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Ancilostomíase: causas, sintomas e tratamento

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Parasitologia Bárbara Rebeca Hoffmann, TXIX 
1 
 
 
AULA 13 – 29/10/2020 
ANCYLOSTOMIDAE 
A Ancilostomose é causada por um helminto, 
popularmente conhecida como Amarelão (é a doença que 
o Jeca Tatu tinha). 
Agentes etiológicos 
 Necator americanus (principal) 
 Ancylostoma duodenale (principal) 
 Ancylostoma ceylanicum (menos frequente) 
 
❖ Vermes adultos 
Pequenos vermes cilíndricos (Nematelmintos) com cerca 
de 1cm de comprimento e possuem cor rósea quando são 
eliminados, e depois esbranquiçada quando entram em 
contato com o oxigênio. 
Eles têm dimorfismo sexual, sendo que a fêmea é maior 
que o macho e tem a extremidade posterior bem afilada. 
Já os machos têm a essa extremidade munida de bolsa 
copuladora (parece um espanador). 
É possível fazer a diferenciação das duas espécies (do 
Necator americanus e do Ancylostoma duodenale) através 
da cavidade bucal. O verme adulto do Ancylostoma 
duodenale tem dentes na cavidade bucal, já o outro tem 
placas cortantes. 
 
Imagem: macho com bolsa copuladora. 
 
 
Imagem: Duodenale à esquerda e Americanus à direita. 
 
 
O Duodenale tem dois pares de dentes subtriangulares e 
cortantes, importantes para cravarem o parasita na mucosa 
do intestino, fazendo a ação espoliativa como, 
principalmente, a retirada de sangue. 
 
Imagem: Ancylostoma canino que também tem dentes 
subtriangulares e o Americanus com um par de placas 
cortantes na cavidade bucal que são cravadas na mucosa 
do intestino para ação espoliativa. 
 
❖ Ovos 
A fêmea grávida elimina ovos que são morfologicamente 
muito semelhantes nas duas espécies principais do 
parasita, não sendo possível diferenciar nas lâminas. O ovo 
do Necator americanos é um pouco maior, porém 
precisaria de um aparelho acoplado no microscópio para 
medir o comprimento. 
Para os médicos é indiferente que o diagnóstico 
laboratorial venha identificando se é um Ancylostoma ou 
um Necator, porque no laboratório é colocado: “Foram 
observados ovos de Ancilostomídeos“, sem afirmar qual é 
a espécie. No tratamento é indiferente para ambos, pois 
ele é o mesmo. Só teria que identificar esses ovos no caso 
de uma pesquisa ou algo relacionado. 
Quanto à morfologia, é um ovo relativamente grande, 
geralmente ovóide, tem uma casca bem fina e clara (quase 
transparente). 
Quanto a femilinina, esse ovo tem uma célula germinativa 
única dentro, que depois vai ocorrer a divisão e vai gerar 
os blastômeros (4, 8, 16, 32...). Depois a larva é formada, 
também dentro do ovo. 
 
 
2 
 
 
Imagem: à esquerda - ovo ovóide, e à direita com 
blastômeros. 
 
 
 
Imagem: larva L1 – rabditóide que tem esôfago rabditóide, 
depois é formada a L2 e mais tarde a L3. 
 
 
Imagem: L3 é a larva filarióide. Quando o homem tem 
ancilostomíase, a fêmea estará eliminando os ovos nas 
fezes para o meio ambiente. 
 
Primeiro, o ovo eclode no solo, e a larva rabditóide (L1) se 
movimenta como uma minhoca e se alimenta de 
microrganismos do solo. Após alguns dias, L1 se diferencia 
em L2 que também é rabditóide e que age como a L1. 
Posteriormente, a L2 se diferencia em L3 – filarióide, que 
tem uma bainha transparente ao seu redor e que oblitera 
a cavidade bucal da larva. Logo, ela também se movimenta 
no solo, mas não se alimenta. É ela que vai se penetrar 
principalmente na pele dos pés (Jeca Tatu) – transmissão 
transcutânea. 
❖ Ciclo biológico. 
 
