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ANATOMOFISIOLOGIA fonoaudiologia

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ANATOMOFISIOLOGIA E NEUROLOGIA 
DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
1 
 
 
 
1
 
Sumário 
 
BASES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO .............. 3 
ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO .................................. 6 
ESTRUTURAS ESTÁTICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ....... 7 
ESTRUTURAS DINÂMICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ..... 24 
FUNÇÕES CLÁSSICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ............ 37 
FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO .............................. 49 
FUNÇÕES DIGESTIVAS ....................................................................... 51 
FUNÇÕES SENSORIAIS ...................................................................... 52 
FUNÇÕES MOTORAS .......................................................................... 55 
A EVOLUÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ........................... 57 
O SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO EM IDOSOS ................................. 63 
NEUROLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO........................... 65 
SISTEMA NEUROMUSCULAR ............................................................. 66 
SISTEMA NERVOSO ............................................................................ 67 
NEUROFISIOLOGIA.............................................................................. 69 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 74 
 
 
 
2 
 
 
 
2
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
3
 
BASES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
O conhecimento da base anatômica de cabeça e pescoço é 
fundamental para o entendimento das bases fisiológicas das 
funções estomatognáticas. Os músculos são as peças chaves para 
a dinâmica dos movimentos e para a execução das funções 
estomatognáticas, eles ficam inseridos nas estruturas da 
cabeça (osso, cartilagem). As funções estomatognáticas são 
atividades fisiológicas imprescindíveis e estão estreitamente 
ligadas entre si, pois utilizam muitas das mesmas estruturas. Esta ligação é tão 
direta que o mau funcionamento de qualquer uma delas reflete no funcionamento 
das demais. Um equilíbrio saudável entre essas diversas funções, é 
fundamental, para que haja a integridade da saúde física e psicológica do 
indivíduo. 
O sistema estomatognático, “identifica um conjunto de estruturas bucais 
que desenvolvem funções comuns, tendo como característica constante a 
participação da mandíbula”, por isso o nome grego gnatos, que significa 
mandíbula. Mesmo tendo suas características próprias, depende do 
funcionamento dos outros sistemas do corpo humano (sistema nervoso, o 
circulatório, endócrino, etc.), “porque não constitui uma unidade separada do 
resto do organismo, mas se integra estritamente a ele”. Desde a sua formação, 
o sistema estomatognático durante o desenvolvimento da pessoa passa por 
várias adaptações, e é dinâmico, podendo apresentar alterações morfológicas 
durante todo o processo de crescimento/desenvolvimento, ou seja, durante toda 
a vida. 
O sistema estomatognático é composto de estruturas estáticas ou 
passivas e de estruturas dinâmicas ou ativas que são equilibradas e controladas 
pelo sistema nervoso central. Estas estruturas são responsáveis pelo 
funcionamento das funções. 
Fazem parte das estruturas estáticas ou passivas os arcos 
osteodentários, a maxila e a mandíbula, que estão relacionados entre si pela 
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fonoaudiologia/bases-fisiologicas-do-sistema-estomatognatico/25524
4 
 
 
 
4
 
articulação temporomandibular (ATM), ainda fazem parte das estruturas 
passivas, outros ossos cranianos e o osso hioide e a coluna vertebral cervical. A 
unidade neuromuscular representa as estruturas dinâmicas ou ativas, e são 
responsáveis em mobilizar as estruturas estáticas. 
Essas estruturas estão interligadas formando um sistema com 
características próprias, “que tem uma unidade morfofuncional localizada 
centralmente na cavidade oral” e desenvolve funções em comum, ou seja, as 
funções estomatognáticas. Estas funções são divididas no grupo das funções 
adaptadas – o beijo, sorriso, mordida, bocejo, etc.; e das funções clássicas, que 
estão ligadas a alimentação e a respiração – mastigação, sucção, deglutição, 
respiração e fonoarticulação. 
Funcionalmente o sistema estomatognático está constituído por quatro 
elementos básicos: articulação temporomandibular, componente 
neuromuscular, superfícies e pressões oclusais e periodonto. 
• Articulação temporomandibular (ATM) – a mandíbula fica articulada 
ao cérebro através de uma articulação dupla bilateral, que se move por meio de 
movimentos amplos e sincronizados entre as duas articulações. A ATM não 
suporta forças, e tende a manter em posição a mandíbula, que está pendurada 
na articulação. A ATM tem os movimentos de translação lateral, translação 
anteroposterior, movimentos de rotação e circunvalares. 
• Componente neuromuscular – é o “conjunto de musculoesqueléticos, 
cuja função depende diretamente da ação motora do SNC”. Os músculos 
principais são os mandibulares, principalmente os levantadores. 
• Superfície e pressões oclusais – é a parte da área oclusal dentária 
que intervém na função oclusal, como ocorre na mastigação, por exemplo, em 
que constitui superfície triturante ou cortante. A pressão oclusal é a pressão 
exercida sobre os dentes e é determinada pela relação entre força sobre área 
oclusal. A superfície oclusal é maior nos molares, enquanto nos caninos e 
incisivos é inexpressiva, já a pressão oclusal é muito alta no incisivo e menor no 
molar, no “pré-molar apresenta pressão relativamente elevada, e superfície 
oclusal relativamente grande, sendo o dente ideal para a trituração”. 
5 
 
 
 
5
 
• Periodonto – são as estruturas responsáveis pela fixação e sustentação 
dos dentes, formadas pelo osso alveolar, a gengiva marginal, cemento e as fibras 
periodontais. (que ligam o dente ao osso alveolar). A parte do periodonto que 
participa na dinâmica estomatognática é o ligamento periodontal ou as fibras 
periodontais. 
Como todo o corpo, o sistema estomatognático sofre mudanças, e, a 
primeira modificação importante ocorre no primeiro ano de vida, mas 
precisamente, após o 6ª mês de vida. Observa-se alongamento da faringe, 
mudanças importantes no esqueleto facial, início da erupção dentária. O 
amadurecimento do sistema estomatognático modifica o funcionamento da 
musculatura facial. 
O sistema estomatognático tem as funções adaptativas e as funções 
clássicas. Dentro das funções clássicas a deglutição e a sucção surgem na vida 
intrauterina; a respiração acontece no nascimento; e a mastigação e a fala são 
aprendidas durante o crescimento e desenvolvimento. 
 
Figura/ Fonte: (NASCIMENTO, [s.d.]) 
6 
 
 
 
6
 
 
ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
Para a atuação fonoaudiológicaem motricidade orofacial, o profissional 
precisa conhecer os aspectos anatomofisiológicos envolvidos nas funções 
sensitivas e motoras do sistema estomatognático. Tal sistema é definido como 
um conjunto de estruturas orais que desenvolve funções comuns, tendo a 
participação constante da mandíbula, que em grego é denominado como gnatos 
(DOUGLAS, 2006, p. 270). 
Douglas ressaltou, no entanto, que como o corpo humano funciona de 
forma integrada, este sistema está inter-relacionado com demais sistemas como 
o músculo-esquelético, o nervoso, o circulatório, o endócrino, o digestivo, o 
respiratório entre outros. 
Marchesan (1999) acrescentou que o profissional deve conhecer os 
pressupostos teóricos a fim de que estes subsidiem sua prática, ressaltando a 
importância do conhecimento do desenvolvimento craniofacial, das estruturas 
estáticas e dinâmicas que o compreendem, sendo que funcionalmente são 
quatro seus elementos básicos: a articulação temporomandibular, o sistema 
neuromuscular, as superfícies e pressões oclusais e o periodonto. 
Estes elementos, segundo Douglas (2006), ao interagirem entre si de 
forma equilibrada, atingem a homeostase e quando eficientes apresentam 
suficiência estomatognática e quando em desequilíbrio, produzem insuficiência. 
7 
 
 
 
7
 
Desta forma, serão 
apresentadas a seguir as estruturas 
estáticas e dinâmicas constituintes do 
sistema estomatognático. 
 
 
 
ESTRUTURAS ESTÁTICAS 
DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
Os elementos constituintes das estruturas estáticas ou passivas do 
referido sistema servem de apoio para as estruturas dinâmicas ou ativas, entre 
as quais se destacam (DOUGLAS, 2006 e CORBIN-LEWIS; LISS; SCIORTINO, 
2009): 
O esqueleto ósseo: ossos temporais, esfenóide, maxila, mandíbula, 
hióide, demais ossos cranianos, coluna cervical, base do crânio e articulações 
(temporomandibular e da coluna vertebral) – figuras 1 e 2. 
Os dentes (superfície oclusal) – figuras 3 e 4. 
O periodonto (localizado entre a raiz do dente e a cortical alveolar) – 
figura 3. 
A mucosa (oral, lingual, nasal e faríngea) – é possível visularizar, na 
figura 5, as mucosas oral e da língua. 
Os tendões (extremidade do músculo com formato cilindróide ou de “fita” 
– figura 6A), as aponeuroses (extremidade do músculo com formato de lâmina 
– figura 6B) e os ligamentos (feixes fibrosos que reforçam as membranas 
fibrosas das cápsulas articulares, com o intuito de aumentar sua resistência e 
manter a união entre os ossos - DÂNGELO; FATTINI, 2004, figura 7). 
8 
 
 
 
8
 
 
 
Fonte: (CARLA PATRÍCIA HERNANDEZ ALVES RIBEIRO CÉSAR, 2006) 
9 
 
 
 
9
 
 
 
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1
1 
 
 
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1
2 
 
 
Os ossos temporais (irregulares, por não apresentarem morfologia 
correspondente a alguma forma geométrica, segundo DÂNGELO; FATTINI, 
2004), formam as laterais do crânio. Abrigam, em sua porção petrosa, o 
sistema auditivo-vestibular e também servem de apoio à articulação 
temporomandibular. Em sua superfície externa apresenta três protuberâncias 
importantes para a inserção de músculos envolvidos nas funções orofaciais 
miofuncionais (MADEIRA, 2008), como: 
 
1) O PROCESSO MASTÓIDE (protuberância localizada atrás do lóbulo 
da orelha) que apresenta como ponto de ligação o músculo esterno-
cleidomastoídeo e na incisura mastóide (porção medial), insere-se o músculo 
digástrico (que contribui para a formação do assoalho da boca) – figura 8; 
2) O PROCESSO ESTILÓIDE (figura 9) - fica oculto no interior do 
esqueleto facial e é uma delgada formação óssea que apresenta, geralmente, 
25 mm de comprimento no sujeito adulto. Fica entre as carótidas interna e 
13 
 
 
 
1
3 
externa e posteriormente à faringe. Neste processo inserem-se três músculos 
envolvidos na deglutição: estiloglosso (inervado pelo nervo hipoglosso), 
estilofaríngeo (inervado pelo glossofaríngeo) e estilo-hióideo (inervado pelo 
nervo facial) e forma um complexo (complexo estilo-hioídeo) pelo ligamento 
estilo-hióideo e corno menor do osso hioideo. 
3) O PROCESSO ZIGOMÁTICO (figura 10), que serve de apoio para 
diversos músculos responsáveis pela mímica facial, no osso zigomático, onde se 
prendem os zigomáticos maior e menor, responsáveis por elevar o ângulo da 
boca e o lábio superior, respectivamente (CORBIN-LEWIS; LISS; SCIORTINO, 
2009) e mastigação (MADEIRA, 2008), uma vez que em sua borda superior se 
prende a fáscia do temporal e em sua borda inferior se origina o músculo 
masseter (partes superficial e profunda). 
 
