho e em perfeição”.
Uma vez que na estrutura do conceito de atividade (LEONTIEV, 1978, 1983) a necessidade se materializa no objeto, tornando-o o motivo da atividade, o mesmo se dá na atividade de aprendizagem. Sobre essa relação entre necessidade e motivo na atividade de aprendizagem, ou de estudo, como a denomina Davidov (1988, p. 178), este destaca que [...] a necessidade da atividade de estudo estimula os escolares a assimilar os conhecimentos teóricos; os motivos, [estimula os escolares] a assimilar os procedimentos de reprodução desses conhecimentos por meio das ações de estudo, dirigidas a resolver as tarefas de estudos (recordamos que a tarefa é a unidade do objetivo da ação e as condições para alcançá-lo).
Na Atividade Orientadora de Ensino, necessidades, motivos, objetivos, ações e operações do professor e dos estudantes se mobilizam inicialmente por meio da situação desencadeadora de aprendizagem. Esta é organizada pelo professor a partir dos seus objetivos de ensino que, como dissemos, se traduzem em conteúdos a serem apropriados pelos estudantes no espaço de aprendizagem. As ações do professor serão organizadas inicialmente visando colocar em movimento a construção da solução da situação desencadeadora de aprendizagem. Essas ações, por sua vez, ao serem desencadeadas, considerarão as condições objetivas para o desenvolvimento da atividade: as condições materiais que permitem a escolha dos recursos metodológicos, os sujeitos cognoscentes, a complexidade do conteúdo em estudo e o contexto cultural que emoldura os sujeitos e permite as interações sócio-afetivas no desenvolvimento das ações que visam o objetivo da atividade - a apropriação de certo conteúdo e do modo geral de ação de aprendizagem.
 2.1 - Procedimentos
 O sujeito é aquele que realiza a ação, pode ser um indivíduo concreto, um grupo social ou a sociedade; e está inserido nas redes de relações sociais diversas num dado contexto histórico. Operações são formas pelas quais se realiza determinada ação e, nesse sentido, dependem das condições. Por condições, entende-se o conjunto de situações nas quais o sujeito realiza a atividade no contexto social. Elas podem ser ambientais, emocionais e/ou psíquicas.
 Os meios, por seu turno, constituem-se nos instrumentos, são os mediadores entre o sujeito e o objeto da atividade, possibilitam que as operações sejam realizadas, uma vez que as relações do sujeito com o mundo são mediadas. Os meios podem ser materiais (objetos ou instrumentos) ou ser de natureza informativa ou simbólica. Por fim, o produto é o resultado das transformações ocorridas no objeto. A atividade humana (material ou mental) está cristalizada no seu produto.
 2.2 - Relevância da teoria da atividade para a educação
Segundo a teoria da atividade, a aprendizagem é uma atividade humana movida por um objetivo, a qual concebe três pontos de relevância: acontece em um meio social; através de uma atividade mediada nas relações entre os sujeitos; e é uma atividade entre o sujeito e o objeto de aprendizagem.
Para a Teoria da Atividade, a educação deveria ser um movimento dialético, a partir do qual o homem se constitui enquanto humano e, nesse mesmo movimento, constitui a humanidade.Dessa forma, a educação pressupõe um processo de formação e transformação de capacidades e habilidades psíquicas, que fazem do homem um humano em sua plenitude.  Fazendo uma análise de contexto educacional brasileiro, permite-nos, portanto, compreender que a escola está sob as bases de um modelo alienante de educação e, nesse sentido, muito distante do propósito de propiciar novas formações psíquicas no sujeito, situação sine que nom para sua condição de humano na perspectiva de Leontiev.
2.3 - Relevância da teoria da atividade para o ensino-aprendizagem.
A teoria da Atividade nos possibilita abstrair aspectos sobremodo significativos para uma educação transformadora do homem e da sociedade, pautada nos princípios da formação e do desenvolvimento individual e coletivo da humanidade. 
A Teoria da Atividade relaciona-se ao contexto escolar e está vinculada diretamente à ideia de necessidade, ou seja, de se ter um motivo para aprender. Assim, é o motivo que impulsiona a ação do aluno, de modo que ele seja responsável por sua aprendizagem. 
2.4 - Relevância da teoria da atividade para formação dos professores.
Analisar o processo de formação docente a partir de uma perspectiva histórico-cultural passa por compreender a atividade docente como trabalho em sua dimensão ontológica. Nessa compreensão, o conceito de trabalho traduz-se como sendo a atividade humana intencional adequada a um fim e orientada por objetivos, por meio da qual o homem transforma a natureza e produz a si mesmo. Sendo uma atividade exclusivamente humana, o trabalho é entendido como “um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza” (MARX, 2002, p.211). Sendo assim, o trabalho nessa concepção não é fim em si mesmo, mas é mediação para atingir um fim.
 Referências Bibliográficas:
ENGELS, F.(1986). Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. São Paulo: global
GRYMUZA, A. M. G.; RÊGO, R. G. A TEORIA DA ATIVIDADE: UMA POSSIBILIDADE NO ENSINO DE MATEMÁTICA. Revista Temas em Educação, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 117–138, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rteo/article/view/20864. Acesso em: 4 jun. 2021.
LEVITIM, Karl (1982). One is Not Born a Personality: Profiles of Soviet Educational Psychologists.
LURIA, A. R. (1981). Fundamentos de neuropsicologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
 PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 20, n. 02, p.279-301, jul./dez. 2002

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