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Antologia_Escolar_2020 (1)

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Antologia Escolar 2020
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Volume I - Narrativas de Aventura
1
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Volume I - Narrativas de Aventura
Antologia Escolar do 
Sistema Colégio Militar do Brasil
2020
Departamento de Educação e Cultura do Exército
 
Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial
2
Alessandra Feitosa e
Mônica de Castro
Organizadoras
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Volume I - Narrativas de Aventura
Antologia Escolar do 
Sistema Colégio Militar do Brasil
2020
3
Alessandra Feitosa e Mônica de Castro (Org)
 
 
Copyright@2020 por Alessandra Martins Gomes Feitosa e Mônica de 
Castro Guimarães
 
Título original: Antologia Escolar do Sistema Colégio Militar do Brasil 2020 
- Cada CM, Cada Aluno, Uma Mensagem
 
 
 
Conselho Editorial: Célio Jorge Vasques de Oliveira, Daniel Reis dos 
Lopes, Elaine Guimarães Motta, Elias Ely Vitório, Gilberto Cardoso.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Conceitos emitidos nos textos são de exclusiva responsabilidade dos 
autores
 
 
 
 
 
 
 
Capa do livro: Montagem com os trabalhos dos próprios autores presentes na 
Antologia
4
SUMÁRIO
 
Introdução.......................................................................................................................7
 
Prefácio ............................................................................................................................9
 
Notas à primeira edição ....................................................................................10
 
Uma aventura nos jogos da amizade ......................................................13
Aluna Rebeca Sousa Ibiapina (CMB)
 
De uma para toda vida.......................................................................................14
Aluno Ricardo Estevão Matos Souto (CMBel)
 
Sonho realizado.........................................................................................................15
Aluna Maria Fernanda Nascimento Lerina (CMC)
 
Cada um, cada aluno, uma mensagem.................................................16
Aluno Marcelo Santos Sampaio Filho (CMF)
 
O sumiço que transmite valores....................................................................17
Aluno Pedro Henrique Zampier Oliveira (CMJF)
 
Um dia divisor de uma vida.............................................................................20
Aluna Maria Rita Varmes de Carvalho (CMM)
 
A primeira de muitas.............................................................................................22
Aluna Teresa Balestro Somensi de Oliveira (CMPA)
 
Marcha em dobro...................................................................................................24
Aluna Mel Zion Cordeiro (CMR)
5
SUMÁRIO
 
Sem título .....................................................................................................................26
Aluna Daniele Lins Vieitos (CMRJ)
 
Primeira apresentação.......................................................................................28
Aluna Eva Santiago Ma (CMS)
 
Segundo lar.................................................................................................................29
Aluna Mariah Michelotti Loureiro (CMSM)
 
Um sonho ao alcance..........................................................................................30
Aluno Henrique Galvão de Brito (CMSP)
6
Introdução (1/2)
 
 
A presente publicação é oriunda do II Concurso Literário do Sistema Colégio Militar do Brasil
(SCMB), cujo título foi "Cada um, Cada Aluno, Uma mensagem", em que os alunos se basearam
em suas próprias experiências e criaram textos que mostram sua história de vida, após
ingressarem no Colégio Militar, de forma a inspirar outras pessoas.
 
Alinhados com uma Proposta Pedagógica de vanguarda, baseada no ensino por
competências, os Colégios Militares atuam, ainda, no desenvolvimento de uma educação
focada nos valores e tradições do Exército Brasileiro.
 
O Exército Brasileiro é a Instituição mantenedora dos Colégios Militares cujo objetivo maior é o
de fortalecer a dimensão humana da Força, ao ofertar ensino de qualidade aos dependentes
de seus militares.
 
Foi no atendimento ao sonho do Duque de Caxias que o Exército foi criado, ainda no tempo do
Império, o primeiro Colégio Militar (CM). É do entrelaçamento do Exército com a preocupação
de seu povo que a História do Brasil se cruza com a História do Exército e, a cavaleiro, ainda
participam desse cenário os quatorze educandários que estão localizados no Rio de Janeiro -
RJ, Porto Alegre - RS, Fortaleza - CE, Manaus - AM, Brasília - DF, Recife - PE, Belo Horizonte - MG,
Curitiba - PR, Salvador - BA, Juiz de Fora - MG, Campo Grande - MS, Santa Maria - RS, Belém -
PA e, o mais recente, São Paulo - SP.
 
Como participantes da História do Exército e,  especificamente, do Sistema Colégio Militar do
Brasil, estão os alunos pertencentes aos quatorze CM, com suas histórias marcadas de esforço
pelo crescimento intelectual e de emoção por suas diversas vivências escolares.
 
Assim, o convite será estendido a você, amigo leitor, que se debruçará sobre esses trabalhos
selecionados dentre os melhores de seus CM e remetidos à Diretoria de Educação Preparatória
e Assistencial.
 
A primeira parte dessa publicação destina-se ao gênero "Narrativas de Aventura , em que os
alunos se tornam protagonistas e transformam em magia suas diversas situações dentro dos
Colégios.
 
A segunda parte reporta-se aos alunos que contam suas histórias passadas dentro do
Sistema, as "Memórias", contando-as como são lembradas no presente.  São textos repletos de
emoção e saudosismo que retratam momentos fundamentais para o alunado, como o dia de
ingresso ao CM, as formaturas, as vivências com os colegas, entre outras.
 
A terceira parte destina-se à publicação de "Poesias". Em face de serem textos destinados aos
alunos do ensino médio, observam-se escritas mais maduras e repletas de emoção e rimas
bem elaboradas, em que são enaltecidas as virtudes dos alunos, a felicidade de ingresso ao
Sistema, as belezas arquitetônicas dos prédios dos CM, as experiências vividas, os valores do
Exército, etc. 
7
Introdução (2/2)
 
 
A quarta parte refere-se a um tipo de texto mais lúdico, as "Histórias em Quadrinhos" (HQ).
Desenhadas e escritas por alunos do ensino fundamental, as HQ proporcionam um ponto alto
dessa antologia, ao trazerem fatos cômicos e sérios caricaturados nos personagens deste
gênero.
 
A quinta parte apresenta os "Cartazes". Tendo como finalidade principal a divulgação de
informação visualmente, são também relevantes por seu valor estético. Misturando desenhos,
fotos, imagens e dizeres, os cartazes montados pelos alunos do ensino médio mostram as
características do SCMB como um lugar propício para aprender, debater, fazer amizades para
toda a vida, expressar sentimentos, iniciar uma jornada de vitórias, cultuar valores entre outras
possibilidades, de modo que estes textos deixam claro não só a criatividade dos alunos, como
as diversas qualidades que nosso Sistema de Ensino possui e que são por eles observadas e
valorizadas, também.
 
A sexta e última parte intitula-se "Sobre os Leitores" e tem por finalidade apresentar, em
algumas linhas, informações sobre os vencedores do concurso, como sua origem familiar, seus
gostos e conquistas, assim como seu nome completo, título e gênero textual de seu trabalho, e
sua foto.
 
Por oportuno, desejamos a vocês, caros leitores, um bom momento de descanso e de prazer na
leitura desses textos que simbolizam o amor de todos os alunos pelo SCMB.
 
 
Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2020
 
Alessandra Martins Gomes Feitosa - TC QCO 
Chefe da Seção de Ensino da DEPA
 
8
Prefácio
Esta Antologia tem um valor afetivo muito caro para todos nós, integrantes do Sistema Colégio
Militar do Brasil: é a segunda publicação que reúne textos temáticos oriundos de uma atividade
pedagógica comum a todos os Colégios Militares.
 
A honra de prefaciar esta obra é de uma simbologia muito cara para mim, Diretor de Educação
Preparatória e Assistencial.Hoje, tenho a honra de ler esses textos tão criativos, emocionantes e interessantíssimos a
respeito do SCMB e dos próprios escritores.
 
Nesta antologia, podemos usufruir da leitura de textos de autores jovens, mas com um futuro
promissor para a carreira das letras e da pesquisa historiográfica. Uma temática relacionada a
suas próprias vivências como alunos.
 
O teor de cada trabalho reflete o sentimento de pertença ao SCMB e a certeza de que cada
aluno, ainda que adolescente, tem uma mensagem de vida, de alegria, de esperança, tem
uma mensagem que precisa ser transmitida a todos.
 
Mesmo em um ano conturbado e desafiador como este de 2020, nossos alunos demonstraram
a competência e a capacidade de produção de textos belíssimos que passaram por uma
rigorosa seleção dentro de seus CM.
 
Esta publicação é uma forma de incentivar e estimular nossos futuros escritores e, quem sabe,
já antever os futuros grandes professores e autores que ombrearão nossos espaços nas
Academias de Letras.
 
Prossigam nesta senda do estudo e do saber, para que sejam homens e mulheres valorosos e
sábios.
 
Zum Zaravalho!
 
 
Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2020.
 
Gen Div Francisco Carlos Machado Silva
Diretor de Educação Preparatória e Assistencial
9
Notas à primeira edição (1/2)
"Cada um, Cada aluno, Uma mensagem" oferece ao leitor a possibilidade de  conhecer um
pouco sobre a trajetória dos alunos do Sistema de Colégios Militares do Brasil, pois seus textos
mostram um parte de sua história de vida, após entrarem no Colégio Militar. Também, é
possível vislumbrar o quanto esta obra serve de inspiração para outras pessoas.
 
A seleção dos textos aqui presentes se deu após o II Concurso Literário do Sistema do Colégio
Militar do Brasil (SCMB), ocorrido no presente ano. Então, cada CM selecionou o melhor texto
dentro de cada um dos gêneros "Narrativas de Aventura", "Poesias", "Memórias", "Histórias em
Quadrinhos" e "Cartaz" para que estes compusessem a presente obra.
 
Por seu título, é possível perceber o valor que cada experiência possui como construtora da
História do SCMB. É a valorização da riqueza das singularidades e das subjetividades como as
bases de um Sistema de Ensino rico e diversificado, com colégios em cada uma das cinco
regiões naturais do país.
 