 
 
 
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1
4 
 
 
 
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1
5 
 
 
O osso esfenoide (figura 11), situado em posição profunda no crânio e 
com formato semelhante a um morcego ou borboleta, mantem conexão com o 
frontal, o temporal, o occiptal, o parietal, o osso zigomático e com a maxila. Serve 
como ponto de ligação para diferentes músculos envolvidos na deglutição, pois 
em sua porção inferior da asa maior ficam localizadas as placas pterigóides 
medial e lateral (por darem origem aos músculos pterigoides) e uma haste em 
forma de gancho desce da placa pterigoide medial, chamado de hámulo. Neste 
osso há também o ligamento esfenomandibular, protegendo as estruturas e 
limitando o movimento relacionado à articulação temporomandibular (MADEIRA, 
2008). 
16 
 
 
 
1
6 
 
A maxila (figura 12) é composta pelo processo frontal (unido ao osso 
nasal pela sutura nasomaxilar), pela espinha nasal anterior, pelos processos 
alveolares com suas eminências, pelo forame infra-orbital, fossa canina e 
processo zigomático. Originam-se na maxila os músculos: nasal, prócero, 
levantador do ângulo da boca, levantador do lábio superior e da asa do nariz, 
orbicular da boca e do olho, bucinador e pterigoideo medial (MADEIRA, 2008). 
A mandíbula (figura 13) é composta, em sua borda superior (ramo da 
mandíbula) por uma curva (incisura da mandíbula) que se divide pelos processos 
coronóide (onde há a inserção do músculo temporal) e condilar (colo e côndilo), 
pela fóvea pterigóidea; e em sua borda inferior, pela linha oblíqua, tuberosidade 
massetérica, na borda inferior e posterior, pelo ângulo da mandíbula e em sua 
porção anterior, pelo forame mentoniano. Originam-se na mandíbula os 
músculos: digástrico, abaixador do lábio inferior (na linha oblíqua da mandíbula) 
e do ângulo da boca, bucinador (na superfície externa dos processos alveolares) 
e o mentual (na fossa incisiva da mandíbula). Inserem-se na mandíbula os 
músculos da mastigação como o masseter (na tuberosidade massetérica, 
próxima do ângulo da mandíbula), o pterigóideo medial (na face medial do ângulo 
17 
 
 
 
1
7 
da mandíbula), o temporal (no processo coronóide do ramo da mandíbula) e o 
pterigoideo lateral (na depressão da parte anterior do côndilo da mandíbula), 
segundo Madeira (2008). 
 
18 
 
 
 
1
8 
 
 
A maxila e a mandíbula servem de ancoragem para a dentição, para a 
musculatura responsável pela mastigação, mímica facial e, com a articulação 
temporomandibular, desempenham importante papel na deglutição (CORBIN-
LEWIS; LISS; SCIORTINO, 2009). A maxila superior ainda divide a cavidade 
oral da nasal, cavidade esta importante para a função respiratória, para o 
olfato e para o sistema de ressonância da fala. 
De acordo com Madeira (2008) e Lemos (2010), a articulação 
temporomandibular (figura 14) é uma articulação sinovial que permite 
movimentos amplos da mandíbula em torno do osso temporal, que é fixo. É 
bilateral e interligada pela mandíbula e, apesar de cada lado realizar um 
movimento próprio, os movimentos são simultâneos. 
É revestida de fibrocartilagem e suas partes ósseas são: no processo 
condilar: 1) cabeça da mandíbula (clinicamente denominada por côndilo), 2) colo 
da mandíbula (estreitamento ósseo em que com maior frequência há fraturas 
condilares) e 3) fóvea pterigoidea (local de inserção do músculo pterigoideolateral) e no osso temporal: 1) eminência/tubérculo articular (situa-se 
anteriormente à fossa articular e determina a direção do côndilo quando a 
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1
9 
mandíbula executa o movimento de abertura), 2) fossa mandibular do osso 
temporal (dividida em 2 partes: anterior, articular e posterior, extra-articular) e 3) 
disco articular (placa fibrocartilaginosa que se situa sobre a cabeça da 
mandíbula, estendendo-se anteriormente até a porção posterior do tubérculo 
articular, com inserção de fibras dos músculos pterigoideo lateral – entre a 
porção anterior do côndilo e a porção posterior do tubérculo articular e com 
algumas fibras tendinosas do feixe profundo do masseter, em sua porção medial. 
Em sua porção posterior há a zona bilaminar ou ligamento retrodiscal, sendo que 
a superior insere-se na fissura petrotimpânica e a inferior, na cabeça da 
mandíbula). 
 
 
20 
 
 
 
2
0 
O HIÓIDE (figura 15) é um osso localizado no pescoço (ao nível da 
terceira vértebra cervical) e não se liga a demais ossos a não ser por músculos 
e ligamentos. É subdividido em corpo e cornos maior e menor. Na face anterior 
do corpo do hióide inserem-se os músculos gênio-hióideo, milo-hióideo, esterno-
hióideo, omo-hióideo, tireo-hióideo e estilo-hióideo. Em seu corno maior inserem-
se os músculos: constritor médio da faringe e o hioglosso. Seu corno menor é 
cartilaginoso e calcifica-se na medida do avançar da idade, sendo que se liga ao 
processo estilóide pelo ligamento estilo-hióideo (MADEIRA, 2008). A cartilagem 
epiglote localiza-se na porção superior da laringe, atrás da língua e do osso 
hióide. A extremidade inferior é designada por petiolo e encontra-se unido à 
cartilagem tiroídea através do ligamento tiro-epiglótico. Por cima do peciolo 
descreve-se o tubérculo epiglótico. 
A epiglote está unida anteriormente ao osso hióide através do ligamento 
hio-epiglótico. A porção mais alta da epiglote é livre e coberta por uma mucosa 
que se reflete para a base da língua e para a parede lateral da faringe, formando 
as pregas glosso-epiglóticas mediana e laterais e entre elas as valéculas glosso-
epiglóticas. 
Os dentes (figuras 3 e 4) constituem a substância mais dura do corpo 
humano e o sistema dentário humano é difiodonte, ou seja, apresenta duas 
dentições, a decídua (incisivos central e lateral, caninos e primeiro e segundo 
molares – total: 20 dentes, com início da erupção aos seis meses de idade e 
término entre 2 anos e meio e 3 anos de idade) e a permanente (incisivos central 
e lateral, caninos, primeiro e segundo pré-molares – dentes sucessores - e 
primeiro, segundo e terceiro molares, dentes adicionais – total: 32 dentes, com 
início da erupção aos 6 anos e término entre 20 e 27 anos em virtude do terceiro 
molar, sendo que entre 12 e 13 anos já houve o término da erupção dos 
segundos molares) e este processo ocorre em virtude dos dentes decíduos não 
aumentarem de tamanho durante o desenvolvimento, ficando em discrepância 
com as bases ósseas, que sofrem crescimentos (PETRELLI, 1994). 
No dente reconhecem-se três estruturas mineralizadas, como o esmalte, 
a dentina e o cemento (tecido que recobre a dentina da raiz anatômica do dente), 
21 
 
 
 
2
1 
sendo que estão fixados nos alvéolos pelos ligamentos periodontais. O 
periodonto, é composto pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar e 
apresenta proprioceptores importantes para a mastigação, gerando pressão 
interoclusal durante o contato oclusal exigida para a trituração dos alimentos. 
AS MUCOSAS (oral, da língua – figura 5, nasal – figura 16 e faríngea – 
figura 17) apresentam receptores específicos (com vias que atingem áreas 
específicas corticais) que são responsáveis pela gustação (principalmente no 
dorso da língua, local em que situam nos corpúsculos gustativos) e olfação (na 
mucosa nasal, principalmente em sua mucosa amarela, local em que se localiza 
a maioria dos receptores da olfação, que na verdade são neurônios receptores 
primários com características bipolares2) e receptores mais ou menos definidos, 
não específicos, também denominados por sistema somatossensorial (por 
aferência do V par craniano e pela via do sistema neo-espinho- trigêmio-talâmico 
– SNETT), que se responsabilizam pelas sensações de pressão (presso-
receptores localizados na ponta e nas laterais da língua – para direcionar o 
alimento em direção aos dentes e no palato duro, eliciando o ato da mastigação; 
bem como a sensação de pressão nos dentes; de deformação do alimento pelos 
ligamentos periodontais; de receptores amielínicos na faringe, para sua 
distensão, retração e deformação da mucosa para o trânsito alimentar; nos 
lábios, com receptores de limiar baixo para o desenvolvimento de funções como 
a sucção, o beijo, a fala e o canto; no palato mole, em que há diversos receptores 
mecânicos sensíveis à tensão, deformação, toque ou pressão, importantes para 
a deglutição, para deflagar mecanismos protetores e reflexos como o vômito, a 
eructação), tato (que pode propiciar a topognosia, em especial na língua, nos 
lábios, na gengiva e no palato duro, que são os locais mais sensitivos quando 
comparados com as bochechas e a eliciação do reflexo de gag e vômito) e dor, 
por meio de nociceptores, localizados em diferentes locais do corpo que podem 
ser estimulados por nociceptores termossensíveis, mecanossensitivos e 
quimiossensitivos. 
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2
2 
 