É um ciclo monoxênico: 
1. Larva filarióide que é infectante vai penetrar na pele, 
principalmente pelos pés. 
2. Percorre todo o trato digestório e vai para o intestino 
delgado. A larva L3 também faz Ciclo de Loss, então 
também sai do intestino e migra (fígado → coração → 
pulmão) e dependendo da carga parasitária também 
apresenta a Síndrome de Löffler e depois sobe para a 
região de orofaringe. Seria esperado que a pessoa 
expelisse a larva, mas isso não acontece e ela engole. 
Então a larva volta para o intestino delgado e origina o 
macho ou fêmea. 
3. Ocorre a fecundação ou maturidade sexual, e a fêmea 
começa a eliminar os ovos, que são excretados 
juntamente com as fezes. No ambiente, principalmente 
em solo arenoso rico em nutrientes, começa a divisão 
dos blastômeros e a formação das larvas. 
4. Larvas. 
5. Transmissão transcutânea. 
 
Ação patogênica 
 
1. PERÍODO DE INVASÃO CUTÂNEA 
 
As manifestações primárias iniciam com a penetração da 
larva. Dependendo da carga parasitária e da espécie, essa 
larva vai causar dermatite alérgica no local, ou seja, 
infecções maciças ou quando a pessoa tem 
hipersensibilidade. 
 
No local da penetração, vão se formar pápulas-
eritematosas como se fossem vesículas vermelhas com 
edema, que geram prurido (coceira da terra). Em alguns 
casos podem ocorrer adenites (inflamação dos 
linfonodos). 
3 
 
2. PERÍODO MIGRATÓRIO DAS LARVAS 
Quando as larvas migram e fazem o Ciclo de Loss. Em 
relação ao pulmão, dependendo da carga parasitária, 
pode ser benigno ou pode ocorrer a Síndrome de Löffler, 
que vai gerar características semelhantes a uma 
pneumonia (febre, tosse, rompimentos de alvéolos, 
hemorragia pulmonares, eosinofilia sanguínea). 
3. PERÍODO DE PARASITISMO INTESTINAL 
Há a volta da larva para o intestino e ela dá origem ao 
verme adulto. Eles cravam as placas ou dentes na mucosa 
do intestino e formam uma dilaceração de mucosa, que faz 
surgir pequenas úlceras. 
Vai fazer espoliação sanguínea e de outros nutrientes, e vai 
ocorrer necroses. 
 
As lesões e úlceras que se formam na mucosa podem ter 
um agravamento por invasão de bactérias, o que vai gerar 
uma infecção secundária. 
Quanto ao trânsito intestinal, pode haver um peristaltismo 
aumentado ou diminuído. 
Em relação a espoliação sanguínea, a quantidade de 
sangue retirada pelos ancilostomídeos depende da 
espécie: 
- Necator americanus: 0,03 a 0,06ml de sangue por 
dia/verme. 
- Ancylostoma duodenale: 0,15 a 0,30ml de sangue por 
dia/verme. 
 
Se tiver muitos vermes, pode ocorrer uma anemia 
(manifestação secundária). Parte do sangue é expelido na 
luz intestinal, permitindo uma reabsorção parcial do ferro 
(30 a 40%), exigindo uma complementação na dieta. Se 
isso não acontecer, haverá lenta e progressiva baixa das 
reservas hepáticas → anemia carencial de tipo crônico 
(microcítica e hipocrômica) - Ferropriva. 
 
 Microcítica: hemácias diminuídas. 
 Hipocrômica: hemácias descoradas. 
 
Sintomatologia 
 
❖ Fase aguda 
 
Determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e 
pulmonar e instalação dos vermes adultos no intestino 
delgado. 
 
 Prurido na pele da região invadida pelas larvas 
 Eritema edematoso 
 Erupção pápulo – vesiculosa (“coceira da terra”) 
 
As manifestações respiratórias costumam ser discretas. 
 