São múltiplas e variadas as contribuições que estes textos trazem, mas é possível destacar a
criatividade e o sonho contidos nas Narrativas de Aventura, como por exemplo o ataque sofrido
pela família Garança em o "Sumiço que transmite valores"; a alegria do ingresso ao Colégio
Militar de Manaus, sediado próximo da vegetação amazônica em "Um dia divisor de uma vida"
e a emoção do vislumbre do "Casarão" (CMPA) situado em Porto Alegre, em "A primeira de
muitas".
 
O orgulho e a gratidão de pertencer a um Colégio do SCMB, retratados nas "Memórias", como
em "A família garança", em que a escritora menciona que ingressar no CMF foi o melhor que lhe
aconteceu, ao acreditar ter sido Deus quem a possibilitou isso e saber que tal realidade muito
a ajudaria no futuro; ou em "O que corre em minhas veias", em que o aluno de Salvador
relembra ter nascido na "cidade embrenhada na Floresta Amazônica, São Gabriel da
Cachoeira", onde, ao visitar o pai em seu quartel, começou a perceber possuir também o
sangue "verde-oliva".
 
São fascinantes os bem estruturados versos e suas rimas, cheios de riqueza vocabular e
redigidos por tão jovens escritores como se vê em "Um sonho chamado CMRJ", "Quando
criança, escrevi a Deus uma carta: "quero vestir, do CM, a farda escarlata"; assim como nesta
outra estrofe do poema  de título "de Santa Maria para o mundo", "Já dizia Rubem Alves, Há
escolas que são gaiolas e há escolas que são asas, E o Colégio Militar, encorajando-me a voar,
Mostrou-me que, de um passarinho, passarão poderia me tornar".
 
Segue o deslumbre ao se observar tão bonitos e criativos desenhos que, nas Histórias em
Quadrinhos, como em "Nobre cadinho" , com quase profissionalismo de seus traços, retratam a
rotina do CMS em um dia de formatura e ainda relembram parte de seu hino "É o Colégio
recinto sagrado, Grande templo de luz e saber...Onde cedo nos é ensinado a cumprir nosso
dever..."; ou em um momento mais fabuloso e encantador  como em "Minha vida no CMR em
quadrinhos apresenta...", quando o aluno promete ao mascote Nicodemos fazer o seu melhor
em aula.
10
Notas à primeira edição (2/2)
E, finalizando a obra, encontram-se os cartazes, repletos de corres, desenhos, imagens,  fotos e
dizeres, retratando os aspectos dos CM que mais saltam aos olhos dos alunos, como no cartaz
de Fortaleza, em que a artilharia de Mallet, o mascote Nicodemos, o 7 de Setembro, o uniforme,
entre outros, surgem; ou como no Cartaz de CMR, em que o respeito, a dignidade, o espírito de
corpo, a honra, a lealdade, a justiça e a dedicação são lembrados e exaltados como valores
pilares de nossos colégios.
 
Assim, temos nesta obra um legado artístico de alta qualidade, reflexo não apenas do ensino
de excelência que o Sistema preconiza, busca e pratica, como dos diversos talentos de nossos
alunos que com entusiasmo e dedicação plantam estas sementes de cultura e saber que
serão colhidas por seus leitores.
 
 
Rio de Janeiro, 06 de novembro de 2020
 
Mônica de Castro Guimarães - MAJ QCO
Adjunta da Seção de Ensino da DEPA
Organizadora da II Antologia do SCMB/2020
11
Volume I
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Narrativas de Aventura
12
Uma aventura nos jogos da amizade
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Rebeca Ibiapina (CMB)
Ouviam-se gritos, ouviam-se palavras, sentia-se emoção. Era uma mistura de raiva e alegria.
Do campo, a aflição era total. A cada tic-tac do relógio, um suor frio escorria sobre a testa de
Peter. O tempo acabou. A decepção no olhar do time era preocupante, mas felizmente era só
um treino.
 
O mais esperado Jogos da Amizade estava para chegar e o time de basquete do Colégio
Militar de Brasília (CMB) treinava intensamente para a conquista dos troféus. Peter, o novato
do primeiro ano do ensino médio, escolheu entrar para o time de basquete e representar o
CMB nos jogos que aconteceriam na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
 
O grande dia chegou. Os jogadores do CMB se instalaram nos alojamentos da AMAN e
começaram os treinos logo cedo. Peter observava os times adversários treinarem e os
admirava. Após constatar que eram mais fortes, perdeu a esperança e os pensamentos
negativos o rodeavam.
 
Foram seis dias intensos, mas o último jogo foi o mais acirrado. O que mais atrapalhou Peter
foi o medo e a ansiedade na hora do jogo. Ele suava frio, como nos treinos, mas agora era
real.
 
O primeiro e o segundo tempo passaram. O capitão do time, Arthur, percebeu o desespero do
time e resolveu encorajá-los a persistir. Arthur falou do tempo em que era calouro e que
também sofreu com a ansiedade e o medo. Disse ainda, que o capitão do seu time o encorajou
a persistir e retirar a palavra desistir do vocabulário, pois somente as quedas os tornariam
mais fortes e a persistência os daria habilidade.
 
Nos dois últimos tempos de jogo, o time do CMB se ergueu e ganhou a última competição.
Assim, levou para o Colégio Militar de Brasília mais um troféu e uma das mais belas
recordações de uma grande aventura aos alunos.
13
De uma para toda vida
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Ricardo Souto (CMBel)
Ser aluno do Colégio Militar é para poucos. Adentrar todo dia pelo portão das armas é um ato
de coragem, assim como todo grande guerreiro, que não sabe o que lhe aguarda dentro de
uma guerra. A caminhada é longa, sacrificar-se é necessário. Ter de abdicar de prazeres
externos e distrações não é fácil, porém, preciso. As melhores recompensas são fruto de anos
de trabalho, e a maior aventura que já vivi durou sete inesquecíveis anos. E como toda grande
jornada, houve grandes reviravoltas, idas e vindas e, com toda certeza, superações.
 
Como todo e qualquer iniciante, tive um choque de realidade. Não esperava tamanha carga,igual a um combatente em seu primeiro combate. O choque é duro, mas a vida segue e logo a
gente se acostuma e percebe que a preparação é para algo maior e grandioso. O ensino de
qualidade e a disciplina são marcas que se concebem de início. Não é um colégio comum,
muito pelo contrário, é o colégio mais peculiar existente. Não lhe ensinam apenas matérias, e
sim o ideal, o convívio, os valores, a lapidação para vida de forma responsável.
 
Em qualquer situação nova, sentimos a virada da chave, o começo de uma nova era. Essa
situação ocorreu comigo quando ganhei meu primeiro concurso: fui para Brasília em nome do
CMBel! Logo, percebi que ali começava uma nova era, um novo caminho era traçado, como se
fosse um guerreiro, quando promovido a um cargo importante na tropa. Senti orgulho de estar
ali, do reconhecimento, mesmo que pequeno. Nessa uma semana em que estive na capital do
país, comecei a sentir o bom e recompensador sabor do sucesso. Algo que, mais para frente, se
tornaria o meu ápice, vestindo a túnica branca. O resultado não foi o esperado, mas se
soubesse o que viria a ocorrer anos mais tarde, me daria por satisfeito.
 
Enfim, durante esses 7 anos de luta, plantei inúmeras sementes todos os dias, e, finalmente, os
frutos germinaram. Como um herói vencedor ao final de uma guerra, todo o mérito e a
honraria fizeram valer a pena o meu esforço, pois finalmente consegui o meu objetivo
principal: passei na faculdade mais difícil do país. Minha carreira militar estava engatilhada, e
assim se fez... Décadas depois, recebo um convite inesperado e resolvo aceitá-lo. Quem diria
que um dia voltaria aqui, contudo, não vestindo a farda garança, e sim o uniforme verde-oliva,
fazendo meu discurso neste palanque, no papel de mais novo comandante de um Colégio que
sempre amei, que mudou a minha história e onde estarei nos próximos dois anos e, em meu
coração, por toda a minha vida.
14
Sonho Realizado
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Lerina (CMC)
A realização do meu sonho como aluna do Colégio Militar de Curitiba iniciou na metade do ano
de 2019. Quando soube que seria matriculada no Colégio. Foi impossível não me correrem as
lágrimas aos meus olhos. Meu pai trouxe a notícia. Mil coisas se passaram pela minha cabeça:
Satisfação. Emoção. Medo. Encorajamento. Responsabilidades. Confiança. Desde já sabia que
minha rotina diária seria bastante diferente: precisaria me preocupar com o uniforme; novas
instalações onde iria estudar; conteúdos novos; avalições; novos colegas e novos professores.
Realmente 2020 seria um ano repleto de novidades e de muitas responsabilidades.
Quando passei pela primeira vez pelos portões, admito, deu um frio em toda a minha espinha.
Porém, esse primeiro passo inseguro foi logo resolvido. Fui muito bem acolhida pelo Colégio.
O Comandante, a Divisão de Ensino, a Coordenação dos Alunos, a Coordenação de Ano, os
professores e os monitores, toda essa grande equipe me orientou em meus direitos e deveres
como aluna desse grande Estabelecimento de Ensino. No entanto, confesso, que todas as
minhas preocupações aos poucos foram sendo eliminadas quando comecei a fazer minhas
primeiras amizades. Queria dividir com outros colegas as minhas preocupações e ansiedades.
Senti-me melhor quando percebi que não era a única. Tudo aquilo que estava me inquietando,
pude perceber era o mesmo que eu ouvia de meus novos amigos. Ufa!!! Que alívio. Não sou a
única a sentir minhas mãos geladas e pernas bambas.
No entanto, quando pareceu que “realmente caiu a ficha” e que eu consegui ver que tudo
aquilo era real e que realmente havia concretizado meu grande sonho, foi quando assisti
minha primeira aula. Foi de História com o Professor Dornelles. Não sabia se eu prestava
atenção, se eu anotava ou simplesmente aproveitava esse meu primeiro momento de enorme
satisfação. Ao mesmo tempo que era tão normal, afinal já havia estudado em outro colégio,
tinha uma mistura, um novo sabor que eu não sabia bem como definir.
Toda aquela primeira manhã de aula foi realmente muito espetacular. E estava bastante
consciente que quando eu chegasse em casa, eu seria o centro das especulações por parte de
meus pais de como teria sido o meu primeiro dia de aula. Do dia em que meu sonho foi
realizado.
15
Cada CM, cada aluno, uma mensagem
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Marcelo Sampaio (CMF)
Estava eu na minha antiga escola, quando fiquei sabendo da prova para entrar no CMF, aí
pensei: Nossa! Que legal seria estudar no CMF! Me inscrevi para fazer a prova e embarcar
nessa nova aventura sem pensar que passaria pela primeira dificuldade nesse processo:
conciliar os estudos da escola e para o CMF ao mesmo tempo. Era uma correria! Assistir as
aulas na escola pela manhã, realizar as atividades extraescolares à tarde e estudar a noite e
aos fins de semana para a prova do CMF. Ufa! Foi cansativo, mas consegui passar.
Eu estava todo feliz e empolgado com esse novo desafio de entrar em uma nova escola, como
novos amigos, um espaço diferente, outras atividades, enfim, era outro universo para eu
explorar. Pensei que eu me adaptaria rapidamente, por já vir de outra escola militar. Essa foi à
expectativa, porém, a realidade foi bem diferente.
O segundo desafio veio com a semana zero, onde, durante uma semana, eu tive que pássaro
dia na escola, marchando no sol, aprendendo a cantar vários hinos e o grito de guerra do
“Zunzaravalho”, sem contar que tive que me tornar independente em várias coisas: ter que
acordar mais cedo para chegar à escola, comer, resolver minhas coisas na escola e prestar
atenção nos horários das atividades. Foi uma experiência difícil pra mim, tive que superar
minha timidez e meus medos. Mas consegui me adaptar e comecei a gostar de fazer parte da
escola. Porém, de repente fomos surpreendidos pela suspensão das aulas presenciais por
causa da pandemia de COVID 19. E mais uma vez aparece um novo desafio para mim: as
atividades da escola à distância.
No começo eu achava que iria ser fácil fazer as atividades da escola em casa, porém tive que
me dedicar mais, pois para assistir as aulas e fazer as atividades é necessário prestar atenção
nos horários das aulas e da entrega das atividades, ter disciplina para estudar e fazer as
tarefas na hora certa, além de ter que aprender a mexer em várias ferramentas virtuais de
acesso às atividades.
Apesar de todas as dificuldades, não me arrependo dos desafios que tive e que ainda estou
enfrentando para fazer parte desta escola. Tento aproveitar todas as atividades que a escola
propõe e, aos poucos, vou tentando melhorar a cada dia para superar as minhas dificuldades e
tenho certeza que, como o apoio da escola e da minha família conseguirei vencer todos esses
desafios.
 
