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Psicologia Escolar e autismo

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1
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTOEDUCAÇÃO ECULTURA DO CEARÁ
ESPECIALIZAÇÃO - PSICOLOGIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
A importância do Profissional de Psicologia no processo
de inclusão escolar do aluno com o espectro autista
Larissa Pereira Monte, Psicóloga, Acadêmica da Pós Graduação em Psicologia das Relações, pelo IDECC – Ce. 
São Gonçalo do Amarante-Ce
Set/2016
Sumário...........................................................................................................
1. Introdução .................................................................................... 3
2. Marco Teórico ..................................................................................... 4
2.1 Autismo ............................................................................................ 4 
2.2 Inclusão Escolar ................................................................................ 5 
2.3 Psicologia Escolar ............................................................................ 7
2.4 O papel do Psicólogo no processo de Inclusão do autista .......... 8
2.5 O papel do Psicólogo no apoio às famílias de alunos autistas ... 9
2.6 O papel do Psicólogo no processo de orientação de professores de autistas ................................................................................................... 11
2.7 Acompanhamento individual do aluno com o espectro autista .. 13
3. Marco Metodológico .................................................................... 13
4. Conclusão ..................................................................................... 13 
5. Referência Bibliográfica ............................................................... 15 
1 Introdução:
	O seguinte trabalho refere-se ao TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), ministrado por Domênica Papáleo, mestre do curso de Pós-Graduação, em Psicologia das Relações, em São Gonçalo do Amarante-Ce. 
A demanda percebida para a realização desse levantamento teórico é a escassez de um Profissional de Psicologia do âmbito educacional onde crianças autistas necessitam de um apoio para o processo de inclusão escolar. Isso se dá pelo desconhecimento ou pouco conhecimento da importância desse profissional nessa área. 
O trabalho se deu a partir da visão da necessidade que o aluno com autismo possui de estudar, como todas as outras crianças, e junto com isso, as dificuldades encontradas nesse processo apontam para a participação do Psicólogo no processo de ambientação desse aluno no recinto estudantil. 
Vale salientar que nessa missão de facilitar a inclusão, não podemos pensar somente na figura do Profissional de Psicologia e o aluno com autismo. Existem diversos fatores que participam dessa ação, como a família da criança, a família de outros alunos que estarão na sala de aula com a criança em questão, professores, que estarão convivendo dia a dia com esse aluno, bem como outros funcionários do local, como diretores, coordenadores, entre outros. 
Sabemos que a sociedade em questão não está devidamente preparada para lidar com a criança com autismo dentro da sala de aula. Isso se dá pela falta de conhecimento sobre o assunto, bem como a informação de quais métodos para fazer acontecer essa relação da melhor forma possível. 
Temos como objetivos discorrer Sobre a importância do Psicólogo no processo de inclusão da criança com autismo no ambiente escolar. Além disso, pretendemos refletir sobre a importância da criança com autismo ser inserida na escola; discutir sobre as formas de tornar a inclusão escolar possível; discorrer sobre os benefícios para a criança com autismo e as demais participantes da escola com a inclusão. 
2. Marco teórico: 
2.1 Autismo
O autismo é considerado um transtorno global do desenvolvimento, caracterizado pelo comprometimento em habilidades sociais relacionadas à linguagem, bem como possíveis comportamentos repetitivos. (Goulart; Assis, 2002) Nesse sentido, a criança com o espectro autista geralmente não se comunica da mesma maneira que a maioria das pessoas, muitas vezes não olhando nos olhos do receptor da informação. Para Andrade e Teodoro (2012), existem três pontos que são atingidos pelo espectro: 
· Comprometimento qualitativo da interação social; 
· Comprometimento da comunicação e; 
· Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades.
 Muitas crianças com o transtorno não verbaliza palavra alguma, só emite sons soltos. No entanto, existem diversos graus de comprometimento, não podendo ter um grupo fechado de sintomas que caracterize todas as crianças com o transtorno descrito. 