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2
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ESTRUTURAS DINÂMICAS DO SISTEMA 
ESTOMATOGNÁTICO 
 
As estruturas dinâmicas ou ativas desse sistema são representadas 
pelas unidades neuromusculares, como os: 
1) Faciais (bucinador, orbicular da boca, zigomáticos, retrator e 
levantador do ângulo da boca e mentual) – figura 18, 
2) Músculos da mastigação (temporal, masseter, pterigóideo medial e 
lateral) – figura 19, 
3) Músculos da deglutição (incluindo os músculos do palato – figura 20, 
os linguais – figura 21, os supra-hióideos e infra-hióideos – figura 22), 
4) Faríngeos (constritores da faringe e o salpingofaríngeo – figura 23), 
5) Palatinos (úvula, palatoglosso, palatofaríngelo, elevador e tensor do 
palato mole – figura 20) e 
6) Cervicais, com a porção superior do trapézio, esternocleidomastoídeo, 
esplênios e escalenos – figura 8 (DOUGLAS, 2006, MARCHESAN, 1999 e 
TASCA, 2002). 
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Dangelo; Fattini (2004) ressaltaram que a musculatura não assegura 
apenas a dinâmica, mas também a estática do corpo humano, mantendo “(...) 
unidas as peças ósseas determinando a posição e postura do esqueleto” (p. 
43). Quando os autores comentaram sobre as variedades dos músculos, 
podemos caracterizar os músculos da face como estriados e, por conseqüência, 
são tidos como músculos voluntários e esqueléticos. 
Ainda de acordo com os autores, no ato da contração muscular (realizada 
pela porção do ventre muscular) há a necessidade que os músculos estejam 
31 
 
 
 
3
1 
dentro de uma bainha elástica de contenção, ou seja, pela fáscia muscular, que 
também facilita o deslizamento dos músculos entre si. 
No ato da contração muscular há o encurtamento do comprimento do 
músculo e, conseqüentemente, há o deslocamento da peça esquelética 
(DANGELO; FATTINI, 2004 e DOUGLAS, 2006) e os músculos da face 
desenvolvem, em especial, tarefas importantes que se inter-relacionam como a 
alimentação, a mímica facial, a mastigação, a fonação e o piscar de olhos, 
segundo Madeira (2008). 
Os músculos da face (Figura 24) localizam-se logo abaixo da pele e são 
denominados, desta forma, por cuticulares. Formam uma camada quase que 
única, pois há, muitas vezes, fusão de feixes de músculos entre si, 
principalmente nos seus locais de inserção e, por este motivo, são tidos como 
os músculos mais fracos edelicados do corpo humano, sendo que ao se 
contraírem formam uma depressão/linha perpendicular em direção à fibra dos 
músculos que, com o passar do tempo, formam pregas e rugas (MADEIRA, 
2008). 
Contraímos os músculos da face para distintas tarefas, em especial, para 
nos expressarmos, manifestarmos nossas emoções que - ajustadas aos nossos 
traços de personalidade , permitem definir nossa fisionomia (MADEIRA, 2008). 
Assim, quando estamos surpresos, contraímos o músculo occiptofrontal e 
na sua porção antagonista, temos os músculos orbicular do olho, o corrugador 
do supercílio e o prócero, por exemplo (TASCA, 2002), mas como cada indivíduo 
tem uma forma única e peculiar de se expressar, alguns podem fazer uma 
contração mais forte para manifestar surpresa enquanto outros não. As 
condições de vida e de personalidade influenciam de tal forma na constituição 
desta tida “fisionomia”, que representam as condições adaptativas do ser 
humano que não nos permite uma norma rígida ou um padrão definido sobre o 
seu funcionamento, apesar de, em condições normais, apresentarmos as 
mesmas estruturas e órgãos. 
32 
 
 
 
3
2 
A seguir, serão apresentados os músculos de importância para a 
compreensão do sistema estomatognático e, ao final deste texto, disponibiliza-
se síntese contendo origem, inserção e ação de cada músculo. 
Os músculos peribucais são aqueles que, segundo Madeira (2008), 
circunscrevem a rima da boca, sendo constritor o orbicular da boca e dilatadores 
os levantadores do lábio superior, da asa do nariz, do ângulo da boca, os 
zigomáticos – maior e menor, risório, bucinador, abaixadores do lábio inferior e 
do ângulo da boca, mentual e platisma. As definições a seguir facilitarão a 
compreensão de cada músculo. 
O músculo orbicular da boca (Figura 24) apresenta alguns feixes com 
inserção na espinha nasal anterior e nas fóveas incisivas (da maxila e da 
mandíbula), estendendo-se do nariz ao lábio inferior, no sulco labiomentoniano. 
Age no ato de preensão dos alimentos, para assobiar, para manter lábios 
fechados, para produzir fonemas bilabiais plosivos, para comprimir o lábio entre 
os dentes, para protrair o lábio entre outras funções. 
O músculo levantador do lábio superior (Figura 24) origina-se logo 
acima do forame infra-orbital (que se encontra coberto pelo músculo orbicular do 
olho) e inserem-se na metade lateral do lábio superior, sendo que muitas de suas 
fibras se entrelaçam com o músculo orbicular da boca. Em sua porção mais 
medial fica vizinho ao músculo levantador da asa do nariz e lábio superior e em 
sua porção mais distal, fica ao lado do músculo zigomático menor, apresentando 
fibras fusionadas com estes músculos citados. Age para elevar o lábio superior. 
O músculo levantador do lábio superior e da asa do nariz (Figura 18) 
estende-se do processo frontal da maxila (situação que fica encoberto pelo 
músculo orbicular do olho), estende fibras para a asa do nariz e dirige-se até o 
lábio superior. Sua função é elevar o lábio superior e a asa do nariz. 
O músculo zigomático menor (Figura 24) situa-se ao lado do levantador 
do lábio superior, estando fixado no osso zigomático e dirige-se até o lábio 
superior e auxilia na ascensão deste lábio. 
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3 
O músculo levantador do ângulo da boca (Figura 18) encontra-se 
fixado na fossa canina e é completamente encoberto pelo músculo levantador 
do lábio superior. Posiciona-se verticalmente e dirige-se até o ângulo da boca, 
cuja função é elevá-la. 
O músculo zigomático maior (Figura 24) origina-se na face lateral do 
osso zigomático e dirige-se para baixo, em direção ao ângulo da boca, fundindo 
algumas de suas fibras com o músculo bucinador. Durante a risada, arquea as 
comissuras labiais para cima. 
O músculo risório (Figura 25) pode surgir da fáscea massetérica ou das 
fibras posteriores do platisma. Quando encontra-se agarrado à pele, ao sorrir, a 
pessoa pode apresentar “covinhas” em virtude desta variação do músculo risório. 
Por inserir-se no ângulo da boca, ao contrair-se, retrai lateralmente o lábio. 
O músculo bucinador (Figura 18) origina-se na região molar dos 
processos alveolares da mandíbula e da maxila e insere-se no ângulo da boca, 
fundindo-se com fibras do orbicular da boca. Muitas de suas fibras superiores 
estendem-se ao lábio inferior e muitas de suas fibras inferiores o lábio superior. 
É um retrator do ângulo da boca e suas funções principais são manter a 
bochecha distendida durante as fases de abertura e fechamento da boca, 
evitando que nestas manobras a bochecha seja ferida pelos dentes e manter os 
alimentos na superfície oclusal durante a mastigação. Age também no sopro e 
na sucção. 
O músculo abaixador do ângulo da boca (Figura 24) origina-se na base 
da mandíbula, entre as origens do músculo platisma e o músculo abaixador do 
lábio inferior, entre a região do molar até o tubérculo mentoniano e vai em direção 
ascendente até o ângulo da boca, sendo que ao ser contraído, abaixa e retrai 
(ligeiramente) a comissura labial. 
O músculo abaixador do lábio inferior (Figura 24) tem origem acima da 
linha de origem do abaixador do ângulo da boca e dirige-se obliquamente ao 
lábio inferior, onde se insere, com a função de abaixar o lábio inferior. 
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4 
O músculo mentual (Figura 24) origina-se na fossa incisiva da 
mandíbula, inserindo-se na cutis mentual. Apresenta função de elevar pele da 
região, protruir lábio inferior e realizar sua eversão. 
O músculo platisma (Figura 25) prende-se à mandíbula, abaixo do 
músculo abaixador do ângulo da boca e pode apresentar algumas fibras na 
bochecha, indo até as regiões anterior e lateral do pescoço, cruzando a clavícula 
e terminando na região peitoral. Tensiona a pele do pescoço. 
Demais músculos são importantes para o desempenho da mímica facial 
como o orbicular do olho, o occiptofrontal, o prócero, o corrugador do supercílio 
e o nasal, abaixo descritos. 
O músculo orbicular do olho localiza-se ao redor do olho e em sua 
contração há o fechamento e compressão das pálpebras para dentro (Figura 24). 
O músculo occiptofrontal (Figura 24) apresenta dois ventres, um no 
occiptal e outro no frontal, sendo que seu ventre frontal insere-se na pele do 
supercílio e da raiz do nariz e sua função é a de elevar os supercílios. 
O músculo prócero (Figura 24) origina-se no osso nasal e insere-se na 
pele da glabela, entre os supercílios. Apresenta função de tracionar a pele do 
nariz para cima, formando rugas transversais sobre a ponta do nariz e também 
ajuda a corrugar o supercílio. 
O músculo corrugador do supercílio (Figura 24) se origina no osso 
frontal e termina na extremidade lateral do supercílio, apresentando função de 
enrugar a fronte e auxiliar na elevação das pálpebras superiores. 
O músculo nasal (Figura 25) divide-se em duas partes: a transversa, que 
tem a função de contrair as narinas e outra, alar, com função de dilatá-las. 
Origina-se na incisura da maxila e insere-se no tegumento da ponta do nariz 
septo nasal. 
 