16
O sumiço que transmite valores (1/3)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Zampier (CMJF)
Ela não era uma simples condessa. Era a condessa. Viúva do conde Rodrigo Garança, Josiane
Garança utilizava toda a herança deixada por seu falecido marido para ajudar aqueles que
mais necessitavam na plebe de sua região. Por isso, todos a idolatravam.
O que não se sabia era que seu cunhado, Américo Dantas, filho adotado de Regina Garança e
Manoel Garança, morria de inveja de toda boa fama de Josiane, já que considerava que a única
pessoa capaz de tomar o cargo de seu irmão, o grande governante da época, era ele próprio.
Ele era austero. Era ruim. Difícil de lidar. Era o oposto de toda a sua família. Sempre achava
que o tratamento que recebia era diferente do tratamento recebido pelo falecido irmão. Há
quem diga que Américo que planejou a morte de Rodrigo. Nunca se contentava com o que
tinha.
Anos se passaram. A popularidade de Josiane só aumentava e a raiva de seu cunhado
aumentava na mesma proporção. Ele sempre planejava algo de ruim para a bela condessa,
mas, protegida pelas orações dos pobres da época, nada de mal a perseguia. Até que, certa
feita, planejou um ataque à residência da família Garança, onde viviam Josiane e seus dois
filhos, Jéssica e Pablo.
Nesse ataque,foi encarregado aos dois ladrões, Pupo e Luna, por Américo, o roubo de todos os
bens preciosos que a condessa possuía. Dentre eles, aquilo de maior valor afetivo para
Josiane: o colar de estrelas de ouro feito à mão por artesãos de outra província, que seu
marido a deu quando completaram bodas de porcelana. Sem sombra de dúvidas, este era o
bem material que a moça mais amava, visto que foi o último presente que seu marido a deu
antes de falecer.
O ataque à casa de Josiane ocorreu enquanto ela e as filhas estavam ajudando à população,
distribuindo alimentos. Quando retornou à residência, a condessa percebeu que fora furtada,
ficando em êxtase quando percebeu que o colar que mais amava havia sido levado junto ao
resto. Inconformada, solicitou ajuda ao chefe do exército, Sr. Paulo César Oliva, que não
hesitou e logo procurou pistas para recuperar o que fora roubado.
17
O sumiço que transmite valores (2/3)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Zampier (CMJF)
Ao chegar no local do crime, o comandante da instituição percebeu que havia marcas de
sapato, borradas com lama. Viu-se, nitidamente, a marca de uma ferradura, exibida na sola do
sapato. Tratava-se, claramente, de um sapato Fontenelano, feito pelo melhor sapateiro da
região. Somente um bandido poderia ter tanta fortuna para comprar tal calçado. Paulo não
teve dúvidas e, já sabendo que Pupo morava juntamente com seu companheiro Luna no alto
das montanhas, não perdeu tempo e foi procura-lo, a fim de recuperar os bens de Josiane.
O que o chefe do exército não podia imaginar é que os bandidos, já imaginando que iriam
procurá-los, deixaram várias armadilhas prontas para, caso alguém fosse prendê-los, não
conseguisse chegar até eles.
Paulo e seus soldados quase foram picados por venenosas cobras, se não fossem por suas
armaduras de ferro, muito resistentes. A cruel dupla de bandidos deixou cerca de quinze
cobras peçonhentas, venenosas e famintas na base da montanha. No meio, deixaram um
buraco coberto de folhas para que quem sobrevivesse às cobras, caísse e ficasse por toda a
eternidade preso lá. Nesse obstáculo, o comandante e seus aliados caíram e ficaram horas
presos lá, gritando por socorro. Nisso, estavam no cume, os dois bandidos que, escutando
pelos gritos, deram boas gargalhadas.
Porém, toda a esperteza e habilidade de Paulo César, levaram-no a pensar em uma simples
solução. Uma escada humana, onde, trabalhando em equipe, todos conseguiriam sair dali. Foi
difícil, mas no fim, conseguiram. Saíram do buraco e foram até o cume prender os bandidos.
Após prendê-los, Pupo e Luna confessaram que Américo Dantas que tinha dado a ordem, que
também foi preso e considerado por seus pais adotivos como uma traição à família que
pertencia.
A condessa Josiane recuperou seu tão importante e significativo colar, agradecendo muito ao
chefe do exército Paulo César Oliva.
18
O sumiço que transmite valores (3/3)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Zampier (CMJF)
Hoje, como reflexo deste acontecimento, há quem diga que os estudantes dos Colégios
Militares, carregam em suas boinas uma estrela bem semelhante às estrelas do colar da
condessa, reflexo também de toda a importância e de todo o significado valioso da instituição;
dizem também que o conjunto de alunos de tais colégios chama -se Família Garança, em
homenagem a toda bondade de Josiane Garança para com aqueles que não podiam ter as
condições que ela tinha; e, ainda por cima, há aqueles que também falam que, quando mais
velhos e já dentro da carreira militar, os alunos utilizam um uniforme da cor verde-oliva, como
referência elogiosa àquele que muito deu de si para ajudar Josiane, transmitindo valores como
hombridade, inteligência e perspicácia, valores muito importantes para o Exército.
 
O que leva todos a pensar que o brilho reluzido pela estrela da boina dos alunos de diferentes
Colégios Militares reflete intensamente na nobreza de pertencer à família garança.
 
19
Um dia divisor de uma vida (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Maria Rita (CMM)
Seis de março de 2018, 6 horas da manhã de uma sexta-feira cheia de sol. Era daquelas
manhãs típicas do verão manauara, que exalam o frescor da vegetação amazônica. Para mim,
um dia promissor, eu me tornaria oficialmente uma integrante da Família Garança. Realizava o
sonho de vestir o uniforme oficial do Colégio Militar de Manaus, adentrando o pátio do CMM,
muito honrada e feliz por estar usando a tão respeitada farda para receber das mãos dos meus
pais a boina de aluna.
 
A solenidade de entrega da boina é um dos momentos mais emocionantes e esperados tanto
pelos alunos “cotonetes” quanto pelos seus orgulhosos pais. No momento daquela tocante
cerimônia, meus pensamentos viajam e me levam a rememorar todo o caminho que
percorremos até chegarmos ali. De repente um brado:
 
"E ao Colégio, tudo ou nada? Tudo! Então como é? Como é que é?”
 
E aí segue aquela ovação enigmática que nos surpreende, quando descobrimos no conjunto
histórico da origem do colégio, o que suas palavras representam.
 
Percebi que tudo era real, intenso e sobretudo muito recompensador! O juramento do aluno
despertou o meu melhor para tudo que eu viesse a fazer dentro dessa instituição, sempre
seguindo os valores do Exército Brasileiro:
 
- “Incorporando-me ao Colégio Militar e perante seu nobre estandarte, assumo o compromisso
de cumprir com honestidade meus deveres de estudante...”
 