Em relação às origens do transtorno, a medicina e neurociência ainda estão engatinhando, tendo somente hipóteses de fatores como genética, ambiente social no qual a criança está inserida, entre outros. Mesmo assim, não há provas concretas das reais causas. Como até mesmo para os profissionais que estudam o autismo, ainda existem várias interrogações, quanto mais para a família da criança e a escola na qual ela está inserida. Assim, é necessário o conhecimento para que seja realizada a adaptação.
Quando a notícia de que a criança é autista chega ao núcleo familiar, afeta boa parte da família, senão toda ela, pois a rotina mudará, bem como estratégias de formas de comunicação, etc. Dependendo do caso, até o divórcio pode chegar a ocorrer por conta da notícia, como resultado de uma não adaptação dos cônjuges a essa nova realidade. Por vezes, podemos ver mães se culpando, pais agredindo verbalmente após a notícia do diagnóstico. 
Na escola, é bem comum o receio de receber uma criança com o transtorno, pois é vista com alguém que irá sair do controle do lugar, causar problemas. No entanto, como vimos acima, a sociedade precisa se aproximar dessa realidade e acolher essas crianças, pois só podemos aprender a conviver com as diferenças convivendo com elas. 
2.2 Inclusão Escolar
Nem sempre houve essa visão de que todas as crianças precisavam estudar, uma vez que a tendência, da qual estamos tentando nos desvencilhar, era que o diferente deveria ser afastado, para não contaminar outros, muito menos sair da ordem proposta. Nesse sentido, pessoa com algum tipo de deficiência ou transtorno não deveriam estudar nem levar uma vida normal, cotidiana, com de outras pessoas sem a dificuldade. Mas o tempo passou e novas ideologias foram surgindo. Junto a isso, surgiu a ideia de que todos têm os mesmos direitos. O direito à educação e ao ir e vir não era de alguns e sim de todos. 
A escolarização fora do sistema regular de ensino para todos os que se encontravam em situação de deficiência começa a ser posta em causa, a partir de 1959, na Dinamarca, que inclui na sua legislação o conceito de «normalização», entendido como a possibilidade de o deficiente mental desenvolver um tipo de vida tão normal quanto possível (Bank-Mikkelsen, 1969 apud Sanches, Teodoro, 2006)
	Dessa maneira, uma vez que todos passaram a ter direito à educação, percebeu-se que algumas crianças tinham dificuldades de obter aprendizado nos mesmos métodos que outras. Assim, surgiu o conceito de necessidades educacionais especiais, que nada mais é do que a precisão de ser ensinado por meio de métodos compatíveis com suas habilidades e como forma de desenvolver outras. Na declaração de Salamanca, citada por Sanches, Teodoro (2006), podemos ver o conceito tal e qual: “todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam com deficiências ou dificuldades escolares. Muitas crianças apresentam dificuldades escolares e, consequentemente, têm necessidades educativas especiais, em determinado momento da sua escolaridade.” Assim, hoje crianças autistas podem estudar em escolas regulares tendo um plano de ensino diferenciado. 
	Vale ressaltar a diferença entre incluir e integrar. Integrar é muito restrito, é simplesmente colocar o aluno especial na escola junto com os demais. O processo de incluir é bem mais amplo, perpassando a visão do que é inclusão, participando todos desse processo, interagindocom a criança especial e possibilitando a ela, recursos sociais que a ajudem no processo de ensino-aprendizagem. Gomes e Souza (2011) refletiram sobre essas questões e pontuaram que a realização da matrícula do aluno especial não garante nem a permanência do aluno, muito menos sua aprendizagem. 
	Assim, fica clara a necessidade de que a inclusão seja algo real e o profissional de Psicologia pode ajudar nesse processo árduo, porém necessário para o desempenho cognitivo, emocional e social do aluno com o espectro. 
 O aluno com o espectro autista possui algumas limitações em seu processo de aprendizado, pelo menos, tendo em vista o processo comum de educação. No entanto, esse estudante tem os mesmos direitos que quaisquer outras crianças ao acesso ao conhecimento, educação e também socialização. Ou seja, ele pode e deve participar do convício social, bem como desfrutar de seus direitos como cidadão. 
Para isso acontecer, é necessário a capacitação dos profissionais envolvidos, como nos afirma Fialho (2013), quando nos relembra que o Art. 2º da Lei Berenice Piana constitui as diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Dentre elas está o estímulo ao entendimento e à capacitação de pessoas especializadas no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis. 