 
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FUNÇÕES CLÁSSICAS DO SISTEMA 
ESTOMATOGNÁTICO 
 
As funções clássicas do sistema estomatognático podem ser divididas em 
mastigação, deglutição, sucção e fala. A seguir, serão descritas as funções 
com seus substratos musculares. 
A FUNÇÃO DA MASTIGAÇÃO é a ação de morder, triturar e mastigar o 
alimento (TANIGUTE, 2005). Um grupo de músculos inervados pelo V par 
craniano (trigêmeo, TASCA, 2002) participa desta atividade (os elevadores da 
mandíbula: masseter, temporal, pterigoideo medial e o músculo protrusor da 
mandíbula, o pterigoideo lateral) e o trabalho muscular precisa ser integrado. Em 
sua fase incisal, há a elevação mandibular e seu posicionamento topo a topo e, 
para cortar o alimento, a mandíbula repropulsa-se, deslizando os incisivos 
inferiores contra a face palatina dosincisivos superiores (DOUGLAS, 2006 e 
MADEIRA, 2008). A força utilizada pelos músculos elevadores da mandíbula, o 
padrão facial do indivíduo, o estado de saúde e oclusão dentária, o tempo 
disponível para esta tarefa (se meu tempo for menor, mais utilizarei as fibras do 
temporal, uma vez que tal músculo, segundo MADEIRA, 2008, ao falar e ao 
fechar a boca rapidamente, este músculo é requisitado), a integridade 
neurológica do indivíduo e o modo respiratório são fatores que diferenciarão a 
incisão do alimento de um sujeito para outro. 
A trituração do alimento no indivíduo adulto ocorre principalmente nos pré-
molares que, segundo Douglas (2006), apresenta maior pressão intercuspideana 
que os molares. Neste caso, quanto mais duro for o alimento, por exemplo, maior 
será a força empregada pelos músculos masseter e pterigoídeo medial. Para 
manter o alimento na superfície oclusal para sua trituração, é desejável que haja 
tônus equilibrado de bucinador (que empurra medialmente o alimento para a 
superfície oclusal dos dentes enquanto a língua os empurra lateralmente – 
MADEIRA, 2008) e do orbicular da boca (que mantem os lábios vedados, 
MADEIRA, 2008), bem como bom funcionamento do nervo facial (VII par 
craniano), para que não haja, segundo Corbin-Lewis; Liss; Sciortino (2009), 
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3
8 
impactação do alimento e possibilidades de engasgos. Para que o alimento seja 
mais bem triturado e para não fadigar a musculatura, é importante que seja 
triturado ora de um lado, ora de outro. Além de a língua, o músculo pterigoideo 
lateral auxilia o movimento de protração, lateralização e depressão mandibular 
(TASCA, 2002). 
A última fase da mastigação é a pulverização, quando o alimento é 
transformado em partículas menores, sendo esta tarefa realizada, geralmente, 
pelos molares (TANIGUTE, 2005 e DOUGLAS, 2006). 
Douglas (2006) acrescentou que “(...) as diversas fases da função 
mastigatória são facilitadas ou sustentadas por contração tônica da musculatura 
cervical que determina postura adequada da cabeça para a função mastigatória” 
(p. 348). 
Como a mastigação segue um padrão rítmico de abertura e fechamento 
da boca, na sua fase de abertura, iniciada pela mucosa, articulação 
temporomandibular e periodonto, há relaxamento da musculatura elevadora da 
mandíbula e os músculos antagonistas da mastigação se contraem 
isotônicamente (são os músculos abaixadores mandibulares: digástrico, milo-
hioídeo, gênio-hioídeo), havendo também imobilização dos infra-hioídeos e do 
estilo-hioídeo. Já para o fechamento, há o inverso, ou seja, contração isotônica 
dos músculos levantadores e relaxamento dos abaixadores da mandíbula 
(DOUGLAS, 2006 e MADEIRA, 2008). 
Desta forma, uma oclusão e força interoclusal satisfatórias, preservação 
da forma do elemento dentário, a inexistência de hábitos orais deletérios, a 
preservação da integridade óssea, muscular, endocrinológica, respiratória e 
neurológica, os estímulos ambientais adequados e uma boa base genética (que 
proporciona harmonia nas características do esqueleto craniofacial) são fatores 
fundamentais para uma boa mastigação (TERRA, 2004 e DOUGLAS, 2006). 
Os músculos da mastigação, já citados anteriormente, serão descritos 
quanto sua origem, inserção e função, sendo que, de forma geral, são três os 
elevadores (masseter, pterigoideo medial e o temporal) e um o protrusor da 
mandíbula (o pterigoideo lateral), segundo Madeira (2008). 
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3
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O masseter superficial e o temporal são músculos que podem ser 
palpados, enquanto os pterigoideos (medial e lateral) e o masseter (feixe 
profundo) por serem profundos e devido a inacessibilidade (como o pterigoideo 
medial, que fica na superfície interna da mandíbula) não. Todos têm origem no 
crânio e inserção na mandíbula e sua característica principal está na atuação em 
conjunto, muito mais do que ação isolada. Agem movimentando a mandíbula em 
diferentes posições e por ação do ramo motor mandibular do nervo trigêmeo (V), 
denominado por nervo mandibular, que ao inervar cada músculo, recebem seu 
nome (nervo massetérico, nervo temporal profundo, nervo pterigoideo medial e 
nervo pterigoideo lateral), comentou Madeira (2008). 
O músculo masseter (Figuras 18, 19 A e 19 C) é potente e é recoberto 
por uma fáscia (fáscia massetérica), que se insere no arco zigomático e nas 
bordas do ramo da mandíbula (2/3 inferiores da face lateral do ramo). Este 
músculo cobre praticamente todo o ramo mandibular, com exceção de sua 
cabeça, o côndilo. Divide-se em duas partes: superficial (do arco zigomático, 
parte inferior e atrás, até a metade do arco, até o ramo mandibular), que é maior, 
fica localizada mais anteriormente e possui fibras mais inclinadas e a profunda 
(parte inferior da metade do arco zigomático até o limite da eminência articular), 
que é menor, localizada mais posteriormente, apresenta fibras verticais e se 
entrelaça (no arco zigomático) com feixes superficiais do músculo temporal, 
sendo que a porção mais anterior do masseter apresenta fusão de suas porções 
(superficial e profunda). Tem a função de elevar a mandíbula, sendo que sua 
porção superficial, por apresentar fibras inclinadas, ao ser contraída também 
movimenta a mandíbula ligeiramente para frente, permitindo a oclusão dentária 
e a porção profunda, além de auxiliar na elevação mandibular, auxilia na 
manutenção da oclusão forçada por mais tempo (MADEIRA, 2008). 
O músculo temporal (Figuras 18, 19 A e 19C), que apresenta formato de 
leque, é coberto pela fáscia do temporal e fixa-se na margem superior do 
processo frontal do osso zigomático, abraçando a margem superior do osso 
zigomático tanto em sua porção anterior quanto posterior, pois divide-se em duas 
folhas neste local, estendendo-se até a face medial do processo coronóide da 
mandíbula e região retromolar. Sua origem é no assoalho da fossa temporal e 
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tem a função de elevar a mandíbula (com maior contração de suas fibras 
anteriores) e sua porção posterior realiza movimentos retrusores mandibulares. 
O músculo pterigóideo medial (Figuras 19 A e 19 B) origina-se na fossa 
pterigoidea, local que se relaciona com o músculo pterigoideo lateral e o músculo 
tensor do véu palatino e e insere-se na no ramo mandibular, em sua face interna, 
na tuberosidade pterigóidea. Além de elevar a mandíbula, auxilia no seu 
deslocamento para frente. 
O músculo pterigoideo lateral (Figuras 19 A e 19 B) dispõe-se 
horizontalmente em relação aos demais músculos da mastigação e relaciona-se 
com a articulação temporomandibular. Sua margem superior origina-se na fossa 
infratemporal da asa maior do esfenoide (em suas paredes lateral e superior) e 
a inferior no processo pterigoideo (face lateral da lâmina lateral), fundindo-se até 
chegarem na fóvea pterigóidea do colo da mandíbula. Sua margem superior 
ainda estende fibras para a porção anterior da cápsula articular e daí para o disco 
articular. Age no movimento de protração mandibular ao se contraírem 
simultaneamente e, com a contração combinada com os músculos 
suprahioídeos, favorece o movimento de rotação da mandíbula – movimento 
este importante para sua abertura. Quando sua ação é unilateral, com 
movimento agonista de contração de um lado e antagonista de relaxamento do 
outro, movimenta a mandíbula lateralmente. 
Outra função importante do sistema estomatognático é a DEGLUTIÇÃO, 
seja do alimento sólido, de líquido ou saliva, que corresponde a uma série de 
contrações reflexas e ordenadas com o objetivo de levar o alimento ou a saliva 
da cavidade oral até o estômago (DOUGLAS, 2006). 
Divide-se em três fases, sendo a primeira consciente (a oral) e as demais, 
inconscientes (faríngea e esofágica), segundo Tanigute (2005) ou até mesmo 
subconscientes, segundo Furkim; Mattana (2004). 
Furkim; Mattana (2004) e Padovan (2004) acrescentaram uma fase, que 
denominaram de antecipatória, quecorresponderia à entrada do alimento na 
cavidade oral, no qual decidimos o tipo, a velocidade, o volume do alimento a 
ser deglutido e o ambiente da refeição. 
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1 
Douglas (2006) e Corbin-Lewis; Liss; Sciortino (2009) dividem a primeira 
fase em dois estágios: o oral preparatório (alimento é levado à boca e 
transformado em bolo alimentar coeso, incluindo o processo da mastigação com 
a fragmentação deste bolo em pequenas partículas em uma depressão formada 
na superfície da língua e é pressionado contra o palato duro) e o oral (bolo é 
impulsionado posteriormente, em direção à orofaringe). Para Padovan (2004), 
esta fase oral é denominada por fase de transporte e o processo de sucção 
favorece o deslizamento do alimento, por meio do movimento ondulatório da 
língua (da frente para trás). Douglas (2006) acrescentou que a deglutição do 
lactente é tida como primária, associada à sucção (sistema límbico estaria 
associado ao bulbar da deglutição) e a do adulto, é tida como secundária. 
Furkim; Mattana (2004) dividiram a fase oral em cinco estágios: 
1) a captação (alimento é captado com precisão, sem escape e os lábios 
mantem-se vedados), 
2) a qualificação (o alimento é avaliado quanto ao seu volume, densidade, 
grau de umidificação e quantidade de deglutições), 
3) o preparo (do alimento em bolo alimentar), 
4) o posicionamento (do alimento na língua e desta contra o palato duro) 
e 
5) a ejeção (deslocamento do alimento ou saliva para a região faríngea). 
Para a modificação da forma da língua, como na fase oral da deglutição, 
há a participação dos músculos intrínsecos da língua. Quando se faz o transporte 
do bolo alimentar ou saliva, há a participação de seus músculos extrínsecos 
(MADEIRA, 2008). 
Outro aspecto importante a ser considerado é que o transporte do bolo 
alimentar, do líquido ou da saliva são facilitados pela pressão positiva intra-oral, 
facilitada pelo tônus do músculo bucinador e pela posição elevada da mandíbula 
(proporcionada pelos músculos masseter, pterigoideos e temporal), segundo 
Douglas (2006). 
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2 
Na medida em que o alimento chega à orofaringe inicia-se resposta 
faríngea de deglutição, fase faríngea (inconsciente e involuntária). Neste 
momento deve haver sincronismo com a respiração, para que não haja 
passagem do alimento para as vias aéreas, que é regulado pelo Sistema 
Nervoso Central (estruturas reticulares bulbares localizadas no tronco 
encefálico). Participam deste processo de proteção das vias aéreas o músculo 
levantador do palato (para aposição do palato mole contra a parede da faringe, 
evitando-se a passagem retrógrada do fluxo para as narinas posteriores), os 
músculos suprahioídeos e os intra-laríngeos (para levantamento e tração da 
laringe, bem como para adução das pregas vocais, fechamento da glote e 
deslizamento horizontal da epiglote – evitando-se, desta forma a aspiração do 
conteúdo deglutitório para as vias aéreas inferiores e pulmão), havendo parada 
inspiratória (apnéia) e uma pressão negativa para o deslocamento do alimento 
(FURKIM; MATTANA, 2004, PADOVAN, 2004, DOUGLAS, 2006 e CORBIN-
LEWIS; LISS; SCIORTINO, 2009). 
A última fase, a esofágica, o bolo alimentar (ou saliva) é levado para o 
estômago sob a ação dos movimentos peristálticos (PADOVAN, 2004), a partir 
do relaxamento do esfíncter esofágico superior (FURKIM; MATTANA, 2004 e 
CORBIN-LEWIS; LISS; SCIORTINO, 2009). Douglas (2006) ressaltou que no 
terço superior do esôfago a musculatura é esquelética, seu terço médio 
apresenta uma gradação de musculatura esquelética e lisa (permitindo o 
movimento peristáltico supracitado) e no terço inferior a musculatura é lisa e é 
controlada pelo nervo vago. 
Nesta última fase o fluxo aéreo é direcionado para as vias aéreas 
superiores, eliminando-se a apnéia citada anteriormente (FURKIM; MATTANA, 
2004). 