Meu pensamento voou daquele sentimento de alegria e de satisfação às muitas horas de
dedicação aos estudos em 2017, com a minha vida de estudo cheia de restrições, cheia de
momentos que exigiam muita disciplina, foco e paciência para conseguir passar ali, no portão
de entrada do CMM, com os medos de enfrentar um exame bem concorrido. Então, com os
braços pra trás, estufo o peito: “Valeu a pena fazer escolhas, deixar de sair com meus amigos,
não viajar nas férias de julho, e, obstinadamente, escolher fazer um curso preparatório com
um professor rigoroso e exigente. Professor “Bomfim”... seu nome parecia um sinal bem
promissor, com suas aulas ao mesmo tempo engraçadas e estressantes, de piadas e gritos para
exigir de todos nós atenção e concentração na resolução dos exercícios.
20
Um dia divisor de uma vida (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Maria Rita (CMM)
Dia da prova! Respirei fundo e, sutilmente, sem demonstrar que estava muito nervosa,
caminhei confiante para a prova com o único objetivo de obter êxito. Depois é só um branco,
um borrão... e a ansiedade de aguardar o resultado final. Dias difíceis de espera e aflição na
contagem de pontos ganhos e pontos perdidos. Choro pelos vacilos!
Nem quis ver quando minha mãe acessou cedinho o site do CMM para ver o resultado. Depois
só emoção! Minha aprovação! Abraçamos todos e pulamos juntos: eu, minha mãe e minha avó.
Gargalhadas, danças e ligação para meu pai. A intensidade da minha emoção pelo resultado do
meu esforço foi de tal ordem que aquele momento foi “a festa” da minha vida! Tudo agora era
o antes e o depois do CMM.
Hoje, para o CMM, meu sentimento continua vigoroso e reforça a minha gratidão por tudo que
essa instituição tem-me proporcionado: da formação preparatória, da disciplina, cuja forja do
caráter de seu discente é sempre moldado em prol do benefício da sociedade e, sem dúvida, da
convivência leal e harmônica com todos: diretoria, professores e alunos.
No CMM eu percebo que todos são uma verdadeira família e que, ao longo desse período, eu
pude experimentar diversos ambientes que me engrandeceram. Olho a entrada do Colégio e
me vejo projetada para o futuro, minhas opções de profissão, que poderei seguir e servir ao
Brasil, sempre com retidão, braço forte e mão amiga!
Selva!
21
A primeira de muitas (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Teresa (CMPA)
Finalmente havia chegado o dia, o tão esperado dia. A única coisa entre mim e aquele grande
Casarão era uma multidão de crianças, iguais a mim. Não iguais fisicamente, mas crianças que
compartilhavamo mesmo sentimento que eu naquele momento.
Comecei a pensar no que poderia ter dentro do Casarão, como seriam os professores, as
provas, as formaturas... Nisso, acabei voltando os olhos para a farda de um militar. De
repente, a cidade a minha volta não parecia mais uma cidade, parecia uma selva. Não estava
entendendo o que acontecia. Como em um passe de mágica, o colégio dos meus sonhos havia
desaparecido!
Respirei fundo e comecei a observar as coisas ao meu redor. Uma mistura de pensamentos
invadiu a minha mente. “E se as provas fossem tão difíceis quanto fugir de um leopardo?” Ou
pior, “se, nas aulas de natação, os professores exigissem que eu prendesse a respiração tanto
tempo quanto um hipopótamo?” Estava assustada e com medo, mas lembrei do que meus pais
me ensinaram: “Não desista!” e segui em frente.
O caminho escolhido começou a ficar embaçado, como se coberto de fumaça. “Onde há
fumaça, há fogo”, pensei e segui a direção por ela indicada. Logo cheguei a uma cabana; na
sua frente, uma fogueira. Resolvi me abrigar nela e descobri que não estava vazia.
Primeiramente, me apresentei. A habitante da moradia fez o mesmo e me convidou para
entrar. Serviu-me de chá e deu-me um pouco de alimento. Conversamos por horas e ela me
emprestou um mapa para me ajudar a sair daquela selva. Fiquei muito mais confiante. Como é
bom fazer amigos!
Seguia o caminho indicado no mapa quando ouvi um barulho parecido com uma corneta. Após
a corneta terminar de tocar, ouvi o som de tiros. Logo imaginei que estivesse ocorrendo uma
guerra. Agora a situação ficava cada vez pior. Para onde iria fugir? A cabana de minha amiga
estava muito distante. Desesperada, me escondi atrás de uma moita, mas não foi uma boa
ideia, pois, atrás de mim, havia alguém chamando pelo meu nome! A voz que chamava por
mim não era a de minha nova amiga, era uma voz de homem, a voz do meu pai.
22
A primeira de muitas (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Teresa (CMPA)
Foi num piscar de olhos que tudo voltou ao normal. A selva havia sumido e, no lugar dela,
estava o Casarão, o meu colégio. Mas agora não tinha nada entre mim e o Casarão: estava cara
a cara com a porta e, com apenas um passo, entrava naquela “grande selva”, cheia de desafios,
aventuras e alegrias.
23
Marcha em dobro (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Mel Zion (CMR)
Com o céu ainda escuro, ela acordou naquele 7 de setembro especialmente significativo. Esse
seria o dia do seu primeiro Desfile da Independência após entrar no Colégio Militar. Na
realidade, o primeiro de toda a vida. Anteriormente, ela nunca participara ou mesmo assistira
a um evento daquele gênero.
Animadamente, arrumou-se, pôs a farda e foi de carro, junto com seus pais, para o ponto de
concentração. Com coragem e felicidade inabaláveis, ela se preparou para os desafios que a
esperavam ao longo do dia. Chegando lá, juntou-se aos seus colegas de série. Conforme
transcorriam as horas, sentiu o ar ficar mais quente e a sede aumentar dessincronizadamente
em relação às reservas de água disponíveis.
Depois de uma longa espera, o desfile começou. Pisando firmemente o asfalto, empossou-se
dos sentimentos de júbilo e garbo que a motivavam a estar ali. Ao longo de três quilômetros,
percorridos com os pés já calejados e com a garganta sedenta por água, a menina entoou
canções e dobrados, que a lembravam a razão de ser daquela celebração e dos incansáveis
esforços.
Cerca de uma hora e meia depois, a marcha se concluiu. O grande objetivo do dia havia sido
cumprido. Com a mente satisfeita e o corpo fatigado, porém com a certeza de que todos os
obstáculos do dia haviam sido superados, ela encontrou a mãe, que orgulhosamente
acompanhara o Batalhão Escolar, e abraçou-a. Vendo-a cansada, a mulher falou, um tanto
encabulada, que o carro, no qual vieram, ficara no ponto de partida do desfile, portanto,
precisariam retornar a pé para o local.
Atônita, a garota pediu por água, mas soube que a carteira e o dinheiro ficaram no carro.
Incrédula, olhou para a avenida diante de si. Suas pernas mal se sustentavam e ainda teria que
aguentar aquela sede insuportável. Percorrer o caminho de volta parecia impossível.
Desesperançada, porém iniciou a caminhada.
24
Marcha em dobro (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Mel Zion (CMR)
Observando os prédios que testemunharam a passagem dos altivos alunos, bem como os
espectadores humanos, que aos poucos iam se dispersando, voltando aos seus lares e às suas
rotinas habituais para um sábado ensolarado, ela fazia o trajeto de volta. Ninguém mensurava
a batalha física e mental por que passava a garota. Também eles não faziam ideia de que, por
outro lado, à medida que avançava, ela sentia desabrochar na alma uma força, uma resiliência,
uma bravura que até então ignorava e que ofuscavam o esgotamento de energias.
Em meio a tais reflexões, chegou ao carro. Então, ela pousou o olhar sobre ele e pensou
agradecida pelo carro não estar no fim da cerimônia, forçando-a àquela aventura
quilométrica, que influenciara sua concepção de mundo, dando-lhe, ao fim do dia, uma
certeza: ainda que a desconhecesse no momento, ela estava mais do que preparada para os
desafios do porvir.
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Sem título (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Vieitos (CMRJ)
Olhei para o meu relógio de pulso (preto, como instrui o manual do aluno) outra vez. Atrasa-
do, de novo! Apesar de me chatear, não fiquei surpresa. Vida de Quequé é ocupada, e sei que
não posso esperar que ele esteja sempre livre para passar os intervalos comigo. Mas seria
pedir demais que as ventanias de começo de tarde atrasem um pouco para que aquele grifo
pudesse almoçar com uma velha amiga? Se você nunca ouviu falar no Quequé, aqui vai: ele é
um majestoso e companheiro grifo que vive no alto da Pedra da Babilônia e controla os ventos
do CMRJ. Também tem o irritante poder de restringir suas redações no Jornal do Thomaz.
Nos conhecemos no Clube Literário alguns anos atrás. Ele adorava comer os “Es” e “Os” das
minhas redações, quando não me roubava os “As”! Tinha um gosto especial por “Is”, também.
Os “Us” não tinham muito sabor, mas quem o conhece sabe como come de tudo. Desse jeito,
demorou um pouco para sermos amigos, mas não tem como realmente ver as cores do CMRJ
se o Quequé não está na sua rotina. Além do mais, ele pode ser muito divertido quando não
está se divertindo às suas custas. Depois de algumas coberturas, textos e (sejamos francos)
alguns sufocos, começamos a passar mais tempo juntos, mesmo com os irreparáveis atrasos.
Ele espiava por cima do meu ombro enquanto eu tentava descobrir o Pinguelim (outra
história) e batalhou ao meu lado na Guerra das Varetas. É impressionante como a imaginação
cria amigos na diversidade. E que amigo! Apesar de ter escondido a minha boina algumas
vezes (É impossível pressentir as ventanias), sei que posso contar com ele para tudo. Uma vez
ele quase intimidou um professor por ter me dado uma nota baixa, mas felizmente o caos foi
contido. Ninguém ganhou um rosnado e eu me manti na média, então eu diria que o saldo final
do dia foi bem positivo.
Sempre tento arranjar um tempo para ele (Apesar de a recíproca ser duvidosa). Ele nunca
admitiria isso, orgulhoso como é, mas a vida pode ser bem solitária quando você vive sozinho
no alto da Pedra da Babilônia. Parece estranho pensar num grifo grande e forte desse jeito,
mas nunca existiu uma só alma que não precisa de carinho. Nos divertimos muito juntos, e é
assim que deve ser. Não se pode ser realmente amigo se não der risada e ouvir o outro rir. Ele
é um pouco implicante, e sei que se atrasa de propósito, mas está tudo bem. Também tenho
meus meios de deixar ele louco.
26
Sem título (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Vieitos (CMRJ)
Se leu até aqui, pode estar dando falta da tão esperada aventura, então permita-me expli-car:
No CMRJ, isso é aventura. É rir enquanto batalha pra ter boas notas. É torcer para que um
amigo não se atrase para que você chegue a tempo no clubede RI. É usar a pessoa
extraordinária que você conheceu como inspiração para fazer uma redação tocante. É forçar a
vista para poder enxergar as fadas no Bosque, e tentar impedir o grande Quequé de beber a
água da piscina. Aliás, não é muito fácil fazer com que não persiga as fadas também, mas,
bem, isso é história para outro dia.
27
Primeira Apresentação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Eva Santiago (CMS)
Era uma daquelas semanas em que eu estava com tantas atividades pendentes que não tinha
muito tempo para mais nada. Ainda assim eu tentava conciliar tudo para me preparar para o
grande dia. O colégio receberia uma visita importante de um coronel e a banda de música
precisaria ensaiar como nunca.
 