O artigo citado acima nos faz refletir da importância de percebemos por onde devemos iniciar a inclusão, pela sociedade escolar que convive com a criança autista. Vale ressaltar sobre isso, pois presenciamos muitos buscando ações que visam a capacitação da criança para um melhor convívio e aprendizado na escola. No entanto, o caminho a seguir é pela orientação de outros inicialmente. 
2.3 Psicologia Escolar 
	Psicologia Escolar é uma área de atuação na qual o profissional pode atuar. Ela diferencia-se da Psicologia Educacional, pois essa baseia-se na pesquisa de melhores condições de aprendizagem, enquanto que a outra atua diretamente no âmbito escolar. 
Inicialmente, a Psicologia Escolar surgiu para lidar com os “alunos-problema”, ou seja, “corrigir” e coloca-los nas regras estabelecidas pela instituição escolar. No entanto, ao longo do tempo, os Psicólogos foram percebendo que esse método não era eficaz, nem muito menos ético.
Isso se deu por conta de uma crise entre os Psicólogos escolares na década de 1970. Nesse tempo, aconteceram discursões e reflexões sobre o saber e o fazer psicológico na escola, bem como a ética de suas ações. Além disso, percebeu-se que a teoria não condizia com a prática, uma vez que o contexto escolar não estava sendo avaliado, tendo uma percepção única de todas as escolas. (Barbosa, Marinho Araújo, 2010) Assim, a Psicologia escolar passou por mudanças, pois a visão de escola sofreu alterações, os estudos de ética, epistemologia, bem como a visão de homem. Aquela visão mecanicista, de que o homem/aluno “problema” precisa de um “conserto” ficou para trás, dando ênfase ao homem/aluno que não vive isolado e por isso deve ser visto em suas interações com o meio (escola, amigos, família,etc). 
	Atualmente a Psicologia Escolar tem como principal papel conciliar a tríade aluno-escola-família, tendo em vista um melhor rendimento escolar para o aluno, uma boa socialização do mesmo no local de ensino, a participação da família nas atividades escolares, bem como a orientação do papel da escola e formas de inclusão de alunos com algum tipo de dificuldade maior de aprendizagem/socialização. Além disso, Martínez, (2006) pontua que o psicólogo escolar trabalha na implantação do plano pedagógico escolar, intervenção e avaliação desse plano político-pedagógico. (Martínez, 2006, apud Barbosa, Marinho Araújo, 2010)
	Sabemos que conciliar isso não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes, a família acredita que a escola tem o papel de impor limites aos seus filhos e a escola não quer fazer acontecer o processo de inclusão da criança com limitações. Para isso ser amenizado/solucionado, é preciso a conscientização de seus devidos papéis nesse processo, para que não haja inversão de funções e a criança seja prejudicada. 
2.4 O papel do Psicólogo no processo de Inclusão do autista
	Sabemos que a inclusão escolar tem sido muito discutida nos últimos anos, mas ainda estamos engatinhando nesse processo. Isso se dá porque estamos em uma sociedade que foi construída e estabelecida para excluir as minorias. Nesse sentido, pensar na inclusão é bem mais trabalho e muitos profissionais da área consideram “trabalho de formiguinha”, se referindo à intensa dedicação em meio às dificuldades encontradas. Com a conferência de 1990, com o veredito de que a educação é para todos, entrou em cena a educação inclusiva e de que forma ela poderia acontecer. 
	Nesse sentido, qual seria então o papel do Psicólogo nesse processo? Já vimos que o profissional de Psicologia intervém na tríade família-aluno-escola. Assim, ele tem como papel criar estratégias para que a escola inclua esse aluno autista em suas interações e aprendizagens. Como isso pode acontecer? Informando sobre o que é o autismo, por exemplo, pois a falta de informação é uma das causas do pré-conceito. Além disso, atividades como o teatro abordando a importância de que todas as crianças sejam aceitas, pois são diferentes em vários aspectos. A diversidade sendo respeita é uma boa porta para a inclusão na escola. Nisso, percebemos a diferença entre trabalhar o aluno somente e trabalhar a turma toda ou a escola toda, pois o autista precisa justamente da interação e estímulos para que possa aprender nesse ambiente escolar. 