Os músculos da deglutição, já citados anteriormente, serão descritos 
quanto sua origem, inserção e função, sendo que como a fase oral preparatória 
envolve o processo de mastigação, não será feita a explanação deste processo, 
uma vez que já foi detalhado anteriormente. Mas deste processo a língua é de 
extrema importância e, por este motivo, será descrita a seguir. 
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3 
A língua (Figuras 21A e 21B), revestida pela mucosa lingual, encontra-se 
fixada no assoalho da boca (pelo músculo genioglosso), ao osso hióide (pelo 
músculo hioglosso), ao processo estiloide (pelo músculo estiloglosso) e ao palato 
(pelo músculo palatoglosso) e, internamente, apresenta músculos intrínsecos, 
que se apresentam por fibras longitudinais (músculos longitudinais superior e 
inferior) – dispostas antero-posteriormente, transversais (músculo transverso) e 
verticais (músculo vertical), segundo Madeira (2008). Tem importância na 
mastigação, na deglutição, na higienização da cavidade oral, na gustação e na 
fala (DANGELO; FATTINI, 2004) e alguns autores comentam que é formada por 
17 músculos. 
Segundo o Comitê de Motricidade Orofacial (Comitê de MO) da 
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (2002), conforme Figura 21B, é dividida 
em: 
 corpo (em seus terços: anterior e médio), tidos como os 2/3 anteriores 
(pré-sulcais) da língua – que são móveis e, segundo Madeira (2008), 
compreende o dorso, as margens, a face inferior e o ápice e 
 raiz (terço posterior), sendo que Corbin-Lewis; Liss; Sciortino (2009) 
acrescentaram que a raiz da língua é relativamente fixa e que ao 
adentrar na faringe, para se fixar no osso hióide, forma um ângulo 
aproximado de 90º. 
O referido Comitê de MO acrescentou que a porção anterior da língua é 
representada pela ponta da língua e seu ápice (parte pontiaguda) e é presa ao 
assoalho da boca por um frênulo, segundo Corbin-Lewis; Liss; Sciortino (2009), 
denominado por frênulo da língua. 
Pode ser ainda dividida em duas metades no sentido ântero-posterior, 
sendo que o sulco central (Figura 21A) é quem possibilita esta divisão da 
superfície da língua (CORBIN-LEWIS; LISS; SCIORTINO, 2009). 
A região sublingual (Figura 21A), ou seja, a face inferior da língua é 
revestida por uma mucosa fina sendo possível visualizar a veia profunda da 
língua. Na parte superior da região sublingual está a mucosa e na parte inferior, 
o músculo milo-hióide (Figura 22). 
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Entre a mucosa e o músculo milo-hióide encontram-se duas saliências, as 
carúnculas sublinguais, responsáveis pela saída dos ductos submandibulares e 
maior da sublingual. 
Nesta região encontra-se a glândula submandibular que possui vários 
ductos que desembocam diretamente na mucosa. Perto da extremidade anterior 
do frênulo da língua há uma prega recortada irregularmente pode ser seguida 
em ambos os lados, lateral e posteriormente, na superfície inferior da língua, 
denominadas por pregas fimbriadas ou franjeadas. 
Os músculos extrínsecos da língua a serem descritos são o genioglosso, 
o gênio-hióide, o milo-hióide, o palatoglosso, o estiloglosso e o hioglosso e os 
intrínsecos são os longitudinais, os transversos e os verticais. 
O músculo genioglosso (Figura 21B) parte da espinha mentoniana 
superior (acima do gênio-hioídeo) e na superfície posterior da sínfise mandibular, 
formando, de ambos dos lados, uma placa em forma de leque em direção à 
língua (do ápice à raiz). São separados por um septo fibroso. As fibras anteriores 
são verticais de sua origem até a ponta da língua e seu terço médio. As fibras 
posteriores são horizontais para o terço superior e as fibras intermediárias 
espalham-se entre as margens horizontais e vertical. Insere-se próximo a borda 
livre da língua, com feixes mais inferiores ligados ao hióide. É inervado pelo 
nervo hipoglosso. De acordo com o Comitê de MO (2007) e Madeira (2008), sua 
função é abaixar a língua (quando todas as fibras se contraem), sendo que suas 
fibras médias e posteriores protraem a língua e as anteriores retraema ponta da 
língua. 
O músculo gênio-hióideo (Figura 21B e 26) origina-se na espinha 
mentoniana e insere-se na metade superior do osso hióide. É inervado pelo 
nervo hipoglosso. Tem a ação de elevar o osso hióide para cima para frente, 
reduzindo e elevando o assoalho da boca. Quando fixado, auxilia o digástrico a 
tracionar a mandíbula para baixo e para trás (MADEIRA, 2008). De acordo com 
o Comitê de MO (2007), sua função é elevar o osso hióide, encurtar o assoalho 
da boca e alargar a faringe. 
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O músculo milo-hióideo (Figura 21B) forma o assoalho da cavidade oral 
de cada lado e une-se por uma rafe milohioídea (cordão tendíneo que vai da 
mandíbula ao osso hióide). Origina-se na linha milohioídea e suas fibras 
posteriores inserem-se no corpo do osso hióide. É inervada pelo nervo 
milohióide, ramo do nervo mandibular (parte motora do nervo trigêmeo – V par 
craniano). De acordo com o Comitê de MO (2007) e Madeira (2008), tem a 
função de elevar o assoalho da boca e com ele, a língua e o osso hióide durante 
a deglutição e a fala. Quando fixado, auxilia o digástrico na retrusão e 
abaixamento da mandíbula. 
O músculo palatoglosso (Figura 21B) tem origem na parte da superfície 
inferior da aponeurose palatina e insere-se na língua póstero-lateralmente Este 
músculo forma o arco palatoglosso e age como um esfíncter separando a 
cavidade oral da faríngea, na deglutição e na fala. É inervado pelo nervo vago. 
De acordo com o Comitê de MO (2007) e Madeira (2008), tem a função de elevar 
a língua e, quando estiver fixa, pode abaixar o palato mole, bem como a ajudar 
a estreitar o istmo das fauces. 
O músculo estiloglosso (Figura 21B) origina-se da parte da superfície 
anterior do processo estilóide, indo em direção às porções posterior, lateral e 
inferior da língua, entrelaçando-se com o hioglosso. De acordo com o Comitê de 
MO (2007) e Madeira (2008), é um músculo retrator e elevador das laterais da 
língua. É inervado pelo nervo hipoglosso. 
O músculo hioglosso (Figura 21B) fica parcialmente coberto pelo 
músculo milo-hióideo e alcança a língua por baixo e pelo lado. Origina-se na 
parte da borda superior do corno maior e no corpo do osso hióide. O músculo 
hioglosso é o depressor da língua (abaixando e retraindo – segundo o COMITÊ 
DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2007 e MADEIRA, 2008), principalmente se 
estiver fora da boca e é inervado pelo nervo hipoglosso. 
Os músculos longitudinais superior e inferior da língua (Figuras 21B 
e 27), que são intrínsecos da língua, apresentam disposição de fibras no sentido 
ântero-posterior da língua (MADEIRA, 2008). O superior, ao ser contraído, curva 
o ápice e as laterais da língua para cima, formando um dorso côncavo. O inferior, 
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4
6 
ao ser contraído, conduz a ponta da língua para baixo, tornando seu dorso 
convexo, segundo o Comitê de Motricidade Orofacial (2007). 
O músculo transverso da língua (Figura 27) tem direção transversa na 
língua e ao se contrair propicia estreitamento da língua, espessamento e 
alongamento (MADEIRA, 2008). De acordo com o Comitê de Motricidade 
Orofacial (2007), também age elevando suas margens laterais. 
O músculo vertical da língua (Figura 27), devido à direção de suas 
fibras, favorece o alongamento e o alargamento da língua (MADEIRA, 2008). O 
Comitê de Motricidade Orofacial (2007) acrescentou a função de achatamento 
da língua. 
Em virtude da fase faríngea (inconsciente e involuntária) da deglutição 
necessitar dos músculos do palato, dos músculos supra e infra-hioídeos, estes 
músculos serão, a seguir, descritos. 
Os músculos do palato (Figura 20), segundo Madeira (2008), são o 
tensor e o levantador do véu palatino, o palatoglosso (já descrito anteriormente), 
o palatofaríngeo e o músculo da úvula. Nos 2/3 anteriores do palato mole há uma 
lâmina fibrosa que se prende na porção livre do palato duro denominada por 
aponeurose palatina, considerada também como uma expansão do músculo 
tensor do véu palatino (este músculo é inervado pelo ramo motor do nervo 
trigêmeo, o nervo mandibular). Os demais músculos do palato estão inseridos 
nessa aponeurose e são inervados pelo nervo vago (X nervo craniano que tem 
função de sensibilidade geral, paladar e atividade motora para os músculos 
citados). 
O músculo tensor do véu palatino (Figura 20) origina-se na fossa 
escafóide, ao lado do pterigoideo medial e desce verticalmente até o hámulo do 
pterigoideo, contornando-o e direcionando-se horizontalmente ao palato. Sua 
função é, segundo o Comitê de MO (2007) e Madeira (2008), contrair o palato 
mole, abaixando-o ligeiramente. 
O músculo levantador do véu palatino (Figura 20) estende-se da base 
do crânio (parte petrosa do osso temporal) diretamente ao palato mole, na 
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4
7 
superfície superior da aponeurose palatina. Sua função é elevar o palato mole 
durante a emissão de sons orais e durante a deglutição e a sucção, (MADEIRA, 
2008). Também auxilia na elevação da faringe e no contato com a parede 
posterior da faringe, separando, nestas situações, a cavidade oral da nasal 
(COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2007). 
O músculo palatofaríngeo (Figuras 20 e 21B) origina-se na aponeurose 
palatina e insere-se na faringe, sendo que para tanto passa atrás da tonsila 
palatina, formando o arco palatofaríngeo para depois inserir-se na parede 
póstero-lateral da faringe. Sua função é aproximar o arco palatofaríngeo de 
ambos os lados e assim, estreitar o istmo das fauces, sendo um músculo 
elevador da faringe e, segundo o Comitê de MO (2007), também eleva a laringe 
durante a deglutição e a fonação. 
O músculo da úvula (Figura 20) sai da espinha nasal posterior para 
inserir-se na mucosa da úvula e, desta forma, encurtá-la ou alargá-la (COMITÊ 
DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2007 e MADEIRA, 2008). 
Os músculos supra-hióideos (Figura 21B) são compostos por músculos 
pares que unem o osso hióide ao crânio sendo que, com exceção do estilo-
hióideo (que se origina no processo estiloide do osso temporal), todos se ligam 
na mandíbula. São músculos supra-hióideos: digástrico, milo- hióideo, gênio- 
hióideo e estilo- hióideo. No conjunto são considerados como músculos 
abaixadores e retrusores da mandíbula, antagonistas aos músculos da 
mastigação, mas colaborando nesse processo (MADEIRA, 2008). Auxiliam no 
processo de deglutição e de sucção (nos três a quatro primeiros meses de vida, 
quando a mandíbula faz movimentos associados com a língua, principalmente 
em sua retrusão). 
O músculo digástrico (Figuras 21B e 22) apresenta dois ventres 
musculares e, por este motivo, tem dois locais de origem e unem-se por um 
tendão em comum. Seu ventre anterior encontra-se no corpo da mandíbula (é 
inervado pelo trigêmeo) e seu ventre posterior (inervado pelo facial) tem origem 
na incisura mastoidea e desce em direção ao osso hióide, encontrando o tendão 
e unindo-se ao ventre anterior. Sua função é tracionar a mandíbula para trás, 
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4
8 
favorecendo seu abaixamento (com sinergismo do pterigoideo lateral), segundo 
Madeira (2007). De acordo com o Comitê de MO (2007), também auxilia na 
elevação do hióide e o fixa durante a deglutição e a fala. 
O músculo estilo-hióideo (Figura 21B) origina-se no processo estilóide, 
desce acompanhando o ventre posterior do músculo digástrico e divide-se em 
dois feixes e insere-se no osso hióide, sendo que ao ser contraído, leva o 
respectivo osso para trás e para cima, podendo fixa-lo quando atua em conjunto 
com os músculos infra-hióideos (MADEIRA, 2007). O Comitê de MO (2007) 
acrescentou que este músculo também alonga o assoalho da boca. Este 
músculo é inervado pelo nervo facial. 
Os músculos milo-hióideo (Figura 22 - inervado pelo trigêmeo) e gênio-
hióideo (Figura 66 - inervado pelo hipoglosso) já foram descritos anteriormente. 
Os músculos infra-hióideos (Figura 21B) são constituídos por quatro 
músculos, cujas denominações,segundo Madeira (2008), representam origem-
inserção, a saber: esterno-hióideo (Figura 22), omo-hióideo ((Figura 22), 
esternotireóideo (Figura 22) e tíreo-hióideo (Figura 22). Têm a função de abaixar 
a laringe, o hióide e o assoalho da boca e fixar o hióide para facilitar o trabalho 
dos músculos supra-hióideos (MADEIRA, 2008), favorecendo o abaixamento do 
hióide após a deglutição (COMITÊ DE MO, 2007). 
Os músculos da fala são os mesmos que executam as funções de mímica 
facial, mastigação e deglutição, sendo esta considerada uma função adaptada 
do ser humano. 
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4
9 
 