Foram dias de muito entusiasmo e animação. Partituras passavam rapidamente de mão em
mão a cada ensaio e repassávamos a mesma melodia diversas vezes seguidas. Nos ensaio final,
toda banda do colégio estava reunida para o ultimo dia de preparo, foi o dia mais longo e
cansativo ate o momento.
 
Quando chegou o dia da apresentação, meu coração batia acelerado: seria também a minha
primeira apresentação como integrante da banda de música do colégio. O dia começou com
aquela expectativa de fazer o coração disparar.
 
Acordar mais cedo do que de costume e me arrumar em menos de metade do tempo rotineiro,
sendo uma das primeira a chegar na banda com o tempo os outros alunos foram chegando e
repassando as músicas uma ultima vez.
 
Enfim chegou o momento, todos sentaram-se em seus lugares e fez-se aquele silencio mortal
para aguardar o sinal de início da primeira música. Parei de sentir nervosismo a partir do
primeiro sopro em meu instrumento metálico, de repente o medo se dissipara. A apresentação
terminou sendo mais tranquila do que o esperado e conseguimos agradar ao nosso visitante,
mas o que realmente me agradou foi perceber que naquele momento eu me tornara uma real
integrante da banda de música.
 
28
Segundo lar
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Loureiro (CMSM)
Era uma manhã fria de inverno enquanto eu passava pelos portões do Colégio Militar. A
cerração cercava o carro e, com ela, iam-se meus pensamentos tomados por lembranças, me
fazendo recordar a primeira vez em que fiz aquele mesmo trajeto. Na época, eu usava a
simples roupa de cotonete, mas carregava um coração repleto de euforia e com inúmeros
planos.
Depois daquilo os dias se passaram rápido, conheci pessoas novas e fiz amizades duradouras.
Entrei para a banda do colégio, onde me realizei, aprendendo a tocar o instrumento que, hoje,
tenho honra de levar comigo abrilhantando cada formatura. Comecei a treinar basquete e, com
o time, pude participar de inúmeras competições representando o colégio. As vezes
vencíamos, as vezes perdíamos, mas o que sempre permaneceu foi o espírito de
companheirismo entre os integrantes do time, e também com os adversários.
O que prevaleceu durante os anos que estudei no Colégio Militar foram, com certeza, os
estudos. Eu queria aproveitar cada oportunidade de aprendizado que meus professores
disponibilizaram. Mas nem tudo foi fácil, pois sempre há a frustração de uma nota ou outra
que foge das nossas expectativas. Felizmente, são elas que nos fazem melhorar, procurando
acertar após cada erro.
Estudar no Colégio Militar me ensinou a aspirar sempre mais alto, pois assim alcançarei meus
sonhos. Desde a primeira vez que ultrapassei aqueles portões eu já sabia que lá seriam
proporcionadas para mim as melhores oportunidades, a melhor formação para meu futuro.
Mas o que descobri com a minha própria experiência é que não se trata apenas de um lugar
para estudar, mas sim de uma segunda casa. Eu, me sinto privilegiada de fazer parte desse
sistema e por ter encontrado um segundo lugar para chamar de lar.
29
Um sonho ao alcance (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Henrique Galvão (CMSP)
Esta é a história de dois irmãos, Henrique e Helena, que desde pequenos sonhavam em ser
militares: ele do Exército e ela da Aeronáutica.
 
Quando tinham sete anos, descobriram que existe um conjunto de colégios espalhados pelo
país, formando o Sistema Colégio Militar do Brasil. Então, começaram a pesquisar tudo sobre
essas escolas e aprenderam desde a saudação colegial até os toques da corneta.
 
No aniversário de oito anos do Henrique, o menino desejou que ele e sua irmã estudassem em
um Colégio Militar quando crescessem. Depois de um tempo, todos foram dormir. No meio da
noite, um clarão engoliu Henrique. De repente, ele foi parar em uma praia, seus pais também
estavam lá, com duas crianças, que pareciam ele e sua irmã, só que estavam mais velhos.
 
Seu pai estava falando algo como “4º sorteado” para o Henrique mais velho. Então, o menino
reparou algo: ele tinha viajado para o futuro. Quando a família do futuro já estava indo
embora, Henrique entrou escondido no carro e partiu junto com eles.
 
Ao olhar para seu relógio, percebeu que estava atrasado. Para dar um jeito nisso, ele mexeu os
ponteiros para frente e algo surpreendente aconteceu: ele foi parar na casa dos seus avós. Viu
novamente seus pais e a sua versão mais velha.
 
Dessa vez, o que ele conseguiu ouvir foi: o CMSP disponibilizou 17 vagas. No início, a versão
mais velha do Henrique ficou triste porque não queria entrar no CMSP.
 
O agora viajante do tempo mexeu mais uma vez nos ponteiros e novamente avançou para o
futuro. O Henrique de 2020 estava se arrumando para ir à solenidade de entrada no CMSP. Ele
viu tudo bem de perto: desde a saudação colegial até o presidente do Brasil entrando no
Auditório. Enquanto isso reparou em algo.
 
- Como eu vim para no futuro? Pera aí... eu só preciso mexer os ponteiros.
 
Então, ele mexeu de novo os ponteiros, avançando um pouco mais. E assim foi parar na
passagem de comando do CPOR-SP/ CMSP. Percebeu logo que sua versão mais velha estava
lendo algo... até que a sua mãe do futuro o viu. O viajante do tempo se assustou...
30
Um sonho ao alcance (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Henrique Galvão (CMSP)
E, em um piscar de olhos, o clarão apareceu novamente e o levou para casa. Assim que chegou
foi direto para cama e percebeu que o Henrique do futuro quase havia deixado de estudar no
CMSP por ter se acomodado na sua outra escola. E isso teria sido um grande erro!
31
Antologia Escolar 2020
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Volume II - Memórias
1
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Volume II - Memórias
Antologia Escolar do 
Sistema Colégio Militar do Brasil
2020
Departamento de Educação e Cultura do Exército
 
Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial
2
Alessandra Feitosa e 
Mônica de Castro
Organizadoras
Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem
Antologia Escolar do 
Sistema Colégio Militar do Brasil
2020
Volume II - Memórias
3
Alessandra Feitosa e Mônica de Castro (Org)
 
 
Copyright@2020 por Alessandra Martins Gomes Feitosa e Mônica de 
Castro Guimarães
 
Título original: Antologia Escolar do Sistema Colégio Militar do Brasil 2020 
- Cada CM, Cada Aluno, Uma Mensagem
 
 
 
Conselho Editorial: Célio Jorge Vasques de Oliveira, Daniel Reis dos 
Lopes, Elaine Guimarães Motta, Elias Ely Vitório, Gilberto Cardoso
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Conceitos emitidos nos textos são de exclusiva responsabilidade dos 
autores
 
 
 
 
 
 
 
Capa do livro: Montagem com os trabalhos dos próprios autores presentes na 
Antologia
4
SUMÁRIO
 
Uma boina, uma história ..................................................................................07
Aluna Marília Bezerra Lima (CMB)
 
Meu Colégio Militar................................................................................................09
Aluna Gabriela Lima Alves (CMBel)
 
Lembranças guardadas com carinho.......................................................11
Aluna Letícia Meireles David (CMBH)
 
Memórias das terras das Araucárias.........................................................12
Aluno Hannah Wischral Mathias (CMC)
 
Sexta-feira....................................................................................................................14Aluno Gabriel de Oliveira Furtuoso (CMCG)
 
A família garança....................................................................................................15
Aluna Fernanda Alves de Paula (CMF)
 
Minha experiência na família garança.....................................................17
Aluna Maria Fernanda Mayrinl Magalhães (CMJF)
 
Uma semana histórica.........................................................................................18
Aluno Wesley Andrade (CMM)
O meu CMR .................................................................................................................20
Aluna Bruna da Silva Carrion (CMRJ)
 