Outro ponto importante é fazer com a que a turma/escola entenda as limitações do aluno com autismo, principalmente de interação, pois o grande comprometimento está na área social do indivíduo. Mas, ao mesmo tendo em que entendem as limitações, podem contribuir no desenvolvimento desse aluno, incentivando a superar limites e desenvolver habilidades, pois como já vimos, o aluno com autismo pode desenvolver muitas habilidades, se estiver em um ambiente escolar que facilite esse processo. 
2.5 O papel do Psicólogo no apoio às famílias de alunos autistas
	A família é uma instituição social de suma importância na vida do indivíduo, pois nela ele aprende conceitos de como se comportar no mundo e é a primeira referência de socialização. Para Buscaglia, (1997), é na família que nos relacionamos pela primeira vez e por isso somos influenciados por ela e também a influenciamos. Essa influência atinge o comportamento e também a personalidade. (Buscaglia, 1997 apud Andrade, Teodoro, 2012) Noções como resolução de problemas, vínculos, afetos, formas de agir em determinadas situações são muitas vezes construídas no seio da família. 
Biroli (2014) afirma que “as experiências que temos das relações familiares são singulares, íntimas e fundamentais para percepção de quem somos, isto é, para as nossas identidades.” (p. 7) Nesse sentido, as relações familiares têm de ser percebida e investigada quando se trata de entender e contribuir para o desenvolvimento do indivíduo. 
Assim, toda a família é atingida quando uma criança possui o transtorno descrito. Logo quando os sintomas de autismo são apresentados, a família sofre mudanças rápidas devido às alterações na rotina das atividades realizadas em casa e clima emocional também tende a modificar. Nesse caso, A família se vincula ao redor das dificuldades de sua criança, sendo essa mobilização determinante no início da adaptação. As limitações referentes ao transtorno impede a criança de interagir normalmente com o restante da família, o que a dificulta de seguir as regras da casa e ter um convívio normal no lar. (Sprovieri e Assumpção, 2001 apud Andrade, Todoro, 2012).
Dessa maneira, há diversas evidências de que nessas família surjam o estresse, pois todo o ritmo da casa foi alterado e todos precisam de uma nova rotina diária. (Andrade, Teodoro, 2012) Além disso, há o que podemos chamar de luto temporário, pois algo foi perdido, pois quando uma mulher está gestante,ela nunca deseja que seu filho tenha nenhum tipo de dificuldade, principalmente social. Com isso, é preciso um tempo para que o luto seja superado, dando espaço para o desenvolvimento de estratégias de contribuir para o avanço do filho. 
Outro fator importante que acontece nesses casos é a culpabilização de si mesmo ou de outros. Os pais, às vezes “constroem crenças explicativas da causalidade do Autismo de seus filhos. Eles geralmente atribuem o transtorno a causas únicas e/ou inabilidade dos médicos“ (Harrington et al., 2006 apud Andrade, Teodoro, 2012, p. 137).
Dessa maneira, por todos esses fatores, os pais, muitas vezes, não sabem como lidar com seus filhos e precisam de um acompanhamento e orientação de um profissional de Psicologia. Souza (2004) nos traz a noção de que o profissional de Psicologia deve estar atento de forma sensível aos relatos família. Através dos relatos e observações, o profissional pode orientar como criar uma rotina que beneficie a criança, trazer reflexões acerca da síndrome, sobre as limitações e a importância do estímulo no desenvolvimento. 
Além disso, o Psicólogo pode atuar de forma a incentivar os pais a participarem do processo de inclusão do seu filho, possibilitando a noção de sua importância. 
2.6 O papel do Psicólogo no processo de orientação de professores de autistas 
Sabe-se que é bem comum que os professores de escolas regulares que matriculam alunos autistas se sintam incapacitados de lidar com as novas formas de ensinar que a demanda sugere. Até porque não faz parte da lista de competências exigidas para seu cargo. No entanto, como já dissemos, a inclusão é uma realidade ou deveria ser e todos os profissionais e alunos devem estar envolvidos nesse processo.