 
FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
A fisiologia (do grego physis = natureza e logos = palavra ou estudo) é o 
ramo da biologia que estuda o funcionamento dos seres vivos, ou seja, os fatores 
físicos, químicos e mecânicos responsáveis pela origem, pelo desenvolvimento 
e pela manutenção da vida. Dada sua importância, o estudo da fisiologia é 
fundamental em todas as áreas da saúde. 
A fisiologia moderna surgiu na época da Renascença, quando os médicos 
tentavam compreender o funcionamento do corpo humano pelo estudo 
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5
0 
sistemático de sua anatomia. No entanto, o estudo da anatomia não é suficiente 
para explicar como o corpo funciona. Para isso, é necessário associar o 
conhecimento da estrutura dos componentes do corpo com a observação dessas 
estruturas vivas durante seu funcionamento. 
A fisiologia oral, também conhecida como fisiologia do sistema 
estomatognático ou mastigatório, é a parte da fisiologia que estuda 
especificamente a função da boca ou cavidade oral e das estruturas craniofaciais 
a ela relacionadas, ou seja, os fatores físicos, químicos e mecânicos que 
possibilitam o desenvolvimento e a manutenção da função integrada dessas 
estruturas. 
 
SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
O sistema estomatognático é uma região anatomofuncional que engloba 
estruturas da cabeça, da face e do pescoço e compreende estruturas ósseas, 
dentárias, musculares, glandulares, nervosas e articulares envolvidas nas 
funções da cavidade oral. Essas estruturas são permeadas por vasos 
sanguíneos, vasos linfáticos e fibras nervosas, que possibilitam sua nutrição e 
seu controle nervoso. Tais estruturas funcionam de forma integrada, o que 
permite a máxima produção de trabalho por um mínimo dispêndio de energia. 
Seus elementos são tão interligados funcionalmente que a alteração ou 
disfunção de um ou de vários deles pode comprometer o equilíbrio de todo o 
sistema. 
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5
1 
 
A cavidade oral atua como uma estrutura de proteção do organismo 
contra a ingestão de substância tóxicas ou potencialmente tóxicas, pois 
escolhemos os alimentos e decidimos por sua ingestão após a análise dos 
sistemas sensoriais envolvidos na percepção gustativa, olfativa, tátil, térmica e 
dolorosa. Essas informações sensoriais são integradas ao sistema nervoso 
central e resultam na secreção salivar, a qual contribui para a formação do bolo 
alimentar que posteriormente será deglutido. Durante a mastigação, ocorre a 
degradação mecânica dos alimentos, que começam a ser digeridos por meio da 
ação de enzimas salivares. Dessa forma, pode-se dizer que o sistema 
estomatognático apresenta funções digestivas, sensoriais e motoras, detalhadas 
a seguir. 
FUNÇÕES DIGESTIVAS 
 
A cavidade oral é o local onde se inicia o processo 
digestivo. A presença do alimento na cavidade oral induz à 
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5
2 
secreção reflexa de saliva, a qual, por sua vez, é importante para o deslocamento 
do alimento, a lubrificação e proteção da mucosa oral e a formação do bolo 
alimentar, facilitando assim a deglutição e auxiliando na percepção do paladar. 
Além disso, ela contribui para a degradação química dos alimentos por meio da 
enzima α-amilase ou ptialina, que quebra o amido em maltose solúvel e 
fragmentos de dextrina, e da lipase salivar, que inicia o processo de digestão das 
gorduras. 
A mastigação é responsável pela degradação mecânica dos alimentos, o 
que facilita o início da digestão química pelo aumento da área de superfície de 
contato das enzimas salivares com o alimento ingerido. 
A cavidade oral também desempenha um papel no controle da sensação 
de fome e sede, mediante mecanismos reflexos que se iniciam em várias regiões 
da mesma e chegam aos centros de controle no sistema nervoso central. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNÇÕES SENSORIAIS 
 
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3 
As funções sensoriais da cavidade oral e das estruturas craniofaciais a 
ela associadas incluem as sensações gustativa, tátil, térmica, proprioceptiva e 
dolorosa. 
A gustação é o sentido químico responsável pelo reconhecimento de 
substâncias e alimentos que são introduzidos na cavidade oral. A seguir, os 
constituintes químicos dos alimentos e das substâncias entram em contato com 
receptores sensoriais, responsáveis pela transdução de sinais, e a partir disso 
geram informações sobre a identidade, a concentração e qualidade agradável 
ou desagradável do alimento. 
 