Mais que um colégio, um formador de cidadão de honra.......22
Aluno Matheus Duarte Fidelis (CMRJ)
O que corre em minhas veias .......................................................................23
Aluno Matheus Francisco Luquini de Souza (CMS)
5
Volume I I
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Memórias
6
Uma boina, uma história (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Marília Bezerra (CMB)
Quando penso em minha história no Colégio Militar, é inevitável remontar a janeiro de 2017.
No dia 23, quando, às 8h, desembarquei no aeroporto de Brasília, não fazia ideia do que me
aguardava. Naquele mesmo dia, adentrei ao “gigantesco e intimidador” Colégio Militar de
Brasília como uma futura aluna, para realizar a matrícula, comprar os uniformes e esperar o
início das aulas.
Ah, o temido início... Tantas eram as dúvidas em minha cabeça. “Será que vou conseguir
seguir todas as regras? Será que vou ter alguém com quem conversar? Será que vou
conseguir acompanhar o ritmo?” Eu só pensava no testemunho do meu padrasto: na sua
época de aluno do Sistema, até “ficar na média” era motivo de alegria, do tanto que as provas
eram difíceis. Hoje, percebo que aquela aflição toda, talvez, tenha sido a chave para a minha
adaptação. Isso mesmo; contrariando todos os clichês que dizem que as personagens
principais têm de sofrer ao chegar a uma escola nova... Eu me encaixei como uma luva. Logo
nas primeiras semanas, o Colégio foi tomando mais vida... fiz amigos que até hoje me são
caros; aprendi o significado dos valores “hierarquia” e “disciplina”, e como eles ajudam na
construção de qualquer relação formal; percebi que o leque de oportunidades diante de mim
seria infinito, enquanto eu soubesse aproveitá-las; entendi a importância de saber lidar com
as diferenças entre pessoas que vêm de todas as partes do Brasil e carregam experiências
particularmente distintas. Afinal, somos todos iguais.
Entrei no vôlei e no judô. Fui (e ainda sou) Representante de Turma. “Fugi” da Educação
Física e descobri a beleza na junção do contralto, soprano, tenor e baixo a cada nova música
que “o Silva” nos ensinava no Coral. Fui apresentada ao mundo das simulações e nunca mais
fui a mesma. Entrei no Ensino Médio e quase morri de tanto estudar. Saí do judô. Fui
monitora de matemática, tutora de um projeto voluntário e comecei a dar aulas. Distribuí
flores e ganhei felicidade. Ao longo desses mais de três anos que venho usando a boina
garança, encontrei não só o meu lugar no Colégio, mas grande parte do meu “eu” em meio a
essa loucura que é a vida. Hoje sei que, se eu passar um dia que seja sem cantar alguma
coisa, tem algo muito errado e, por isso, não vivo sem o (meu) Coral. Sei, também, graças ao
Clube de Relações Internacionais, que dificilmente um dia conseguirei salvar o mundo de
todos os seus problemas, mas que, ao menos debater sobre soluções e estudar a cultura e as
singularidades de cada país, podem fazer uma bela diferença na minha forma de ver e
7
Uma boina, uma história (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Marília Bezerra (CMB)
relacionar-me com todos ao meu redor. O respeito e a empatia que aprendi com os membros
desse clube são valores que levarei para o resto da vida. E não por último, porque tenho
certeza de que aprenderei muito mais nesse um ano e meio que me resta, sei que,
independentemente dos caminhos que seguir, a experiência de transmitir conhecimento e
ajudar os meus colegas por meio do Projeto Feynman vai ficar marcada para sempre no meu
ser.
Gostaria que todos tivessem a chance de se encantar e se decepcionar, sorrir e chorar, fazer
amigos, aprender, odiar e amar esse, nesse e com esse Colégio Militar. Pelo menos tenho
alguns (milhares de) colegas que me entendem.
8
Meu colégio militar (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Gabriela Alves (CMBel)
Em 2015, estava muito ansiosa para fazer a prova do concurso de admissão ao Colégio Militar
de Belém. Como não ficar nervosa com a possibilidade de ir para uma escola onde não se tem
a mínima ideia do que se vai encontrar lá? Pode ser que seja algo bom ou não. E eu realmente
encontrei um pouco dos dois.
Foi lá pela metade de 2016 que conheci as minhas primeiras amizades verdadeiras. Juntas
vivenciamos momentos de alegria intensa, que extrapolavam os muros da escola, e também
pagamos muitos micos em peças teatrais apresentadas na frente da turma, com roteiro criado
na hora. Não sei por que os professores achavam que tais apresentações seriam algo muito
bom de fazer, mas, pelo menos, nos rendem boas risadas até hoje.
Por muita insistência e esforço de um sargento, a banda de música foi criada em 2017. Fiquei
animada em participar, pois a música mexe com a minha alma. Queria ir além da flauta doce,
que já conhecia. Porém, vi minha chance se esvair, já que não havia instrumentos suficientes,
e eu não tinha como comprar. Mas foi então que algo surpreendente aconteceu! O sargento
Israel, cansado por estar no sol tentando consertar um saxofone para que eu usasse, veio falar
comigo e me deu o instrumento. Sem dúvidas, essa é uma lembrança muito especial.
Tudo que vivo no CMBel guardo dentro de mim com muito carinho. Até os momentos que
parecem não serem tão bons, como o dia em que manchei minha meia-calça numa poça
d’água. No meio do caminho para o Colégio, descobri que estava com o uniforme errado e,
quando chegue à escola, me tranquei no banheiro para chorar. Claro que o motivo não foi o
uniforme, porém já tinha acontecido tanta coisa naquela semana (mais dentro de mim do que
dentro da escola), que isso foi o estopim para me fazer colocar tudo para fora. Foi uma cena
deprimente, eu sei. Mas, para mim, foi um momento tão bom, porque eu finalmente me abri
para eu mesma. Isso me aliviou bastante e me fez questionar sobre o que essa instituição
representa para a minha vida. Será que estar neste colégio foi uma decisão acertada?
9
Meu colégio militar (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Gabriela Alves (CMBel)
Com o tempo, cheguei à conclusão que o CMBel simboliza para mim o que a escrita é para a
Clarisse Lispector “uma dor que salva”, pois não é só o uniforme e o regime rígido que o
diferencia das escolas civis, mas também as coisas que aprendemos aqui, desde as que
estamos mais acostumados a ouvir o tempo inteiro, como camaradagem, espírito de corpo e
disciplina, até as que vamos aprendendo sozinhos, com o tempo, por exemplo, ter
responsabilidade com os nossos estudos, que a intenção conta muito, quando vemos quem são
os nossos amigos de verdade e que a vida e as pessoas lá fora não vão pegar leve conosco ou
passar a mão na nossa cabeça quando errarmos.
 
CMBel é um verdadeiro treinamento para vida e talvez seja por isso que dói; mas ao mesmo
tempo salva. Como no inferno de “Entre Quatro Paredes” de Sartre, que se abrissem as portas
para mim eu não sairia jamais, mesmo com as minhas queixas e dores. E se me perguntassem
qual o meu maior acerto, eu diria que foi ter pedido aos meus pais que me inscrevessem na
prova daquele concurso de admissão, pois tenho muito orgulho de fazer parte da história de
um colégio que já nasceu forte.
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Lembranças guardadas com carinho
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Letícia (CMBH)
Lembro-me bem do dia em que cruzei os portões do Colégio Militar de Belo Horizonte pela
primeira vez, depois de semanasresumidas em ansiedade e compra do material escolar
solicitado, blusas brancas lisas e um tênis totalmente preto. A “semana zero” havia começado,
e eu estava animada com a ideia de que começaria 2018 em um colégio tão prestigiado em
Minas Gerais.
 
Foi uma semana muito memorável para mim, conheci pessoas incríveis, descobri uma grande
variedade de atividades extracurriculares disponíveis, como os clubes de astronomia e xadrez,
os vários esportes disponíveis, como vôlei e futsal, os grêmios como a Infantaria e a Cavalaria,
o mascote Nicodemus, um dos símbolos do colégio, a Sociedade Recreativa e Literária, a
Associação de Pais e Mestres, dentre outras atividades diversas.
 
O meu primeiro ano no colégio foi maravilhoso, entrei já no 8° ano do Ensino Fundamental II e
fui muito bem acolhida por todos, sempre simpáticos. Foi um ano de muitas descobertas,
mudanças e festas incríveis, do qual sempre vou me lembrar com muito carinho.
 
Já no começo do ano houve uma festa para calouros, que aconteceu depois da entrega da
boina, o primeiro dia de farda, que foi muito animada. Depois, já no fim do 1° trimestre,
aconteceram as Olimpíadas Internas, uma semana inteira em que competimos com outras
séries, e ao fim, apresentamos uma dança e um painel feitos pelos próprios alunos, uma
semana muito divertida e que exigiu muito trabalho em equipe.
 
Havia também as formaturas às quartas, em que desfilávamos todos os alunos e grêmios com
a mesma farda, sempre no padrão. E não poderia deixar de falar da Festa Junina, mais
conhecida como Festa da Poeira, em que cada série vende comidas típicas em barraquinhas, e
do Dia da Arte, em que os alunos apresentam seus talentos no auditório, com direito a pipoca,
algodão doce e muitos momentos engraçados.
 
A cada ano que passa vou amando mais cada pedacinho do colégio, e com toda certeza vou
sentir muita falta quando me formar. Aliás, tenho certeza de que todos que algum dia já
passaram ou ainda vão passar por aqui em um futuro próximo terão ótimas lembranças e
memórias, que poderão ser passadas para seus filhos e até netos. Que esse pequeno texto
sobre minha experiência no Colégio Militar de Belo Horizonte sirva de inspiração para alguém
que queira entrar no Sistema Colégios Militares do Brasil.
11
Memórias das terras araucárias (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Hannah (CMC)
Os portões cerrados prontos para dar início a uma história contada a cada dia no Colégio
Militar de Curitiba. Soam os clarins, rufam os bumbos como que começando uma marcha para
dentro dos portais de uma nova fase da minha vida. Ainda sem o uniforme de aluno desfilo ao
lado de amigos recém conquistados que espelham ansiedade e expectativas, o ar parece
rarefeito, o tempo parece não passar, o longo trajeto balizado por alunos mais antigos me
fazem sonhar que logo estarei assim, vestindo garança, boina vermelha e orgulhosa de fazer
parte dessa tropa. A camisa branca e a calça azul são agora o meu vestuário, nos chamam de
cotonetes, sinto um pouco de vergonha, mas sei que tudo isso logo se transformará em
memórias que jamais sairão de minha cabeça.
Memórias são gotas de tristezas, mas na maioria das vezes enxurradas de alegria que inundam
nossos corações, por isso quando entro no Colégio todo dia olho para as araucárias que
circundam os campos, laureando os pavilhões ao fundo, os carneiros soltos enfeitando de
forma bucólica a paisagem me fazem pensar quão diferente é o meu Colégio. Além disso,
Curitiba é ímpar, o frio acrescenta uma atmosfera diferenciada, os alunos caminham
encorujados, com suas mãos escondidas nos bolsos, pescoços enrolados por cachecóis, muitos
apenas com os olhos de fora. Nos esperando estão os monitores, muito cordiais, atentos aos
nossos uniformes ou ao dever da continência quando passamos pela guarda.
Os anos passam e a entrada no portão vai ficando mais cinzenta, mas jamais esquecida, novas
memórias vão se firmando e, progressivamente, vou alimentando-me da história desse
Colégio. As formaturas matinais fazem parte da coleção de um livro escrito durante sete anos,
entro de frente para o palanque de formaturas, lá encontro o Comandante e os professores,
percebo no semblante deles que levarei um pedaço de cada um, de seus ensinamentos, de sua
sabedoria, meu coração aperta um pouco. Bradamos juntos :Zum Zaravalho! Mais um pouco de
aperto no coração, começa a canção do CMC e meus olhos não suportam e despejam tudo
aquilo que meu coração queria transbordar.
Percebo que estou no último ano, quase no fim de uma pequena história diante da grandeza
do Colégio, olho para o lado e vejo que vários daqueles amigos da entrada continuam ao meu
lado, as mudanças dos anos são visíveis nos tornamos homens e mulheres, longe daquelas
crianças, mas sei que meu coração ainda admira a passagem do carneirinho Nicodemos, de
marchar ao som de “Avante Camaradas”, de tropeçar em alguns sapatos que se perdem no
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Memórias das terras araucárias (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Hannah (CMC)
no meio do caminho durante o desfile e de bradar: “Pátria, honra, dever e disciplina!”.
 