Situações como não entender porque o aluno se comporta de determinada maneira, porque o aluno não participa da aula como os demais, se sentir frustrado por perceber que o aluno não está acompanhando as atividades no mesmo método que os demais são questões, muitas vezes, estressantes para o professor. 
Com isso, um outro papel de grande relevância do Psicólogo na escola é orientar o professor acerca do que é o autismo, de quais estratégias podem ser tomadas, de como lidar inclusive com a frustração de impotência em relação ao caso, pois cabe ao Profissional de Psicologia mostrar para o professor que nem tudo ele vai ter sucesso em suas estratégias, inclusive com crianças que não possuem o transtorno. 
Para que o Psicólogo oriente o Educador quanto a essas questões é necessário entender suas práticas e fundamentações teóricas de aprendizagens. Goya e Fonai (2007) pontuam que A proposta skinneriana ( de Skiner, fundador da Análise do Comportamento ou Behaviorismo) para a educação pressupõe, primeiramente, que a forma de aprender e de ensinar sejam estudados e entendidos, e que os princípios de uma análise científica do comportamento ajudem para o planejamento de escolas, equipamentos, textos e práticas de sala de aula. 
Nesse sentido, o Psicólogo entende a lógica que o Professor segue ao passar seus conteúdos em sala, para entender onde ocorre a falha no direcionamento desse ensino ao autista e quais outras formas, baseado nas limitações do aluno, podem ser tomadas para que o objetivo de promover conhecimento seja alcançado. 
Com isso, o Psicólogo deve participar ativamente das reuniões entre professores para discutir os planos de ensino, a fim de aperfeiçoá-lo. Mas as reuniões nem sempre serão suficientes, como nos diz Zanotto:
Garantir ao professor o acesso aos saberes relevantes à sua prática, por meio de uma formação adequada, não é, no entanto, suficiente para mudar a sua ação e alterar o método segundo o qual ele tem, de modo árduo e nem sempre bem-sucedido, se proposto a ensinar. Mudanças nos comportamentos do professor, ao ensinar, só podem ser obtidas se contingências forem adequadamente planejadas para isso. (Zanotto, 2002, p. 132 apud Goya, Fanoi, 2007)
	Além disso, o Psicólogo pode facilitar a reflexão do professor a desenvolver um processo de empatia pelo aluno autista. “Empatia é um conceito criado para explicar uma série de manifestações humanas que envolvem o conhecimento do outro, incluindo suas ideias e sentimentos.” ( Brollezi, 2014, p. 154-155) Ou seja, o ato de se colocar no lugar do outro, entendendo como se sente em relação ao mundo e entendendo o porquê dessa postura. É a capacidade de ver o mundo com o olhar do outro, a fim de se aproximar dele. 
	Assim, se o professor desenvolver empatia pelo aluno autista, ele pode lidar melhor com suas limitações apresentadas em sala de aula, uma vez que entende que a criança possui dificuldades de aprendizagem. Esse processo empático também permitirá ao educador reconhecer inclusive as potencialidades do aluno, pois há muitos casos de alunos autistas que apesar das limitações possuem muitas habilidades cognitivas para algumas áreas. 
	Com isso, ficará mais fácil descobrir como essas potencialidades podem contribuir no aprendizado do aluno. E também de que forma as limitações podem ser, mesmo que minimamente, superadas. 
	Por tudo isso, vemos a importância dessa troca de experiências entre Psicólogo e Educador. Um vendo como o outro trabalha e juntos contribuindo para o avanço social e cognitivo do aluno autista. 
2.7 Acompanhamento individual do aluno com o espectro autista
	Inicialmente, é importante realizar uma avaliação psicológica do aluno, realizando entrevistas com os pais, professores e observando o educando também. É possível, se disponível, a realização de testes psicológicos. No entanto, pensando sempre nas potencialidades do aluno. “A avaliação diagnóstica de uma pessoa incapacitada deve ser centralizada nas suas possibilidades, isto é, na sua capacidade de realização, independentemente de sua limitação física, intelectual ou socioemocional” (Amiralian, 1986, p.68 apud Souza, 2004) 
O Psicólogo pode entrar no mundo do aluno com autista, afim de perceber quais formas de ensino possibilitam seu aprendizado. Nesse sentido, existem parâmetros, mas não regras, pois cada indivíduo é único, pois tem uma história de vida única, desejos e comportamentos. 