 Tosse seca ou com expectoração 
 Síndrome de Löffler – talvez com febre 
 Mais constante é a eosinofilia sanguínea alta – 30 a 
60% 
 
Quando a carga parasitária for grande, entre a 3° e a 5° 
semana surgem sintomas mais gerais: 
 
 Mal estar abdominal (na região epigástrica) 
 Anorexia 
 Náuseas e vômitos 
 Cólicas 
 Alguma diarreia 
 Febre ligeira (baixa) 
 Cansaço e perda de peso 
 
❖ Fase crônica 
 
Determinada pela presença do verme adulto no intestino. 
Se a espoliação sanguínea e de nutrientes for intensa e se 
associar à deficiência nutricional → anemia ferropriva que 
se constitui no quadro clínico mais típico da 
ancilostomíase. Os sintomas predominantes são: 
 
 Cansaço fácil 
 Desânimo de fraqueza 
 Tonturas, vertigens, zumbidos nos ouvidos 
 Dores musculares (pernas) 
 Cefaleia 
 Esfera genital: amenorreia, baixa da libido e 
impotência (acontece quando a anemia que não é 
tratada e permanece por muito tempo) 
 
Em crianças: 
 Crescimento em estatura e em peso são 
insuficientes 
 Modificações do apetite (Síndrome de Pica): 
- Qualitativas → perversão do apetite – vontadede 
comer giz, terra (geofagia) e frutos verdes. 
- Quantitativas → anorexia ou bulimia. 
 Dificuldade de atenção e apatia → déficit no 
rendimento escolar. 
 
Acentuando-se a anemia, aparecem: 
 Palpitações (arritmias) 
 Sopros cardíacos 
 Falta de ar aos esforços 
 Sinais e sintomas da insuficiência cardíaca 
congestiva. 
 
 
 
A contundente lesão das placas cortantes ou dentes 
sobre a mucosa intestinal + secreções esofagianas → 
dilaceração da mucosa. Esse material necrosado é 
ingerido pelo verme junto com o sangue. Mudança 
frequente de lugar → nova agressão e fica uma úlcera 
que continua a sangrar por algum tempo. 
 
 
4 
 
Diagnóstico laboratorial 
 
 Pesquisa de ovos nas fezes: 
- Métodos qualitativos: Faust (centrifugação), Hoffman 
(sedimentação indicada para ovos pesados), Willis 
(flutuação por solução saturada – sal ou açúcar). 
Faust e Willis são mais adequados, porque são ovos 
leves. 
- Métodos quantitativos: técnica de Stoll. Não é feita de 
rotina, pois é um frasco apropriado com pérolas de 
vidro. A maioria dos laboratórios não realizam essa 
técnica. Geralmente, a carga parasitária é feita pela 
contagem de ovos. 
 
 Coprocultura (cultura de fezes) 
- Método de Harada e Mori – cultura das larvas L3 – 
diagnóstico específico e quantitativo, por isso não é 
feito de rotina em laboratórios, somente para 
pesquisas. 
 
Tratamento 
 
 Pamoato de Pirantel 
 Mebendazol 
 Albendazol 
 
➔ A posologia deles é por kg (peso) 
 
LARVA MIGRANS CUTÂNEA 
 
Também é chamada de dermatite pruriginosa, popular 
bicho geográfico. O agente etiológico é o Ancylostoma 
mas de outra espécie que o anterior: 
 
 Ancylostoma braziliense (mais frequente) 
 Ancylostoma caninum 
 Ulcinaria stenocephala 
 Ancylostoma tubaeforme (cães e gatos) 
 Bunostomum phlebotomum (bovinos) 
 
O cão normalmente é o hospedeiro definitivo do 
Ancylostoma braziliense. O homem é um hospedeiro 
acidental, quando entra em contato com a areia, na qual 
foram depositadas as fezes contaminadas com os ovos do 
Ancylostoma e as larvas foram liberadas e penetram na 
pele no homem. A larva vai ficar percorrendo o tecido 
subcutâneo, gerando muita coceira e prurido. 
 
Diagnóstico 
 
➔ Clínico 
- Anamnese 
- Sintomas 
- Aspecto dermatológico das lesões é bastante 
característico. 
 
 
 
Tratamento 
 
➔ Tópico 
- Cloretila e neve carbônica (frio) = queimar 
- Pomadas a base de tiabendazol 
 
➔ Sistêmico 
- Tiabendazol 
- Albendazol e Ivermectina 
 
OBS.: Associar ao tópico devido a maior gravidade.

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