O tempo se vai como areia escorrendo pelas mãos, este calendário está ficando com poucas
páginas, mas as memórias permanecem como pilares testemunhando como sentirei saudades
do meu segundo lar. Lar que me adotou, ajudou na minha formação acadêmica, social e moral.
Gosto da disciplina, principalmente por ser filha de militar, mas a verdade é que a organização
é fundamental para a vida, e o Colégio me proporciona isso. Na Universidade sei que levarei
estes conceitos, na vida com certeza usarei tudo o que aprendi nestes bancos escolares.
Neste ano de pandemia, sinto saudades de estar lá com meus amigos, das formaturas, da
comida do rancho, e meu maior temor é não ter em minhas memórias a formatura de final de
ano. Acredito que Deus me colocou lá e com dignidade e felicidade, colocarei meu nome no
pavilhão: “Faço parte dessa história!”.
Passarei pelo portão pela última vez como aluna e guardarei em minha alma as memórias das
terras das araucárias.
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Sexta-feira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Furtuoso (CMCG)
Toques de corneta. É a formatura que está começando? Não. Apenas o corneteiro ensaiando e
dá para escutá-lo dos corredores naquela manhã de sexta-feira, aliás, a primeira do ano letivo
e a minha primeira como estudante do Colégio Militar de Campo Grande (CMCG). Não era
aluno novato no sistema dos colégios militares, pois vinha transferido de outro CM. No
entanto,o CMCG era novo para mim, especialmente quanto a dinâmica da formatura.
Os alunos formavam nas alas do colégio e depois se dirigiam para o pátio central. Então,
naquela meiahora que precede o grande evento, desconhecendo tal procedimento, só me
restava uma coisa: seguir os colegas do meu ano – na época o oitavo. Fiz isso e, claramente,
deu certo. Porém, assim como a Primeira Guerra Mundial, prevista para acabar em poucos
meses e que, infelizmente, durou quatro anos, os meus desafios não encerrariam ali e se
estenderiam até ao final da formatura.
Tive que enfrentar o olhar curioso e duvidoso dos colegas “veteranos”. “Quem é esse cara?”.
Não me importei muito e entrei em forma. Passou alguns minutos e, enfim; o corneteiro tocou
e daquela vez não era ensaio. Rompemos marcha e os alunos começaram a cantar Avante
Camaradas. A ocasião tornou-me dublador da canção até o seu fim – uma vez que no meu
antigo CM não era costume cantá-la – e se estendeu, também, a Canção do CMCG. Chegamos
ao local de destaque. Começava então uma nova fase da guerra. Da de movimentação passei
para a de trincheiras.
Meus inimigos foram o sol e a queda da pressão sanguínea. Formaram uma aliança para,
literalmente, me derrubar; porque houve um momento em que estava para desmaiar. Foi
difícil; mas, por fim, sagrei-me vencedor. Não me lembro se foi dado o toque de “à vontade”.
Se sim, provavelmente fui reanimado para o desfile; se não, fui atordoado, do jeito que estava.
De qualquer forma, desfilei com o grupamento e minha pressãosanguínea já tinha voltado ao
normal. A guerra havia terminado para mim. O armistício foi assinado quando deram o
comando de “fora de forma”. Que formatura!
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A família garança (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Fernanda (CMF)
Dia 24 de junho. Hoje faz exatamente 2 anos e 11 meses que ela partiu. Aqui, deitada na cama
em que dormia, recordo-me com dor dos seus últimos dias. No entanto, não apenas sofrimento
eu guardo dessa época. Levo na alma também a gratidão.
Entrar no CMF foi o melhor que me aconteceu. Acredito que foi Deus que me colocou ali, pois
sabia que aquele colégio, um dia, iria muito me ajudar. Em 2017, descobri que minha mãe
estava, infelizmente, com câncer. Nunca pensei que encontraria, na minha escola, as forças de
que precisava. Essas memórias que me vêm à mente falam sobre o que há de melhor no
Casarão: os valores militares de espírito de corpo e camaradagem!
No primeiro mês pós-diagnóstico, eu, meu pai e minha mãe tentávamos manter as esperanças.
Meus pais, que viviam da venda de queijo coalho, tiveram que parar os negócios. O dinheiro,
que já não era muito, estava parando de entrar. Não sei, até hoje, como amigos e professores
descobriram a situação. Doações vinham de todas as partes, até dos mais distantes. Lembro-
me, com imensa gratidão do Sub Tenente Pedrosa, que um dia me viu na escola e me ajudou.
Como ele, que nem me conhecia, teve tanto companheirismo com minha família?
No segundo mês, minha mãe participou de suas últimas atividades na escola. Ela me viu
receber a medalha de terceiro lugar do sétimo ano. Que orgulho sentiu! Recordo-me com
felicidade de seus olhos brilhando para mim. Em maio, no terceiro mês, ocorreu, no CMF, o dia
das mães. O coral, do qual eu fazia parte, cantou “Trem-bala”. Todas as mães se emocionaram
com a homenagem que o colégio preparou. Obrigada, Casarão, por ter proporcionado um
último Dia das Mães mais que perfeito!
No quarto mês, tudo se complicou. O tratamento não surtiu efeito. Naquele tempo, eu fazia
Atletismo com o professor Américo Ximenes, que percebeu minha tristeza em um dos treinos.
Ele nutria enorme carinho pela minha mãe, que sempre deu muito apoio às competições.
Lembro-me de cada uma que participei pela escola: campeonatos cearenses, jogos escolares,
Desafio Unifor... Tantos! Ao final da aula, ele foi visitá-la. Muitas mães de colegas meus
também passaram a ir à nossa residência diariamente, dando apoio e demostrando
camaradagem. Incrível como os valores que aprendemos na escola passam até para os pais!
Naquele mês, meus professores também me davam muita força. A escola havia se tornado meu
porto seguro. No dia 24 de julho de 2017, ela faleceu. A tristeza que sinto e senti não pretendo
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A família garança (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Fernanda (CMF)
colocar nestas linhas. Na missa de sétimo dia, senti na alma não solidão, mas gratidão. Nádia,
atual presidente do CPA, preparou a cerimônia e ainda treinou o coral para cantar no dia.
Aquela singela homenagem me confortou. “O que seria de mim sem esse colégio?”, eu
pensava.
Depois de tudo, percebi que havia formado uma segunda família: a Família Garança. Acredito
hoje que o melhor de fazer parte do CMF não é a chance de viver os Jogos da Amizade, os
esportes ou os clubes. O melhor de tudo é aprender a cultuar os valores do Exército e fazer
laços eternos. Assim como eu, tenho certeza de que minha mãe, Angelita, lá de cima, é grata a
todos do CMF tanto quanto sou!
16
Minha experiência na família garança
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Fernanda Mayrink (CMJF)
Eu tinha dez anos quando fiz o concurso de admissão do colégio que, sem eu imaginar, se
tornaria minha segunda casa. Minha mãe sempre me conta que, no dia da prova, ela ouviu um
militar dizer, referindo-se a mim: “olha aquela pequenininha ali!”, e foi para essa pequenininha
que minha mãe falou “vai, leãozinho!”. E eu fui, sem olhar para trás, dando início à melhor
coisa que já aconteceu na minha vida.
É impossível falar do sexto ano sem mencionar o querido Sargento Gomes, sempre tão
carinhoso e atencioso com os alunos. Outra pessoa que ganhou um espaço no meu coração é o
Coronel Luna Freire, cujos ensinamentos vão me acompanhar pelo resto da vida.
Especialmente no sexto ano, quando nós, alunos, estamos confusos e ansiosos, é essencial
encontrar profissionais tão incríveis e prestativos, que nos dão força e aconchego.
Ao longo da minha caminhada como aluna do CMJF, eu tive a alegria de integrar a Legião de
Honra, com a qual aprendo cada vez mais a importância da empatia e do altruísmo. Também
fui muito feliz nas aulas de teatro – minha grande paixão – com o professor Manoel. Muito me
orgulho por estar em um colégio que proporciona as mais diversas oportunidades a seus
alunos por meio dos vários clubes que, sem dúvidas, contribuem para forjar os líderes do
amanhã.
Em mais de cinco anos, eu entendi a importância de valores já ensinados pela minha família,
como honestidade e camaradagem. Entendi como é gratificante obter um resultado positivo
em algo pelo que batalhamos. E mais do que isso, eu aprendi que nada é mais honroso do que
atuar a favor de um bem maior.
Integrar a família garança é abrir portas para ser um cidadão louvável e mais consciente, que
busca sempre fazer o certo e pensar no bem coletivo – haja vista que jamais esqueceremos o
colégio militar e os valores nele aprendidos. Não há como descrever meu orgulho em fazer
parte dessa história tão linda, orgulho esse que fica evidente em cada olhar de admiração que
recebo ao andar fardada na rua.
Meu colégio é minha segunda casa, é onde eu me sinto realizada e plenamente feliz. Entrar no
CMJF foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido, e o mundo seria melhor se todos
tivessem a oportunidade de viver ao menos um pouco dessa experiência.
17
Uma semana histórica (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Wesley Andrade (CMM)
Um divisor de águas na vida do aluno é sua entrar no Colégio Militar. Seja concursado ou
amparado, a emoção e a vontade de fazer parte desta instituição são inimagináveis. Após
entrar pro CM, você passa por variadas experiências, enfrentando os mais complicados
desafios, mas esses sete anos, certamente ficarão na memória de quem entrou marchando com
a “farda cotonete”. O meu ano de ingresso foi 2015. Tinha apenas dez anos e estava realizando
um sonho meu e de minha mãe, que também estudou no Colégio Militar de Manaus.
Anos se passaram... memórias e aventuras foram surgindo... mas nenhuma foi tão marcante
quanto as de viagens pelo colégio. Uma das melhores experiências que um aluno do SCMB
pode ter é representar a instituição em feiras, eventos e olimpíadas nos quatro cantos do
Brasil. E foi dessa forma que tive a oportunidade de viajar três vezes pelo colégio. Mas a
viagem para o Desafio Global do Conhecimento, em 2019, foi a que mais marcou a minha vida
como aluno.
Era início de outubro. Estava na delegação que representou o CMM no Desafio da Matemática,
tendo sido escolhido, após uma árdua seletiva interna. A realização da prova, logo no primeiro
dia, acabou sendo a parte mais difícil daquela semana, mas, após as quatro horas de intenso
esforço, tive a oportunidade de aproveitar todos os momentos que o DGC proporciona.
Pude ter contato com alunos de outros colégios, com outros pensamentos, com outras
culturas. Encontros e reencontros com amigos que eu só falava pelo celular. A festa, as
formaturas, as conversas no dormitório... tudo fez com que essa semana fosse especial não só
para mim, mas para todos que a vivenciaram. Além disso, o enriquecimento cultural
proporcionado pelo city tour em Brasília é algo para se exaltar, tendo sido aquele um dos dias
menos tensos da viagem, quando todos tivemos a oportunidade de relaxar e aproveitar o
aprendizado também das visitas.
Passada já uma semana de atividades e tensão pelos resultados, finalmente chegava a hora...
Era sexta-feira. Acabava essa semana e todos estávamos ansiosos para trazer vitórias parao
colégio. No geral, o Colégio Militar de Manaus foi um dos melhores, tendo ganhado prêmios
incríveis, mas até hoje eu me lembro do grande momento, que foi o anúncio do resultado de
Matemática.
18
Uma semana histórica (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Wesley Andrade (CMM)
Para surpresa de muitos, o CMM ficou em segundo lugar geral, tendo superado colégios com
tradição na competição. Comemoramos muito e tive um dos momentos de maior entusiasmo
da minha vida, acompanhado de uma conversa incrível com alunos do IME, que falaram
palavras que ficarão para sempre no meu coração e na minha memória. Aquilo fará essa
semana ser lembrada por toda minha vida como a melhor que tive com a farda garança.
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O meu CMR (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Bruna Carrion (CMR)
O barulho da fita adesiva, ao cabo de dois anos em uma cidade, sinaliza o começo de uma nova
mudança, longos sete dias empacotando minhas coisas para uma nova aventura, o início de
um novo ciclo. O coração doendo, antecipadamente, de saudade de amigos que ainda estão do
meu lado, mas a esperança, crescente no peito, de poder reencontrar amigos de infância no
próximo Colégio Militar, torna tudo mais fácil.
 