	No entanto, é necessário ter em mente uma grande dificuldade da pessoa com o transtorno, que é a dificuldade de expressão de forma formal. Assim, o Profissional pode utilizar de artifícios lúdicos como jogos que possuam imagens de objetos e seus nomes, para que o aluno aponte quando necessita daquele objeto.
	Outra forma de atuação é a observação do aluno em sala, a fim de perceber como ele interage com a turma (ou como não interage) e o que chama sua atenção e o que pode ajudá-lo a aprender e se socializar, dando feed-backs aos professores sobre suas observações. 
3. Marco Metodológico: 
	Para pensarmos sobre essas questões mencionadas acima, realizamos uma pesquisa em artigos sobre o tema proposto, um levantamento de conceitos e discussões, a fim de investigar o que os autores pontuam sobre a importância do Profissional de Psicologia na escola, como facilitador da inserção do aluno com autismo no contexto de ensino. 
	Nesse sentido, trataremos de uma pesquisa caracterizada como bibliográfica, pois refere-se a uma busca através de escritos de pensadores sobre o tema. 
4. Conclusão
Por tudo isso, podemos perceber a enorme importância de um profissional de Psicologia no contexto escolar, onde leciona um aluno com o transtorno global de desenvolvimento, caracterizado pelo espectro autista.
Atuando em várias partes do todo que cerca esse aluno, o Psicólogo pode contribuir para seu aprendizado e desenvolvimento pessoal e social, como no acompanhamento individual do aluno, na orientação a pais e professores e intervenções na turma.
O autismo proporciona sim muitas limitações para o indivíduo, mas através de estímulos sociais, ele pode reagir a isso aprendendo e interagindo, reconhecendo os pequenos avanços como grandes progressos, para que depois comemoremos conquistas maiores. 
O trabalho com essas pessoas traz dignidade à mesma, pelo fato de estar sendo vista e compreendida, alémde proporcionar humanidade e sentimento de pertencimento ao todo social para aqueles que participam desse processo e progresso. 
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GOULART, Paulo; ASSIS, Grauben José Alves de. Estudos sobre autismo em análise do comportamento: aspectos metodológicos. Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.4 no.2 São Paulo dez. 2002
ANDRADE, Aline Abreu; TEODORO, Maycoln Leôni Martins. Família e Autismo: Uma Revisão da Literatura. Contextos Clínicos, 5(2)133-142, julho-dezembro 2012
SANCHES, Isabel; TEODORO, António. Da integração à inclusão escolar: cruzando perspectivas e conceitos. Revista Lusófona de Educação, 2006, 8, 63-83
GOMES, Claudia; SOUZA, Vera Lucia Trevisan de. Educação, Psicologia Escolar e Inclusão: Aproximações necessárias. Rev. Psicopedagogia 2011; 28(86): 185-93
FIALHO, Juliana. Autismo E Inclusão Escolar: O Que Dizem As Leis Brasileiras? Clínica, Saúde & Terapias, Desenvolvimento & Ciclo Vital, Infância, Técnicas Psicoterápicas. 2013
BARBOSA, Rejane Maria; MARINHO-ARAÚJO, Clasy Maria. Psicologia escolar no Brasil: considerações e reflexões históricas. Estudos de Psicologia – Campinas. 2010
BIROLI, Flávia. Família: novos conceitos. Coleção o que saber. São Paulo, 2014
SOUZA, José Carlos. Atuação do Psicólogo Frente aos Transtornos Globais do Desenvolvimento Infantil. Psicologia Ciência E Profissão, 2004, 24 (2), 24-31. 
GIOIA, Paula Suzana; FONAI, Ana Carolina Vieira. A preparação do professor em análise do comportamento. Psic. da Ed., São Paulo, 25, 2º sem. de 2007, pp. 179-190. 
BROLEZZI, Antonio Carlos. Empatia em Vygotsky. São Paulo, n. 20, p. 153-166, jul./dez. 2014.

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