A sensibilidade tátil corresponde à habilidade de detectar e discriminar 
um estímulo mecânico. Ela permite a identificação da forma, do tamanho e da 
textura de tudo que é introduzido na cavidade oral por meio da ativação de 
mecanorreceptores distribuídos pela mucosa oral. É muito bem desenvolvida na 
região orofacial, provavelmente em razão da densa inervação dessa região e da 
grande área de representação da região orofacial no cérebro. A sensibilidade 
tátil oral fornece a sensação de contato mucoso e, em indivíduos portadores de 
prótese total, também fornece a sensação de contato oclusal por meio da 
ativação dos mecanorreceptores mucosos. 
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5
4 
A sensibilidade térmica permite identificar a temperatura de tudo o que 
é introduzido na cavidade oral por meio da ativação dos termorreceptores de 
calor e frio distribuídos na mucosa dessa cavidade. Ela é importante como 
mecanismo defensivo perante estímulos térmicos excessivos que podem 
danificar os tecidos orais, além de contribuir com o sabor dos alimentos. 
A propriocepção permite a percepção da localização espacial da 
cavidade oral e das estruturas craniofaciais a ela associadas, incluindo sua 
orientação e a força exercida por seus músculos, sem a utilização da visão. Ela 
resulta da ativação dos proprioceptores localizados nos músculos, nos tendões 
e na articulação temporomandibular (ATM) e dos mecanorrecptores do 
ligamento periodontal. A propriocepção contribui para a sensação de contato 
oclusal em indivíduos dentados por meio da ativação dos mecanorreceptores 
periodontais e dos proprioceptores da ATM. 
A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional 
desagradável associada a dano tecidual real ou potencial ou descrita em termos 
de tal dano. Embora seja comumente associada a lesão tecidual real ou potencial 
em uma ou mais partes do corpo, ela é sempre desagradável e, portanto, 
também uma experiência emocional. A dor é o principal motivo que leva um 
paciente a procurar tratamento odontológico. 
A cavidade oral também desempenha um importante papel no 
reconhecimento do ambiente, tendo em vista a grande quantidade de receptores 
sensoriais que possui. Uma constatação disso é que, ao nascer, a boca humana 
já pode executar praticamente todas as suas funções de proteção e 
reconhecimento do ambiente. Dessa forma, o recém-nascido leva 
frequentemente tudo para a boca, e toda a sua vida gira em torno dela. 
Posteriormente, com o desenvolvimento da visão e da audição, a função de 
captação de informações do ambiente pela boca diminui em importância, mas 
não desaparece e pode voltar a ser requerida se for necessário. 
55 
 
 
 
5
5 
 
FUNÇÕES MOTORAS 
 
As funções motoras do sistema estomatognático resultam da contração 
de vários músculos, como os músculos mastigatórios constituídos pelos 
músculos elevadores da mandíbula (temporal, masseter e pterigóideomedial) e 
depressores da mandíbula (pterigóideo lateral e supra-hióideos). Além dos 
músculos mastigatórios, participam das funções motoras do sistema 
estomatognático os músculos da língua (p. ex., estiloglosso e hioglosso), os 
músculos faciais (p. ex., bucinador, orbicular dos lábios e zigomáticos), os 
músculos palatinos e até mesmo os músculos cervicais (p. ex., 
esternocleidomastóideo), dada sua importância na determinação da posição da 
cabeça e da face. Como resultado, o sistema estomatognático desempenha 
inúmeras funções, sendo as principais delas a sucção, a mastigação, a 
deglutição, a fonação e a respiração. 
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5
6 
A SUCÇÃO é um reflexo alimentar inato que 
envolve um movimento rítmico da mandíbula e da língua 
associado à deglutição, sendo fundamental para a 
sobrevivência dos mamíferos recém-nascidos. Trata-se de 
uma experiência oral primária, uma vez que determina a 
primeira exposição do recém-nascido ao mundo exterior 
por meio do ambiente oral. 
A MASTIGAÇÃO é um comportamento motor 
aprendido, complexo e altamente coordenado que dá início 
ao processo da digestão. A mastigação visa à degradação 
mecânica dos alimentos, isto é, sua trituração e moagem, 
reduzindo-os a partículas pequenas que se ligam entre si 
pela ação misturadora da saliva, formando o bolo alimentar 
que posteriormente será deglutido. 
A DEGLUTIÇÃO, assim como a sucção, é um comportamento motor inato 
que se já manifesta durante a vida fetal e é fundamental para a ingestão de 
alimentos. Tem como finalidade o transporte do alimento para o estômago sem 
que haja entrada de substâncias nas vias aéreas. 
A FONAÇÃO corresponde à produção de sons pela laringe para a 
comunicação por meio da fala, que é um comportamento motor aprendido 
exclusivo do ser humano, conferindo-lhe a capacidade de se comunicar por meio 
de palavras. 
A RESPIRAÇÃO é o ato de inalar e exalar o ar com o objetivo de promover 
a troca de oxigênio e dióxido de carbono com o meio ambiente. Ela normalmente 
ocorre por via nasal, pois é no nariz que ocorre a umidificação e o aquecimento 
do ar. No entanto, no caso de obstrução nasal causada, por exemplo, por desvio 
de septo, hipertrofia das adenoides ou rinite, ela se torna parcial ou 
predominantemente bucal. A boca participa também de reflexos protetores 
respiratórios, como a tosse e o espirro. 
As funções motoras da região orofacial, como sucção, mastigação, 
deglutição, fonação e respiração, são muito importantes nos processos de 
57 
 
 
 
5
7 
crescimento e de desenvolvimento do sistema estomatognático, pois fornecem 
os estímulos adequados para o crescimento normal. Desse modo, alterações 
funcionais como as causadas pela persistência de HÁBITOS ORAIS nocivos 
durante o desenvolvimento infantil podem interferir no padrão normal de 
crescimento facial e no desempenho das funções estomatognáticas. 
 
A EVOLUÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
Todo processo de evolução visa a uma melhor adaptação da espécie ao 
meio em que vive. O principal elemento que todas as espécies retiram do meio 
é sua fonte alimentar, pois disso depende a sua sobrevivência. 
Os vertebrados se relacionam com o meio ambiente obtendo informações 
pelos órgãos sensoriais, os quais têm a capacidade de captar todas as formas 
de energia (p. ex., térmica, mecânica e química). O sistema nervoso central 
(SNC) dos vertebrados tem como principal função processar as informações que 
58 
 
 
 
5
8 
os órgãos sensoriais captam e transformá-las em um comportamento apropriado 
para a sobrevivência. 
A um dado momento da evolução, os mamíferos 
atingiram um determinado grau de complexidade do SNC 
caracterizado por um aumento da massa cerebral 
principalmente do lobo frontal, área envolvida no 
planejamento de ações e movimentos e no pensamento 
abstrato. O homem tem a maior massa cerebral em relação 
a todos os outros animais, e esse foi o principal fator que 
determinou o atual grau evolutivo do ser humano. 
O aumento da área frontal permitiu o desenvolvimento da fala, que foi 
fundamental para a formação dos grupos necessários à realização da caça. É 
no lobo frontal esquerdo que se localiza a área de broca, que é sede da 
expressão da linguagem falada. Segundo Luria,2 autor russo considerado o pai 
da neurolinguística, a fala articulada apareceu quando o homem teve que 
manipular ferramentas de caça. Como essas ferramentas 
ocupavam suas mãos, a comunicação gestual não foi 
mais possível, surgindo então uma comunicação verbal, 
sonora, que, por se originar de um cérebro mais evoluído, 
persistiu por ser mais eficiente do que a fala primitiva 
gestual. 
Segundo a filosofia darwinista, não foi a necessidade de falar que fez o 
cérebro se desenvolver, mas o contrário: foi um cérebro evoluído que permitiu o 
desenvolvimento da fala. A massa cerebral foi aumentando concomitantemente 
à redução da mandíbula, determinando uma inclinação da face (Fig. 1.1). No 
final, a evolução do cérebro foi acompanhada pela involução do sistema 
estomatognático, o que deu ao homem uma grande capacidade de modificar seu 
meio, facilitando a sua sobrevivência (Fig. 1.2).Seguindo esse mesmo raciocínio, 
é possível no futuro que o homem sofra mais uma mudança na aparência, com 
um cérebro grande e um sistema estomatognático menor ainda (Fig. 1.3). 
59 
 
 
 
5
9 
A evolução conferiu ao ser humano uma capacidade cerebral que supera 
a involução do sistema estomatognático ocorrida concomitantemente. Os órgãos 
sensoriais captam as informações do meio, o cérebro processa e o músculo 
responde. Assim, a atividade muscular mastigatória é fruto de um processo 
evolutivo que culminou em atividades cerebrais complexas capazes desde 
manipular o ambiente, processar um alimento ou comunicar-se por meio da fala 
articulada. Isso pode ser observado no homúnculo cerebral, que corresponde à 
representação do nosso corpo no córtex cerebral (somatossensorial e motor, Fig. 
1.4). 
 