Uma viagem de carro, pelo nosso belo país, trouxe-me até aqui. Pelo retrovisor, vejo minha
antiga cidade afastar-se; pelo para-brisa, o próximo destino: minha primeira vez morando no
Nordeste. A divulgação da lista das salas vira motivo de ansiedade e, mesmo não sendo
colocada na sala que desejamos, a experiência na turma é inesquecível, os novos laços criados
e o conhecimento adquirido, tão únicos da escola militar, tornam-se a minha base.
 
O tempo passa tão rápido. Já estamos em abril e começamos com os preparos para os Jogos
Internos, aquela emoção de torcer por uma arma ou pelo próprio ano; representando em
quadra os valores de equipe, respeito e força tão ensinados pela Instituição. As atividades
extraclasses representam um momento de folga da rotina pesada de estudos. Eu já frequentei,
por exemplo, aulas de teatro, natação, basquete, pentatlo, jornalismo e simulações da
Organização das Nações Unidas.
 
Em julho, alunos destaques de todo o Sistema de Colégio Militar do Brasil, encontram-se nos
Jogos da Amizade - um momento de competições das mais diversas modalidades esportivas e
artísticas, e, também, a possibilidade de reencontrar amigos de outras cidades. A nostalgia
toma conta de mim ao lembrar-me dos momentos em quadra, e o orgulho que senti ao vestir a
camisa do CMR em formaturas. Enxergar na arquibancada a vibração da torcida, um
sentimento contagiante que instiga a continuar lutando. Acredito que isso ultrapasse os
limites dos jogos, pois vejo em meus professores e colegas os principais entusiastas pelas
minhas vitórias, bem-estar e futuro.
 
Restam-me seis meses no Colégio Militar e a dor da saudade já bate na porta. É pior que a
tristeza de ouvir a fita adesiva embalando caixas a cada dois anos. Porque eu sei que, daqui
para frente, serei eu contra o mundo. Carrego comigo sete anos no SCMB - o capítulo mais
marcante do livro da minha vida - vestindo a farda da qual sinto tanto orgulho, gritando Zum
Zaravalho no maior tom possível, dedicando-me aos estudos e sendo apoiada por uma grande
equipe de profissionais. E hoje percebo que sou o que sou em virtude do esforço da Instituição
20
O meu CMR (2/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Bruna Carrion (CMR)
e conto com uma força para lutar por novas conquistas, com honestidade e responsabilidade,
graças ao Colégio Militar.
 
21
Mais que um colégio, um formador de 
cidadão de honra
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Fidelis (CMRJ)
Ao longo de todos esses anos, o Colégio Militar vem mantendo, de modo exemplar, a
reputação de ser uma instituição geradora de profissionais qualificados, líderes de caráter e,
principalmente, cidadãos de bem para ajudar o nosso país a avançar em direção a um futuro
melhor. Eu tive a oportunidade de estudar em dois Colégios Militares, o de Manaus e o do Rio
de Janeiro, e pude perceber que apesar de pertencerem ao mesmo sistema, cada um tem algo
que o torna diferente e único.
 
Nos meus primeiros dias, tive algumas dificuldades, principalmente com as formaturas sob o
castigador calor do Sol, mas acredito que seja normal no início. Para mim, as formaturas são
demonstrações de determinação, pois mesmo com as pernas trêmulas, cabeça doendo e quase
não se aguentando mais de pé naquele intenso calor, continuamos ali, em pé e focados.
Observo essas características principalmente nos mais novos, que mesmo não aptos
fisicamente ainda, continuam se esforçando ao máximo. Eu acho essa capacidade de
superação muito bonita.
 
Antes de ser aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), me impressionei com a
grandeza da Casa de Thomaz Coelho. Agora que já sou aluno há algum tempo, me impressiono
com o equilíbrio em relação á valorização dos esportes e dos estudos, poucas escolas
proporcionam tantas oportunidades, tanto na esfera desportiva, quanto na área intelectual. Há
diversas olimpíadas para podermos testar o nosso conhecimento, há também as olimpíadas
organizadas pela Sessão de Educação Física, que são muito bem organizadas, aliás. Além de
todas essas coisas, existe também os Jogos da Amizade (JA), que é um evento no qual os
Colégios Militares de todo o Brasil se juntam para realizarem competições esportivas e, além
disso, temos oportunidades de conhecer alguns dos maiores centros militares do Brasil, como
a AMAM, por exemplo.
 
Com a vivência que venho tendo no CMRJ, percebi que o sucesso que eu almejo só depende do
meu esforço, pois a escola me proporciona todo o alicerce para que eu evolua como aluno, me
torne um bom profissional e um cidadão que contribua para a evolução da nossa sociedade.
 
Zum Zaravalho!
 
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O que corre em minhas veias (1/2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Al Matheus Luquini (CMS)
Nasci em uma pequena cidade embrenhada na Floresta Amazônica, São Gabriel da Cachoeira.
Lá, acostumei-me a aproveitar minha própria companhia e brincar só, em meu universo
particular. Embora não fosse muito sociável ou comunicativo, sempre fui cirativo e enxerguei
o mundo de maneira única. Esporadicamente, ia visitar meu pai no Batalhão de Infantaria de
Selva, onde ele servia, e me lembro bem de sentir-me pertencente àquele lugar, como se meu
sangue fosse verde- oliva.
Tinha pouco mais de treze anos, quando, radiante, meu pai anunciou nossa transferência para
Salvador, capital baiana. Senti um turbilhão de emoções: felicidade por sua conquista, mas,
por outro lado, medo em seu estado puro por não saber se conseguiria me adaptar à vida em
uma metrópole e à rotina no Colégio Militar de Salvador (CMS). Em questão de meses,
partimos para o novo lar. Era minha primeira vez fora da Amazonas e ainda que a saudade
apertasse, aquele era o começo de uma nova fase da vida.
Logo verifiquei que meus temores eram verdadeiros. Senti dificuldades em acompanhar os
conteúdos, posicionando-me nas aulas de forma tímida e reservada, tendo receio de tirar
dúvidas e ser considerado incapaz por colegas. Afinal, todos ali se conheciam e se respeitavam
há anos. Assim evitava contatos com outros alunos e até mesmo monitores. Todos os dias,
porém retornava pra casa pensativo e questionava o porquê de não ser envolta pela mesma
sensação calorosa que sentia no quartel do meu pai.
Entretanto, à medida que as semanas passavam, a farda parecia, cada vez mais, parte do meu
corpo e fui me tranquilizando, todavia, sem desvencilhar-me da timidez. Em meu silêncio,
aprendi a escutar com atenção. E foi pro isso que, quando um grupo de alunos do 3º ano foi na
minha sala anunciar que haveria simulação de Modelo das Nações Unidas (MUN) em que o
Clube de Relações Internacionais (CRI) participaria, fui o único aluno da minha série a escutá-
los e me inscrever.
Embora o nervosismo estivesse preste a me dominar, um instinto não me deixou desistir e,
vestindo um terno emprestado, iniciei aquela que

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