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6
0 
 
 
 
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6
1 
 
Na verdade, o homúnculo cerebral é um desenho de um homem com 
proporções distorcidas, cujo tamanho das partes do corpo tem relação com o 
número de neurônios que o cérebro recebe e projeta para essas partes. A grande 
área de representação cortical da região orofacial demonstra a importância 
sensorial e motora dessa região. Pode-se concluir que os músculos da região 
orofacial são altamente controlados pelo sistema nervoso. Pela sua 
característica estrutural, os músculos esqueléticos não podem contrair-se nem 
relaxar-se sem a atividade do neurônio motor que os inerva. Também o seu 
crescimento e desenvolvimento, chamado miotrofismo, depende do sistema 
nervoso motor, que inerva cada músculo. 
Com a evolução do cérebro e a involução do sistema estomatognático, os 
músculos faciais passaram a exercer funções mais complexas do que apenas a 
mastigação e a fala articulada, por exemplo. Nos mamíferos, a região orofacial 
tem uma área de representação cortical maior do que outras áreas do corpo 
humano por causa da importância dessa região para a obtenção do alimento por 
meio da amamentação. 
Como parte integrante e fundamental do sistema estomatognático, os 
dentes também passaram pelo processo evolutivo, de forma que a morfologia 
dental humana é o resultado da evolução dos mamíferos, iniciada 225 milhões 
62 
 
 
 
6
2 
de anos atrás. De um cone simples para um padrão complexo e diversificado de 
cones e cumes, o dente evoluiu e se adaptou à ampla gama de dietas e 
ambientes que caracterizam a Terra. 
Tendo em vista que os dentes molares e pré-molares fazem o trabalho 
principal de mastigar alimentos, eles são os dentes que exibem a maior 
diversidade morfológica relacionada à dieta. Durante o curso da evolução dos 
mamíferos, o tamanho dos dentes foi reduzido. Além disso, há uma tendência 
entre raças humanas civilizadas para a perda do terceiro molar. 
Osdentes que foram perdidos durante o processo evolutivo tendem a ser 
aqueles que estão nas margens das classes dentais. 
 
 
63 
 
 
 
6
3 
O SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO EM IDOSOS 
 
O estudo do sistema estomatognático em idosos é um tema relevante 
dentro da fisiologia oral. O aumento da expectativa de vida em razão dos 
avanços no campo da saúde, associado à redução da taxa de natalidade, gerou 
um crescimento da população idosa, o que tem motivado a 
busca por uma vida com mais qualidade e saúde. 
Várias alterações que ocorrem no sistema 
estomatognático com o envelhecimento podem afetar a 
qualidade de vida, como perda de dentes, problemas de 
mastigação, xerostomia e disfagia (dificuldade de deglutir). 
Além disso, a falta de visitas ao dentista e de higiene oral 
também pode comprometer a saúde bucal. 
Embora o aparecimento de xerostomia seja comum em 
idosos, o envelhecimento não é sua principal causa. Essa 
condição é geralmente relacionada a doenças sistêmicas, 
como as doenças autoimunes, em particular a Síndrome de 
Sjögren; a medicamentos, como antidepressivos, anti-
hipertensivos e sedativos, que inibem as vias de sinalização 
dentro do tecido salivar e resultam na redução da saída de saliva da glândula; e 
à radioterapia de cabeça e pescoço, que frequentemente resulta na destruição 
irreversível das glândulas salivares maiores. 
Há também evidências de aumento da associação entre doença bucal e 
doença sistêmica no idoso. Assim, a troca de informações entre o médico e o 
dentista, especialmente no caso de pacientes idosos, é muito importante. Em 
razão do crescimento da população idosa e do estado de saúde geral dos idosos, 
que muitas vezes pode dificultar o tratamento odontológico, a disciplina de 
gerodontologia foi incluída no currículo de muitas faculdades de odontologia 
Curiosamente, a idade em si tem pouco efeito sobre o desempenho 
mastigatório. Na verdade, a principal causa da redução da eficiência mastigatória 
64 
 
 
 
6
4 
é a própria perda dos dentes, que pode estar relacionada a vários fatores, como 
doença periodontal, saúde debilitada, falta de visitas ao dentista, atitude negativa 
em relação à saúde oral e baixo nível educacional, entre outros. 
As próteses dentais totais são uma ferramenta terapêutica importante na 
reabilitação do sistema estomatognático em idosos desdentados totais; contudo, 
a eficiência mastigatória em portadores de prótese total é reduzida. Por exemplo, 
indivíduos portadores de próteses totais têm menor força mastigatória e 
necessitam de mais tempo para mastigar o alimento, pois movimentam a 
mandíbula mais lentamente, o que certamente influencia a escolha dos 
alimentos que serão consumidos. Assim, pessoas que usam próteses totais ou 
que possuem poucos dentes na boca tendem a consumir menos frutas, legumes 
e carne e a preferir alimentos mais macios e ricos em gorduras saturadas e 
colesterol. Esse tipo de dieta pode levar ao desenvolvimento de doenças 
cardiovasculares e a deficiências nutricionais. 
 CONSIDERAÇÕES 
O sistema estomatognático é um sistema complexo, com funções 
digestivas, sensoriais e motoras, que está intimamente ligado às outras partes 
do corpo. É necessário, portanto, o estudo detalhado das suas estruturas e 
funções, apresentadas aqui de forma apenas introdutória. Durante o processo 
evolutivo, a evolução do cérebro culminou em atividades cerebrais complexas 
que permitiram ações como manipular o ambiente, processar um alimento ou 
comunicar-se por meio da fala articulada. Essa evolução do cérebro foi 
acompanhada pela involução do sistema estomatognático, de forma que todas 
as funções do sistema estomatognático são altamente controladas pelo SNC. 
Além das alterações fisiopatológicas que podem ocorrer em qualquer 
época da vida, várias alterações que ocorrem no sistema estomatognático 
durante o envelhecimento podem afetar a qualidade de vida. Portanto, o estudo 
da fisiologia oral na formação dos profissionais de saúde é fundamental, 
especialmente daqueles que terão o sistema estomatognático como área de 
trabalho, como é o caso mais específico dos dentistas e 
fonoaudiólogos.(CLÁUDIA HERRERA TAMBELI, [s.d.]) 
65 
 
 
 
6
5 
 
NEUROLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
 
APARELHO ESTOMATOGNÁTICO 
 
O AE é uma entidade fisiológica complexa, funcional, perfeitamente 
definida e integrada por um conjunto heterogêneo de sistemas, órgãos e tecidos 
cuja biologia e fisiopatologia são absolutamente interdependentes. O AE está 
envolvido em atos funcionais, como fala, mastigação e deglutição dos alimentos, 
e em atos parafuncionais, como apertamento dentário e bruxismo. 
Os componentes anatômicos do AE são todos os ossos fixos da 
cabeça, a mandíbula, o osso hioide, as clavículas e o esterno, os músculos da 
mastigação, da deglutição, da expressão facial e os músculos posteriores do 
pescoço, as articulações dentoalveolar (periodonto) e temporomandibular e seus 
66 
 
 
 
6
6 
ligamentos, os sistemas vasculares e nervosos, os dentes, a língua, os lábios, 
as bochechas e as glândulas salivares. 
O sistema neuromuscular, as ATMs, a oclusão dentária e o periodonto 
são as quatro unidades fisiológicas básicas que integram a unidade biológica 
funcional do AE, que por sua vez pertence à outra unidade biológica 
fundamental, o indivíduo, do qual não pode ser separado 
ao se fazer considerações diagnósticas, prognósticas e 
terapêuticas relativas à promoção de saúde. 
 
 
SISTEMA NEUROMUSCULAR 
 
O sistema neuromuscular é considerado fator preponderante nas funções 
do AE, pois os músculos excitados pelo sistema nervoso constituem o elemento 
ativo que origina as forças necessárias às funções a que se destinam. As demais 
unidades representam os elementos passivos encarregados de receber e 
transmitir a ação das forças. 
Para o entendimento da interação entre o sistema neuromuscular e a 
morfologia oclusal, faz -se necessário o conhecimento das relações anatômicas 
das ATMs e de seus ligamentos com os músculos que o constituem. Tal 
conhecimento inclui a função, a inervação e a vascularização desses músculos. 
67 
 
 
 
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SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso tem duas funções básicas: 
• manutenção da constância do meio interno (homeostase), por meio de 
funções vegetativas que asseguram sua organização; 
• emissão de comportamentos que são funções globais do organismo no 
meio em que vive. 
Para um melhor entendimento do mecanismo de ação do sistema 
nervoso, deve -se recordar que este se constitui de sistema nervoso central 
(SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC constitui -se do encéfalo e 
da medula espinal. O encéfalo abrange o cérebro, o cerebelo e o tronco 
encefálico. No cérebro distinguem -se o córtex motor, que se relaciona com os 
movimentos voluntários dos músculos estriados, o córtex sensorial, que se 
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relaciona com a sensibilidade profunda e cutânea, e o tálamo, que é o centro de 
passagem de todas as sensações, com exceção do olfato. 
No tronco encefálico, distinguem -se o mesencéfalo, a ponte e o bulbo. A 
principal estrutura do SNP é o neurônio (célula nervosa), que é composto de 
dendritos, corpo celular e seu processo (axônio), que conduz impulsos para o 
botão terminal (Fig. 1.1). Um neurônio aferente conduz impulsos nervosos em 
direção ao SNC, enquanto um neurônio eferente conduz impulsos para a 
periferia por meio de axônios. 
A detecção e subsequente transmissão de um 
evento nocivo (danos aos tecidos, lesões) é chamada de 
nocicepção. Ela é realizada por nervos aferentes 
primários com terminais periféricos (receptores), 
conhecidos como nociceptores. 
 
 
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NEUROFISIOLOGIA 
 
A neurofisiologia bucal é a parte da biologia que explica os mecanismos 
a serem explorados como recursos terapêuticos. Para estabelecer um elo entre 
o estímulo e a resposta nas abordagens clínicas,

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